Farsa de Inês Pereira Gil Vicente – a...

7
Farsa de Inês Pereira 103 1. Evidencie a informação textual que permite caracterizar Portugal, de forma evolu- tiva, ao longo dos reinados em que viveu Gil Vicente, relativa à: · situação política e social interna; · supremacia de Portugal no mundo. 2. Avalie a importância da proximidade do dramaturgo ao poder real para a concreti- zação da sua obra e para a inserção de aspetos críticos. 3. Proponha uma legenda para a imagem da página anterior, fundamentando. A Farsa de Inês Pereira é uma das obras vicentinas em estudo e é comummente consi- derada a farsa mais desenvolvida e mais elaborada de Gil Vicente, em virtude quer do enredo quer da estrutura, conforme se verifica pela leitura do seguinte texto. TEXTO B Farsa de Inês Pereira Veja-se ainda o caso de Inês Pereira. Tida como a farsa mais trabalhada do autor, nela se verifica, desde logo, um invulgar desenvolvimento narrativo: Inês aparece-nos, no início, como uma rapariga do povo que aspira ao casamento, vendo nele uma forma de emancipação. Deseja obstinadamente um marido de maneiras corteses, que saiba cantar e dedilhar viola. Num primeiro momento, é vítima das suas próprias ilusões, sendo enganada por dois judeus casamenteiros que lhe vendem o produto por que tanto anseia: um Escudeiro hipócrita que a seduz com falas mansas para, logo após o casamento, se transformar em marido autoritário, subtraindo-lhe ironicamente a pouca liberdade de que desfrutava em solteira. Se o enredo farsesco se concluísse neste ponto, estaríamos perante uma farsa simples (monopolar) que reproduziria apenas a história de um engano exemplar. Mas a história continua, dando azo a que a enganada se transforme, por sua vez, em enganadora. Depois de ficar viúva (o Escudeiro Brás da Mata morre em Mar- rocos onde tinha ido com o intuito de se fazer cavaleiro, deixando sua mulher “singela”), Inês aceita agora casar com um lavrador beirão (que antes recusara por lhe parecer “parvo”). Acima de tudo, o novo marido encarna, na perfeição, o papel de ingénuo, dispondo-se a cumprir todos os caprichos da mulher. A cena final é emblemática: Pero Marques, com sua mulher, atravessam um ribeiro; Inês tem encontro erótico marcado com um ermitão e, para que a água fria lhe não afete a fertilidade, o rústico carrega-a às costas, ao mesmo tempo que, dócil e ingenua- mente, participa no refrão da cantiga entoada pela esposa, enfim realizada nos seus anseios de mulher: “marido cuco me levades […] Assi se fazem as cousas”. José Augusto Cardoso Bernardes, Gil Vicente, Coimbra, Edições 70, 2008, pp. 44-45. 1. A obstinação de Inês em casar com um homem cortês acarreta consequências gra- vosas para a personagem. Enuncie-as. 2. Demonstre, a partir da leitura do segundo parágrafo, a evolução no comportamen- to da personagem Inês. 3. Infira dois eixos temáticos da Farsa de Inês Pereira, a partir da leitura do texto. 5 10 15 20 PROFESSOR 2. O dramaturgo valeu-se da sua proximidade ao poder real para certas críticas audaciosas, presentes na sua obra, relativas aos vícios de classes superiores (clero e nobreza). 3. Resposta de caráter pessoal. Texto B 1. Inês será duplamente enganada: primeiro pelos judeus casamenteiros que se servem do seu grande interesse em encontrar um “marido de maneiras corteses, que saiba cantar e dedilhar viola” (ll. 4-5); posteriormente, será esse marido pretendido, um “Escudeiro hipócrita” (l. 7), que a subjugará, oprimindo a sua vontade e a sua pouca liberdade. 2. Inês, após ter sido enganada por um homem de modos corteses, vendo-se livre das amarras do casamento por morte deste, passa de “enganada” a “enganadora”; casa com Pero Marques e serve-se da sua ingenuidade para, “maliciosamente”, o convencer a levá-la até junto do ermitão, cumprindo os seus caprichos de mulher. 3. A crítica social e ao comportamento de alguns tipos sociais (o Escudeiro e os judeus casamenteiros); o adultério. Contextualização 102 Gil Vicente TEXTO A Gil Vicente – a época Gil Vicente nasceu no reinado de D. Afonso V […] e faleceu entre 1536 e 1540. Testemunhou, portanto, as lutas políticas do reinado de D. João II, a descoberta da costa africana, a chegada de Vasco da Gama à Índia, […] a transformação de Lisboa no cais mundial da pimenta, o fausto reinado de D. Manuel, a construção dos Jerónimos, do convento de Tomar e de outros monumentos, as perseguições sangrentas aos cristãos-novos e, finalmente, os começos da crise do reinado de D. João III, que trouxe a Inquisição [e] a Companhia de Jesus […]. Viveu justa- mente na época do reforço do poder real absoluto, instrumento da alta nobreza que ocupava as principais posições nos exércitos, na administração e no comér- cio coloniais, e na da decadência correlativa da influência política e cultural da burguesia que fizera a revolução de 1383. […] Inspira-o o espírito crítico e realista característico da burguesia e a alegria de um povo que pouco antes de 1450 parecia ter atingido a sua plenitude harmónica, mas entra bem dentro da fase em que esta plenitude cede o lugar […] à apatia política de uma população que se deixa subjugar pela aristocracia feudal e clerical e ao apagamento progressivo da consciência na- cional, que tornará possível a perda da nacionalidade em 1580. […] O certo é que durante cerca de trinta e cinco anos, o nosso autor foi nas cortes de D. Manuel I e D. João III uma espécie de organizador encartado dos es- petáculos palacianos. […] É certo também que alcançou nas cortes de D. Manuel e D. João uma situação de prestígio e talvez de valimento que lhe permitiu certas liberdades e audácias, aliás acordes com o ambiente intelectual renovador e agitado do primeiro terço do século XVI a que o nosso país não escapou. […] Gil Vicente soube aproveitar a sua situação na corte para uma crítica atrevi- díssima de diversos vícios sociais, especialmente relativos à nobreza e ao clero. Mas fazia-o aparente ou realmente de acordo com o rei. António José Saraiva (apresentação e leitura), Teatro de Gil Vicente, Lisboa, Dinalivro, ed. revista, 1988, pp. 9-12. 5 10 15 20 25 CONTEXTUALIZAR Leia a informação seguinte e proceda depois à leitura do texto sobre o dramaturgo português Gil Vicente. Tendo como datas possíveis de nascimento e morte, respetivamente, 1465 e 1536, Gil Vicente situa- -se num período de transição entre as eras medieval e renascentista. Assim, é provável que a sua obra reflita especificidades de uma e de outra época. Se, por um lado, apresenta aspetos medievais, nomea- damente, no que se refere à forma e a certos temas, sobretudo ligados à preponderância da religião na vida do ser humano, por outro lado, apresenta uma visão crítica da sociedade e uma consciência dos problemas sociais característicos da época renas- centista. PROFESSOR PowerPoint® Gil Vicente – Vida e obra PowerPoint® Gil Vicente – Contextualização histórico-literária Leitura / Ed. Literária 7.2; 7.5; 8.1; 14.3; 14.4; 16.1 Texto A 1. · Internamente, verificaram-se, ao longo dos reinados em que viveu o autor, diversas crises ou situações problemáticas para o país ou para o povo − as lutas políticas do reinado de D. João II, as perseguições aos judeus e cristãos-novos, assim como a introdução da Inquisição em Portugal no reinado de D. João III. Simultaneamente, verificava- -se uma crescente apatia do povo que contrastava com a atitude descrita por Fernão Lopes na Crónica de D João I, relativa à crise de 1383-1385. · No mundo quinhentista, Portugal, por via da importância dos Descobrimentos, ganhava prestígio, a ponto de Lisboa se tornar num importante porto mundial. Internamente, essa importância traduziu-se na construção de diversos monumentos − o Mosteiro dos Jerónimos, por exemplo −, assim como num estilo de vida luxuoso e faustoso da corte. Contextualização

