Fasciculo 28 trabalhos de ferro

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28 EHCIQOPÉDIA PRÁTICA DA COKSTRUÇAO CIVIL TRABALHOS DE FERRO PREÇO 15100 SUMÁRIO: O FERRO QUALIDADES PERFIS PESOS ASNAS CAIXILHOS PORTAS INTERIORES E EXTERIORES PORTÕES ESCADAS DE LANÇOS E DE CARACOL —• GRADES GBADEAMEIÍT®S LIGAÇÕES 20 FIGURAS EDIÇÃO DO AUTOR , F. PEREIRA DA COSTA DISTRIBUIÇÃO DA POKTUGÁLIA EDITOKA LISBOA PREÇO i5#oo

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Trabalhos de ferro na construção civil

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28 EHCIQOPÉDIA PRÁTICADA COKSTRUÇAO CIVIL

T R A B A L H O SD E F E R R O

PREÇO 15100

S U M Á R I O :O F E R R O — Q U A L I D A D E S — PERFIS — P E S O S — A S N A S —

C A I X I L H O S — P O R T A S I N T E R I O R E S E E X T E R I O R E S — PORTÕES —

ESCADAS DE LANÇOS E DE CARACOL —• GRADES — GBADEAMEIÍT®S —

LIGAÇÕES — 20 FIGURAS

EDIÇÃO DO AUTOR, F. PEREIRA DA COSTA

DISTRIBUIÇÃO DA POKTUGÁLIA EDITOKAL I S B O A PREÇO i5#oo

Page 2: Fasciculo 28 trabalhos de ferro

28TEXTO E DESENHOS DE W. PEREIRA D & COSTA

TRABALHOS DE FERROferro que actualmente se emprega na Construção

Civil é quase que exclusivamente o ferro lami-nado. O ferro fundido só tem utilização na construçãode algumas colunas e pouco mais. O ferro galvanizadotem aplicação nas tubagens para água e nas chapas paracoberturas. O ferro preto, esse só se utiliza nos tubospara canalizações várias.

O ferro laminado é, por conseguinte, o metal quetem mais larga aplicação nos trabalhos apropriados àconstrução da casa.

É com o ferro laminado que se constróem portas,portões, caixilhos, asnas e estruturas de telhados e al-pendres.

As grades para janelas, vedações, estufas e varandassão como é óbvio construídas com ferro laminado. Écom esta classe de ferro que se executam os famosos tra-balhos de ferro forjado, apreciadíssimas obras artísticasda serralharia civil.

Ultimamente também se tem empregado o ferro lami-nado na construção de mobiliário moderno.

Fig. 1. —ASNAS DE FERROl e 2 — Asnas Belgas; 3 — Asna de Polonceau; 4 — Asna Triangular; 5 e 6 — Asnas Inglesas; 7 — Asna Curva:

8 — Ama de Lanternim; 9 — Asna Fabril (Shed)

— l —

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T R A B A L H O S D E F E R R O

O R R Oconstrução civil é o ferro o único metal que compropriedade aí tem o seu lugar. Além do ferro

poucos são os metais que entram em qualquer dos tra-balhos dessa indústria.

O latão e o bronze só entram na construção da casacomo elementos de motivos decorativos e mais nada.

Dos outros metais nem se fala. O próprio chumbo,tão útil nas tubagens das canalizações, já é substituídoeom vantagens pelo ferro.

O zinco também tem cedido o seu lugar ao ferro.Vêem-se com frequência os algerozes e os tubos de

queda construídos de ferro. As coberturas de zinco de-sapareceram, sendo substituídas pelas resistentes chapasonduladas de ferro galvanizado.

Nas grades das varandas de certas edificações de ca-tegoria vêem-se, por vezes, motivos de metais caros.mas só, repetimos, dentro da decoração. O ferro pres-ta-se muitíssimo bem à missão que dele se espera, emtodos os trabalhos da serralharia civil, desde os pesa-dos vigamentos aos elegantes perfis utilizados no ramoda decoração.

O ferro industrial, é, por conseguinte, um bom mate-rial que as construções modernas necessitam, desde ostrabalhos de betão armado, às grades, vigamentos eportões.

C O M P O S I Ç Ã O M I N E R A L

ferro ó um metal que se encontra facilmente emtodas as formações geológicas, combinado com

oxigénio, níquel, enxofre e outros elementos.Os principais minerais empregados para a fabricação

do ferro industrial são: f erro magnético ; f erro olígistaou peróxião de ferro; ferro oxidado vermelho, que sesubdivide em hematite vermelha, óxido vermelho compostoe óxido vermelho ocreoso; ferro hidratado, hidratado es-curo ou hematite escura, hidratado composto, hidratadosalítico, hidratado granulado e hidratado lodoso ; f erroearbonetaão ou das hulheiras, espático branco, espáticoescuro e earbonetaão litoide ; ferro silicioso.

No entanto o mineral mais apropriado para a produ-ção do ferro é uma combinação de oxigénio com ferropuro, que propriamente é um óxido de ferro ; e que seencontra no solo em camadas, veios ou filões, ou disse-minado nas areias de aluviões.

Porém, este oxigénio raras vezes está livre de ma-térias estranhas ; geralmente trás sempre fragmentos derocha.

As camadas deste mineral que são regulares, são pa-ralelas ao plano de estratificação dos terrenos onde seencontram.

A grande produção de ferro ó obtida em altos fornosonde se junta ao minério carbonato de cal, que tornafusíveis os fragmentos de rocha que acompanham o oxi-génio, e a alta temperatura ajuda a combinação do ferrocom o carbono, fazendo a fundição.

