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ANO XI l Nº 121 Abril de 2014 Distribuição gratuita. Fauna ameaçada REBAIXAR CAMINHÕES É PROIBIDO POR LEI JOÃO GRECO: UM HOMEM DO BEM Milhões de animais morrem todos os anos vítimas de atropelamentos em nossas rodovias

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ANO XI l Nº 121 Abril de 2014

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Fauna ameaçada

REBAIXAR CAMINHÕES É PROIBIDO POR LEI

JOÃO GRECO: UM HOMEM DO BEM

Milhões de animais morrem todos os anos vítimas de atropelamentos em nossas rodovias

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4 Entre-Vias

Editorial

IMPRESSÃOGráfica Del Rey

TIRAGEM10 mil exemplares

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ENTRE-VIAS, por meio de um mailling especial, chega a empresários e executivos de empresas de transporte de cargas e às principais redes de postos de combustíveis. Autoridades, entidades de classe, sindicatos, indústrias e órgãos governamentais também recebem a publicação.

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GERALDO EUGÊNIO DE ASSIS

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REDAÇÃOCristina Guimarães e Renata [email protected]

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DEPARTAMENTO COMERCIALRodrigo do Espirito [email protected]

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FINANCEIROMayra Assis e Felipe de Sá[email protected]@assispublicacoes.com.br

MÍDIAS SOCIAIS E EVENTOSAmanda [email protected]

FOTOSArquivo Entre-Vias

DIAGRAMAÇÃORoger Simões

WEBAgência Primore

REVISÃOLílian de Oliveira

DISTRIBUIÇÃOAntônio Carlos dos Reis

Ao trafegarmos pelas rodovias brasileiras, não é difícil nos depararmos com animais mortos nas estradas. Afinal, moramos em um país “abençoado por Deus e bonito por na-tureza”. Pena que, em muitos casos, os cidadãos brasileiros não se dão conta de que essa beleza precisa ser preservada.

São milhões de animais mortos todos os anos, atropelados. Algumas espécies, em ra-zão disso, podem chegar até mesmo à extinção. Os índices são assustadores. E, mesmo para os mais insensíveis, que só pensam no bem material perdido quando se atropela um animal, o resultado é sempre negativo e os prejuízos, às vezes, incalculáveis. Por isso é importante que todos leiam a matéria de capa.

Outro assunto que vem em destaque nesta edição é a proibição do rebaixamento de caminhões, uma prática que pode provocar acidentes. A meu ver, trata-se de uma medida válida, pois um caminhão de carga não pode ser utilizado de maneira irregular. Ele é res-ponsável pelo sustento de nossas famílias e transporte de bens valiosos.

Entre-Vias também presta uma justa homenagem a João Greco, dono de um restau-rante às margens da BR-381 que procura sempre auxiliar quem trabalha ao volante. Um homem que posso chamar de amigo, que me ajudou quando eu estava em uma situação difícil na Fernão Dias. Ele merece nosso reconhecimento, por sua gentileza e boas ações.

Seja você também um cidadão que reconhece pessoas de bem. Indique estabelecimen-tos ou pessoas que apoiam o trabalho do estradeiro e que os auxiliam em suas dificulda-des. Essa é uma maneira de mostrar que há pessoas que têm o coração voltado para o bem. Algo que pouco se tem visto em nossa sociedade.

Vidas ameaçadas de extinção

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6 Entre-Vias

Sumário

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Gestão de pátios e armazenagem • Serviços automotivos (PDI - Pre Delivery

Inspection) • Transporte de caminhões, chassis e ônibus sobre pranchas.31

18 CAPA Morte de animais nas estradas: você pode contribuir para mudar essa história

8 SEGURANÇA z Estudo relaciona cansaço com acidentes fatais envolvendo veículos z Contran divulga regras para modificações na suspensão de carros e caminhões

12 MEIO AMBIENTE Brasil aumenta venda de pneus recauchutados, alternativa para o descarte que evita danos ambientais

14 SAÚDE Começam as ações de checape nas estradas. Fique atento e faça uma parada para realizar exames importantes

16 TECNOLOGIA Programa Parada pela Vida desenvolve aplicativos para alertar o motorista sobre uso de álcool e celular ao volante

28 ESTRADAS z Fique atento aos trechos de rodovias interditados devido a chuva ou obras z PRF usa câmeras de concessionárias para multar quem ultrapassa pelo acostamento

34 HOMENAGEM Adorado por motoristas e funcionários, João Greco, dono do restaurante Casa Branca, dá lições de vida

31 NOTAS Iveco entrega unidade número 300 produzida em Sete Lagoas

32 MOBILIZAÇÃO Instituições monitoram obras na BR-381 visando incentivar o desenvolvimento

38 ESPORTES

40 EVENTO

18

FOTO CAPA: SXC

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8 Entre-Vias Entre-Vias 9

Segurança

ecente pesquisa realizada pela Es-cola de Saúde Pública da Universi-dade de São Paulo (USP), em par-

ceria com Instituto do Coração (Incor) do Hospital das Clínicas do Estado, revela que cerca de 20% dos acidentes nas estradas ocorrem por cansaço do motorista e 30%

das vítimas morrem em função desses in-cidentes automobilísticos. Esses acidentes são os mais graves, pois o motorista não esboça reação e a colisão ou capotamento acontece em alta velocidade.

O Incor aplicou questionários em mais de dez mil caminhoneiros, e a apuração dos resultados mostrou que 26% tinham alto risco de ter apneia do sono, caracterizada por engasgos recorrentes durante o sono, levando a um descanso noturno fragmen-tado e com frequente sonolência diurna. Nesse estudo, a maior parte dos caminho-neiros que tinham alto risco de apneia ad-mitiu que já dormiu na direção.

O presidente da Associação Brasileira do Sono (ABS), Geraldo Lorenzi Filho, diz que um motorista privado de sono pode ser tão perigoso quanto um indivíduo al-coolizado. “Vários trabalhos acadêmicos e científicos demonstram a importância da qualidade e quantidade de sono, bem como horários de trabalho e direção no risco de acidentes. Por isso, a legislação brasileira indica, ao renovar a habilitação para dirigir, perguntar aos motoristas profissionais sobre a ocorrência da ap-neia do sono.”

Para os profissionais do transporte, o médico recomenda que eles fiquem

Cansaço ao vo lante matasempre muito atentos aos avisos do cor-po. Por exemplo, se o indivíduo não se lembra de onde estava, pode ser um sinal de cansaço, pois dirigiu distraído. Outra observação refere-se ao uso de estimu-lantes para ficar acordado. Essa medida é perigosa, pois – além do risco de causar ou sofrer acidentes – pode mascarar pro-blemas de saúde.

“O governo investe maciçamente em campanhas para reforçar as consequências da combinação álcool e direção. Acho que eles nem sabem da dimensão do problema de dirigir cansado, que é mais difícil de se resolver, pois não existe bafômetro para isso”, avalia o presidente da ABS.

FALHA HUMANAUm estudo da MDS Consultores de

Seguros e Riscos aponta que 67% dos acidentes estão relacionados, de alguma maneira, à falha humana e de processos. A análise considerou uma base de 1.550 sinistros ocorridos no período de novem-bro de 2012 a outubro de 2013. Foram analisados eventos no contexto de ope-rações logísticas que envolvem aciden-tes durante trajeto, operação de carga e descarga, transbordo e permanência em entrepostos.

Entre esses casos, 56% dos prejuízos foram decorrentes de tombamento, capo-tagem e colisão ocorridos devido a even-tos como: velocidade incompatível com o trecho somada à fadiga do motorista, desrespeito às leis de trânsito ou às nor-mas de segurança, distração, imperícia na manobra, falta de qualificação profissional, defeito mecânico, ou mesmo uso de me-dicamentos. “Estes são os acidentes com maior severidade à carga transportada, além de causar danos ambientais e mortes em alguns casos”, comenta Victor Garibal-di, diretor da corretora MDS e responsável pelo estudo.

Outros 33% dos eventos são decorren-tes de problemas no processo de manuseio e acondicionamento de cargas, oriundos de desrespeito à simbologia impressa nas embalagens, falta de habilidade técnica na movimentação e armazenagem dos volu-mes, além de utilização de equipamentos inadequados e ausência de profissionais treinados. “Numa operação logística, eventos desse tipo têm maior frequência e costumam registrar menores prejuízos”, comenta Garibaldi.

QUANTO CUSTA?Os gastos da Previdência Social com

benefícios decorrentes de acidentes de

trânsito somaram R$ 12 bilhões no ano passado, ante R$ 7,8 bilhões em 2011. O secretário de Políticas de Previdência Pública do Ministério da Previdência, Le-onardo Rolim, disse em nota pública que esse aumento de 53,84% das despesas previdenciárias com acidentes de trânsito em dois anos foi concentrado em eventos com moto, principalmente na região Nor-deste do país.

Os números do Seguro de Danos Pesso-ais Causados por Veículos Automotores de Vias Terrestres (Dpvat), administrado pela Seguradora Líder, mostram que, levando em conta os seguros pagos, foram registrados 366,4 mil acidentes em 2011. Somente no primeiro semestre do ano passado, 299,3 mil sinistros levaram ao pagamento do seguro obrigatório. A previsão é de que o número dobre no fechamento do ano, o que daria quase 600 mil desembolsos.

