FAZENDO 17

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Boletim do que por cá se faz. FAZENDO Edição nº 17 | Quinzenal DISTRIBUIÇÃO GRATUITA Quinta-feira Agenda Cultural Faialense 14 Maio 2009 Se os Elefantes estão em Guerra ou a fazer Amor não interessa. Os Jardins Públicos continuam iguais.

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Agenda Cultural Faialense Comunitário, não lucrativo e independente.

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Boletim do que por cá se faz.

FAZENDO

Edição nº 17 | Quinzenal

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

Quinta-feiraAgenda Cultural Faialense

14 Maio 2009

Se os Elefantes estão em Guerra ou a fazer Amor não interessa. Os Jardins Públicos continuam iguais.

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#2 COISAS... compostasFICHA TÉCNICA

FAZENDOIsento de registo na ERC ao

abrigo da lei de imprensa 2/99 de 13 de Janeiro, art. 9º, nº2.

DIRECÇÃO GERALJácome Armas

DIRECÇÃO EDITORIALPedro Lucas

COORDENADORES TEMÁTICOS

Catarina AzevedoLuís MenezesLuís Pereira

Pedro GasparRicardo Serrão

Rosa Dart

COLABORADORESAna Correia

Aurora RibeiroEcoteca do FaialFlávio Gonçalves

Graça ToméIlídia QuadradoPedro NuvemTomás Silva

GRAFISMO E PAGINAÇÃOVera Goulart

[email protected]

LOCAL DE PAGINAÇÃOAçores, Itália e Dinamarca

ILUSTRAÇÃO CAPAMargarida de Bem Madruga

PROPRIEDADEAssociação Cultural Fazendo

SEDERua Rogério Gonçalves, nº18,

9900-Horta

PERIODICIDADEQuinzenal

Tiragem_400

IMPRESSÃOGráfica O Telegrafo, De Maria

M.C. Rosa

[email protected]

http://fazendofazendo.blogspot.com

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

Volker Schnüttgen esteve na Horta para a desmon-tagem da sua exposição Padrões do Mar, que nos últimos meses abriu janelas na Praça do Infante. Uma das quatro obras que compunham a exposição foi comprada pelo Município da Horta. E naquele jardim continua o seu diálogo com a paisagem envol-vente, objectivo principal deste artista que nasceu na Alemanha, onde há pouca pedra e por isso escolheu Portugal para viver e esculpir.

Estas esculturas foram feitas para um local espe-cífico? Elas foram feitas para um lugar na costa, isso sim. Originalmente eu tinha um projecto que era no Cabo de Sagres, na fortaleza, para fazer uma exposição com os padrões do mar. Comecei a fazer estas qua-tro peças e mais uma ou outra, mas o projecto nunca foi realizado. O IPAR não teve dinheiro, complicou e então ficou sem efeito. E como se trata de um es-paço muito complexo, porque o Cabo de Sagres é muito histórico, muito visitado e há muitos inter-esses, acabou por ser cancelado. E eu fiquei com as quatro peças, muito triste, porque apesar de terem estado noutras exposições, nunca estiveram no local adequado. Tive a oportunidade de participar num projecto na Terceira e Graciosa e pus lá estas quatro peças pela primeira vez, sempre em sítios como este, perto do mar, perto da costa.

Segundo o catálogo, esta exposição vai ser exi-bida noutros locais e alguns deles ficam longe da costa. Como pensa enquadrá-los? Talvez na paisagem alentejana? Sim, vão ficar de novo Padrões do Mar sem mar, e em alguns locais vão mesmo ser integradas em sítios ur-banos. Mas o meu grande interesse é colocar sempre as esculturas em contexto com a paisagem.

Nesse sentido, como foi a escolha do Largo do In-fante, como local de exposição para as obras? Bom, eu recebi o convite do Museu da Horta para fazer esta exposição de quatro peças na rua. Já conhecia o Faial mas não me lembrava assim tão bem de todos os sítios. Também podia ter imaginado colocar as peças numa falésia, mas seria mais complicado ter público. E achei bonito o jardim com a fortaleza ao lado. Estas formas escultóricas têm muito a ver com fortalezas

e castelos. Aqui temos de um lado o mar, do outro a fortaleza, o jardim também é bonito, e ainda esta vista fabulosa do Pico, sobretudo a que se tem do lo-cal da escultura que foi comprada.

Está muito presente esta ideia de moldura e de escadas, de passagem ou de entrada para a paisa-gem... Sim, na maior parte houve essa preocupação. Por exemplo aquela escultura que estava mais do lado de lá (norte), que tinha aquela escada para baixo, estava pensada para um lugar em Sagres, onde ficaria mes-mo na falésia, com a escada que depois daria contin-uação até ao mar. Aqui a peça não funcionou assim, funcionou só por si porque não tinha o contexto que estava planeado. Numa exposição temporária é sem-pre mais difícil encontrar os locais ideais.

E as esculturas que estiveram na sala de ex-posições da Biblioteca Pública (exposição O Avolumar do Habitat - esteve patente em conjunto com os Padrões do Mar de 8 de Janeiro a 28 de Feve-reiro), em madeira, têm alguma ligação com estas esculturas de exterior? Aquele grupo de esculturas têm uma linguagem pare-cida, porque a mim me interessa muito a escultura arquitectónica: estes cortes rigorosos, o contraste com a forma orgânica do tronco. E são puzzles, tal como as peças de granito que também são cortadas e depois reencaixadas. A escultura que está na capa do catálogo é feita de três blocos que vieram de um tronco e que virtualmente se conseguem encaixar novamente.

De que madeira se trata? É choupo, uma madeira bastante macia e fresca, um pouco como o eucalipto, mas com um acabamento bonito.

Como foi a organização deste projecto? Foi organizado pelo Museu Jorge Vieira, em Beja, cujo director artístico é o Rui Pereira. Foi ele quem escreveu o texto do catálogo. O Jorge Vieira, que já morreu, foi o escultor mais importante do mod-ernismo português. O Museu costuma organizar exposições de escultura que depois leva a outras câ-maras, sobretudo do Alentejo. Têm também criado parcerias com a Horta e penso que também com a Terceira. Fazem muito este tipo de intercâmbios.

