FATORES DE RISCO PARA DOENÇAS CARDIOVASCULARES identificando a exposição de idosos assistidos na...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE
Centro de Educao e Sade
Curso de Bacharelado em Enfermagem
Bruno Ferreira Barreto
FATORES DE RISCO PARA DOENAS CARDIOVASCULARES: identificando a
exposio de idosos assistidos na Estratgia Sade da Famlia
Cuit PB
2013
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Bruno Ferreira Barreto
FATORES DE RISCO PARA DOENAS CARDIOVASCULARES: identificando a
exposio de idosos assistidos na Estratgia Sade da Famlia
Monografia apresentada Coordenao do Curso de
Bacharelado em Enfermagem do Centro de Educao e
Sade da Universidade Federal de Campina Grande Campus Cuit, como requisito obrigatrio obteno do
ttulo de Bacharel em Enfermagem.
Orientador: Prof. Ms. Matheus Figueiredo Nogueira
Cuit PB
2013
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Bruno Ferreira Barreto
FATORES DE RISCO PARA DOENAS CARDIOVASCULARES: identificando a
exposio de idosos assistidos na Estratgia Sade da Famlia
Monografia apresentada Coordenao do Curso de Bacharelado em Enfermagem do Centro de Educao e
Sade da Universidade Federal de Campina Grande
Campus Cuit, como requisito obrigatrio obteno do
ttulo de Bacharel em Enfermagem.
__________________________________________________
Prof. Ms. Matheus Figueiredo Nogueira
Orientador UFCG
__________________________________________________
Profa. Ms. Isolda Maria Barros Torquato
Membro UFCG
__________________________________________________
Profa. Ms. Glenda Agra
Membro UFCG
Cuit PB, 29 de abril de 2013.
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DEDICATRIA
A Deus, por ter me concedido o dom da vida, por ter me dado conhecimento, fora, f,
sabedoria e perseverana e por estar ao meu lado em todos os momentos de minha vida e
permitir que tudo se realizasse.
Aos meus pais, Clodoaldo de A. Barreto e Maria Luzenir Ferreira pelo amor, carinho, por
acreditarem nos meus sonhos e terem sido os responsveis pelas conquistas de minha vida,
por terem me educado, me ensinado lies de vida para que eu me tornasse a pessoa que sou
hoje.
Aos meus irmos Claudio F. Barreto, Nagib Demostenes F. Barreto, Lucia de Ftima F.
Barreto e Nereida F. Barreto, por sempre estarem ao meu lado e me apoiarem em todos os
momentos da minha vida, pela fora, pelo seu amor. Tenho imenso orgulho de t- los como
irmos.
Aos meus sobrinhos Glauto e Laise e ao meu cunhado Geraldo, por seu carinho, apoio, por
estarem presente em minha vida.
As minhas tias Neta, Vilanir e Ftima e toda minha famlia. Pessoas Maravilhosas que mesmo
distantes se fazem presente em minha vida.
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AGRADECIMENTOS
Ao Amigo e Orientador, Prof. Matheus Figueiredo Nogueira. Muito obrigado pela confiana,
apoio, pacincia, por sua dedicao, competncia, pelos os momentos de descontrao, por
acreditar na ideia do projeto e se dispor a ajudar, sendo o responsvel direto para
concretizao desse trabalho, por sua contribuio para meu crescimento pessoal e
profissional.
s professoras da banca de Monografia, Glenda Agra e Isolda Torquato, que participaram de
minha formao como enfermeiro e se dispuseram a participar da banca e corrigir esse
trabalho. Obrigado.
Aos amigos do Curso de Bacharelado em Enfermagem CES/UFCG, Anderson A. Lima,
Aureliano Miguel, Clcio A. Silva, Jan Necheell M. Lima, Jose J. Queiroz, Pedro Edson S.
Brito, Ana Clara Dantas, Dayana Macedo, Tobias Lemos, Ibraim de C. Pinheiro e a todos os
meus amigos da turma de enfermagem 2008.1. Meus agradecimentos pelo companheirismo,
amizade, apoio, pelos momentos que partilhamos durante esses cinco anos.
Ao Pr. Manoel Libnio, Pr. Elias, Camila Guedes, Danny Gomes, Inaldo Cndido, Iris Souto,
Jaqueline Silva, Leandro, Mirilene, Gercilania Oliveira, Thalles Libnio, Welligton Lima e a
todos os amigos que estiveram comigo durante esses anos. Por seu carinho, amizade, pelas
brincadeiras, por terem me acolhido e compartilhado momentos de adorao a Deus.
Aos professores da Universidade Federal de Campina Grande, Campus de Cuit, que muito
contriburam para minha formao profissional e pessoal, atravs de seus conhecimentos e
experincias de vida, pela confiana, amizade e apoio. O meu muito Obrigado
Ao Secretrio de Sade do Municpio de Cuit, Gentil Palmeira Venncio, que me recebeu e
prontamente acolheu a ideia do projeto, contribuindo para que o projeto pudesse ser realizado.
Aos idosos que me receberam em suas casas e se dispuseram a participar, sem vocs no seria
possvel a realizao desse trabalho. Obrigado pelos momentos dispensados a mim e por
terem compartilhado comigo as particularidade de suas vidas.
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Bem-aventurado aquele que teme ao SENHOR e anda nos seus caminhos.
Pois comers do trabalho das tuas mos; feliz sers, e te ir bem.
A tua mulher ser como a videira frutfera aos lados da tua casa; os teus
filhos como plantas de oliveira roda da tua mesa. Eis que assim ser abenoado o homem que teme ao SENHOR.
O SENHOR te abenoar desde Sio, e tu vers o bem de Jerusalm
em todos os dias da tua vida.
E vers os filhos de teus filhos, e a paz sobre Israel. Salmos 128:1-6
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RESUMO
As doenas cardiovasculares (DCV), definidas como um conjunto de doenas que afetam o
sistema circulatrio, representam um importante problema de sade pblica devido sua
complexidade e magnitude. Por sua etiologia multifatorial, faz-se necessrio conhecer quais
fatores de riscos esto expostos os idosos, a fim de permitir a elaborao e implementao de
estratgias de promoo da sade e preveno de agravos cardiovasculares. Dessa forma,
objetiva-se com este estudo identificar os fatores de risco para doenas cardiovasculares que
esto expostos idosos assistidos na Estratgia Sade da Famlia no municpio de Cuit PB.
Trata-se de um estudo exploratrio descritivo com abordagem quantitativa, com amostra
constituda por 70 idosos, sendo 50% do sexo masculino e 50% do sexo feminino. Aps
aprovao da pesquisa pelo Comit de tica do Centro de Cincias da Sade da Universidade
Federal da Paraba (CCS/UFPB) sob parecer n 202.268, os dados foram coletados por meio
de um questionrio composto por duas partes: dados sociodemogrficos e econmicos e
fatores de risco cardiovascular. Os resultados foram analisados descritivamente e
apresentados em tabelas e grficos de modo a sistematizar a discusso e facilitar a
compreenso. Os resultados mostram que a maior parte dos idosos possui entre 60 e 69 anos,
casada, no alfabetizada, possui renda familiar de 1 a 2 salrios e so agricultores
aposentados. Quanto aos fatores de risco, 45,72% encontra-se com sobrepeso e/ou obesidade;
97,15% das mulheres e 77,13% dos homens tm circunferncia abdominal acima dos padres
aceitveis; 42,86% apresentaram nveis normais de presso arterial e 47,62% de glicemia;
85,7% no so tabagistas e 91,4% no consomem bebida alcolica; 51,4% so sedentrios;
31% dos homens demonstraram nvel mdio de estresse e 34% das mulheres nvel elevado;
54,2% so hipertensos e fazem tratamento regular, enquanto 81,4% referiram no ter diabetes;
e 66% no apresentaram histria familiar para DCV. O percentual de participantes com dois
ou mais fatores de risco totaliza 95,85%, com maior frequncia entre as mulheres (99,41%). A
partir dos dados levantados, observa-se que os idosos esto expostos a variados fatores de
risco para desenvolver DCVs, sendo esse percentual maior nas mulheres, o que gera a
necessidade de intensificar os programas de ateno sade que reforcem a importncia da
preveno dos fatores de risco para doenas cardiovasculares.
Descritores: Doenas cardiovasculares. Fatores de risco. Idosos.
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ABSTRACT
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LISTA DE ILUSTRAES
Grfico 1 - Distribuio percentual dos participantes quanto ao fator de risco
tabagismo, segundo a varivel sexo. Cuit PB, 2013 ...................................
54
Grfico 2 - Distribuio percentual dos participantes quanto ao fator de risco consumo
de bebida alcolica, segundo a varivel sexo. Cuit PB, 2013. ...................
55
Grfico 3 - Distribuio percentual dos participantes quanto prtica de atividade
fsica, segundo a varivel sexo. Cuit PB, 2013...........................................
56
Grfico 4 - Distribuio percentual dos participantes quanto ao fator de risco nvel de
estresse, segundo a varivel sexo. Cuit PB, 2013........................................
57
Grfico 5 - Distribuio percentual dos participantes quanto ao fator de risco
Hipertenso Arterial Sistmica (HAS), segundo a varivel sexo. Cuit PB,
2013 .................................................................................................................
59
Grfico 6 - Distribuio percentual dos participantes quanto ao fator de risco Diabetes
Mellitus (DM), segundo a varivel sexo. Cuit PB, 2013.............................
60
Grfico 7 - Distribuio percentual dos participantes quanto ao fator de risco Histria
familiar de Doena Cardiovascular, segundo a varivel sexo. Cuit PB,
2013 .................................................................................................................
61
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9
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Caracterizao socioeconmica e demogrfica dos participantes segundo a
varivel sexo. Cuit PB, 2013 .......................................................................
42
Tabela 2 - Exposio de idosos a fatores de risco para doenas cardiovasculares
segundo a varivel sexo. Cuit PB, 2013 ......................................................
47
Tabela 3 - Exposio aos fatores de risco para doenas cardiovasculares associados
bioqumica sangunea segundo a varivel sexo. Cuit PB, 2013 ..................
50
Tabela 4 - Simultaneidade dos fatores de risco cardiovasculares modificveis* em
idosos, segundo a varivel sexo. Cuit - PB, 2013 ..........................................
62
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10
SUMRIO
1 INTRODUO .................................................................................................................. 11
1.1 Objetivos .......................................................................................................................... 15
1.1.1 Objetivo Geral ................................................................................................................ 15
1.1.2 Objetivos Especficos ..................................................................................................... 15
2 REVISO DA LITERATURA ........................................................................................ 16
2.1 Fatores de risco para doenas cardiovasculares .......................................................... 17
2.2 Consideraes gerais sobre as principais doenas cardiovasculares .......................... 25
2.3 Interrelao entre envelhecimento, doenas cardiovasculares e seus fatores
de risco ............................................................................................................................
