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Fator Acidentário Previdenciário: uma resolução que estimula a melhoria das condições de trabalho Curitiba, 10 de agosto de 2004 Universidade Federal de Pelotas Faculdade de Medicina Departamento de Medicina Social Programa de Pós-graduação em Epidemiologia Anaclaudia Gastal Fassa Luiz Augusto Facchini Neice Müller Xavier Faria

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Fator Acidentário Previdenciário:uma resolução que estimula a

melhoria das condições de trabalho

Curitiba, 10 de agosto de 2004

Universidade Federal de PelotasFaculdade de Medicina

Departamento de Medicina SocialPrograma de Pós-graduação em Epidemiologia

Anaclaudia Gastal FassaLuiz Augusto Facchini

Neice Müller Xavier Faria

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Introdução

Resolução 1236 da Previdência Social de

28 de abril de 2004• metodologia de flexibilização das alíquotas

de contribuição • financiamento do benefício de aposentadoria

especial e daqueles concedidos por incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho

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Estrutura da apresentação

• Concepção teórica do Fator Acidentário Previdenciário (FAP)

• Avaliação da metodologia de cálculo do FAP• Conclusões• Anos potenciais de vida perdidos ou vividos

com incapacidade (DALY) como um indicador alternativo no cálculo desta alíquota

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Concepção teórica do Fator Acidentário Previdenciário (FAP)

• taxação diferenciada de empresas de uma mesma atividade econômica conforme o risco de adoecimento ou morte.

• leva em conta os benefícios previdenciários que contém o Código Internacional de Doenças (CID), incluindo assim morbidades não reconhecidamente ocupacionais

• prescinde da notificação por parte das empresas

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Flexibilização de alíquotas dentro dos ramos de atividade econômica

• Reconhece os esforços de empresas que investem na melhoria das condições de trabalho (reduzindo alíquota)

• Amplia a responsabilidade social da empresa• Tem um caráter justo

– empresas de mesmo ramo de atividade

– com riscos e conseqüentes danos diferenciados

– contribuem de forma diferenciada

“Quem gera o risco deve ser responsável pelo seu controle ou

pela reparação dos danos causados”

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CIDs incluídos no cálculo do FAP

– Auxílio Doença Previdenciário – Aposentadoria por Invalidez Previdenciária – de alto risco em cada ramo econômico

cujo nexo não tenha sido previamente estabelecido

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Inclusão de doenças não reconhecidamente ocupacionais no cálculo do FAP

• Grande avanço conceitual• Em consonância com o paradigma da

multicausalidade• Trabalhadores compartilham os perfis de

adoecimento e morte da população em geral em função de sua idade, gênero, grupo social ou inserção em um grupo específico de risco

• Reconhece que o trabalho engloba determinantes importantes do processo saúde-doença

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Doenças Ocupacionais

• inerentes a indivíduos que exercem determinada atividade produtiva

• trabalho é causa inequívoca da doença• nexo causal direto• agente causal é mais facilmente identificado. • a eliminação do agente causal pode

assegurar a erradicação do problema de saúde

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Doenças relacionadas com o trabalho

• o trabalho é fator contribuinte ou agravante• não existe o pressuposto de inerência• o nexo causal será essencialmente de

natureza epidemiológica – observação do aumento da freqüência em

determinados grupos ocupacionais

– modificação do curso evolutivo da doença

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Cálculo do FAP independe da notificação da empresa

• utilização dos benefícios previdenciários• prescinde da notificação da empresa• impede que empresas que sonegam informação

sejam beneficiadas e que aquelas que cumprem a obrigação legal sejam prejudicadas

• evita um estímulo a sub-notificação• faz com que o cálculo do risco das empresas se

aproxime mais da realidade já que independe da parte interessada

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Coeficientes utilizados no cálculo do do FAP

• Freqüência, gravidade e custo são importantes indicadores para estabelecer valores de apólices de seguro

• No cálculo do FAP estes indicadores são efetivos para determinar a alíquota a ser atribuída tanto aos ramos de atividade econômica quanto às empresas

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Aspectos metodológicos da implementação do FAP

