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ENADE COMENTADO 2007 Farmcia

Chanceler Dom Dadeus Grings Reitor Joaquim Clotet Vice-Reitor Evilzio Teixeira Conselho Editorial Ana Maria Lisboa de Mello Elaine Turk Faria rico Joo Hammes Gilberto Keller de Andrade Helenita Rosa Franco Jane Rita Caetano da Silveira Jernimo Carlos Santos Braga Jorge Campos da Costa Jorge Luis Nicolas Audy Presidente Jos Antnio Poli de Figueiredo Jurandir Malerba Lauro Kopper Filho Luciano Klckner Maria Lcia Tiellet Nunes Marlia Costa Morosini Marlise Arajo dos Santos Renato Tetelbom Stein Ren Ernaini Gertz Ruth Maria Chitt Gauer EDIPUCRS Jernimo Carlos Santos Braga Diretor Jorge Campos da Costa Editor-chefe

Maria Cristina Werlang Flavia Vallado Thiesen Ana Lgia Bender (Organizadores)

ENADE COMENTADO 2007 Farmcia

Porto Alegre 2010

EDIPUCRS, 2010CAPA Rodrigo Valls REVISO DE TEXTO Rafael Saraiva EDITORAO ELETRNICA Gabriela Viale Pereira e Laura Guerra

Questes retiradas da prova do ENADE 2007 da Farmcia

EDIPUCRS Editora Universitria da PUCRS Av. Ipiranga, 6681 Prdio 33 Caixa Postal 1429 CEP 90619-900 Porto Alegre RS Brasil Fone/fax: (51) 3320 3711 e-mail: [email protected] - www.pucrs.br/edipucrs

Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)E56 ENADE comentado 2007 : farmcia [recurso eletrnico] / organizadoras, Maria Cristina Werlang, Flavia Vallado Thiesen, Ana Lgia Bender. Dados eletrnicos. Porto Alegre : EDIPUCRS, 2010. 88 p. Sistema requerido: Adobe Acrobat Reader Modo de Acesso: ISBN 978-85-397-0032-5 (on-line) 1. Ensino Superior Brasil Avaliao. 2. Exame Nacional de Desempenho de Estudantes. 3. Farmcia Ensino Superior. I. Werlang, Maria Cristina. II. Thiesen, Flavia Vallado. III. Bender, Ana Lgia. CDD 378.81Ficha Catalogrfica elaborada pelo Setor de Tratamento da Informao da BC-PUCRS.

SUMRIO APRESENTAO ..................................................................................................... 7 Ana Lgia Bender COMPONENTE ESPECFICO - QUESTES OBJETIVAS QUESTO 11 ........................................................................................................... 10 Airton Monza da Silveira e Fernanda Haar QUESTO 12 ........................................................................................................... 12 Cristina Maria Moriguchi Jeckel e Paula Feltes QUESTO 13 ........................................................................................................... 15 Virgnia Mingheli Schmitt QUESTO 14 ........................................................................................................... 18 Flavia V. Thiesen, Aline R. Zimmer e Laura S. Marder QUESTO 15 ........................................................................................................... 20 Maria Cristina Werlang QUESTO 16 ........................................................................................................... 23 Bruno Simas da Rocha e Maria Elisa Ribeiro Duarte QUESTO 17 ........................................................................................................... 26 Airton Monza da Silveira QUESTO 18 ........................................................................................................... 28 Natan Estivallet QUESTO 19 ........................................................................................................... 30 Denise Milo e Jos Aparcio Brittes Funck QUESTO 20 ........................................................................................................... 33 Ana Lgia Bender, Ana Luisa Fianco, Bruna Cappellesso, Patrcia Rodrigues e Vernika Reisdorfr QUESTO 21 ........................................................................................................... 35 Myriam Perrenoud QUESTO 22 ........................................................................................................... 37 Terezinha Paz Munhoz QUESTO 23 ........................................................................................................... 39 Maria Cristina Werlang e Natan Estivallet QUESTO 24 ........................................................................................................... 41 Liamara Andrade QUESTO 25 ........................................................................................................... 43 Airton Monza da Silveira e Fernanda Haar QUESTO 26 ........................................................................................................... 46 Maria Cristina Werlang e Fernanda Haar QUESTO 27 ........................................................................................................... 48 Flvia V. Thiesen, Aline R. Zimmer e Laura S. Marder

QUESTO 28 ........................................................................................................... 51 Flavia V. Thiesen, Aline R. Zimmer e Laura S. Marder QUESTO 29 ........................................................................................................... 54 Marlise Arajo dos Santos e Flvia Nathiely Silveira Fachel QUESTO 30 ........................................................................................................... 56 Natan Estivallet QUESTO 31 ........................................................................................................... 58 Fernanda B. Morrone e Paula Juliana B. Seadi Pereira QUESTO 32 ........................................................................................................... 60 Temis Corte QUESTO 33 ........................................................................................................... 62 Airton Monza da Silveira QUESTO 34 ........................................................................................................... 64 Marlise Arajo dos Santos e Flvia Nathiely Silveira Fachel QUESTO 35 ........................................................................................................... 67 Bruno Simas da Rocha QUESTO 36 ........................................................................................................... 70 Maria Elisa Ribeiro Duarte COMPONENTE ESPECFICO - QUESTES DISCURSIVAS QUESTO 37 ........................................................................................................... 75 Denise Milo e Jos Aparcio Brittes Funck QUESTO 38 ........................................................................................................... 78 Ana Lgia Bender, Ana Luisa Fianco, Bruna Cappellesso, Patrcia Rodrigues e Vernika Reisdorfr QUESTO 39 ........................................................................................................... 81 Fernanda B. Morrone e Paula Juliana B. Seadi Pereira QUESTO 40 ........................................................................................................... 84 Cristina Maria Moriguchi Jeckel, Denise Milo e Paula Feltes LISTA DE CONTRIBUINTES ................................................................................... 87

APRESENTAO A formao dos (as) profissionais da Sade, em nvel de Graduao, est amparada pela Lei n 9.394/1996, Lei de Diretrizes e Bases, que fundamenta a Educao Superior no Brasil, e nas Polticas de Sade vigentes. As diretrizes nacionais curriculares para os cursos de Farmcia resoluo CNE/CES 2, de 19 de fevereiro de 2002 alinham formao de um profissional farmacutico capacitado para o exerccio das atividades referentes ao medicamento e produtos farmacuticos, s anlises clnicas e toxicolgicas e ao controle, produo e anlise de alimentos. O perfil formativo generalista, humanista, voltado para as necessidades da sociedade e para a ateno integral sade, capaz de inserir-se em aes de preveno, promoo, diagnstico e tratamento, atuando em equipes multidisciplinares, de forma inter e transdisciplinar. Em um cenrio em que a sociedade evoca a presena de profissionais e cidados comprometidos com os valores ticos sociais e humanos, o Brasil cria o Sistema Nacional de Avaliao da Educao Superior SINAES, Lei n 10.861/2004, que prope parmetros essenciais para a avaliao da Educao Superior. O SINAES preconiza uma formao que atenda aos princpios de qualidade e relevncia voltados s necessidades de desenvolvimento do pas. A avaliao permanente de todos os processos formativos precisa estar incorporada ao cotidiano dos agentes envolvidos no processo: alunos, professores, funcionrios e instituies de ensino, de modo a aproxim-lo da realidade social. A formao farmacutica hoje agrega a necessidade do desenvolvimento de competncias fundamentadas na vigilncia em sade e sade coletiva, alinhadas s polticas do Sistema nico de Sade. O Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes ENADE constitui-se em uma das etapas de avaliao do SINAES. Seu propsito avaliar o desempenho dos estudantes, identificando se as condies de ensino, o conhecimento, as competncias e as habilidades pretendidas, se as metodologias utilizadas encontram-se alinhadas aos princpios e orientaes das Diretrizes Curriculares do Curso.

ENADE Comentado 2007: Farmcia

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O ENADE Comentado, do Curso de Graduao em Farmcia, se prope a discutir com a comunidade acadmica, da Faculdade de Farmcia, as questes que compuseram o Exame realizado em 2007, promovendo e ampliando debates relativos s prticas e ao cenrio da Sade no qual se insere o Farmacutico. Ao mesmo tempo como instrumento de avaliao, oportuniza de modo contnuo reflexes acerca do processo pedaggico desenvolvido ao longo do Curso. A prova do ENADE/2007 para o Curso de Farmcia foi composta por 40 questes: 10 questes de formao geral, 30 questes de contedo especfico, sendo 26 com respostas objetivas e 4 questes discursivas. Tambm integra a Prova do ENADE um questionrio no qual o estudante refere sua percepo acerca do curso e estrutura do mesmo, no contexto da Universidade. Nesta publicao so apresentadas as 30 questes especficas farmacuticas discutidas por grupos de professores, alunos e residentes farmacuticos do Programa de Residncia Multiprofissional em Sade (PREMUS). Ao final da discusso de cada questo so apresentadas referncias nas quais possvel ao leitor buscar informaes complementares, ampliando a reflexo das temticas abordadas. A realizao deste e-book s foi possvel pelo envolvimento de professores, alunos e residentes que integram a Faculdade de Farmcia da PUCRS. Agradecemos a todos que colaboraram, compartilhando seus saberes com responsabilidade e competncia na elaborao do presente e-book. Nosso agradecimento Prof. Dr. Solange Medina Ketzer, Pr-Reitora de Graduao/PUCRS, extensivo sua equipe pelo apoio e estmulos permanentes. Esta publicao eletrnica ENADE Comentado 2007: Farmcia FFARM insere-se na coleo da EDIPUCRS. Desejamos que esse e-book seja um instrumento de consulta para estudantes, docentes e profissionais farmacuticos, bem como para outras profisses da rea da sade. Ana Lgia Bender Diretora da Faculdade de Farmcia FFARM

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Maria Cristina Werlang, Flavia Vallado Thiesen, Ana Lgia Bender (Orgs.)

COMPONENTE ESPECFICO QUESTES OBJETIVAS

QUESTO 11 O farmacutico Epaminondas trabalha em uma instituio com carga horria de 40 horas semanais, entretanto, aceitou a responsabilidade tcnica por uma drogaria cujo dono lhe comunicou que no precisaria ir l todos os dias, pois ele prprio sabia preencher o livro e dar ateno clientela. Os dias se passaram at que a drogaria recebeu a fiscalizao do Conselho Regional de Farmcia (CRF) e, como Epaminondas no estava presente dentro do horrio declarado ao CRF, a fiscalizao preencheu o termo de visita, anotando as irregularidades observadas. As ausncias se repetiram e levaram Epaminondas Comisso de tica do CRF. Diante do exposto e do conhecimento da Resoluo 417/2004, o artigo que o Farmacutico Epaminondas infringiu foi: (A) comunicar s autoridades sanitrias e profissionais, com discrio e fundamento, fatos que caracterizaram infringncia ao Cdigo de tica e s normas que regulam o exerccio das atividades farmacuticas. comunicar ao CRF e s autoridades sanitrias a recusa ou a demisso de cargo, funo ou emprego, motivada pela necessidade de preservar os legtimos interesses da profisso, da sociedade ou da sade pblica.