29
3 METODOLOGIA .............................................................................................................. 34
3.1 Tipo de Estudo ................................................................................................................. 35
3.2 Local do Estudo ............................................................................................................... 35
3.3 Populao e Amostra ...................................................................................................... 36
3.4 Instrumento de Coleta de Dados .................................................................................... 37
3.5 Procedimentos de Coleta de Dados ................................................................................ 37
3.6 Anlise dos Dados ............................................................................................................ 39
3.7 Aspectos ticos ................................................................................................................ 39
4 ANLISE E DISCUSSO DOS RESULTADOS ........................................................... 41
4.1 Caracterizao socioeconmica e demogrfica dos participantes .............................. 42
4.2 Dados relacionados exposio aos fatores de risco para doenas
cardiovasculares .............................................................................................................
47
5 CONSIDERAES FINAIS............................................................................................. 64
REFERNCIAS ................................................................................................................... 68
APNDICES
Apndice A Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Apndice B Instrumento de Coleta de Dados
ANEXOS
Parecer do Comit de tica em Pesquisa
Termo de Autorizao Institucional
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1 Introduo
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12
As doenas cardiovasculares (DCV), definidas como um conjunto de doenas que
afetam o sistema circulatrio, incluindo vasos sanguneos e corao, representam um
importante problema de sade pblica devido sua complexidade e magnitude. Dados de um
relatrio da Organizao Mundial da Sade (OMS) sobre doenas crnicas mostraram que as
doenas cardiovasculares no ano de 2005 foram responsveis por 17.528.000 bitos em todo
mundo, ocupando a primeira posio como causa de morte.
No Brasil, segundo o Ministrio da Sade no ano de 2008, as doenas do aparelho
circulatrio ocuparam a primeira posio como causas de bitos em todas as regies do pas
(norte, nordeste, centro-oeste, sudeste e sul), destacando-se as doenas cerebrovasculares e as
doenas isqumicas do corao (BRASIL, 2009). No municpio de Cuit, estado da Paraba,
que conta com uma populao de 19.978 habitantes, dados do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatstica (IBGE, 2010) sobre as morbidades hospitalares mostra que dos 89
bitos ocorridos entre os anos de 2005 a 2010, 29 (32,5%) foram decorrentes de doenas do
aparelho circulatrio.
Segundo Carvalho e Alfenas (2008), essas doenas apresentam etiologia multifatorial,
decorrendo de fatores causais como susceptibilidade gentica, idade, presena de hipertenso
arterial, diabetes mellitus, dislipidemias, obesidade, inatividade fsica, hbitos alimentares
inadequados, tabagismo, etilismo e estresse. Cada um desses fatores tem um modo de
influenciar diretamente no desencadeamento das doenas cardiovasculares e quanto maior a
exposio do indivduo aos fatores de risco, maior a possibilidade de adoecer, como apontam
os estudos epidemiolgicos realizados nesta temtica.
Para Smeltzer e Bare (2009), a incidncia de doena coronariana e infarto aumentam
com a idade, sendo que mais da metade das pessoas com doenas coronarianas tem pelo
menos 65 anos de idade e uma histria familiar positiva tambm est associada ao maior risco
de desenvolver cardiopatia. Segundo Pinto (2008), a hipertenso atuando como fator de risco
aumenta a carga de trabalho ventricular fazendo que ocorra o espessamento e aumento do
corao, condies que podem levar insuficincia cardaca.
Fatores como obesidade, nvel elevado de colesterol, sedentarismo e hbitos
alimentares inadequados tambm se configuram como inimigos da sade cardiovascular. A
obesidade, condio multifatorial caracterizada pelo acmulo excessivo de tecido adiposo
corporal provoca alteraes fisiopatolgicas como o aumento nas propriedades inflamatrias,
disfuno endotelial e alteraes do sistema nervoso autossmico, as quais promovem a
instalao adicional de fatores de risco cardiovascular (MIRANDA; MARTINEZ;
LATERZA, 2011).
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13
O sedentarismo tambm constitui fator de grande relevncia, pois, alm de ser causa
para obesidade e sobrepeso tambm favorece o aparecimento de doenas do aparelho
cardiocirculatrio (SILVA et al., 2011). J no Diabetes Mellitus, distrbio metablico, as altas
concentraes de glicose plasmtica levam ao desenvolvimento de degeneraes crnicas
associadas falncia de diversos rgos, principalmente olhos, rins, corao, nervos e vasos
sanguneos (BARBOSA; OLIVEIRA; SEARA, 2009).
De acordo com a American College of Sports Medicine (ACSM, 2012), o tabagismo
configura-se como um grave problema de sade pblica, uma vez que possibilita o aumento
do risco de cncer e doenas cardiovasculares por ocasionar o aumento da frequncia
cardaca, presso arterial, ritmos cardacos anormais e alterar negativamente os nveis de
colesterol, causando danos aos vasos sanguneos e aumentando o risco de coagulao do
sangue. No sistema cardiovascular, o consumo elevado e frequente de lcool esto associados
ao aumento da presso arterial, desregulao de lipdeos e triglicerdeos e maior risco de
infarto do miocrdio e doenas cerebrovasculares (SADOCK; ALCOTT, 2007). O estresse
mental outro fator capaz de desencadear eventos cardiovasculares. A reao exacerbada ao
estresse identifica indivduos com maior risco de desenvolver, hipertenso, infarto do
miocrdio e morte sbita (NBREGA; CASTRO; SOUZA, 2007).
Compreendendo que as doenas cardiovasculares so as principais causas de
morbidade e mortalidade na populao brasileira e que muitos fatores de risco contribuem de
modo significativo para o surgimento destas, segundo captulo da Classificao Internacional
de Doenas (CID), as principais so: as doenas cerebrovasculares, as doenas isqumicas do
corao, as hipertensivas, a aterosclerose e a insuficincia cardaca. Outras condies clnicas
tambm categorizadas como doenas do aparelho circulatrio so: febre reumtica,
aneurisma, prolapso da vlvula mitral, pericardite aguda, insuficincia da vlvula mitral e
cardiomegalia (CID-10, 2007).
A doena cerebrovascular, de acordo com a definio de Pimenta (2009) pode ser
entendida como uma patologia que atinge vasos localizados no crebro, ocasionada por um ou
mais fatores de riscos, que atingem desde a microcirculao cerebral at os grandes vasos
cerebrais, como as artrias cartidas internas. O Acidente Vascular Cerebral o principal
agravo cerebrovascular. Segundo dados do Ministrio da Sade, no Brasil em 2008, entre as
doenas cardiovasculares, as cerebrovasculares ocuparam o primeiro lugar na mortalidade
com 97.881bitos (BRASIL, 2010).
No que se refere s doenas isqumicas, no ano de 2008, dados do Ministrio da
Sade mostraram que elas foram a segunda maior causa de bitos no pas, sendo responsveis
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por 94.912 mortes. Nessa categoria se enquadra o Infarto Agudo do Miocrdio (IAM),
processo no qual as clulas miocrdicas no corao so destrudas de forma permanente
medida que as clulas so privadas de oxignio; e a Angina, sndrome caracterizada por dor
no peito, membro superior e pescoo, ocorre quando a oferta de oxignio ao miocrdio
insuficiente para suprir a sua demanda, decorrente de esforo fsico, frio e agitao (RANG;
DALE, 2007).
A Hipertenso Arterial Sistmica (HAS), que alm de fator de risco tambm consiste
em uma doena cardiovascular, definida como nveis pressricos sanguneos sustentados
acima de 140/90 mmHg, resultando em aumento do tnus muscular vascular perifrico, da
resistncia arteriolar e a reduo da capacitncia do sistema venoso (HOWLAND; MYCEK,
2006). J a aterosclerose, definida como uma doena sistmica crnica caracteriza-se
por leses inflamatrias arteriais que amadurecem e modificam-se com a progresso da
doena, levando a deposio de lipdios na parede da camada ntima (MANTECUCCO;
MACH, 2009; AZEVEDO; VICTOR; OLIVEIRA, 2010). A Insuficincia Cardaca (IC)
consiste numa sndrome clnica caracterizada pela incapacidade do corao bombear sangue
para satisfazer as necessidades de oxignio e nutrientes por parte dos tecidos (ANDRADE,
2009).
Reconhecendo a existncia de uma ligao intrnseca entre as doenas
cardiovasculares e a populao idosa, pertinente ressaltar que na contemporaneidade, com
expectativas de aumento deste segmento populacional no Brasil e no mundo, h uma forte
tendncia da elevao da incidncia das doenas crnicas em idosos, sobretudo as doenas
cardiovasculares. Estudo observacional de Vitor et al. (2009) sobre a prevalncia de fatores de
risco para doenas cardiovasculares em pacientes geritricos atendidos em ambulatrio,
mostrou que nos setenta e seis idosos estudados, fatores como obesidade, sobrepeso,
hipertenso arterial sistlica, nveis elevados de colesterol total e LDL foram frequentes nessa
amostra, fazendo-se presentes em mais da metade dos pacientes. Tambm foi identificado
percentual significativo de nveis glicmicos elevados.
Diante dessa realidade aumenta-se a preocupao com esta populao, haja vista os
idosos apresentarem condies que os tornam mais susceptveis ao desenvolvimento de
mltiplas doenas. Esta vulnerabilidade advm de alteraes celulares e extracelulares no
idoso, as quais provocam modificaes no aspecto fsico e reduo da funo. A capacidade
de manuteno da homeostasia reduzida e os sistemas orgnicos no funcionam com
eficincia mxima em virtude dos dficits celulares e teciduais (SMELTZER; BARE, 2009).
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Considerando assim o impacto das doenas cardiovasculares (DCV) nos idosos em
termos de prevalncia, morbimortalidade e custos, haja vista ser uma populao exposta a
diversos fatores predisponentes para doenas cardiovasculares, bem como a inexistncia na
literatura de estudos na rea no municpio de Cuit PB, justifica-se a necessidade premente
de identificar os fatores de risco para doenas cardiovasculares que a populao idosa est
exposta.
O interesse em estudar o tema surgiu devido identificao de afinidade com a rea de
Ateno Sade do Adulto e do Idoso, a partir de vivncias em aulas tericas e prticas que
abordavam a temtica das doenas que afetam o sistema cardiovascular e a importncia da
assistncia sistematizada de enfermagem. Este fato, aliado aos momentos experimentados
durante estgios em Unidades de Sade do municpio de Cuit PB, em que foi possvel
conhecer melhor a populao e suas morbidades, despertou a motivao para desenvolver este
estudo que visa responder o seguinte questionamento: quais fatores de risco cardiovasculares
os idosos do municpio de Cuit esto expostos? Esse um conhecimento essencial para que
se possam desenvolver estratgias que se voltem para preveno e controle eficaz das doenas
cardiovasculares no segmento populacional estudado.