Segundo o secretário, o aumento das indenizações causadas por acidentes de trânsito tem pressionado as despesas de aposentadoria por invalidez e auxílio--doença. Esses gastos totalizaram R$ 65,4 bilhões em 2013. O governo quer fortale-cer e ampliar a reabilitação de trabalha-dores que sofreram algum tipo de aciden-te ou ficaram doentes. Com isso, deverá haver uma menor concessão de aposen-tadoria por invalidez e auxílio-doença por um período longo e intensificação da liberação de auxílio-acidente.

Como o valor do auxílio-acidente é in-ferior aos outros, o governo passaria a ter uma economia. Por outro lado, o segura-do poderia voltar ao mercado de trabalho formal sem perder o benefício. Rolim diz que ajustes também poderão ser feitos na legislação para que sejam criados benefí-cios que incentivem o retorno ao mercado formal e que estimulem as empresas a contratar funcionários que passaram por requalificação.

Algumas dicas para que você pegue a estrada e evite o risco do cansaço ao volante:

Durma bem

Nunca viaje cansado

Planeje a viagem para evitar dirigir à noite

Em viagem, prefira alimentos leves

Evite, se possível, viajar sozinho. Reveze a condução do veículo com outro motorista

Pare sempre que se sentir cansado e durma se puder

Não beba nem tome remédios que afetem os sentidos

Estudo revela que 30% dos acidentes fatais têm relação com fadiga

R

ANTES DE VIAJAR

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10 Entre-Vias

Segurança

Rebaixar a frente do caminhão está proibido

Contran regulamenta regra para mudanças na suspensão dos veículos. Inclinação pode afetar segurança

Conselho Nacional de Trânsito (Contran) regulamentou, por meio da Resolução 479, publicada no

Diário Oficial da União no início do mês, as modificações que podem ser feitas na sus-pensão dos veículos. Agora, carros pequenos podem ter alterações que mantenham uma altura mínima do solo de 10 centímetros, tan-to no sistema fixo quanto no regulável.

Outra determinação do Contran é que o conjunto de rodas e pneus não toque em ne-nhuma parte do carro mesmo durante o movi-mento máximo do volante. Para os caminhões, a nova regra estabelece que a inclinação má-xima da longarina – isto é, a barra longitudinal que compõe o chassi – é de 2 graus, ficando proibida a alteração da suspensão dianteira.

Segundo a resolução, para os veículos que tiverem a suspensão modificada, em qualquer condição de uso, deve constar

uma observação no Certificado de Registro de Veículo (CRV) e no Certificado de Re-gistro e Licenciamento do Veículo (CRLV), indicando a altura livre do solo.

Em Minas Gerais, segundo dados do Departamento Estadual de Trânsito (De-tran), o número de multas por alterações irregulares em carros e outros veículos au-tomotores aumentou 6,46% em dois anos. Foram aplicadas mais de 7 mil multas em 2013, contra 6,7 mil em 2012. Ainda de acordo com o Detran, são 1.594 carros rebaixados e regularizados pelo órgão conforme a resolução antiga, a 292, do Contran. No entanto, no ano passado, o conselho publicou novo documento proi-bindo qualquer mudança nos veículos até que uma nova resolução fosse editada.

O motorista que usar a suspensão er-guida ou rebaixada irregularmente está

sujeito a multa no valor de R$ 127,69 e cinco pontos na carteira, o que caracteriza infração grave. Na edição 113, Entre-Vias mostrou o risco de se modificar a forma original dos caminhões. A prática mais comum é levantar a traseira, que agora é proibido. No rebaixamento, os eixos de sus-pensão são encurtados, descaracterizando a forma original do veículo e podendo levar a desgaste precoce das peças.

O sócio da Mobilidade Engenharia e di-retor coordenador de Comissões Técnicas da SAE Brasil, Luso Ventura, explicou que a alte-ração pode acarretar na quebra da suspen-são, entre outros problemas estruturais. Se a traseira for levantada, o eixo dianteiro ficará sobrecarregado. Em caso de chuva, granizo, buraco e situações que pedem esforço extra do veículo, o risco pode ser maior, já que a inclinação pode afetar o rolamento.

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segmento de reforma de pneus está crescendo no Brasil. Essa é uma forma de diminuir a quanti-

dade de borracha lançada no meio ambien-te, sem tratamento e que demora milhões de anos para se decompor. Segundo dados da Associação Brasileira do Segmento de Reforma de Pneus (ABR), o aumento no nú-mero de unidades recuperadas foi de 14% entre 2005 e 2013.

Quando jogados no meio ambiente, os pneus podem se misturar a lixos orgâ-nicos, absorver gases da decomposição e aumentar o risco de explosões nesses lugares. Além disso, se queimados, provo-cam danos irreversíveis, como a liberação de óleo no solo, tanto que a queima é proibida no país. Uma das formas de re-ciclagem é a conhecida recauchutagem, que é uma reforma que deixa o pneu apto a ser usado novamente praticamente nas mesmas condições de um novo.

Em entrevista ao Portal CNT, da Confe-deração Nacional do Transporte, o assessor técnico da ABR, Carlos Thomaz, explicou que a reforma, feita por processos técnicos que substituem a banda de rodagem por uma nova, é segura e tem rendimento qui-lométrico equivalente a de pneus novos. A banda de rodagem é a parte do pneu que entra em contato com o solo.

O procedimento é uma prática mundial que surgiu para evitar o desperdício. Para fazer a reforma, a indústria emprega ape-nas 20% do material usado na produção de um pneu novo. Hoje, o país tem 1.257 empresas que fazem o serviço, a maioria de pequeno porte.

Cada carcaça pode ser modificada em média duas vezes, gerando três vidas ao pneu. O custo, segundo a ABR, é 73% menor ao consumidor e proporciona redução de 57% no custo por quilômetro rodado, que pesa no orçamento do transportador, ou seja, um pneu recuperado custa 43% do valor de um novo.

Ainda de acordo com a associação do setor, a reforma repõe no mercado mais de 8 milhões de pneus da linha caminhão/ôni-bus por ano e representa uma economia de R$ 7 bilhões ao ano para o setor. Segundo a indústria, o processo não é uma atividade poluidora.

12 Entre-Vias

Meio Ambiente

O PROBLEMA DOS PNEUS

Brasil vende mais pneus reformadosAumento no número de unidades comercializadas foi de 14% em oito anos. Procedimento é indicado para evitar danos ambientais

Carlos Thomaz explica, no entan-to, que nem todo pneu pode ser recu-perado. Segundo ele, é preciso que o equipamento passe sempre por manu-tenções preventivas, além de não sofrer sobrecarga, manter-se a pressão do ar adequada e passar por rodízio. Ele alerta que unidades danificadas, com descarte excessivo e cortes não oferecem condi-ções para serem reformadas, pois podem prejudicar a segurança do produto.

O Brasil é o segundo maior mercado no mundo, segundo a associação. São 9 mi-lhões de unidades de ônibus e caminhões que usaram a reforma como alternativa para os pneus gastos em 2013. Apenas os Estados Unidos estão na frente, com mais de 20 milhões de unidades no ano passado.

INDÚSTRIAMesmo com retração da indústria au-

tomotiva, o mercado de pneus avançou no primeiro bimestre de 2014, segundo dados da Associação Nacional da Indús-tria de Pneumáticos (Anip).

O

Para permanecer em crescimento e acompanhar a evolução do mercado mundial, o presidente do Conselho de Administração da associação, Jean-Philippe Ollier, diz que estão sendo investidos mais de R$ 10 bilhões no país até 2015. "Vamos investir agora também para im-plantação do processo de etiquetagem de pneus, que consideramos uma medida muito importante na defesa do consumi-dor", afirma.

O setor reúne hoje 11 fabricantes de pneus novos, com mais de 100 mil cola-boradores diretos e indiretos. "Somos os maiores consumidores de borracha sinté-tica, borracha natural e alguns produtos químicos que entram na composição do pneu. E temos sentido falta de uma políti-ca mais efetiva para aumentar a produção local, principalmente da borracha natural, um produto nativo do Brasil", afirma Ollier. Em 2013, segundo dados da Anip, foram produzidos 68,8 milhões de pneus de todos os tipos no país, crescimento de 9,77% sobre 2012.

Se jogados em terrenos baldios, podem acumular água da chuva e servir de local onde mosquitos transmissores de doenças, como a dengue e a febre amarela, colocam seus ovos

Se queimados, podem ajudar a dissipar incêndios. Um pneu é capaz de ficar em combustão por mais de um mês e, no processo, libera dez litros de óleo no solo. A queima de pneus é proibida pela legislação ambiental federal

Se colocados em lixões e misturados ao lixo orgânico, absorvem os gases liberados na decomposição, inchando e estourando

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Saúde

14 Entre-Vias Entre-Vias 15

omo cuidar da saúde quando se está na estrada, cada dia em um canto do país? É difícil marcar

uma consulta e muitas vezes não sobra tempo para fazer aquele checape tão ne-cessário. Mas cada dia surgem novas ações pelas rodovias para beneficiar os trabalha-dores que estão sempre em viagem. Elas estão nos postos de combustíveis, pontos de parada da Polícia Rodoviária Federal ou outros prédios na beira da estrada, como do Serviço Social do Transporte/Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Sest/Senat).