Transcript of Farsa de Inês Pereira Gil Vicente – a...

Page 1: Farsa de Inês Pereira Gil Vicente – a épocanlstore.leya.com/asa/2015/novos_projetos/images/material_sentidos... · zação da sua obra e para a inserção de aspetos críticos.

Fa r s a d e I n ê s P e r e i ra

103

1. Evidencie a informação textual que permite caracterizar Portugal, de forma evolu-tiva, ao longo dos reinados em que viveu Gil Vicente, relativa à:

· situação política e social interna;

· supremacia de Portugal no mundo.

2. Avalie a importância da proximidade do dramaturgo ao poder real para a concreti-zação da sua obra e para a inserção de aspetos críticos.

3. Proponha uma legenda para a imagem da página anterior, fundamentando.

A Farsa de Inês Pereira é uma das obras vicentinas em estudo e é comummente consi-derada a farsa mais desenvolvida e mais elaborada de Gil Vicente, em virtude quer do enredo quer da estrutura, conforme se verifica pela leitura do seguinte texto.

TEXTO B

Farsa de Inês Pereira

Veja-se ainda o caso de Inês Pereira. Tida como a farsa mais trabalhada do autor, nela se verifica, desde logo, um invulgar desenvolvimento narrativo: Inês aparece-nos, no início, como uma rapariga do povo que aspira ao casamento, vendo nele uma forma de emancipação. Deseja obstinadamente um marido de maneiras corteses, que saiba cantar e dedilhar viola. Num primeiro momento, é vítima das suas próprias ilusões, sendo enganada por dois judeus casamenteiros que lhe vendem o produto por que tanto anseia: um Escudeiro hipócrita que a seduz com falas mansas para, logo após o casamento, se transformar em marido autoritário, subtraindo-lhe ironicamente a pouca liberdade de que desfrutava em solteira.

Se o enredo farsesco se concluísse neste ponto, estaríamos perante uma farsa simples (monopolar) que reproduziria apenas a história de um engano exemplar. Mas a história continua, dando azo a que a enganada se transforme, por sua vez, em enganadora. Depois de ficar viúva (o Escudeiro Brás da Mata morre em Mar-rocos onde tinha ido com o intuito de se fazer cavaleiro, deixando sua mulher “singela”), Inês aceita agora casar com um lavrador beirão (que antes recusara por lhe parecer “parvo”). Acima de tudo, o novo marido encarna, na perfeição, o papel de ingénuo, dispondo-se a cumprir todos os caprichos da mulher. A cena final é emblemática: Pero Marques, com sua mulher, atravessam um ribeiro; Inês tem encontro erótico marcado com um ermitão e, para que a água fria lhe não afete a fertilidade, o rústico carrega-a às costas, ao mesmo tempo que, dócil e ingenua-mente, participa no refrão da cantiga entoada pela esposa, enfim realizada nos seus anseios de mulher: “marido cuco me levades […] Assi se fazem as cousas”.

