Farmacotecnica_Pastas e Geis 2011[1]

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PASTAS 1- Introdução São formas farmacêuticas semi-sólidas, destinadas a aplicação externa, que contêm uma elevada concentração de pós finamente dispersos, variando normalmente este conteúdo de 20% até 60%. São mais firmes e espessas que as pomadas, e geralmente menos gordurosas que elas. Podem ser úteis para absorver produtos químicos nocivos para bebês, tais como a amônia que as bactérias liberam da urina. São menos gordurosas que as pomadas porque o pó absorve os hidrocarbonetos fluidos. As pastas deixam um filme espesso, não-quebradiço, relativamente impermeável, que pode ser opaco e agir como um eficiente filtro solar. Esquiadores utilizam estas formulações na face para minimizar o efeito de desidratação excessiva provocada pelo vento e o bloqueio dos raios solares. Elevadas concentrações de pós tornam as pastas completamente diferentes das pomadas propriamente ditas, pois apresentam um ligeiro efeito secante, absorvendo os exsudados cutâneos (superfícies cutâneas úmidas). Os médicos costumam indicá-las para doenças da pele que possuem a tendência para a formação de crostas ou vesículas. São utilizadas para ações estritamente epidérmicas, pois a permeação cutânea é muito baixa. Por isso são mais Pag 1 de 7

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PASTAS

1- Introdução

São formas farmacêuticas semi-sólidas, destinadas a aplicação externa, que contêm uma elevada concentração de pós finamente dispersos, variando normalmente este conteúdo de 20% até 60%. São mais firmes e espessas que as pomadas, e geralmente menos gordurosas que elas.

Podem ser úteis para absorver produtos químicos nocivos para bebês, tais como a amônia que as bactérias liberam da urina.

São menos gordurosas que as pomadas porque o pó absorve os hidrocarbonetos fluidos.

As pastas deixam um filme espesso, não-quebradiço, relativamente impermeável, que pode ser opaco e agir como um eficiente filtro solar. Esquiadores utilizam estas formulações na face para minimizar o efeito de desidratação excessiva provocada pelo vento e o bloqueio dos raios solares.

Elevadas concentrações de pós tornam as pastas completamente diferentes das pomadas propriamente ditas, pois apresentam um ligeiro efeito secante, absorvendo os exsudados cutâneos (superfícies cutâneas úmidas).

Os médicos costumam indicá-las para doenças da pele que possuem a tendência para a formação de crostas ou vesículas.

São utilizadas para ações estritamente epidérmicas, pois a permeação cutânea é muito baixa. Por isso são mais

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empregadas como veículos de fármacos anti-sépticos e adstrigentes.

2- Tipos

2.1 Pastas preparadas com excipientes gordurosos

• Vaselina sólida• Vaselina líquida• Lanolina• Ceras• Silicones, etc

Exemplo: pasta de Lassar (óxido de zinco + amido + vaselina sólida)Utilizada como antisséptico, secativo e cicatrizante no tratamento de feridas e úlceras.

2.2 Pastas preparadas com excipientes hidrófilos

• Gel de pectina ou metilcelulose, goma adraganta• Gelatina-glicerinada, etc

Exemplo:

• Pasta dental – contém CMC que é hidrossolúvel.

• Pasta d’água (óxido de zinco + talco + glicerina + água de cal)Utilizada como secativo, cicatrizante, antisséptico.

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3- Preparação das Pastas

Geralmente as formulações de pastas contêm os seguintes componentes:

PA na forma de pósExcipiente: aquoso ou oleosoUmectante (ex: glicerina) – evita a evaporação da água contida na formulação.Conservante: quando o excipiente é aquoso.

Técnica de preparação:Triturar os pós com a ajuda de um agente levigante e incorporar ao restante dos componentes da formulação, misturando bem até homogeneização.

Levigação é a redução de uma substância insolúvel a partículas bem pequenas, por meio da trituração com água ou outro líquido adequado, até a formação de uma pasta homogênea, isenta de grumos perceptíveis.

Os principais agentes levigantes são a água, o álcool, o propilenoglicol, a glicerina, o óleo mineral, óleo de silicone e outros óleos.

Exemplos de pós utilizados em Pastas

• EnxofreGeralmente se utiliza os polissorbatos (20, 60, 80) ou lanolina como agentes de levigação (componentes responsáveis por auxiliar na diminuição das partículas dos pós).