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Análise multivariada

• O perfil de idade e sexo pode variar conforme o ramo de atividade econômica

• Idade e sexo são importantes fatores de confusão para a um grande número de morbidades

• A análise multivariada permite ajustar para idade e sexo

Previne a identificação de risco em atividades econômicas nas quais os trabalhadores

são mais velhos quando este é um efeito da idade e não do ramo de atividade

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Perdas no CID

• Mais de 20% dos benefícios avaliados tem perda no CID

• Varia conforme o tipo de benefício entre 18 e quase 100%

• Perdas problemáticas se fossem concentradas em ramos de atividades econômicas ou em morbidades

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Estratégias para reduzir as perdas de CID

Pode e precisa ser melhorado em curto prazo

Capacitação dos recursos humanos

Estímulo ao registro

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Conclusão

• Concepção teórica atualizada– Flexibilização de alíquotas é justa e estimula melhoria

nas condições de trabalho– Inclui, com critério científico, doenças cujo o nexo

com o trabalho não estava previamente estabelecido – Prescinde da notificação das empresas

• A metodologia é adequada ao cálculo das alíquotas mas ainda subestima o dano

• Alguns aspectos devem pautar futuros avanços

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CIDs utilizados para gerar os coeficientes de freqüência, gravidade e custo

• Todos os que tem nexo com o trabalho previamente estabelecidos – pensão por morte acidentária– auxílio acidente– auxílio doença acidentária – aposentadoria por invalidez acidentária

• Os de alto risco cujo o nexo com o trabalho não foi previamente estabelecido – auxílio-doença – aposentadoria por invalidez

• Exclui pensão por morte não ocupacional

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Exclusão de pensão por morte não ocupacional

• Contraria a concepção teórica • Se apresenta alto risco em alguma atividade

econômica deveria ser considerada relacionada com o trabalho

• O trabalho é fator contribuinte ou agravante para várias causas de óbito

• Exemplos: câncer, cardio-circulatórios

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Grupo de Comparação

• O cálculo da medida de associação pressupõe a comparação entre um grupo exposto e um grupo não exposto

• O grupo de comparação deveria ser constituído por ramos de atividade econômica de baixo risco

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Nível de significância

• O FAP propõe nível de significância de 99% 99% de certeza de que a associação entre ramo de

atividade econômica e a morbidade não se deve ao acaso

• Ramos de atividade econômica com pequenos números de trabalhadores 99% nível de significância resultará em baixo poder

estatístico certeza de que a associação não foi encontrada

porque realmente não existe seria menor do que 80% só detecta riscos de grande magnitude

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Nível de significância

• Verificar dados da previdência • Identificar os ramos de atividade econômica

com menor número de trabalhadores

• Recomendação poder estatístico de 80% para estimar riscos de pelo menos 50%

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Estimativa dos coeficientes

• Coeficiente de freqüência: total de benefícios / número de vínculos empregatícios– mensuração objetiva

• Coeficiente de gravidade: número de dias no benefício / número de dias potencialmente trabalhados no ano– duração do benefício é um dos indicadores de

gravidade– contexto de desemprego retorno ao trabalho antes

de estar completamente reabilitado– não mede adequadamente incapacidade

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Estimativa dos coeficientes

• Coeficiente de custo: benefícios pago pelo INSS / valor potencialmente arrecadado pelo INSS através do SAT no ano– mede somente custo direto do benefício– ignora custo custo social e custo para o serviço de

saúde

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Articulação dos coeficientes de freqüência, gravidade e custo

• Os coeficientes são trabalhados em paralelo– coeficiente de freqüência combina as freqüências

de morbidades de diferentes gravidades e custos– coeficiente de gravidade combina a duração do

benefício de morbidades de diferentes freqüências e custos

• Seria mais adequado que os componentes de freqüência, gravidade e custo fossem articulados em cada CID

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Anos Potenciais de Vida Perdidos ou Vividos com Incapacidade (DALY): uma alternativa

para sintetizar freqüência e gravidade

• indicador criado para o estudo sobre carga global de doença

• projeto conduzido por– Organização Mundial da Saúde– Harvard School of Public Health – Banco Mundial