José Augusto Cardoso Bernardes, Gil Vicente, Coimbra, Edições 70, 2008, pp. 44-45.

1. A obstinação de Inês em casar com um homem cortês acarreta consequências gra-vosas para a personagem. Enuncie-as.

2. Demonstre, a partir da leitura do segundo parágrafo, a evolução no comportamen-to da personagem Inês.

3. Infira dois eixos temáticos da Farsa de Inês Pereira, a partir da leitura do texto.

5

10

15

20

P R O F E S S O R

2. O dramaturgo valeu-se da sua proximidade ao poder real para certas críticas audaciosas, presentes na sua obra, relativas aos vícios de classes superiores (clero e nobreza). 3. Resposta de caráter pessoal.

Texto B1. Inês será duplamente enganada: primeiro pelos judeus casamenteiros que se servem do seu grande interesse em encontrar um “marido de maneiras corteses, que saiba cantar e dedilhar viola” (ll. 4-5); posteriormente, será esse marido pretendido, um “Escudeiro hipócrita” (l. 7), que a subjugará, oprimindo a sua vontade e a sua pouca liberdade.2. Inês, após ter sido enganada por um homem de modos corteses, vendo-se livre das amarras do casamento por morte deste, passa de “enganada” a “enganadora”; casa com Pero Marques e serve-se da sua ingenuidade para, “maliciosamente”, o convencer a levá-la até junto do ermitão, cumprindo os seus caprichos de mulher.3. A crítica social e ao comportamento de alguns tipos sociais (o Escudeiro e os judeus casamenteiros); o adultério.

C o n t e x t u a l i z a ç ã o

Portugues10.indb 103 16/03/15 22:33

102

G i l V i c e n t e

TEXTO A

Gil Vicente – a época

Gil Vicente nasceu no reinado de D. Afonso V […] e faleceu entre 1536 e 1540. Testemunhou, portanto, as lutas políticas do reinado de D. João II, a descoberta da costa africana, a chegada de Vasco da Gama à Índia, […] a transformação de Lisboa no cais mundial da pimenta, o fausto reinado de D. Manuel, a construção dos Jerónimos, do convento de Tomar e de outros monumentos, as perseguições sangrentas aos cristãos-novos e, finalmente, os começos da crise do reinado de D. João III, que trouxe a Inquisição [e] a Companhia de Jesus […]. Viveu justa-mente na época do reforço do poder real absoluto, instrumento da alta nobreza que ocupava as principais posições nos exércitos, na administração e no comér-cio coloniais, e na da decadência correlativa da influência política e cultural da burguesia que fizera a revolução de 1383. […] Inspira-o o espírito crítico e realista característico da burguesia e a alegria de um povo que pouco antes de 1450 parecia ter atingido a sua plenitude harmónica, mas entra bem dentro da fase em que esta plenitude cede o lugar […] à apatia política de uma população que se deixa subjugar pela aristocracia feudal e clerical e ao apagamento progressivo da consciência na-cional, que tornará possível a perda da nacionalidade em 1580.

[…] O certo é que durante cerca de trinta e cinco anos, o nosso autor foi nas cortes de D. Manuel I e D. João III uma espécie de organizador encartado dos es-petáculos palacianos. […]

É certo também que alcançou nas cortes de D. Manuel e D. João uma situação de prestígio e talvez de valimento que lhe permitiu certas liberdades e audácias, aliás acordes com o ambiente intelectual renovador e agitado do primeiro terço do século XVI a que o nosso país não escapou. […]

Gil Vicente soube aproveitar a sua situação na corte para uma crítica atrevi-díssima de diversos vícios sociais, especialmente relativos à nobreza e ao clero. Mas fazia-o aparente ou realmente de acordo com o rei.

António José Saraiva (apresentação e leitura), Teatro de Gil Vicente, Lisboa, Dinalivro, ed. revista, 1988, pp. 9-12.

5

10

15

20

25

C O N T E X T U A L I Z A R

Leia a informação seguinte e proceda depois à leitura do texto sobre o dramaturgo português Gil Vicente.

Tendo como datas possíveis de nascimento e morte, respetivamente, 1465 e 1536, Gil Vicente situa--se num período de transição entre as eras medieval e renascentista. Assim, é provável que a sua obra reflita especificidades de uma e de outra época. Se, por um lado, apresenta aspetos medievais, nomea-damente, no que se refere à forma e a certos temas, sobretudo ligados à preponderância da religião na vida do ser humano, por outro lado, apresenta uma visão crítica da sociedade e uma consciência dos problemas sociais característicos da época renas-centista.

P R O F E S S O R

PowerPoint® Gil Vicente – Vida e obra

PowerPoint® Gil Vicente – Contextualização histórico-literária

Leitura / Ed. Literária 7.2; 7.5; 8.1; 14.3; 14.4; 16.1

Texto A1. · Internamente, verificaram-se, ao longo dos reinados em que viveu o autor, diversas crises ou situações problemáticas para o país ou para o povo − as lutas políticas do reinado de D. João II, as perseguições aos judeus e cristãos-novos, assim como a introdução da Inquisição em Portugal no reinado de D. João III. Simultaneamente, verificava--se uma crescente apatia do povo que contrastava com a atitude descrita por Fernão Lopes na Crónica de D João I, relativa à crise de 1383-1385. · No mundo quinhentista, Portugal, por via da importância dos Descobrimentos, ganhava prestígio, a ponto de Lisboa se tornar num importante porto mundial. Internamente, essa importância traduziu-se na construção de diversos monumentos − o Mosteiro dos Jerónimos, por exemplo −, assim como num estilo de vida luxuoso e faustoso da corte.