1.1 Objetivos
1.1.1 Objetivo Geral
Identificar os fatores de risco para doenas cardiovasculares que esto expostos idosos
assistidos na Estratgia Sade da Famlia no municpio de Cuit PB.
1.1.2 Objetivos Especficos
Descrever as caractersticas sociodemogrficas e econmicas dos sujeitos da pesquisa;
Verificar o estilo de vida dos participantes do estudo e correlacion-lo com o risco de
desenvolvimento de doenas cardiovasculares.
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2 Reviso da Literatura
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2.1 Fatores de risco para doenas cardiovasculares
Fator de risco cardiovascular pode ser definido como sendo o conjunto de fatores que
aumentam a probabilidade de ocorrncia de uma doena no corao, artrias e veias. O
conceito fator de risco para o desenvolvimento de doenas cardiovasculares (DCV) foi
exposto pela primeira vez, a partir de um artigo do Framingham Heart Study, em
1961, ligando a presena de condies antecedentes especficas como hipertenso arterial,
nveis elevados de colesterol e/ou reduzidos de HDL-colesterol, tabagismo, diabetes mellitus
e idade (AMERICAN HEART ASSOCIATION, 2012).
Atualmente as causas de doenas cardiovasculares j esto bem conhecidas e
determinadas. Estudos cientficos reconhecem vrios grupos de fatores de risco para
desenvolv-las, sendo a classificao mais adotada a tradicional ou clssica, em que se
destacam nesta categoria duas formas de agrupamento: os fatores de risco cardiovasculares
modificveis e os nos modificveis (PINTO, 2008).
Os fatores de risco modificveis, queles sobre o qual o indivduo pode exercer
controle, podem ser modificados atravs da adoo de novos comportamentos ou um novo
estilo de vida, e respondem por aproximadamente 80% da totalidade dos casos de doena
cardaca coronariana e doena cerebrovascular. Entre eles podemos destacar a m
alimentao, sedentarismo e consumo de sal (OMS, 2011). J os fatores de risco no
modificveis so aqueles em que o indivduo no exerce controle, no pode alterar, pois
independe de sua vontade, como a idade, o sexo, a histria familiar ou a sua raa
(SMELTZER et al., 2009).
A seguir, sero descritos cada um dos principais fatores de risco para doenas
cardiovasculares:
I Idade
Os fatores de risco para as doenas cardiovasculares so mais prevalentes e mais graves
com o aumento da idade, ocorrendo tambm maior tempo de exposio a esses fatores.
Apesar de muitos idosos no apresentarem doenas evidentes, outras comorbidades, doenas
subclnicas e alteraes funcionais e anatmicas acabam sendo desenvolvidas pelo prprio
processo de envelhecimento, modificando assim a estrutura cardiovascular e facilitando a
atuao dos mecanismos fisiopatolgicos das doenas (AFIUNE, 2011).
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cora%C3%A7%C3%A3ohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Art%C3%A9riahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Veia
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18
Segundo estudo de Farias et al. (2009) sobre a mortalidade cardiovascular por sexo e
faixa etria em So Paulo, no perodo de1996 a 1998 e 2003 a 2005, as DCV apresentam-se
como importante causa de mortalidade em todas as faixas etrias, sendo essa importncia
maior nos indivduos de 70 anos ou mais. Dentre o total de bitos por DCV registrados no
municpio de So Paulo de 1996 a 1998 (62.833) e 2003 a 2005 (62.223), a proporo de
bitos na faixa dos 20 a 29 anos foi de 0,9% (n=545) e 0,7% (n=412), respectivamente. Na
faixa dos 70 anos ou mais, essa proporo atingiu 53,5% (n=33.622) e 57% (n=35.332) nos
mesmos perodos.
II Sexo
Segundo Batlouni, Freitas e Savioli Neto (2011), at o ano de 2006 nos Estados
Unidos, a principal causa de mortalidade em pacientes com 65 anos ou mais, no sexo
feminino, foram as doenas cardiovasculares seguidas de neoplasias, das doenas
cerebrovasculares (DCBV) e doenas pulmonares crnicas. No sexo masculino, para a mesma
faixa etria, as principais causas de mortalidade foram as doenas cardiovasculares, seguidas
de neoplasias, doenas pulmonares obstrutivas crnicas e DCV. O Ministrio da Sade
(BRASIL, 2006) destaca como fator de risco cardiovascular ser homem com idade acima de
45 anos e mulher acima de 55 anos.
III Histria Familiar
De acordo com Pinto (2008), a histria familiar permite realizar clinicamente, de
forma no invasiva, simples e rpida, o estudo gentico de cada indivduo, explicando porque,
uns desenvolvem sinais de doena prematura e outros no. Os parentes em primeiro grau, de
pessoas com doena coronria, tm maior risco de desenvolver a doena do que a populao
em geral.
Os fatores de risco cardiovasculares so na sua maioria hereditrios e, por essa razo,
influenciados por fatores genticos. A histria familiar representa interaes nicas,
genmicas e ecolgicas, que interferem no perfil metablico durante a vida de uma famlia.
do conhecimento comum que a histria familiar de DCV um fator preditivo do risco
cardiovascular de um indivduo, mesmo depois de se ajustar o risco, levando-se em
considerao os fatores de risco pessoais como a hipertenso, tabagismo e nveis de
lipoprotenas alterados (BOURBON, 2008).
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A maioria dos fatores de risco cardiovasculares tem uma forte ligao com fatores
genticos, sendo que em alguns casos a relao mais linear do que em outros. Tem-se
conhecimento, por exemplo, que o colesterol elevado pode ser de origem gentica quando o
doente apresenta uma mutao patognica no gene que codifica para o receptor das LDL, no
gene que codifica para a Apo B ou para a Pro protena convertase subtilisinaquexina tipo 9
(PCSK9). Desta forma a mutao em um destes genes afeta a funo da protena, sendo que
normalmente o alelo com a mutao no produz uma protena funcional causando deste modo
a Hipercolesterolemia Familiar, uma doena monognica com transmisso mendeliana e com
elevado risco cardiovascular (BOURBON, 2008).
IV Hipertenso Arterial Sistmica
A hipertenso arterial sistmica (presso sangunea elevada) a fora exercida pelo
sangue na parede das artrias decorrente do bombeamento do corao, constituindo-se assim
como uma presso sangunea sustentada igual ou maior que 140/90 mmHg. um problema
comum nos idosos, sendo fator de risco de grande significatividade para o desenvolvimento
de doena cardiovascular (ROACH, 2009).
Essa doena acomete uma em cada quatro pessoas adultas e estima-se que atinja em
torno de 25% da populao brasileira adulta, chegando a mais de 50% aps os 60 anos e
estando presente em 5% das crianas e adolescentes. A hipertenso responsvel por 40%
dos infartos, 80% dos derrames e 25% dos casos de insuficincia renal terminal.
(SOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSO, 2012). No sistema cardiocirculatrio, de
acordo com Pinto (2008), a doena aumenta a carga de trabalho do corao, provocando
hipertrofia do msculo cardaco, em particular o ventrculo esquerdo, o que pode levar ao
desenvolvimento de insuficincia cardaca. Tambm favorece o aparecimento da
arteriosclerose, aumentando a probabilidade de formao de cogulos sanguneos, trombo-
embolias e rotura dos vasos sanguneos.
De acordo com Freitas et al. (2011), o mecanismo bsico que explica o aumento da
presso sistlica com o avanar da idade a perda da distensibilidade e elasticidade dos vasos
de grande capacitncia, resultando em aumento da onda de pulso. Nessas condies, a presso
diastlica tende a ficar normal ou at baixa devido reduo da complacncia dos vasos de
grande capacitncia. No idoso observa-se um aumento ntido da resistncia perifrica com
reduo do dbito cardaco consequente da aterosclerose, o que leva ao processo de
envelhecimento do vaso.
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O envelhecimento pode determinar modificaes tanto na arquitetura como na
composio da parede vascular. Entre essas modificaes esto a liberao de menor
quantidade de xido ntrico, que um importante fator de relaxamento vascular; a diminuio
da sensibilidade da musculatura lisa vascular aos efeitos da endotelina, um potente
vasoconstritor; o dimetro dos vasos e do contedo de colgeno aumenta; e ocorre
fragmentao das elastinas arteriais e deposio lipdica de clcio, com concomitante perda de
elasticidade. Todas essas alteraes observadas no idoso podem interagir com outros potentes
fatores de risco cardiovascular, como dislipidemias, obesidade e diabetes (FREITAS et al.,
2011).
A maioria das pessoas com hipertenso arterial no apresenta nenhum sintoma no
incio da doena. Quando presentes, os sintomas atribudos ao aumento de presso so dor de
cabea, cansao, tonturas, sangramento pelo nariz, porm podem no estar associados
hipertenso. A nica forma de saber se sofre da doena verificando a presso arterial
regularmente (SOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSO, 2012).
V Diabetes Mellitus
O Diabetes Mellitus (DM), de acordo com Jenna e Barry (2012), do American
Collegeof Sports Medicine (ACSM), constitui-se um fator de risco cardiovascular,
caracterizando-se por nveis elevados de glicemia na corrente sangunea. Os nveis normais
em jejum variam de 60-100mg/dL. Com o decorrer do tempo o corpo torna-se menos eficiente
em permitir que a glicose do sangue seja transportada aos msculos, para ser utilizado como
energia, ocorrendo, por conseguinte, o aumento dos nveis glicmicos, refletindo no
desenvolvimento de danos aos vasos sanguneos e as artrias coronrias.
um distrbio metablico que resulta em vrios graus de insuficincia de insulina,
podendo ser classificada em dois tipos principais: o DM tipo 1 ou insulinodependente
(DMID) e o DM tipo 2 no insulinodependente (DMND).
No DM tipo 1 a produo de insulina insuficiente ou de qualidade deficiente, ou uma
conjugao dos dois, resultando assim nas clulas do organismo que no conseguem absorver
do sangue a glicose necessria ainda que seu nvel se mantenha elevado e seja expelido.
Aparece com maior frequncia nas crianas e nos jovens, podendo tambm ser diagnosticada
em adultos e at em idosos. No tipo 2 o pncreas capaz de produzir insulina, mas a
alimentao incorreta e a vida sedentria torna o pncreas resistente ao da insulina,
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obrigando aumentar sua atividade, at que a insulina que produz deixa de ser suficiente
(MELO, 2010).
Os sintomas apresentados so polidipsia, poliria, viso turva, perda ponderal e
hiperfagia, e em suas formas mais graves, cetoacidose ou estado hiperosmolar no-cettico.