(B)

(C) comunicar ao CRF, por escrito, o afastamento de suas atividades profissionais, das quais detm responsabilidade tcnica, quando no houver outro Farmacutico que, legalmente, o substitua. (D) comunicar ao CRF o exerccio da profisso em estabelecimento que no esteja devidamente registrado nos rgos de fiscalizao sanitria e do exerccio profissional. (E) prevalecer-se do cargo de chefia ou de empregador para desrespeitar a dignidade de subordinados.

Gabarito: C Autores: Prof. Dr. Airton Monza da Silveira, Acad. Fernanda Haar Comentrio: Essa questo faz meno a Resoluo n 417, de 29 de setembro de 2004 na qual aprova o Cdigo de tica da Profisso Farmacutica. As alternativas A e B fazem parte do Art. 11 da citada resoluo; A letra A, primeira vista, parece estar correta, mas prestando mais ateno, percebemos que o intuito desse item o de fazer-se comunicar fatos cometidos por terceiros e que infrinjam ao Cdigo de tica e s normas profissionais, e, nesse caso, a irregularidade cometida por10 Maria Cristina Werlang, Flavia Vallado Thiesen, Ana Lgia Bender (Orgs.)

Epaminondas e notificada pelo CRF foi a no justificativa de suas ausncias, no estando correta a alternativa. A letra B dispe sobre um dever presente na resoluo, mas que, nesse caso, no foi infringido, segundo relato do enunciado, visto que no houve recusa ou demisso do cargo pelo farmacutico; que, alm de ter aceitado a proposta feita pelo dono da farmcia, no se preocupou em preservar os interesses da profisso, da sociedade ou da sade pblica. A letra D refere-se ao disposto no Art. 13, proibido ao farmacutico, ento o pargrafo XVI que dispe sobre o exerccio da profisso em estabelecimento que no esteja devidamente registrado faz proibio e no menciona a comunicao ao CRF; alm disso, em nenhum momento o enunciado faz aluso a alguma irregularidade referente ao registro do estabelecimento. A alternativa E cita outra proibio do farmacutico presente no Art. 13 pargrafo XXI, mas que no se enquadra na presente questo, estando, ento, incorreta. E por fim, a letra C, se refere ao Art. 12 e descreve sim um dos artigos infringidos pelo farmacutico Epaminondas visto que o mesmo no comunicou ao CRF seus afastamentos do estabelecimento no qual detm responsabilidade tcnica, no havendo farmacutico substituto. Para concluir, podemos acrescentar, ainda, outras infringncias cometidas pelo farmacutico Epaminondas, como o pargrafo XVIII da mesma resoluo delegar a outros profissionais atos ou atribuies exclusivos da profisso farmacutica, pargrafo XX assinar trabalhos realizados por outrem, alheios sua execuo, orientao, superviso ou fiscalizao, ou ainda assumir responsabilidade por ato farmacutico que no praticou ou do qual no participou efetivamente, entre outros. Referncia 1. Brasil. Ministrio da Sade. Resoluo RDC n. 417, de 29 de setembro de 2004. Aprova o Cdigo de tica da Profisso Farmacutica. Dirio Oficial da Unio da Repblica Federativa do Brasil. Braslia, 17 de novembro de 2004.

ENADE Comentado 2007: Farmcia

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QUESTO 12 Pela RDC 67, de 08/10/2007, todas as farmcias com manipulao devem garantir a qualidade fsico-qumica e microbiolgica da sua gua potvel. Esta ser o ponto de partida para a obteno da gua purificada, a ser utilizada em todas as preparaes farmacuticas. Para melhorar a qualidade da gua potvel podem ser realizados alguns pr-tratamentos, alm de um tratamento posterior de purificao, de forma a se obter a gua purificada. Este mtodo ser escolhido pelo Farmacutico responsvel, de acordo com suas necessidades. Uma combinao possvel das etapas de pr-tratamento e tratamento, respectivamente, : (A) filtrao e abrandamento. (B) filtrao e osmose reversa. (C) troca inica e destilao. (D) destilao e troca inica. (E) destilao e osmose reversa. Gabarito: B Autoras: Prof. Dr. Cristina Maria Moriguchi Jeckel, Acad. Paula Feltes Comentrio: Segundo a RDC n. 67, de 8/10/2007 a gua purificada para uso farmacutico considerada matria-prima produzida na prpria farmcia a partir da gua potvel. Existem vrios mtodos comumente utilizados para purificar a gua. Sua efetividade est ligada ao tipo de contaminante a ser tratado e o tipo de aplicao para qual a gua ser usada. Em preparaes farmacuticas, necessrio remover os contaminantes crticos que podem causar problemas e distores nos resultados dos procedimentos, como pirgenos, matria orgnica, ons, gases, metais pesados, etc. Nenhuma tecnologia de purificao isoladamente poder remover todos os tipos de contaminantes nos nveis requeridos para as aplicaes crticas. Justamente por isso, necessrio utilizar um sistema de purificao de gua bem projetado, utilizando uma combinao de tecnologias que permita atingir os nveis de qualidade de gua necessrios. Cada tecnologia de purificao deve ser utilizada em uma sequncia apropriada para otimizar a sua capacidade particular de remoo de contaminantes.

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A alternativa A est incorreta, pois o processo de abrandamento um pr-tratamento, utilizado somente para remover a dureza da gua atravs do uso de CaO, no removendo contaminantes crticos. A alternativa B a correta, pois indica a combinao de filtrao e osmose reversa. A filtrao uma etapa de pr-tratamento e consiste em membranas microporosas que possuem a propriedade de reter praticamente todos os slidos em suspenso, protegendo as etapas subsequentes de entupimento, etapa essencial para que possa ser utilizada a osmose reversa. Remove ainda os traos de partculas coloidais, fragmentos de resinas, finos de carvo e micro-organismos, mas no remove pirognios, slidos ionizados dissolvidos, gases ionizados dissolvidos e materiais orgnicos dissolvidos. A osmose reversa a escolha ideal para tratamento da gua, pois tem a capacidade de remover um amplo espectro de contaminantes em um nico passo de purificao. As membranas de osmose reversa podem rejeitar praticamente todas as partculas como material particulado, pirognios, microorganismos, material orgnico dissolvido, material inorgnico dissolvido e material insolvel. A osmose natural ocorre quando solues com diferentes concentraes so separadas por uma membrana semipermevel. A presso osmtica direciona a gua atravs da membrana para diluir a soluo mais concentrada para obter um equilbrio. Se uma presso hidrulica suficiente for aplicada soluo concentrada para sobrepujar a presso osmtica, a gua pura ir deixar a soluo concentrada e coletada depois da membrana, como gua permeada purificada. A osmose reversa tambm envolve um processo de excluso inica; somente o solvente pode passar atravs da membrana semipermevel, enquanto virtualmente todas as molculas dissolvidas, incluindo sais e acares, so retidas. A alternativa C sugere a troca inica como pr-tratamento e destilao como tratamento. A troca inica uma reao qumica reversvel atravs de substncias polimricas insolveis em gua que tem uma alta capacidade de trocar ons dissolvidos na gua. No tratamento da gua pode ser utilizada para remoo da dureza somente (abrandamento), remoo da dureza e alcalinidade e desmineralizao. A destilao um processo no qual a gua aquecida at evaporar e seu vapor recolhido e condensado. Dependendo do projeto do equipamento, a gua destilada sair com baixa contaminao microbiolgica, quando recm destilada. Contudo, ela se recontamina dependendo da maneira deENADE Comentado 2007: Farmcia 13

armazen-la. Alm disso, impurezas como CO2, slica, amnia e uma variedade de compostos orgnicos so carregados para o destilador. Portanto, a combinao dos dois tratamentos no ideal. No que se refere a alternativa D, esta idem a C. Na alternativa E a destilao no pode ser utilizada como pr-tratamento, pois esta no remove slidos em suspenso. Como j foi falado anteriormente, para utilizar a osmose reversa necessrio que haja a remoo dos slidos para que no ocorra o entupimento dos cilindros contendo as membranas. Para isso, uma etapa de pr-tratamento como a filtrao seria adequada. Referncias 1. Brasil. Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria. Resoluo RDC n. 67, de 8 de outubro de 2007. Dirio Oficial da Unio. Seo I, Braslia. 2. Macedo JNB. guas & guas. 3 ed. Belo Horizonte, 2007.

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QUESTO 13 As endonucleases de restrio so enzimas que reconhecem uma seqncia especfica de nucleotdeos do DNA e o digerem (cortam) num ponto determinado. O emprego dessas enzimas no diagnstico de doenas infecciosas, neoplsicas e hereditrias vem crescendo dia-a-dia, e est preconizado em alguns programas de sade pblica do Governo Federal. O esquema abaixo mostra a seqncia de bases reconhecida pela enzima Dde I, seu ponto de corte (representado pela seta) e dois fragmentos de DNA a serem examinados. CT NAG seqncia reconhecida pela Dde I (N= nucleotdeo qualquer) Fragmento A= ...ACT CCT GAG GAG ... + Dde I Fragmento S= ...ACT CCT GTG GAG ... + Dde I Considerando a especificidade da enzima e os fragmentos em estudo, e sabendo que o fragmento A o normal e o fragmento S representa uma mutao, qual a representao do resultado da corrida eletrofortica dos fragmentos resultantes da digesto do DNA de um indivduo normal e de um homozigoto doente? (A) (B) Normal = 1 banda; doente = 1 banda. Normal = 1 banda; doente = 2 bandas.

(C) Normal = 2 bandas; doente = 1 banda. (D) Normal = 2 bandas; doente = 2 bandas. (E) No possvel diferenciar a mutao nestes fragmentos.

Gabarito: C Autora: Prof. Dr. Virgnia Mingheli Schmitt Comentrio: As enzimas de restrio so classificadas como endonucleases porque digerem internamente a molcula de DNA, rompendo as ligaes fosfodiester que unem os nucleotdeos em um local especfico, o chamado stio de restrio da enzima. Essa digesto gera fragmentos de DNA que so sempre menores do que o tamanho inicial da molcula, antes da digesto.ENADE Comentado 2007: Farmcia 15

Cada enzima de restrio reconhece uma sequncia de nucleotdeos especfica, o seu stio de restrio. Se um nico nucleotdeo alterado nessa sequncia, esta no mais reconhecida pela enzima, e no mais acontece a digesto do DNA nesse local. Atualmente muitos polimorfismos de um nico nucleotdeo (SNP do ingls Single Nucleotide Polymorphism) tm sido identificados no genoma humano. SNPs so substituies de um nico nucleotdeo em toda a sequncia de um gene, caracterizando as variantes allicas do gene. Diversas SNPs tem sido apontadas como fatores predisponentes para algumas alteraes fisiolgicas, como problemas cardiovasculares, sndrome metablica, ou mesmo doenas graves, como o cncer. No caso de alguns agentes infecciosos, as diferenas entre espcies, tipos ou subtipos tambm esto associadas a substituies de um nico nucleotdeo no genoma do micro-organismo. Nos casos em que as SNPs geram ou destroem o stio de restrio reconhecido por uma enzima, possvel amplificar a regio de DNA na qual se encontra a SNP atravs da reao em cadeia da polimerase (PCR), seguindo a incubao com a enzima de restrio especfica, o que permite identificar a variante allica do gene em estudo ou a espcie/tipo/subtipo do agente infeccioso em estudo. A questo comenta sobre nucleotdeos do DNA. O mais correto seria falar de desoxiribonucleotdeos do DNA, pois esses so os verdadeiros componentes do DNA. Os componentes do RNA so os ribonucleotdeos. Mas, de forma genrica, desoxiribonucleotdeos e ribonucleotdeos podem ser referidos como nucleotdeos. A enzima de restrio apresentada a Dde I, que reconhece o stio de restrio CTNAG, em que N representa qualquer nucleotdeo (ou seja, a enzima reconhecer a sequncia e digerir quando nessa posio for encontrado um A, C, G ou T) e a seta vertical, o ponto em que ser rompida a ligao fosfodiester entre os nucleotdeos T e N. As sequncias dos fragmentos so: Fragmento A: 5 ... ACT CCT GAG GAG ... 3 Normal Fragmento S: 5 ... ACT CCT GTG GAG ... 3 Mutao (associado doena)