São vários serviços oferecidos, de afe-rição da pressão arterial a massagem re-laxante. É só parar um pouquinho a rotina e se render aos cuidados das equipes de saúde. Para se ter uma ideia da importân-cia das ações, em março do ano passado, a CCR AutoBan, que gerencia a Rodovia dos Bandeirantes, em São Paulo, por meio do programa Estrada para a Saúde, detectou que 89% dos 243 caminhoneiros atendi-dos estavam obesos, problema que leva a doenças como diabetes e hipertensão.

É um verdadeiro mutirão nas estradas. Uma das maiores iniciativas é o Comandos de Saúde nas Rodovias. Em parceria com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), desde 2006 o Sest/Senat organiza blitze nas uni-dades, nas quais os motoristas são orienta-dos sobre bons hábitos de saúde. As cam-panhas são voltadas para trabalhadores do transporte e autônomos. Eles são atendidos

Checape na estradaPare para descansar, almoçar ou abastecer e aproveite para fazer exames importantes e levar uma vida saudável

Antes de pegar a estrada novamente, caminhoneiros passam por ginástica laboral e massagens relaxantes

Medição de pressão arterial Medição do nível de glicose Medição do nível de colesterol Testes de obesidade Exame de acuidade visual Exame de acuidade auditiva Medição dos níveis de sonolência Medição do estresse Medição da frequência cardíaca Informações nutricionais Exames de doenças sexualmente transmissíveis e HIV Distribuição de preservativo Corte de cabelo Vacinas Massagem relaxante

* Os serviços oferecidos variam conforme programa de cada empresa

por educadores e médicos, onde fazem afe-rição da pressão arterial, exames que de-tectam obesidade, estresse e sonolência. Ao final, o motorista é encaminhado para uma consulta médica.

Além dos atendimentos, os profissio-nais participam de atividades de recreação para entretenimento e educação. E ainda podem fazer ginástica laboral, massagens corporais, participar de palestras e exibição de vídeos com distribuição de preservativos e material informativo sobre doenças sexu-almente transmissíveis (DSTs). As próximas

paradas serão realizadas nos dias 14 de maio, 29 de outubro e 26 de novembro.

A primeira ação do Comandos de Saú-de foi em 19 de março. Mais de 3 mil cami-nhoneiros foram atendidos. Neste ano, to-maram vacinas como da hepatite B, tétano, tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) e febre amarela.

Outra ação recorrente é o Saúde na Es-trada, promovido pelos postos Ipiranga na região Sul do país. A última ação ocorreu em 11 de abril e outras ainda estão sendo pro-gramadas. É o sétimo ano que a rede pro-

move os encontros em mais de 100 postos, em parceria como Serviço Nacional do Co-mércio (Senac), Ministério da Saúde, Polícia Rodoviária Federal. Em São José dos Pinhais, no Paraná, conta com apoio da prefeitura. Foram ofertados exames de pressão arterial, teste de glicemia, acuidade visual, cálculo do Índice de Massa Corpórea (IMC), vacinação, informações sobre DSTs e dengue.

As concessionárias que administram trechos de rodovias no país também fa-zem ações voltadas para os caminhonei-ros. A CCR Nova Dutra, por exemplo, tem trailer odontológico, com consultas para atendimento e alerta sobre as práticas de higiene bucal. A concessionária mantém um consultório dentário completo em um trailer que fica estacionado no posto Arco Íris, no KM 81,9 da Via Dutra no sentido Rio de Janeiro, em Roseira (SP). O horário de funcionamento é de segunda e quarta--feira, das 8h às 18h; terça e quinta, das 7h às 17h; e sexta-feira, das 9h às 17h.

Na Fernão Dias, o Viva Saúde também conta com ações para conscientizar os moto-ristas sobre a importância dos cuidados com a saúde e qualidade de vida. A campanha busca a diminuição do índice de acidentes no trecho entre Belo Horizonte e São Paulo da BR-381. Para isso, são feitos trabalhos que valorizam os hábitos saudáveis, bem-estar, saúde e manutenção do veículo.

Fotos: Júlio Fernandes/Agência Full Time/Divulgação

Ações do Sest/Senat oferecem exames como

medição do nível de glicose no sangue

No Sul do país, o Saúde na Estrada promove encontros e ações nos postos da rede Ipiranga Medir a pressão arterial regularmente permite a identificação de doenças crônicas cardíacas

O QUE VOCÊ ENCONTRA NA ESTRADA

C

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o uso do celular no trânsito é tão perigoso quanto beber antes de dirigir. Consiste em uma das principais causas de distração, o que aumenta o risco de acidentes em até 400%, como atropelamento e batidas.

No Brasil, dirigir falando ao celular im-plica infração média, com pena de multa de R$ 85,13, e soma quatro pontos na carteira de habilitação.

O serviço Onde Tem Táxi Aqui? foi de-senvolvido para incentivar os motoristas a voltar para a casa de táxi se tiverem consu-mido bebida alcoólica. O aplicativo usa os dados disponíveis no Google para buscar pontos ou empresas de táxis que ofereçam um carro mais rapidamente.

Outro aplicativo que está fazendo suces-so nas rodas de bares – e é um bom aliado dos motoristas nas cidades brasileiras que estão recebendo o festival Comida di Bute-co – é o De Quem É A Vez?. Ele é capaz de sortear, em um grupo de amigos, quem será o Motorista da Parada. O serviço tem o obje-tivo de difundir a prática de direção segura e lembrar sempre que no país é proibido dirigir

após ingerir álcool, com pena de multa que chega a R$ 2 mil, de acordo com a Lei Seca.

Além de divertido, o De Quem É A Vez? informa aos amigos quem ficará sóbreo naquele dia. Depois do sorteio, o sistema envia um SMS para o amigo escolhido in-formando a decisão.

Outro aplicativo lançado pelo Parada para auxiliar o motorista no trânsito é o

Rota das Cidades. São informações seguras para o usuário escolher, compartilhar e sal-var uma rota real que ele fará. Ao selecionar origem e destino, é possível saber as condi-ções das rodovias, a previsão do tempo, o valor dos combustíveis ao longo do trecho e a localização dos postos de gasolina.

ALERTAA Agência Nacional de Transporte Ter-

restre (ANTT) divulgou recentemente nota sobre alguns aplicativos disponíveis no mercado e pediu cuidado na hora de usá--los. A ênfase foi nos apps de carona solidá-ria que estão no mercado. Para a ANTT, se gratuito, o uso deve ser incentivado. Caso contrário, se estabelecer um valor para o transporte, é preciso ter cautela. “Entende-mos que existem dois extremos: quando a carona de fato é gratuita e quando há troca de valores. Por vezes, os limites entre essas duas dimensões se confundem e temos de analisar cada caso isoladamente”, afirma o coordenador do laboratório de inovação digital da ANTT, Beto Aquino Agra.

16 Entre-Vias

Tecnologia

plicativos para evitar acidentes. Sim, mesmo que eles sejam para smartphones e tablets, verdadei-

ros inimigos do volante. O programa Para-da pela Vida, que se trata de um conjunto de campanhas e ações para diminuir pela metade o número de acidentes nas rodo-vias e cidades brasileiras em 10 anos, de-senvolveu e está divulgando três aplicati-vos que têm o objetivo principal de ajudar o motorista: o Mãos no Volante, o Onde Tem Táxi Aqui? e ainda o De Quem É A Vez?.

Eles foram desenvolvidos pelo Ministério das Cidades, por meio do Departamento Na-cional de Trânsito (Denatran), para reduzir duas das principais causas de acidentes no trânsito: a distração em razão do uso do telefone e a direção após consumo de bebida alcoólica.

O Mãos no Volante é uma ferramenta para smartphones que ajuda o motorista a evitar o uso do telefone celular enquanto di-rige. Ele bloqueia chamadas para o número de celular. Quem ligar ou enviar mensagem de texto para o número receberá a seguinte resposta automática: “Estou dirigindo no mo-mento. Ligo mais tarde”. A mensagem pode também ser personalizada pelo usuário do aplicativo. O intuito é que a ferramenta con-tribua para que o motorista tenha mais con-centração e segurança enquanto dirige.

Segundo informações do Programa Parada pela Vida, pesquisas apontam que

Aplicativos para diminuir acidentesPrograma ‘Parada pela Vida’ desenvolve programas para celulares que alertam sobre uso de celular e álcool ao volante

A

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18 Entre-Vias Entre-Vias 19

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Era uma vez, um lobo-guará macho que estava em busca de alimentos para seu filho que acabara de nascer. Com o fim das áreas de cerrado, ele precisava andar quilômetros para encontrar comida, enquanto a mãe vigia-va o filhotinho. Contudo, ele não voltou. Ao atravessar a estrada que cortava seu habitat, foi atropelado e morreu.

A pequena narrativa não é uma ficção. É uma realidade que ocorre com frequência. A cada segundo, mais de 15 animais morrem nas estradas brasileiras. Diariamente, há es-timativa de morte de mais de 1,3 milhão de bichos e, ao final de um ano, mais de 475 mi-lhões de animais selvagens são atropelados no Brasil. Os números estarrecedores são do

Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE), ligado à Universidade Fede-ral de Lavras (Ufla).

