FARINHA DE CAMARÃO EM DIETAS PARA O TAMBAQUI … · 2015-10-29 · pela colaboração no trabalho,...
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II
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA
FARINHA DE CAMARÃO EM DIETAS PARA O TAMBAQUI
(Colossoma macropomum)
Cristielle Nunes Souto
Orientador: Dr. Igo Gomes Guimarães
GOIÂNIA
2015
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iv
CRISTIELLE NUNES SOUTO
Farinha de camarão em dietas para o tambaqui
(Colossoma macropomum)
Dissertação apresentada para obtenção do grau
de mestre em Zootecnia junto a Escola de
Veterinária e Zootecnia da Universidade
Federal de Goiás.
Área de Concentração:
Produção Animal
Orientador:
Prof. Dr. Igo Gomes Guimarães - UFG/Jataí
Comitê de orientação:
Profª. Dra. Delma M. Cantisani Pádua-PUC-GO
Profª. Dra. Fernanda Gomes de Paula-UFG
GOIÂNIA
2015
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vii
Aos meus pais e meus avós (in
memorian), dedico.
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viii
AGRADECIMENTOS
A Deus que me dá saúde e força para enfrentar os percalços da vida.
Ao Professor Dr. Igo Gomes Guimarães, grande exemplo, responsável pela construção
do meu caráter profissional e que mesmo a distância me orientou com maestria.
A professora Dra. Edma Carvalho de Miranda pelo apoio intelectual e científico.
A CAPES, pela concessão da bolsa.
À professora Dra. Delma M. C. Pádua pela co-orientação, apoio moral e confiança
depositada durante a realização do experimento.
Aos professores Dr. Bruno Mariano e Dr. Verner Eichler pelo concedimento ao uso
dos laboratórios da Pontifícia Universidade Católica de Goiás. À Professora Dra. Mônica
Rodrigues por toda a atenção e auxílio prestado.
A Professora Dra. Fernanda Gomes de Paula pela co-orientação.
A Professora Dra. Denise Silva e ao Professor Dr. Sílvio de Oliveira pelo apoio
institucional, técnico e intelectual, além das conspícuas sugestões e idéias.
Aos funcionários do laboratório de solos e microbiologia da PUC-GO, Amilton,
Arlindo e José pelo apoio as análises laboratoriais.
A colega de trabalho Graciela Pessoa, pela imensa atenção e trabalho dedicado durante
todo esse tempo. Pelo apoio moral e intelectual prestado que foi de grande valia durante o
desenvolvimento deste trabalho. Meu muito obrigada!
Ao meu colega Deibity Cordeiro por todo o auxílio e atenção durante o
desenvolvimento dos ensaios experimentais.
As colegas de LAPOA (Laboratório de Produção de Organismo Aquáticos), Roberta
Martins, Amanda Alvarenga e Cínthia Leão pelo auxílio no experimento. Em especial, a minha
amiga Jéssica Meireles, pelo apoio, amizade, companheirismo, incentivo e compreensão, que
foram muito importantes para mim.
A minha companheira Marta Moi que se fez presente a todo momento, serei
eternamente grata.
Aos colegas e amigos da Pós-graduação: Maryelle Durães, Adesvaldo Jr., Renan
Souza, Idayana Zarpellon, Aleane Cordeiro, Pedro Resende, Helder Oliveira e Raiana Noleto
pela colaboração no trabalho, grandes risadas e momentos memoráveis!!!
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ix
A toda minha família que torcem e comemoram a cada conquista alcançada. Em
especial ao meu primo Dirceu Nunes, pela apoio prestado durante essa etapa de minha vida!
Aos professores Dra. Tatiane Melo e Dr. Fabiano Lima, pessoas que tomei como
exemplo e que tiveram uma enorme contribuição em minhas principais decisões! Minha eterna
gratidão.
Ao meu grande amigo e colega Thiago Moraes, pelo apoio, amizade e
companheirismo.
Aos Docentes e funcionários do Curso de Pós-Graduação em Zootecnia.
OBRIGADA a todos!
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x
"Desistir... eu já pensei seriamente nisso, mas
nunca me levei realmente a sério; é que tem
mais chão nos meus olhos do que o cansaço nas
minhas pernas, mais esperança nos meus
passos, do que tristeza nos meus ombros, mais
estrada no meu coração do que medo na minha
cabeça."
Cora Coralina
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xi
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS.............................................................................................................. xii
LISTA DE TABELAS............................................................................................................ xiii
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS ............................................................................xiv
RESUMO ..................................................................................................................................xv
ABSTRACT.............................................................................................................................xvi
Capítulo 1- Considerações iniciais .............................................................................................1
1.1 A espécie ...............................................................................................................................1
1.2 Utilização de alimentos alternativos..................................................................................... 2
2.0 Objetivos gerais e específicos............................................................................................. 10
3.0 Hipótese.............................................................................................................................. 11
4.0 Referências.......................................................................................................................... 12
Capítulo 2 – Artigo................................................................................................................... 18
1.0 Introdução........................................................................................................................... 20
3.0 Resultados........................................................................................................................... 29
4.0 Discussão............................................................................................................................ 30
6.0 Referências bibliográficas................................................................................................... 36
ANEXO I.................................................................................................................................. 40
ANEXO II................................................................................................................................. 47
Capítulo 3 - Considerações finais............................................................................................. 53
ANEXO III................................................................................................................................55
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xii
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - Curva de crescimento do tambaqui alimentado com diferentes
níveis de substituição do farelo de soja pela farinha de
camarão.........................................................................................
47
FIGURA 2 - Efeito da inclusão de farinha de camarão sobre o ganho de peso
de tambaquis ................................................................................
47
FIGURA 3 - Valores de eritrócitos totais (A), hematócrito (B) e hemoglobina
(C) de tambaquis alimentados com diferentes níveis de inclusão
de farinha de camarão. Os valores são as médias de 3 peixes por
aquário e 4 repetições por tratamento. As contagens e
mensurações foram feitas em duplicata. Médias nas barras
seguidas de letras diferentes diferem significativamente pelo
teste de SNK (P<0,05) ..................................................................
48
FIGURA 4 - Valores de concentração de hemoglobina corpuscular média (A),
hemoglobina corpuscular média (B), volume corpuscular médio
(C), de tambaquis alimentados com diferentes níveis de inclusão
de farinha de camarão. Os valores são as médias de 3 peixes por
aquário e 4 repetições por tratamento. As contagens e
mensurações foram feitas em duplicata. Médias nas barras
seguidas de letras diferentes diferem significativamente pelo
teste de SNK (P<0,05) ..................................................................
49
FIGURA 5 - Valores de concentração de hemoglobina corpuscular média (A),
hemoglobina corpuscular média (B), volume corpuscular médio
(C), de tambaquis alimentados com diferentes níveis de inclusão
de farinha de camarão. Os valores são as médias de 3 peixes por
aquário e 4 repetições por tratamento. As contagens e
mensurações foram feitas em duplicata. Médias nas barras
seguidas de letras diferentes diferem significativamente pelo
teste de SNK (P<0,05) ..................................................................
50
FIGURA 6 - Valores de proteína sérica total (A), albumina (B), globulina (C),
relação albumina:globulina (D) de tambaquis alimentados com
diferentes níveis de inclusão de farinha de camarão. Os valores
são as médias de 3 peixes por aquário e 4 repetições por
tratamento. As contagens e mensurações foram feitas em
duplicata. Médias nas barras seguidas de letras diferentes
diferem significativamente pelo teste de SNK (P<0,05) ...............
51
FIGURA 7 - Valores de proteína sérica total (A), albumina (B), globulina (C),
relação albumina:globulina (D) de tambaquis alimentados com
diferentes níveis de inclusão de farinha de camarão. Os valores
são as médias de 3 peixes por aquário e 4 repetições por
tratamento. As contagens e mensurações foram feitas em
duplicata. Médias nas barras seguidas de letras diferentes
diferem significativamente pelo teste de SNK (P<0,05) ...............
52
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xiii
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - Comparação entre composição químico-bromatológica e
aminoacídica de diferentes fontes proteicas utilizadas na
formulação de dietas para peixes: Farinha de Camarão (FC),
Farinha de peixe (FP), hidrolisado proteico de camarão (HPC),
farelo de soja (FS)........................................................................
06
TABELA 2 - Composição percentual dos ingredientes da dieta referência.......
40
TABELA 3 - Composição químico-bromatológica da farinha de camarão........
41
TABELA 4 - Composição percentual das rações experimentais com
diferentes níveis de substituição do farelo de soja (FS) pela
farinha de camarão (FSC) para tambaquis e custo das dietas
(US$)............................................................................................
42
TABELA 5 - Composição aminoacídica das dietas contendo diferentes níveis
de substituição do farelo de soja pela farinha de camarão em
dietas para o tambaqui..................................................................
43
TABELA 6 - Coeficiente de digestibilidade aparente (CDA) e digestibilidade
total de nutrientes, aminoácidos essenciais e não essenciais da
farinha de camarão.......................................................................
44
TABELA 7 - Médias das variáveis de peso inicial (PI), ganho de peso (GP),
consumo de ração (CR), conversão alimentar (CA), taxa de
crescimento específico (TCE) e taxa de eficiência proteica de
alevinos de tambaqui alimentados com diferentes níveis de
substituição do farelo de soja por farinha de camarão nas
dietas............................................................................................
45
TABELA 8 - Composição corporal em matéria seca (MS), proteína bruta
(PB), matéria mineral (MM) e extrato etéreo (EE) expressos em
g/kg, de tambaquis alimentados com diferentes níveis de
substituição do farelo de soja por farinha de camarão nas
dietas............................................................................................