A fim de converter a fundição em ferro é preciso ti-rar-lhe o carbono e a sílica, procedendo-se à operaçãode afinagem, que consiste em descarburar o ferro fun-dido pela fusão e a bate-lo a martelo para lhe expulsaras escórias.

Para a afinagem o ferro fundido é aquecido com le-nha, mas também se faz a sua purificação com calorproduzido pelo hulha, tomando neste cago a operaçãoo nome de pudelagem (#).

Q U A L I D A D E S

ferro tratado pelo calor da lenha ó superior ao queé tratado pelo fogo da hulha. E é esta a razão

porque os ferros suecos gozam de melhor preferenciado que os ferros ingleses. . .

Os melhores ferros são os que apresentam a cor decinzento-claro e na sua fractura mostrarem grãos finos 'e muito juntos. • , :,.;;•>; j

As más qualidades do ferro são geralmente devidasàs impurezas do mineral, muitas vezes contendo enxo-fre, fósforo, cobre, zinco 'e substâncias que o tornamquebradiço e negro.

As principais qualidades do ferro são a ductilidadee a maleabilidade, a força e os tendões, enquanto queos seus principais defeitos são a presença de corpos es-tranhos, a oxidação e as imperfeições da fundição.

As principais espécies de ferro são : ferro doce, ferroduro, ferro forte, ferro mestiço, ferro agro ou quebradiço,ferro defeituoso, ferro quebradiço a frio e ferro quebra-diço a quente ou ferro falhado.

A contextura do ferro deve ser granulosa, cristalinaou fibrosa.

O ferro cristalino e granoiloso ó mais quebradiço e ofibroso ó mais resistente e por isso melhor para a in-dústria.

O ferro doce é o mais puro e o mais dúctil, e, a suacontextura é granulosa, tornando-se, porém, fibrosa nacilindragem. Relativamente brando tanto a frio como aquente, torna-se facilmente rubro na forja.

O ferro duro é bastante forte, mas devido às substânciasque contém, é muito frágil, quebrando facilmente a frio,por causa da sílica que possue em quantidade.

O ferro forte é muitíssimo resistente a todos os es-forços.

O ferro mestiço que contém muito enxofre e algumarsénio, ó dúctil e granuloso, mas ao mesmo tempo que-bradiço mesmo a frio.

O ferro quebradiço ou agro quebra a frio e mostra nafractura pequenas facetas lisas ; liga-se muito bem e óresistente à lima.

Pudelagetn.vem-nos do inglês pudcUaye.

— S;

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T R A B A L H O S D E F E R R O

Fig. 2. — DIVEBSOS PERFIS DO FERROí) I—Viga,; 2) L—Cantoneira; 3) T—Pinâsio; 4) Barra chata; õ) Barra de meia-cana; 6) Meia~eAna ehuttt;

7) Z; 8) U; 9) Varão; 10) Venjalhão; 11) V; 12, 13 e U) Zorés; (U e V com abas)

O ferro defeituoso ó uma espécie que engloba todosos ferros mal afinados e que conservam em quantidademuitas substâncias estranhas.

O ferro quebradiço a frio ó muito duro, mas devido aconter fósforo é ao mesmo tempo muito frágil.

O f erro quebradiço a quente OM falhado é doce e dúctil,até mesmo muito dobradiço a frio, o que seria uma boaqualidade para a indústria se as suas arestas se não tor-nassem muito ásperas e agudas.

Quando quebra, este ferro apresenta na sua fractura,que ó fibrosa, uma cor escura de mistura com grãosamarelados.

Ao fogo torna-se verrnelho-claro e sobre a bigornafaz-se vermellio-escuro. É de difícil soldagem'e bastanteoxidável.

Eis de uma maneira, embora sumária, a descrição doferro, o mais precioso dos metais que exercem funçõesna Construção Civil.

P E R F I S

f~\ ferro laminado, o único que actualmente tem larga'̂'̂ aplicação na construção civil, é posto no mer-

cado com os mais diversos perfis, tanto quanto possíveladequados às necessidades da indústria.

Os mais conhecidos perfis do ferro laminado, designa-dos por perfis normais, fabricados nos altos fornos daEuropa e da América do Norte, são : vigas e vigotas I;cantoneiras L., de abas iguais e desiguais ; pinásios "T,de ramos iguais e desiguais; calhas UJ ; zorés, Ue V, com abas; paralelos Z.; barras chatas e de meia--cana, barreias e barrinhas ; varões, varetas, varinhase arames; vergalhões, vergas e verguinhas, e ainda aschapas de várias espessuras (Fig. 2).~ •-. • ,

De todos estes perfis há largaras e espessuras quesatisfazem plenamente a serralharia civil.

Os comprimentos dos perfis são variáveis, segundoa sua proveniência. As secções dos perfis são, especial-mente os de fabricação inglesa e uorte-americana, dadaspelo velho sistema de polegadas, mas os europeus jáde há muito tempo aplicam o sistema métrico decimal.

As designações das diversas partes que compõem osperfis são : banzos, alma e abas, nas vigas I; banzos,abas e ramos, nos outros perfis (Fig. 3).

Nas vigas adopía-se a designação respeitante à alturado seu perfil na fórmula NP. Assim, para uma vigade 0,16 de altura escrevemos N P 160 (Perfil normal).

Flg. 3. — NOMENCLATURA DOS PERFISA) Viga — 1) Banzos ; 2) Alma; 3) Altura do perfil;Pinasw de 'ramos desiguais; C) Cantoneiras — 4) Abat

- " iguais; 5) "Aba estreita;' 6) AVíi larga

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T R A B A L H O S DE FEEEO

Como perfis especiais temos as vigas Orey, que secaracterizam pela grande largura dos banzos, de muitautilidade em certos trabalhos.