De acordo com estudos do centro, cerca de 430 milhões de animais são pequenos ver-tebrados, como sapos, aves menores, cobras. Aproximadamente 43 milhões são de médio porte – gambás, lebres, macacos – e 2 mi-lhões são de grande porte: onça-parda, lobos--guarás, onça-pintada, antas e capivaras.

“Existem vários trabalhos que realizam o levantamento de espécies que são atropela-das em rodovias brasileiras e muitos apontam o atropelamento como agravo no risco de extinção de algumas espécies, uma vez que se encontra em risco de extermínio por outros

Vida animal pede passagemMorte de bichos em rodovias dizima espécies, prejudica o ecossistema e causa perigo também para usuários

fatores como perda e fragmentação de ha-bitat e caça, por exemplo, o lobo-guará”, contextualiza o médico veterinário Felipe Coutinho Batista Esteves, presidente da organização não governamental Bem Vi-ver – que socorre animais abandonados e agredidos.

Ele explica o impacto ambiental, pois há um rompimento nos ciclos naturais, tan-to na cadeia alimentar como reprodutivos e biológicos, diminuindo a biodiversidade em áreas com altos índices de atropela-mentos. “Para a sociedade, tirando o risco de acidentes de trânsito, provocados prin-cipalmente por animais de grande porte, deve-se considerar que os animais pos-

suem papéis biológicos importantes, como manutenção de ecossistemas, mantendo nichos ecológicos. Por isso é essencial sua preservação, considerando que cada um tem sua função.”

MAPA DA DESTRUIÇÃOSegundo levantamento da Polícia Rodo-

viária Federal (PRF), nas estradas de Minas Gerais ocorreram 549 acidentes com ani-mais no ano passado. O inspetor Aristides Junior informa que a instituição não conta com um mapeamento detalhado, como apresentação das espécies dizimadas e de-rodovias com mais recorrência de acidentes.

Outros órgãos públicos foram procu-

rados por Entre-Vias, a fim de se fazer um panorama do cenário de atropelamen-to no Brasil. A assessoria de imprensa do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) declarou que “o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) deve realizar o monitoramento de Atrope-lamento de Fauna a fim de identificar os principais pontos de ocorrência, servindo de base para indicação de possíveis me-didas mitigadoras”. Contudo, o Dnit não retornou, até o fechamento desta reporta-gem, sobre as questões solicitadas.

O CBEE está fazendo um esforço para criar o Banco de Dados Brasileiro de Atro-

Quem morre mais

9%

90%

1%

Pequenosvertebrados

Vertebrados de médio porte

Vertebrados de grande porte

Fonte: Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE)

Fotos: Arquivo Entre-Vias

Atropelamento em estrada de Araxá

“Para a sociedade, tirando o risco de acidentes de trânsito, provocados principalmente por animais de grande porte, deve-se considerar que os animais possuem papéis biológicos importantes, como manutenção de ecossistemas, mantendo nichos ecológicos. Por isso é essencial sua preservação, considerando que cada um tem sua função”Felipe Coutinho Batista, médico veterinário

A instituição não conta com um mapeamento detalhado, como apresentação das espécies dizimadas e de rodovias com mais recorrência de acidentesAristides Junior, inspetor da PRF

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20 Entre-Vias Entre-Vias 21

Sudeste

Sul

Nordeste

Centro-Oeste

RegiõesOnde morrem mais animais

Norte

NORTE

NORDESTECENTRO-OESTE

SUDESTE

SUL Fonte: Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE)

Mortalidade nos Estados

pelamento de Fauna Selvagem (BAFS), com o intuito de reunir, sistematizar e disponi-bilizar informações sobre a mortalidade nas rodovias e ferrovias brasileiras. O ob-jetivo é ser uma ferramenta de gestão e conhecimento, contribuindo com diferentes segmentos da sociedade brasileira. As in-formações levantadas apontam que o Su-deste brasileiro é líder em atropelamento. O primeiro lugar é incentivado pelo grande número de rodovias que cortam os Estados e pelo intenso fluxo de veículos.

O médico veterinário Felipe Esteves explica que o período de maior recorrência de acidentes depende da espécie. “Ani-mais de hábitos noturnos tendem a ser atropelados na parte da noite e durante a madrugada, assim como durante o dia os acidentes ocorrem com os de costumes diurnos. Porém, isso não exclui a possibili-dade de inversão desse ciclo, uma vez que em determinada época do ano os bichos se deslocam mais em função de reprodu-ção, oferta e procura de alimentos, além de

mudanças climáticas. Répteis, por exemplo, tendem a ser mais atropelados em épocas de chuva, devido ao alagamento de suas tocas e às temperaturas mais frias, que fazem com que se desloquem mais para encontrar locais para abrigo e termorregu-lação corporal, atraindo-os para o asfalto quente. No caso de aves, o hábito de forra-gear as margens das rodovias e o voo que confere maior mobilidade aumenta a chan-ce que se choquem contra os veículos.”

Existe ainda um ciclo da morte de ani-mais que aumenta o número de atropela-mentos. Em áreas de agricultura e transpor-te de grãos, sementes ealimentos caem e se espalham pela rodovia, tornando atrati-vo para animais silvestres com esse hábito alimentar. Esses bichos são atropelados, o que atrai espécies de carnívoros e carnicei-ros, fechando o ciclo. Além disso, o lança-mento de lixo pelos condutores e passagei-ros de veículos alimenta a probabilidade de atropelamentos.

INVASÃO DO HABITATO ruído e a movimentação dos veícu-

los também interferem no ciclo reprodutivo dos animais. “Sem dúvida, as consequên-cias das interferências do homem no meio ambiente são desastrosas. Geralmente, os animais procuram áreas afastadas para se abrigar e reproduzir, excluindo algumas es-pécies que possuem poder adaptativo mui-to grande, convivendo pacificamente com os ruídos. Já na movimentação são nítidos os impactos para a reprodução. Animais em época reprodutiva tendem a se deslo-car mais para encontrar parceiros, assim são obrigados a cruzar rodovias, afinal, sua área de circulação natural foi interrompida,

Gambá mãe e seu filhote encontrados mortos em estrada do Mato Grosso

Cachorro-do-mato tenta atravessar e é acometido por veículo. Essa espécie

é um animal selvagem

Entre os principais fatores que levam ao atropelamento de animais nas rodovias, pode-se

ressaltar a sua localização em rotas de migração natural

de algumas espécies

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o que aumenta significativamente a chance de serem atropelados.”

Entre os principais fatores que levam ao atropelamento de animais nas rodovias, pode-se ressaltar a sua localização em rotas de migração natural de algumas espécies ou dentro de áreas de preservação reduzidas e fragmentadas. A disponibilidade de alimento ao logo da estrada – que leva o animal a percorrer longas distâncias em sua margem –; presença de barreiras físicas como cercas de divisa de propriedades, que faz com que muitas vezes ele não consiga sair; além de falta de opções de passagem segura, são outros motivadores de acidentes.

Michelle Horovits, da assessoria de co-municação do Ibama, diz que as rodovias existentes estão passando por um proces-so de regularização ambiental. A Portaria 420/2011 do Ministério do Meio Ambiente dispõe sobre procedimentos a serem apli-cados pelo instituto na regularização e no licenciamento ambiental das rodovias fede-rais. O documento determina que o Ibama realize relatórios de controle ambiental, le-vando em consideração as peculiaridades de cada rodovia, observado as interações entre os meios biótico, físico e socioeconômico, compostos por um diagnóstico ambiental e programas de monitoramento de fauna, mitigação dos passivos ambientais, geren-ciamento de riscos e planos de ação de

emergência, educação e gestão ambiental.Apesar da determinação, estão sendo

ou foram realizados baixíssimos esforços em avaliar os efeitos do atropelamento de animais nas rodovias, segundo consultores ambientais. Eles enfatizam que o interesse em criar alternativas harmoniosas para a fauna prosseguir seu ciclo, mesmo com as estradas, é novo no Brasil. Por isso, precisa ser fiscalizado, atividade sob responsabili-dade do Dnit. Esse órgão também deve in-cluir sinalizações em locais de travessia de faunas, que devem contar com redução de

velocidade, bem como pontos para a tra-vessia de animais.

ECOLOGICAMENTE CORRETOSe não há garantia de cumprimento

de todas as determinações, o caminho é partir para alternativas. Radares instalados em estradas diminuem a quantidade de acidentes envolvendo animais silvestres. No Pantanal, aparelhos de controle de ve-locidade na BR-262 entre Anastácio e Co-rumbá reduziram pela metade o índice de atropelamento.

Experiências de outros países mostram que é possível preservar a fauna. A Ale-manha, onde estão as estradas ecologica-mente mais corretas do planeta, combina cercas que impedem o acesso dos animais à pista, com viadutos pelos quais eles pos-sam atravessar de um lado a outro, sem ter de enfrentar os carros.

Jaguarundi morto na BR-262, sentido Belo Horizonte/Uberlândia Aves também

estão propícias a atropelamentos

Siriema encontrada na BR-359

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24 Entre-Vias

Capa

Nos Everglades, imensa área de pânta-nos ao sul da Flórida, nos Estados Unidos, as rodovias de alta velocidade são suspen-sas nos trechos de maior concentração da fauna. Em outras regiões, vizinhas de par-ques nacionais, usam-se até aparelhos que emitem ondas ultrassônicas para afastar os animais da rodovia.