46
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xiv
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
FC -Farinha de camarão
GP -Ganho em peso
CR -Consumo de ração
CA -Conversão alimentar
TCE -Taxa de crescimento específico
TEP -Taxa de eficiência proteica
TRP -Taxa de retenção proteica
CTTAD -Coefficient of total tract apparent digestibility
PR -Protein retention
PB -Proteína bruta
FP -Farinha de peixe
FS -Farelo de soja
HPC -Hidrolisado proteico de camarão
CDA -Coeficiente de digestibilidade aparente
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xv
RESUMO
Esse estudo objetivou avaliar a viabilidade da substituição da proteína do farelo de soja (FS)
pela proteína da farinha de camarão (FC) em dietas para o tambaqui. No primeiro ensaio foi
determinado a digestibilidade aparente da matéria seca, proteína, aminoácidos, extrato etéreo,
quitina e matéria orgânica da farinha de camarão, enquanto no segundo ensaio, o desempenho
produtivo dos tambaquis alimentados com diferentes níveis de inclusão da farinha de camarão
foi avaliada. Alevinos de tambaqui com peso inicial de 2,7±0,72g foram aleatoriamente
distribuídos em aquários de 310L, totalizando 20 aquários, sendo 3 repetições por tratamento.
Os tratamentos foram constituídos pela substituição da proteína do farelo de soja pela farinha
de camarão nos níveis de 0,0;12,5; 25; 50 e 75%. Os parâmetros avaliados foram ganho de peso,
consumo de ração, taxa de conversão alimentar, taxa de crescimento específico, taxa de
eficiência proteica, taxa de retenção proteica e custo das dietas. Composição da carcaça,
hematologia e bioquímica sérica também foram avaliadas. A quitina apresentou-se
completamente indigestível e tendeu a diminuir os coeficientes de digestibilidade aparente
(CDA) para matéria seca e matéria orgânica. Os CDAs dos aminoácidos apresentaram-se altos
e não correlacionados ao CDA da proteína. O ganho em peso apresentou valor reduzido com o
maior nível de inclusão de farinha de camarão, entretanto os demais parâmetros de desempenho
não foram afetados pelo aumento da inclusão da farinha de camarão. As dietas com maiores
níveis de inclusão apresentaram menor custo de produção. Os peixes alimentados com dietas
contendo 48,6% de inclusão da farinha de camarão apresentaram alto conteúdo de matéria
mineral na carcaça (P<0,05). Os parâmetros hematológicos não foram afetados pela inclusão
da farinha de camarão. Entretanto, os números de trombócitos e eosinófilos apresentaram-se
aumentados nos peixes alimentados com o maior nível de inclusão. A proteína e globulina
sérica apresentaram-se aumentados (P<0,05) a medida que aumentou os níveis de inclusão da
farinha de camarão nas dietas. Dessa forma, a proteína do farelo de soja pode ser substituída
pela proteína da farinha de camarão em até 75% sem reduzir o desempenho produtivo e higidez
dos animais. Um possível efeito imunomodulador da quitina natural da farinha de camarão foi
notado; porém são necessários mais estudos para confirmar essa hipótese.
Palavras-chave: aminoácidos, desempenho produtivo, digestibilidade, hematologia, quitina.
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xvi
ABSTRACT
This study aimed to evaluate the feasibility of replacing soybean meal by shrimp meal in diets
for tambaqui. In trial I, the coefficient of total tract apparent digestibility of the dry matter,
protein, amino acids, fat, chitin, and organic matter was determined for shrimp meal, while in
trial II, the growth performance of tambaqui fed diets containing graded levels of shrimp meal
was evaluated. Triplicates groups of Tambaqui fingerlings with 2.7±0.72g mean initial weight
were randomly assigned to 20 310L-aquaria and fed five diets that the soybean meal protein
was replaced by shrimp meal protein at 0.0, 12.5, 25, 50 and 75%. The parameters evaluated
were weight gain, feed intake, feed conversion ratio, specific growth rate, protein efficiency
ratio, protein retention and diet with lower valuation was represented by higher replacement.
Carcass chemical composition, haematology and serum biochemistry were analysed as well.
Chitin seems not to be digested by tambaqui and tended to reduce the CTTAD of dry matter
and organic matter. The CTTAD of amino acids were high and correlated to the CTTAD of
protein. Fish fed diets containing the 48.6% shrimp showed the highest ash content (P<0.05).
Haematology of tambaqui was not affected by shrimp meal inclusion. However, the number of
thrombocytes and eosinophils increased in fish fed the diets with the highest shrimp meal level.
The gain in weight was low with the highest level of shrimp meal inclusion, however, no effect
of shrimp meal inclusion to the diets was observed in others growth parameters. Total serum
protein and globulin levels increased according to the increase of shrimp meal levels (P<0,05).
In sum, shrimp meal protein seems to be able to replace the soybean meal protein up to 75% in
diets for tambaqui without reducing the growth performance or health status. A possible
immune enhancer effect of natural chitin from shrimp meal may take place in tambaqui;
however further studies are needed to confirm our hypothesis.
Keywords: amino acids, chitin, digestibility, growth performance, hematology.
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1
Capítulo 1- Considerações iniciais
O consumo de pescado tem sofrido aumento significativo nos últimos anos, sendo
que em 2013, o Brasil ultrapassou o consumo mínimo estabelecido pela OMS de 12
Kg/habitante/ano e, em 2014, a população consumiu em média 14,5 quilos de pescado por
habitante/ano. O consumo de pescado aumentou 25% de 2012 para 2013, comprovando a
importância do desenvolvimento da atividade aquícola em todo o Brasil1.
Para atender a essa alta demanda de pescado faz-se necessário o desenvolvimento de
técnicas de manejo nutricional que otimizem e maximizem a produção. O principal fator a ser
considerado são os aspectos nutricionais, haja vista que este é responsável por
aproximadamente 50-70% dos custos de produção em sistemas intensivos e semi-intensivos2.
Isto se deve ao fato dos alimentos proteicos (farinha de peixe e farelo de soja) serem incluídos
em maior proporção nas dietas para organismos aquáticos, aumentando o custo com a
nutrição3. Os aspectos nutricionais a serem considerados estão diretamente relacionados a
espécie a ser trabalhada, tornando-se fundamental conhecer o hábito alimentar e
características fisiológicas da espécie cultivada.
1.1 A espécie
O tambaqui (Colossoma macropomum) tem apresentado forte potencial de
cultivo devido a características de ganho de peso, conversão alimentar e alta taxa de
crescimento. Oriundo da bacia amazônica e do rio Orinoco, é o 2º maior peixe de escama da
Amazônia, sendo a espécie mais cultivada dessa bacia4. O tambaqui e seus híbridos são
responsáveis por cerca de 20% de toda a produção continental de pescado, totalizando
aproximadamente 111 mil toneladas em 20115.
Os tambaquis adultos na natureza alimentam-se preferencialmente de frutos e
sementes no período de enchente e cheia dos rios, enquanto na época de vazante e seca,
consomem principalmente zooplâncton, razão pela qual seu hábito alimentar é comumente
definido como onívoro-oportunista6,4. Outros itens alimentares como macrófitas, insetos,
algas, moluscos e peixes também são consumidos pela espécie, porém, em menor frequência
e muitas vezes ingeridos simultaneamente com os alimentos principais. A alimentação da
larva de tambaqui consiste em zooplâncton, particularmente copépodos e cladóceros,
inserindo mais tardiamente invertebrados maiores, como insetos. Na fase de juvenil, tendem
a predar intensamente invertebrados, incorporando pequenas sementes as dietas6. O grande
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2
opérculo (característico do tambaqui) permite, ainda, um alto fluxo de água através das
brânquias, potencializando a capacidade de filtração do zooplâncton da espécie 4.
Sendo uma espécie de clima tropical, prefere temperaturas mais altas, entre 25 a
34ºC, suporta baixos níveis de oxigênio dissolvido na água (< 2mg/L) por meio de
mecanismos fisiológicos, como a expansão do lábio inferior, conhecida como "aiu"7. O
tambaqui é uma espécie resistente a ação da amônia tóxica e sensível as ações do nitrito. As
concentrações de 0,46 mg/L de amônia não ionizada não comprometem o crescimento desta
espécie e 1,82 mh/L de nitrito por 96 h pode ser letal em ambientes com alta temperatura e
flutuações diárias nas concentrações de oxigênio8. Tais fatos comprovam as características
favoráveis do tambaqui aos sistemas de cultivo.
O trato digestório do C. macropomum é semelhante ao de outras espécies de mesmo
hábito alimentar. Possui estômago bem definido, alongado e bastante elástico, seguido por
cecos pilóricos, em número de 43 a 75, os quais podem auxiliar na digestão dos alimentos4,6.
O intestino é relativamente comprido em relação ao corpo do animal, perfazendo cerca de 2 a
2,5 vezes o comprimento corporal9. Os segmentos do trato digestório possuem diferenças
entre os mesmos quanto à predominância de enzimas digestivas, sendo que a digestão
concentra-se, principalmente, nos cecos pilóricos e intestino proximal. Possui um alto
potencial proteolítico que pode estar relacionado ao consumo de altas quantidades de proteína
vegetal, que apresentam digestão mais complexa em relação às proteínas de origem animal.
Na natureza, esses animais consomem, em grande parte, proteína oriunda de frutos e sementes
o que pode explicar essa característica do tambaqui10.
1.2 Utilização de alimentos alternativos
Normalmente nas dietas para organismos aquáticos a farinha de peixe é o ingrediente
que mais se aproxima do perfil ideal de nutrientes para a maioria das espécies utilizadas na
aquicultura11. Pelo fato de apresentar elevado valor biológico, perfil adequado de aminoácidos
essenciais, bons níveis de cálcio e fósforo e vitaminas lipo e hidrossolúveis, é considerada
como alimento padrão para ensaios experimentais12,13,14.