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A mutao a substituio de um A (no alelo que gera o fragmento A) por um T (no alelo que gera o fragmento S). Portanto, a enzima de restrio Dde I ir reconhecer e digerir a variante allica que corresponde ao fragmento A (normal), pois ali se encontra a sequncia referente ao stio de restrio da enzima: 5 ... ACT CCT GAG GAG ... 3, em que N aqui uma guanidina (G). Quando, aps a digesto com a enzima de restrio, for realizada uma eletroforese, para o fragmento S ser observado somente um fragmento (pois no ocorreu digesto, uma vez que o stio da enzima no est presente nessa sequncia) e para o fragmento A, sero observados dois fragmentos (pois existia o stio de restrio, foi reconhecido pela enzima, e ocorreu digesto). Considerando que um indivduo normal seja homozigoto para o fragmento A (normal), sero observados dois fragmentos, pois os dois alelos desse indivduo originam o fragmento A. No caso do indivduo homozigoto doente, se observar somente um fragmento, pois os dois alelos so referentes ao fragmento S. No est especificado claramente que a mutao estaria associada doena, mas fica subentendido. Portanto, a resposta correta seria a letra (C). Entretanto, pode ainda ser feita uma considerao sobre a manifestao da doena, se recessiva ou dominante. No caso de ser uma doena recessiva, existiria tambm a possibilidade de um indivduo heterozigoto normal, ou seja, um alelo geraria o fragmento A e o outro, o fragmento S. Assim, aps a eletroforese, seriam observados trs fragmentos: os dois fragmentos resultantes da digesto do fragmento A e o fragmento S ntegro (no digerido). Como a caracterstica de manifestao da doena no foi especificada no enunciado da questo 13, considera-se que o indivduo normal seja homozigoto para a variante allica normal, representada somente pelo fragmento A. Referncias 1. Rosseti ML et al. Doenas Infecciosas: diagnstico molecular.Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. 2. Thompson & Thompson. Gentica Mdica. cap. 6. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1993.

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QUESTO 14 Uma indstria detentora da patente de um antiinflamatrio desenvolveu

recentemente um pr-frmaco a partir da molcula do antiinflamatrio anteriormente patenteado. Sabendo que, por definio, um pr-frmaco um composto que requer biotransformao metablica depois da administrao, para produzir o composto farmacologicamente ativo desejado preciso considerar que III para garantir a inovao e os direitos sobre o produto, a indstria precisar patentear o desenvolvimento do pr-frmaco; para fins de registro junto ao Ministrio da Sade a forma farmacutica contendo o pr-farmaco ter de ser submetida a todas as etapas de registro de um novo medicamento lanado no mercado;

III - dependendo da velocidade metablica de converso de um pr-frmaco em frmaco ativo, ela pode ser til para proporcionar liberao prolongada, aumentando a sua atividade teraputica; IV - por tratar-se de um pr-frmaco de uma molcula j submetida a registro e na qual foi mantida a mesma forma farmacutica, sero necessrias, para fins de registro, as avaliaes de liberao, biodisponibilidade, estabilidade e toxicolgicas. Esto corretas, apenas, as afirmativas (A) I e III. (B) I e V. (C) II e III. (D) I, II e IV. (E) I, III e IV. Gabarito: E Autoras: Prof. Dr. Flavia V. Thiesen, Prof. Me. Aline R. Zimmer, Acad. Laura S. Marder Comentrio: Alternativa I: Correta, pois, mesmo sendo um pr-frmaco e o modo de ao da molcula anti-inflamatria ser conhecido, houve uma inovao. O fato de ser um pr-frmaco, faz com que fatores como solubilidade, biodisponibilidade, toxicidade e margem de ao teraputica se modifiquem quando comparados aos fatores do frmaco j registrado.18 Maria Cristina Werlang, Flavia Vallado Thiesen, Ana Lgia Bender (Orgs.)

Alternativa II: Para fins de registro junto ao Ministrio da Sade a forma farmacutica contendo o pr-frmaco considerada medicamento novo. O termo medicamento novo, sem outra adjetivao, , na prtica, utilizado para se referir a medicamentos novos com princpios ativos sintticos e semissintticos, associados ou no, que so os avaliados pela GEPEC. Quando se utiliza o termo medicamento novo sem outro complemento no se est referindo, portanto, a produtos biolgicos, fitoterpicos, homeopticos, medicamentos ditos especficos, medicamentos isentos de registro, e nem tampouco a cpias (genricos e similares). (1) No entanto, por se tratar de pr-frmaco, a anlise do perfil de eficcia poder ser mais simples, ao contrrio da anlise do perfil de segurana e dos ensaios pr-clnicos. Alternativa III: Correta. O incio de ao ir depender da velocidade metablica para converso do pr-frmaco em frmaco ativo, pois, se a velocidade de converso do pr-frmaco a frmaco ativo for lenta, a disponibilizao do frmaco ativo para o organismo ocorrer lentamente. Um pr-frmaco frequentemente desenvolvido de forma intencional para superar problemas inerentes ao frmaco ativo, tais como absoro oral baixa ou varivel. (2) Os pr-frmacos clssicos promovem a melhoria da atividade teraputica por aumento da biodisponibilidade, diminuio da toxicidade, prolongamento da ao e/ou aumento da seletividade, mediante a escolha de um transportador adequado, geralmente de carter lipoflico. Esses pr-frmacos so menos ativos ou inativos quando comparados matriz e devem sofrer reao hidroltica para liberar a poro ativa. (3). Alternativa IV: Correta. O fato de ser um pr-frmaco deve ter provocado alteraes na liberao do princpio ativo, sua biodisponibilidade e estabilidade. Tambm necessrio realizar avaliao de toxicidade do pr-frmaco, uma vez que se trata de substncia diferente da original. Referncias 1. Chung MC, Ferreira EI. O processo de latenciao no planejamento de frmacos. Qum. Nova, v. 22, n. 1. So Paulo: feb. 1999. 2. Tozer TN, Rowland M. Introduo Farmacocintica e Farmacodinmica. As bases quantitativas da terapia farmacolgica. Porto Alegre: Artmed, 2009. 3. Disponvel em: http://www.anvisa.gov.br/medicamentos/registro/registro_novos.htm. Acessado em 20/7/2010.

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QUESTO 15 Um farmacutico hospitalar que acumula a funo de gestor da assistncia farmacutica no hospital, tem autonomia para padronizar em conjunto com a Comisso de Farmcia e Teraputica do hospital, o medicamento que considerar mais eficaz para determinado tratamento. O processo de seleo dos medicamentos dever basear-se em estudos cientficos de eficcia clnica e segurana, bem como em levantamento epidemiolgicos e econmicos, ponderando sobre o custo final do tratamento farmacolgico a ser padronizado e considerando, inclusive, a dispensao e a administrao dos medicamentos. Nesse contexto, analise a tabela abaixo que apresenta um estudo de seleo de dois antibiticos. Item de custo Eficcia do tratamento Tempo de internao Tempo de tratamento Preo de cada ampola Posologia Custo de internao Custos da aplicao Antibitico A 90% 5 dias 5 dias R$ 40,00 1 ampola cada 4 horas R$ 100,00/dia R$ 10,00 cada aplicao Antibitico B 90% 7 dias 7 dias R$ 50,00 1 ampola cada 12 horas R$ 100,00 /dia R$ 10,00 cada aplicao

Tendo em vista os dados apresentados na tabela acima, pode-se concluir que: Io medicamento a ser padronizado deve ser o antibitico A, pois apresenta menor custo da ampola e menor tempo de tratamento e de internao, proporcionando um custo final inferior quando comparado ao antibitico B; apesar de o custo da ampola do antibitico B ser maior que o do antibitico A, o Farmacutico hospitalar pode optar por padroniz-lo, pois ele representar, no custo final do tratamento, uma economia de R$ 460,00 por paciente para o hospital;

II -

III - embora a opo mais econmica seja a padronizao do antibitico B, para utilizar esse medicamento o paciente deve permanecer internado por sete dias, o que pode ser problemtico num municpio que apresenta problema de nmero de leitos, fazendo com que o farmacutico opte corretamente pela padronizao do antibitico A; IV - o antibitico A deveria ser padronizado nesse hospital, pois a eficcia do tratamento e o custo do medicamento so semelhantes entre as opes disponveis, porm o custo unitrio da ampola do antibitico A menor que o do antibitico B.20 Maria Cristina Werlang, Flavia Vallado Thiesen, Ana Lgia Bender (Orgs.)

Esto corretas, somente, as afirmaes (A) (B) I e II. I e IV.

(C) II e III. (D) II e IV. (E) III e IV.

Gabarito: C Autora: Prof. Dr. Maria Cristina Werlang Comentrio: Ao analisar as duas opes de antibioticoterapia, o farmacutico ir empregar, na sua prtica hospitalar, a farmacoeconomia como instrumento auxiliar para a deciso da melhor opo teraputica a ser padronizada. Os elementos-chave da farmacoeconomia so os custos (recursos consumidos para produzir e distribuir a terapia) e as consequncias negativas (resultados indesejveis como efeitos adversos, tempo de internao) e positivas (resultados desejveis) da terapia com medicamentos. Assim, a anlise farmacoeconmica implica, necessariamente, o estudo do custo total e da qualidade do tratamento, desse modo, a anlise isolada pode levar a concluses enganosas. Para tanto, a farmacoeconomia utiliza quatro tipos de anlises: anlise de minimizao de custos (AMC), anlise custo-benefcio (ACB), anlise custo-efetividade (ACE), e anlise custo-utilidade (ACU), de acordo com o que se pretende comparar. Ao comparar as duas opes de antibioticoterapia, A e B, o farmacutico ir empregar uma AMC, a qual empregada na comparao de duas ou mais opes teraputicas cujos efeitos so absolutamente semelhantes. Nesse caso, tanto os antibiticos A como B, representam 90% de eficcia. Entretanto, h que se levar em conta, tanto os custos diretos como os indiretos que possam estar envolvidos com determinada opo teraputica. A opo pelo antibitico A representa um custo de tratamento de R$ 2.000,00, enquanto que ao optar pelo antibitico B o custo do tratamento, de acordo com os dados fornecidos, ser de R$ 1.540,00.