Quais são os seus critérios na escolha dos materi-ais com que trabalha? Eu gosto muito dos materiais pesados, clássicos da escultura: a madeira, a pedra, o ferro, mas também já tenho utilizado nos últimos anos a implantação de meios multimédia na escultura, com monitores vídeo. Foi um projecto muito interessante que criei com um grupo de dança, uma bailarina, um coreógrafo e um músico. Fizemos uma performance que foi projectada em tempo real dentro das escul-turas, que são parecidas com estas de madeira e depois implantei o monitor nas aberturas. Foi uma experiência nova muito interessante porque aqueles troncos com que trabalhei, deixei-os bastante em bruto, estes são mais acabados, aqueles foram mod-elados só com a moto-serra e resultou num contraste muito interessante com o vídeo. Em vez de criar uma coisa harmoniosa, tinha um contraste, que também funcionou, curiosamente.

Quanto tempo demora fazer uma escultura des-tas dimensões? É sempre difícil dizer porque elas passam por várias fases. A primeira fase é sempre a de ter a ideia, e pelo menos quando são deste tamanho ou maiores, faz-se uma maquete ou desenhos e muitas vezes também o faço virtualmente, em 3D studio-max. Essa é a primeira fase. Depois é escolher os blocos mesmo, de pedra. E eu gosto muito de trabalhar nas pedrei-ras. A pedra da escultura que fica cá é do Alentejo, as outras três eram de Monchique. Eu gosto muito de ir às pedreiras e partir os blocos no local. Estes cor-tes aqui (os mais rigorosos) são feitos com máquinas industriais, são máquinas de fio. Outra fase é encon-

trar fábricas industriais que façam este tipo de corte e depois na última fase faço os acabamentos, já no atelier e que, muitas vezes, são feitos à mão.

Como esta textura exterior? Não, é por isso que eu gosto de ir às pedreiras, porque isso é o resultado de técnicas de corte anti-gos, com cunhas, e os blocos saem assim, ficam até com pequenas marcas, que são buracos feitos com ponteiro à mão, depois levam umas cunhas em ferro, em aço, e parte-se a pedra. Eu aproveito já estas fa-ces assim naturais. Essa é a razão de gostar de estar mesmo na pedreira, para controlar a extracção e a forma do bloco logo desde o início.

Algumas esculturas têm a particularidade de não mostrar onde encaixam, é preciso procurar bem... A fixação... Pois, esta era um bloco, e eu cortei-a em dois e depois fiz uma fixação e juntei a pedra na posição original, fica com esta distância (um ou dois centímetros, que fazem com que a pedra de cima pareça levitar) que é a distância real original, o que falta é resultado do corte do fio, é material gasto. De-pois levou quatro espigões em inox para manter as pedras com essa distância.

Está a trabalhar noutros projectos? Fiz agora uma escultura em granito para um em-presário em Braga, que também é um pórtico, muito grande. E estou a preparar dois simpósios, um em Felgueiras, que tem um tema um pouco complicado: “S. Paulo”. Fez agora dois mil anos do seu nascimen-to e a Igreja Católica fez o ano das comemorações de S. Paulo: houve uma parte científica e histórica sobre o assunto e em Felgueiras organizaram um simpósio de escultura sobre este tema. É interessante mas não é propriamente fácil transformar isso em escultura. Também não quis entrar num figurativo tradicional de como foi S. Paulo. Por isso estudei um pouco o tema, ele foi muito importante a espalhar o cristianis-mo fora do mundo judaico, portanto foi o primeiro a evangelizar o resto do mundo. Ele, que tinha sido um grande defensor da ideologia antiga, converteu-se e foi tão radical e fundamentalista quanto antes o tinha sido pelo judaísmo. Como ele tem estas influências do velho e do novo testamento, fiz um livro partido ao meio, onde vai levar um vidro que é o corte na vida dele e também o corte entre o mundo judaico e o mundo cristão. E o outro simpósio, é em Vila Nova de Gaia, onde vou fazer uma peça um pouco pare-cida com estas, em mármore. Lá cada escultor tem 3 blocos de 1 x 1 x 1m, e essas limitações é que fazem o tema do simpósio. Por isso vai resultar numa escul-tura um pouco maior, com encaixes também ...

Em Portugal há boa pedra?Sim, foi a razão da minha vinda para cá, vim através do Ministério dos Negócios Estrangeiros, num des-ses intercâmbios académicos. Na Alemanha temos muito pouca pedra, eu conheci artistas em Lisboa e escolhi um sítio, Pêro Pinheiro, perto de Sintra, que tem um centro de transformação do mármore e con-tinuo a ter lá o atelier. Tenho todas as infra-estrutu-ras, estou perto da capital, Lisboa, que é uma cidade da qual gosto muito... a princípio a ideia era ficar só um ano e depois vir de vez em quando só fazer alguns projectos, mas acabei por ficar cá. É viciante... Estou cá há quase 18 anos. E aqui este sítio é ainda mais viciante. Se pudesse viver do meu trabalho aqui, se calhar vivia nos Açores. O meu trabalho escultórico dos últimos anos está caracterizado por uma geometria simples mas com rigor e um alto grau de abstracção. Os temas iconográficos são pórticos, estelas com aberturas como janelas, são padrões de granito, pequenas ar-quitecturas esculpidas na rocha.

Aurora Ribeiro

http://ilhascook.no.sapo.pt

Pequenas Arquitecturas Esculpidas na Rocha

Fotografia - Tomás Silvawww.flickr.com/tomasmelo

“O Sapato Vermelho”

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Cinema e Teatro DESCULPA PÁ PIPOCA

Um Amor de Perdição

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“Não deve custar a morte a quem tiver o coração tranquilo. Não importa se nada há além desta vida. Ao menos, morrer é esquecer. Não tenhas saudades da vida, não tenhas, ainda que a razão te diga que podias ser feliz se não me tivesses encontrado no caminho por onde te levei à morte...”(Simão, em Amor de Perdição de C. Castelo Branco)