C o n t e x t u a l i z a ç ã o

Portugues10.indb 102 16/03/15 22:33

Page 2: Farsa de Inês Pereira Gil Vicente – a épocanlstore.leya.com/asa/2015/novos_projetos/images/material_sentidos... · zação da sua obra e para a inserção de aspetos críticos.

117

A P L I C A R

1. Considere os seguintes versos de uma cantiga de amigo da autoria de Dom Dinis. Levantou-s’a velida Levantou-s’alva, E vai lavar camisas

1.1 Evidencie os termos que atualmente constituem arcaísmos.

1.2 Reescreva os versos, substituindo os termos identificados em 1.1 por termos atuais que lhes correspondam.

2. Releia agora estes versos da Farsa de Inês Pereira. (vv. 194-199)

Lia. Nesta carta que aqui vem Inês Mostrai-ma cá, quero ver. pera vós, filha, d'amores, Lia. Tomai. E sabedes vós ler? veredes vós, minhas flores, a descrição que ele tem.

2.1 Reescreva-os, substituindo as formas verbais arcaicas aí presentes pelas corres-pondentes atuais.

3. Leia atentamente os seguintes trechos.

A.

O primeiro-ministro assegurou hoje que o programa de assistência está encerrado, estando a ser negociada com a "troika" a forma de ultrapassar a alteração ditada pelo acórdão do Tribunal Constitucional, para que seja entregue a última "tranche" da ajuda financeira.

DN, edição online (acedido em junho de 2014).

B.

Os astrónomos descobriram um planeta rochoso que pesa 17 vezes mais do que a Terra e tem o dobro do tamanho e estão agora a braços com o desafio de explicar como se terá formado. […] Esta "mega-Terra" já era conhecida, mas ainda não tinha sido possível avaliar--lhe o tamanho.

Visão, edição online − 3 de junho de 2014 (acedido em junho de 2014).

C.

As meninas passavam […]. Nós ficávamos no muro, olhos trincando as sombras femea-meninas. Nosso futebol era ali, na mesa de matraquilhos do Bar Viriato. […] Era ali que vibra-vam as nossas multidões quando a pequena bola de madeira escorrecaía no buraco da baliza. Mia Couto, “O dia em que fuzilaram o guarda-redes da minha equipa”, in Cronicando, Lisboa, Caminho, 2006.

3.1 Faça o levantamento dos neologismos, em cada texto, indicando a área em que aqui são usados.

3.2 Indique uma palavra ou expressão com significado equivalente ao dos vocábulos que destacou nos textos A. e B..

3.3 Decomponha os neologismos do texto C., indicando as palavras que os originaram.

P R O F E S S O R

Gramática 19.1; 19.2

1.1 e 1.2 “velida”: bela, formosa; “alva”: alvorada, madrugada.2.1 “veredes”; “sabedes”; vereis; sabeis.3.1A. “troika” e “tranche”: economia/política.B. “mega-Terra”: ciência/astronomia.C. “femeameninas" e "escorrecaía": literatura.3.2 A. "troika": entidade externa; "tranche": prestação. B. "mega-Terra": Terra gigante.3.3 “femeameninas”: fêmea e menina(s); “escorrecaía”: escorria e caía.

Portugues10.indb 117 16/03/15 22:33

116

AP

R E N D E R

GRAMÁTICA

A P L I C A R

A P R E N D E R

Na Farsa de Inês Pereira aparecem termos cuja frequência de utilização atual é nula ou reduzida. Isto acontece porque a língua está em constante evolução: umas pa-lavras modificam-se; outras caem em desuso, tomando o nome de ARCAÍSMOS. Observem-se, a este propósito, as palavras sublinhadas nas seguintes frases retiradas da obra em estudo de Gil Vicente.

a. “O demo, e não pode al ser..." ('outra coisa')

b. "E rogo-vos como amiga, que samicas vos sereis." ('talvez', 'porventura')

c. "e ficamos dous éreos" ('herdeiros')

Por outro lado, a evolução (como a que se observava nas áreas científica, política e tecnológica) faz surgir novas palavras (ou novos usos), recebendo essas estru-turas a designação de NEOLOGISMOS.

1. Podem formar-se através da criação de um termo novo, pela exploração de recur-sos já existentes na língua. É o caso das palavras sublinhadas:

"Eurocéticos não perturbarão o Parlamento Europeu" […] José María Gil-Robles falou ao DN sobre as suas expectativas em relação às eleições europeias. Desvaloriza o impacto que um elevado número de eurodeputados eurocéticos, populistas e extremistas possa vir a ter no funcionamento da eurocâmara.

DN, edição online (acedido em junho de 2014).

Nalguns casos, estes neologismos são criados por escritores, com intenções ex-pressivas e estilísticas. Vejam-se os seguintes excertos:

“Mas, para espantação e reza, meu pai golfinhou-se entre as ondas…” “[…] um esticão na linha me indicava a presença de um peixe namordiscando o anzol…”

Mia Couto, Mar me quer, 13.a ed., Lisboa, Caminho, 2013.

2. Podem constituir-se através da atribuição de um novo significado a uma palavra já existente e sem que esta perca o sentido que já possuía (neologismo semântico). Isso é o que se observa nas palavras sublinhadas:

Microsoft quer "ativar" Portugal e no Porto já há 18 vagas por preencher

Ativar Portugal é o nome e o objetivo da iniciativa da Microsoft que se propõe criar dois mil postos de trabalho até ao final do ano. O portal online arranca esta quarta-feira. […] Para muitos será uma oportunidade de começar do zero e acabar com um certificado reco-nhecido à escala mundial […]. Para outros, já com "diploma digital", a entrada no mercado pode estar mais perto e o processo pode passar apenas pela colocação do currículo na plataforma online.