Em época de comunicação sem frontei-ra, a tecnologia tornou-se parceira. O apli-cativo “Urubu Mobile” permite que os mo-toristas registrem fotos de atropelamento de animais a fim de diminuir a recorrência desses incidentes e auxiliar no planejamen-to de novas vias. Para utilizar o sistema, os interessados podem fazer o download no Google Play. Assim, quando encontrar um animal silvestre atropelado, basta fazer uma foto para que a posição geográfica e a data sejam marcadas automaticamente.

MOTORISTAS DO BEMOutra solução, adotada no mundo in-

teiro, é estabelecer limites rigorosos de ve-locidade e punir motoristas infratores. “Aos meus olhos de educador de trânsito expe-riente e de muitos anos de estrada, sem sobram de dúvida eu aponto a imprudên-cia, o desrespeito à sinalização, o excesso de velocidade como as principais causas de acidentes envolvendo animais, sejam eles de pequeno, médiooude grande porte”, critica o especialista em trânsito Antonio de Paula, inspetor aposentado da Polícia Rodoviária Federal (PRF).

Inspetor De Paula enfatiza que a impru-dência é responsável por mais de 40% das colisões com animais, e a desatenção dos motoristas é o maior vilão das ocorrências. Ele avalia que as campanhas de prevenção de acidentes com animais na pista, realiza-das pelos governos, apresenta bons resulta-dos, principalmente nos perímetros urbanos.

Nas pistas administradas por conces-sionárias, o foco das ações é na orientação aos proprietários de sítios e chácaras que contam com criação de animais sobre como evitar situações de riscos e como proceder nos casos em que ocorra a presença de ani-

mais na faixa de rolamento das rodovias. O especialista pontua que as concessionárias têm por obrigação o ca-dastramento de todas as propriedades e a realização de um trabalho preventivo, por meio do serviço de ins-peção de tráfego e do circuito de câmeras, que realiza o monitoramento das rodovias. Ao identificar os casos, são acionadas as equipes de operações de resgate, que contam com pessoas treinadas e caminhões boiadeiros atuando no recolhimento dos animais.

“Choques com animais, mesmo os de pequeno por-te, sempre trazem consequências graves. Dependendo da velocidade, bater em um cachorro poderá desesta-

bilizar completamente o veículo, gerando um acidente de grandes proporções. Por isso, ao perceber animais na pista ou próximo dela, o correto é reduzir a velocidade ou mesmo parar. Não se deve acionar a buzina para espantá-los. É bom ligar os faróis e pisca-alerta para chamar a atenção de outros motoristas. Os animais, quando assustados, reagem de maneira imprevisível. Não é aconselhável acreditar que, ao ver o veículo, o animal vai fugir para frente”, orienta o educador, ressal-tando que, em caso de colisão com animais de grande porte, o impacto ocorrerá na altura do para-brisa, po-dendo atingir os ocupantes do veículo.

A cada segundo, 15 animais morrem nas rodovias brasileiras

"Ter atenção é fundamental na condução de qualquer automóvel. Mesmo sendo um veículo de grandes proporções, um caminhão, ao atropelar um animal, pode perder o seu controle e provocar um acidente. A redução da velocidade contribui para que esse tipo de acidente não aconteça"Carlos Roesel, presidente do Sintrauto

“Aos meus olhos de educador de trânsito experiente e de muitos anos de estrada, sem sobram de dúvida eu aponto a imprudência, o desrespeito à sinalização, o excesso de velocidade como as principais causas de acidentes envolvendo animais, sejam eles de pequeno, médiooude grande porte”Inspetor De Paula

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Untitled-2 1 21/03/2014 10:49:50

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Capa Entrevista

Entre-Vias: Quais são os principais motivos que provocam a morte de animais nas rodovias?Valeska Buchemi de Oliveira: Diversas são as razões. Existem as causas antrópicas (causadas pelo homem) e as naturais. Contudo, o principal fator é a falta de políticas públicas adequadas para a reso-lução do problema. Os motivos antrópicos são a própria rodovia, que representa uma barreira ambiental para diversos animais; e o fluxo de veículos, que pode variar desde moderado, em estradas de terra, até intenso, em rodovias. Os processos biológicos envolvem a dispersão de indivíduos ao longo dos seus habitats e ao longo de pastos, plantações ou matas alteradas. Os animais precisam procurar por alimentos, por parceiros e precisam estabelecer territórios. Por isso, precisam atraves-sar estradas. Muitos deles também apresentam características que os tornam mais vulneráveis a atropelamentos, como visão ruim ou lenti-dão ao se locomoverem. Porém, o estabelecimento de rodovias e as necessidades biológicas dos animais são características com as quais temos de lidar. Certamente, as maiores causas de atropelamentos e acidentes rodoviários com fauna silvestre são a falta de estruturas ade-quadas para a travessia dos animais, insuficiência de placas educativas e a pouca conscientização dos motoristas.

EV: Há um mapeamento dos pontos em que ocorrem mais acidentes?

VBO: Ainda não existe um mapeamento adequado das rodovias no Brasil, mas algumas ações começam a ser aplicadas aqui e em diversas outras nações. Em nosso país, a quantificação desses atropelamentos é difícil devido à própria magnitude de sua malha rodoviária e devido à falta de profissionais e investimentos na área. Existem alguns pontos sob monitoramento ao longo do país, tanto para empreendimentos de licenciamento ambiental quanto para pesquisas acadêmicas. Nesses trechos controlados, os locais com maiores registros de atropelamentos são a BR-101 Sul (SC e RS), SP-255 (SP) e a BR-163 (PA). EV: Existem dados que mostram quais espécies são dizimadas nas rodovias?

VBO: Os estudos realizados até o momento indicam que raposas e cachorros-do-mato são atropelados em grande número. Tatus de dife-rentes espécies (tatu-galinha, tatu-peba e tatu-de-rabo-mole), pregui-ças e tamanduás também são encontrados com frequência atropelados em nossas rodovias. Dentre as aves se destacam corujas, curiangos e bacuraus, mas diversas outras espécies desse grupo são constantemen-te atropeladas. Muitos anfíbios e répteis também sofrem esse impacto. Os estudos realizados e as coletas aleatórias, por motivos claros, aca-bam registrando com maior frequência animais de maior porte, e mui-tos dos dados devem ser analisados com clareza pelos órgãos gestores.

Morte de animais em rodovias: problema de todosEspecialista apresenta responsabilidades em torno da preservação da fauna nas estradas e do equilíbrio entre natureza e sociedade

EV: As estradas brasileiras contam com estruturas para evitar acidentes com animais?

VBO: Algumas contam com passagens de fauna. Por exemplo, na es-trada-parque de Itacaré (BA) existem estruturas arbóreas para a travessia de primatas: são cordas ligando as copas das árvores dos diferentes lados da rodovia. O Estado de São Paulo tem 81 passagens de fauna em 14 rodovias, e alguns estudos realizados demonstram sua eficácia não so-mente para a travessia dos animais, como para a redução de acidentes. Na rodovia SP-255, localizada entre os municípios de Itirapina e Jaú, foram implantadas passagens de fauna e, ao longo de dois anos,registraram-se 800 travessias de fauna, englobando 21 espécies animais. Mas o resultado principal é que o número de acidentes reduziu 87% em relação aos índices anteriores, evidenciando o aumento de segurança para o usuário.

Porém, muito ainda deve ser feito, principalmente próximo e dentro das unidades de conservação. Para evitar mortes de animais, mas prin-cipalmente para garantirmos a manutenção das trocas genéticas entre populações animais e vegetais, deveríamos investir em passagens de fauna, incluindo túneis de travessia subterrânea, passagens arbóreas, pequenas travessias para anfíbios e répteis, passagens sob pontes e rios, cercas de direcionamento. Deveríamos também investir em placas de sinalização e em educação ambiental nas rodovias.

Sobre o modelo ideal, ele não existe, pois cada rodovia apresenta suas próprias características. É necessário que em todos os casos haja

estudos prévios (em rodovias em construção e em rodovias já prontas). As análises indicarão quais as espécies deverão ser mais focadas na área e quais os tipos de passagem de fauna que devem ser implantados.

EV: De quem é a responsabilidade por evitar os acidentes?VBO: Certamente, boa parte da responsabilidade é dos órgãos ges-

tores, sejam as rodovias públicas ou privatizadas. Esses administradores devem implantar túneis e outros tipos de passagens de fauna que as-segurem a travessia dos animais, inclusive para macacos e micos atra-vés de estruturas arbóreas. Tais gestores, públicos ou privados, devem garantir o trânsito dos animais e a segurança dos usuários. Porém, é importante ressaltar que muitos motoristas são imprudentes e alguns deles, inclusive, atropelam animais propositalmente.

Todos os motoristas podem contribuir dirigindo de maneira consciente, principalmente em trechos periurbanos, rurais e em área naturais ou de conservação ambiental. Devem respeitar placas de educação ambiental ou de sinalização de travessias de fauna. Em trechos privatizados, devem informar aos gestores sobre animais atropelados e, se possível, podem co-laborar com o banco de dados dos pesquisadores pelo aplicativo Urubu Mobile (apresentado na página 24). Dirigindo prudentemente, cobrando atitudes dos gestores privados e públicos e contribuindo com o banco de dados, certamente, todos os motoristas poderão colaborar para o monito-ramento das rodovias, para sua própria segurança e de outros usuários.