Depois de “O MILAGRE SEGUNDO SALOMÉ (já exibido pelo Cineclube da Horta), Mário Barroso, chega agora ás salas de cinema, com “UM AMOR DE PERDIÇÃO”. Ao adaptar o romance “Amor de Perdição”, de Camilo Castelo Branco, ao cinema, Barroso pretendeu concentrar-se no que considera ser o real mote impulsionador da história: a obstinação, a história de oposição que leva à auto-destruição do herói e não tanto a história de amor proibido entre dois adolescentes.Neste “UM AMOR DE PERDIÇÃO” há, essencialmente, Simão Botelho. O adolescente que não reconhece autori-dade nem moral porque vive fora dela, tem a sua própria ética que o vai levar até ao fim aniquilador, como se de algo inevitável se tratasse… Mais do que uma história de paixão, é uma história de violência e rivalidade.Esta película, poderia ser a história de um encontro entre Simão e Teresa, sob fundo de conflito entre duas famílias da burguesia portuguesa... “Simão é um adolescente quase criança, solitário, intransigente, narcisista, destrutivo e suicidário que atrai como uma aura fatal, uma luz negra, a maior parte das pessoas com quem se cruza. Mas Teresa existe, ou é apenas uma ideia, uma imagem, um reflexo? Teresa é uma aparição. Um pretexto para uma revolta amoral e violenta, para UM AMOR DE PERDIÇÃO.” A narrativa do filme até pode ser considerada simples, está à volta do amor, do destino, da lealdade e do ódio. Mário Barroso, conseg-ue pôr isto tudo a funcionar de uma forma poética: o primeiro impacto entre as personagens de Simão e Teresa mostradas apenas por entre vidros e visores sem nunca se verem claramente; a forma como os rapazes e as raparigas são mostrados, e os detalhes eróticos que combinam perfeitamente com uma Lisboa encantada filmada por Mário Barroso. Um filme a não perder! Recomendável, até…

Luís Pereira

À VISTA

“La Caja - Quatro Mulheres e Um Morto”de Juan Carlos Falcón

Uma co-produção Luso-Espanhola, já em estreia nas salas portuguesas, numa distribuição da Atalanta Filmes. A acção da fita desenrola-se numa pequena aldeia de pescadores nas Il-has Canárias. A personagem principal

é Don Lúcio, um homem odiado por todos que morre inespera-damente. No seu minúsculo apartamento que dividia com a sua mulher, não há espaço para fazer o funeral. Isabel, uma vizinha, acaba por ficar com o corpo do morto no seu pequeno aparta-mento. Enquanto a viúva tenta esquecer a sua tristeza, todos os vizinhos passam pelo velório para ajustar contas passadas com o defunto… Uma interessante metáfora ao franquismo da nossa vizinha Espanha.Juan Carlos Falcón, nasceu em Las Palmas de Gran Canaria, Il-has Canárias, em 1969, estudou Som e Imagem. Começou a sua carreira audiovisual como realizador de vídeos culturais e em 1995 escreveu, produziu e dirigiu a sua primeira curta-metra-gem Mátame, seguida de outras curtas premiadas assim como Peisithanatos (1997), Yo look tu look (1998), O me quieres o me mato (1999) e La fuerza de la costumbre (2003).

“Histórias de Caçadeira”de Jeff Nichols

Será já no próximo dia 28, a estreia em Lisboa de “Historias de uma Ca-çadeira”. Um Thriller americano que segue um conflito que irrompe entre dois grupos de meios-irmãos a seguir à morte do pai. Com os campos de algodão e as estradas pequenas do Sudeste do Arkansas como pano de fundo, estes irmãos descobrem até

onde estão dispostos a percorrer para proteger a sua família. A película já conquistou os prémios do Festival Internacional De Seattle - Melhor Realizador, Festival Internacional De Newport - Melhor Realizador, Independent Spirit Awards- 3 Nomeações e Festival De Austin- Melhor Filme. Agora, é esperar para ver…

L.P.

Já foi visto...

“Contos da Lua Vaga”Uma película de Kenji Mizoguchi

Realizado e Produzido no Japão em 1953, “Contos da Lua Vaga”, é consid-erada a obra-prima de Mizoguchi. Pode não ter a força dos filmes de Ku-rosawa, nem o profundo

mergulho na alma dos personagens de Yasujiro Ozu, mas tem uma marca própria: é arte no seu estado puro ao serviço da reconstrução de uma história escrita em tábuas de madeira no Japão Feudal de 1776 ( de Ueda Akinari ), e aborda os assuntos mais caros deste realizador: o universo feminino e os sacrifícios que elas passam, normalmente, caladas. O filme começa a partir de dois homens, mas eles são apenas o veículo para a abordagem sobre os sacrifícios e a sabedoria feminina. Dois oleiros, durante uma época de guerra no Japão Feudal, fogem com as suas esposas e acabam separando-se delas. Um sonha em ser samurai, e larga tudo, inclusive a mulher que ama, para provar a ela (e a si próprio) que o seu sonho não é apenas uma futili-dade. O outro almeja tornar-se rico com seu trabalho para dar o melhor para a esposa, que no entanto quer apenas ter o seu homem ao seu lado. O cinema de Mizoguchi tem a sua força própria no cuidado formal com que pincela cada frame como se de um quadro raro se tratasse. Uma relíquia em película de 16mm que faz parte do diverso espólio do Cineclube da Horta. Para rever um dia destes!

L.P.

FAZENDOtertúlia #219 deMaio, 21h00apresentação de livro|Miguel Horta concerto|Jazz com Zeca Trio(pág. 6)

Mais tarde, trabalhou como realizador da IMACINE – Encon-tro Internacional de Cine de Maspalomas e como criador e re-alizador oficial das campanhas publicitárias institucionais das Canárias. Inspirado pelo romance Nos dejaron el muerto, escri-to por Víctor Ramírez, escreveu a sua primeira longa-metragem, La Caja-Quatro Mulheres e um Morto, acabada de chegar agora ao grande ecran em Portugal.

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#4 COMICHÃO NO OUVIDO Música

Vento a Favor?

Mr. WardHold Time 2009

Directamente de Portland, Or-egon, com algumas parcerias de peso, Mr. Ward apresenta-nos este ano Hold Time (14 faixas). Uma versão suave daquele country blues

descambulhado dos cowboys de cabaré, com quebras nos joelhos enquanto dançam com jeans pirosos por dentro das botas; com as melodias arredondadas pela voz de Mr.Ward, cresce a magia nos arranjos de coros e outros que mais. New country folk revival pop, bem estruturado à forma clássica de blues, ao costume dos nossos ouvidos. Remonta àquelas horas da tarde de Domingo em que a musica acompanha o sol, e apenas interessa que se man-tenha a alegria de um dia feriado. No geral, com os efeitos na voz e guitarras plenas de slides, fica no ar o pó do baú da garagem, Hold Time (segura o tempo). Para o fim do álbum, revelam-se temas mais intimistas com aromas modernos de surf pop da costa oeste da América. Agradável.