Os diâmetros dos arames principiam a contar deOra,0002 e depois de 0™,01, já varões, vão até Ora,15.

Muitos destes perfis são também construídos em aço.As chapas de ferro são fabricadas de diversos tipos,

como lisas, estriadas e onduladas.Todos estes perfis podem ser construídos em ferro

preto e ferro galvanizado, especialmente as chapas quetêm larga aplicação assim tratadas.

P E S O S

Peso por metro linear de barras chatas

Peso por metro linear de ferro I

(Vigas e vigotas)

Largura — Espessura

Em milímetros

CA$0

90

100

679

1114161820

679

1114161820

679

111416

Peso

Em qiiilogramas

3.7404,3605,6756,9358,830

10,08511,35012,610

4,1304,8106,3207,7229,828

11,23212.64010,040

4,6735,4507,0108,567

10,90312,460

Largura — Espessura

Em milimetros

•« { £

108 •

120

125

79

1114161820

' 79

1114161820

91114161820

Peso

Em quilogramas

14.01815,577

5,9007,5709,253

11,77313,45815,14016,822

6,5428,4119,346

13,11414,97616,83018,942

8,77510,72513,65015,60017,55019,500

L argura

Emmilímetros

404650545862667074788286909498

102106

Altura

Emcentímetros

g

9101112131415161718192021222324

Peso

Emquilogramas

5,917,028,289,59

11,1012,6014,2015,9017^8019,7021,7023,8026,1028,3030,8033,3035,90

L argura

Emmilímetros

110113116119120125131137143149155163170178185200_

Altura

Emcentímetros

252627282930323436384042,54547. õ5055

Peso

Emquilogramas

38.7041,6044,5047,6050,6053,8060,6067,6075,7083,4091,80

103,00115,00127,00140,00166,00

Peso por metro linear de ferro U

Largura

Emmilímetros

33353842

Altura

Emcentímetros

30405065

45 8050 10055 120

Peso

Emquilogramas

4,244,855,557,058,60

10,5013^0

60 140 15.90

L argura

Emmilímetros

65707580859095

100

Altura

Emcentímetros

160180200220

Peso

Emquilogramas

18,7021,8025,1029,20

240 ! 33,00260280

37,0041,60

300 45,801

BIA

Fig. á.— LIGAÇÕES DE CHAPAS POR REBITESA) Rebite eom u eabega batida; B) Rebite de cabeça eontrapunçoada; C) Rebite antes de martelado

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T R A B A L H O S D E F E R R 0

Peso por metro linear de ferro L_

(Cantoneiras de Abas iguais)

Das Abas PesoEm milímetros —

— EmLargura— Espessura quilogramas

30 i

140.

45 -

150,

55 -

60 ':

65 -

4 1,776 2,55

j

4 2,086 • 3,02

468

579

2,403,494,52

3,364,575,73

õ 3,757 5,129 6,43

68

10

68

10

79

4.926,427,85

5,397,048,63

6,798,56

10 10,30

Das AbasEm milímetros

L argura — Espessura

70 .

75 •

80.

90 ,

100

110

120

1. 10

810

. 12

- 810

.12

911

Peso

Emquilogramas

7,339,26

11,13

8,9411,0013,00

9,5711,7813,94

12,1014,60

. 13 17.60

10 14,9012 17,7014 20,40

f 10 16.501214

111315

19.6022^60

19,8023,2026,50

Convém ter presente que os pesos dados variam porvezes, devido à qualidade, fabricação e proveniênciados perfis do ferro.

/\

CORTE b'Ã'-.:.V<.;:-v:'U

Fig. 6.—GRADE DE VAEANDA DE PEITO

Peso por metro linear de ferros redondos

(VarSes)

Diâmetro aproximado

Emmilímetros

67,59

12,5

Empolegadas

V*"3/16"3/s"V«"

Peso

Emquilogramas

.

0,2200,3900,4960,881

Diâmetro aproximado

Emmilímetros

15182125

Empolegadas

%"3A"Vs"l"

Peso

Emqoilogramai

1,3771,9832.6963,824

Peso por metro quadrado de chapas

Espessura

Emmilímetros

1

2345678

Peso

Em quilogramas

7,7815.5623Í3431,1238.9046^5854,4662,24

Espessura

Emmilímetros

910111213141516

Peio

£m quilograma»

70,0277,8085.5893'.36

101.14108,9811 6'. 70124,80

Peso por metro cábíeo de alguns metais

Quilogramas

Ferro . . . . 7,800Aço 7,800Ferro fundido 7,500

Quilogramas

Cobre e latão 8,600Chumbo . . . 11,400Zinco . . . . 7,200

CORTE

Fig. 6. — GRADE DE VÁBANDIU

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T R A B A L H O S D E P E R R O

S

A s portas e caixilhos de ferro podem ser construídaspor dois sistemas, devidos aos perfis a empregar.

O sistema mais ligeiro é aquele que se constroe comos perf/s industriais adequados. O sistema mais impor-tante ó aquele que se constroe com -vcrgalliôes, nomesmo aspecto como se apresenta a madeira nas suasceuceiras @ travessas.

C A I X I L H O S

A construção dos caixilhos formada pelos perfis in-dustriais (Fig. 9} inicia se pelos aros que se

hão de fixar nas ombreiras e vergas dos vãos, e quepode ser constituído por uma barra ou por uma canto-neira. A espessura da barra ou da aba da cantoneiraque se-tem de fixar nas ombreiras e na verga uno deveser inferior a Om,00õ ou 0"!,008.