EV: O ruído e a movimentação dos veículos interferem no ci-clo reprodutivo?

VBO: Certamente e de maneira intensiva. Diversos estudos apon-tam que os ruídos e a movimentação dos veículos causam efeitos sig-nificativos e negativos sobre diversas espécies de animais, desde os invertebrados até os mamíferos. Muitas pesquisas comprovaram que, além das altas taxas de mortalidade por atropelamento, rodovias cau-sam impactos em ciclos reprodutivos, em estratégias de comunicação dos animais, no uso de ambiente, na dispersão em seus territórios e em trocas genéticas. Em um estudo realizado na região Sul do país, constatou-se que os roedores analisados, conhecidos como tuco-tucos, apresentavam índices maiores de quebra do DNA – ações multigenéti-cas – quando capturados mais próximos à rodovia estudada; enquanto animais que habitavam locais mais distantes apresentavam menores índices. Outras pesquisas também demonstram que metais pesados se acumulam em ninhos, em vegetais e em tecidos de animais em maiores quantidades em organismos que estão mais próximos a estradas. É im-portante mencionar, ainda, que estradas têm efeito, igualmente, sobre as plantas e as árvores em suas imediações. Rodovias dificultam a dis-persão de sementes e aumentam a quantidade de produtos tóxicos no ambiente. O tema Ecologia de Estradas se tornou um ramo específico da ciência,e séries de pesquisas estão sendo conduzidas para entender o impacto de estradas sobre a biodiversidade. Por isso, é muito impor-tante que ações de manejo sejam implantadas.

A bióloga Valeska Buchemi de Oliveira, mestre em zoologia, pesquisadora e consultora ambiental, contextualiza para os leitores de Entre-Vias a morte de animais nas rodovias

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28 Entre-Vias Entre-Vias 29

Estradas

s motoristas que trafegam pelo país devem ficar atentos aos tre-chos interrompidos para obras ou

por causa de chuva. São pelo menos três lu-gares nessa situação, demandando desvios ou paciência, já que alguns podem estar situados no sistema Pare e Siga.

O Departamento de Estradas de Roda-gem do Distrito Federal (DER/DF) restringiu o tráfego de caminhões e outros veículos de carga na DF-003, entre o balão do Colo-rado e o balão do Torto, no sentido Brasília, das 16h às 20h, em dias úteis. A medida, segundo o DER, tem a intenção de diminuir o risco de acidentes de trânsito no local.

A intenção é melhorar o tráfego para

os moradores de Sobradinho, Planaltina e condomínios da região. De acordo com o DER, o tráfego ficará restrito somente até a conclusão de obra de ampliação da rodo-via, que tem previsão de durar dois anos. O trecho começa no KM 0 da BR-020/DF-003 até o KM 5 da rodovia DF-003.

Os condutores devem desviar pela DF-001, onde ficam até a liberação da pis-ta ou seguem pelo Paranoá, que aumenta a viagem em 25 km. Outro desvio sugeri-do pelo DER é passar pelo Lago Oeste. No entanto, o DER alerta que os motoristas de veículos pesados devem programar sua viagem para não chegar a Brasília nesse horário de restrição.

Atenção: trechos interrompidosDnit alerta para, pelo menos, três rodovias com tráfego prejudicado por obras ou chuva

O Departamento Nacional de Infraes-trutura de Transportes (Dnit) alerta para outro trecho interditado: a BR-153, na al-tura do KM 396, em Goiás. A chuva intensa provocou rompimento de parte da rodovia entre os municípios de Jaranápolis e Jara-guá. O trânsito no local está em meia pista, permitido apenas para veículos leves.

Os motoristas devem seguir algumas alternativas sugeridas pelo Dnit: em Aná-polis, seguir pela BR-414, passando por Corumbá de Goiás / Cocalzinho de Goiás até o entroncamento da BR-080/GO. Pela BR-080/GO, seguir até retornar à BR-153/GO próximo a Uruaçu. Outra sugestão é: de Anápolis, seguir pela GO-330, passando

por Campo Limpo / Ouro Verde, até o en-troncamento com a GO-080 (Petrolina de Goiás). Pela GO-080, passar por São Fran-cisco de Goiás até retornar à BR-153/GO. Ou ainda, de Goiânia, seguir pela GO-080 passando por Petrolina de Goiás / São Fran-cisco de Goiás até retornar à BR-153/GO.

No Sul do país, mais mudanças. Com a conclusão das obras na BR-101/SC, os motoristas devem ficar atentos às modifi-cações no trânsito. Entre Araranguá e Som-brio, a pista tem novo traçado e vias late-rais construídas para movimentação entre bairros e de pedestres. As pistas estão du-plicadas e o trânsito, que antes era em mão dupla, passou a ser em quatro faixas, duas

em cada sentido. Foram concluídos viadu-tos e a velocidade passou de 80 km/h para 110 km/h (veículos pequenos) e 90 km/h (veículos de grande porte).

Mas ainda estão sendo feitos traba-lhos complementares que exigem atenção. A empresa responsável pelas obras ainda atua entre os KM 409 e 437, fazendo ta-ludes, sistemas de drenagem e melhoria do pavimento.

SEGUNDA PONTEO Dnit assinou, no início do mês, con-

trato no valor de R$ 649 milhões para construção da Segunda Ponte sobre o Rio Guaíba, no Rio Grande do Sul. O consórcio que venceu a licitação, o Ponte Guaíba, é formado pelas construtoras Queiroz Gal-vão e EGT Engenharia. A nova ponte fará a ligação entre a capital gaúcha e o Sul do Estado, passando pela Ilha do Pavão até a Ilha Grande dos Marinheiros. Será uma al-ternativa para desafogar o tráfego na única travessia sobre o Guaíba existente.

A ponte velha, denominada Ponte Getúlio Vargas, tem capacidade restrita e os constantes içamentos do vão móvel acabam gerando congestionamentos no sistema viário de acesso a Porto Alegre e rodovias da região. A Segunda Ponte terá 7,3 km, com duas faixas de trânsito, refúgio lateral e central e acostamento.

Obras do lote 29 na BR-101/SC mudaram sinalização: motoristas devem ficar atentos

Fotos: Via101/Divulgação

Segunda Ponte sobre o Rio Guaíba, no Rio Grande

do Sul, terá 7 km ao todo

Dnit/Reprodução

O

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30 Entre-Vias

Estradas Notas

rafegar pelo acostamento é uma das infrações mais frequentes cometidas por motoristas nas rodovias, bem

como o não uso do cinto de segurança e dirigir falando ao celular. Para coibi-las, a Polícia Rodoviária Federal de Pouso Ale-gre, no Sul de Minas, está usando câmeras da concessionária que administra a Fernão Dias para multar motoristas, principalmente, locomover-se no espaço que é proibido.

O acostamento, segundo o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), é o espaço reser-vado para ser usado quando um carro tem problemas mecânicos até a chegada do socorro, para tráfego de ambulâncias se o trânsito estiver congestionado, ou ainda quando há acidentes leves para que os ve-

ículos envolvidos não interrompam a pista. Outro problema: o acostamento também é usado por pedestres e ciclistas, por isso, há um alto risco de atropelamento.

Se a rodovia estiver com o tráfego en-garrafado e o motorista fugir pelo acosta-mento, ele está passível de multa, já que a prática é ilegal conforme o código. Ultra-passar pelo acostamento é uma infração gravíssima, com multa de R$ 574,61 e sete pontos na carteira de habilitação.

Com o auxílio das 108 câmeras da Auto-pista Fernão Dias, os policiais rodoviários es-tão autorizados a parar o motorista e multar. Segundo o policial Reinaldo Márcio Costa, o veículo é identificado pela placa e parado pela polícia, que lavra o auto de infração. Além de

transitar pelo acostamento, também é multa gravíssima trafegar em ciclovias, passarelas, canteiros centrais, calçadas, entre outros.

ABC PAULISTAEm São Paulo, no Grande ABC, as quatro

principais rodovias que cruzam a região – Imi-grantes, Índio Tibiriçá, Rodoanel Sul e Anchie-ta – registraram, no ano passado, mais de 3 mil autuações por tráfego no acostamento. O levantamento foi feito pelo Departamento de Estradas de Rodagem (DER-SP). A Anchieta foi a campeã, com 72% das multas.

Nas quatro rodovias, o monitoramento também é feito por meio de câmeras da concessionária e observação de agentes da Polícia Militar Rodoviária.

Câmeras contra infraçõesPRF usa imagens de concessionária da Fernão Dias para autuar motoristas que ultrapassam pelo acostamento

T

Entre-Vias 31

GOODYEARPNEU TAMANHO ELEFANTE

A Goodyear divulgou recentemen-te que está fabricando um pneu, o RM4A+, com medida 59/80R63, que é tão alto e pesado quanto um elefante. O produto é destinado ao segmento Off The Road para carregar toneladas de pedras e materiais bem pesados, voltados para minas de carvão, trans-porte de pedras, ouro e cobre. O RM tem rodas aro 63 polegadas e um to-tal de 4 metros de diâmetro. Pesa 5,4 toneladas e pode carregar até 100 to-neladas a uma velocidade de 50 km/h.