Pedro Nuvem

À VISTA

Quando os ventos são favoráveis devem ser aproveitados. Dão para andar à vela, para gerar energia, para secar a roupa do estendal, ou para nos levar mais depressa ao sítio onde queremos chegar. Por cá os ventos têm sido favoráveis, e até já se criou uma rota – A rota dos bons ventos. Este ano com bons ventos de Leste. Músi-cos vindos de Beja, Bulgária e Hungria trouxeram-nos autênticas lufadas de ar fresco, verdadeiros com-primidos para o enjoo, doses individuais de anti-depressivos e estimulantes para a imaginação. Há quem aproveite os bons ventos, e há quem simplesmente feche as porta-das. E a prova está à vista. Partilhando da opinião do António no seu artigo de segunda feira passada para o Incentivo, denotei que os que apregoam gostar de fado não comparecem para ouvir uma das grandes vozes nacionais, os que gos-tam de canto e ensinam canto, falham as vozes búlgaras, os que criticam a falta de eventos culturais no faial, não aparecem, gente das freguesias rurais, nem vê-los, co-municação social, só em trabalho, políticos, é para esquecer (há excepções)… E pronto, acabam por ir sempre os mesmos. Até já lhes chamam de elite intelectual. Em suma, há muito desinteresse pela cultura na sociedade Faialense. Aqui, a meu ver, residem três maus hábitos, algo arcaicos, mas que ainda fazem parte da nossa sociedade, profundamente conserva-dora na maioria dos aspectos sociais: O primeiro mau hábito é o lema de antes não fazer que fazer mal e falhar. Nos países evoluídos culturalmente, não há medo de falhar. Arrisca-se. Vai-se Fazendo, e na verdade faz-se muita coisa má. Mas também se faz muita coisa boa. Aqui, muitas vezes a inércia toma conta das pessoas, que não fazendo, criticam quem faz. Aqui no Faial, e em muitos sítios de dimensões semelhantes no resto do arquipélago e no continente. Não é um problema Faialense, mas também é. O segundo mau hábito é não se apoiar devidamente quem faz. Há quem mostre alguma indignação em pagar dois euros para ver um concerto (como aconteceu no palco alternativo da semana do mar 2008), ou ache muito caros os bilhetes para um concerto no teatro, não fazendo o mínimo esforço para perceber que quem

organiza o faz na maioria das vezes por amor à camisola, não gan-hando nada com isso (antes pelo contrário), e que a cultura custa dinheiro, pelo que qualquer contribuição por parte do cidadão é um investimento que o cidadão faz nele próprio. A população tem de se apoiar a si própria, apoiando quem tem iniciativa. O terceiro mau hábito, é o facto de as pessoas pensarem que o que

se faz por cá é excelente, num espírito de auto-endeusamento (isto existe?). Um dia, na Feira Agrícola da Quinta de S. Lourenço, um senhor afirmou convicta e categoricamente que aquela era uma das melhores feiras agrícolas em Portugal. Então e a feira de Montemor? E a feira da Golegã? E a feira de Santarém? E a feira de S. Mateus? Pois é, estão muito à frente, são muito melhores que a nossa, e há que admiti-lo. Só assim se evolui. Em termos culturais o que tem feito por

aqui é muito bom como percurso, pois muita coisa tem melhorado nos últimos anos, mas também temos de nos consciencializar que muito há por fazer. E para isso as pessoas têm de se unir, ser mais participativas, e mais construtivas na sua crítica. Aproveito para relembrar que no que respeita às artes (música, pintura, artes plásticas, etc), seria fundamental criar um espaço de congregação na cidade da Horta, onde músicos pudessem en-saiar, trocar ideias, onde se pudesse expor, onde pudessem haver oficinas, colóquios, concertos. Um espaço de criação artística que pudesse impulsionar o potencial residente e o intercâmbio social. Através da vereadora Maria do Céu Brito e graças à sua crença neste projecto, esse espaço começou a ganhar forma há algum tempo atrás, mas infelizmente não se encontrou o melhor local. Deixo um apelo à Câmara Municipal e aos Faialenses para que se retome este projecto e que se cheguem a soluções concretizáveis em tempo útil, pois espaços devolutos na cidade não faltam, e to-dos ganhamos. Bons ventos já temos. Falta içar as velas, sem me-dos nem preconceitos.

Fausto

XintiSara Tavares 2009

Ao início ganhou o “Chuva de estrelas”, depois passou pelo Festival Eurovisão da Canção, e desde então foi sempre a subir a caminho do sublime. Aos poucos

foi evidenciando a alma do continente africano, numa fusão colorida de influências. O primeiro CD, “Mi ma bô”, surge em 1999 e apresenta uma mistura feliz entre ritmos de África e am-bientes pop. Após cinco anos, lança “Balancé”, um disco pro-duzido, composto, escrito e com vários instrumentos tocados pela própria Sara Tavares. Balancé é uma obra prima da música contemporânea, e onde a compositora atinge um grau de matu-ridade inabalável. Regressa, agora, com um disco onde diz reve-lar os sentimentos mais íntimos da sua alma. “Xinti” (sente) é um convite a sentirmos — a sentirmos um talento que cresce e se desenvolve em novas e surpreendentes direcções com cada novo trabalho. A sentirmos uma música que vem da alma e nos revela novas e deslumbrantes facetas da sua autora, sempre evi-denciando o “balanço” africano. O álbum foi lançado no dia 11 e marcará o regresso da cantora aos palcos nacionais e interna-cionais. Podemos vê-la já no dia 4 de Julho, no Festival Delta, em Lisboa. Sara Tavares – imperdível.

F.

1970JP Simões 2007

JP Simões é já um nome de referência na música portugue-sa actual. Depois do percurso pelos Belle Chase Hotel e (mais recentemente) pelo Quinteto

Tati, o músico apresenta-se agora a solo, explo-rando o seu lado empírico e vivencial: o retorno às fundações da sua adolescência, vivida no Brasil, e rendida ao mestre Buarque de Hollanda. 1970 constitui uma ponte que une sonoridades do país irmão ao canto em português genuíno. Confesso admira-dor da geração 70 da música brasileira, JP Simões especializa-se na simbiose dos pilares estilísticos da música brasileira (samba e bossa nova) com um fôlego português muito próprio. É esta feliz mistura desprovida de um contexto propositado ou rotu-lado mas bem explícita do imaginário adolescente do músico, e suportada por arranjos de excelência e experiência, que faz de 1970 um disco de canções elegantes. Com a marca instantânea da brasilidade, este trabalho é um dos mais felizes acasos da lusofonia. Associar Chico Buarque a Coimbra ou transportar o Rio de Janeiro para as margens do Mondego é possível. Na música, tudo é possível. 1970 diz que sim.