Xo exemplo de caixilho construído com perf is queapresentamos, o aro é feito com uma cantoneira de abasdesiguais, sendo a mais larga a que se fixa no vão e amais estreita serve de batente ou mata-juntas entre ocaixilho e o aro.

As couceiras dos caixilhos, bem como as suas tra-vessas, são também cantoneiras, mas todas de abasiguais.

Fig, 7j,— VAOS DE PORTAS INTERIORESÁ esquerda: Forta envidraçada, de ferro balido;

A direita : Poria enviar aça.Ia de ferro liso

Os pinásios são obtidos com T cie abas iguais e comas mesmas secções das cantoneiras.

No exemplo que apresentamos (fig. 9) o vão de cai-xilhos comporta travessa de bandeira, que constituímossimplesmente por um ferro LJ. Servem de mata-juntasda bandeira e do caixilho sobre a travessa de bandeiraduas barras cravadas na travessa com o perfil U. Deigual modo a régua de batente não é mais do que umaigual barra.

Para a manutenção do movimento de todo o caixilho,quer dos batentes quer da bandeira, aplicam-se por cra-vação fixas do sistema vulgar, que tanto podem ser defel de desenfiar como de fiel fixo, e fechos usuais debarrinha e de verguinha.

Y=4H itf.W M l J&MB&É

Fig. 8.~ PORMENORES DAS POETAS INTERIORES

As secções de todas as peças obedecem ao projecto dajanela, quanto à sua largura vista, mas a espessura deveser sempre observada de acordo com as dimensOes dovão. No entanto queremos lembrar que Om,003 é umaespessura bern convencionada nesta obra de serralharia.

Os pormenores apresentados são suficientes para aexecução da obra.

As ligações de todas as peças são feitas com soldadurasa autogéneo, o que torna o trabalho muito prático. Afixação do aro às ombreiras e à verga ó obtida compernes metidos em chumbadouros.

Depois dos caixilhos estarem assentes faz-se a colo-cação dos vidros com massa de vidraceiro.

A construção dos caixilhos de certa importância órealizada corno sucede com as portas interiores, que va-uios descrever, cujos pormenores apresentamos (Fig. 8).

Page 8: Fasciculo 28 trabalhos de ferro

T K A B A L H O S DE FEKÍtO

P O R T A S I N T E R I O R E S

À s portas interiores só são construídas com perfis"̂ quando não têm categoria importante. De con-trário são executadas com vergalhões ou barras, geral-mente com a espessura de Ora,012, a chamada meia po-legada, como vemos nos desenhos.

Os aros a adoptar nestes vãos podem ser também debarras da mesma espessura, quando assentes nas golase mais delgadas, como por exemplo Om,009 se se movi-mentam nas aduelas. Por vezes também se faz uso decantoneiras.

Um sistema vulgar de fixas dá o movimento às portascomo é corrente, bem como se faz uso de fechos dequalquer sistema.

As almofadas destas portas ficam quase sempre aper-tadas entre bites, igual processo que se pratica para osvidros (Fig. 8). Os bites são apostos nos seus lugarescom parafusos.

Os mata-juntas e réguas de batente são barras que,em geral, têm pouca espessura, Om,003 ou 0^,006, con-soante as dimensões dos vãos. As larguras das barrase vergalhões que forniam a estrutura das folhas ou ba-tentes obedecem aos pormenores da construção.

As ligações das peças da estrutura podem ser obtidaspor soldadura, mas, devido à espessura, é mais acon-selhada a cravação.

Estas portas podem, como as de madeira, comportarbandeiras e ser constituídas por um, dois ou três ba-tentes.

Só o seu peso impede a grande largura dos portais.A suspensão das bandeiras basculantes é obtida como

de costume com compassos de trinco.A apresentação das faces dos ferros empregados na

construção dos vãos de portas pode ser lisa, marteladaou batida. Os pinásios são obtidos com T como sucedena caixilharia, embora por vezes em algumas obras asua composição seja diferente.

O encerramento das portas de ferro é, como nas demadeira, o que se compreende muito bem, obtido comfechaduras de igual tipo, embora para caberem dentrodas larguras dos perfis, sejam de pequena largura.

IA

P O R T A S E X T E R I O R E S

A construção das portas exteriores, quando não setrata de portas almofadadas, mas sim de baten-

tes envidraçados, obedece a princípios um pouco dife-rentes das portas interiores ou mesmo da maioria dostipos de caixilharia.

As portas exteriores, como já vimos, podem ser to-talmente almofadadas, de chapas onduladas para enro-lamento e envidraçadas.

O primeiro destes tipos tanto pode ser construído comperfis preparados, como de uso nos caixilhos, bastandosubstituir os vidros por chapas seguras por bites (*),como peio sistema de barras e vergalhOes, tanto dogeito das portas interiores. Este tipo de portas tantoserve para as entradas das edifícios como para lojas.

O segundo sistema comporta dois tipos: portas ondu-ladas e de desdobramento horizontal. As antiquadas

fig. ff.— VÃO DE CAIXILHOS DE JANELADE DOIS BATENTES E BANDEIRA

(Alçado e Pormenores)

portas onduladas construídas com chapas de ferro lami-nado ou galvanizado, de qualquer ondulação, sobeme descem, abrindo e fechando, em corrediças fixadasnas ombreiras, por meio de impulsão sobre um carreteassente por detrás da verga da porta.

São trancadas por uma fechadura que corre para am-bos os lados do vão. Dois pernes na aba inferior daschapas dão lugar ao manejo.