Devido ao alto custo e escassez cada vez maior deste produto no mercado, a procura
por alimentos proteicos alternativos tem sido uma tendência mundial em diversos tipos de
sistemas de produção aquícola. Entre os alimentos que normalmente tem sido utilizados para
substituir a farinha de peixe nas dietas para organismos aquáticos tem-se destacado a
utilização de fontes proteicas vegetais, com ênfase para o farelo de soja15. O farelo de soja,
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3
um subproduto obtido da indústria de extração do óleo do grão de soja, possui o melhor perfil
aminoacídico entre os alimentos proteicos de origem vegetal12. Apresenta alto teor de lisina,
em relação aos outros farelos de vegetais, além de conter vitaminas do complexo B e
minerais14. O farelo de soja tem sido testado e obtido resultados promissores na substituição
total ou parcial a farinha de peixe. Tal fato pode ser comprovado em estudos com a tilápia
(Oreochromis niloticus)16, Pacu (Piaractus mesopotamicus)17, Piavuçu (Leporinus
macrocephalus)18 e Beijupirá (Rachycentron canadum)19.
Entretanto, o farelo de soja (FS), assim como outros produtos de origem vegetal,
podem ter sua inclusão limitada pela presença de diversos compostos antinutricionais, que
podem causar efeitos negativos aos peixes, como os inibidores das proteases tripsina e
quimotripsina, hemaglutininas (lectinas) e compostos fenólicos (taninos), que por sua vez
afetam a digestão e absorção de alguns nutrientes. No farelo de soja, o fósforo é abundante,
porém 70% deste está ligado ao ácido fítico, tornando sua disponibilidade para peixes
limitada20, 21,22
Para o tambaqui, alimentos vegetais como frutos e sementes da Amazônia têm sido
estudados com intuito de reduzir os custos com alimentação e a dependência por ingredientes
agrícolas, devido a localização dessa região e dificuldade ao acesso de plataformas
distribuidoras de grãos23. Esses autores verificaram que a adição de até 30% de farinha de
resíduo de castanha-do-Pará não comprometeu o ganho em peso nem parâmetros
hematológicos de juvenis de tambaqui. O farelo de babaçu foi incluído nas dietas até o nível
de 12%, sem afetar o desempenho de juvenis de tambaqui24. Da mesma forma, o farelo de
leucena pode ser utilizado em até 24% de substituição a farinha de peixe sem causar prejuízos
ao crescimento do animal25.
Segundo Anselmo26, resíduos de acerola e de jenipapo (30% de inclusão na dieta)
podem ser utilizados como fontes alternativas de proteína para o tambaqui e, possivelmente,
como fontes de energia, na forma de carboidrato. Mandioca, pupunha e banana mostraram-se
fontes de energia adequadas para o tambaqui em substituição ao triguilho (30% de inclusão
na dieta)27,28. Além disso, outros alimentos alternativos como o farelo de coco, açaí (caroço e
casca), alface, araçá-boi, couve, fruta-pão (semente cozida), jambo, mamão, mandioca (raspa
e subprodutos), maxixe, pepino, pupunha (polpa cozida), quiabo, repolho e tomate, podem
servir de base na elaboração de dietas suplementares para o tambaqui em sistemas de produção
semi-estensivos29,28.
Estudos têm sido desenvolvidos com o intuito de obter informações necessárias para
formulação de rações com fontes de alimentos alternativos que atendam às exigências das
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espécies nativas mais cultivadas. É desejável que as fontes alternativas de ingredientes
apresentem características semelhantes aos ingredientes convencionalmente utilizados, como
adequado perfil aminoacídico, alta digestibilidade e baixo custo30,21,32,33. As estimativas do
coeficiente de digestibilidade dos nutrientes são importantes para a nutrição na aquicultura,
tanto para avaliar a qualidade individual de ingredientes quanto de alimentos acabados
(rações). Além disso, as espécies animais aproveitam de forma diferente os alimentos,
fazendo-se necessário a determinação de coeficientes de digestibilidade aparente objetivando
a quantificação do aproveitamento dos ingredientes utilizados34. Para a expressão do potencial
produtivo desejado de uma espécie, é necessária uma ração que atenda às exigências
nutricionais determinadas, preferencialmente na forma de nutrientes digestíveis35.
Goda et al.36 avaliaram o efeito da substituição total ou parcial (75%) da farinha de
peixe pela farinha de vísceras de aves, farinha de carne e ossos e farelo de soja em dietas para
o bagre africano (Clarias gariepinus). Estes autores observaram que a farinha de vísceras de
frangos e o farelo de soja podem substituir totalmente a farinha de peixe sem comprometer o
desempenho desta espécie, enquanto a farinha de carne e ossos pode substituir a farinha de
peixe em 75% sem afetar os parâmetros de desempenho. Neste sentido, Fernandes et
al.37avaliaram níveis proteicos da dieta e o desempenho produtivo do pacu usando o farelo de
soja como sucedâneo proteico à farinha de peixe e observaram que para alevinos e juvenis, o
farelo de soja pode substituir integralmente a farinha de peixe, sem que haja prejuízos ao
ganho de peso, taxa de eficiência proteica e conversão alimentar.
Trabalhando com substituição de dois níveis de inclusão de farinha de peixe por
farinha de carne e vísceras, Scopel et al.38 concluíram que a redução de até 40,0% da farinha
de peixe pode ser feita em cultivos superintensivos de Litopenaues vannamei com bioflocos,
sem interferir em seu desempenho zootécnico. Porém os mesmos autores ressaltam que a
redução de fontes oriundas de peixes (farinha e óleo) nas rações diminui também a quantidade
de ácidos graxos, minerais traço e outros microelementos essenciais. Para a suplementação
desses nutrientes, é importante manter sempre uma quantidade mínima (1–2,0%) de
ingredientes ricos em ácidos graxos39,40.
Yang et al.41 em estudos com Carassius auratus gibelio (Carpa selvagem)
substituíram 15 ou 50% da proteína da farinha de peixe pela proteína da farinha de carne e
ossos ou da farinha de vísceras de frango e concluíram que a farinha de vísceras e a farinha
de carne e ossos podem substituir a farinha de peixe em até 50% sem promover efeito deletério
sobre o desempenho, enquanto o nível de substituição de 15% de farinha de carne e ossos
promoveu melhora na eficiência alimentar. Nesse contexto, Yoshitomi et al.42 avaliaram
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diferentes níveis de substituição (0,0%, 7,7%, 15,4%, 30,8%, 46,2% e 100,0%) da farinha de
peixe pela farinha do Krill Antártico e não foram observadas mudanças no desempenho
produtivo entre os tratamentos para (Oncorhynchus mykiss). Julshamn et al.43 trabalhando
com Salmo salar observaram que a substituição da farinha de peixe pela farinha de Krill pode
ser feita até 30% sem prejudicar o crescimento dos animais.
Avaliando o uso de diferentes fontes proteicas (farinha de peixe, farinha de carne e
osso e farelo de soja) em combinação com grãos e solúveis secos de destilaria na alimentação
de alevinos híbridos de tilápia (Oreochromis niloticus x O. aureus), Coyle et al.44 não
encontraram diferenças significativas em crescimento e aproveitamento do alimento
proporcionados pela ração à base de farinha de peixe e aquelas em que este ingrediente foi
substituído em até 30%. A inclusão de 16% da farinha de resíduo da indústria de filetagem de
peixes em rações orgânicas para tilápias do Nilo (O. niloticus) melhorou o desempenho
produtivo sem comprometer o rendimento corporal dos animais45.
1.2.1 Farinha de Camarão
A região Nordeste é a maior produtora de camarão cultivado no Brasil sendo
responsável por aproximadamente 95% da safra brasileira de camarão. Em 2014, a produção
nacional de camarão atingiu 90 mil toneladas46. Diante da preocupação ao destino adequado
aos resíduos de crustáceos, os quais são descartados e tornam-se nocivos por poluírem o meio
ambiente, medidas alternativas ao descarte dos resíduos da indústria camaroneira devem ser
tomadas.
A farinha dos resíduos do processamento do camarão é resultado do beneficiamento
do camarão destinado ao consumo humano e possui grande potencial de utilização para a
alimentação de peixes tropicais. O resíduo é composto por casca, cabeça e órgãos cozidos e
secos em estufa podendo variar conforme a utilização dos segmentos para composição do
produto final. Esse crustáceo pode compor a ração como uma excelente fonte proteica
(46,81% PB), pois apresenta adequada composição de aminoácidos essenciais e confere ótima
palatabilidade e atratabilidade à ração47. A composição químico-bromatológica da farinha de
camarão em comparação a outros ingredientes usados na formulação de dietas para peixes
estão expressas na Tabela 1.
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TABELA 1 - Comparação entre composição químico-bromatológica e
aminoacídica de diferentes fontes proteicas utilizadas na
formulação de dietas para peixes: Farinha de Camarão (FC),
Farinha de peixe (FP), hidrolisado proteico de camarão (HPC),
farelo de soja (FS).
Ingredientes
Nutrientes (%) FP¹ FC¹ HPC² FS¹ Proteína bruta 65,4 39,5 43,63 44
Gordura 7,6 3,2 6,25 1,5
Matéria mineral 14,3 27,2 7,32 6,3
Fibra bruta
7,3
Aminoácidos
Arginina 3,68 1,54 7,3 3,23
Histidina 1,56 0,51 2,3 1,17
Isoleucina 3,06 0,91 3,11 1,99
Leucina 5,00 1,66 7,4 3,42
Lisina 5,11 0,55 7,2 2,83
Metionina 1,95 0,1 2,7 0,61
Fenilalanina 2,66 0,99 5,10 2,18
Treonina 2,82 3,24 4,5 1,73
Triptofano 0,76 0,24 1,4 0,61
Valina 3,51 1,03 4,8 2,4 ¹NRC (2011) 3 Leal (2010)
O perfil aminoacídico deve ser semelhante a exigência em aminoácidos essenciais,
para que ocorra sua assimilação e utilização para um ótimo crescimento48. Os níveis de
metionina e lisina são particularmente importantes na formulação de dietas, pois a
suplementação desses aminoácidos é necessária quando alimentos de origem vegetal são
utilizados como principais fontes de proteína.