Jornalismo Porto Net (jpn), edição online (acedido em junho de 2014).

Lexicologia: arcaísmos e neologismos

Portugues10.indb 116 16/03/15 22:33

Page 3: Farsa de Inês Pereira Gil Vicente – a épocanlstore.leya.com/asa/2015/novos_projetos/images/material_sentidos... · zação da sua obra e para a inserção de aspetos críticos.

C O N S O L I D A R

270

Os Lusíadas

Observe e leia os esquemas desta dupla página para obter uma visão global da epo-peia camoniana.

PROPOSIÇÃO (I, 1 a 3)Momento em que o poeta dá conta do seu propósito ou intenção

Pedido de inspiração endereçado às Tágides (existem outras invocações nos cantos III, VII e X)

Oferta do poema a D. Sebastião, ainda futuro rei; termina com um apelo

Retoma o tema do desprezo pela arte e nova exortação ao rei (X)

O vil poder do ouro, fonte de corrupção e de perjúrio (VIII)

Verdadeiro valor da fama e da glória (VI)

Verdadeiras formas de alcançar a fama e o heroísmo (X)

Lamentações por ser vítima de vários infortúnios (VII)

Desprezo dos portugueses pelas artes (V)

Fragilidade da vida humana (I)

INVOCAÇÃO (I, 4 e 5)

DEDICATÓRIA (I, 6 a 18)

Epopeia

Narrativa em verso destinada a celebrar feitos grandiosos de um herói, neste caso coletivo

ESTRUTURA INTERNA

DESENVOLVIMENTO

CONCLUSÃO

NARRAÇÃO (I, 19 a X, 144)

Desencanto do poeta e exortação final a D. Sebastião

(X, 145-156)

AÇÃO CENTRAL

AÇÃO SECUNDÁRIA(encaixada

na ação central)

Acompanha, em paralelo,

a ação central

PLANO DA VIAGEM (de Vasco da Gama à Índia)

PLANO DOS DEUSES OU MITOLÓGICO

PLANO DA HISTÓRIA DE PORTUGAL

PLANO DAS REFLEXÕES DO POETA

(sobretudo no fim dos cantos, o poeta tece considerações sobre vários assuntos, como se vê à esquerda)

INTERDEPENDÊNCIAAs reflexões surgem em consequência de acontecimentos relatados anteriormente, e que suscitam as considerações que o poeta faz.

OS LUSÍADAS

INTRODUÇÃO

P R O F E S S O R

PowerPoint® Síntese da Unidade 5

PowerPoint® Galeria de imagens 5

Portugues10.indb 270 16/03/15 22:34

271

O POETA (I, II, VI, VII, VIII, IX, X)

Sublimidade do canto Mitificação do herói

Celebração de feitos grandiosos

10 cantos

1102 estrofes

Oitavas (estrofes de 8 versos)

Decassílabos (10 sílabas méatricas)

Rima cruzada e emparelhada (nos 6 primeiros e nos 2 últimos, respetivamente)

Feitos históricos e viagem

Combinação de uma língua culta latinizante com a língua tradicional, oral. A primeira é visível nos discursos onde predomina um vocabulário erudito, construções alatinadas, onde se inverte a ordem das palavras. A segunda verifica-se na utilização de uma linguagem oral, com recurso a aforismos, como "melhor é merecê-los sem os ter, que possui-los sem os merecer."

Estilisticamente, abundam perífrases e metonímias, metáforas, comparações, paralelismos, simetrias, personificações, antíteses, imagens dos campos lexicais da natureza, da navegação e da ciência náutica, da guerra e das atividades bélicas, das cores e da visualidade.

Divinização dos navegadores, alcançada pela união com as Ninfas; estes atingem a imortalidade

Matéria Épica

VASCO DA GAMA (III, IV, V)

PAULO DA GAMA (VIII)

FERNÃO VELOSO (VI, "Doze de Inglaterra")

NARRADORES

IMAGINÁRIO ÉPICO

LINGUAGEM E ESTILO

ESTRUTURA EXTERNA

Portugues10.indb 271 16/03/15 22:34

Page 4: Farsa de Inês Pereira Gil Vicente – a épocanlstore.leya.com/asa/2015/novos_projetos/images/material_sentidos... · zação da sua obra e para a inserção de aspetos críticos.

273

1.7 O episódio da Ilha dos Amores tem um caráter simbólico porque

[A] representa o mundo do maravilhoso.

[B] ilustra a mitologia d’Os Lusíadas.

[C] remete para a recompensa dada aos nautas.

[D] sugere o mundo do onírico.

2. Ordene as considerações do poeta, atendendo à sua disposição na epopeia.

[A] Reflexões acerca do desprezo a que os portugueses lançam a arte, em parti-cular a poesia.

[B] Considerações acerca da fragilidade do ser humano e dos perigos a que este está sujeito.

[C] Lamentações do poeta por estar submetido a vários infortúnios e não ser reco-nhecido.

[D] Comentários acerca da(s) forma(s) de obter a verdadeira glória e a fama, real-çando o que não deve ser usado para as obter.

[E] Lamentos do poeta por cantar a gente “surda e endurecida”, dado não ser reconhecido, e exortação ao rei D. Sebastião para que erga de novo a nação, concretizando novos feitos.