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A alternativa I sugere que o antibitico A apresenta um custo final inferior, o que no se pode afirmar, pois alm dos custos diretos serem superiores, no foram apresentados dados para o clculos dos custos indiretos relativos ao maior tempo de internao. Portanto, essa alternativa est incorreta. A alternativa II est correta, pois de fato, ao optar pelo antibitico B, haver uma economia de R$ 460,00 ao ser comparado com o valor do tratamento do antibitico A, ou seja, o profissional poder padroniz-lo sim: mesma eficcia com menor custo. Contudo, a alternativa III tambm est correta, pois embora o antibitico B represente um custo de tratamento inferior, incidir num maior tempo de internao hospitalar, dificultando a disponibilidade de leitos para o municpio. Por fim, a alternativa IV tambm est incorreta uma vez que leva em conta apenas o valor unitrio da ampola, dentre os custos a serem comparados. Porm, cabe ressaltar que esta uma questo que suscita crticas, pois ao considerar correta a alternativa II, que sugere a opo pelo antibitico B, no esto sendo considerados outros custos que iro acarretar o aumento do tempo de internao hospitalar pelo paciente, e que envolve gastos ligados s atividades de infraestrutura e de apoio, alm dos servios da equipe de sade por mais dois dias de internao e tambm do risco que representa ao paciente permanecer por mais tempo no hospital. Ou seja, o clculo que refere a economia de R$ 460,00 referente a opo pelo antibitico B, no levou em conta todos os custos indiretos referentes ao maior tempo de internao hospitalar. Referncias 1. Maia NJ. Farmcia hospitalar: e suas interfaces com a sade. So Paulo: RX. 2005. 315 p. 2. Storpirtis S. Farmcia Clnica e Ateno Farmacutica. 1 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008.

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QUESTO 16 A Organizao Mundial da Sade (OMS) publicou um documento em 1998 avaliando as condies da populao mundial com relao ao acesso e utilizao dos medicamentos. Esse documento apresentava as seguintes informaes: 33% da populao no tm acesso aos medicamentos essenciais; nos pases em desenvolvimento, 50% a 90% dos medicamentos dispensados so pagos pelo prprio usurio; cerca de 40 milhes de mortes anuais nos pases em desenvolvimento so provocadas por pneumonia, malria, tuberculose e outras doenas, contra as quais existem vacinas e medicamentos eficazes; 75% dos antibiticos so prescritos inadequadamente; apenas 50% dos pacientes so aderentes ao tratamento; 10% a 20% dos medicamentos comercializados so reprovados em provas de controle de qualidade. Analisando as informaes acima, e utilizando seus conhecimentos sobre a poltica de acesso a medicamentos nos diversos pases, assinale a afirmativa correta. (A) A racionalidade e a gesto de recursos financeiros nos sistemas de sade so preocupaes predominantes nos pases em desenvolvimento, principalmente na Amrica Latina, pois nesses pases a demanda crescente e os recursos so sempre finitos. (B) O desenvolvimento de uma Ateno Farmacutica de qualidade, com profissionais farmacuticos preparados para o servio pblico de sade, pode melhorar todos os parmetros apresentados acima, melhorando tambm a qualidade de sade de toda a populao mundial.

(C) A implantao e a implementao dos medicamentos genricos podem contribuir para a reduo dos preos e favorecer o acesso aos medicamentos, inclusive pela populao de renda familiar baixa, geralmente excluda do Sistema de Sade. (D) Os pases menos desenvolvidos, alm de aumentar e racionalizar os recursos, precisam investir em treinamento e reciclagem dos profissionais de sade, implementando Polticas Nacionais de Medicamentos que garantam produo, acesso, seleo, aquisio a preos acessveis e utilizao racional dos medicamentos. (E) Os resultados apresentados demonstram que os pases necessitam aumentar os investimentos em sade, aplicando esses montantes basicamente na aquisio de medicamentos de qualidade e segurana comprovadas e favorecendo o acesso da populao a eles.

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Gabarito: D Autores: Farm. Res. Bruno Simas da Rocha, Farm. Res. Maria Elisa Ribeiro Duarte Comentrio: A questo 16 trabalha com os temas Polticas de Acesso a Medicamentos e como os recursos esto sendo utilizados no setor da Assistncia Farmacutica frente aos medicamentos essenciais. O documento da OMS em questo O acesso aos medicamentos, disponvel em: http://www.onubrasil.org.br/doc/34_O%20acesso%20aos%20medicame.pdf. Quanto relao entre as afirmativas do texto, no enunciado da questo e as alternativas: A alternativa A incorreta, pois atualmente a racionalidade e gesto de recursos financeiros no so as preocupaes predominantes nos pases em desenvolvimento, pois estes ainda esto implementando as Polticas de Medicamentos e os recursos ainda esto direcionados assistncia mdica e hospitalar. A alternativa B incorreta, pois segundo o conceito de Ateno Farmacutica, essa a interao direta do farmacutico com o paciente na preveno, deteco e resoluo de problemas relacionados a medicamentos. Esse modelo uma prtica farmacutica desenvolvido no contexto da Assistncia Farmacutica e, por esse motivo, o conceito de Ateno Farmacutica pode ser facilmente confundido com o de Assistncia Farmacutica, que representa o grupo de atividades relacionadas com o medicamento, destinadas a apoiar as aes de sade demandadas por uma comunidade, e tem como propsito garantir a necessria segurana, eficcia e qualidade desses produtos, a promoo do uso racional e o acesso da populao queles considerados. Diversos fatores podem melhorar os parmetros, alm de uma melhor Assistncia e Ateno Farmacutica. A qualidade de vida tambm tem um conceito amplo, e no pode ser resumida ao acesso de medicamentos e melhores servios farmacuticos. A alternativa C tambm incorreta, pois a implantao e implementao dos medicamentos genricos tm um impacto em toda a populao, no somente na de baixa renda e os Sistemas de Sade, principalmente aps a declarao de alma, esto sofrendo reformas para seguirem princpios como os de universalidade, equidade e gratuidade.24 Maria Cristina Werlang, Flavia Vallado Thiesen, Ana Lgia Bender (Orgs.)

A alternativa D a correta, pois em pases com menos recursos a serem utilizados, devem distribu-los de uma forma racional, seja diretamente nos medicamentos (atravs das polticas de medicamentos) e na capacitao dos profissionais para tal. A alternativa E est equivocada quando afirma que os pases necessitam aumentar os investimentos em sade somente na aquisio de medicamentos. Na verdade os investimentos devem ser aumentados nas diversas reas, evolvendo a sade, afinal o medicamento s uma das ferramentas passveis de serem utilizadas para tratar as enfermidades. Atualmente os investimentos esto aumentando principalmente na ateno primria, na qual ocorre o primeiro contato dos indivduos com os servios de sade. Referncias 1. Brasil. Ministrio da Sade, Conselho Nacional de Sade. Resoluo 338/MS/CNS de 6 de maio de 2004 Aprova a Poltica Nacional de Assistncia Farmacutica. Braslia. Ministrio da Sade. 2004. 2. Consenso Brasileiro de Ateno Farmacutica: proposta Braslia: Organizao Pan-Americana da Sade, 2002. 24 p. 3. Machline C. A assistncia Sade no Brasil. In: Storpirtis S et al. Farmcia clnica e ateno farmacutica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008. 4. Marin N.(org.) Assistncia Farmacutica para Gestores Municipais de Sade. Rio de Janeiro: Opas/OMS, 2003. 5. Marques DC, Jeremias SA. Uma carncia do Sistema nico de Sade (SUS): a assistncia farmacutica ntegra. In: Storpirtis S et al. Farmcia clnica e ateno farmacutica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008. 6. Starfield B. Ateno primria: equilbrio entre necessidades de sade, servios e tecnologia. Braslia: Unesco, Ministrio da Sade, 2002. Disponvel em: http://unesdoc.unesco.org/ulis/cgibin/ulis.pl?catno=130805&set=4BBCA640_1_386&gp=1&mode=e&lin=1&ll=1 Acesso: 16/4/2010

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QUESTO 17 cidos cinmicos hidroxilados, como o cido 4-cumrico e o cido ferlico, so importantes agentes antioxidantes. Eles podem ser obtidos por degradao enzimtica de ligninas de madeira e o curso do processo pode ser monitorado por cromatografia lquida de alta eficincia (CLAE), usando coluna de fase reversa (octadecilsilano) de forma a garantir a qualidade dos mesmos. Durante o teste de um novo processo, visando obteno seletiva de cido ferlico, foi obtido o cromatograma 1 aps algumas horas de reao, e as concentraes correspondentes aos cidos ferlico e 4-cumrico calculadas a partir da rea de cada um dos picos marcados. Em seguida, esta mesma amostra foi co-injetada com uma mistura de padres destes dois cidos nas concentraes de 0,0625 mM (cromatograma 2).

Observando os cromatogramas e as estruturas dos cidos em questo, considere as afirmaes abaixo. III O pico majoritrio, de maior tempo de reteno, corresponde ao cido ferlico, devido sua maior interao com a fase estacionria. A formao de ligao hidrognio intramolecular leva a uma diminuio da interao do cido ferlico com a fase estacionria, aumentando seu tempo de reteno.

III - A concentrao de cido 4-cumrico na amostra injetada de 0,003 mM. IV - A co-injeo com padres uma tcnica que assegura a identidade dos compostos nas anlises por CLAE.26 Maria Cristina Werlang, Flavia Vallado Thiesen, Ana Lgia Bender (Orgs.)

Esto corretas, apenas, as afirmaes (A) I e III. (B) II e IV. (C) I, II e IV. (D) I, III e IV. (E) II, III e IV. Gabarito: A Autor: Prof. Dr. Airton Monza da Silveira Comentrio: Analisando-se as sentenas de I a IV, pode-se afirmar que: O pico majoritrio, de maior tempo de reteno, atribudo substncia que sofre maior interao com a fase estacionria (octadecilsilano). As interaes predominantes so de natureza hidrofbica devido ao carter apolar da fase estacionria, portanto, a molcula com o substituinte -OCH3 possui maior carter hidrofbico, interage com maior intensidade, ficando mais tempo retida na coluna. Sendo assim, o pico de maior tempo de reteno atribudo ao cido ferlico, portanto, est correta a afirmao I. A interao intramolecular ocorrida no cido ferlico conduz a uma diminuio da polaridade da substncia, sendo assim a afirmao II est errada, pois h um aumento da interao dessa com a fase estacionria. A concentrao do cido 4-cumrico realmente de 0,003 mM, pois conforme consta no enunciado, ao se realizar a coinjeo dos padres com a amostra obteve-se a concentrao do pico A no valor de 0,0656 mM quando a concentrao do padro adicionada foi de 0,0625 mM. Dessa forma, a diferena entre as concentraes referente concentrao da substncia, em questo, presente na amostra. Portanto, a afirmao III est correta. A coinjeo pode ser uma evidncia da identidade de um produto na amostra, entretanto, no definitiva. Apesar de haver a coincidncia dos tempos de reteno existe a possibilidade de que no seja a mesma substncia. Sendo assim, a afirmao IV no est correta. Diante dessas consideraes, est correta a alternativa A, que apresenta as afirmaes I e III como corretas. Referncia 1. Collins CH & Braga GL. Introduo a mtodos cromatogrficos. Campinas: Unicamp, 1998. 298p.ENADE Comentado 2007: Farmcia 27

QUESTO 18 Atualmente, um fator que tem dificultado a utilizao racional dos medicamentos no pas a questo da judicializao da sade, em que os magistrados obrigam o Estado a adquirir medicamentos, essenciais ou no, os quais geralmente no esto disponveis em todos os municpios brasileiros. A maioria das aes judiciais proveniente de pacientes oriundos do sistema privado de sade. A esse respeito, analise as afirmaes a seguir. A sentena judicial, nesses casos, est baseada nos princpios da universalidade e integralidade previstos nas Leis Orgnicas do SUS. PORQUE Segundo os princpios ticos/doutrinrios do SUS e a Constituio Federal de 1988, todo cidado brasileiro, ou que est em territrio nacional, tem direito assistncia integral sade, inclusive com o fornecimento de medicamentos para a manuteno de sua sade ou remisso dos sintomas de uma patologia. Analisando as informaes acima, conclui-se que; (A) (B) as duas afirmaes so verdadeiras, e a segunda justifica a primeira. as duas afirmaes so verdadeiras, e a segunda no justifica a primeira.