Frequentemente as manifestaes clnicas no so evidentes ou esto ausentes, principalmente
no estgio de pr-diabetes. Desta forma, a hiperglicemia pode j estar presente muito tempo
antes do diagnstico da doena. Consequentemente, o diagnstico de DM ou pr-diabetes
descoberto em decorrncia de resultados anormais de exames de sangue ou de urina
realizados em avaliao laboratorial, ou quando da descoberta de complicao relacionada ao
DM (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2012).
Os idosos constituem um grupo especfico em que o Diabetes manifesta-se e os
sintomas caractersticos costumam estar ausentes ou os menos comuns podem ocorrer.
Enquanto nos jovens a glicosria pode ser observada com valores de glicemia acima de 180
mg/dL, nos idosos geralmente s ocorre quando a glicemia ultrapassa 220 mg/dL, em virtude
de uma menor taxa de filtrao glomerular nesta faixa etria. Nesta populao comum
reduo nos mecanismos da sede, sendo a presena de sintomas como mialgia, fadiga,
adinamia, estado confusional e incontinncia urinria frequente. Outro sintoma apresentado
a diurese osmtica e ocorre quando os nveis glicmicos se tornam muito elevados, podendo
levar aos sinais e sintomas como (poliria, polidipsia e perda ponderal). Com frequncia,
estes indivduos apresentam queixas de turvao visual, presena de infeces fngicas e
bacterianas que podem ser o primeiro sinal de descompensao glicmica tanto em idoso
quanto nos mais jovens (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2012).
VI Obesidade
Obesidade o aumento da gordura corporal, em comparao com a massa magra, de
etiologia multifatorial, que ocorre em consequncia de alteraes metablicas das clulas
adiposas. uma doena epidmica, responsvel pelo aumento na incidncia de doenas
crnicas nas quais os riscos de morbidade e mortalidade esto relacionados com o grau de
sobrepeso. O nmero de obesos tem aumentado drasticamente nos ltimos anos, e esse
aumento tem sido observado tambm entre os idosos, gerando implicaes negativas pelo
impacto na qualidade de vida e independncia com limitao na execuo das atividades de
vida diria e na mobilidade (HAGEMEYER; REZENDE, 2011).
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A obesidade uma das patologias nutricionais que mais tem apresentado nveis de
prevalncia, tanto nos pases desenvolvidos como nos pases em desenvolvimento, assumindo
assim propores epidmicas, o que inclui o Brasil (PINTO, 2011). A obesidade definida
como um distrbio nutricional e metablico caracterizado pelo aumento de massa adiposa no
organismo, refletindo em um aumento de peso corpreo (HERNANDES; VALENTINI,
2010).
De acordo com a Organizao Mundial da Sade (2012), o sobrepeso e a obesidade
constituem o quinto maior risco para ocorrncia de mortes globais. A cada ano morrem 2,8
milhes de adultos como resultado do excesso de peso ou obesidade. Alm disso, 44% da
carga de diabetes, 23% da carga de doena isqumica do corao e entre 7% e 41% dos
encargos de cncer esto atribudos ao sobrepeso e obesidade. No ano de 2008 estimava-se
que 1,5 bilhes de adultos, com 20 anos ou mais estavam acima do peso e destes mais de 200
milhes de homens e cerca de 300 milhes de mulheres eram obesos. A causa fundamental da
obesidade e do sobrepeso o desequilbrio energtico entre calorias consumidas e calorias
gastas. Percebe-se que no mundo tem havido um aumento da ingesto de alimentos com
energia densa que so ricos em gordura, sal e acares, mas pobres em vitaminas, minerais e
outros micronutrientes, e uma diminuio da atividade fsica, devido natureza cada vez mais
sedentria de muitas formas de trabalho, mudando os modos de transporte e urbanizao.
A obesidade configura-se como fator de risco independente para DCV, incluindo
DAC, infarto do miocrdio (IM), angina, insuficincia cardaca congestiva (ICC), acidente
vascular cerebral, hipertenso e fibrilao atrial. Essa sndrome tambm causa de
incapacidade funcional, reduo da qualidade e expectativa de vida e aumento da mortalidade.
Condies crnicas, como doena renal, osteoartrose, cncer, Diabetes Mellitus tipo 2, apneia
do sono, doena heptica gordurosa no alcolica (DHGNA), HAS e, mais importante, DCV,
esto diretamente relacionadas com incapacidade funcional e com a obesidade (ABESO,
2012).
VII Dislipidemias
Dislipidemias, tambm chamadas de hiperlipidemias, referem-se ao aumento dos
lipdios no sangue e constituem fator de risco para doenas cardiovasculares (DCV). Os trs
componentes bsicos de dislipidemia so LDL (lipoprotena de baixa densidade), HDL
(lipoprotena de alta densidade) e triglicerdeos. Partculas de LDL e triglicrides contribuem
para a formao de bloqueios nas artrias coronrias, aumentando o risco de doena
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cardaca. Inversamente, as partculas de HDL ajudam a remover o colesterol LDL de
circulao, reduzindo o risco de doenas cardiovasculares. Os nveis ideais de lipdios e
lipoprotenas, incluem um colesterol total de menos 200mg/dL, LDL inferior a 100mg/dL,
HDL acima de 40mg/dL, e nveis de triglicerdeos abaixo de 150mg/dL (ACSM, 2012).
As formas graves de dislipidemia podem ser acompanhadas de sinais clnicos
caractersticos, como presena de xantomas tuberosos tendneos, arco corneal e xantelasmas
nas hipercolesterolemias (especialmente a hipercolesterolemia familiar), xantomas eruptivos
nas hipertrigliceridemias, alteraes retinianas nas hipertrigliceridemias, xantomas planares
nas hipoalfalipoproteinemias e deposies lipdicas em rgos linfides, como na doena de
Tangier e opacificaes de crnea (IZAR, 2011).
VIII Tabagismo
O tabagismo um dos hbitos mais potentes e viciantes, sendo uma das maiores
ameaas para a sade no mundo atual e futuro. Alm disso, enquanto a prevalncia do
consumo de tabaco diminuiu entre os homens em alguns pases de alta renda, est
aumentando entre os jovens e as mulheres. Em mdia, 47,5% dos homens e 10,3% das
mulheres so fumantes. O Tabaco continua a ser a segunda maior causa de morte no
mundo. Em 2030, se as tendncias atuais continuarem, as mortes associadas ao fumo devem
ultrapassar os nove milhes (YANBEAVA et al., 2007).
As principais consequncias da exposio fumaa do cigarro para o sistema
cardiovascular incluem os acidentes vasculares cerebrais agudos, a angina do peito, o infarto
do miocrdio, doena coronariana e a morte sbita cardaca por isquemia miocrdica. Os
mecanismos pelos quais o tabagismo aumenta o risco de doena cardaca so mltiplos e
interagem uns com os outros. Esses mecanismos incluem aumento da agregao plaquetria,
vasoconstrico, disfuno endotelial, aumento da rigidez arterial, aumento da aterosclerose,
aumento do estresse oxidativo, aumento do tamanho do infarto e diminuio da defesa
antioxidante, inflamao, diminuio da produo energtica no msculo cardaco e uma
diminuio da atividade do sistema parassimptico (OLIVEIRA, 2009).
IX Alcoolismo
O etanol consumido, pelo menos em parte, pelas suas propriedades de alterar o
humor. Quando usado com moderao, socialmente aceitvel e no lesivo, todavia, quando
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utilizado em excesso, o lcool pode causar acentuado dano fsico e psicolgico. O uso abusivo
do lcool um risco muito difundido e causa a morte de muitas pessoas. Estima-se que 50%
dos adultos do mundo ocidental bebem lcool, e cerca de 5% a 10% tem alcoolismo crnico
(KUMAR et al., 2008).
O lcool tem vrios efeitos sobre o sistema cardiovascular, como leso do miocrdio
que pode levar ao aparecimento de cardiomiopatia congestiva dilatada (cardiomiopatia
alcolica). O consumo exagerado causa leso heptica acompanhante, resultando em
concentraes diminudas de HDL, aumentando a probabilidade de cardiopatia coronariana.
Alcoolismo crnico tambm se associa a uma incidncia aumentada de hipertenso (KUMAR
et al., 2008). O lcool agride o corao de pessoas que no costumam beber com frequncia,
aumentando a produo cardaca em repouso, a frequncia cardaca e o consumo de oxignio
pelo miocrdio (SADOCK; ALCOTT, 2007).
X Sedentarismo
O sedentarismo est aumentando em muitos pases e tem implicaes importantes para
as doenas no transmissveis (DNT), tais como as doenas cardiovasculares e diabetes. A
inatividade fsica est associada com 3,2 milhes de mortes por ano, incluindo 2,6 milhes em
pases de baixa e mdia renda; mais de 670.000 mortes prematuras (pessoas com idade
inferior a 60 anos); cerca de 30% de diabetes e os encargos de cardiopatia isqumica. Entre as
razes para o sedentarismo esto a pouca participao em atividades fsicas no lazer, durante
atividades domsticas e ocupacionais, como tambm o uso dos modos de transporte. O
aumento da urbanizao resultou em vrios fatores ambientais que podem desencorajar a
participao em atividades fsicas, tais como: violncia de alta densidade de trfego, baixa
qualidade do ar, poluio, falta de parques, caladas e esportes/recreao (OMS, 2011).
As doenas mais comumente causadas ou agravadas pelo sedentarismo so as doenas
coronarianas, a obesidade, a hipertenso, o diabetes e a depresso (BENVEGN JNIOR,
2011). De acordo com Gouveia et al. (2007), o estilo de vida sedentrio tende a aumentar nas
sociedades desenvolvidas, com efeito negativo na qualidade de vida, apresentando maiores
taxas de mortalidade e morbidade cardiovascular e risco acrescido de obesidade. Segundo o
American College of Sports Medicine (2012), a inatividade em qualquer idade resulta no
desenvolvimento de doenas crnicas como obesidade, diabetes tipo 2 e doena
cardiovascular, como tambm podem levar morte prematura. Para os adultos mais velhos, a
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inatividade pode levar perda de massa muscular, coordenao e equilbrio. Estas perdas vo
limitar a sua capacidade para realizar tarefas dirias e pode comprometer sua independncia.
XI Estresse
O estresse pode ser compreendido como um conjunto de reaes do organismo,
caracterizadas pelo desequilbrio da homeostase, em resposta a presena de ameaas e/ou
agresses de estmulos ambientais, de origem psquica ou fsica, inusitados ou hostis. Ele
contribui para ocorrncia de grande nmero de enfermidades, tanto de ordem psquica como
orgnica. O que tem se observado que existe associao entre distrbios emocionais e
alteraes nas funes viscerais, como a hipertenso arterial, se evidencia quando as
estruturas lmbicas, responsveis pelas emoes, so acionadas e produzem respostas
cardiovasculares e respiratrias. O que se pode inferir das relaes pesquisadas que o risco
de desenvolvimento da hipertenso arterial e a reatividade cardiovascular parecem ser
influenciados por fatores emocionais como impulsividade, hostilidade, estressores, ansiedade
e raiva (FONSECA et al., 2009).