O estudo da viabilidade econômica nos estudos que avaliam alimentos proteicos são
cruciais na avaliação dos ingredientes, pois buscam mitigar os custos de produção e refletem
na rentabilidade do produtor. Além disso, antes da escolha do ingrediente utilizado na
formulação de rações, é necessário considerar outros aspectos como oferta do produto,
demanda do mercado, volume disponível, logística de entrega e valor da espécie trabalhada.
Segundo Tacon13, o valor da ração não deve exceder 25% do valor de mercado da espécie
cultivada. Esse valor ainda é considerado na escolha da matéria-prima, pois quando a espécie
cultivada atinge maior valor de mercado o uso de ingredientes mais caros é justificado15.
O resíduo do processamento do camarão é rico em proteína, quitina e matéria
mineral. Entretanto, o uso destes resíduos pode ser restringido devido aos altos conteúdos
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destes dois últimos compostos, pois resultam na formação de péletes fracos e com baixa
hidroestabilidade49. Altos conteúdos em cinzas e quitina reduziram a digestibilidade em
tilápias alimentadas com farinhas obtidas dos crustáceos Gammarus kischineffensis e Astacus
leptodactylus leptodactylus50. Olsen et al.51 relatam que a quitina presente nas dietas baseadas
em farinha de krill (Euphausia superba) reduziu a absorção de lipídios e aumentou o teor de
água (diarréia) nas fezes do salmão Salmo salar. Fanino et al.52 determinaram a qualidade
proteica de uma farinha de subprodutos de camarão (cabeça, apêndices e exoesqueleto) e
demonstraram que o valor biológico da proteína é inferior ao da proteína da farinha de peixe,
porém, quando suplementada com metionina e lisina foi observado melhora na qualidade
proteica desse alimento.
A farinha de camarão possui fatores desconhecidos de crescimento e, provavelmente,
as suas características sensoriais podem favorecer o crescimento adicional do músculo do
animal16. Nesse sentido, Carr et al.53 analisando compostos estimulantes do comportamento
alimentar presentes em diversos organismos aquáticos, observaram que os crustáceos contêm
alta concentração de cinco estimulantes (glicina, alanina, prolina, arginina e betaína),
presentes em concentrações muito mais baixas nos peixes. Estudos realizados com
aproveitamento do resíduo da cabeça de camarão indicaram que a incorporação de 60% desse
subproduto reduziu o custo da dieta para a tilápia Oreochromis niloticus (L) em 35%54.
Entretanto, Guimarães et al.47 concluíram que a inclusão de farinha de camarão em dietas para
esta mesma espécie influenciou negativamente o desempenho dos animais. Estes autores
ressaltaram que tal efeito deletério deve ter sido causado por esta espécie não ser capaz de
utilizar eficientemente a quitina presente neste ingrediente.
Plascencia-Jatomea et al.55 estudando a substituição parcial da farinha de peixe pelo
hidrolisado proteico da cabeça de camarão para alevinos de tilápia, concluíram que esse
ingrediente é uma promissora fonte proteica para a espécie, melhorando a taxa de crescimento
com níveis de inclusão de até 15%. Do mesmo modo, Fanimo et al.52 concluíram, em estudos
com ratos, que a qualidade da proteína do farelo residual de camarão é inferior à da farinha de
peixe, problema que pode ser contornado com a devida suplementação de lisina e metionina.
A silagem ácida de resíduo de camarão branco foi avaliada como fonte proteica alternativa
em cinco diferentes níveis de inclusão 0, 4, 8, 12 e 16% para alevinos de Tilápia do Nilo56. Os
autores concluíram que a silagem ácida proporciona melhores resultados de desempenho
quando utilizada até 2,75% de inclusão.
A quitina é um composto da farinha de camarão, sendo a segunda substância orgânica
mais abundante na biosfera e a principal fonte de poluição superficial nas zonas costeiras. É
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superada apenas pela celulose, mas a sua taxa de reposição chega a ser duas vezes superior à
da celulose57. A quitina, assim como a celulose, funciona como material de proteção ou de
suporte para os sistemas biológicos e sua produção pode chegar a aproximadamente 1.109
toneladas métricas por ano58. A quitina na forma da farinha de camarão é um subproduto ou
resíduo gerado do processamento de camarões, sendo problema ambiental considerável em
determinadas regiões do Brasil.
Quitina é um polímero linear no qual a unidade repetitiva é o dissacarídeo formado
por 2-acetamido-2-desoxi-D-glicopiranose e 2-amino-2-desoxi-D-glicopiranose unidos por
ligação glicosídica. Assim como na celulose as ligações são do tipo β(1→4), definindo-se
assim os terminais redutor e não-redutor das cadeias poliméricas, correspondendo às
extremidades que contêm grupo hidroxila livre ligado ao carbono 1 (terminal redutor) e
carbono 4 (terminal não-redutor) do anel de glicopiranose. Em quitina predominam as
unidades repetitivas formadas exclusivamente por 2-acetamido-2-desoxi-D-glicopiranose59,60.
Entretanto, esses autores ressaltam que a quitina é um produto natural de composição variável
no que diz respeito ao comprimento das cadeias, conteúdo de unidades de glicosamina
acetiladas e desacetiladas e sua distribuição ao longo das cadeias.
Quitina e celulose possuem características estruturais semelhantes e atuam como
invólucros protetores e materiais de suporte e defesa nos organismos em que ocorrem. A
quitina encontra-se na matriz da estrutura esquelética de invertebrados, como artrópodes,
anelídeos, moluscos e celenterados, em algas diatomáceas, e estando presente também nas
paredes celulares de alguns fungos61,62. Para algumas espécies de peixes, o aproveitamento da
quitina é realizado pela ação da enzima quitinase, responsável pela sua hidrólise, dando
origem a trímeros e dímeros (chitotriose e chitobiose), que por sua vez, é clivada em N-
acetilglicosamina pela chitobiase e absorvida pelo intestino. A quitinase está presente no trato
digestório de muitas espécies de peixes, encontrada em alta atividade principalmente do
estômago, independentemente dos hábitos alimentares das espécies63,64,65,66. Ainda não
estudos que relatem a atividade da quitinase no trato gastrointestinal do tambaqui.
Desta forma, a utilização de produtos oriundos do beneficiamento do camarão torna-
se uma alternativa atrativa para a sustentabilidade da produção aquícola. Apesar da quitina ser
componente comum das dietas de peixes e camarões em seu ambiente natural, variações na
capacidade de digerir esse composto é observada entre espécies, assim como diferenças no
desempenho dos animais67. Em camarões (Penaeus monodon), a quitina possui efeito
estimulador do crescimento quando em níveis de até 5% na dieta, melhorando a eficiência
alimentar, taxa de eficiência proteica e crescimento.
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Recentemente, o uso da quitina isolada da farinha de camarão tem atraído a atenção
dos pesquisadores, uma vez que tem mostrado propriedades adicionais imunomodulatórias e
como tratamento adicional na redução dos níveis de lipídeos. Desta forma, sua utilização na
nutrição humana tem se expandido. Entretanto, os resultados com as espécies de peixes de
interesse aquícola tem se mostrado variáveis e ainda muito limitados68,69. Estudos recentes
também demonstram que a farinha de crustáceos pode melhorar a saúde e promover melhor
crescimento de peixes em função da presença de alto conteúdo em quitina presentes no
exoesqueleto70. A quitina, quando administrada em níveis ideais em rações para peixes, atua
como imunoestimulante e auxilia na proteção contra agentes bacterianos71,72,73. Os
imunoestimulantes são elementos estruturais que baseiam seu princípio na ativação do sistema
imune, acarretando em melhora na saúde do animal e a resistência à patógenos. Sua extração
geralmente é feita da parede celular de alguns organismos como fungos, bactérias e
exoesqueletos de alguns invertebrados74.
Geng et al.74 avaliaram níveis crescentes de 0,0; 0,1 e 0,2% de Bacillus subtilis (2
x1010 UFC) e, 0,3 e 0,6% de quitosana sobre o desempenho, imunidade e proteção contra
infecção de Vibrio harveyi em beijupirá (Rachycentron canadum). Os autores concluíram que
os animais suplementados com os maiores níveis apresentaram maior taxa de sobrevivência e
melhor desempenho. Resultados semelhantes foram encontrados por Zhu et al.75 quando
testou-se os níveis de 0,5, 1,0 e 1,5% de quitina e quitosana na dieta para crustáceos. O nível
de 1,0% apresentou melhor resposta imune quando comparado aos outros tratamentos.
Apesar das qualidades da farinha de camarão e a literatura apresentar efeitos
promissores em dietas para diversas espécies de peixes, nenhuma pesquisa foi desenvolvida
com o tambaqui até o presente momento. Desta forma, este trabalho teve como objetivo
avaliar os efeitos da inclusão de níveis de farinha de camarão em dietas para juvenis de
tambaqui, por meio do desempenho produtivo, digestibilidade dos nutrientes e parâmetros
fisiológicos (hemograma e bioquímica sanguínea).
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2.0 Objetivos gerais e específicos
Geral:
Determinar o potencial de inclusão do produto oriundo do beneficiamento do camarão
em dietas para o tambaqui, Colossoma macropomum.
Específicos:
Avaliar o valor nutritivo da farinha de camarão para o C. macropomum através da
digestibilidade e determinação da composição química;
Avaliar o melhor nível de substituição do farelo de soja pela farinha de camarão em
dietas para o tambaqui através do desempenho produtivo e composição química da
carcaça;
Avaliar o efeito da farinha de camarão sobre os parâmetros hematológicos e
bioquímicos do sangue.
