Fatum e história

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Resumo da obra.

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Page 1: Fatum e história

13 de maio de 2011

Fatum e História*

F. Nietzsche

Primeiro ensaio histórico-filosófico de Nietzsche escrito em março de 1862, quando tinha 17 anos

de idade, um ensaio que jamais abandonará e que demonstra já a pujança da sua formação pedagógica.

Nesse opúsculo Nietzsche já demonstra a relação que há entre a história e o cristianismo, além de

destacar que mesmo a história contada pelos filósofos e historiadores não é desprovida de valores além

de prefigurar uma visão do sentido histórico como possibilidade de decadência e descrença absoluta. Pois

se era verdade que o cristianismo era fundamentado em preconceitos arraigados como Deus, alma imortal,

juízo final, etc, também era verdade que embora a filosofia tenha colocado todos esses preconceitos em

categorias informativas eles não podiam ser destruídos pela razão ou pela vontade. Com isso Nietzsche

lançava uma suspeita sobre a razão além de ressaltar a necessidade de outros critérios de avaliação para a

religião histórica do ocidente. Para tanto diz que o cristianismo só poderia ser avaliado a luz da história e

das ciências naturais.

Nesse ensaio Nietzsche apresenta a ideia do “eterno retorno”, o pensamento abissal que ele

desenvolverá na fase adulta. Esse eterno retorno em Nietzsche é visto como tempo circular, e a sua visão

da história é como que um grande relógio, onde os ponteiros estão sempre recomeçando. As engrenagens

desse relógio são sempre as mesmas nos diferentes momentos da história, aparecem, no entanto de

formas diferentes nos diferentes povos, todavia, são ocultas e só se revelam nos acontecimentos.

O mito do eterno retorno tem em vista, com esse eterno devir, representar a concepção

fundamental das sociedades primitivas e a sua revolta contra o tempo devorador (histórico) que é a fonte do

mal. Portanto, com esse devir ele quer ter acesso a origem mítica do tempo, ou seja, a eternidade. Quer

abolir o tempo em vista de abolir também essa irreversibilidade de tudo o que existe.

Mais que uma repetição paradigmática o eterno retorno liquida o tempo histórico, ele aponta para a

reconciliação com a natureza, para a renovação contínua do mundo, para o ordenamento do caos, para a

eliminação do acaso e do risco. O eterno retorno quer transpor a história e o seu futuro.

A histórica universal, que é como círculos em torno de círculos, coloca o homem na parte interior,

mas não precisamente no círculo menor do interior, pelo contrário, o homem busca ser o centro elementar,

a exigência maior, mas é nesse território universal que a liberdade do homem luta com o destino, o fatum,

ou seja, a sua vontade particular entra em conflito com a vontade geral, o indivíduo entra em conflito com a

civilização. Mas é um perigo também que essa vontade livre possua autonomia, se assim fosse se tornaria

um deus. Porém, o homem que cria seus próprios acontecimentos, determina também o seu destino, e é

assim que é desvendada a ambiguidade entre vontade livre e fatum, uma vez que são fundidos numa

mesma individualidade, talvez ainda a vontade livre seja a potência máxima da destinação.

*Nome do ensaio histórico-filosófico de F. Nietzsche - 1862