• Óxido de Zinco, Carbonato de cálcio, Talco, Amido

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GÉIS

1- Introdução

Consistem na dispersão de um sólido num líquido formando um produto translúcido ou transparente.

São sistemas semi-sólidos nos quais o movimento do meio dispersante é limitado por uma rede tridimensional de partículas entrelaçadas ou macromoléculas solvatadas presentes na fase dispersa.

São considerados dispersões coloidais (partículas entre 1nm a 1µm ).Um sistema coloidal formado por uma dispersão de uma substância sólida em um meio dispersante líquido é designado SOL. À medida que se adiciona mais colóides, o SOL líquido pode transformar-se em semi-sólido ou sólido, chamando-se GEL.

Alguns colóides como o Veegum e o Aerosil apresentam propriedades tixotrópicas, ou seja, quando em repouso apresentam comportamento de GEL e quando em movimento um comportamento de SOL. Este fenômeno reversível de passagem SOL para GEL e GEL para SOL é denominado Tixotropia.

2- Tipos

2.1 Inorgânicos

São sistemas bifásicos, constituídos por uma rede de pequenas partículas inorgânicas em suspensão (colóides liófobos).Ex: bentonita, alumina ou veegum, sílica coloidal

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2.2 Orgânicos

São sistemas monofásicos, constituídos por macromoléculas orgânicas uniformemente distribuídas ao longo de um líquido, sem limite aparente entre a fase dispersa e o líquido dispersante (colóides liofílicos).Ex: carbopol, carboximetilcelulose, gomas

Hidrogéis

São géis que contêm água. Os componentes são dispersíveis ou solúveis em água.Exemplo:

Inorgânicos: sílica, bentonita, aluminaOrgânicos: CMC, alginatos, carbômeros

Organogéis

São géis que contêm hidrocarbonetos ou gorduras animais ou vegetais.

Plastibase, PEG

4- Substâncias que formam “dispersão coloidal”

Aniônicas

Carboximetilcelulose sódica (CMC)Alginato de sódioGoma xantanaCarbopol 940

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Não-iônicas

Hidroxietilcelulose (HEC) ou NatrosolHidroxipropilcelulose (HPC)Hidroxipropilmetilcelulose (HPMC)

5- Técnica geral de preparação dos Géis

Em geral as formulações contêm os seguintes componentes:

• P.A. solúveis• Excipientes (colóide): carbopol em pH alcalino forma

gel, ou sílica gel pulverizada (aerosil) usada para gel dental pois tem poder abrasivo

• Umectante• Conservante: é indispensável o seu uso em

preparações de géis, pois esta formulação tem alta concentração de água.

Técnica:

Dissolver o polímero em parte do solvente. Aguardar até que o polímero intumesça (absorve líquido e aumenta de volume) - hidrataçãoAdicionar o restante do solvente e outros aditivos, sob agitação suave.Evitar incorporação de ar

Manter o agitador no interior do gelAdicionar um anti-espumante permitido

Preparação de Géis Carboméricos

Aplica-se a mesma técnica geral de preparaçãoApós a adição da água, neutralizar o gel (pH 7)

Neutralizantes: NaOH, KOH, NH4OH ou trietanolamina

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Se for necessário re-acidificar o gel, utilizar o ácido fosfórico ou clorídrico, visto que produzem menos eletrólitos que os ácidos cítrico ou lático.

Preparação de Géis de Celulose (ex: Natrosol)

Aquecer a água e os demais adjuvantesAspergir o polímero na água ainda quenteDeixar em repouso até completo entumescimentoHomogeneizar

Importante:

Preparar os géis base com antecedênciaHidratar previamente gomas (goma xantana, goma arábica) e polímeros

naturaisEvitar a incorporação de arMolhar o gelificante com PPG ou glicerina, para reduzir os grumos. Evite utilizar

álcool (pode diminuir a transparência e a viscosidade)Aspergir o gelificante sobre a água com agitação suaveVerificar o pHEmulsionar ativos lipossolúveis antes de incorporá-los ao gel

Conservação de Géis

O conservante deve ser escolhido em função do agente gelificante e do pH da preparação

REFERÊNCIAS

Prista, L. N., Tecnologia Farmacêutica.

Aulton M. E., Delineamento de Formas Farmacêuticas.

Thompson J. E., A Prática Farmacêutica na Manipulação de Medicamentos.

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