EXTRAPESADO NÚMERO 300A entrega de um extrapesado Premium Iveco Hi-Way à Três Améri-

cas Logística e Transportes, em março, marcou a produção do caminhão número 300 na unidade industrial de Sete Lagoas, em Minas Gerais. Inaugurada em 2000, a fábrica possui área total de 2,35 milhões de metros quadrados, sendo que os 600 mil metros quadrados de espaço construído possibilitam à empresa uma capacidade produtiva de 70 mil unidades por ano.

“É o símbolo maior do nosso orgulho em trabalhar na fábrica de Sete Lagoas, por todo empenho e dedicação em oferecer produtos com o me-lhor em tecnologia, desempenho e conforto para as atividades de nossos clientes”, diz o diretor industrial do Complexo da Iveco na cidade, Paolo Bianco. Ele explica que a fábrica é responsável pelos veículos de todos os segmentos de transporte rodoviário de cargas da marca, incluindo desde os semileves e leves da linha Daily até os extrapesados Premium Hi-Way, passando pelos blindados.

No fim de março, a Iveco entregou dez unidades do Iveco Eurocargo 6 à Fraikin. A empresa é líder europeia na locação de veículos de transporte e a aquisição será usada para distribuição de água em Barcelona, Tarra-gona, Murcia, Cádiz, Albacete, Alicante e Zaragoza, na Espanha. O veículo é capaz de reduzir em mais de 95% as emissões de partículas poluentes.

Blog da Iveco/Reprodução

IVECO

COOPERCARGACAMINHÃO 100% GNV

A Coopercarga vai começar a ope-rar o primeiro modelo de caminhão movido 100% a gás natural veicu-lar (GNV) para a Ambev. A emissão é 20% menor de CO2 em compara-ção aos modelos movidos a diesel. O Constellation 24.280 6x2 entra em circulação em maio na região Central do Rio de Janeiro. Será um período de seis meses de testes na distribuição de bebidas. O gás é armazenado em cilin-dros produzidos em fibra de carbono, que ocupam 150 m3 na cabine.

FRETEFERRAMENTA CALCULA CUSTOS

A NTC&Logística disponibiliza o software RentaVision-NTC, que permite que o usuário obtenha tabelas de fretes customizadas para todas as situações em que a empresa atua: rotas diversas, tipos de cargas, modelos de veículos, etc. De forma simples, o usuário poderá montar suas tabelas de fretes, tanto para cargas racionadas quanto para os diversos tipos de cargas lotações, uti-lizando, como base, as planilhas de custos dos veículos já cadastrados pelo Departamento de Custos Operacionais, Estudos Técnicos e Econômicos da NTC (Decope). Também é possível valer-se dos seus modelos cadastrados. Para mais informações sobre o software: (11) 2632-1524.

Goodyear/Divulgação

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Mobilização

32 Entre-Vias Entre-Vias 33

s condições estruturais da BR-381, principalmente entre Belo Horizonte e João Monlevade, e sua importância para Minas Gerais incentivam debates e iniciativas com o in-

tuito de restaurar a rodovia. As 11 maiores entidades empresariais do Estado se reuniram para criar a Nova 381. O movimento tem o objetivo de apoiar e monitorar as obras da duplicação da estrada até sua conclusão e promover o desenvolvimento socioeconômico de Minas – e especialmente do vetor leste do Estado – a partir das oportunidades que serão criadas com a reforma.

Sob a coordenação da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), o método de trabalho baseia-se na mobilização e na conscientização da sociedade por meio de in-formações oficiais do andamento do processo de duplicação e perspectivas econômicas.

“Lançamos o movimento nos oito trechos que liga Belo Ho-rizonte a Governador Valadares, por meio das células formadas por representantes empresariais que serão os responsáveis pelo monitoramento dos trechos. Divulgamos também o Caderno de Oportunidades, que tem a finalidade de levar ao empresariado mineiro informações que auxiliem na identificação e na geração de negócios”, explica o coordenador geral do movimento, Luciano José de Araújo, que é presidente da Fiemg Regional Vale do Aço.

Araújo conta que foram realizadas, ainda, duas edições do Compre Bem, que funciona como um encontro de negócios entre

Por uma nova 381Movimento reúne entidades que visam promover o desenvolvimento de Minas a partir de rodovia segura e sustentável

empreiteiras e fornecedores e, recentemen-te, foi criado no Vale do Aço um grupo de trabalho de logística com representantes das empresas âncoras para acompanhar e discutir junto ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit) um plano de tráfego e rotas alternativas no pe-ríodo das obras. Esse grupo será ampliado para contemplar outras empresas de rele-vância ao longo da 381.

APOSTA NA MOBILIZAÇÃOAlém do monitoramento, a iniciativa

aposta na mobilização social para chamar

a atenção da importância de reestrutura-ção do trecho. Até o momento, estão ca-dastradas no site www.nova381.org.br cerca de 20 mil pessoas. “É um número relativamente baixo, se comparado às mi-lhares de vidas ceifadas por essa rodovia. Temos de acreditar e disseminar o mo-vimento no intuito de fazer pressão nos políticos e autoridades responsáveis para que essa duplicação se torne realidade”, convoca o coordenador geral.

Luciano ressalta que se trata de um movimento apartidário, formado por enti-dades do Estado de Minas Gerais, e o ob-

jetivo não é ter cunho político, “mas nada impede a participação de órgãos governa-

mentais, inclusive, temos apoio de alguns políticos que acreditam na

iniciativa e nos apoiam”.A expectativa é de que a presi-

dente do Brasil, Dilma Rousseff, assine a ordem de serviço para início das obras na

BR ainda neste mês. Luciano destaca que já existe o projeto executivo, e as emprei-teiras de sete lotes assinaram os contratos e estão aptas a montar os canteiros de obras. Segundo ele, o contato com forne-cedores também foi realizado.

NOVA 381De acordo com o Dnit, a nova 381 con-

tará com mais de R$ 4 bilhões em investi-mentos, mais de 205 km de pistas duplica-das, 64 obras de arte especiais (17 pontes e 47 viadutos), cinco túneis (2.385 m de extensão), 20 passarelas, 99 paradas de ônibus e mais de 83.300 m de defensas – proteção metálica que acompanha curvas perigosas, pontes ou despenhadeiros.

A

NÚMERO DE ACIDENTES BR-381 KM 0 A 400 - PERÍODO 1/1/2011 A 31/11/2011 CUSTO ECONÔMICO DOS ACIDENTES RODOVIÁRIOS - 2011 (BR 381 - TRECHOS ES/BH)

FAÇA PARTE!Todos estão convidados a participar e acompanhar o movimento. Basta cadastrar-se no site: www.nova381.org.br. Esse portal eletrônico apresenta as organizações envolvidas, informações da obra, dados da rodovia e o Caderno de Oportunidades.

Luciano José de Araújo, que é presidente da Fiemg

Regional Vale do Aço

Arquivo Fiemg

MAPA

TRECHO 5

TRECHO 6

TRECHO 1

TRECHO 2

TRECHO 3

TRECHO 4

TRECHO 7

TRECHO 8

Legenda

Contratada / Em Contratação

Em análiseAguarda nova licitação

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34 Entre-Vias

Homenagem

Entre-Vias 35

nome Casa Branca foi escolhido pela caçula de uma grande famí-lia quando tinha apenas 6 anos

de idade. Aprovado imediatamente, reme-tia ao nome de uma loja de tecidos na Rua dos Caetés esquina com Espírito Santo, no Centro de Belo Horizonte, onde João Gre-co, 76, trabalhou pela primeira vez, ainda moço. Bateu uma saudade daquele tempo e a escolha da filha para o restaurante na BR-381 foi logo acatada pelos parentes.

O restaurante foi instalado inicialmen-te numa casinha pequena, no KM 558, de-pois de Igarapé, na Fernão Dias. A varanda da frente servia para colocar mesas, mas sempre com um peso em cima delas por causa da ventania na área descampada. Era muita poeira. Foi aberto em 1984 e nunca mais fechou. Os fregueses, muitos deles, ainda são daquela época, fiéis.

João começou na estrada em 1975 e tem muitos amigos desses anos em que trabalhou na churrascaria Rincão Gaúcho, 5 km abaixo de onde é hoje o Casa Branca. “Cheguei sem dinheiro algum e peguei a prática. Uma luta boa”, diz sobre todo o caminho que o levou ao seu próprio restau-rante e, com ele, criar todos os filhos.

Ainda hoje João se levanta às 4h45, arruma-se e vai buscar os funcionários. Abre as portas do restaurante às 6h. Um dos filhos gerencia o restaurante à noite. “Não consigo ficar em casa, sinto falta do trabalho. Não é por dinheiro, é o ambiente, a amizade que me faz falta”, conta.

“Quando buscamos fazer ao outro o que gostaríamos que nos fizessem, naturalmente, temos uma contrapartida. Conhecer as reais necessidades dos caminhoneiros é fundamental”

“Devemos sempre ser verdadeiros e sinceros em nossas ações”

“Quando procuramos cumprir com todos os nossos deveres, estamos apenas cumprindo com a nossa parte. Que a mão esquerda não saiba o que a outra fez”

Um anjo na BR-381João Greco, 76, dono do restaurante Casa Branca, é adorado por motoristas e funcionários

São 37 funcionários que, segundo João, têm com a família um bom relacionamen-to. “Não adianta só a gente querer ganhar dinheiro, não resolve nada. É preciso ter res-peito recíproco. É uma família grande”, diz. Grande não, João, enorme. Ele conta que, além dos filhos e funcionários, tem vários fregueses que o chamam de pai. “Alguns co-meçaram na estrada aos 17 anos e estão aí até hoje, já são médicos, com suas crianças, todos passam por aqui. O bom da vida é isso aí. Esse é o meu patrimônio”, completou.

