Fasciculo_08.pdf

24
Cecília Queiroz Filomena Moita Fundamentos Sócio-filosóficos da Educação DISCIPLINA Ditadura Militar, sociedade e educação no Brasil Autores aula 08

Transcript of Fasciculo_08.pdf

Page 1: Fasciculo_08.pdf

Cecília Queiroz

Filomena Moita

Fundamentos Sócio-filosóficos da EducaçãoD I S C I P L I N A

Ditadura Militar, sociedade e educação no Brasil

Autores

aula

08

Page 2: Fasciculo_08.pdf

Aula 08  Fundamentos Sócio-filosóficos da EducaçãoCopyright © 2007 Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste material pode ser utilizada ou reproduzida sem a autorização expressa da UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte e da UEPB - Universidade Estadual da Paraíba.

Governo Federal

Presidente da RepúblicaLuiz Inácio Lula da Silva

Ministro da EducaçãoFernando Haddad

Secretário de Educação a Distância – SEEDCarlos Eduardo Bielschowsky

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

ReitorJosé Ivonildo do Rêgo

Vice-ReitoraÂngela Maria Paiva Cruz

Secretária de Educação a DistânciaVera Lúcia do Amaral

Universidade Estadual da Paraíba

ReitoraMarlene Alves Sousa Luna

Vice-ReitorAldo Bezerra Maciel

Coordenadora Institucional de Programas Especiais - CIPEEliane de Moura Silva

Coordenador de EdiçãoAry Sergio Braga Olinisky

Projeto GráficoIvana Lima (UFRN)

Revisora TipográficaNouraide Queiroz (UFRN)Thaísa Maria Simplício Lemos (UFRN)

IlustradoraCarolina Costa (UFRN)

Editoração de ImagensAdauto Harley (UFRN)Carolina Costa (UFRN)

DiagramadoresBruno de Souza Melo (UFRN)Dimetrius de Carvalho Ferreira (UFRN)Ivana Lima (UFRN)Johann Jean Evangelista de Melo (UFRN)

Revisores de Estrutura e LinguagemRossana Delmar de Lima Arcoverde (UEPB)

Revisoras de Língua PortuguesaMaria Divanira de Lima Arcoverde (UEPB)

Q3f Fundamentos sócio-filosóficos da educação/ Cecília Telma Alves Pontes de Queiroz, Filomena Maria Gonçalves da Silva Cordeiro Moita.– Campina Grande; Natal: UEPB/UFRN, 2007.

15 fasc.“Curso de Licenciatura em Geografia – EaD”. Conteúdo: Fasc. 1- Educação? Educações?; Fasc. 2 - Na rota da filosofia ... em busca de respostas; Fasc. 3 - Uma nova rota...sociologia; Fasc.4 - Nos mares da história da educação e da legislação educacional; Fasc. 5 - A companhia de Jesus e a educação no Brasil; Fasc. 6 – Reforma Pombalina da educação reflexos na educação brasileira; Fasc. 7 - Novos ventos... manifesto dos pioneiros da escola nova; Fasc. 8 – Ditadura militar, sociedade e educação no Brasil; Fasc. 9 - Tendências pedagógicas e seus pressupostos; Fasc. 10 – Novos paradigmas, a educação e o educador; Fasc. 11 – Outras rotas...um novo educador; Fasc. 12 – O reencantar: o novo fazer pedagógico; Fasc. 13 – Caminhos e (des)caminhos: o pensar e o fazer geográfico; Fasc. 14 – A formação e a prática reflexiva; Fasc. 15 – Educação e as TIC’s: uma aprendizagem colaborativa

ISBN: 978-85-87108-57-9

1. Educação 2. Fundamentos sócio-filosóficos 3. Prática Reflexiva 4. EAD I. Título.22 ed. CDD 370

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Central - UEPB

Page 3: Fasciculo_08.pdf

Aula 08  Fundamentos Sócio-filosóficos da Educação �

3

2

Copyright © 2007 Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste material pode ser utilizada ou reproduzida sem a autorização expressa da UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte e da UEPB - Universidade Estadual da Paraíba.

Apresentação

P rosseguindo viagem. Nos trechos anteriores estudamos que o modelo econômico desenvolvido no Brasil é o capitalista, que se configura na divisão da sociedade em classes: burguesa - proprietária das fábricas, das terras, do comércio, e

trabalhadora - proprietária apenas de sua força de trabalho, vendida no livre mercado.

Neste trecho da viagem, navegaremos pela rota da Ditadura Militar e estudaremos as mudanças na sociedade e educação no Brasil, um período de céu cinzento e mares revoltos. Durante o trajeto será importante o estudo dos conceitos apresentados, a reflexão, a realização de atividades e a busca de aperfeiçoamento em outras atividades complementares que serão indicadas para divertimento e aprendizagem.

ObjetivosAo final desse trecho, você chegará a um porto seguro, com condição de:

Entender o que desencadeou o Golpe militar de 1964, ocorrido no Brasil;

Identificar quais as conseqüências para a sociedade brasileira do referido golpe;

Compreender quais os desdobramentos do golpe militar para o campo da educação.

Page 4: Fasciculo_08.pdf

Aula 08  Fundamentos Sócio-filosóficos da Educação2 Aula 08  Fundamentos Sócio-filosóficos da Educação

Zarpando...Iniciamos a rota refletindo sobre o modelo econômico no Brasil – o Capitalista. Este

modelo, ao longo da história, contou com o apoio da educação para se consolidar e garantir a manutenção dos seus princípios organizativos, no Brasil, especialmente.

Por outro lado, no mundo, outros modelos de sociedade também disputavam espaço: o Socialismo e o Comunismo. Essas idéias vieram ao Brasil por meio, também, dos imigrantes, que aqui chegaram por conseqüência do forte desenvolvimento da indústria e da necessidade de mão-de-obra especializada para atender a essa demanda. Recebemos um grande contingente de espanhóis, italianos, alemães, que trouxeram, além da força de trabalho, as idéias que efervesciam na Europa e no mundo.