F.

Já foi ouvido...

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Arquitectura e Artes Plásticas PVC

Canto da Maia

A Conquista da Democraciaalgumas imagens

De volta aos artistas açorianos, desta vez com Ernesto Canto da Maia. Natural de Ponta Delgada, S. Miguel, nasceu em 1890 numa família abastada e já por si ligada ao mundo cultural e intelec-tual. Termina o Curso Geral de Desenho da Escola Superior de Belas Artes de Lisboa e começa ainda o Curso Especial de Arquitectura, deixando incompleto o 1º ano.Em 1912 oficializa a sua entrada no modernismo, partici-pando no 1º Salão dos Humoristas Portugueses, ao lado de artistas tão distintos como Almada Negreiros, Jorge Barradas ou Cristiano Cruz. Em Paris dá prosseguimento à sua formação artística. Absorve influências tão marcantes como as obras de Bourdelle ou de Rodin. Aproxima-se também da Arte Nova que desponta na Europa, quando frequenta as Belas Artes de Genebra. Passa ainda por Madrid, em 1916, trabalhando ao lado do escul-tor Júlio António. Nesta fase a sua obra sofre outra mudança, virando-se para uma estética mais arcaica, rigidez de movi-mentos e simplificação de formas.Dividindo-se posteriormente entre Paris e Lisboa, Canto da Maia trabalhou paralelamente nas duas cidades expondo a sua obra e sendo premiado sucessivas vezes. Regressou definitivamente a S. Miguel em 1954.Em ‘76 o Museu Carlos Machado realizou uma exposição ret-rospectiva em sua honra e em ’79 reservou-lhe uma sala de exposição permanente.Ernesto Carlos da Maia faleceu em 1981 ficando o seu per-curso marcado como um dos artistas açorianos de maior pro-jecção nacional e internacional.

Ana Correia

SinaisJogosMensagens (em Inglês)

Já foi exposto...

SignsGamesMessages é o título da nova exposição de Ken Do-nald, artista escocês a residir no Faial. A exposição tem dia de abertura marcado para 22 de Maio na Biblioteca Pública João José da Graça e conta com trabalhos em pintura e escultura. A obra do compositor romeno Gyorgy Kurtag é o tema central, tendo o título sido roubado a um dos seus discos.Kurtag é um dos nomes cimeiros da música contemporânea. Actualmente com 83 anos e a residir em França, só a partir da década de 80 o seu percurso como compositor começou a gan-har contornos internacionais estabelecendo-se em definitivo nos anos 90. Muitos dos títulos das suas obras contêm os ter-mos como mensagens, jogos, sinais ou transcrições.

Pedro Lucas

A exposição intitulada A Conquista da Democracia–algumas imagens, comemora os 35 anos de uma das datas fundamentais da história portu-guesa recente. Inaugurada a 24 de Abril nas instalações da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores, foi organizada pelo prof. Paulo Tomé com o patrocínio da ALRAA.O espólio exposto pertence ao prof. Paulo Tomé, Antropólogo de forma-ção, e é constituído por fotografias, postais filatélicos, uma rara colecção de autocolantes, cartoons, manchetes, vídeos documentais, exploração de software e outros documentos. Parte do espólio encontra-se exposto em simultâneo na EBI Canto da Maia, em P. Delgada.A exposição inclui ateliês de expressão plástica, orientados pela pro-fessora e artista plástica Graça R. Tomé. Nos dias 24 e 25 realizou-se um ciclo de cinema apresentado pelo jornalista e cineasta António Loja Neves e pelo prof. Paulo Tomé, que incluiu os filmes: Capitães de Abril,

de M. de Medeiros; Outro País, de S. Tréfaut; e Bom Povo Português, de R. Simões. No dia 25 de Abril decorreu uma palestra proferida pelo Dr. A. Loja Neves.A exposição destina-se ao público em geral e pode ser visitada até ao próximo dia 29 de Maio. Os ateliês a grupos organizados de crianças e jovens, pois são este que “sabem que o 25 de Abril é uma data importante, mas desconhecem porquê. Para os jovens que nasceram com a democracia, o que ficou para trás resume-se a uma história de polícias e ladrões. Os pais não falam, a escola nem sempre tem tempo para ensinar” segundo Regina Louro.

Graça Tomé

Petição Reordenamento do Trânsito da Cidade da Horta

Ao Presidente, Vice-Presidente e Vereadores da Câmara Mu-nicipal da Horta

Exmos Senhores,

Nós, os transeuntes pedonais da cidade da Horta, entendemos que a organização e distribuição das estradas, ruas e caminhos da cidade da Horta estão demasiado vocacionadas para a uti-lização automóvel em detrimento dos peões. Entendemos que esta situação é contrária ao princípio de de-senvolvimento sustentável, impeditiva de um bom relaciona-mento dos cidadãos com a cidade e extremamente penaliza-dora no desenvolvimento turístico. A execução da rede de saneamento básico, devido ao nível de intervenção em diversos arruamentos da cidade, configura uma excelente oportunidade para corrigir esta situação. Como tal vimos por este meio solicitar que a par dessa intervenção seja feita uma revisão no ordenamento do trânsito automóvel da cidade tendo em conta os seguintes pontos:

- Alargamento dos passeios e vias pedonais para as larguras exigidas pela legislação em vigor das acessibilidades (Decre-to-Lei nº 163/2006 de 8 de Agosto). - Revisão das prioridades de utilização das ruas do centro histórico da cidade, em que sejam previstas soluções de trân-sito automóvel condicionado, redução de velocidade e priori-dade aos peões e veículos não motorizados. - Revisão dos materiais, cotas e estereotomias dos pavimen-tos, em que os passeios sejam em calçada, em detrimento da betonilha, e as ruas de trânsito não condicionado em alcatrão ou outro material que reduza o ruído provocado pela circula-ção automóvel.

para assinar a petição consultar o blog Horta XXI

Tomás Silvawww.hrt21.blogspot.com

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#6 -ENDOS -ANDOS -INDOS Literatura

Os Mal-Amados de Fernando Dacosta

Mãe, não tenho nada para ler...