2.2 Consideraes gerais sobre as principais doenas cardiovasculares
De acordo com a Organizao Mundial de Sade (OMS, 2011), as doenas
cardiovasculares so a principal causa de morte em todo o mundo. Calcula-se que no ano de
2005, morreram 17 milhes de pessoas, destas 7,2 milhes foram decorrente de Doena
Isqumica (DIC) e 5,7 por Acidente Vascular Enceflico (AVE). Essas mortes ocorrem
igualmente para ambos o sexos, sendo mais de 80% em pases de baixa e media renda. A
estimativa para o ano de 2030 que morrero cerca de 23,6 milhes de pessoas por DCV,
principalmente por Doena Cardaca e Acidente Vascular Enceflico devendo manter-se
nessa projeo.
As mortes por Doenas Cardiovasculares ocorrem em 82% dos indivduos com 65
anos ou mais, refletindo assim, grande incidncia e prevalncia dessas doenas nessa
populao. A prevalncia das Doenas Cardiovasculares como Hipertenso, Doena
coronariana, Insuficincia Cardaca e Acidente Vascular Enceflico tendem a aumentar
aproximadamente 40% em indivduos entre 40 a 59 anos, para 70 a 75 % entre indivduos de
60 a 79 anos e ultrapassa 80% de prevalncia entre indivduos acima de 80 anos (FREITAS,
2010).
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O Acidente Vascular Enceflico (AVE) uma doena de incio sbito, caracterizada
por perturbao focal e global da funo cerebral, de origem vascular e, cujos sinais persistem
por mais de 24 horas. Tem origem a partir da deposio de gordura na parede dos vasos
cerebrais, formao de hemorragias ou cogulos de sangue. Os sintomas mais comuns
incluem dormncia sbita unilateral na face, braos ou pernas, confuso, dificuldade para
falar ou entender a fala; dificuldade de enxergar com um ou ambos os olhos, dificuldade em
andar, tonturas, perda de equilbrio ou coordenao, dor de cabea severa de causa
desconhecida, e fraqueza ou perda de conscincia (OMS, 2011). Agnol et al. (2010), em seu
trabalho sobre a identificao dos fatores de risco modificveis em pacientes internados com
AVE, mencionam os seguintes fatores de risco que podem contribuir para seu
desenvolvimento: a hipertenso arterial sistmica (HAS), o abuso de lcool, sedentarismo,
tabagismo, diabetes mellitus, cardiopatias, hipercolesterolemia e uso de contraceptivos orais.
No Brasil as doenas cardiovasculares ocorrem na proporo de um para cada trs
bitos. Em nvel mundial, o infarto agudo do miocrdio (IAM), doena do aparelho
cardiocirculatrio, possui relevante impacto em termos de mortalidade e nmero de
hospitalizaes (SOARES; NASCIMENTO, 2009). O IAM refere-se a um processo pelo qual
uma ou mais regies do corao apresentam diminuio intensa e prolongada no suprimento
de oxignio devido insuficincia do fluxo sanguneo coronrio, consequentemente
ocasionando a morte do tecido miocrdico. A principal causa do infarto a aterosclerose,
processo no qual placas de gordura se desenvolvem no interior das artrias coronrias, criando
dificuldade passagem do sangue. Outros fatores etiolgicos incluem espasmo da artria
coronria, embolia, doenas infecciosas que causam inflamao arterial, hipxia, anemia,
esforo ou estresse intenso na presena da Doena da Artria Coronria (NETTINA, 2007).
A incidncia de IAM em pessoas na faixa etria de 65 a 74 anos dez vezes maior do
que entre pessoas de 35 a 44 anos (FREITAS, 2010). Aproximadamente 10% dos IAMs
ocorrem em pessoas com menos de 65 anos. Brancos e negros so igualmente afetados. Os
homens apresentam maior risco do que as mulheres, embora a diferena diminua com a idade.
As mulheres so protegidas contra o Infarto durante sua vida frtil, entretanto com o perodo
de menopausa quando h reduo do hormnio estrognio ocorre o aumento do risco
(KUMAR et al., 2008).
Os sintomas que indicam um IAM abrangem dor no peito no aliviada com o repouso
ou nitroglicerina. A dor ocorre de repente na rea subesternal inferior, de intensidade forte e
excruciante, durando vrias horas do dia. O indivduo pode queixar-se de presso no peito,
ombros, irradiando-se para os braos, geralmente o esquerdo, no pescoo e maxilar. A dor que
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o paciente idoso sente no IM pode ser atpica, como o desmaio. Pacientes com demncia
podem no conseguir expressar sensaes de dor. Os idosos com IAM podem no relatar dor
no peito, por apresentarem menor percepo da dor ou terem aprendido a ignorar os sintomas,
aparentemente esperando certa intensidade de dor com o progredir da idade (ROACH, 2009).
Outro agravo coronariano a Angina, definida como uma sndrome clnica
caracterizada pela presena de sintomas como desconforto no peito, mandbula, ombros,
costas, brao e que agravada por esforo ou estresse emocional e aliviada por repouso
ou nitroglicerina. A Angina ocorre como resultado de uma obstruo aterosclertica e 70%
dos casos ocorre em pelo menos uma grande artria epicrdica, o que leva a um desequilbrio
entre a oferta de sangue e demanda de oxignio do miocrdio (AMERICAN HEART
ASSOCIATION, 2009). Outras causas incluem a doena cardaca valvar, cardiomiopatia
hipertrfica, hipertenso no controlada, vasoespasmo e disfuno do endotlio sem relao
com a aterosclerose (OTOOLE, 2008).
So reconhecidos trs tipos de angina: estvel, instvel e variante. A Angina estvel
uma dor previsvel que ocorre por esforo fsico. Ela acontece decorrente do aumento da
demanda sobre o corao, ocasionada por um estreitamento fixo dos vasos coronarianos quase
sempre por ateroma. Na Angina Instvel a dor ocorre com cada vez menos esforo fsico,
podendo acontecer no repouso. Essa patologia semelhante envolvida no IAM, com a
presena de trombo de plaquetas e fibrina associada a uma placa ateromatosa rota, mas sem
ocluso completa do vaso. A Angina Variante, por sua vez, ocorre em repouso causado por
vasoespasmo da artria coronria (RANG; DALE, 2007).
A aterosclerose, quarta categoria de doena cardiovascular mencionada neste captulo,
uma doena degenerativa crnica dos vasos, caracterizada por um processo inflamatrio
ocasionado por hipercolesterolemia. Ela d origem a complicaes clnicas agudas que
incluem o IAM e o AVE, resultantes da ruptura da placa de ateroma e trombose (AQUINO,
2010).
Segundo Nettina (2007), a placa constituda de macrfagos repletos de lipdios,
fibrina, produtos de dejeto celular e protenas plasmticas, cobertas por uma camada externa
fibrosa. A placa formada quando o endotlio lesado por lipoprotenas de baixa densidade
(LDL), subprodutos da fumaa do cigarro, hipertenso, hiperglicemia, infeco, aumento do
nvel de hemocistena, hiperfibrinogenemia e lipoprotena A. A ocorrncia de uma resposta
inflamatria, torna o endotlio pegajoso e, com isso, atrai outras molculas de adeso, com o
passar do tempo, a placa se espessa, aumenta de tamanho e se calcifica, causando uma
obstruo gradativa da luz do vaso. No final do processo, as leses se complicam e podem
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causar obstruo coronria significativa atravs da hemorragia e ulcerao da placa. Esse
processo aterosclertico comea na tenra infncia e continua durante toda a vida.
Em pacientes susceptveis, a aterosclerose se desenvolve a partir da influncia de
condies que lesam o endotlio, como envelhecimento, hipertenso arterial sistmica,
hipercolesterolemia, diabetes, tabagismo e a prpria obesidade. Esses fatores danificam o
endotlio e estimulam uma reao inflamatria proliferativa na parede vascular (GOMES et
al., 2009).
Outro agravo do corao a ser abordado a Insuficincia cardaca (IC). No grupo das
doenas cardiovasculares, a IC apresenta elevada taxa de internao hospitalar, morbidade e
mortalidade, consumindo grandes recursos financeiros do sistema de sade no Brasil e em
outros pases (GUSTAVO, 2012). De acordo com Arajo, Machado Neto e Arajo (2011), a
IC pode ser caracterizada como um comprometimento da funo do corao devido falha
em uma das cavidades que perde a capacidade de ejetar com eficincia todo sangue que
chega. Ela pode se desenvolver de duas formas: Insuficincia Cardaca Aguda, que um
acontecimento sbito e catastrfico que ocorre devido a qualquer situao que torne o corao
incapaz de uma ao eficaz; e a Insuficincia Cardaca Congestiva, uma condio crnica que
se desenvolve gradualmente, s vezes durante anos.
Entre as principais causas de origem da IC esto hipertenso arterial, a doena
arterial coronria e a disfuno ventricular, que se apresentam com maior frequncia em
homens acima de 25 anos. No Brasil, a principal etiologia da IC a cardiopatia isqumica
crnica associada hipertenso arterial. Em determinadas regies geogrficas do pas e em
reas de baixas condies socioeconmicas, ainda existem situaes especiais de IC, como
associadas doena de Chagas, endomiocardiofibrose e a cardiopatia valvular reumtica
crnica (ANDRADE, 2009).
A IC a primeira causa cardiovascular de hospitalizao no pas. Em 2007 a IC foi
responsvel por 2,6% das hospitalizaes e por 6% dos bitos registrados pelo SUS-MS no
Brasil, consumindo 3% do total de recursos utilizados para atender todas as internaes
realizadas pelo sistema (ANDRADE, 2009). No estado da Paraba no ano de 2009 ocorreram
6.945 internaes decorrentes da IC, sendo a taxa de mortalidade de 8,45%. O sexo masculino
foi o mais acometido pela doena com 3.622 internaes. Entre a faixa etria de 40 a 44 anos
constatou-se um aumento de mais de 50% nas internaes que no refletida na taxa de
mortalidade at a faixa de 70 a 74 onde ocorre um aumento drstico da morbidade e
mortalidade. Observou-se, tambm, que aps os 40 anos aumenta muito a quantidade de
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internaes nos hospitais devido ao desgaste cardaco ocorrido com o passar dos anos
(ARAUJO; MACHADO NETO; ARAUJO, 2011).