João Greco é casado com Ilda Greco Pacheco, 72. Juntos há 52 anos, têm cinco filhos, oito netos e um bisneto. “Trabalha-mos unidos, eu, minha esposa, quatro filhos e quatro netos”, conta. Uma vez por mês, Ilda vai ao restaurante ver os funcionários, trocar ideias. É o lugar onde trabalhou du-rante muitos anos. Hoje, fica mais em casa, de onde coordena e administra tudo.

BOA AÇÃOJoão é conhecido entre os profissionais

da estrada por sua gentileza e boas ações. Em pouco tempo de entrevista, por ter muito

OOs funcionários e filhos formam uma grande família

João Greco, aos 76 anos, não deixa de acordar cedo e ir para o restaurante na BR-381

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Homenagem

“Não conhecia o João Greco pessoalmente. Na verdade, nem era cliente dele. Certo dia, ao ter meu caminhão quebrado a uns 2 km de seu restaurante, ele não pensou duas vezes em me ajudar. Tudo aconteceu há 18 anos, em 1996.

Fiquei parado durante quatro dias à espera de peças para arrumar meu caminhão. Na época, as coisas eram muito difíceis. Praticamente não existia comunicação. Celular era algo que nem sabia que viria a existir. Meu pai foi ao local, pegou o que deve-ria ser consertado e eu fiquei esperando ele retornar. Coisas da estrada que eram comuns naquela época.

Daí, sem mais nem menos, um caminhoneiro parou com um marmitex. ‘O dono do restaurante ali em baixo mandou lhe entregar. Disse que quan-do precisar de algo é só parar um caminhão e pedir que ele manda para você.’

Foi a salvação. Não tinha nem água próximo. Nessa época eu já era vegetariano. Avisei para

ele por meio de um carreteiro e não teve qualquer problema. As refei-ções eram acompanhadas de sala-da, arroz e feijão.

Eu me senti muito grato pelo que o João Greco fez. Mesmo sem me conhecer, ele se dispôs a me ajudar. Quando acabou o conserto do cami-nhão, já altas horas da noite, prosse-gui a viagem. Na volta, passei lá para agradecer e pagar a conta da ajuda:

mas quem disse que ele aceitou.João fez a diferença naquele momento de di-

ficuldade. Um homem com uma experiência de vida extraordinária e que até hoje é reconhecido pela ajuda que dá aos estradeiros que trafegam pela Fernão Dias.

Pessoas boas como João Greco fazem da nos-sa vida um aprendizado. Exemplo de cidadão que apoia os caminhoneiros da Fernão Dias. A ele dedi-co esta homenagem e esta matéria.”

Geraldo Assis, diretor da revista Entre-Vias

trabalho a fazer no restaurante, disse frases que são ver-dadeiras lições. “Quando buscamos fazer ao outro o que gostaríamos que nos fizessem, naturalmente, temos uma contrapartida. Conhecer as reais necessidades dos cami-nhoneiros é fundamental. Devemos sempre ser verdadei-ros e sinceros em nossas ações.”

Na rodovia, é conhecido pela bondade, mas apenas sente que cumpre seu dever. “Quando procuramos cum-prir com todos os nossos deveres, estamos apenas cum-prindo com a nossa parte. Que a mão esquerda não saiba o que a outra fez. Isso já nos traz muita alegria, sentir a satisfação do outro é a verdadeira recompensa”, diz.

Quem é seu mestre ou quem o ensinou tantas lições? Jesus, responde. “Na nossa caminhada evolutiva, vamos sempre aprendendo. A cada passagem pela Terra estare-mos burilando pequenas partes de nossa personalidade. Atualmente estamos treinando a afeição para um dia podermos amar. Nosso modelo e guia é Jesus, Mestre in-comparável.”

João é muito querido pelos estradeiros, conhecido pela boa comida, bons conselhos e solidariedade

“MESMO SEM ME CONHECER, ELE SE DISPÔS A ME AJUDAR”

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EsportesPOR MARCEL MORAES*

*Colunista esportivo associado a ANCE, trabalhou na rádio Itatiaia e na rádio Ouro Preto, colunista do jornal “O Tempo”, associado ao sindicato dos jornalistas, formado em jornalismo pela Estácio de Sá. E-mail: [email protected]

CRUZEIRO CAMPEÃO INVICTOSem sombras de dúvidas, o Cruzeiro foi o grande cam-peão mineiro de 2014, um título conquistado de forma invicta que retrata bem o atual plantel de jogadores do time celeste. Foram apenas dois empates na fase de classificação: um contra a Caldense, em Poços de Caldas, e outro contra o próprio Galo, no Horto. A atu-ação da equipe teve variações em muitos momentos, valendo-se de um time reserva que mostrou bem a força do técnico Marcelo Oliveira. Apesar da dispari-dade que vem crescendo enormemente entre os times da capital e do interior, o Cruzeiro fez uma campanha irretocável, digna de um grande campeão.

38 Entre-Vias

COPA LUZ DE FUTEBOL AMADORTeve início, em 6 de abril, a Copa Luz de Futebol Amador 2014. Os jogos estão sendo disputados aos domingos nos campos do Capelão, São Cristovão e do Sete de Setembro. O destaque das primeiras rodadas é o Time do Bebeu Água, com duas belas vitórias, uma delas inclusive contra um dos favoritos ao título: o time do Futigolo. Outro que vem bem na competição é o atual campeão, o time dos Cegonheiros.

GALO SEM VONTADENeste ano de 2014, o time do Galo está simplesmente irreconhecível em comparação ao do ano passado. Nesta temporada, é visível a falta de vontade, raça e determinação dos jogadores atleticanos. O torcedor já está preocupado com essa apatia que o time vem apresentado. Jogando desse modo, com certeza, o sonho do bicampeonato da Libertadores vai ficar bem longe de acontecer e, no Campeonato Brasileiro, as chances de chegar ao título vão ficar mais distante ainda. A diretoria do clube precisa se mexer rapidamente para contratar pelo menos dois grandes jogadores para poder injetar um ânimo a mais na equipe.

AMÉRICA NA SÉRIE BMais uma vez, é preocupante a participação do América na série B do Campeonato Brasileiro deste ano. Não vejo com bons olhos esse plantel do Coelho, que no meu ponto de vista é muito fraco para almejar ficar entre os quatro melhores colocados, que sobem para a primeira divisão do campeonato nacional.

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Evento

Entre-Vias 41

XVI SEMINÁRIO BRASILEIRO DO TRCNo dia 16 de abril aconteceu, em Brasília, o XVI Seminário Brasileiro do Transporte Rodoviário de Cargas.

Na ocasião foram debatidos temas como: Custo Brasil, falta de segurança, falta de mão de obra e abasteci-mento, além da legislação do TRC - Transporte Rodoviário de Cargas - na Câmara dos Deputados.

Flávio Benatti, José Hélio Fernandes, Jorge Luiz Macedo Bastos, diretor geral da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), deputado Gonzaga Patriota, Arnaldo Faria de Sá, Marinha Raupp, Omar José Gomes e Wellington Fagundes, presidente da Frenlog (Frente Parlamentar de Logística de Transporte e Armazenagem)

Deputada Marinha Raupp e deputado Arnaldo Faria de Sá, presidente da CVT

(Comissão de Viação e Transportes)Coronel Paulo Roberto Souza, assessor de segurança da NTC

Neuto Gonçalves dos Reis, diretor técnico da NTC&Logística

Deputado Laércio OliveiraFlávio Benatti, presidente da seção de cargas da CNT (Confederação Nacional dos Transportes), José Hélio Fernandes, presidente da NTC

Omar José Gomes, presidente da CNTTT (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes Terrestres)

Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating, deputado Wellington Fagundes, Coronel Paulo Roberto Souza e Roberto Mira, diretor adjunto da NTC

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GRUPO

O Grupo SADA tem se destacado como um dos mais sólidos grupos empresariais; marcando história, conquistando novos espaços e reconhecimento em todas as áreas que atua. Buscando satisfazer as expectativas e necessidades dos clientes e visando a liderança de mercado. O Grupo SADA é uma holding que atua nos ramos de: Transporte, Logística, Indústria, Comércio, Concessionários, Serviços Gráficos, Jornal, Bioenergia (combustível renovável), dentre outros.

Os resultados alcançados nas performances operacionais consolidam o alto padrão de excelência na gestão empresarial do Grupo, pela conquista do gerenciamento do Sistema de Qualidade - TS 16949, NBR ISO 9001:2008 - com rigoroso cumprimento dos requisitos ambientais - ISO 14000 e a manutenção dos objetivos traçados, fundamentados na transparência e seriedade de seus dirigentes.

As constantes transformações no cenário mundial nos levam sempre a reavaliar nossos processos quanto à missão, princípios, conceitos operacionais.

A SADA está comprometida há vários anos com uma abordagem para o desenvolvimento sustentável, que visa tornar o Grupo um modelo de négocio em termos de proteção do meio ambiental, responsabilidade social e governança corporativa.

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