As portas de desdobramento horizontal são'de con-cepção mais moderna para lojas comerciais. São cons-tituídas por uma sério de chapas encaixilhadas em can-toneiras ou aros de barra, que girain para cima e parabaixo, à maneira de escamas, em toda a largura daporta. Se se impulsionam para baixo, vão as chapasdesdobrando para baixo até chegarem à soleira, ou aopeitoril se só trata de montra, tapando completamentetodo o vão. Só pelo contrário, se pratica o impulso paracima, vão as chapas subindo umas sobre as outras atédescobrirem toda a porta.

(#) Bi te ó ura vergaihão fixado, para suporte de ridroi ou almo-faias às pejas das estruturas.

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T R A B A L H O S D E F E R R O

Fig. 10. —POETA EXTERIOR(Alçado, Planta e Pormenores)

Muitas vezes o movimento deste tipo de portas é feitomecanicamente, embora, quando a sua construção sejaperfeita, girem muito levemente nas corrediças.

O terceiro Cisterna, o das portas envidraçadas, temtambém dois tipos de construção, que descrevemos comoconvém.

O primeiro destes tipos de construção pode ser cons-truído com os perfis industriais, como apresentamos noestudo de caixilhos de janelas. É em tudo semelhante,tendo a mais, apenas, a almofada em baixo, que seaplica como nas portas interiores.

O segundo tipo das portas exteriores envidraçadas(Fig, 10) ó aquele que obedece a floreados e princípiosda arte dos ferros forjados (*). Á sua construção partede uma estrutura de barras ou vergalhões, que formao rectângulo que constitui a porta, folha ou batente. In-feriormente comporta uma almofada, cuja altura con-corda com o projecto da obra, e a parte superior, acima

da almofada, é preenchida com ferros de barra ou bar-rinha dispostos com fantasia.

Por detrás destes ferros adaptam-se os pinásios paraos vidros, cujos cortes devem coincidir com os ferros«Ia grade, para se evitar a má impressão dos vidros emrecta horizontal ou vertical em contraste com a decora-ção da porta. Assim, dentro deste critério, os pinásiosdevem ser assentes de acordo com as curvas dos ferrosforjados, com os quais se combinarão.

Por conseguinte, exteriormente, não são vistos os pi-násjos.

E facto, que economicamente há desperdício de vi-dros, mas temos de atender à estética.

Nas boas construções em lugar de envidraçar o pró-prio batente das portas, sobrepõem-se-lhe de preferência

(#) Ferro forjado é a designação dada às peças que se tornamcurvas ao rubro sobre a acção do martelo na bigorna.

— 8

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T R A B A L H O S D E P E R E O

postigos ou caixilhos, que abrindo para o interior, dei-xam passar o ar, o que não pode fazer-se no primeirocaso.

Estes postigos ou caixilhos têm, ó bom de ver, osseus pinásios a jogar com os ferros dos batentes, comojá citámos.

Com a adopção dos postigos é mais garantida a segu-rança dos vidros, pois que assentes nos batentes prin-cipais correm o risco de se quebrarem com mais facili-dade quando se deixa bater a porta na entrada ou saídade alguém.

O movimento dos postigos ó feito por fixas assentessobre os batentes principais e por pequenos fechos desegurança de qualquer tipo vulgar.

Os vidros quando assentes nos postigos podem ficarcom massa de vidraceiro, mas se ficam sobre os pró-

prios batentes da porta é mais conveniente à sua segu-rança o emprego de bites.

As ligações das peças da estrutura dos batentes sãofeitas por cravação e as das barras por soldadura.

Estas portas destinam-se geralmente às entradas prin-cipais dos edifícios. As larguras e espessuras de todasas peças devem obedecer ao estudo da sua construçãoe ao mesmo tempo às dimensões dos vãos, devendosempre ter-se presente o peso da obra.

Quando estes vãos são de grande largura, irnpõe-se,para melhor suporte do peso dos seus batentes, apor--Ihes rodísios para girarem sobre uma rela, fixada nolimiar.

Estas relas são construídas de barra de Om,003 ouOm,00ô, fixadas por pernes metidos em chumbadouros,abertos nas pedras do pavimento, e têm a forma doarco formado pelo movimento da porta.

Fiy. 11.—ESCADA DE CARACOL(Alçado, Plantas e Pormenores)

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T R A B A L H O S DE F E R R O

E S C A A SÀ s escadas de ferro são construídas segundo todos os Os banzus dos lanços nas escadas deste género, sâa

traçados que também têm lugar na carpintaria (#), preparados com perfis U e com chapas ou barras lar-predominando as escadas de lanços e de caracol. gás guarnecidas de cantoneiras estreitas. Os degraus

Os degraus são por via de regra construídos com são assentes sobre descanços de cantoneira cravadoscliapas estriadas, mas por vezes os espelhos são feitos nos banzos. Os patins são constituídos por chapas es-de chapa lisa. tríadas a servir de pavimento, assentes sobre a estru-

Fig. 12.—ESCADA DE LANÇOS Fie. 13. —ALÇADO DOS LANÇOS

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PLAXTA DE UMA ESCADADE LANÇOS

tj. 15.— PORMENORES DA CONSTITUIÇÃODOS DEGRAUS

10 —

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T R A B A L H O S DE F E R E O

tara montada de cantoneiras ou de perfis LJ ligados aprumos redondos, geralmente tubos ou colunas de ferrofundido.

A construção das escadas de lanços ó bastante sim-ples : a ligação dos respectivos lanços ó feita por cra-vação à estrutura dos patins, dando-llie a forma maisconveniente, mesmo com o pescoço de cavalo, com osnecessários contrafeitos, como mostramos nos desenhos(Fig. 12).

O início do primeiro lanço é fixado a um fixe de pe-dra metido no pavimento.

A estrutura das escadas de lanços é obtida com co-lunas de ferro fundido ou de ferro laminado, sendo ostubos largos deste ferro os mais preferidos.