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3.0 Hipótese
A farinha de camarão pode ser utilizada como fonte proteica alternativa para os
tambaquis, sem causar efeitos deletérios e garantindo a saúde do animal.
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4.0 Referências
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Capítulo 2 – Artigo adaptado às normas da revista Animal Feed Science and Tecnology
The feasibility of using shrimp meal in diets for tambaqui, Colossoma macropomum
Cristielle N. Souto 1*, Igo G. Guimarães 1, Edma C. de Miranda 2, Delma M. C. Pádua3,
Graciela P. Martins1
1 Laboratório de Pesquisa em Aquicultura, Universidade Federal de Goiás – Regional Jataí,
Campus cidade universitária,75801-615 Jataí, GO, CP 03, Brazil
2 Departamento de Química e Biotecnologia, Universidade Federal de Alagoas - Campus
57100-000 - Maceió, AL - Brazil
3 Departamento de Zootecnia - Pontifícia Universidade Católica de Goiás
74605-010 - Goiânia, GO, CP 86 - Brazil
Running title: Shrimp meal in diets for tambaqui
Keywords: amino acids, chitin, digestibility, growth performance, hematology
* Corresponding author: Cristielle N. Souto Tel: +55 64 3606 8291; Fax: +55 64 3606 8201;
Email: [email protected]
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19
Resumo
Esse estudo objetivou avaliar a viabilidade da substituição da proteína do farelo de soja (FS)
pela proteína da farinha de camarão (FC) em dietas para o tambaqui. No primeiro ensaio foi
determinado a digestibilidade aparente da matéria seca, proteína, aminoácidos, extrato etéreo,
quitina e matéria orgânica da farinha de camarão, enquanto no segundo ensaio, o desempenho
produtivo dos tambaquis alimentados com diferentes níveis de inclusão da farinha de camarão
foi avaliada. Alevinos de tambaqui com peso inicial de 2,7±0,72g foram aleatoriamente
distribuídos em aquários de 310L, totalizando 20 aquários, sendo 3 repetições por tratamento.
Os tratamentos foram constituídas pela substituição da proteína do farelo de soja pela farinha
de camarão nos níveis de 0,0;12,5; 25; 50 e 75%. Os parâmetros avaliados foram ganho de
peso, consumo de ração, taxa de conversão alimentar, taxa de crescimento específico, taxa de
eficiência proteica, taxa de retenção proteica e custo das dietas. Composição da carcaça,
hematologia e bioquímica sérica também foram avaliadas. A quitina apresentou-se
completamente indigestível e tendeu a diminuir os coeficientes de digestibilidade aparente
(CDA) para matéria seca e matéria orgânica. Os CDAs dos aminoácidos apresentaram-se altos
e não correlacionados ao CDA da proteína. O ganho em peso apresentou valor reduzido com
o maior nível de inclusão de farinha de camarão, entretanto os demais parâmetros de
desempenho não foram afetados pelo aumento da inclusão da farinha de camarão. A dieta com
menor custo foi representada pelo maior nível de substituição. Os peixes alimentados com
dietas contendo 48,6% de inclusão da farinha de camarão apresentaram alto conteúdo de
matéria mineral na carcaça (P<0,05). Os parâmetros hematológicos não foram afetados pela
inclusão da farinha de camarão. Entretanto, os números de trombócitos e eosinófilos
apresentaram-se aumentados nos peixes alimentados com o maior nível de inclusão. A
proteína e globulina sérica apresentaram-se aumentados (P<0,05) a medida que aumentou os
níveis de inclusão da farinha de camarão nas dietas. Dessa forma, a proteína do farelo de soja
pode ser substituída pela proteína da farinha de camarão em até 75% sem reduzir o
desempenho produtivo e higidez dos animais. Um possível efeito imunomodulador da quitina
natural da farinha de camarão foi notado; porém são necessários mais estudos para confirmar
essa hipótese.
Palavras-chave: aminoácidos, desempenho produtivo, digestibilidade, hematologia, quitina.
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1.0 Introdução
A criação de peixes é uma das atividades que mais cresce no mundo (FAO, 2012). Para
atender a alta demanda de pescado do mercado faz-se necessário o desenvolvimento de
técnicas de manejo nutricional que otimizem e maximizem a produção. Neste sentido, o
principal fator a ser considerado diz respeito aos aspectos nutricionais, haja vista que este é
responsável por aproximadamente 50-70% dos custos de produção em sistemas intensivos e
semi-intensivos (El-Sayed, 1999). Os alimentos proteicos (farinha de peixe e farelo de soja)
representam a maior proporção na composição de dietas, aumentando os custos com produção
da ração, uma vez que a proteína é o nutriente mais caro nas dietas para animais de produção
(NRC, 2011).
A farinha de peixe é a principal fonte proteica em dietas para peixes, sendo detentora
de características nutricionais que se aproximam do ideal na formulação de rações para
organismos aquáticos (Lovell, 1989; Tacon, 1993; Pezzato, 1995). Entretanto, devido ao alto
custo e escassez deste produto no mercado, a procura por alimentos proteicos alternativos tem
sido uma tendência mundial em diversos tipos de sistemas de produção aquícola (Hardy,
2010).
Entre os alimentos que normalmente tem sido utilizados para substituir a farinha de
peixe nas dietas para organismos aquáticos tem-se destacado o uso de fontes proteicas
vegetais, com ênfase para o farelo de soja. A proteína do farelo de soja tem o melhor perfil
aminoacídico entre os alimentos proteicos de origem vegetal e possui uma boa concentração
de aminoácidos essenciais (Gatlin, 2007). Porém, o farelo de soja sofre diretamente com as
oscilações nos preços de mercado de grãos, em consequência da alta demanda desses
ingredientes na formulação de dietas para outras espécies de animais, assim como sua atual
inserção nas dietas para seres humanos, o que pode aumentar os custos na formulação de
rações.
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O uso de ingredientes alternativos para substituir os ingredientes convencionais visa
reduzir os custos na produção de rações. Entretanto, é necessário que esses produtos tenham
as características que atendam às exigências nutricionais do animal objetivando um melhor
desempenho produtivo, e ainda, correspondendo às expectativas de menor custo das fábricas
de rações, refletindo na viabilidade da atividade aquícola nos sistemas de cultivo (Glencross
et al., 2007).
A farinha de resíduos do beneficiamento do camarão mostra-se como uma alternativa
na alimentação animal, pois possui baixo valor comercial, além de gerar custos adicionais
durante seu descarte, reduzindo a margem de lucro nos sistemas de produção. Em 2014 a
produção brasileira de camarão atingiu 90 mil toneladas (MPA, 2014). Grande parte desse
produto processado é descartado no meio ambiente, resultando em poluição e impactos
ambientais. Entretanto, esse produto possui características desejáveis como boa composição
em aminoácidos essenciais, sendo considerada uma boa fonte proteica além de ser detentora
de boas características sensoriais (Guimarães et al., 2008). Estes fatos sustentam a hipótese de
inclusão deste coproduto na alimentação de peixes, minimizando os custos de produção da
ração e reduzindo os impactos ambientais oriundo de seu descarte na natureza. Entretanto,
faz-se necessário o conhecimento da espécie cultivada para aplicabilidade da inclusão do
coproduto, principalmente no que diz respeito aos aspectos nutricionais.
O tambaqui é uma espécie nativa da bacia amazônica, de hábito alimentar onívoro
aproveitando bem as fontes proteicas de origem vegetal como alimento (Lopes et al., 2010;
Pereira Junior et al., 2013). É a espécie brasileira mais cultivada no Brasil, e apresenta boas
características ao cultivo como resistência a baixos níveis de oxigênio dissolvido e altas
concentrações de amônia tóxica, além de apresentar bom desempenho produtivo em diferentes
sistemas de cultivo (Costa et al., 2004). Desta forma, esta espécie apresenta-se como
promissora nos sistemas de produção, tornando-se importantes o desenvolvimento de estudos
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22
que a envolva. Diante do exposto, o objetivo do presente trabalho foi estudar os efeitos da
inclusão da farinha de camarão e o custo de produção na sua utilização em dietas para o
tambaqui.
2.0 Material e métodos
Ensaio de Digestibilidade
Essa pesquisa foi conduzida na Pontifícia Universidade Católica de Goiás, campus II,
no Laboratório de Pesquisa em Organismos Aquáticos – LAPOA, seguindo as normas
propostas pelo comitê de ética e bem estar animal da Universidade Federal de Goiás (processo
no 045/14).
Para a determinação dos coeficientes de digestibilidade aparente (CDA) da matéria
seca, proteína bruta, matéria orgânica, extrato etéreo, quitina e aminoácidos da farinha de
camarão foi elaborada uma ração referência com base nas exigências para a espécie (Tabela
1). A ração-teste foi confeccionada de maneira que a farinha de camarão substituísse 30,0%
da ração referência. Os coeficientes de digestibilidade aparente (CDA) foram determinados
pelo método indireto usando óxido de crômio-III (0,2%) como indicador inerte. Para a
confecção das rações, os ingredientes foram moídos para apresentarem granulometria de 0,5
mm, pesados separadamente, misturados e acrescidos os suplementos mineral e vitamínicos e
óleo vegetal. Após esse processo foi adicionado água a 55,0ºC e a mistura peletizada de forma
a obter péletes condizentes com o tamanho da boca dos animais e, posteriormente, secos em
estufa de circulação de ar forçada a 55,0ºC/48 horas e armazenados a -18,0ºC até sua
utilização.
Metodologia para coleta de fezes
O oxigênio dissolvido da água dos aquários de digestibilidade e de alimentação foi
mantido por meio de pedra porosa acoplada a um aerador central (6,50 mg/L). O nível de
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23
amônia foi monitorado e mantido em níveis abaixo de 0,01 mg/L, por meio de sifonagem e
reposição de água.