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Objetivo do estudo sobre carga global de doença

• quantificar a carga global de doenças e lesões na população humana para quantificar a carga de morte prematura e incapacidade por idade, sexo e região;

• desenvolver projeções sobre a carga de doenças e

• analisar a contribuição de fatores de risco selecionados para esta carga de doenças, através de uma metodologia que permitisse estabelecer comparações

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Características do indicador (DALY)

• combina informações de mortalidade e morbidade• facilita a inclusão de desfechos não-fatais nos

debates sobre políticas de saúde internacionais• torna a avaliação epidemiológica mais objetiva e

seus resultados menos vulneráveis a grupos de pressão

• útil para análise de custo-efetividade

• apoia a definição de programas e políticas de saúde

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Anos de vida perdidos ou vividos com incapacidade (DALY)

DALY = YLL (anos de vida perdidos) + YLD (anos de vida vividos com incapacidade)

YLL = Taxa de mortalidade pelo desfecho em estudo x anos de vida perdidos

YLD = incidência da incapacidade x duração da incapacidade x peso da incapacidade

• taxa de desconto• ponderação para a idade

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Peso da incapacidade

• número que varia de – zero (estado de ótima saúde) a – um (estado equivalente a morte)

• valora numericamente o tempo vivido com estados de saúde não fatais

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Taxa de desconto

• é uma prática rotineira em análises econômicas • reduz gradualmente os anos de vida perdidos no futuro • torna as mensurações dos desfechos em saúde

consistentes com as análises de custo-benefício• impede de dar peso excessivo as mortes dos mais

jovens• lida com o paradoxo da erradicação da doença

assumindo que o investimento em pesquisa para reduzir a duração ou a incapacidade da doença e investimentos na erradicação da doença tem uma chance não zero de sucesso

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Ponderação para a idade

• Captura o crescimento e o decréscimo do valor dos anos individuais de vida vividos em diferentes idades

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Fórmula dos anos de vida perdidos (YLL)

YLL= [e-(r+)(L+a) [-(r+)(L+a)-1] – e-(r+)a [-(r+)a-1]] Cera

(r+)2

Onder é a taxa de desconto é o parâmetro para a função de ponderação da idadeC é a constantea é a idade da morteLé a expectativa de vida padrão para a idade “a”

Os valores padronizados utilizados para o cálculo do YLL no GBD são: r = 0,03, = 0,04 e C = 0,1658

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Fórmula dos anos de vida vividos com incapacidade (YLD)

YLD= D [e-(r+)(L+a) [-(r+)(L+a)-1] – e-(r+)a [-(r+)a-1]] Cera

(r+)2

Onder é a taxa de desconto é o parâmetro para a função de ponderação da idadeC é a constantea é a idade do surgimento da incapacidadeL é a duração da incapacidade D é o peso da incapacidade

Os valores padronizados utilizados para o cálculo do YLD no GBD são:

r = 0,03, = 0,04 e C = 0,1658

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Aspectos controversos da DALY

• Peso da incapacidade – Definido por especialistas de forma

subjetiva• Taxa de desconto e ponderação para idade

– Não há consenso sobre sua utilização– Entre os especialistas que são favoráveis

a sua utilização não há consenso sobre os valores a serem empregados

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Vantagens da DALY

• Combina informações de eventos fatais e não fatais• Sintetiza as informações de freqüência e gravidade• Fornece a carga global de cada doença em número

de anos de vida perdidos ou vividos com incapacidade em cada 1000 trabalhadores

• Permitiria somar os DALYs por morbi-mortalidade de alto risco em cada ramo de atividade econômica

• Possibilitaria comparar um ramo de atividade com outro e uma empresa com outra

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Recursos provenientes do FAP

Qual o impacto na arrecadação?Se aumenta como utilizar os recursos?• Ressarcimento do SUS por serviços de

assistência à saúde de trabalhadores acometidos por doenças profissionais ou relacionadas com o trabalho

• Desenvolvimento de projetos de prevenção de acidentes, doenças ocupacionais, doenças relacionadas com o trabalho

• Capacitação de recursos humanos para implementar estes projetos

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