Essas novas idéias exerceram forte influência nos trabalhadores, que buscavam fortalecer sua organização à procura de direitos sociais, culturais e reivindicando mais participação política.

Vejamos o desenrolar desse momento

histórico ao longo dessa rota.

No decorrer do século XX, vivemos um forte desenvolvimento da indústria – passávamos do modelo agrário-exportador para o urbano industrial. À medida que a sociedade brasileira foi de desenvolvendo, as duas classes sociais (burguesia/trabalhador) começavam a tornar visíveis suas opiniões e deixavam claros os seus interesses, diametralmente antagônicos.

Socialismo

O Socialismo clássico é, teoricamente, um sistema político em

que todos os meios de produção pertencem

à coletividade, em que não existiria o direito à

propriedade privada e as desigualdades sociais

seriam pequenas. Seria um sistema de transição

para o comunismo, em que não existiria mais

Estado nem desigualdade social - portanto o

Estado socialista deveria diminuir gradualmente até

desaparecer. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/

wiki/Socialismo, acesso em: 15julho/2007.

Comunismo

O Comunismo é um sistema econômico que

nega a propriedade privada dos meios de produção. Num sistema comunista

os meios de produção são de propriedade comum

a todos os cidadãos e são controlados por seus

trabalhadores. Sob tal sistema, o Estado não tem

necessidade de existir e é extinto. Disponível em:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Socialismo, acesso

em: 15julho/007.

Page 5: Fasciculo_08.pdf

Aula 08  Fundamentos Sócio-filosóficos da Educação Aula 08  Fundamentos Sócio-filosóficos da Educação 3

Já no início dos anos 60, quando emergiam e ganhavam força no Brasil movimentos sociais, que expressavam correntes sócio-filosóficas de pensamento não conservadoras, vivíamos um processo de politização dos trabalhadores que estavam participando ativamente do movimento estudantil, dos sindicatos, das comissões de fábrica, das associações de bairros, dos partidos políticos etc... Todos reunidos em torno da construção de um projeto político para o país, baseado em um modelo de desenvolvimento diferente do modelo Capitalista, inspirados nas idéias: comunistas, socialistas, sociais-democráticas e anti-imperialistas, que se opunham ao Populismo de Getúlio Vargas ao Fascismo de Mussolini (Ditador na Itália de 1922-1943) e ao Nazismo de Hitler (ditador na Alemanha de 1933-1945).

Ocorre que uma outra frente, defendendo seus interesses de classe - a burguesa - também se organizava para limitar e/ou suprimir essa efervescência de idéias e não queria perder o Poder Político. Para tanto, utilizava-se, especialmente, do Exército Brasileiro, gerando uma crise entre os interesses de classe.

Para o professor Florestan Fernandes (1980), o que se procurava impedir era a transição de uma democracia restrita para uma democracia de participação ampliada que ameaçava o início da consolidação de um regime democrático-burguês, no qual vários setores das classes trabalhadoras (mesmo de massas populares mais ou menos marginalizadas, no campo e na cidade) contavam com crescente espaço político.

Os cenários nacional e internacional que antecedem o Golpe...

No Cenário Nacional - Em meio à crise política que se arrastava, desde a renúncia de Jânio Quadros, em 1961, assume o vice, João Goulart (1961-1964), que fez um governo marcado pela abertura às organizações sociais, causando a preocupação

das classes conservadoras, da Igreja Católica, dos militares e da classe média. Esse estilo populista e de esquerda chegou a gerar preocupação, até mesmo, nos EUA que, junto com as classes conservadoras brasileiras, temiam a implantação do comunismo e uma guinada do Brasil, para o chamado Bloco Socialista.

No Cenário Internacional - Estávamos na efervescência da Guerra Fria. A partir de 1945, os EUA recuperaram sua força mundial, abalada pela crise de 1929. A economia do grande país capitalista recompõe-se, voltando a ditar as regras para o mercado mundial. Os países europeus, que saíam da 2ª Guerra com profundas dificuldades econômicas, precisavam do apoio dos americanos e, para obtê-lo, era fundamental ser contra a URSS que, segundo o governo americano, era a inimiga da democracia e do desenvolvimento capitalista. Nesse sentido, nasce uma forte aliança anti-comunista, comandada pelos norte-americanos.

Populismo de Getúlio Vargas

Para saber mais sobre este assunto, pesquise sobre: Revolução de 1930, A Intentona Comunista, A Aliança Nacional Libertadora, O Populismo de Jânio Quadros e de Getúlio Vargas.

Guerra Fria

designação atribuída ao conflito político-ideológico entre os Estados Unidos (EUA), defensores do capitalismo, e a União Soviética (URSS), defensora do socialismo, compreendendo o período entre o final da Segunda Guerra Mundial e a extinção da União Soviética. É chamada “fria” porque não houve qualquer combate físico, embora o mundo todo temesse a vinda de um novo conflito mundial por se tratarem de duas superpotências com grande arsenal de armas nucleares. Norte-americanos e soviéticos travaram uma luta ideológica, política e econômica durante esse período. Disponível: http://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_Fria, acesso em: 12junho/2007.

Page 6: Fasciculo_08.pdf

Aula 08  Fundamentos Sócio-filosóficos da Educação� Aula 08  Fundamentos Sócio-filosóficos da Educação

UNE

União Nacional dos Estudantes, foi proibida de funcionar por um Decreto-

Lei 477. O ministro da Ministro da Justiça

declarou: que “estudantes têm que estudar” e “não

podem fazer baderna”. Disponível em: www.

pedagogiaemfoco.pro.br/heb10htm, acesso em:

12junho/2007

Governo da Junta

Disponível em: http://net/principal/2004-03-

ditadura40-presidentes.html, acesso em:

23agosto/2007.