O Segredo de GullywithSusan Hill

Imagina que vais viver para uma quinta que está abandonada há muitos anos e onde tudo parece correr mal: tens a certeza que vais detestar lá viver, as paredes desmoronam-se, o tecto cai,… Imagina que nessa quinta começam a aparecer umas estranhas pe-dras gravadas, com umas inscrições que ninguém percebe. Imagina que acompanhas Olly e KK e descobre um estranho mundo povoado de magia. Quem semeou as pedras, quem é Nonny Dreev-

er e o que se passa em Gullywith ? Será que um rapaz normal consegue descobrir a verdade? Será que tu queres mesmo saber a verdade ?

C.A.

Os mal-amados são aqueles que, tendo existido, se vêem, repentina-mente, por circunstâncias políticas, sociais, culturais, ou até, simples-mente por pertencerem ao sexo feminino, esquecidos, incompreendi-dos, e é graças às (in)confidências que deles recolheu que Fernando Dacosta – jornalista na alma ainda antes de ser romancista, poeta ou dramaturgo - recua até ao Portugal do ante e pós 25 de Abril, des-vendando as incongruências da sociedade que alicerça o Portugal de hoje.Não se trata de um ensaio histórico, nem de um conjunto de breves biografias mas antes de uma quase tertúlia em que, nas palavras de uns e outros, vamos revendo figuras que todos conhecem: políticos (Mar-celo Caetano, Sá Carneiro, Álvaro Cunhal, Mário Soares,…) intelec-tuais (Natália Correia, Jorge de Sena, António José Saraiva ,…) artistas (Mário Viegas, Amália),… uma miscelânea que reconstrói o mosaico social da época.É um livro incómodo pois evoca momentos que grande parte de nós prefere esquecer (ou, mais grave, que já não sabemos que existiram), o salazarismo, a mortandade da guerra colonial (com frases terríveis como “Todos os que fazem uma guerra tornam-se deficientes dela”), o colo-nialismo, a PIDE, a censura. Os mal-amados também são eles, os mutilados, os estropiados, os mortos e os desaparecidos, os que fugi-ram, os desertores, não menos esquecidos ou apupados, como se já ninguém soubesse o porquê do destino que lhe tinham escolhido. Mal-amados os retornados, caudais infinitos de gentes e malas que ninguém quer acolher, num regresso a uma pátria que muitas vezes já não era sua, iludidos de um colonialismo con-siderado, de longe, como uma coisa inócua. Mal-amados os que ficaram e uma África de hoje rasgada por convulsões herdadas, que fazem oscilar a riqueza e a miséria, numa sociedade que muitas vezes adapta o que o ocidente “civilizado” tem de pior: consumismo desenfreado, ditadura do parecer.Mal-amados os pobres, os velhos e os fracos numa sociedade eivada de egoísmo, dominada pelo peso da presença de uma Europa que não sabemos se queremos ou não aceitar como nossa, sempre presos ao sonho do domínio dos mares e do mundo.Antes do mais, Os Mal-Amados é um fresco, não pretende ditar certezas (apesar das muitas opiniões e da “voz” do autor que sempre se adivinha), ou antes um caleidoscópio pelo qual vemos Portugal: muda-se o prisma, muda-se o Portugal.Numa década em que a situação económica se tem tornado preponderante, talvez não seja mau pararmos para reflectir sobre o passado que nos fez tal como hoje somos e sobre o presente que se tornou muitas vezes apenas um interregno enquanto aguardamos um futuro que queremos mais risonho, utopia ?

Catarina Azevedo

À CONQUISTA

Um Homem, Um Povode Marta Harnecker e Hugo Chávez

Este livro consiste de uma extensa entrevista levada a cabo por Marta Harnecker, socióloga e marxista chilena, a Hugo Chávez, o revolucionário e mediático presidente da República Bolivariana da Venezuela. O valor deste livro recai muito sobre o esforço da entrevistadora que, em vez de repetir as perguntas habituais, teve o cuidado de pesquisar todas as entrevistas já publicadas bem como obras biográficas de Chávez de modo a complementar a informação já existente e a inovar nas questões colocadas.O resultado é este livro de leitura fácil, editado pela editora portuense Campo das Letras, 224 páginas que se devoram quase de um só fôlego e que nos saciam a curiosidade referente ao processo revolucionário em curso na Venezuela.O que mais me impressionou nesta obra, além do cuidado documental da entrevistadora, foi o à vontade de Hugo Chávez em falar de temáticas incómodas, de apostas perdidas, de políti-cas que falharam, página sim página não são constantes as menções a erros do seu próprio governo, decisões erradas, coisas que ainda faltam fazer, outras que foram mal efectuadas, enfim, tudo aquilo que os políticos ocidentais se esforçam por ocultar, esquecer e fazer de-saparecer dos seus currículos, o mandatário bolivariano partilha descomplexadamente, as-sumindo os seus erros e tentando, sempre, melhorar e evoluir.E se os erros foram muitos, a verdade é que os sucessos também têm sido de saudar. Aqui está um livro para todos aqueles, curiosos, que desejem desvendar os altos e baixos da con-strução da “democracia participativa” que se encontra a decorrer na Venezuela, a primeira revolução efectuada nas urnas e na qual o exército e os militares não sucumbiram ao cliché sul-americano do golpe de Estado e da ditadura militar

Flávio Gonçalves

Já foi lido...

Lolita é uma obra-prima da literatura do século 20 que, devido a ser demasiado ousada para a época, por diversas vezes foi recusada pelas editoras. Apesar disso, tornou-se na história de obsessão amorosa mais famosa do século. Humbert Humbert, um professor de meia-idade, protagoniza esta apaixonada história de amor que abala todas as consciências ao mostrar a “perversa” e poderosa atracção que Lolita, uma jovem de 12 anos, exerce sobre o nar-rador. O leitor é colocado perante as memórias ou confissão do narrador que se encontra na prisão à espera de um julgamento por homicídio. Polémica e controversa!