(C) a primeira afirmao verdadeira, e a segunda falsa. (D) a segunda afirmao verdadeira, e a primeira falsa. (E) as duas afirmaes so falsas.

Gabarito: A Autor: Prof. Dr. Natan Estivallet Comentrio: As sentenas judiciais esto baseadas nos princpios de universalidade (todos tm direito sade, independentemente de classe social, de estar ou no vinculado ao INSS, cor, crena) e integralidade (a pessoa deve receber no atendimento uma ao integrada entre preveno, diagnstico e tratamento para as demandas de sua sade). Essas diretrizes esto presentes na Constituio Federal de 1988 (artigo 196) e na Lei Orgnica do SUS, 8.080/90. E a segunda sentena justifica a primeira porque direito de todo o cidado a assistncia integral sua sade, inclusive com

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o fornecimento de medicamentos para a manuteno de sua sade. Esse aspecto est melhor descrito na Portaria 3.916 de 1998 que define a poltica nacional de medicamentos. Percebemos que o direito est previsto mesmo para patologias raras com frmacos caros:a) doenas que configuram problemas de sade pblica, que atingem ou pem em risco as coletividades, e cuja estratgia de controle concentra-se no tratamento de seus portadores; b) doenas consideradas de carter individual que, a despeito de atingir nmero reduzido de pessoas, requerem tratamento longo ou at permanente, com o uso de medicamentos de custos elevados; c) doenas cujo tratamento envolve o uso de medicamentos no disponveis no mercado.

As demais alternativas, consequentemente, esto incorretas. Referncias 1. Duncan et al. Medicina Ambulatorial. 3 ed. Porto Alegre: Artmed, 2004. 2. Brasil. Constituio Federal. 1988 3. Brasil. Lei n. 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispe sobre as condies para a promoo, proteo e recuperao da sade, a organizao e o funcionamento dos servios correspondentes e d outras providncias. Disponvel em http://www.saude.inf.br/legisl/lei8080.htm. Acessado em 17/8/20104. Brasil. Ministrio da Sade. Portaria n 3.916/GM em 30 de outubro de 1998,

Dirio Oficial da Unio, n 215-E, Seo 1, p. 18-22, de 10/11/98. Disponvel em http://www.crfpa.org.br/legisla/Portarias/001prts06.htm. Acessado em 17/8/2010

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QUESTO 19 Os cidos orgnicos presentes em alimentos influenciam o sabor, o odor, a cor, a estabilidade e a manuteno da qualidade. A quantificao desses cidos permite, por exemplo, verificar o valor nutritivo do alimento, sua deteriorao por bactria, a pureza e qualidade de produtos fermentados, etc. Sobre esse tema, considere as afirmativas abaixo. IA titulao com indicador a anlise mais comum que determina, quantitativamente, a acidez total por titulao, no sendo eficiente para amostras coloridas. A acidez titulvel a quantidade de cido de uma amostra que reage com uma base de concentrao conhecida usando a fenolftalena como indicador.

II -

III - Titulao com potencimetro usada quando no possvel visualizar o ponto de viragem de amostras coloridas com fenolftalena como indicador, como no suco de uva. IV - A reao de NaOH com cido forma on hidroxila, cuja concentrao ser maior que o on H+ no ponto de equivalncia, logo a soluo resultante ser bsica. So corretas as afirmaes (A) (B) I e II, apenas. I e IV, apenas.

(C) I, II e III, apenas. (D) II, III e IV, apenas. (E) I, II, III e IV.

Gabarito: C Autores: Prof. Me. Denise Milo, Prof. Dr. Jos Aparcio Brittes Funck Comentrio: I comentrio: nas anlises titulomtricas ou titrimtricas o ponto final terico ou ponto de equivalncia (ou estequiomtrico) percebido por alguma modificao fsica provocada pela prpria soluo padro (por exemplo, uma leve colorao rsea quando se titula com permanganato de potssio) ou pela adio de um reagente auxiliar que conhecido como indicador. Aps a reao entre a substncia que est sendo titulada e o titulante, que a soluo padro, o indicador deve provocar uma modificao visual ntida por alterao de cor ou turvao. Logo, a titulao com indicador no eficiente para amostras coloridas.30 Maria Cristina Werlang, Flavia Vallado Thiesen, Ana Lgia Bender (Orgs.)

II comentrio: a fenolftalena um indicador de neutralizao, ou indicador cidobase que muda de cor conforme a concentrao de on hidrognio na soluo. utilizada na forma de suas solues alcolicas, e mantm-se incolor em solues cidas e torna-se cor-de-rosa em solues bsicas. A fenolftalena o indicador cido-base do grupo das ftalenas mais conhecido e sua frmula estrutural dada pela Figura 1.

O anel quinoide, que confere cor maioria dos compostos orgnicos, formado na 2 reao. Em um meio suficientemente bsico a fenolftalena vermelha e em um meio neutro ou cido, ela incolor. A fenolftalena um cido fraco e o seu valor de pK de 9,6. A sua cor muda a valores de pH entre pH 8,3 e pH 10. III comentrio: quando no se dispe de um indicador visual, a percepo do ponto de equivalncia pode ser conseguida acompanhando-se o curso da titulao atravs dos mtodos apresentados a seguir: - Titulao potenciontrica: pela medida da diferena de potencial eltrico entre um eletrodo indicador e um eletrodo de referncia; - Titulao condutimtrica: pela medida da modificao da condutividade eltrica da soluo; - Titulao amperomtrica: pela medida da corrente que passa pela clula de titulao entre um eltrodo indicador e um eletrodo de referncia despolarizado, mantido num potencial aplicado;

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- Titulao espectrofotomtrica: pela medida da variao da absorbncia da soluo. IV comentrio: a alcalimetria inclui a titulao de cidos livres, ou de cidos formados pela hidrlise de sais de bases fracos por uma base padro. A reao envolve a combinao dos ons hidrognio e hidrxido para formar gua. Na neutralizao de um cido forte por uma base forte a soluo resultante uma soluo de um sal. Nesse caso especfico um sal orgnico. Referncias 1. Vogel AI. Anlise qumica quantitativa. 6 ed.,c2002, LTC, Rio de Janeiro 462 p. 2. Osawa CC et al. Titulao potenciomtrica aplicada na determinao de cidos graxos livres de leos e gorduras comestveis. Qumica Nova, vol. 29, n.3, p. 593-599, 2006.

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QUESTO 20 O sangue doado sofre um processamento para a obteno dos hemocomponentes. Cada um dos hemocomponentes devidamente identificado e permanece em quarentena at a concluso dos exames sorolgicos que so obrigatrios e fazem parte do processo de controle de qualidade de hemocomponentes preconizado pelo Ministrio da Sade. Sobre este tema, considere as afirmaes a seguir. III As sorologias para sfilis e Doena de Chagas fazem parte dos testes obrigatrios. O teste para malria pode ser includo como obrigatrio em reas endmicas com alto risco.

III - O diagnstico de certeza da Sndrome de Imunodeficincia Adquirida (SIDA) dado pela presena de anticorpos anti-HIV no plasma do doador. IV - As sorologias para os vrus HTLV-I/II no fazem parte da rotina sorolgica obrigatria dos doadores. Est certo o que se afirma apenas em (A) (B) I e II, somente. I e III, somente.

(C) II e III, somente. (D) III e IV, somente. (E) I, II, III e IV.

Gabarito: A Autores: Prof. Dr. Ana Lgia Bender, Acad. Ana Luisa Fianco, Acad. Bruna Cappellesso, Acad. Patrcia Rodrigues, Acad. Vernika Reisdorfr. Comentrio: I) As sorologias para sfilis e Doena de Chagas fazem parte dos testes obrigatrios. So obrigatrios, pois so doenas que podem ser transmitidas atravs do sangue contaminado. A doena de Chagas tem o parasita na forma infectante no sangue, logo com a transfuso o parasita passa para o sangue do receptor. II) O teste para malria pode ser includo como obrigatrio em reas endmicas com alto risco.ENADE Comentado 2007: Farmcia 33

Em reas endmicas de malria, h alta prevalncia da doena, sendo um parasita com ciclo hemtico, h risco de transmisso da malria de forma transfusional. III) O diagnstico de certeza da Sndrome de Imunodeficincia Adquirida (SIDA) dado pela presena de anticorpos anti-HIV no plasma do doador. Errada. A presena de anticorpos anti-HIV indica a probabilidade de contato prvio com o vrus HIV e sua confirmao envolvem anlise da presena de anticorpos por mtodos diferentes, com confirmao pela tcnica de Western Blot, em pelo menos duas amostras sanguneas diferentes. A sndrome da imunodeficincia adquirida diagnosticada a partir de indicadores clnicos e laboratoriais como carga viral, nmero de clulas CD4+, entre outros. IV) As sorologias para os vrus HTLV-I/II no fazem parte da rotina sorolgica obrigatria dos doadores. Errada. O teste para vrus HTLV-I/II fazem parte da rotina sorolgica obrigatria dos doadores, pois as formas de transmisso desse vrus so atravs de transfuso com sangue contaminado, agulhas contaminadas, sexualmente, transplacentria, amamentao e canal de parto. Referncia 1. Resoluo - RDC 153 de 14 de junho de 2004. Determina o Regulamento Tcnico para os procedimentos hemoterpicos, incluindo a coleta, o processamento, a testagem, o armazenamento, o transporte, o controle de qualidade e o uso humano de sangue, e seus componentes, obtidos do sangue venoso,do cordo umbilical, da placenta e da medula ssea. Disponvel em http://eegis.anvisa.gov.br/leisref/public/showAct.php?mode=PRINT_VERSION&id=11662 [Acesso em 8 de outubro de 2008 s 14h41min]

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QUESTO 21 O grfico abaixo mostra quatro estgios (A, B, C e D) de um processo ou situao estatisticamente controlada por um Farmacutico. Para cada estgio, o nvel de qualidade refletido pelo valor mdio X e a variabilidade inerente demonstrada pela faixa R do grfico. Considerando as condies ilustradas, pode-se concluir que:

(A) no estgio A, a variabilidade inerente permanece essencialmente constante, mas o nvel de qualidade desvia de tempos em tempos. (B) no estgio B, o processo ocorre sob condio ideal de controle de qualidade. (C) no estgio B, ambos os nveis qualidade e variabilidade inerente sofrem oscilaes. (D) no estgio C, o nvel de qualidade permanece essencialmente constante, mas a variabilidade se altera de tempos em tempos. (E) nos estgios C e D, a falta de controle pode ser claramente observado. Gabarito: A Autora: Prof. Dr. Myriam Perrenoud Comentrio: Um processo ou uma situao estatisticamente controlada por um farmacutico, pressupe que o erro aleatrio e o erro sistemtico se encontram dentro dos limites aceitveis para cada processo ou situao que necessite de controle estatstico da qualidade. A variabilidade aceitvel que no se considera erro, representa os limites de impreciso que fazem parte do mtodo ou processo (inerente a eles). Ao se avaliar cada etapa demonstrada de A a D, deve-se observarENADE Comentado 2007: Farmcia 35

a largura da curva (faixa R) que nos mostra o grau de impreciso (variabilidade ou reprodutibilidade) do que est sendo analisado (processo ou situao estatisticamente controlada) e a distncia entre as mdias das curvas de distribuio em cada estgio, que demonstram se houve perda do nvel da qualidade (presena de erro sistemtico). A resposta correta A, pois o nvel de qualidade que representa a mdia dos valores encontrados no se mantm constante, demonstrando a presena de erro sistemtico. Resposta B: no estgio B, a mdia de todas as curvas se mantm constante (ausncia de erro sistemtico), porm, fica claramente demonstrado pela diferena na largura das curvas, as variaes em relao ao erro aleatrio. Resposta C: no estgio B, ocorrem variaes, tanto no erro sistemtico como aleatrio, isto , tanto o nvel da qualidade quanto a variabilidade sofrem oscilaes. Resposta D: no estgio C, o nvel da qualidade (erro sistemtico) sofre oscilaes, demonstrado pela distncia entre as mdias das curvas. Resposta E: no estgio C, fica demonstrada a presena de erro aleatrio e sistemtico, porm, no estgio D as curvas apresentam uma similaridade na sua variabilidade, demonstrando um bom controle do processo. Referncias 1. Motta VT. Gesto da qualidade no laboratrio clnico. 2 ed. Porto Alegre: Mdica Missau, 2001. 2. Henry JB. Diagnsticos clnicos e tratamento por mtodos laboratoriais. 20 ed. So Paulo: Manole, 2008. 3. Burts T. Fundamentos de qumica clnica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006.

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QUESTO 22 A tabela abaixo mostra os resultados da avaliao leucocitria, durante os primeiros sete dias de internao, em UTI, de um paciente aps uma grande cirurgia abdominal.

Aps a avaliao dos resultados e da periodicidade dos exames realizados, qual deve ser a recomendao do Farmacutico responsvel pelo laboratrio, como participante da equipe multiprofissional de ateno ao paciente? (A) No h necessidade de mudar a periodicidade dos exames, pois os resultados indicam uma diminuio do processo inflamatrio. (B) No necessria a realizao de outros exames, pois a diminuio gradativa do percentual de linfcitos indica a presena de uma infeco de origem viral. (C) No necessria a realizao de outros exames, pois o aumento do nmero de leuccitos corresponde a uma reao de recuperao na qual os neutrfilos estariam envolvidos no processo de cicatrizao. (D) Seria recomendvel o exame dirio devido ao aumento do nmero de leuccitos associado ao aumento do percentual de neutrfilos, o que indica uma infeco de origem bacteriana em evoluo. (E) Devem ser feitos outros exames, pois os valores apresentados no so suficientes para qualquer concluso acerca da evoluo do paciente. Gabarito: D Autoras: Prof. Dr. Terezinha Paz Munhoz Comentrio: a- Os resultados do leucograma so caractersticos de processo infeccioso, portanto, no poderia ser considerado como diminuio de um processo inflamatrio. b- Infeco viral caracterizada pelo aumento de linfcitos. c- No ps-operatrio imediato, no primeiro exame, poderia haver um aumento reacional dos leuccitos em funo do procedimento cirrgico, portanto,ENADE Comentado 2007: Farmcia 37

levando a uma resposta inflamatria e consequente aumento de leuccitos custa de neutrfilos. Como h exames j no stimo dia, e nmero de leuccitos totais e neutrfilos foi crescente, no poderia ser s reacional. d- Resposta Correta. Avaliao diria seria mais indicada para acompanhar a evoluo do paciente, uma vez que h um aumento de leuccitos com neutrofilia, que caracteriza uma infeco bacteriana. No foi descrita a presena de clulas imaturas, que deveriam estar presentes com esses nmeros de neutrfilos. Mesmo assim, pelo nmero total de leuccitos e a neutrofilia presentes, j pode ser caracterizada a infeco bacteriana. e- A resposta anterior j justifica porque essa alternativa est incorreta. Referncia 1. Failace RR. Hemograma. Manual de Interpretao. 4 ed. Porto Alegre: Artmed, 2006.

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QUESTO 23 Uma das causas mais comuns de diarria em crianas a infeco por Escherichia coli, que pode ocorrer em berrios, creches, escolas e instituies de atendimento infantil, sendo freqentemente responsvel por surtos endmicos. A ateno sade da criana inclui medidas para o diagnstico e a preveno das doenas freqentes nessa faixa etria. A(s) recomendao(es) principal(is) para a preveno da diarria por Escherichia coli em berrios (so): (A) (B) evitar as temperaturas elevadas, se possvel, mantendo o ambiente refrigerado. usar a antibioticoterapia em todos os funcionrios que lidam com as crianas.

(C) usar a antibioticoterapia profiltica em todas as crianas em caso de infeco. (D) usar somente leite em p na alimentao das crianas a fim de evitar a contaminao via leite materno. (E) lavar rigorosamente as mos e fazer o isolamento dos pacientes com diarria.

Gabarito: E Autores: Prof. Dr. Maria Cristina Werlang e Prof. Dr. Natan Estivallet Comentrio: Essa questo contempla contedos importantes da Sade Coletiva e aborda conceitos fundamentais sobre antibioticoterapia e profilaxia do contgio de doenas infecciosas. Vejamos as alternativas: A alternativa A no est correta, pois manter o ambiente refrigerado apenas aumentaria a incidncia de patologias respiratrias nos bebs; Conforme o que est descrito na alternativa B, que sugere o emprego de antimicrobianos em todos os funcionrios que lidam com as crianas, verifica-se uma situao de uso irracional de medicamento, que pode ocasionar o surgimento de resistncia bacteriana, pois o emprego dos antimicrobianos prescinde de critrios definidos, tanto para tratamento como para situaes profilticas. Com relao alternativa C, sabe-se que a profilaxia no caso da Escherichia coli reside em evitar-se o contgio, e no usar antibiticos, o que, a exemplo da alternativa anterior, poderia ocasionar resistncia bacteriana e alteraes da flora dos bebs, tornando-os mais susceptveis a outras infeces.

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J, a alternativa D, totalmente absurda, segundo as recomendaes da Organizao Mundial de Sade. A presena dos anticorpos maternos no leite do peito protege o beb (principalmente contra diarreia e pneumonia) e diminui a mortalidade infantil, sendo recomendada para todas as mes, exceto aquelas com infeco pelo vrus HIV. Por fim, a alternativa E est correta. A lavagem de mos a melhor profilaxia para as doenas diarreicas e inmeras outras, incluindo as do trato respiratrio como a temida gripe A H1N1. Referncia 1. Duncan et al. Medicina Ambulatorial. 3 ed. Porto Alegre: Artmed, 2004.

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QUESTO 24 A linezolida (1) um agente antibacteriano inibidor da biossntese de protenas, pertencente classe qumica das oxazolidinonas. A equipe de desenvolvimento de frmacos de uma grande empresa farmacutica, visando a desenvolver novos anlogos dessa famlia de compostos, props as estruturas 2-4 para desenvolvimento. A rota de sntese desses compostos encontra-se descrita abaixo.

DIPEA: Diisopropiletilamina (base no nucleoflica) DMF: Dimetilfomamida (solvente polar aprtico) 1 (Linezolida): X = C-F, Y = O 2: X = C-OCH3, Y = O 3: X = C-F, Y = S 4: X = N, Y = O Com base nessas informaes, pode-se afirmar que so candidatos promissores a anlogos da linezolida o composto I2, j que o grupo metoxila ir mimetizar as propriedades eletrnicas do tomo de flor de 1, favorecendo tambm a etapa de sntese de substituio nucleoflica aromtica; II - 3, sendo que o tomo de enxofre, devido sua maior lipofilicidade, dever proporcionar maior absoro entrica de 3 em relao a 1; III - 4, j que o anel piridnico ir mimetizar as propriedades eletrnicas do anel benznico de 1, favorecendo tambm a etapa de sntese de substituio nucleoflica aromtica.ENADE Comentado 2007: Farmcia 41

Est(o) correta(s), apenas, a(s) afirmao(es) (A) I. (B) II. (C) III. (D) I e II. (E) II e III. Gabarito: E Autora: Prof. Me. Liamara Andrade Comentrio: I 2, j que o grupo metoxila ir mimetizar as propriedades eletrnicas do tomo de flor de 1, favorecendo tambm a etapa de sntese de substituio nucleoflica aromtica; Tal afirmao no est correta porque o grupo metoxila, ao contrrio do tomo de Flor, ir eliminar a capacidade da molcula de doar eltrons. Com isso, no ir favorecer a etapa de sntese de substituio nucleoflica aromtica, j que esse tipo de reao precisa de um grupo nuclefilo (grupo doador de eltrons). II 3, sendo que o tomo de enxofre, devido sua maior lipofilicidade, dever proporcionar maior absoro entrica de 3 em relao a 1; A afirmao II est correta, pois o tomo de enxofre ir conferir maior lipofilia ao composto, aumentando sua penetrao pelas membranas e consequente, absoro. III 4, j que o anel piridnico ir mimetizar as propriedades eletrnicas do anel benznico de 1, favorecendo tambm a etapa de sntese de substituio nucleoflica aromtica. A afirmao III est correta, pois o anel piridnico, assim como o anel benznico ser capaz de doar eltrons, caracterizando ento um nuclefilo, caracterstica que se faz necessria para ocorrncia de uma substituio nucleoflica aromtica. Diante dessas consideraes, est correta a alternativa E, que apresenta as afirmaes II e III, como corretas. Referncias 1. Allinger N. et al. Qumica Orgnica. 2a ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1978. 2. Morrison R. & Boyd R. Qumica Orgnica, 13a ed. Lisboa: Fundao Calouste Gulbenkian, 1996. 3. Pinho & Melo TMV. D. Recent Advances on the Synthesis and Reactivity of Isaxazoles. Current Organic Chemistry, 9, 925-958, 2005. 4. Solomons TWG. Qumica Orgnica. 6a ed., v.1 e 2. Rio de Janeiro: LTC Livros Tcnicos e Cientficos, 1996.42 Maria Cristina Werlang, Flavia Vallado Thiesen, Ana Lgia Bender (Orgs.)

QUESTO 25 Um Farmacutico trabalha numa farmcia comunitria que disponibiliza, para venda populao, medicamentos de referncia (inovadores), genricos e similares. Um usurio se aproxima do balco, procura o Farmacutico e lhe apresenta uma prescrio mdica de maleato de enalapril 10 mg/dia (medicamento de referncia). A receita informa que o tratamento foi prescrito por apenas 30 dias, pois, aps esse perodo, ser realizada uma nova avaliao clnica. Dessa forma, so oferecidas as seguintes opes para o paciente: - Medicamento de referncia R$ 38,00 (contendo 30 comprimidos); - Medicamento genrico R$ 18,00 (contendo 30 comprimidos). O usurio assusta-se com a diferena de preos entre os dois e questiona sobre a qualidade dos medicamentos. Alm disso, fica em dvida se a substituio do medicamento legal frente ao Conselho Federal de Farmcia e Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria (ANVISA). O Farmacutico informa ao usurio que poder realizar a intercambialidade do medicamento, atendendo s exigncias legais da Resoluo 135 de 29/05/2003, quando, na receita, de prprio punho, o prescritor (A) (B) no informar nenhuma restrio substituio desse medicamento de referncia por um genrico ou similar. no informar nenhuma restrio substituio desse medicamento de referncia por um genrico.