Entre as doenas cardiovasculares a hipertenso arterial sistmica (HAS) uma
doena altamente prevalente em indivduos idosos. De acordo com o Ministrio da sade a
HAS definida como presso arterial sistlica maior ou igual a 140 mmHg e uma presso
arterial diastlica maior ou igual a 90 mmHg, em indivduos que no esto fazendo uso de
medicao anti-hipertensiva. A HAS a mais frequente das doenas cardiovasculares e o
principal fator de risco para complicaes como acidente vascular cerebral, infarto agudo do
miocrdio, alm da doena renal crnica terminal. No Brasil so cerca de 17 milhes de
portadores de hipertenso arterial, o equivalente a 35% da populao de 40anos e mais. Ela
responsvel por pelo menos 40% das mortes por acidente vascular cerebral, por 25% das
mortes por doena arterial coronariana e, em combinao com o diabetes, 50% dos casos de
insuficincia renal terminal (BRASIL, 2006).
De acordo com Freitas et al. (2011), a hipertenso uma doena altamente prevalente
em indivduos idosos, constituindo-se um fator determinante na morbidade e mortalidade
elevada dessa populao. Ela est presente em mais de 60% dos idosos, frequentemente
associada a outras doenas, como a arteriosclerose e o diabetes mellitus, conferindo a esses
indivduos alto risco para a morbimortalidade cardiovascular.
Para Jobim (2008), so trs fatores principais que esto implicados na gnese da
hipertenso no idoso: a distensibilidade da aorta, o volume do ventrculo esquerdo e a
velocidade de ejeo do ventrculo esquerdo. Com o avanar da idade ocorrem alteraes nas
propriedades da artria aorta, ela desenvolve processos aterosclerticos que a torna mais
rgida, diminuindo assim a sua distensibilidade; ocorrem tambm outras alteraes com o
idoso, como a diminuio da frequncia cardaca, da resposta contrtil do miocrdio,
diminuio da complacncia arterial e elevao da ps-carga. Essas modificaes juntas
contribuem para a reduo do debito cardaco, da frao de ejeo ventricular e da capacidade
mxima de trabalho do ventrculo esquerdo.
2.3 Interrelao entre envelhecimento, doenas cardiovasculares e seus fatores de risco
O envelhecimento um processo do desenvolvimento normal, envolvendo alteraes
neurobiolgicas estruturais, funcionais e qumicas. Fatores ambientais e socioculturais tambm
atuam sobre o organismo, entre eles podemos citar a qualidade e estilo de vida, dieta,
sedentarismo e exerccio, no qual esto ligados ao envelhecimento fisiolgico ou patolgico
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(SANTOS; ANDRADE; BUENO, 2009). Para Oliveira, Rezende e Moraes (2010), o
envelhecimento pode ser definido como processo biolgico complexo relacionado a fatores
intrnsecos, prprios do organismo, como a apoptose (morte celular programada), e extrnsecos,
fatores do meio externo que vem atuar no indivduo, como doenas e estilo de vida.
Enquanto o envelhecimento consiste em um processo desenvolvido ao longo do tempo,
a velhice pode ser compreendida como a ltima fase do ciclo da vida, caracterizada pela
reduo da capacidade funcional, calvcie, cabelos brancos, reduo da capacidade de trabalho
e da resistncia, como tambm se associam perdas dos papis sociais, solido, perdas
psicolgicas, motoras e afetivas. Na maioria das pessoas, tais manifestaes somticas e
psicossociais comeam a se tornar mais evidentes a partir do fim da terceira dcada de vida ou
pouco mais, ou seja, muito antes da idade cronolgica que demarca o incio da velhice. Deve
ser assinalado que no h uma conscincia clara de que, por meio de caractersticas fsicas,
psicolgicas, sociais e culturais e espirituais, possa ser anunciado o incio da velhice.
(PAPALO NETTO, 2011)
Para Santos (2010), a velhice a ltima fase do processo de envelhecer humano, no
sendo, portanto, um processo como o envelhecimento, mas um estado que caracteriza a
condio do ser humano idoso. As alteraes corporais no idoso incluem os cabelos brancos,
calvcie, rugas, diminuio dos reflexos, compresso da coluna vertebral e enrijecimento
articular. Entretanto estas caractersticas podem estar presentes sem, necessariamente, ser
idoso, como possvel ser idoso e atravs de plsticas, uso de cremes e ginsticas especficas,
mascarar-se a idade. Torna-se, ento, difcil, fixar a idade para entrar na velhice, pois no d
para determinar a velhice pelas alteraes corporais.
Conforme o autor anteriormente mencionado, o significado cronolgico do termo idoso
diferente para pases em desenvolvimento e pases desenvolvidos. Nos primeiros,
consideram-se idosas quelas pessoas com 60 anos e mais; nos segundos so idosas as pessoas
com 65 anos e mais. Essa definio foi estabelecida pela Organizao das Naes Unidas, por
meio da Resoluo n 39/125, durante a Primeira Assembleia Mundial das Naes Unidas
sobre o Envelhecimento da Populao. Entretanto, o idoso no pode ser conceituado apenas
pelo plano cronolgico, pois ele tem vrias dimenses: biolgica, psicolgica, social, espiritual
e outras, que necessitam ser consideradas para determinar-se um conceito. Porm, v-se como
necessria uma uniformizao com base cronolgica do ser humano idoso brasileiro, a ser
utilizada, principalmente, no ensino. Para efeitos legais o Estatuto do Idoso (Lei n. 10.741, de
1 de outubro de 2003), estabelece que idoso a pessoa com idade igual ou superior a sessenta
anos.
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Com as atuais expectativas de aumento da populao idosa no Brasil, a tendncia das
doenas crnicas eleva-se, sobretudo as doenas cardiovasculares. Estudo de Veras (2009),
sobre o envelhecimento populacional contemporneo descreve que no Brasil a cada ano 650
mil novos idosos so incorporados populao brasileira. Em outras palavras, o nmero de
idosos passou de 3 milhes, em 1960, para 7 milhes, em 1975, e 20 milhes em 2008 - um
aumento de quase 700% em menos de 50 anos.
A doena cardiovascular a principal causa de mortalidade na populao idosa. Em
aproximadamente 50% das pessoas entre 65 e 74 anos e em 60% daquelas com mais de 75 anos
so encontradas evidncias de doena cardiovascular. Diante deste cenrio e com a maior
parcela da populao alcanando idade avanada essas doenas continuaro a ser uma ameaa
sade e ao bem estar dessas pessoas (ROACH, 2009).
Estudos epidemiolgicos tm demonstrado que os principais fatores de risco para
doenas coronarianas incluem as alteraes genmicas, metabolismo lipdico, diabetes mellitus
e sedentarismo. Enquanto a hipertenso arterial, insuficincia cardaca e acidente vascular
cerebral so consideradas as doenas cardiovasculares mais prevalentes. A idade o principal
fator de risco cardiovascular global. Esses fatores de risco se tornam mais prevalentes e mais
graves com o aumento da idade, alm maior tempo de exposio. Muitas vezes, processos
patolgicos no so visveis, mas alteraes funcionais e anatmicas atuam modificando a
estrutura cardiovascular, proporcionando maior fragilidade a mecanismos fisiopatolgicos
(OLIVEIRA; REZENDE; MORAES, 2010).
De acordo com Afiune (2011), com o avanar da idade, o corao e os vasos sanguneos
apresentam alteraes morfolgicas e teciduais, mesmo sem a presena de doenas. O marco
do envelhecimento cardiovascular em humanos so alteraes como o aumento da presso
arterial sistlica, da presso de pulso, da massa do ventrculo esquerdo (VE), aumento na
incidncia de doena arterial coronariana (DAC) e fibrilao arterial (FA).
As principais modificaes anatmicas e funcionais que ocorrem no sistema
cardiovascular como consequncia do envelhecimento no corao incluem: a diminuio do
tamanho e flexibilidade da matriz de colgeno, deposio de lipdeos no miocrdio, infiltrao
de lipdios e calcificao das vlvulas artica e mitral. Ocorre tambm a diminuio do
enchimento diastlico ventricular esquerdo, diminuio do dbito cardaco em esforo mximo
e da frao de ejeo. Nas artrias ocorrem redistribuio e rearranjo molecular da elastina e
colgeno nas paredes arteriais, calcificao, perda de elasticidade dos vasos e acumulao de
depsitos nas paredes e aumento da tenso sistlica (FERREIRA, 2010).
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32
So duas as teorias que explicam o processo de envelhecimento cardiovascular: a teoria
fisiolgica e a teoria orgnica. Segundo a teoria fisiolgica, as alteraes na matriz protica
extracelular, especialmente no colgeno do corao e vasos do idoso, justificam um aumento
progressivo da rigidez pericrdica, valvular, miocrdica e vascular associados idade. J a
teoria orgnica envolve a teorias imunolgica e a neuroendcrina. A imunolgica explica que
as alteraes no sistema cardiovascular so decorrentes de disfuno imunolgica programada.
Por outro lado, a teoria neuroendcrina em associao com a fisiolgica, explica que o sistema
cardiovascular sofre significativa reduo de sua capacidade funcional com o envelhecimento.
Em repouso o idoso no apresenta reduo importante do dbito cardaco, mas em situaes de
maior demanda, tanto fisiolgico (esforo fsico) como patolgicas (doena arterial coronria),
os mecanismos para a sua manuteno podem falhar, resultando em processos isqumicos
(AFIUNE, 2011).
Diversos fatores esto envolvidos na origem das modificaes sofridas pelo corao da
pessoa idosa, como o dano celular oxidativo direto relacionado a radicais livres, erros no
mecanismo de reparo cromossmico e perda de informao gentica em decorrncia do
encurtamento telomrico resultando em acmulo de mutaes somticas e alteraes na sntese
protica, falhas na regulao apopttica resultando na substituio fibrosa dos micitos e tecido
de conduo, hipertrofia dos micitos restantes, acmulo de agresses ambientais resultando
em dficit funcional progressivo, aterosclerose e enrijecimento vascular global e substituio
fibrosa e calcificao valvar mais evidente em mitral e artica (OLIVEIRA; REZENDE;
MORAES, 2010).
Os fatores de risco cardiovascular (FRCV) apresentam alta prevalncia e causam
impacto na morbimortalidade dos idosos. A presena de fatores de risco cardiovascular ocorre
mais de forma associada, o que caracteriza maior risco se comparado a atuao de cada fator de
forma isolada. Alm da predisposio gentica, fatores ambientais podem contribuir para uma
agregao de fatores de risco cardiovascular em famlias com estilo de vida pouco saudvel
(FERREIRA et al., 2010).