Foram alojados 240 juvenis de tambaqui (peso médio de 60,0g), provenientes de
piscicultura comercial, distribuídos aleatoriamente em oito aquários de 310 L, sendo 30
peixes/aquário. O delineamento utilizado foi o inteiramente casualizado com dois tratamentos
(dietas referência e teste) e quatro repetições cada. Foram necessários 20 dias de coleta de
fezes para obtenção de volume amostral suficiente para realização das análises. Foi empregada
a metodologia descrita por Guimarães et al. (2014), no qual os peixes são arraçoados fora do
sistema coletor de fezes, sendo mantidos durante o dia nos aquários de alimentação e
alimentados à vontade das 7 até as 12 horas, por meio de arraçoamento manual. Após uma
hora do último arraçoamento, foram transferidos para os aquários de coleta de fezes, onde
permaneceram até as 22h, sendo a coleta realizada de hora em hora, de forma a evitar a
lixiviação dos nutrientes nas fezes do tambaqui (Mota et al. 2014). Esses tanques, dotados de
sistema de coleta de fezes por gravidade, possibilitam a obtenção do material para análise.
Após o período de alimentação e de coleta de fezes, foi efetuada limpeza dos aquários,
preparando-os para nova coleta. Após a coleta, as fezes eram centrifugadas e desidratadas em
estufa com ventilação forçada (55,0°C/48 horas), moídas e armazenadas a –20,0°C. O
coeficiente de digestibilidade aparente das dietas foi calculado com base na seguinte fórmula
(Cho et al., 1985):
CDA(r)=100-[100 (%Cr2O3r/%Cr2O3f) x (%Nf/%Nr)]
Em que:
CDA = Coeficiente de digestibilidade aparente; Cr2O3r = % de óxido de crômio-III na
ração; Cr2O3f = % de óxido de crômio-II nas fezes; Nr = Nutrientes na ração; Nf = Nutrientes
nas fezes.
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O coeficiente de digestibilidade aparente do ingrediente foi calculado de acordo com
a equação apresentada abaixo (Forster, 1999):
CDAing=[(a+b) x CDANteste - a x CDANref]/b
Em que: CDANing é o coeficiente de digestibilidade aparente no nutriente; CDANteste, o
coeficiente de digestibilidade aparente da dieta combinada; CDANref, o coeficiente de
digestibilidade aparente da ração-referência; a, a contribuição do nutriente ou energia da
ração-referência para o conteúdo do nutriente ou energia da ração combinada; b, a
contribuição do nutriente ou energia pelo ingrediente teste para o conteúdo do nutriente da
ração-referência; a + b, o nutriente ou a energia total na ração-teste.
Condições experimentais - Ensaio de desempenho
Os animais foram mantidos em caixas de polietileno com capacidade para 310 L
d'água, em sistema de recirculação fechado, com aeração constante e duas pedras porosas por
caixa e vazão de água regulada para 2 L/min. O sistema era provido de filtros físicos,
biológicos e ultravioleta que garantiram a manutenção na qualidade da água. O aquecimento
foi feito através do sistema de aquecimento acoplado ao sistema de filtragem.
Os parâmetros de qualidade de água foram aferidos diariamente. A temperatura e
oxigênio dissolvido permaneceram em média a 27,7 ± 0,5 ºC e 5,8 ± 0,7 mg/L,
respectivamente. O pH e amônia total ficaram em média 6,8 ± 0,2 e 0,1 ± 0,1 mg/L,
respectivamente. Todos parâmetros de qualidade de água, mantiveram-se dentro da faixa ideal
para a espécie estudada (Baldisserotto e Gomes, 2009).
Dietas experimentais
O processamento do camarão para a produção da farinha foi realizado na Universidade
Federal de Alagoas (UFAL), onde o material foi triturado e seco em estufa de ventilação
forçada a 55ºC por um período de 72 a 84 horas. Após a secagem, o material foi moído em
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moinho de facas, utilizando peneira de 0,5 mm. A composição química está apresentada na
Tabela 2.
As rações foram formuladas contendo diferentes níveis de farinha de camarão de modo
a apresentarem-se isoprotéicas, isoaminoacídicas e isoenergéticas. A dieta controle
(tratamento 1) foi formulada com base nas exigências nutricionais da espécie (Almeida et al.,
2011; Carneiro, 1990) sendo o farelo de soja utilizado como fonte proteica principal. Quatro
níveis de substituição (12,5; 25,0; 50,0 e 75%) da proteína do farelo de soja pela proteína da
farinha de camarão constituíram os tratamentos experimentais correspondendo aos níveis de
inclusão de 7,92; 15,7; 31,4 e 48,56%, respectivamente (Tabela 3). A composição em
aminoácidos das dietas está apresentada na Tabela 4. Para a confecção das rações foram
seguidos os mesmos procedimentos descritos anteriormente.
Animais e delineamento experimental
Alevinos de tambaqui (n = 260, Peso = 2,7 ± 0,72 g) oriundos de piscicultura comercial
foram distribuídos aleatoriamente em 20 caixas de polietileno com volume útil de 310 L e
mantidos por 82 dias. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com cinco
tratamentos e três repetições, considerando unidade experimental o tanque de 310 L com doze
peixes. Para avaliação química inicial da carcaça, 20 alevinos foram coletados, abatidos e
conservados sob congelamento a -20ºC.
Os animais foram pesados ao início, aos 30, 45, 60 e 82 dias de experimento para
determinação dos parâmetros de desempenho: curva de crescimento; ganho em peso (GP);
conversão alimentar (CA); consumo de ração (CR) = [(quantidade de ração (g) / biomassa de
peixe (g) / dias]; taxa de crescimento específico em peso (TCE) = 100 x [log massa final (g) -
log massa inicial (g)] / dias; taxa de eficiência proteica, (TEP) = ganho de peso (g) / proteína
consumida (g); taxa de retenção proteica (TRP) = (peso final x proteína corporal final) - (peso
inicial x proteína corporal inicial) / ingestão de proteína x 100. Para as análises do custo de
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produção das rações utilizou-se como referência o custo médio de compra de matéria-prima
de empresas processadoras de rações na região no período de Janeiro de 2015.
Análises químicas
As análises químicas e a determinação da concentração de crômio das fezes e das
rações foram realizadas no laboratório de bioquímica da Universidade Federal de Goiás -
Regional Jataí. Proteína, lipídeos e minerais dos ingredientes, dietas, fezes e carcaça foram
determinados segundo os protocolos do AOAC (1995), enquanto a análise do conteúdo em
quitina da farinha de camarão, das dietas e fezes foi determinado de acordo com (Hornung &
Stevenson, 1971; Ma e Zuazago, 1942). Para isso, o procedimento envolveu digestão da
amostra (aproximadamente 0,5 g) em NaOH 1 N durante 5 h a 100 °C. O resíduo obtido foi
filtrado e, em seguida, lavado cinco vezes com água destilada e uma vez com metanol, seguido
por mais uma lavagem com água. As amostras foram secas em estufa a 37ºC por 24h e
posteriormente analisadas usando o método de micro-Kjeldahl. Desta forma, o nitrogênio do
grupamento amina da quitina foi identificado e multiplicado pela constante 6,89, segundo
protocolo proposto por Clark et al., (1993). As análises para determinação da concentração de
crômio, das fezes e das rações, foram realizadas segundo Bremer Neto et al., (2005). As
análises de aminoácidos das fezes e da farinha de camarão foram realizadas em laboratório
comercial (LABTEC©). Foi utilizado o método da feniltiocarbamil aminoácidos (PTC)
(análise de aminoácidos por derivação pré-coluna com fenilisotiocianato) (Bidlingmeyer et
al., 1984; Rosa et al., 1987). Resumidamente, as amostras foram previamente hidrolisadas
com HCl 6N bidestilado, seguido de derivação pré-coluna dos aminoácidos livres com
fenilisotiocianato (PITC), e a separação dos derivativos feniltiocarbamil-aminoácidos (PTC-
aa) foi feita em coluna de fase reversa C18 (Pico-Tag - 3,9 x 150 mm) com monitoração em
comprimento de onda em 254 nm. A fase móvel utilizada foi constituída por dois solventes A
e B, sendo acetato de sódio 0,14 M, pH 5,8 contendo 0,7% de trietilamina e acetonitrila 60%
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em água. A taxa de ebulição foi de 1,0 mL/min, desenvolvendo um gradiente côncavo de 10-
55% B em 12 minutos. A quantificação da amostra foi baseada na área de cada pico de
aminoácido, tomando-se como referência a área do pico do padrão de aminoácidos com
concentração conhecida, sendo que o padrão foi derivado nas mesmas condições e no mesmo
tempo que as amostras.
Parâmetros hematológicos
Após 82 dias experimentais foram determinados os parâmetros hematológicos,
utilizando-se 12 peixes por tratamento. Os peixes foram anestesiados com solução alcoólica
de benzocaína, na concentração de 1,5g de anestésico para 15L de água, e tiveram sangue
coletado com auxílio de seringa de 1mL banhada com EDTA (3,0%) e outra sem
anticoagulante por meio de punção do vaso caudal. A contagem do número de eritrócitos foi
realizada pelo método do hemocitômetro em câmara de Neubauer, utilizando-se azul de
toluidina a 0,01% em pipeta de Thoma como solução diluente e corante e leucócitos totais
pelo método indireto. A taxa de hemoglobina foi determinada pelo método da
cianometahemoglobina, utilizando-se kit de determinação fotocolorimétrica (Labtest®).