Em 31 de março de 1964, estoura o Golpe Militar

E com ele, num período de duas décadas, somos “governados” por uma forte repressão e uma sucessão de cinco Generais Militares na Presidência. São eles:

De 1964-1967 - Castello BrancoDurante esse período Castelo Branco estabeleceu eleições indiretas para presidente;

dissolveu os partidos políticos; vários parlamentares federais e estaduais tiveram seus mandatos cassados; cidadãos tiveram seus direitos políticos e constitucionais cancelados e os sindicatos receberam intervenção do governo militar. Foi instituído o bipartidarismo: Movimento Democrático Brasileiro (MDB) e a Aliança Renovadora Nacional (ARENA); O governo militar impõe, em janeiro de 1967, uma nova Constituição para o país. Aprovada nesse mesmo ano, a Constituição de 1967, que confirma e institucionaliza o regime militar e suas formas de atuação.

De 1967-1969 - Governo Costa e SilvaEssa fase do governo militar tinha à frente o General Costa e Silva que sucedeu a

Castelo Branco. Eleito indiretamente pelo Congresso Nacional, foi um governo marcado por protestos e manifestações sociais.

A oposição ao regime militar crescia no país e uma das forças era a UNE que organizou, no Rio de Janeiro, a Passeata dos Cem Mil. Acontece, ao mesmo tempo, o movimento sindical organizado em Contagem (MG) e Osasco (SP), greves de operários paralisam fábricas em protesto ao regime militar. A guerrilha urbana começa a se organizar, formada por jovens idealistas de esquerda, que assaltavam bancos e seqüestravam embaixadores com a intenção de arrecadar fundos para custear o movimento de oposição armada. No dia 13 de dezembro de 1968, o governo decreta o Ato Institucional Número 5 (AI-5). Esse foi o mais duro dos governos militares, pois aposentou juízes, cassou mandatos, acabou com as garantias do habeas-corpus e aumentou a repressão militar e policial, contra todos que pensavam diferente, indistintamente.

De 1969-1969 - Governo da JuntaEste governo foi formado devido à doença que acomete o Gen. Costa e Silva. Após

grandes brigas entre os generais pelo poder, ocorre o que ficou conhecido como o “golpe dentro do golpe” e assumem as três forças Militares: Aurélio de Lira Tavares (Exército),

Page 7: Fasciculo_08.pdf

Aula 08  Fundamentos Sócio-filosóficos da Educação Aula 08  Fundamentos Sócio-filosóficos da Educação 5

Augusto Rademaker (Marinha) e Márcio de Sousa e Melo (Aeronáutica); Com esse grupo se fortalece o SNI – Sistema Nacional de Informação, que passa a determinar as ações no país em nome da segurança Nacional. O SNI se imbui de um poder quase ilimitado para punir e ser truculento com qualquer um que se opunha às suas determinações.

Neste período, dois grupos guerrilheiros de esquerda, O MR-8 e a ALN seqüestram o embaixador dos EUA, Charles Burke Elbrick, primeiro diplomata americano a ser vítima de um seqüestro no mundo, e, em troca, exigem a libertação de 15 presos políticos, que foi atendida. Mas, em represália, em 18 de setembro, o governo decreta a Lei de Segurança Nacional. Essa lei decretava o exílio e a pena de morte em casos de “guerra psicológica adversa, ou revolucionária, ou subversiva”. Uma das vítimas deste período foi o líder da ALN, Carlos Mariguella, que foi morto pelas forças de repressão em 1969, no estado de São Paulo.

De 1969-1974 - Governo MediciEste general foi escolhido pela Junta Militar. E é considerado o mais duro e repressivo

do período - “os anos de chumbo” pela forte repressão, especialmente, a luta armada. Médici impõe uma forte censura: jornais, revistas, livros, peças de teatro, filmes, músicas e outras formas de expressão artística são censurados. Fortalece o DOI-Codi (Destacamento de Operações e Informações e Centro de Operações de Defesa Interna), militares treinados em parceria com o governo americano e que atuam como centro de investigação e repressão do governo militar. Em contra-ponto ganha força no campo a guerrilha rural, principalmente no Araguaia. A guerrilha do Araguaia é fortemente reprimida pelas forças militares.

É em seu governo que vivemos “O Milagre Econômico”, construído artificialmente por empréstimos do exterior. Nesse governo, foram gerados artificialmente milhões de empregos pelo país e executadas obras faraônicas, como a Transamazônica, a ponte Rio – Niterói. Os militares, especialmente Médici, deixaram uma conta impagável: a dívida externa Brasileira.

De 1974-1979 - Governo GeiselÉ neste governo que se inicia a lenta transição rumo à democracia, no momento em

que se vive o fim do milagre econômico e uma profunda insatisfação popular, gerada pela crise do petróleo e a recessão mundial, que gerou diminuição dos créditos e empréstimos internacionais. O governo Geisel anuncia a abertura política lenta, gradual e segura. E a oposição começa a ter a confiança do povo brasileiro, que é demonstrada nas eleições, nos estados e municípios. Com isso, os militares de linha dura começaram a promover ataques clandestinos aos membros da esquerda. Uma das vítimas é o jornalista Vladimir Herzog que é assassinado em 1975, nas dependências do DOI-Codi, em São Paulo.

Devido às pressões populares e a resistência da esquerda, acaba, em 1978, o AI-5. Com isso restaura-se o habeas-corpus e abre caminho para a volta da democracia no Brasil.

MR-8

O Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8) é uma organização brasileira de esquerda de orientação marxista-leninista. O MR-8 participou da resistência armada ao regime militar de 1964 no Brasil. Seu nome lembra a data em que foi capturado pela CIA, na Bolívia, o guerrilheiro argentino Ernesto “Che” Guevara. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/MR-8, acesso em: 12junho/2007.