[F] Considerações sobre a forma de os humanos alcançarem a imortalidade, exor-tando à ação aqueles que querem ver os seus nomes imortalizados.

3. Assinale, no seu caderno, as afirmações verdadeiras e falsas. Corrija as afirmações falsas.

a. A máquina do Mundo é revelada por Vasco da Gama aos marinheiros.

b. Os planos presentes em Os Lusíadas apresentam-se interligados.

c. A união entre as Ninfas e os nautas simboliza a imortalidade alcançada pelos seus feitos.

d. Em Os Lusíadas, o poeta recorre unicamente à narração.

e. No canto VII, assiste-se a lamentações do poeta suscitadas pela evocação das suas vivências.

f. Camões revela alguma arrogância perante o rei D. Sebastião.

g. Os aspetos negativos da conduta dos seus compatriotas são omitidos pelo poeta.

h. O lirismo presente n’Os Lusíadas resulta do intenso dramatismo evidenciado pelo poeta.

i. Os acontecimentos relatados n’ Os Lusíadas são única e exclusivamente fruto da imaginação do poeta.

P R O F E S S O R

Teste interativo Camões – Os Lusíadas

Educação Literária 14.3; 14.7; 15.1; 15.3

1.1 [A] 1.2 [B] 1.3 [C] 1.4 [B] 1.5 [D] 1.6 [C] 1.7 [C]2. B – A – D – C – F – E3. a. F. É revelada por Tétis a Vasco da Gama. b. V. c. V. d. F. Recorre também à descrição e ao lirismo. e. V. f. F. Revela subserviência. g. F. São criticados pelo poeta. h. V. i. F. Baseiam-se também nos factos concretos e nas experiências pessoais do autor.

Portugues10.indb 273 16/03/15 22:34

272

Verifique as suas aprendizagens sobre a obra épica camoniana, resolvendo as tarefas propostas no seu caderno.

1. Selecione a opção que completa corretamente cada afirmação.

1.1 Camões terá tido como fonte(s) inspiradora(s)

[A] as epopeias da Antiguidade e outros textos históricos anteriores.

[B] a sua experiência pessoal, adquirida na viagem de Vasco da Gama.

[C] os relatos das experiências dos navegadores seus contemporâneos.

[D] a Peregrinação de Fernão Mendes Pinto.

1.2 Na epopeia camoniana verifica-se a existência de

[A] vários planos narrativos, com destaque para o dos deuses ou mitológico.

[B] três planos narrativos e as reflexões do poeta, no final de alguns cantos.

[C] duas ações, relativas aos deuses pagãos e aos deuses cristãos.

[D] uma ação central, a da história de Portugal, e uma secundária, a do Poeta.

1.3 Ao nível da estrutura externa, a obra apresenta

[A] catorze cantos e estrofes de sete versos decassilábicos.

[B] oito cantos, com uma distribuição equitativa de estrofes.

[C] dez cantos, com oitavas de dez sílabas métricas.

[D] quatro partes: proposição, invocação, dedicatória e reflexões.

1.4 No canto I surge(m)

[A] o relato da viagem ao rei de Melinde e a intervenção dos deuses.

[B] a Proposição, a Invocação, a Dedicatória e o início da Narração.

[C] a descrição da chegada a Calecute e a receção do rei de Melinde.

[D] o Consílio dos deuses no Olimpo e o dos deuses marinhos.

1.5 Os planos narrativos encontram-se organizados da seguinte forma:

[A] plano dos deuses, com plano da viagem encaixado, seguido do plano da histó-ria de Portugal.

[B] plano da história de Portugal, onde se encaixa o da viagem e o dos deuses.

[C] plano da história de Portugal seguido, em paralelo, pelo plano dos deuses, onde se encaixa o da viagem.

[D] plano da viagem, em alternância com o dos deuses, encaixando-se o da histó-ria de Portugal na ação central.

1.6 Na “ínsula divina”, os portugueses são

[A] perseguidos por animais ferozes.

[B] conduzidos a um fosso profundo.

[C] presenteados pelas Ninfas.

[D] convidados a ir ao cume de um monte.

Os LusíadasV E R I F I C A R

Portugues10.indb 272 16/03/15 22:34

Page 5: Farsa de Inês Pereira Gil Vicente – a épocanlstore.leya.com/asa/2015/novos_projetos/images/material_sentidos... · zação da sua obra e para a inserção de aspetos críticos.

67

5

10

15

20

25

30

35

40

GRUPO II

Leia o seguinte texto.

Neste tipo de cantiga, o trovador empreende a confissão, dolorosa e quase elegíaca1, de sua angustiante experiência passional frente a uma dama inacessível aos seus apelos, entre outras razões porque de superior estirpe2 social, enquan-to ele era, quando muito, fidalgo decaído. Uma atmosfera plangente3, suplicante, de litania4, varre a cantiga de ponta a ponta. Os apelos do trovador colocam-se alto, num plano de espiritualidade, de idealidade ou contemplação platónica, mas entranham-se-lhe no mais fundo dos sentidos: o impulso erótico situado na raiz das súplicas transubstancia-se5, purifica-se, sublima-se. Tudo se passa como se o trovador “fingisse”, disfarçando com o véu do espiritualismo, obediente às regras de conveniência social e da moda literária vinda da Provença, o verdadeiro e ocul-to sentido das solicitações dirigidas à dama. À custa de “fingidos” ou incorrespon-didos, os estímulos amorosos transcendentalizam-se: repassa-os um torturante sofrimento interior que se segue à certeza da inútil súplica e da espera de um bem que nunca chega. É a coita (= sofrimento) de amor, que, afinal, ele confessa.