Por vezes os patins junto da paredes para onde asescadas prestam serviço são sustentados por consolas.As guardas são grades de contextura simplificada.

As escadas de caracol mais usadas são aquelas cons-tituídas por degraus, separados e formados à base de

um nó com macho em baixo e cavidade circular, a fê-mea, em cima. Os degraus vão sendo enfiados uns nosoutros pelo seu respectivo nó, formando a escada compião central.

No final da armação dos degraus, na conclusão daescada, assenta-se pelo lado de fora a guarda, que podeser simples ou luxuosa, e que dá garantia ao equilíbriodo conjunto.

O pião central dove comportar um terminal ou co-luna para remate e que ó, como os degraus, enfiado nonó do último degrau.

O corrimão pode ser de madeira, assente sobre a res-pectiva barrinha ou mesmo de barra de meia-cana àvista. O traçado das plantas desío tipo de eseadas ó igualao traçado das idênticas escadas de madeira.

O nosso desenho (Fig. 11) é pormenorizado suficiente-mente para boa compreensão do trabalho.

(i) Ver os Cadernos n.0í 3, 4, 5} e 6 desta Enciclopédia.

G R A D E SA 8 grades e os gradeamentos são sem sombra de dú-

vida os mais agradáveis trabalhos da serralhariacivil.

É na construção de grades que se aplicam os maisbelos ferros forjados tão característicos da serralhariaportuguesa e andalusa.

As grades podem ser construídas de varões e verga-Ihões, além das barras e barriuhas. Antigamente cons-truíam-se as grades de ferro fundido, mas desde longotempo que foi posto de parte esse material. O ferro for-jado resolve mais artística e economicamente o assunto.

Alem dos gradeamentos de vedação, quer assentessobre muretes quer assentes sobre baixos capeamentospouco acima do terreno, constroem-se grades para va-randas de peito e de sacada e varandins.

As grades para cobrimento de janelas são certamenteaquelas onde a beleza artística atinge o seu maior grau,

especialmente nas que se assentam nas cabeças dosguarnecimentos de cantaria.

As grades são geralmente fixadas nas paredes e can-tarias por meio de chumbadouros.

As grades das varandas e varandins são quase sem-pre providas de um corrimão de madeira, para res-guardo de encosto das pessoas.

A construção das grades na formação do conjnntodas várias peças utiliza a caldeação e na segurança dosenquadramentos da estrutura ó empregada a cravação.

A respeito de grades de ferro para guardas das esca-das nada apresentamos, porque foi estudo já dado quandotratámos dessa construção. (Caderno n.° ti).

ilj. íti.— GllÁDE DE VARANDA DE SACADA Fia. fí. — PORUEXGUES DA GBADE DE SACADA

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T R A B A L H O S D E F E R R O

O R T Õportões de ferro para vedações de jardins e depropriedades rústicas têm ainda hoje larga exis-

tência. E se algumas vezes não passam de vulgares cons-truções de varões ou vergalhões, são por outras verda-deiras obras de arte de ferro forjado.

A construção destes batentes pode obedecer a váriosestilos e sistemas. Em muitos casos estes portões oulargas portas de grandes dimensões comportam almofa-das e riquíssimos coroamentos.

A estrutura dos batentes é quase sempre constituídapor barras ou por vergalhões. As almofadas são, como sepode entender, obtidas por chapas de qualquer espes-sura, e o recheio da parte superior é, normalmente,executado com barrinhas ou por vergas, em obediênciaa traçados caprichosos.

Nos portões vulgares a constituição de todo o batenteé apenas executada com varões assentes verticalmente.

A fixação aos pilares ou ombreiras na obtenção domovimento de abrir e fechar é geralmente feita por meiode gonzos, cuja resistência deve suportar o peso da folhaque lhe disser respeito.

Fig. 18.—CANCELA

Quando as folhas dos portões são de grande peso émister cuidar de os suportar convenientemente. Paraesse fim fixam-se na soleira os muentes, que são umaspeças côncavas onde funciona um pião de forma agu-çada que neles gira levemente.

Os muentes são fixados nas prumadas dos gonzos eauxiliam sobremaneira o esforço deles.

Na parte dependurada dos batentes fixam-se também,para seu melhor suporte, rodízios, que girarão por suavez sobre relas. As relas são fixadas no chão e têm aforma de um arco de círculo, exactamente igual ao arcodescrito pelo movimento do batente.

As relas são presas às pedras do chão por chumba-douros ou prisões. Nos desenhos dos pormenores dosportões (Fig. 20) mostramos toda a construção.

No número dos portões apresentamos também as can-celas (Fig. 18), obras do mesmo género mas de reduzi-das dimensões. As cancelas, como os portões, podemser de um, dois ou três batentes, mas geralmente estetipo de porta comporta simplesmente um batente. Ascancelas de ferro, são de ordinário, de uma construçãoleve e por vezes também de aspecto gracioso.

Algumas, que servem jardins, são verdadeiras obrasde ferro forjado.

O movimento das cancelas é garantido por gonzos,mas se são de estreito vão, umas grossas fixas satisfazemconvenientemente.

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Fig. 19.—PORTÃO

Fitj. 20. — PORMENORES DO PORTÃO

A) Murete; B) Rodízio; C) Gonzo;Planta com Selas assentes

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T R A B A L H O S D E F E R R O

N A SA s coberturas metálicas são, quase sempre, apoiadas•̂ sobre uma asnatura de ferro. O número de tiposde asnas de ferro é assaz grande, tendo em vista que amaior parte dos sistemas de asnas de madeira se podemconstruir de ferro. No entanto há os tipos próprios, es-tudados somente para a construção metálica.