Ilídia Quadrado

Lolitade Vladimir Nabokov

No próximo dia 19, terça-feira, realizar-se-á a se-gunda tertúlia organizada pelo jornal Fazendo. Aproveita-se a passagem pela ilha do pintor/es-critor Miguel Horta que virá apresentar os seus livros e manter um conversa informal com quem quiser passar pela C.A.S.A. a partir das 21h00. De seguida as lides ficarão a cargo da guitarra de Zeca Sousa e do seu trio de Jazz com Pedro Gaspar (contrabaixo) e Nélson Raposo (bateria).Miguel Horta tem formação em pintura e é es-sencialmente no domínio das artes plásticas que

mais trabalhos apresenta, sendo o seu percurso expositivo pontuado por presenças regulares em Portugal e na Europa. Na mediação cultural en-controu uma excelente ferramenta para a comu-nicação de ideias tendo já corrido o país de lés a lés com projectos na área da Promoção do Livro e da Leitura e da Educação pela Arte. Como escri-tor é responsável por duas publicações na área da literatura infanto-juvenil: Pinok e Baleote e Dacoli e Dacolá. O primeiro tem lugar no arquipélago de Cabo Verde e trata da história de um rapaz crioulo com fama de mentiroso, o segundo é composto por sete histórias sobre vários temas sendo todas passadas em Portugal. Estes livros, dos quais o au-tor é também ilustrador, serão o ponto de partida para a conversa de dia 19.Uma vez que nessa noite não haverá cinema con-vidamos todos a deslocarem-se à C.A.S.A. e a participar neste serão que se quer agradável e des-contraído.

A Direcção

FAZENDOtertúlia #2Literatura e Jazz

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Ciência e Ambiente APAGA A LUZCritérios Açores da CDB adoptados pela ONU

Os oceanos cobrem 70% da superfície do nosso plan-eta e representam mais de 95% da biosfera viva. Eles contêm uma vasta diversidade de tipos de habitats e paisagens marinhas impressionantes, albergando 32 dos 34 phyla do reino animal do planeta, dos quais cerca de 13 são exclusivamente ou maioritariamente marin-hos. Os habitats do fundo marinho, durante muito tempo considerados desertos biológicos, acolhem uma grande abundância de espécies. Resultados científi-cos recentes sublinham que uma maior biodiversidade pode melhorar o funcionamento e eficiência dos ecos-sistemas de profundidade. Sem a existência de vida no fundo do mar a vida na Terra estaria comprometida. A sustentabilidade da nossa biosfera depende significati-vamente dos bens e serviços fornecidos pelos ecossiste-mas do mar profundo.O oceano aberto e o mar profundo estão sob ameaça crescente devido a várias actividades humanas actuais e/ou prospectivas: e.g. pescas, poluição, mineração e exploração petrolífera, descarga de detritos, espécies invasoras, bio-prospeção, poluição sonora, armazena-mento e/ou captura de dióxido de carbono, fertiliza-ção. A conjugação dos impactos destas ameaças bem como os impactos climáticos potenciais e a acidificação do oceano colocaram milhares de espécies em risco de extinção, e debilitaram a estrutura, função, produtivi-dade e a capacidade de recuperação dos ecossistemas marinhos. Actualmente, os oceanos do mundo estão seriamente sub-protegidos, com apenas cerca de 0,8%

dos oceanos e 6% dos mares territoriais clas-sificados como áreas protegidas. Em resposta a estas preocupações crescentes relativas à saúde dos ecossistemas de oceano aberto e de mar profundo, em 2002, a Cimeira Mun-dial sobre Desenvolvimento Sustentável, no seu Plano de Implementação, pediu que os países desenvolvessem e facilitassem o uso de abordagens e ferramentas diversas, incluindo a abordagem ecossistémica, a eliminação de práticas de pesca destrutivas e o estabe-lecimento de áreas marinhas protegidas, em consonância com as leis internacionais e com base em informação científica, incluindo re-des representativas, por volta de 2012.

Passo histórico dado no Workshop da CBD nos Açores - 2007

Em Outubro de 2007 a CBD organizou nos Açores, com os apoios do Governo Regional dos Açores e do Governo da República, um Workshop Técnico de Peritos sobre Crité-rios Ecológicos e Sistemas de Classificação Biogeográfica para Áreas Marinhas com

Necessidade de Protecção, que consolidou e aprovou os critérios que se propunha. No ano seguinte a Con-ferência das Partes à Convenção sobre a Diversidade Biológica (COP), no seu nono encontro em Bona, adoptou os critérios científicos, que ali ficaram conhe-cidos como “Critérios dos Açores”, para identificação de áreas marinhas ecológica ou biologicamente sig-nificativas com necessidade de protecção e a orientação científica para a concepção de redes representativas das áreas marinhas protegidas. A COP 9 instou as Partes e convidou outros Governos e organizações relevantes a aplicarem, como apropriado, os critérios científicos e a orientação científica dos Açores de modo a identificar áreas marinhas ecológica ou biologicamente significa-tivas e/ou vulneráveis com necessidade de protecção.

Ricardo Serrão Santos/DOP &UAç(Chair do Workshop da CDB - Açores)

[A versão inglesa da brochura referente aos “Critérios CBD dos Açores”, à qual o presente texto é uma in-trodução simplificada, irá ser distribuída publicamente pela 1º vez no IMCC – International Marine Conserva-tion Congress, Washington, 19-24 Maio 2009: www2.cedarcrest.edu]

Aproveite a Água da ChuvaArmazene a água da chuva canalizando-a para um reservatório, esta água pode ser usada no jardim ou na lavagem o seu automóvel.

Lave seu o carro à mão com o auxílio de um balde e esponja. No entanto, se tiver de usar água da torneira, adapte uma pistola à mangueira, para que possa cortar a água sempre que quiser.

Ao regar o seu jardim, prefira as horas do dia de menos calor, como de manhã cedo e ao entardecer, de forma a evitar a perda de água por evaporação, utilizando prefe-rencialmente um regador.

Dina Downling/Ecoteca do Faial

AQUELA DICA

Seja Ecológico no seu trabalho!

Por passarmos muitas horas no nosso local de trabalho é importante mudarmos determi-nados comportamentos e fazermos do nosso escritório um sítio mais “verde”. Para tal, a Ecoteca do Faial deixa-lhe algumas dicas e pequenos conselhos:

Vá para o trabalho a pé ou de bicicleta, para além, de estar a realizar exercício físico poupa combustível, mas se tiver de usar o automóvel combine com os seus colegas a partilha de carro.