(C) informar que autoriza a substituio desse medicamento de referncia por um genrico. (D) informar que o medicamento genrico deve ter sido submetido a testes de bioequivalncia e biodisponibilidade. (E) informar que o medicamento genrico deve ter sido devidamente aprovado pela ANVISA.

Gabarito: B Autores: Prof. Dr. Airton Monza da Silveira, Acad. Fernanda Haar Comentrio: Essa questo trata de um assunto que suscita dvidas na hora da dispensao: que tipo de medicamento pode ser dispensado em substituio quele prescrito pelo mdico? Em primeiro lugar, importante conhecer os conceitos

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corretos de alguns termos abordados pela questo. Segundo a ANVISA, medicamento genrico medicamento similar a um produto de referncia ou inovador, que se pretende ser com este intercambivel, geralmente produzido aps a expirao ou renncia da proteo patentria ou de outros direitos de exclusividade, comprovada a sua eficcia, segurana e qualidade, e designado pela DCB ou, na sua ausncia, pela DCI.

J medicamento de referncia omedicamento inovador registrado no rgo federal responsvel pela vigilncia sanitria e comercializado no Pas, cuja eficcia, segurana e qualidade foram comprovadas cientificamente junto ao rgo federal competente, por ocasio do registro.

E, por fim, o medicamento similar aquele que contm o mesmo ou os mesmos princpios ativos, apresenta a mesma concentrao, forma farmacutica, via de administrao, posologia e indicao teraputica, e que equivalente ao medicamento registrado no rgo federal responsvel pela vigilncia sanitria, podendo diferir somente em caractersticas relativas ao tamanho e forma do produto, prazo de validade, embalagem, rotulagem, excipientes e veculos, devendo sempre ser identificado por nome comercial ou marca.

De acordo com a Resoluo RDC n 16, de 02 de maro de 2007 (a qual revogou a Resoluo RDC n 135, de 29 de maio de 2003 mencionada no enunciado), item 2.1 do inciso VI (anexo I) ser permitida ao profissional farmacutico a substituio do medicamento prescrito pelo medicamento genrico correspondente, salvo restries expressas pelo profissional prescritor; as restries a que se refere o item citado anteriormente deve atender ao disposto no item 1.3 do mesmo inciso:no caso de o profissional prescritor decidir pela nointercambialidade de sua prescrio, a manifestao dever ser efetuada por item prescrito, de forma clara, legvel e inequvoca, devendo ser feita de prprio punho, no sendo permitidas outras formas de impresso.

Ento, analisando as alternativas, a letra A no est correta por referir-se substituio do medicamento de referncia por um genrico ou similar e a intercambialidade permitida entre os medicamentos genrico e de referncia, no

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incluindo o medicamento similar. J a alternativa B refere-se ao disposto no item 1.3 descrito acima, estando correta, visto que o farmacutico poder realizar a intercambialidade se o prescritor no informar, na receita, nenhuma restrio. A alternativa C no est prevista em lei, visto que permitida ao farmacutico a substituio em questo, no necessitando anuncia do prescritor, caracterizando-a como incorreta. A substituio pelo genrico dever pautar-se na relao de medicamentos genricos registrados pela ANVISA, e para obteno desse registro, o medicamento genrico precisa comprovar sua equivalncia farmacutica e por meio de testes de biodisponibilidade e/ou bioequivalncia, garantindo, assim, a intercambialidade, no sendo exigido ao prescritor informar na receita nenhuma dessas informaes, caracterizando as alternativas D e E como incorretas. Concluindo, faz-se oportuno acrescentar que, segundo o disposto no item 2.4 do inciso VI (anexo I) da mesma resoluo, dever do profissional farmacutico explicar, detalhadamente, a dispensao realizada ao paciente ou usurio, bem como fornecer toda a orientao necessria ao consumo racional do medicamento genrico, considerando que o medicamento genrico no Pas prioridade da poltica de medicamentos do Ministrio da Sade. Referncias 1. Brasil. Ministrio da Sade. Resoluo RDC n. 16, de 02 de maro de 2007. Aprova o Regulamento Tcnico para Medicamentos Genricos, anexo I. Acompanha esse Regulamento o Anexo II, intitulado "Folha de rosto do processo de registro e ps-registro de medicamentos genricos". Dirio Oficial da Unio da Repblica Federativa do Brasil. Braslia, 05 de maro de 2007. 2. Brasil. Ministrio da Sade. Resoluo RDC n. 391, de 9 de agosto de 1999. Aprova o Regulamento Tcnico para Medicamentos Genricos. Dirio Oficial da Unio da Repblica Federativa do Brasil. Braslia, 10 de agosto de 1999.

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QUESTO 26 Analise as afirmaes abaixo, sobre a utilizao racional de medicamentos. A farmacoepidemiologia, rea do conhecimento composta principalmente por duas vertentes que se complementam (farmacovigilncia e estudos de utilizao de medicamentos), tendo como objetivo principal analisar e avaliar o impacto dos medicamentos sobre as populaes humanas ferramenta fundamental para aprimorar a utilizao racional dos medicamentos. PORQUE O uso racional de medicamentos inclui, entre outros aspectos, a escolha teraputica adequada baseada em evidncias clnicas, considerando eficcia, segurana, custo e convenincia, alm de dose, administrao, adeso e durao do tratamento apropriado ao paciente. Analisando as informaes acima, conclui-se que: (A) (B) as duas afirmaes so verdadeiras, e a segunda justifica a primeira; as duas afirmaes so verdadeiras, e a segunda no justifica a primeira;

(C) a primeira afirmao verdadeira, e a segunda falsa. (D) a segunda afirmao verdadeira, e a primeira falsa. (E) as duas afirmaes so falsas. Gabarito: A Autoras: Prof. Dr. Maria Cristina Werlang, Acad. Fernanda Haar Comentrio: A farmacoepidemiologia pode ser definida como o estudo da utilizao e dos efeitos dos medicamentos em um grande nmero de pessoas. Nesse intuito, utiliza conhecimentos da farmacologia e epidemiologia e se organiza em dois grandes grupos de aes: a Farmacovigilncia e os Estudos de Utilizao de Medicamentos. Tambm denominada ensaios ps-comercializao ou Fase IV, a farmacovigilncia a cincia relativa deteco, avaliao, compreenso e preveno de efeitos adversos ou quaisquer problemas relacionados a medicamentos. Objetiva a identificao precoce de reaes adversas, especialmente as desconhecidas ou raras no detectadas durante os ensaios clnicos de pr-comercializao devido as suas vrias limitaes (nmero restrito de pacientes e excluso dos que apresentam contraindicaes como gestantes, idosos, crianas e portadores de outras patologias;46 Maria Cristina Werlang, Flavia Vallado Thiesen, Ana Lgia Bender (Orgs.)

dose geralmente fixa e seguimento rigoroso; curta durao; entre outras). Com base nessa cincia que a farmacoepidemiologia foi fundada. J os estudos de utilizao de medicamentos incluem a comercializao, distribuio, prescrio, dispensao e uso de medicamentos na sociedade, com especial destaque sobre as consequncias mdicas, sociais e econmicas. Tais estudos, realizados, tanto em pases desenvolvidos como naqueles em desenvolvimento, buscam obter informaes com a finalidade de selecionar adequadamente os medicamentos para tratamento das doenas prevalentes e gastar estritamente o necessrio dos recursos disponveis e promover a adequao da prescrio mdica e o uso pelos pacientes com os padres desejados. Resumindo, o objetivo conhecer como os medicamentos esto sendo utilizados para aperfeioar o atendimento sade, ou seja, promover o uso racional dos medicamentos, com consequente reduo dos gastos. Para esses estudos, metodologias especficas foram desenvolvidas. Assim, de maneira geral, a farmacoepidemiologia utilizada para garantir a vigilncia de drogas na fase de comercializao. Envolve os diversos segmentos relacionados comercializao, normatizao e definio de diretrizes para o uso racional de medicamentos, estando correta a primeira afirmao. A segunda afirmao sintetiza aspectos preconizados pelo uso racional de medicamentos que compreende a prescrio apropriada, a disponibilidade oportuna e a preos acessveis, a dispensao em condies adequadas e o consumo nas doses indicadas, nos intervalos definidos e no perodo de tempo indicado de medicamentos eficazes, seguros e de qualidade. O que justifica a primeira afirmao, visto que a farmacoepidemiologia fornece subsdios para elaborao de estratgias de promoo do uso racional de medicamentos, constituindo uma ferramenta importante para tal processo. Referncias 1. Bisson MP. Farmcia Clnica e Ateno Farmacutica. 2 ed. So Paulo: Manole, 2007. 371 p. 2. Maia Neto J. Farmcia hospitalar: e suas interfaces com a sade. So Paulo: RX, 2005. 315 p. 3. Storpirtis S. Farmcia Clnica e Ateno Farmacutica. 1 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008.ENADE Comentado 2007: Farmcia 47

QUESTO 27 Segundo a legislao, lingia o produto crneo industrializado obtido de carnes de animais de aougue, adicionado ou no de tecidos adiposos, ingredientes, embutido em envoltrio natural ou artificial e submetido ao processo tecnolgico adequado. Este processo requer adio de sais de cura, recurso que permitir ao alimento produzido em escala industrial atingir os parmetros de qualidade sensorial sabor, cor, aroma e textura, alm de garantir a preservao do produto. Sais de cura, como nitrato e nitrito de sdio e de potssio, so largamente utilizados como aditivos alimentares em produtos crneos. Estes sais, alm de conservarem a carne contra a deteriorao bacteriana, so fixadores de cor. Devem estar presentes nos alimentos de acordo com as concentraes estabelecidas pelos rgos responsveis. Seus efeitos adversos so representados, principalmente, pela metamioglobina txica e pela formao de nitrosaminas, de ao carcinognica. Tais aditivos devem, portanto, ser submetidos a uma avaliao toxicolgica que: (A) possa verificar os efeitos mutagnicos, carcinognicos teratognicos que so de fcil previso, uma vez que geralmente envolvem nveis de exposio muito baixos por um perodo de tempo curto. (B) fornea seu perfil toxicolgico, particularmente com respeito sensibilidade comparativa entre vrias espcies animais, natureza dos rgos alvos, ao metabolismo e capacidade de acmulo no organismo. (C) se inicia, normalmente, com a determinao da toxicidade crnica da substncia qumica, sendo obtidas informaes preliminares quanto ao nvel de dose que provoca um efeito no animal experimental. (D) envolve o estudo de toxicidade aguda, que o efeito produzido pelo aditivo em doses repetidas, por um longo perodo de tempo, em geral 2/3 da vida da espcie do animal. (E) envolve a interpretao dos dados toxicolgicos gerados, identificando-se uma dose experimental na qual no tenham sido observados efeitos adversos da substncia avaliada sobre a espcie animal mais sensvel. Gabarito: B Autoras: Prof. Dr. Flvia V. Thiesen, Prof. Me. Aline R. Zimmer, Acad. Laura S. Marder Comentrio: Alternativa A: errada. Testes de carcinogenicidade e teratogenicidade so testes demorados e j existem evidncias cientficas suficientes quanto aos efeitos48 Maria Cristina Werlang, Flavia Vallado Thiesen, Ana Lgia Bender (Orgs.)