ANL

A Ação Libertadora Nacional (ALN) foi uma organização comunista brasileira de resistência ao regime militar de 1964, surgida no final de 1967, com a expulsão de Carlos Marighella do Partido Comunista do Brasil (ex-PCB), após sua participação na conferência da OLAS, em Havana. Tinha a proposta de uma ação objetiva e imediata contra a ditadura, defendendo a luta armada e a guerrilha como instrumento de ação política visando a construção de um estado comunista. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/ALN, acesso em: 12junho/2007.

Page 8: Fasciculo_08.pdf

Aula 08  Fundamentos Sócio-filosóficos da Educação� Aula 08  Fundamentos Sócio-filosóficos da Educação

De 1979-1985 - Governo FigueiredoComeça a acelerar o processo de redemocratização, com a criação da Lei da Anistia

e com isso o direito de retorno ao Brasil para os políticos, artistas e demais brasileiros exilados e condenados por crimes políticos. Mas, os militares de linha dura, contrários à Lei, continuam com a repressão clandestina. Cartas-bomba são colocadas em órgãos da imprensa e da OAB (Ordem dos advogados do Brasil); uma delas explode durante um show no centro de convenções do Rio Centro, em 1981, fazendo várias vítimas fatais. Esse ato foi atribuído aos militares, mas sem provas, não houve punições.

É no governo do General Figueiredo que é restabelecido o pluripartidarismo no país e os partidos voltam a funcionar dentro da normalidade. A ARENA muda o nome e passa a ser PDS, enquanto o MDB passa a ser PMDB. São criados o Partido dos Trabalhadores (PT) e o Partido Democrático Trabalhista (PDT). Ambos com bandeiras de luta contra o regime militar e exigindo a redemocratização, nasce a Campanha pelas eleições diretas em 1984, políticos de oposição, artistas, atletas e milhões de brasileiros participam do movimento das Diretas Já. Conseguindo a aprovação, após muita luta da Emenda Dante de Oliveira, que exigia eleições diretas para presidente naquele ano. Infelizmente, não conseguimos exatamente o queríamos, sua aprovação. Mas, devido à forte pressão popular, no dia 15 de janeiro de 1985, o Colégio Eleitoral escolheria o deputado Tancredo Neves para Presidente da República.

Outra surpresa frustrante: o presidente eleito Tancredo Neves fica doente, antes de assumir, acaba falecendo, e assume o vice-presidente, José Sarney. Três anos de governo e é aprovada, em 1988, uma nova constituição para o Brasil, que se esforça para apagar os resquícios da ditadura militar e estabelecer os princípios democráticos.

Ufa... quantas informações até aqui.

Preferimos fazer a leitura corrida, para não segmentarmos a história e facilitar sua compreensão e nosso diálogo. Após a leitura, vamos juntos tentar resgatar e fortalecer nossa compreensão, conversando com pessoas que viveram esse período histórico, que tantas conseqüências trouxe para a sociedade brasileira.

Page 9: Fasciculo_08.pdf

Aula 08  Fundamentos Sócio-filosóficos da Educação Aula 08  Fundamentos Sócio-filosóficos da Educação �

Atividade 1

sua

resp

osta

Após a realização da atividade 1, em que você já pode construir uma

síntese sobre as diferentes opiniões sobre o tema.

Vejamos, afinal, o que representou o Golpe de 64? Que

conseqüências trouxe para a sociedade e para a educação?

Entreviste 05 moradores de sua comunidade (ou de sua escola) com mais de 50 anos. Elabore previamente perguntas sobre o período da Ditadura Militar e construa uma síntese, a partir das respostas dos entrevistados estabelecendo relações com as suas leituras até aqui, verifique o que ficou na memória política dos mesmos sobre esse período. Se possível, aborde o tema educação, nas entrevistas. Essa atividade apoiará o entendimento da relação ente ditadura militar no Brasil e nosso modelo de educação, que é abordado ao longo desta aula.

Esse conjunto de atitudes tomas pelos governos militares, que você viu ao longo da viagem até aqui, nos legou, além das mortes e do sofrimento de muitos brasileiros, um problema sociológico: a despolitização de nosso povo que, ao longo de mais de 20 anos,

Page 10: Fasciculo_08.pdf

Aula 08  Fundamentos Sócio-filosóficos da Educação8 Aula 08  Fundamentos Sócio-filosóficos da Educação

teve dificuldade de acesso à informação e à história e, com isso, permitiu, por omissão, que pessoas de má fé e interesses escusos administrassem as riquezas de nosso imenso país.

Veja, abaixo, o texto da entrevista do professor Emir Sader, ao Jornalista Rodolfo Viana, falando sobre esse momento histórico do nosso país, publicado no site de USP em 2004.

Emir Simão Sader

Doutor em Ciência Política, pensador de orientação marxista, professor da

USP/SP, da Universidade do Chile e da UNICAP.

Atualmente, colabora com publicações nacionais e estrangeiras e é um dos organizadores do

Fórum Social Mundial. Autor de “A Vingança da

História”, entre outros livros. Na ditadura militar, participou da organização clandestina de esquerda -

POLOP - Política Operária que lutou contra o

regime militar. Jornalista Rodolfo Vianna: O que representou o golpe militar dentro da trajetória política do país?Sader: Foi o elemento mais regressivo que o Brasil viveu em sua história republicana.

Brecou um processo de consciência e organização popular que vinha em ascensão, liquidou o que havia de democrático na sociedade brasileira – sindicatos, movimento estudantil, universidades, setores do Estado – e impôs um modelo econômico que acelerou a elitização do capitalismo brasileiro, incentivando o consumo de luxo e a exportação, em detrimento do consumo popular. Deteriorou os serviços públicos, particularmente a educação e a saúde, de que sofremos hoje ainda as conseqüências.