Tenha em atenção a quantidade de documentos que imprime, sabia que 70% dos des-perdícios de um escritório são em papel? Leia os documentos directamente do com-putador, se precisar mesmo de os imprimir faça-o em modo rascunho e em ambos os lados da folha de papel. E não se esqueça que ao utilizar papel reciclado está a contribuir para a redução do abate de árvores.

Faça reciclagem, as pilhas e acumuladores usados não devem ser misturados com outros resíduos, assim como, a maioria dos consumíveis de informática podem ser reciclados e regenerados, como os cartuchos e tinteiros.

Poupe energia, opte por ter iluminação eficiente (lâmpadas flurescentes) e sempre que possível, tire partido da iluminação natural. Utilize o seu computador de forma inteli-gente, procurando minimizar o consumo de electricidade: não o deixe em modo de sus-pensão, ao se ausentar prolongadamente desligue-o, reduza a luminosidade do ecrã e programe o protector de ecrã para “nenhum” ou “ecrã em branco”.

Por fim, implemente como regra que “o último a sair do local de trabalho deve assegurar-se que as lâmpadas estão todas apagadas e os equipamentos electrónicos desligados”.

Dina Dowling/Ecoteca do Faial

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#8 FAZENDUS AgendaDurante a Época Lectiva 08/09

Projecto Teatral Infantil orientado por Anabela MoraisAtelier “O Jogo Dramático”. Terças e quintas-feiras das 17 às 18 horas. Para crianças dos 6 aos 12 anos.Atelier “Leitura de Textos Teatrais”. Segundas e quartas – feiras, das 18 às 19 horas. Para jovens dos 10 aos 12 anos.Teatro Faialense

Até 29 de Maio Exposição: “A Conquista da

Democracia - algumas imagens” Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores (pág. 5)

Até 15 de Junho Exposição de Pintura: “Relativismo no Pensamento

Contemporâneo” por Francisco Legatheaux-PiscoSala de Exposições Temporárias do Museu da Horta

14 de Maio Concerto: Olga Gorobetz (Piano), Natália Horobet

(Violino), Elena Juravskaia (Soprano)Igreja da Matriz, 21h00

Concerto: Zeca TrioBar do Teatro, 22h00

15de Maio Exposição de Artes “Banco de Artistas”

Igreja de São Francisco, 16h30 às 17h00(segunda a sábado até 30 de Junho)

Lançamento de Carimbo de Sobrescrito comemorativo dos 15 anos do Clube de Filatelia “O Ilhéu”Apresentação do Livro “Rota das Ilhas: Pinturas de Bom Vento”Biblioteca da E.S. Dr. Manuel de Arriaga

Cinema: “Gran Torino”

Sinopse: Walt Kowalski (Clint Eastwood) é um veterano da guerra da Coreia, um homem infléxivel e amargo, que vive sozinho. Para além da sua cadela Daisy, a sua arma é a única coisa em que confia. Os antigos vizinhos morreram ou mudaram-se à muitos e o bairro é agora habitado maioritariamente por imigrantes asiáticos, os quais Wlat despreza pro-fundamente. Walt vai matando o tempo como pode até que, um dia, Thao, um dos seus jovens vizinhos, é pressionado por um gangue e tenta rou-bar o seu precios Ford Gran Torino. Walt impede o furto e quase o mata, tornado-se o herói involuntário do quarteirão. Para agradecer-lhe por ter poupado a vida ao jovem, a família de Thao obriga este a penitenciar-se, trabalhando para o vizinho. Walt acaba por dar-lhe pequenos trabalhos comunitários. É o início de uma amizade inesperada que mudará o curso das suas vidas e, graças a Thao, Walt vai descobrir verdadeiramente os seus vizinhos e descobrir o que o liga a estes exilados.Teatro Faialense, 21h30 (repete dias 16 e 17)

18 de Maio Encerramento das Comemorações dos 150 anos do Nas-

cimento de Florêncio TerraLançamento da obra “A Vingança da Noviça” de Florên-cio Terra e Manuel ZerboneSalão Nobre dos Paços do Concelho, 20h30

I Encontro de Teatro Sénior da Ilha do FaialTeatro Faialense, 21h00“O Ensaio” e Canções, Universidade Sénior de Queluz, 18 de Maio“A Loja de Brinquedos”, Universidade Sénior da Ama-dora, 19 de Maio“Vendedeiras” e “A Criada Eléctrica”, Universidade Sénior de Benedita, 20 de Maio“Canções e Cavaquinhos”, Universidade Sénior de Alco-baça, 21 de Maio“A Comendadora”; Universidade Sénior de Oliveira de Azeméis, 22 de Maio

19 de Maio Fórum Equidade, Justiça Social e Desenvolvimento

Palestra: “Equidade e Justiça social: A Importância do Político” pelo Dr. Laborinho LúcioAuditório do Teatro Faialense, 21h00

FAZENDOtertúlia#2 com Miguel Horta (conversa e

apresentação dos seus livros) e Zeca Trio (concerto de Jazz)C.A.S.A., 21h00 (pág. 6)

20 de Maio Workshop: “Pobreza e Inclusão.

Perspectivas de Trabalho em Rede” pelo Dr. Laborinho Lúcio

Auditório do Teatro Faialense, 09h30

22 de Maio Inauguração da Exposição

SignsGamesMessages de Ken DonaldBiblioteca Pública e Arquivo Re-gional João Josá da Graça (até 27 de Junho)

23 de Maio Cinema: “Dupla Sedução”

Sinopse: Claire (Julia Roberts) é uma ex-agenta da CIA. Ray (Clive Owen) é um ex-agenta do MI6. Ambos trocaram o universo da espionagem governamental pelo mundo bem mais lucrativo dos negócios onde reina uma terrível guerra fria entre duas multi-nacionais rivais. A missão, obter a fórmula de um produto que trará fortuna à empresa que o patentear. Para os chefes de Claire e Ray não há qualquer tipo de limites. Mas, quando tentam passar a perna um ao outro

e enganar-se mutuamente para ganhar vantagem, Claire e Ray vêem toda a missão em perigo quando percebem que a única armadilha da qual po-dem não se conseguir safar é a do amor. Teatro Faialense, 21h30 (repete dia 24)

26 de Maio Festa dos Vizinhos

Noite de Fado: “Grupo Ecos do Fado”Bairro das Angústias, 21h00

Gatafunhos e Mata Borrões

Tomás Silvahttp://ilhascook.no.sapo.pt