txicos dos nitratos e nitritos, no havendo ento a necessidade de refazer esses testes. Um dos motivos de no ser recomendada a repetio de testes de avaliao toxicolgica evitar o uso desnecessrio de mais animais de experimentao, devido a questes ticas. A avaliao de carcinogenicidade e teratogenicidade envolve grandes perodos de tempo, ao contrrio do que est escrito na alternativa A. Adicionalmente, seus resultados em seres humanos no so de fcil previso, pois necessrio extrapolar dados de testes com animais de experimentao e existem diferenas importantes entre as espcies. No caso de testes de teratogenicidade, por exemplo, a substncia em estudo administrada em altas doses, em animais testes prenhes, durante o perodo de organognese. J para detectar os efeitos embriognicos, a substncia deve ser administrada durante a gestao em doses menores. No entanto, os testes para avaliar a mutagenicidade podem ser realizados com clulas e bactrias, sendo de menor durao. Alternativa B: correta. Os testes toxicolgicos so realizados em diversas espcies animais, geralmente ratos ou camundongos e ces. Dependendo do teste, outras espcies so mais indicadas, como coelhos e porcos-da-ndia. Os testes toxicolgicos, como toxicidade aguda, servem para identificar rgos-alvos dos toxicantes e caractersticas toxicocinticas, como biotransformao e distribuio e armazenamento. De acordo com a Portaria n 540 de 27 de outubro de 1997, antes de ser autorizado o uso de um aditivo em alimentos este deve ser submetido a uma adequada avaliao toxicolgica, em que se deve levar em conta, entre outros aspectos, qualquer efeito acumulativo, sinrgico e de proteo, decorrente do seu uso. Os aditivos alimentares devem ser mantidos em observao e reavaliados quando necessrio, caso se modifiquem as condies de uso. Alternativa C: errada. A redao adequada seria se inicia, normalmente, com a determinao da toxicidade AGUDA da substncia qumica, sendo obtidas informaes preliminares quanto ao nvel de dose que provoca um efeito no animal experimental. A toxicidade aguda definida como os efeitos adversos que ocorrem dentro de um perodo curto aps a administrao de uma dose nica ou doses mltiplas dentro de 24 horas. Testes para avaliar toxicidade aguda permitem construir a curva dose resposta e assim inferir a DL50 (dose letal 50), dose que causa efeito letal em 50% dos animais de uma populao. Assim, escolhem-se trsENADE Comentado 2007: Farmcia 49

nveis de doses a partir do teste de toxicidade aguda, a fim de utilizar essas doses nos demais testes de avaliao de toxicidade, entre eles, no teste de Toxicidade Crnica. Os resultados obtidos a partir dos estudos de toxicidade aguda servem tambm para conhecer o mecanismo de ao da substncia, identificar possveis rgos ou sistemas sensveis e determinar se os efeitos so reversveis. Os testes devem ser realizados em diferentes espcies de animais e em ambos os sexos, pois as diferenas de resposta indicam que o efeito txico no universal e a extrapolao para o homem deve ser feita considerando-se essas diferenas. (1) Alternativa D: errada. A redao adequada seria envolve o estudo de toxicidade CRNICA, que o efeito produzido pelo aditivo em doses repetidas, por um longo perodo de tempo, em geral 2/3 da vida da espcie do animal. Os estudos de toxicidade crnica so realizados para se determinar o efeito txico aps a exposio prolongada a doses cumulativas da substncia em teste, permitindo observar o potencial carcinognico da substncia. Os testes devem ter durao superior a trs meses, dependendo do uso previsto da substncia. Normalmente so utilizados duas espcies de animais, ratos e camundongos de ambos os sexos, em nmero suficiente para garantir a confiabilidade do resultado ao final do experimento. (1) Alternativa E: A dose na qual no so observados efeitos adversos chama-se NOAEL (no-observed-adverse-effect-level). A dose NOAEL a maior dose administrada num estudo de toxicidade no qual no se observa nenhum efeito adverso. Para defini-la utilizam-se ratos e camundongos por serem de fcil manuseio, dceis, reproduzirem-se rapidamente, terem uma prole relativamente grande e j existirem dados de avaliao de toxicidade de outros toxicantes, permitindo, assim, comparar a toxicidade de diversas substncias na mesma espcie. Referncia 1. Oga S, Camargo MMA, Batistuzzo JAO. Fundamentos de Toxicologia. 3 edio. So Paulo: Atheneu, 2008.

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QUESTO 28 Analise as informaes apresentadas no grfico abaixo, sobre a cintica plasmtica do diazepam na mulher obesa e na de peso normal.

Pode-se observar no grfico que a meia-vida de eliminao do diazepam na mulher obesa, quando comparada meia-vida de eliminao do mesmo medicamento na mulher de peso normal, cerca de:ENADE Comentado 2007: Farmcia 51

(A) duas vezes menor, o que demonstra que o medicamento tende a acumular-se mais no indivduo com peso normal. (B) duas vezes maior, pois esse medicamento altamente hidrossolvel, apresentando afinidade maior pela gua, sendo eliminado mais rpido pelos rins. (C) duas vezes maior, pois esse medicamento altamente lipossolvel e tende a acumular-se no tecido adiposo, aumentando a distribuio do medicamento e, conseqentemente, a meia-vida de eliminao no indivduo obeso. (D) quatro vezes menor, pois o diazepam, por ser lipossolvel, demanda maior tempo de metabolizao heptica. (E) quatro vezes maior, pois esse medicamento altamente lipossolvel e tende a acumular-se no tecido adiposo, aumentando a distribuio do medicamento e, conseqentemente, a meia-vida de eliminao no indivduo obeso. Gabarito: E Autoras: Prof. Dr. Flavia V. Thiesen, Prof. Me. Aline R. Zimmer, Acad. Laura S. Marder Comentrio: A constituio corprea influencia na distribuio dos frmacos e, consequentemente, em sua meia-vida de eliminao. Quanto mais o frmaco se distribui pelos tecidos, maior o seu volume de distribuio e mais lenta ser sua eliminao. (1, 2) Pessoas obesas podem armazenar grandes quantidades de frmaco no tecido gorduroso, enquanto pessoas muito magras armazenam quantidades muito pequenas. Observa-se que o diazepam, por ser um frmaco lipossolvel, acumula-se no indivduo obeso por ter afinidade ao tecido adiposo, logo, sua eliminao mais lenta e sua meia-vida de eliminao MAIOR no indivduo obeso. (1, 2) Dessa forma, as alternativas A e D esto incorretas, pois afirmam que meia-vida de eliminao do diazepam na mulher obesa menor do que na mulher de peso normal, quando na verdade ele se acumula em indivduos obesos, sendo mais lentamente eliminado e possuindo maior meia-vida de eliminao. A alternativa B incorreta. O diazepam lipossolvel, e no hidrossolvel, pois no tem afinidade pela gua e sim pelo tecido adiposo, e por isso pobremente eliminado pelos rins. (1, 2)

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Ambas alternativas, C e E esto corretas ao afirmar que o diazepam altamente lipossolvel e tende a acumular-se no tecido adiposo, o que aumenta a distribuio do frmaco e, consequentemente, a meia-vida de eliminao no indivduo obeso (1, 2). Analisando o grfico na fase de eliminao, observa-se que a resposta correta a alternativa E, pois a meia-vida do frmaco, ou seja, o tempo necessrio para que a concentrao plasmtica ou a quantidade original do frmaco se reduza a metade, quatro vezes maior no indivduo obeso. Referncias 1. Dhillon S, Kostrzewski A. Clinical Pharmacokinetics. Pharmaceutical Press, 2006. 2. Tozer TN, Rowland M. Introduo Farmacocintica e Farmacodinmica. As bases quantitativas da terapia farmacolgica. Porto Alegre: Artmed, 2009.

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QUESTO 29 A capsaicina uma amida lipoflica encontrada em pimentas do gnero Capsicum, sendo responsvel pela ardncia quando se emprega este tempero em alimentos. Ela tambm vem sendo empregada para o tratamento de cores crnicas, por promover a dessensibilizao de fibras sensoriais.

Considerando a sua estrutura, pode-se afirmar que a capsaicina: Ipode ser isolada de extratos brutos de Capsicum empregando solventes orgnicos de baixa polaridade, como o n-hexano, e por solues aquosas cidas, devido basicidade do tomo de nitrognio presente na estrutura; pode ser isolada de extratos brutos de Capsicum empregando solues aquosas bsicas, devido acidez do grupo fenlico presente na estrutura;

II -

III - somente poder ser veiculada em formas farmacuticas contendo veculos hidrofbicos devido sua lipofilicidade. Est(o) correta(s), somente, a(s) afirmao(es) (A) (B) I. II.

(C) III. (D) I e II. (E) I e III. Gabarito: B Autora: Prof. Dr. Marlise Arajo dos Santos, Acad. Flvia Nathiely Silveira Fachel Comentrio: Os frutos de algumas Solanceas do gnero Capsicum L. contm princpios de propriedades rubefacientes, mas no vesicantes, e de sabor ardente, que justificam a sua utilizao externamente no reumatismo, nevralgias, lumbago, torcicolo, etc.; e internamente como excitantes digestivos e no tratamento de hemorroidas inflamadas e dolorosas. A capsaicina um alcaloide encontrado nas sementes e membranas das pimentas dos frutos do gnero Capsicum e responsvel pela sensao de54 Maria Cristina Werlang, Flavia Vallado Thiesen, Ana Lgia Bender (Orgs.)

ardncia. Ela identificada com a amida do cido trans-8-metil-6-nonenoico e da vanililamina; e uma substncia slida, cristalina, solvel em solventes orgnicos e em solues alcalinas e insolvel em gua. A alternativa I afirma que a capsaicina pode ser isolada de extratos brutos de Capsicum, empregando solventes orgnicos de baixa polaridade, como o n-hexano, e por solues aquosas cidas, devido basicidade do tomo de nitrognio presente na estrutura. No entanto, essa afirmativa est incorreta, pois a capsaicina no pode ser extrada por solues aquosas cidas, e sim bsicas, j que o nitrognio no lhe confere basicidade devido presena do grupo fenlico que lhe confere acidez. A alternativa II est correta, pois de fato a capsaicina pode ser isolada de extratos brutos de Capsicum, empregando solues aquosas bsicas, devido acidez do grupo fenlico presente na estrutura. A alternativa III afirma que a capsaicina somente poder ser veiculada em formas farmacuticas, contendo veculos hidrofbicos devido sua lipofilicidade. No entanto, essa afirmativa tambm est incorreta, j que, alm da capsaicina ser solubilizada em veculos hidrofbicos, como citado na questo, ela solvel em lcool que possui caractersticas hidroflicas. Alm disso, ela pode ser veiculada a veculos aquosos, contendo tensoati