Estudo de Ferreira et al. (2010), sobre a prevalncia de fatores de risco cardiovascular
em idosos usurios do Sistema nico de Sade de Goinia, mostrou que estes ocorreram de
maneira simultnea em mais da metade dos idosos, e os mais prevalentes foram: hipertenso
arterial, obesidade central e sedentarismo. As prevalncias foram: 80,4% de hipertenso
arterial; 83,3% de obesidade central; 59,8% de sedentarismo; 32,2% de obesidade total; 23,4%
de dislipidemias; 19,1% de diabetes mellitus; 10,0% de tabagismo e 5,9% de consumo de
bebida alcolica. Quanto simultaneidade, 2,4% dos idosos no apresentaram FRCV. A
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33
simultaneidade de dois ou mais FRCV ocorreu em 87,3% dos idosos e mostra-se com maior
frequncia entre as mulheres. Foram avaliados 418 idosos, e a amostra caracterizou-se pelo
predomnio do sexo feminino (66,0%), mdia de idade de 70,7 7 anos (60 a 98 anos).
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34
3 Metodologia
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35
3.1 Tipo de Estudo
Consta de um estudo exploratrio e descritivo com abordagem quantitativa. De
acordo com Gil (2008), a pesquisa exploratria visa proporcionar maior familiaridade com o
problema, com vistas a torn-lo mais explcito ou a construir hipteses. De maneira geral,
utiliza-se o levantamento bibliogrfico; entrevista com pessoas que tiveram participao com
o problema pesquisado e anlise de exemplos que estimulem a compreenso. J a pesquisa
descritiva tem como objetivo principal identificar as caractersticas de determinada populao
ou fenmeno, ou o estabelecimento de relaes entre variveis. Uma de suas caractersticas
mais importante est na utilizao de tcnicas padronizadas de coleta de dados. Pesquisas que
tem como objetivo estudar as caractersticas de um grupo, como idade, sexo, procedncia,
nvel e escolaridade, nvel de renda e estado de sade.
A pesquisa quantitativa de acordo com Boaventura (2007) trabalha e se expressa
atravs de nmeros e dados estatsticos, se utilizando na coleta e anlise dos dados, de
percentagem, mdia, mediana, moda, desvio- padro, anlise de regresso ou de correlao.
3.2 Local do Estudo
O estudo foi realizado na cidade de Cuit, localizada na microrregio do Curimata
Ocidental Paraibano, a 230 km da Capital Joo Pessoa. Conforme os dados do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE, 2010) possui um contingente populacional de
aproximadamente 19.978 habitantes, dos quais 9.833 so do sexo masculino e 10.145 so do
sexo feminino, com densidade demogrfica de 26,3 hab./km2.
Mais especificamente, serviram como campo para o desenvolvimento deste estudo 05
(cinco) Unidades de Sade da Famlia (USF) vinculadas Secretaria Municipal de Sade que
compem a rede de sade nos servios de ateno bsica na zona urbana do municpio, so
elas: USF Ezequias Venncio, USF Luiza Dantas de Medeiros, USF Raimunda Domingos,
USF Ablio Chacon e USF Diomedes Lucas. importante salientar que estas representam a
totalidade das USF da zona urbana deste municpio, havendo ainda mais 04 (quatro) USF na
zona rural, mas que no sero contempladas neste estudo (SECRETARIA MUNICIPAL DE
SADE DE CUIT, 2012).
As Unidades de Sade da Famlia da zona urbana foram selecionadas pela facilidade
do acesso e porque as mesmas foram campo de estgio da disciplina Estgio Supervisionado I
componente curricular do 9 perodo do Curso de Bacharelado em Enfermagem da
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36
Universidade Federal de Campina Grande, o que proporcionou um contato prvio com os
possveis participantes do estudo.
3.3 Populao e amostra
Segundo Richardson (2008), uma populao uma coleo de elementos ou sujeitos
que partilham caractersticas comuns. O elemento a unidade ou membro da populao
particular que submetida a um estudo, chamada de populao alvo. Em termos estatsticos,
populao pode ser o conjunto de indivduos que trabalham em um mesmo lugar, alunos
matriculados em uma mesma universidade, produo de refrigeradores de uma fbrica e etc.
A populao neste estudo foi constituda pelos idosos que residem no municpio de
Cuit e que so cadastrados e assistidos nas Unidades de Sade da Famlia da zona urbana, os
quais representam um total de 2.406 idosos, estando distribudos por USF da seguinte forma:
USF Ablio Chacon 581 idosos; USF Ezequias Venncio 518; USF Luiza Dantas 455;
USF Diomedes Lucas 467; e USF Raimunda Domingos 385 (SECRETARIA
MUNICIPAL DE SADE DE CUIT, 2012).
Mediante a impossibilidade de coletar dados da populao total, recorreu-se a um
clculo amostral, realizado via on-line, a fim de identificar uma amostra do tipo aleatria
simples, correspondente a um subconjunto selecionado para se obter informaes relativas s
caractersticas dessa populao. Marconi e Lakatos (2010) descrevem o conceito de amostra
como uma poro ou parcela, criteriosamente selecionada da populao; um subconjunto do
universo. Assim, considerando um percentual mnimo de 95% para a exposio de idosos a
fatores de risco cardiovasculares, erro amostral de 5% e nvel de confiana de 95%, a amostra
foi composta por 70 participantes. Como se pretendia fazer comparativos dos resultados
quanto ao sexo dos participantes, a amostra foi composta intencionalmente por 50% de
participantes do sexo masculino e 50% do sexo feminino.
Foram considerados como critrios de incluso da amostra:
Ter idade igual ou superior a 60 anos;
Ser cadastrado e acompanhado pela Estratgia Sade da Famlia;
Possuir resultado de exames da bioqumica sangunea (glicose e lipdeos/fraes)
recentes (mnimo de trs meses);
Concordar em participar livremente da pesquisa;
Assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido TCLE (Apndice A);
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37
Apresentar condies fsicas e mentais para responder ao questionrio de coleta de
dados.
Considerando que alguns participantes no possuam resultados de exames da
bioqumica sangunea, este critrio de incluso antes estabelecido, foi desconsiderado ainda
no incio do procedimento de coleta de dados.
3.4 Instrumento para coleta de dados
H diversas formas e maneiras de se coletar dados para investigar determinado
problema, contudo, o maior determinante para escolha do instrumento a ser adotado, o
sujeito ou objeto de estudo. Dentre esses podemos destacar o questionrio, a entrevista, a
observao, entre outros. Para este estudo foi escolhido o questionrio (Apndice B) a ser
preenchido pelos idosos selecionados para compor a amostra com a co-participao do
pesquisador participante, caso haja necessidade.
O questionrio uma tcnica de investigao composta por um conjunto de questes
que so submetidas a pessoas com o propsito de obter informaes sobre conhecimentos,
crenas, sentimentos, valores, interesses, expectativas, comportamento presente e passado. Ele
consiste em traduzir os objetivos da pesquisa em questes especficas. As respostas a esses
questionamentos iro fornecer as caractersticas da populao pesquisada ou testar hipteses
da pesquisa (GIL, 2008).
O questionrio deste estudo foi elaborado pelo pesquisador participante sendo
composto por duas partes: a primeira relativa caracterizao da amostra enquanto dados
sociodemogrficos e econmicos; e a segunda relacionada aos objetivos propostos para o
estudo contendo exclusivamente questes objetivas (mltipla escolha e lacunas).
3.5 Procedimentos para coleta de dados
Na fase inicial, foram seguidos os seguintes procedimentos: 1. Cadastramento da
pesquisa na Plataforma Brasil na pgina eletrnica da Comisso Nacional de tica em
Pesquisa (CONEP); 2. Solicitao de autorizao para o desenvolvimento deste estudo,
atravs de um requerimento, o Termo de Autorizao Institucional (Anexo A) ao Secretrio
Municipal de Sade do municpio de Cuit- PB, para realizar a pesquisa nas referidas
Unidades de Sade da famlia, com sua devida assinatura da folha de rosto; e 3. Submisso da
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folha de rosto para o Comit de tica em Pesquisa (CEP), para apreciao e aprovao do
projeto.
Aps a autorizao do CEP do Centro de Cincias da Sade da Universidade Federal
da Paraba (CCS/UFPB), sob parecer nmero 202.268, foi dado incio as atividades da coleta
no ms de maro de 2013, inicialmente com a realizao de reunies com o (a) enfermeiro (a)
e os agentes de sade das USFs, para possibilitar o acesso ao grupo a ser pesquisado. A
coleta de dados deu-se atravs de visitas domiciliares em companhia dos agentes comunitrios
de sade, como tambm em dias de atendimento aos idosos nas Unidades.
Ao identificar o idoso, o pesquisador participante apresentou a pesquisa, sua finalidade
e importncia e convidou-lhe a participar desta. Tambm foi explicado o modo de
preenchimento do questionrio, o carter voluntrio, o anonimato da participao e a
possibilidade da desvinculao da pesquisa sem danos pessoais. Em seguida os participantes
foram convidados leitura do Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE). Aps a
leitura foi solicitada a assinatura deste e assim deu-se incio a aplicao do questionrio, a
medio antropomtrica, a aferio da presso arterial e a verificao dos resultados dos
exames laboratoriais.
Para a avaliao antropomtrica (peso, estatura e circunferncia abdominal) foi utilizada
a seguinte tcnica:
Peso: verificado atravs de balana digital e com o participante descalo, sendo
os valores descritos em quilogramas (kg);
Estatura: medida com uma fita mtrica colocada em uma parede. Os
participantes foram colocados encostados parede, apoiados na zona lateral das
coxas, cabea e olhos dirigidos para frente, sendo o valor registrado em
centmetros (cm);
Circunferncia abdominal: medida no ponto intermdio entre a crista ilaca e o
bordo inferior da caixa torcica (ltima costela), sendo o valor registrado em
centmetros (cm);
Presso arterial: aferida com uso de um esfigmomanmetro e estetoscpio, no
brao direito e esquerdo (para maior segurana do valor), colocados em uma
superfcie plana, ao nvel do corao e com o participante sentado. Antes da
medio os indivduos permaneceram sentados (em estado de repouso) por pelo
menos 10 minutos.
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39
ndice de Massa Corporal (IMC): foi calculado atravs da frmula
peso/estatura2.
3.6 Anlise dos dados
Aps o trmino do procedimento de coleta de dados, o software Excel 2010 foi
utilizado na construo de um banco de informaes a partir das respostas apontadas para os
itens contidos no questionrio. Aps agrupamento das informaes procedeu-se a anlise
descritiva e quantitativa dos dados, utilizando medidas simples de frequncia absoluta (fi) e
relativa (fr). Foi feita ainda uma anlise comparativa dos dados tendo como base a varivel
sexo.
A avaliao e anlise dos fatores de risco cardiovasculares teve por base os seguintes
documentos: a V Diretrizes Brasileiras de monitorizao Ambulatorial (MAPA), III Diretrizes
Brasileiras de Monitorizao Residencial da Presso Arterial (MPRA), IV Diretriz Brasileira
sobre Dislipidemias e preveno da Aterosclerose da Sociedade Brasileira de Cardiologia, as
Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes 2009 e as Diretrizes Brasileiras de Obesidade
2009. Ademais, os resultados foram apresentados e descritos em forma de tabelas e figuras, de
modo a permitir uma melhor compreenso e anlise dos dados obtidos.