Viana: O Sr. sofreu qualquer dano físico, moral ou psicológico no período da ditadura militar?

Sader: Fui detido duas vezes, mas nada grave, apenas os danos morais de ver o país ser avassalado pela força militar a serviço dos grandes monopólios e do governo norte- americano.

Viana: Exilou-se ou foi exilado?Sader: Fui condenado a 4 anos e meio de prisão, segui na clandestinidade, mas depois

acabei me exilando no Chile.

Viana: Quais forças sociais estavam envolvidas no projeto do golpe militar de 64?Sader: Basicamente, a grande burguesia brasileira, incluindo a quase totalidade da

mídia, o capitalismo internacional e o governo norte-americano.

Viana: Quais foram as heranças sociais, políticas e econômicas do período da ditadura militar para a atualidade?

Sader: Creio que a pior foi a consolidação do Brasil como uma ditadura econômica e social, concentrando mais ainda a renda e excluindo dos direitos básicos de cidadania a grande maioria da população.

Viana: Lembra de alguma intervenção externa que tenha sofrido dentro da Faculdade por motivos políticos?

Sader: Lembro da ocupação da Faculdade pelas tropas militares e a destruição do Grêmio da Faculdade, com prisão de vários estudantes.

Font

e: U

SP/ S

DI -

Asse

ssor

ia d

e Co

mun

icaç

ão -

02/0

4/20

04

Disp

onív

el e

m: h

ttp://

ww

w.ffl

ch.u

sp.b

r/sdi

/impr

ensa

/not

icia

/010

_200

4.ht

ml#

inic

io

Aces

so e

m: 1

0 de

julh

o/20

07.

Page 11: Fasciculo_08.pdf

Aula 08  Fundamentos Sócio-filosóficos da Educação Aula 08  Fundamentos Sócio-filosóficos da Educação �

Atividade 2

2

3

sua

resp

osta

Após a leitura das aulas e da entrevista do professor Sader, escreva sua opinião sobre as conseqüências do período militar para a sociedade brasileira. Respondendo:

O que significa, na prática despolitização?

Ela é apenas conseqüência da ditadura militar?

Que outros fatores favorecem a despolitização?

Nessa entrevista você pôde perceber nas palavras do professor Sader

o que houve na educação, mas, seguindo nossa viagem, vamos ver

mais detalhes da educação no período militar. Antes, porém, vamos

dar uma ancorada para a realização de uma atividade.

Page 12: Fasciculo_08.pdf

Aula 08  Fundamentos Sócio-filosóficos da Educação�0 Aula 08  Fundamentos Sócio-filosóficos da Educação

Seguindo a rota...

A s décadas de 50/60 foram muito ricas para a educação brasileira. Houve, em 1958, um segundo Manifesto: Mais uma vez Convocados, ampliado com mais de 160 assinaturas de educadores, intelectuais e políticos, que reafirmavam os termos do

Manifesto dos Pioneiros e ampliavam suas reivindicações, exigindo uma

educação pública, gratuita, liberal, sem distinção de classe, raça e crenças, apoiada nos valores democráticos e, de liberdade, de solidariedade, de cooperação, de justiça, de cidadania, de igualdade, de respeito, de tolerância, e de convivência com a diversidade étnico-cultural. Uma educação voltada para o trabalho e o desenvolvimento econômico. (SILVA, 2005, p. 60).

Esse período anterior ao ano de 1964, segundo alguns educadores, foi um dos mais férteis da história brasileira, especialmente, da história da educação. Vários nomes se destacaram, deixando sua contribuição: Anísio Teixeira, Fernando de Azevedo, Lourenço Filho, Carneiro Leão, Armando Hildebrand, Pachoal Leme, Paulo Freire, Lauro de Oliveira Lima, Durmeval Trigueiro, entre outros.

Mas, após o Golpe e a repressão a tudo e a todos, os intelectuais e muitos educadores, que contribuíram com suas idéias em prol da sociedade e da educação, em particular, foram presos, perseguidos, demitidos, exilados, mortos e outros se recolheram.

Um dos alvos dessa devastação da cultura e da organização popular foi a tentativa de destruir o Cinema Novo, que despontava como um canal de comunicação excelente entre os trabalhadores. As ações do Golpe reprimiram, negaram incentivos, censuraram roteiros etc.

Page 13: Fasciculo_08.pdf

Aula 08  Fundamentos Sócio-filosóficos da Educação Aula 08  Fundamentos Sócio-filosóficos da Educação ��

Atividade 3

Ouça

Você poderá ir ao Pólo ouvir as músicas sugeridas, lá você encontrará CD’s e DVD’s com as músicas e os filmes indicados em nossa viagem.

Contudo, de acordo com SCHWARZ(1978), excelentes filmes de autores como: Glauber Rocha, Nelson Pereira dos Santos, Joaquim Pedro de Andrade, Ruy Guerra e outros se tornaram possíveis, a partir desse novo contexto político e ideológico que se constituía no país.

Nossa educação virou o espelho do Regime Militar que, segundo Ghiraldelli Jr, (2003, p. 125/126),

se pautou pela repressão, privatização do ensino, exclusão de boa parcela dos setores mais pobres do ensino elementar de boa qualidade, institucionalização do ensino profissionalizante na rede pública regular sem qualquer arranjo prévio para tal feito, divulgação de uma pedagogia calcada mais em técnicas do que em propósitos com fins abertos e discutíveis, várias tentativas de desmobilização do magistério através de abundante e não raro confusa legislação educacional. Somente uma visão bastante condescendente com os ditadores poderia encontrar indícios de algum saldo positivo na herança deixada pela ditadura Militar.