O hematócrito foi obtido utilizando-se centrífuga para microhematócrito em 5000rpm
durante 5 minutos. Determinou-se a proteína sérica por meio de refratômetro manual de
Goldenberg. A albumina, colesterol total e triglicerídeos foram determinados por kit de análise
(Labtest®) enquanto as globulinas foi determinada por cálculo diferencial. Realizou-se a
diferenciação dos leucócitos em esfregaço sanguíneo corado com May-Grunwald-Giemsa,
segundo Rosenfeld (1947). As variáveis acima apresentadas foram avaliadas segundo as
técnicas descritas por Jain (1986). Foram ainda calculados os seguintes índices
hematimétricos: volume corpuscular médio e concentração de hemoglobina corpuscular
média. As concentrações de globulinas foram obtidas por cálculo diferencial entre a proteína
sérica e a albumina, sendo então calculado a relação A:G no soro.
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Atividade da quitinase
Seis animais de cada tratamento foram eutanasiados por aprofundamento do plano
anestésico e, posteriormente, os intestinos dissecados para remoção das porções do estômago,
cecos e intestino para determinação da atividade da quitinase. Cada amostra (porções) foi
identificada, envolvida em papel alumínio e submetida a congelamento rápido em nitrogênio
líquido. As amostras foram maceradas em homogeinizador tipo Van Potter, com auxílio de
pistilo, utilizando tampão fosfato de sódio 0,1 M na proporção de 1:20 para amostras de
estômago; 1:10 para ceco e intestino, e levadas a centrifugação por 10 minutos a 10 000 rpm.
Todo o procedimento foi realizado a temperatura de 4ºC. Foi preparado uma solução com 0,1
ml do sobrenadante e 0,9 ml de solução de quitina 0,5% (Sigma Chemical Company) na
presença de tampão Tris 1M com pH 7,0 para os segmentos de cecos pilóricos e intestino; e
tampão glicina 1M com pH 2,0 para estômago. As amostras foram incubadas por 1 h a 28ºC
e em seguida a reação foi parada pela adição de 1000 µL de DNS (ácido dinitrossalicílico).
Posteriormente, as amostras foram levadas para o banho de ebulição por 10 minutos e em
seguida esfriado em banho de gelo, com adição de 2,2 ml de água destilada. As análises foram
realizadas em duplicatas. Os açúcares redutores liberados na reação foram determinados de
acordo com Miller (1959). Os controles foram preparados adicionando o extrato enzimático
posteriormente ao DNS. A absorbância foi determinada a 540 nm, em espectrofotômetro. Uma
unidade internacional (UI) de atividade enzimática foi definida como 1µmol de equivalentes
de N-acetilglicosamina liberada por minuto dentro das condições de ensaio mencionadas
acima, pelo uso de uma curva padrão de N-acetilglicosamina.
Análise estatística
Todos os dados foram analisados para homocedasticidade das variâncias e os
resultados foram considerados significativos quando P<0,05. Os dados foram submetidos à
análise de variância e quando diferenças significativas entre os tratamentos foi observada
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procedeu-se o ajuste a diferentes modelos de regressão. Para as variáveis que foram
significativas, as médias foram comparadas por meio do teste de Student Newman Keuls
(SNK). Todas as análises foram realizadas utilizando-se o procedimento GLM do pacote
computacional Statistical Analysis System (SAS, 9.0).
3.0 Resultados
Digestibilidade
Os coeficientes de digestibilidade dos nutrientes da farinha de camarão estão
apresentados na Tabela 5. Os aminoácidos essenciais lisina, metionina e arginina
apresentaram os maiores coeficientes de digestibilidade para a farinha de camarão. Para os
não essenciais, a cistina e o ácido glutâmico apresentaram os maiores valores enquanto a
leucina foi o aminoácido que apresentou o menor CDA. A quitina apresentou-se
completamente indigestível para o tambaqui e o CDA para matéria seca apresentou-se baixo,
assim como para a matéria orgânica. O CDA para proteína bruta apresentou baixa correlação
com a média do CDA dos aminoácidos.
Para as variáveis de desempenho foi observada efeito quadrático para o ganho em peso
(P<0,05) representado pela equação y = -0,002x2 -0,0265x+102,97 (R2=84%) (Figura 2). As
demais variáveis não apresentaram diferenças significativas com o aumento dos níveis de
substituição do farelo de soja pela farinha de camarão nas dietas (P>0,05) (tabela 6). Na figura
1 está apresentado a curva de crescimento dos tambaquis alimentados por 82 dias com dietas
contendo diferentes níveis de inclusão da farinha de camarão. De maneira geral, pode-se
observar que os peixes alimentados com a dieta FC75 apresentou menor curva de crescimento.
O tratamento FC50 tendeu a apresentar menor curva quando comparado as dietas controle,
FC12,5 e FC25, que tenderam a apresentar as maiores curvas de crescimento a partir dos 30
dias experimentais. Observou-se que a medida que aumentou os níveis de inclusão da farinha
de camarão nas dietas diminui-se o custo de produção das rações (Tabela 3). A substituição
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do farelo de soja pela farinha de camarão influenciou apenas o conteúdo de matéria mineral
da carcaça dos tambaquis (P<0,05), apresentando maior conteúdo nos peixes alimentados com
as dietas contendo o maior nível de substituição (Tabela 7).
Hematologia
Na Figura 3 e 4 apresentam-se os valores de eritrócitos, hematócrito, hemoglobina
concentração de hemoglobina corpuscular média, volume corpuscular médio e hemoglobina
corpuscular média. Não foi observado efeito da inclusão de diferentes níveis de farinha de
camarão sobre estas variáveis hematológicas do tambaqui (P>0,05).
Os diferentes níveis de inclusão de farinha de camarão influenciou apenas o número
de trombócitos e eosinófilos (P<0.05) (Figura 5). A medida que aumentou-se os níveis de
substituição, aumentou-se os valores absolutos dessas variáveis. Só foram encontrados
eosinófilos nos peixes alimentados com as dietas com 75% de substituição do farelo de soja
pela farinha de camarão. Os valores médios absolutos dos eosinófilos foram de 5x102 (±
2x102) células μL-1 de sangue. Não foi observada diferenças estatísticas (P>0,05) para os
demais componente da série branca do sangue (Figura 5). Na Figura 6 estão apresentados os
resultados de bioquímica sanguínea globulina, proteína sérica total, relação
albumina:globulina e albumina; na Figura 7 os valores de triglicerídeos, colesterol e glicose.
Pode-se observar que os peixes alimentados com 48,56% de inclusão de FC apresentaram
aumento significativo (P<0,05) nos níveis de PST (proteína sérica total) e globulina. Para as
demais variáveis não houveram diferenças significativas (P>0,05).
4.0 Discussão
Diante dos resultados encontrados não foi possível observar uma correlação positiva
entre coeficiente de digestibilidade aparente (CDA) da proteína bruta e aminoácidos. Um
menor aproveitamento da proteína pode ter sido decorrente do aumento na velocidade de
trânsito intestinal, reduzindo o contato do alimento com as enzimas específicas para a
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31
digestão. Esse fato pode estar relacionado por se tratar de um alimento com altos teores de
quitina, composto com propriedades de polissacarídeos não amiláceos e, como consequência,
pode causar aumento da viscosidade intestinal diminuindo a taxa de difusão de substratos e
enzimas digestivas, impedindo suas interações na superfície da mucosa intestinal (Choct,
2001). Tal fato leva ao comprometimento da digestão e da absorção de nutrientes como as
gorduras, amido e proteínas, tornando-os menos acessíveis e disponíveis as enzimas
endógenas. Além disso, a viscosidade da digesta interfere na microflora intestinal e nas
funções fisiológicas do intestino, resultando em decréscimo na digestibilidade dos nutrientes
e no desempenho dos animais (Shiau & Yu, 1999; Choct et al., 2004).
A quitina apresentou-se como um composto completamente indigestível para o
tambaqui, não sendo esta espécie capaz de clivar esse biopolímero e aproveitar o grupamento
amino da N-acetilglicosamina. Na determinação enzimática, não foi observada atividade da
quitinase em nenhum dos segmentos do trato gastrintestinal do tambaqui. A quitinase é a
enzima responsável pela quebra da quitina em unidades de N-acetilglicosamina que é
absorvida e aproveitada por algumas espécies de peixes (Lindsay, 1986; Gutowska et al.,
2004; Ikeda et al., 2009). A produção da quitinase pode estar relacionada ao hábito alimentar
dos peixes, pois algumas espécies consomem pequenos invertebrados na natureza, sendo a
quitina um composto comum na formação dos exoesqueletos desses animais. Assim, a
ingestão de quitina é comum na alimentação do tambaqui na natureza na forma de artrópodes
e zooplanctons, porém em pequena quantidade, o que pode explicar a ausência na produção
de quitinase no trato digestório dessa espécie. Outra hipótese é a produção da quitinase em
níveis abaixo da detecção do método utilizado no presente estudo. Assim, é recomendado mais
estudos utilizando técnicas mais refinadas, como a cromatografia, para identificação se
realmente esta espécie não é capaz de produzir esta enzima, uma vez que a mesma apresentou
crescimento similar entre os tratamentos.
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O efeito quadrático sobre a variável ganho em peso foi observada. A redução nos valores
desta variável pode ser em consequência dos altos valores de cálcio e fósforo encontrados na
dieta com maior inclusão de farinha de camarão. Níveis elevados desses minerais nas dietas
acarretam menor digestibilidade energia e proteína por formar sabões insolúveis com o cálcio
e lipídios no duodeno (Nwanna et al., 2009). Além disso, a redução nos valores de ganho em
peso pode ser oriundo dos maiores teores de quitina nas dietas, apresentando-se como um
composto completamente indigestível para o tambaqui, sendo essa espécie incapaz de utilizar
eficientemente o nitrogênio presente em sua molécula. Outro fator considerável é a capacidade
da quitina de se ligar aos lipídeos da dieta, interferindo na absorção intestinal das gorduras
(Tharanathan & Kittur 2003). Esse fato é consequência da interação que ocorre entre a carga
positiva presente na molécula de quitina e a carga negativa presente em sais biliares e ácidos
graxos. Desta maneira, pode ocorrer o comprometimento de estruturas micelares,
inviabilizando a emulsificação de lipídeos e impedindo, conseqüentemente, que estes
derivados sejam absorvidos (Ringo et al., 2012).