De entre os mais conhecidos tipos de asnas citamosos que o nosso desenho (Fig. í) reproduz e que são :asnas belgas, inglesas, de Polonceau, triangular, curva,de lanternim e fabril (shed).

As asnas de ferro como de madeira são constituídaspor pernas, linhas, escoras, pendurais e tirantes, comovamos observar. As ligações das escoras e dos pendu-rais são cravadas sobre gussés (*) com rebites.

As Asnas Belgas para pequenos vãos podem compor-tar uma só escora ligada a cada perna e à linha, sendopor conseguinte as pernas divididas ao meio. Do gusséjunto à linha parte uma escora de reforço até ao gussóno vórtice da asna.

A linha ó em geral quebrada, formando ângulos nasligações das escoras entre si. As escoras são, como ve-mos nos desenhos, normais às pernas.

Quando estas asnas tenham de cobrir maiores vãosó o número de escoras aumentado, dividindo-se porconseguinte as pernas em maior número de partes iguais,partindo-se do princípio que cada espaço deve medirde 3m,00 a 3m,50 ou 3m,60, pouco mais ou menos.

Nestas asnas de grande vão cada junção reúne duasescoras.

As Asnas de Polonceau têm as pernas divididas aomeio nas de pequeno vão e em quatro partes iguais asde maior comprimento. As escoras são normais às per-nas e as escoras primeira e terceira nas asnas grandes,são de igual comprimento; a segunda é, porém maior,dependendo das ligações triangulares da linha com ovórtice da cnmieira. Do gussé das escoras grandes naspernas partem tirantes para os gussés das escoras pe-quenas, respectivamente na linha e na escora que vaipara a curnieira.

A linha ó também constituída por três travessas mesmonas asnas de pequeno vão.

As Asnas Triangulares são de uma grande simplici-dade de forma e traçado. Se se tratar de pequenos vãossão as pernas divididas ao meio, no seu comprimento,de onde partirá uma escora que se juntará à perna dolado oposto, ficando feito por isso um cruzamento deescoras. Desta intersecção até ao vórtice superior umpendurai manterá o equilíbrio.

(») Gussé é o aportuguesamento do francês gausset, que é o nomede um pedaço de chapa onde se faz a cravação das ligações dosdiferentes perfis normais.

Fig. 2L — GEADE DE JANELA EXTERIOR

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T R A B A L H O S D E F E R R O

Nos casos de vãos largos são as pernas divididas nonúmero conveniente de partes iguais, e de cujos gusséspartem na prumada, tirantes que vão entroncar nas es-coras grandes que vão da extremidade inferior da pernaato ao gussó da divisão mais alta.

Do gussé da divisão inferior da perna sai uma escorapara a prumada do tirante da divisão superior. Um pen-durai saído da união das duas pernas mantém o equilí-brio do cruzamento das escoras grandes que tambémservem de linhas.

As Asnas Inglesas não são mais do que triângulosperfeitos. Divididas as pernas em qualquer número departes iguais, conforme a grandeza da asna, fazem-sebaixar para a linha igual número de tirantes. No centro

AL.ÇASC

Fig. 22, —GRADE DE JANELA DE SALIÊNCIAARREDONDADA

da construção coloca-se o pendurai que liga à linha naprumada.

As escoras, assentes dos gussés das pernas aos dalinha, fazem o bom travamento. As escoras podem sercolocadas para qualquer dos lados, como mostramos nosdesenhos de duas variantes.

As Asnas Curvas constituem uma boa e bonita cons-trução para grandes espaços; a sua contextura refor-çada é própria para as grandes fábricas. Superiormente,como em todas estas construções, ficam as pernas, queligam à linha arqueadi por tirantes equilibrados por es-coras em cruzes de Santo André.

As Asnas de Lanternim são nornmlmente construídascomo as asnas inglesas, tendo simplesmente a mais aestrutura do lanternim que assenta sobre os tirantessuperiores da asna.

As Asnas Fabris — as slieds têm a sua construção muitosemelhante às de madeira. Apenas uma ou duas escorase um tirante ligando a perna maior à linha. . . ; , . .

A restante estrutura da cobertura ó obtida com fer-ros I, cantoneiras oa LJ a servir de varedo e com can-toneiras a servir de ripado. Nas grandes construçõesas asnas são ligadas entre si por um contraventamentode cantoneiras, cravadas sobre os gussés por meio derebites.

Outros tipos de asnas de menos utilização, como asde mansarda, são contruídos com traçados simultanea-mente usados na carpintaria (*).

As pernas das asnas são quase sempre construídasde vigotas I e dos perfis LJ assentes de lado, nas gran-des coberturas, e de T e de L_ nas pequenas asnas.As linhas são constituídas por varões e cantoneiras e ostirantes por varões; as escoras são de cantoneiras e,finalmente, as madres utilizam I ou LJ nas grandes co-berturas e LJ e "T nas de pequena monta.

A construção das coberturas metálicas é consideradaum trabalho muito importante e assim ó na realidade.

As asnas são travadas entre si pelas longarinas queacompanham todo o comprimento dos telhados. Nasgrandes coberturas utilizam-se também os coníraventa-mentos feitos de cantoneiras e tês na formação de cruzesde Santo André.

O varedo é formado por vigotas I nos grandes telha-dos e por LJ ou T nos de pequena monta.

Fig. 23. —PORMENORES DA GRADE DE JANELADE SALIÊNCIA ARREDONDADA

O ripado é constituído normalmente por cantoneiras L.soldadas (ou cravadas) no varedo. Quando os telhadoscontêm beirado é conveniente aplicar uma cantoneiramaior na primeira fiada, a fim de formar o respectivocontrafeito. O assentamento das cantoneiras exige queas suas abas fiquem voltadas para o lado inferior dasvertentes.