Buscando mobilizar a sociedade e/ou simplesmente utilizando a arte como caminho para a expressão da indignação, vários artistas fizeram músicas de protesto contra a Ditadura Militar, (Pra Não Dizer Que Não Falei de Flores - Geraldo Vandré; Alegria, Alegria - Caetano Veloso; Fé Cega, Faca Amolada - Milton Nascimento; Viola Enluarada - Marcos Valle / Paulo Sérgio Valle) atuais primores da nossa Música Popular Brasileira (ver letras em anexo).

Leia as letras de música (disponíveis no tópico anexos) de nossa aula, se possível, ouça. Pesquise outras letras que tenham relação com o tema – ditadura militar no Brasil. Em seguida, escolha uma das letras para analisar os elementos de protesto contra a ditadura e a repressão política que aparecem nas letras.

Em seguida veja, o Filme ZUZU ANGEL (uma história baseada em fatos reais, do diretor Sérgio Resende que retrata bem esse período), faça uma leitura das falas e imagens e compare com os conteúdos estudados nessa aula.

2

Page 14: Fasciculo_08.pdf

Aula 08  Fundamentos Sócio-filosóficos da Educação�2 Aula 08  Fundamentos Sócio-filosóficos da Educação

Retomando a rota da Educação... – Que “medo” tinham os militares dos educadores? Que poder era esse que precisava ser reprimido?

ZUZU ANGEL

O diretor Sérgio Rezende (Guerra de Canudos) leva às telas a cinebiografia da estilista Zuzu Angel. Com Patrícia Pillar, Daniel de Oliveira, Luana Piovani, Leandra Leal, Alexandre Borges e Paulo Betti.

Brasil, anos 60. A ditadura militar faz o país mergulhar em um dos momentos mais obscuros de sua história. Alheia a tudo isto, Zuzu Angel (Patrícia Pillar), uma estilista de modas, fica cada vez mais famosa no Brasil e no exterior.

As diferenças ideológicas entre mãe e filho eram profundas. Ela, uma empresária, ele lutando pela revolução socialista e Sônia (Leandra Leal), sua mulher, partilha das mesmas idéias. Numa noite Zuzu recebe uma ligação, dizendo que “Paulo caiu”, ou seja, Stuart tinha sido preso pelos militares. As forças armadas negam e Zuzu visita uma prisão militar e nada acha, mas viu que as celas estavam tão bem arrumadas que aquilo só podia ser um teatro de mau gosto, orquestrado pela ditadura. Pouco tempo depois, ela recebe uma carta dizendo que Stuart foi torturado até a morte na aeronáutica. Então, ela inicia uma batalha aparentemente simples: localizar o corpo do filho e enterrá-lo, mas os militares continuam fazendo seu patético teatro e até “inocentam” Stuart por falta de provas, apesar de já o terem executado. Zuzu vai se tornando uma figura cada vez mais incômoda para a ditadura e ela escreve que não descarta de forma nenhuma a chance de ser morta em um “acidente” ou “assalto”.

http://adorocinema.cidadeinternet.com.br/ filmes/zuzu-angel/zuzu-angel.asp,

Acesso em: 15julho/2007.

Após entrevistar pessoas, estudar esta aula, escutar as músicas, ver o filme Zuzu Angel, pesquisar em outras fontes, podemos responder, o que “temiam” os militares?

Na verdade, a repressão não foi só contra educadores, claro. A repressão foi contra todos que pensassem diferente, quisessem construir formas de governar, administrar nosso país seguindo outros princípios. Mas a educação tem e teve um papel muito importante.

Page 15: Fasciculo_08.pdf

Aula 08  Fundamentos Sócio-filosóficos da Educação Aula 08  Fundamentos Sócio-filosóficos da Educação �3

Atividade 4

Vocês sabem o “poder da educação”. A possibilidade transformadora que o acesso ao saber e a informação trazem a todos nós. Conhecem esse algo poderoso, que nos possibilita fazer escolhas sem que ninguém nos manipule ou escolha por nós. Esse era o temor dos militares daquele período e dos que detém o poder de forma autoritária ou que querem o poder para se locupletar a qualquer custo.

Todos sabem que a educação pode, se feita com qualidade, ser uma ferramenta muito poderosa contra as ações políticas e sociais antiéticas, desonestas, irresponsáveis... Nesse sentido, investiram os capitalistas e os militares contra a educação e a escola.

Aproveite o trabalho de pesquise que você fez e faça um fechamento, uma síntese dos aspectos mais importantes, ilustre com novas informações que você deverá pesquisar na internet, sobre o período da ditadura militar no Brasil.

E o que eles fizeram na prática:Os militares defensores da ditadura entendiam que a educação não devia ser igual para

todos, mas sim, que deveria ser dividida e oferecida às classes sociais de forma diferente. A educação não deveria causar na classe trabalhadora a expectativa falsa de que poderia ascender social e financeiramente, por meio da escolarização e da formação profissional. Nesse sentido, colocaram a educação, a escola a serviço do mercado, oferecendo uma educação para a classe trabalhadora e outra para a burguesia. Ações que foram explicitadas, de forma bastante clara, nas reformas educacionais contidas na legislação elaborada pela ditadura militar: Lei n.º 5.540/1968 que tratou do ensino superior e a Lei n.º 5.692/1971 que abordou o ensino médio, veremos mais profundamente nas rotas/aulas seguintes.