As mais das vezes, quem usa da palavra é o próprio trovador, dirigindo-a com respeito e subserviência à dama de seus cuidados (mia senhor ou mia dona = minha senhora), e rendendo-lhe o culto que o “serviço amoroso” lhe impu-nha. E este orienta-se de acordo com um rígido código de comportamento ético: as regras do “amor cortês”, recebidas da Provença. Segundo elas, o trovador teria de mencionar comedidamente o seu sentimento (mesura), a fim de não incorrer no desagrado (sanha) da bem-amada; teria de ocultar o nome dela ou recorrer a um pseudónimo (senhal), e prestar-lhe uma vassalagem que apresentava quatro fases: a primeira correspondia à condição de fenhedor, de quem se consome em suspiros; a segunda é a de precador, de quem ousa declarar-se e pedir; entendedor é o namorado; drut, o amante. O lirismo trovadoresco português apenas conheceu as duas últimas fases, mas o drut (drudo em Português) encontrava-se exclusiva-mente na cantiga de escárnio e maldizer. Também a senhal era desconhecida do nosso trovadorismo. Subordinando o seu sentimento às leis da corte amorosa, o trovador mostrava conhecer e respeitar as dificuldades interpostas pelas conven-ções e pela dama no rumo que o levaria à consecução de um bem impossível. Mais ainda: de um bem (e “fazer bem” significa corresponder aos requestos do trovador) que ele nem sempre desejava alcançar, pois seria pôr fim ao seu tor-mento masoquista, ou início de um outro maior. Em qualquer hipótese, só lhe restava sofrer, indefinidamente, a coita amorosa.

E ao tentar exprimir-se, a plangência da confissão do sentimento que o avassa-la — apoiada numa melopeia6 própria de quem mais murmura suplicantemente do que fala —, vai num crescendo até à última estrofe (a estrofe era chamada na lírica trovadoresca de cobra; podia ainda receber o nome de cobla ou de talho). Visto uma ideia obsessiva estar a empolgar o trovador, a confissão gira em torno de um mesmo núcleo, para cuja expressão o enamorado não acha palavras muito variadas, tão intenso e maciço é o sofrimento que o tortura.

Massaud Moisés, A Literatura Portuguesa, São Paulo, Cultrix, 2006, pp. 20-21 (adaptado).

1 em tom de lamento; 2 estatuto; 3 chorosa; 4 ladainha; 5 transforma-se; 6 cantilena, melodia

Portugues10.indb 67 16/03/15 22:33

1 legenda

[20 pontos]

[20 pontos]

[20 pontos]

[20 pontos]

[20 pontos]

66

5

10

15

20

1. Classifique esta cantiga, quanto ao subgénero, justificando a sua resposta.

2. Proceda à divisão do texto em partes, explicitando o assunto de cada uma delas.

3. Caracterize, fundamentando, o estado de espírito do sujeito lírico.

4. Identifique os recursos expressivos presentes nos versos abaixo indicados, comen-tando a sua expressividade.

a. “Vi eu, mia madr’, andar”. (v. 1)

b. “e moiro-me d’ amor.” (v. 3)

5. Proceda à análise formal da cantiga.

Vi eu, mia madr’, andar

Vi eu, mia madr’1, andaras barcas eno mar:e moiro-me2 d’ amor.

Foi eu, madre, veeras barcas eno ler3:e moiro-me d’ amor.

As barcas [e]no mare foi-las aguardar4:e moiro-me d’ amor.

As barcas eno lere foi-las atender5:e moiro-me d’ amor.

E foi-las aguardare non o pud’ achar:e moiro-me d’ amor.

E foi-las atendere non o pudi veer:e moiro-me d’ amor.

E non o achei i6,[o] que por meu mal vi:e moiro-me d’ amor.

Nuno Fernandez Torneol, B 645/V 246.

GRUPO I

Leia a cantiga que se segue.

1 minha mãe2 morro-me3 praia4 esperar5 esperar6 aí

Poesia trovadorescaA V A L I A R

P R O F E S S O R

Ficha Ficha de Avaliação – Unidade 1

Educação Literária 14.2; 14.3; 14.4; 14.5; 14.6; 14.7; 14.8; 14.9

GRUPO I1. Trata-se de uma cantiga de amigo, visto que o sujeito de enunciação é uma donzela que lamenta a ausência do seu amigo.2. Esta cantiga pode dividir-se em duas partes. A primeira diz respeito às quatro primeiras coblas e corresponde à descrição da situação inicial, ou seja, ao facto de a donzela acorrer à praia na esperança de ver o seu amigo chegar numa das barcas que estão a aportar; a segunda corresponde às últimas quatro coblas e aqui se assiste à desilusão da donzela por, afinal, não ter reencontrado o seu amor.3. Apesar de começar por descrever o seu estado de ansiedade e de esperança em ver o amigo, a donzela, desde o início, através do refrão, manifesta a sua angústia, o seu sofrimento amoroso e a sua desilusão pelo facto de não ter encontrado o seu amigo. Revela ainda remorsos por se ter apaixonado, quando afirma: “[o] que por meu mal vi:”. (v. 20)4.a. No verso “Vi eu, mia madr’, andar” está presente a apóstrofe “madre”, como forma de realçar o interlocutor e confidente da donzela – a mãe. b. Em “e moiro-me d’amor.” é evidente a hipérbole que serve para realçar o sofrimento amoroso de que a donzela padece.5. Cantiga paralelística, de versos hexassilábicos, composta de dísticos e um refrão monóstico, segundo o esquema rimático: aa’R / bb’R/ a’a’’R/b’b’’R/ a’’aR/ b’’bR/ cc’R/ dd’R.