3.7 Aspectos ticos
O crescimento rpido das pesquisas envolvendo seres humanos tem levado a
preocupaes ticas e debates quanto proteo dos direitos dos indivduos que participam
das pesquisas de enfermagem. De acordo com Medeiros e Silva (2010), a tica pode ser
compreendida como o modo de ser dos humanos, um conjunto de valores que dirigem o
comportamento do homem em relao aos outros em busca do equilbrio das relaes sociais.
Durante a realizao desta pesquisa foram explicados aos participantes os objetivos e
finalidades do estudo, quais as vantagens na sua participao, participao voluntria, retirada
ou excluso do estudo, o carter confidencial das informaes, como tambm o nome,
endereo e nmero do telefone dos pesquisadores para possveis esclarecimentos sobre o
assunto, ou para comunicarem a desistncia.
Essas informaes atenderam as normas da Resoluo n 196/96 do Conselho
Nacional de Sade (BRASIL, 1996). De acordo com Nogueira et al. (2012), esta resoluo o
principal instrumento normativo que regula as pesquisas com seres humanos, tendo como
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40
objetivo proteger e assegurar os direitos e deveres que dizem respeito comunidade
cientfica, aos sujeitos da pesquisa e ao Estado. Como esta pesquisa foi realizada diretamente
com seres humanos, seguiu todos os princpios descritos nessa resoluo.
Segundo a Resoluo mencionada, as pesquisas envolvendo seres humanos devem
atender s exigncias ticas e cientficas fundamentais como: o Consentimento livre e
esclarecido dos indivduos-alvo (autonomia), avaliao dos riscos e benefcios, tanto atuais
como potenciais, individuais ou coletivos (beneficncia), comprometendo-se com o mximo
de benefcios e o mnimo de danos e riscos, garantia de que danos previsveis sero evitados
(no maleficncia), relevncia social da pesquisa com vantagens significativas para os sujeitos
da pesquisa e minimizao do nus para os sujeitos vulnerveis, o que garante a igual
considerao dos interesses envolvidos, no perdendo o sentido de sua destinao scio-
humanitria (justia e equidade) (BRASIL, 1996).
Todas essas exigncias foram devidamente respeitadas durante a operacionalizao
desta pesquisa, assim como as premissas observadas na Resoluo n. 311/2007 do Conselho
Federal de Enfermagem, que trata do Cdigo de tica Profissional (COFEN, 2007).
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41
4 Anlise e Discusso dos Resultados
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Neste captulo sero expostos os resultados obtidos por meio do procedimento de
coleta de dados junto aos idosos participantes da pesquisa, assim como a anlise e discusso
pertinente. Para uma melhor compreenso da leitura, duas sesses foram didaticamente
construdas: a primeira relacionada caracterizao socioeconmica e demogrfica dos
participantes; e a segunda relativa identificao dos fatores de risco para doenas
cardiovasculares que esto expostos idosos assistidos na Estratgia Sade da Famlia no
municpio de Cuit PB, com sua respectiva avaliao e discusso.
4.1 Caracterizao socioeconmica e demogrfica dos participantes
A amostra do estudo foi composta 70 participantes, sendo 35 do sexo masculino e 35
do feminino. Os dados sociodemogrficos esto apresentados na Tabela 1 abrangendo cinco
variveis, so elas: faixa etria, estado civil, escolaridade renda familiar e profisso,
caracterizadas segundo o sexo dos participantes.
Tabela 1 - Caracterizao socioeconmica e demogrfica dos participantes segundo a
varivel sexo. Cuit PB, 2013.
Variveis Socioeconmicas
e demogrficas
Total Sexo
Masculino Feminino
f % f % f %
Faixa Etria
60 a 69 anos 32 45,71 12 34,29 20 57,14
70 a 79 anos 29 41,43 19 54,29 10 28,57
80 a 89 anos 8 11,43 3 8,57 5 14,29
> 90 anos 1 1,43 1 2,85 0 0
Total 70 100,0 35 100,0 35 100,0
Estado Civil
Solteiro 4 5,71 0 0 4 11,43
Casado 46 65,71 29 82,87 17 48,57
Vivo 10 14,29 2 5,71 8 22,86
Unio Consensual 3 4,29 2 5,71 1 2,85
Divorciado 7 10,0 2 5,71 5 14,29
Total 70 100,0 35 100,0 35 100,0
Escolaridade
NA 44 62,86 28 80,0 16 45,72
EFI 23 32,85 5 14,30 18 51,43
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43
EFC 1 1,43 1 2,85 0 0
EMI 1 1,43 1 2,85 0 0
EMC 1 1,43 0 0 1 2,85
ES 0 0 0 0 0 0
Total 70 100,0 35 100,0 35 100,0
Renda Familiar
< 1 salrio 16 22,86 7 20 9 25,71
De 1 a 2 salrios 50 71,43 27 77,15 23 65,71
> 3 salrios 4 5,71 1 2,85 3 8,58
Total 70 100,0 35 100,0 35 100,0
Profisso
Agricultor 60 85,71 33 94,28 27 77,14
Do lar 4 5,71 0 0 4 11,42
Func. pblico 2 2,86 2 5,72 0 0
Aux. Ser. Gerais 2 2,86 0 0 2 5,72
Outros 2 2,86 0 0 2 5,72
Total= 70 100 35 100,0 35 100,0
Fonte: Dados da pesquisa, 2013.
Legenda: NA = No alfabetizado, EFI = Ensino Fundamental Incompleto, EFC = Ensino Fundamental
Completo, EMI = Ensino Mdio Incompleto, EMC = Ensino Mdio Completo, ES = Ensino Superior.
Conforme mostra a Tabela 1, no que diz respeito varivel faixa etria possvel
observar que grande parte dos participantes 45,71% (n= 32) so idosos mais jovens, os quais
encontram-se na faixa de 60 a 69 anos, sendo esse percentual maior entre as mulheres
(57,14%) do que nos homens (34,29%). Esse resultado corroborado pelo estudo de Pereira,
Barreto e Passos (2008), onde encontraram maior percentual de mulheres nessa faixa etria, e
que entre os idosos, 59,4% eram mulheres e 40,6% homens.
No estudo de Ramos (2008) sobre a prevalncia de fatores de risco cardiovasculares,
58,4% (398) eram do sexo feminino e 41,6% (284) do sexo masculino. No Brasil, a faixa
etria dos 60 anos ou mais (faixa etria em que as pessoas so consideradas idosas no pas) a
que mais cresce em proporo, exibindo um dos crescimentos mais acelerados do mundo
(MARTINS; CAMARGO; BIASUS, 2009). De acordo com a pesquisa nacional por amostra
de domiclios (PNAD) realizada em 2011, a populao residente no Brasil foi estimada em
195,2 milhes, um aumento de 1,8% (3,5 milhes) em relao a 2009. As mulheres
representavam 51,5% (100,5 milhes) da populao e os homens, 48,5% (94,7 milhes).
O predomnio significativo de mulheres nessa faixa etria pode ser explicado pela
tendncia de envelhecimento da populao, como tambm em decorrncia do contingente
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populacional do sexo feminino ser maior do que o masculino. No perodo de 2001 a 2011, o
crescimento do nmero de idosos de 60 anos ou mais de idade, em termos absolutos,
marcante: passou de 15,5 milhes de pessoas para 23,5 milhes de pessoas. A maioria da
populao idosa de 60 anos ou mais de idade composta por mulheres (55,7%), devido aos
efeitos da mortalidade diferencial por sexo (IBGE, 2012), o que justifica o resultado
encontrado neste estudo.
Com relao ao estado civil, 65,71% (n=46) dos participantes so casados.
Comparando os dados desta varivel com relao ao sexo, 82,87% (n=29) dos participantes
do sexo masculino so casados, enquanto no sexo feminino 48,57% (n=17) encontram-se
neste estado civil. De acordo com o IBGE (2011), a partir dos 60 anos de idade, as taxas de
nupcialidade obtidas para pessoas do sexo masculino so mais que o dobro que as das
mulheres. Tal realidade suficientemente satisfatria para explicar o resultado obtido quanto
ao estado civil. Devido sobremortalidade masculina entre os idosos nas idades mais
avanadas, h mais mulheres do que homens na populao, tornando menores as
probabilidades de casamentos das mulheres mais idosas. Para todos os grupos etrios, a partir
de 30 anos, as taxas de nupcialidade dos homens foram maiores em 2011 do que em 2001. Os
homens se unem mais tarde que as mulheres e so eles que mantm as mais altas taxas de
nupcialidade legal.
No que concerne varivel escolaridade, verifica-se na Tabela 1 que 62,86% (n= 44)
dos idosos so analfabetos, destes 80% (n=28) so homens e 45,72% (n=16) mulheres.
Acredita-se que este perfil de escolaridade tenha relao direta com as condies sociais dos
mesmos, os quais quando jovens no tiveram oportunidade de estudar, iniciando
precocemente suas atividades no mercado de trabalho. A elevada prevalncia de
analfabetismo entre os idosos pode estar associada a necessidade de execuo de atividades
econmicas, longas jornadas de trabalho, falta de incentivo governamental, dentre outros
fatores. Em contrapartida, a baixa autoestima diante das dificuldades financeiras tambm
influenciava na percepo de no haver necessidade de conduzir os estudos, sendo o trabalho
uma ferramenta que proporcionava renda em curto prazo.
De acordo com Perez (2011), o problema do analfabetismo que acomete as populaes
mais idosas tem relao direta com o fato de ser este um grupo social abandonado pelo Poder
Pblico quanto a realizao de polticas educacionais. A excluso da populao idosa da
educao leva a compreenso do sistema educacional como uma estrutura burocrtica criada
com o fim de promover a formao e a qualificao da mo-de-obra jovem para o mercado de
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45
trabalho, desta maneira, como se sabe, a excluso dos idosos do mercado de trabalho pr-
determinaria a sua excluso do contexto da educao.
No estudo de Jardim e Leal (2009), 80% dos participantes no sabiam ler/escrever ou
eram apenas alfabetizados ou possuam o ensino fundamental incompleto; 18% tinham ensino
fundamental completo e ensino mdio, incompleto ou completo; e apenas 2% possuam
ensino superior incompleto ou completo, aproximando-se com os resultados do presente
estudo.
Segundo a PNAD (2011), a taxa de analfabetismo no pas mostrou-se maior nos
grupos de idades mais elevadas, comportamento observado em todas as Grandes Regies. A
maioria dos analfabetos permaneceu entre as pessoas com 25 anos ou mais de idade, 96,1%
deles.