As ações para a educação no período ditatorial foram fortemente articuladas pelo Ministério da Educação Brasileiro e pelo governo americano, firmado por meio de vários acordos internacionais. Os mais importantes e nefastos foram os 12 acordos entre o Ministério da Educação (MEC) e o United States Agency for International Development, (USAID), ou simplesmente, MEC-USAID, que tinham o objetivo de implantar o modelo norte americano nas universidades brasileiras por meio de uma profunda reforma universitária. Segundo os pesquisadores, o ensino superior exerceria um papel estratégico porque caberia a ele forjar o novo quadro técnico que desse conta do novo projeto econômico brasileiro, alinhado com a política norte-americana, bem como objetivava a contratação de assessores americanos para auxiliar nas reformas da educação pública, em todos os níveis de ensino:

Page 16: Fasciculo_08.pdf

Aula 08  Fundamentos Sócio-filosóficos da Educação�� Aula 08  Fundamentos Sócio-filosóficos da Educação

Resumo

n No caso do ensino superior, essa reforma, dentre outras coisas, propunha à quebra de um dos pilares mais importantes da educação superior: a tríade, ensino-pesquisa-extensão, destruída pelo burocracia e pela departamentalização, ou seja, os professores seriam organizados em departamentos e não mais por áreas de conhecimento e afinidades teóricas. O lema passou a ser o proposto pelo Taylorismo-Fordismo: racionalidade, eficiência e produtividade;

n Matrícula por disciplinas, dividindo o curso em créditos de forma parcelada, quebrando a lógica das “turmas”, dessa forma, dificultando o relacionamento entre os alunos e a organização do movimento estudantil: “um calo no pé” da ditadura militar;

n Vestibular unificado e classificatório, acabando assim, com a grande reivindicação do movimento estudantil: resolver a questão dos excedentes (candidatos que eram aprovados mas não podiam efetivar matrículas devido ao número insuficiente de vagas);

Para os professores, os militares criaram, a partir do Ato Institucional N.º 5 e de decretos Lei, uma legislação específica que possibilitou a punição severa aos chamados agitadores, criou a infração disciplinar, instrumento com o qual poderiam demitir, suspender, prender, instaurar inquérito policial. Enfim, o instrumento necessário para fazer com que fossem severamente punidos aqueles que pensavam e ensinavam a pensar.

Foram muitas as atrocidades cometidas nesse período histórico. Pesquise mais sobre esse assunto, é importante manter nossa memória viva e, assim, nunca mais permitir a repetição desta história.

Nesta nossa oitava aula, você estudou sobre o nosso o período da ditadura militar que representou um período de muitas perdas para a sociedade brasileira, especialmente, a despolitização que tem conseqüências negativas ainda hoje, pôde entender o cenário nacional e internacional que desencadeou aqui no Brasil o golpe, crise política, guerra fria. Viu as conseqüências desse período para a sociedade brasileira, desinteresse, despolitização e, conseqüentemente, a falta de participação. Bem como, puderam compreender os graves desdobramentos trazidos para a educação, com especial ênfase no ensino superior, tais como acordos MEC-USAID, sistema de créditos, departamentalização, burocracia excessiva, criação das chamadas disciplinas e desarticulação dos estudantes e dos professores, com o sistema de crétitos.

Taylorismo-Fordismo

a “junção” do pensamento desenvolvido pelo

engenheiro americano Frederick Winslow Taylor

considerado o pai da administração científica,

que pretendia definir princípios científicos

para a administração das empresas: planejmento,

preparação dos trabalhadores (tempos e movimentos), controle,

execução (distribuição de tarefas). Para ele, o bom operário não discute as

ordens, nem as instruções, faz o que lhe mandam

fazer. Com o pensamento do empresário, também americano, Henry Ford,

criador de um modelo de produção em grande

escala que revolucionou a indústria automobilística

na primeira metade do século XX. Ford utilizou

à risca os princípios de padronização e

simplificação de Frederick Taylor e desenvolveu

outras técnicas avançadas para a época.

Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/

Princ%C3%ADpio_da_execu%C3%A7%C3%A3,

acesso em 27 de julho/2007

Page 17: Fasciculo_08.pdf

Aula 08  Fundamentos Sócio-filosóficos da Educação Aula 08  Fundamentos Sócio-filosóficos da Educação �5

Auto-avaliaçãoEssa é a hora da síntese refletida, da construção do seu DIÁRIO DE BORDO. Você fez

a viagem, leu os textos, respondeu às atividades, visitou os sites, assistiu aos filmes, aos vídeos, mas, com certeza, foi mais além.

Seguindo nosso processo de construção de conhecimentos e buscando saber se você atingiu os objetivos propostos, reflita sobre as conseqüências da ditadura militar para a sociedade e para a educação no Brasil. Como seria, em sua opinião, se nossa experiência histórica de nação fosse a vivência apenas do processo democrático, como nossa sociedade procederia diante da: corrupção, concentração de renda, da educação atual etc... Será que haveria tanta passividade? Justifique.

Page 18: Fasciculo_08.pdf

Aula 08  Fundamentos Sócio-filosóficos da Educação�� Aula 08  Fundamentos Sócio-filosóficos da Educação

Page 19: Fasciculo_08.pdf

Aula 08  Fundamentos Sócio-filosóficos da Educação Aula 08  Fundamentos Sócio-filosóficos da Educação ��

ReferênciasFERNANDES, F. Brasil, em compasso de espera. São Paulo: Hucitec, 1980.

____________. A revolução Burguesa no Brasil: Ensaio de interpretação sociológica. 3.ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 1987.

GUIRALDELLI JR. P. Filosofia e História da Educação Brasileira. Barueri, SP: Manoli, 2003.

MENEZES, E. T. de. “MEC/USAID” (verbete). Dicionário Interativo da Educação Brasileira. São Paulo: Midiamix Editora, 2002.

MELLO, G. N. de. A Pesquisa educacional no Brasil. Cadernos de Pesquisa. São Paulo (46): 67-72, ago., 1983.

MAIA, A. M. A era Ford: Filosofia, ciência, Técnica. Salvador: Casa da Qualidade, 2002.

ROMANELLI, O. História da Educação no Brasil. Petrópolis: Vozes, 2003.