Portugues10.indb 66 16/03/15 22:33

Page 6: Farsa de Inês Pereira Gil Vicente – a épocanlstore.leya.com/asa/2015/novos_projetos/images/material_sentidos... · zação da sua obra e para a inserção de aspetos críticos.

50

69

1.7 Na frase “[…] rumo que o levaria à consecução de um bem impossível” (l. 30), o pro-nome “o” surge em posição pré-verbal porque

[A] se trata de uma oração introduzida por uma conjunção subordinativa.

[B] a frase exprime uma ideia de possibilidade.

[C] a forma verbal “levaria” está no condicional.

[D] a frase é introduzida por um pronome indefinido.

2. Responda aos itens apresentados. [15 pontos – 3 itens x 5 pontos]

2.1 Identifique o processo fonológico ocorrido na passagem de "enamorar" (cf. "ena-morado", l. 40) para "namorar".

2.2 Classifique os termos “parábola” e “palavra” quanto ao étimo de que provêm, sa-bendo que o termo latino parabola- os originou.

2.3 Refira duas palavras portuguesas que integram o mesmo elemento etimológico que o vocábulo “cortês”. (l. 19)

GRUPO III

Redija um texto expositivo, entre 150 a 250 palavras, numa linguagem clara, objetiva e precisa, onde apresente as principais diferenças entre as relações amorosas retrata-das na poesia trovadoresca e as vividas pelos jovens na atualidade. [50 pontos]

Para isso, comece por completar o seguinte plano de texto, elaborando os tópicos relativos a cada uma das partes.

· Introdução: as relações amorosas na Idade Média e no século XXI;

· Desenvolvimento: parágrafo 1 - … parágrafo 2 - … – …

· Conclusão: fecho do texto, sintetizando os principais aspetos referidos.

Portugues10.indb 69 16/03/15 22:33

1 legenda

50

68

A V A L I A R

1. Selecione, registando no seu caderno, a alternativa que completa corretamente cada afirmação, considerando a globalidade do texto. [35 pontos – 7 itens x 5 pontos]

1.1 O texto apresenta características que o permitem definir como

[A] uma síntese.

[B] uma apreciação crítica.

[C] um artigo de divulgação científica.

[D] uma exposição.

1.2 O tema central do texto são as cantigas

[A] de amigo.

[B] de amor.

[C] de escárnio.

[D] de maldizer.

1.3 Neste tipo de cantigas, o trovador é visto como um

[A] ser inatingível.

[B] narcisista.

[C] vassalo.

[D] herói.

1.4 O amor celebrado neste tipo de cantigas é o amor

[A] platónico.

[B] carnal.

[C] erótico.

[D] fraterno.

1.5 A locução presente na frase “a fim de não incorrer no desagrado (sanha) da bem--amada” (ll. 20-21) tem valor

[A] causal.

[B] final.

[C] concessivo.

[D] consecutivo.

1.6 Na frase “entendedor é o namorado; drut, o amante.” (ll. 24-25), a expressão “o amante” desempenha a função sintática de

[A] complemento direto.

[B] predicativo do complemento direto.

[C] sujeito.

[D] complemento oblíquo.

P R O F E S S O R

Leitura 7.1; 7.2; 7.4; 7.6; 8.1

Gramática 17.3; 17.5; 17.6; 18.1

GRUPO II1.1 [D]1.2 [B]1.3 [C]1.4 [A]1.5 [B]1.6 [C]1.7 [A]

2.1 Aférese.2.2 Palavras divergentes.2.3 Corte, cortesão…

Escrita 10.2; 11.1; 12.1; 12.2; 12.3; 12.4; 13.1

Portugues10.indb 68 16/03/15 22:33

Page 7: Farsa de Inês Pereira Gil Vicente – a épocanlstore.leya.com/asa/2015/novos_projetos/images/material_sentidos... · zação da sua obra e para a inserção de aspetos críticos.

3

DIZ-SE! NÃO SE DIZ! @i esta língua! Manual de sobrevivência

I. Confusões com as formas do verbo haver!

O verbo haver é certamente um dos verbos mais maltratados da língua portuguesa. Seguem-se algumas perguntas cujas respostas podem ajudar a ultrapassar dúvidas acerca de algumas formas deste verbo.

1. Há ou À?

DIZ-SE

Não ligo o computador há dois dias.

Há vírus neste computador.

Não ligo o computador à dois dias.

À vírus neste computador.

NÃO SE DIZ

Há é uma forma do verbo haver. Nas frases acima há tem o sentido de:• tempo decorrido – Não ligo o computador há dois dias.• existir – Há vírus neste computador.

A diferença entre há e à é muito simples de explicar. Há é uma forma do verbo haver e à é uma contração da preposição a com o artigo a.

Como vês, uma coisa nada tem a ver com a outra. Mas isto talvez não chegue para saberes quando deves usar um ou outro.

Aqui vai mais uma ajuda:Quando dizes Não ligo o computador há dois dias, estás a dizer que já passaram dois

dias desde que não ligas o computador, utilizando o verbo haver para traduzir esse sen-tido.

Quando dizes Há flores no jardim, estás a dizer que existem flores no jardim. Isto é, podes usar os verbos passar e existir para traduzir os mesmos efeitos de sentido.

Brochura_Diz_Não se diz_17x22,5.indd 3 11/03/15 20:39