(*) A serralharia civil nos trabalhos de construções metálicastem noutros países a designação de carpintaria de ferro.

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T R A B A L H O S D E F E R R O

L I O A Ç E SÀ s ligações das diversas peças de ferro podem obter -

-se por cravação por meio de rebites, pelo cal-deamento, por diversos sistemas de soldaduras e pelaunião com parafusos de porca.

C R A V A Ç Ã O . — O sistema de cravação é rea-lizado com a aplicação dos rebites, que são uma espéciede pernes de aço macio ou ferro forjado, de forma ci-líndrica e de cabeça redonda ou de tremoço numa ex-tremidade.

Os comprimentos e espessuras dos rebites são variá-veis e são utilizados conforme as necessidades do tra-balho.

As peças a ligar por sobreposição ou por encosto anina chapa de reforço são previamente furadas e, nessesfuros introduzem-se os rebites levados ao rubro naforja. Seguidamente, sobre a bigorna, martela-se a ex-tremidade do rebite que ficou em excesso, de fora daspeças ligadas, ato se formar uma espécie de cabeça quedeixa a ligação bem apertada e consequentemente bemunida (Fig. 4),

A cravação dos rebites faz-se manualmente nos tra-balhos do construção civil, mas noutras ordens de cons-trução esse serviço é feito mecanicamente.

C A L D E A Ç Ã O . — É a caldeaçâo o processomais simples de se fazer a ligação entre si das diferen-tes peças de ferro. Aquecem-se ao rubro, a alta tempe-ratura, as peças a ligar, até que ambas estejam pratica-mente moles, em calda, ao juntarem-se uma à outra;batem-se muito bem sobre a bigorna conjuntamente atése formar um todo homogéneo, como uma só peça.

Previamente o ferreiro limpa ambas as partes das pe-ças a ligar para as preservar de óxido de ferro, a fer-rugem, e outras matérias estranhas e que prejudicam aacção de caldear.

A caldeaçâo toma diferentes designações, conformeé realizada. Assim, se uma peça entra noutra que estáaberta chama-se de boca de lobo, se se encostam as duasextremidades adelgaçadas, diz se de cunha, e se as pe-ças topejam, diz-se, como ó lógico, de topo.

S O L D A D U R A . — As mais vulgares soldadurassão conhecidas pelos nomes das soldas que entram nes-sas operações, e que são a solda ordinária e a soldaforte.

AÍÇADO CORTE\

Fio. 2à. — GBADE DE JAKELA METIDA, X O VÃO

Fig. 25:—DIVERSOS PERFIS DE GRADESDE VEDAÇÃO

A primeira, conhecida por solda de estanho, é umaliga de estanho e chumbo, e só se pode empregar nasoldadura do ferro estanhando previamente as peças aligar. É propriamente uma solda para ainco e folha deFlandres.

A solda forte é composta de cobre e zinco, com va-riadas proporções destinadas aos diferentes metais, sendopara a utilização no ferro de 90 a 70 por cento de per-centagem do cobre, sobre a do zinco de 10 a 30 porcento.

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TRABALHOS DE F E E R O

As peças de ferro a soldar devem ser limpas da fer-rugem, o que se faz com o tincal na ocasião da solda-gem ao rubro na forja.

Outros sistemas de soldagem existem, sendo os maisimportantes a soldadura a autogéneo e a eléctrica.

Destes últimos sistemas, nos trabalhos da construçãocivil, apenas a soldadura a autogéneo tem algumas ve-zes aplicação. São sistemas de grandes aplicações nou-tras indústrias como a mecânica.

A autogénea é obtida a grande temperatura com o ma-çarico oxi-acetilénico, que consome como combustívelgás acetileno e como carburante o oxigóneo.

_A altíssima temperatura dada por esse maçarico per-mite também, que se possam cortar facilmente chapase demais peças de ferro de grandes espessuras.

Para se fazer essa soldadura utilizam-se varetas deferro puro ou de aço macio, de l a 5 milímetros deespessura.

A P A R A F U S A M E N T O . — Em muitos casosfazem-se ligações de vários elementos de ferro, quandose pretendam tirar e pôr, com parafusos de porca.

Os parafusos de porca podem ser de cabeça de tre-moco, de cabeça contrapuncoada e de cabeça sextarada.

Nestes casos podemos também englobar os chumba-douros. que metidos por unhas nos cunhos de chumbo

vazado, terminam por rosca onde funciona uma porcacujo fim é apertar qualquer elemento metálico que te-nha de ser fixado, como colunas de estruturas, etc.

Os ferrolhos que ligam os vigamentos de madeirae de ferro às paredes para melhor segurança, são fixa-dos às vigas de ferro por parafusos de porca e, se nemsempre são aparafusados nas vigas de madeira é porquestão de economia; os pregos sempre são mais ba-ratos.

A N O T A Ç Ã O

s trabalhos de ferro que neste Caderno apresentamosapenas trouxemos a lume os principais motivos que

à Construção Civil mais directamente dizem respeito.Assim, tratamos de coberturas, escadas, portas, caixi-

lhos e portões, grades e gradeamentos, na mais adequadaindicação para os construtores.

Alguns outros trabalhos de serralharia civil não foramagora tratados porque já os estudámos quando fixámosoutros motivos de construção a que mais ou menos estãoligados.

Neste caderno citamos, como dissemos, a generalidadedos trabalhos de ferro dados à construção da casa.

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Fig. 26,— GRADES DE VEDAÇÃOA.) Grade de cantoneiras; B) Grade de tês; C} Grade de varões; D) Pormenore»

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