SCHWARZ, R. O pai de família e outros estudos. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978.

Page 20: Fasciculo_08.pdf

Aula 08  Fundamentos Sócio-filosóficos da Educação�8 Aula 08  Fundamentos Sócio-filosóficos da Educação

Anexo

1. Pra Não Dizer Que Não Falei De Flores Geraldo Vandré

Caminhando e Cantando e seguindo a cançãoSomos todos iguais braços dados ou nãoNas escolas, nas ruas, campos, construçõesCaminhando e Cantando e seguindo a canção

[refrão:]Vem, vamos embora que esperar não é saberQuem sabe faz a hora não espera acontecerVem, vamos embora que esperar não é saberQuem sabe faz a hora não espera acontecerPelos campos a fome em grandes plantaçõesPelas ruas marchando indecisos cordõesAinda fazem da flor seu mais forte refrãoE acreditam nas flores vencendo o canhão

[refrão]Há soldados armados, amados ou nãoQuase todos perdidos de armas na mãoNos quartéis lhes ensinam uma antiga liçãoDe morrer pela pátria e viver sem razão

[refrão]Nas escolas, nas ruas, campos, construçõesSomos todos soldados armados ou nãoCaminhando e cantando e seguindo a cançãoSomos todos iguais braços dados ou nãoOs amores na mente, as flores no chãoA certeza na frente, a historia na mãoCaminhando e cantando e seguindo a cançãoAprendendo e ensinando uma nova lição

2. Alegria, Alegria - Caetano Veloso

Caminhando contra o ventoSem lenço, sem documentoNo sol de quase dezembroEu vou.

O sol se reparte em crimes,Espaçonaves, guerrilhasEm Cardinales bonitasEu vou

Em caras de presidentes,Em grandes beijos de amor.Em dentes, pernas, bandeiras,Bomba de Brigitte Bardot

(O sol nas bancas de revistaMe enche de alegria e preguiça:Quem lê tanta revista?)

Eu vouPor entre fotos e nomesOs olhos cheios de coresO peito cheio de amoresVãos

Eu vouPor que não? Por que não?

(Ela pensa em casamentoE eu nunca mais fui à escola)Sem lenço, sem documento

Eu vou,

Eu tomo uma Coca-Cola(Ela pensa em casamento)E uma canção me consola,

Eu vou.

Por entre fotos e nomes,Sem livros e sem fuzil.

Sem fome, sem telefoneNo coração do Brasil

(Ela nem sabe - até penseiEm cantar na televisão)

O sol é tão bonito

Eu vouSem lenço, sem documento,Nada no bolso ou nas mãos,

Eu quero seguir vivendo,Amor

Eu vouPor que não? Por que não?

Page 21: Fasciculo_08.pdf

Aula 08  Fundamentos Sócio-filosóficos da Educação Aula 08  Fundamentos Sócio-filosóficos da Educação ��

3. Como Nossos Pais - Elis Regina

4.Viola enluarada Marcos Valle & Paulo Sérgio Valle

A mão que toca um violão Se for preciso faz a guerraMata o mundoFere a TerraA voz que canta uma canção Se for preciso canta um hinoLouva a morte Viola em noite enluarada No sertão é como espadaEsperança de vingançaO mesmo pé que dança um samba Se preciso Vai à lutaCapoeiraQuem tem de noite a companheiraSabe que a paz é passageiraPra defendê-la se levanta E grita: Eu vou!Mão, violão, canção, espada E viola enluaradaPelo campo e cidadePorta-bandeira, capoeira Desfilando vão cantandoLiberdadeLiberdade.

Não quero lhe falarMeu grande amorDas coisas que aprendiNos discos...

Quero lhe contar como eu viviE tudo o que aconteceu comigoViver é melhor que sonharEu sei que o amorÉ uma coisa boaMas também seiQue qualquer cantoÉ menor do que a vidaDe qualquer pessoa...

Por isso cuidado meu bemHá perigo na esquinaEles venceram e o sinalEstá fechado prá nósQue somos jovens...

Para abraçar seu irmãoE beijar sua menina, na ruaÉ que se fez, o seu braçoO seu lábio e a sua voz...

Você me perguntaPela minha paixãoDigo que estou encantadaComo uma nova invençãoEu vou ficar nesta cidadeNão vou voltar pr’o sertãoPois vejo vir vindo no ventoCheiro da nova estaçãoEu sei de tudo na ferida vivaDo meu coração...

Já faz tempoEu vi você na ruaCabelo ao ventoGente jovem reunidaNa parede da memóriaEssa lembrançaÉ o quadro que dói mais...

Minha dor é perceberQue apesar de termos

Feito tudo o que fizemosAinda somos os mesmosE vivemosAinda somos os mesmosE vivemosComo Os Nossos Pais...

Nossos ídolosAinda são os mesmosE as aparênciasNão enganam nãoVocê diz que depois delesNão apareceu mais ninguémVocê pode até dizerQue eu tô por foraOu entãoQue eu tô inventando...

Mas é vocêQue ama o passadoE que não vêÉ vocêQue ama o passadoE que não vêQue o novo sempre vem...

Hoje eu seiQue quem me deu a idéiaDe uma nova consciênciaE juventudeTá em casaGuardado por DeusContando vil metal...

Minha dor é perceberQue apesar de termosFeito tudo, tudoTudo o que fizemosNós ainda somosOs mesmos e vivemosAinda somosOs mesmos e vivemosAinda somosOs mesmos e vivemosComo Os Nossos Pais...

Page 22: Fasciculo_08.pdf

Aula 08  Fundamentos Sócio-filosóficos da Educação20

Anotações

Page 23: Fasciculo_08.pdf

Aula 08  Fundamentos Sócio-filosóficos da Educação

Page 24: Fasciculo_08.pdf

SEB/SEED