Foi possível observar um aumento na matéria mineral da carcaça dos tambaquis
alimentados com 75% de substituição do farelo de soja pela farinha de camarão. O ingrediente
utilizado neste estudo possui alto teor de matéria mineral (31%), podendo refletir na deposição
desses minerais na carcaça. Leal et al., (2009) observaram resultado inverso quando
trabalharam com hidrolisado de camarão, sendo que a medida que se aumentou a inclusão do
hidrolisado de camarão diminuiu a quantidade de matéria mineral na carcaça. Plascencia-
Jatomea et al., (2002) observaram comportamento semelhante, quando não observaram
alterações na matéria mineral da carcaça de tilápias alimentadas com até 30% de hidrolisado
proteico de camarão. Segundo Guimarães et al., (2008), os componentes minerais da carcaça
podem ser afetados pelo alto teor de cálcio presente na ração devido à alta quantidade desse
macromineral no exoesqueleto quitinocalcáreo dos crustáceos.
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O aumento no número de trombócitos e eosinófilos no presente estudo pode estar
relacionado a quantidade de quitina oriunda da farinha de camarão. Os trombócitos são células
responsáveis pela coagulação sanguínea, semelhantes as plaquetas em mamíferos. A ação da
quitina nas plaquetas produz efeito benéfico, resultando na liberação de fator de crescimento
derivado de plaquetas- AB (PDGF-AB) e fator de transformação do crescimento-β1 (TGF-
β1), provavelmente pelo dano causado às membranas plaquetárias pela forte agregação
induzida pela ação da quitina (Okamoto et al., 2003). A PDGF-AB e TGF-β1 são citocinas
liberadas pelas plaquetas, que desempenham importante papel no processo de cicatrização.
A função dos eosinófilos em peixes ainda não está totalmente esclarecida, entretanto,
acredita-se que esteja relacionado a processos de defesa contra parasitos e a respostas
alergênicas (Ranzani-Paiva et al., 2013). O maior nível de inclusão da quitina foi encontrado
no tratamento com 48,56 % de farinha de camarão, correspondendo a 11,36 % de quitina na
dieta, o que pode ter ocasionado uma resposta eosinofílica alergênica consequente do excesso
de quitina na dieta (Sakai, 1999).
Recentemente, moléculas receptoras de quitina em células alvo foram relatados pela
descoberta de uma proteína de ligação em truta arco-íris (Russell et al., 2008). A proteína era
homólogo de interleucina do plasma humano e foi localizada nas brânquias, baço, tecido
hepático e renal, intestino, pele, bexiga natatória e nos leucócitos dessa espécie. A inoculação
da quitina na truta arco íris e Yellowtail estimulou a atividade de macrófagos, aumentando a
resistência a infecção por Vibrio anguillarum e Pseudomonas piscida, respectivamente (Sakai
et al., 1992; Kawakami et al., 1998). Os macrófagos, ativados pelos oligômeros de quitina de
baixa massa molecular, liberam interleucina-1, que estimulam a proliferação de fibroblastos,
e assim influenciando a estrutura do colágeno. Liberam, também, N-acetilglicosaminidase,
que hidrolisa a quitina a monômeros de N-acetilglicosamina e glicosamina, unidades de
açúcares necessárias à biossíntese do ácido hialurônico e outros componentes da matriz
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extracelular pelos fibroblastos (Muzzareli, 1997). Promovem ainda a migração de neutrófilos,
facilitando a resolução da resposta inflamatória (Koide, 1998).
Os valores séricos de globulina e proteína total aumentados no peixes alimentados com
48,6% de inclusão da farinha de camarão (11,36% de quitina) também podem ser
consequência de um possível efeito imunomodulador da quitina nas dietas. O aumento na PST
pode ser em consequência ao aumento de frações de globulinas. O aumento nos valores de
globulina pode estar relacionado aos maiores níveis de quitina no tratamento com 48,6% de
farinha de camarão e estar relacionado ainda a resposta alergênica oriunda dos maiores níveis
de inclusão de quitina. Em resposta, ocorre o aumento na produção de imunoglobulinas que,
juntamente com os eosinófilos, mediam a inflamação sistêmica do organismo. Além disso, as
lisozimas, anticorpos, fatores do sistema complemento, que atuam na primeira linha de defesa,
estão presentes no soro impedindo a adesão e colonização por microrganismos, colaborando
na manutenção da higidez do animal (Alexandar & Ingram, 1992). Esses resultados podem
indicar a participação da quitina como imunoestimulante e sua correlação na imunidade inata
dos peixes. Porém, não é possível afirmar essa hipótese por não ter sido realizada a dosagem
de imunoglobulinas específicas.
Apesar do efeito negativo sobre o ganho em peso é importante ressaltar o menor custo
das dietas com maior nível de inclusão de farinha de camarão. Isso sustenta a importância da
utilização de fontes alternativas de alimentos, sem prejuízos ao desempenho produtivo dos
peixes. No caso da proteína, é importante estudos que avaliem fontes proteicas de menor custo,
uma vez que representa o nutriente mais caro na formulação de dietas.
Desta forma, pode-se concluir que a farinha de camarão pode substituir o farelo de
soja como fonte proteica até o nível de 50 % sem afetar o desempenho e respostas fisiológicas
dos tambaquis. Sua utilização em formulações de rações comerciais pode ser uma alternativa,
pois a FC demonstrou menor custo de produção. Possivelmente, a quitina presente neste
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ingrediente pode possuir efeito imunomodulador, porém mais pesquisas são necessárias para
afirmar esta hipótese.
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6.0 Referências bibliográficas
Alexander, John B., and George A. Ingram. (1992) "Noncellular nonspecific defence
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40
ANEXO I
Legendas e tabelas
Tabela 1 Composição percentual dos ingredientes da dieta referência e da dieta teste.
INGREDIENTES Dieta Referência (%)
Dieta Teste (%)
Farelo Soja 49,00 34,30
Farinha Peixe 5,00 3,50
Fubá Milho 26,70 18,69
Farelo Trigo 6,00 4,20
DL - Metionina 0,10 0,07
Cr2O3 0,20 0,20
Óleo Soja 6,70 4,69
Fosfato Bicálcico 5,60 3,92
Vit C 0,08 0,06
Sal comum 0,1 0,07
Premix vitam/min¹ 0,5 0,35
BHT² 0,02 0,02
Amido 28,36 17,53 1Níveis de garantia do Premix: Mannan-Oligossacarídeos (mín.) 120,0000 mg/kg; Vitamina A (mín.) 16.000,00
UI/kg; Vitamina D3 (mín.) 4.500,0000 UI/kg; Vitamina E (mín.) 250,00 UI/kg; Vitamina B2 (mín.) 32,0000
mg/kg; Vitamina B1 (mín.) 32,0000 mg/kg; Vitamina C (mín.) 325,0000 mg/kg; Niacina (mín.) 170,0000 mg/kg;
Vitamina B6 (mín.) 32,0000 mg/kg; Biotina (mín.) 10,0000 mg/kg; Ácido Fólico (mín.) 10,0000 mg/kg;
Vitamina B12 (mín.) 32,0000 mcg/kg; Colina (mín.) 2.000,0000 mg/kg; Manganês (mín.) 50,0000 mg/kg; Zinco
(mín.) 150,0000 mg/kg; Ferro (mín.) 150,0000 mg/kg; Cobre (mín.) 20,0000 mg/kg; Cobalto (mín.) 0,50000
mg/kg; Iodo (mín.) 1,0000 mg/kg; Selênio (mín.) 0,7000 mg/kg (Centro-Oeste Rações Ltda).
²β-hidroxi tolueno – antioxidante
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41
Tabela 2 Composição química da farinha de camarão
Nutrientes (g/kg)¹ Farinha de camarão
Matéria seca 954,0
P Proteína bruta 437,1
Gordura 60,5
Matéria mineral 300,0
Energia bruta² 3278,0
Quitina 154,6
Aminoácidos³
Essenciais
Arginina 23,7
Histidina 9,1
Isoleucina 14,2
Leucina 22,8
Lisina 21,7
Metionina 7,4
Fenilalanina 16,8
Treonina 12,7
Triptofano 2,2
Valina 18
Não essenciais
Ácido aspártico 11,3
Ácido glutâmico 30,9
Alanina 25,1
Cistina 1,8
Glicina 22,3
Serina 12,3
Prolina 19,5
Tirosina 11,7 ¹Laboratório de bioquímica -UFG/Jataí
²Unidade expressa em Kcal/kg
³Labtec análises
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42
Tabela 3 Composição percentual das rações experimentais com diferentes níveis de substituição do farelo
de soja (FS) pela farinha de camarão (FC) para tambaquis e custo das dietas (US$).
¹Laboratório de bioquímica -UFG/Jataí
² Níveis de garantia do Premix: Mannan-Oligossacarídeos (mín.) 120,0000 mg/kg; Vitamina A (mín.) 16.000,00 UI/kg; Vitamina
D3 (mín.) 4.500,0000 UI/kg; Vitamina E (mín.) 250,00 UI/kg; Vitamina B2 (mín.) 32,0000 mg/kg; Vitamina B1 (mín.) 32,0000
mg/kg; Vitamina C (mín.) 325,0000 mg/kg; Niacina (mín.) 170,0000 mg/kg; Vitamina B6 (mín.) 32,0000 mg/kg; Biotina (mín.)
10,0000 mg/kg; Ácido Fólico (mín.) 10,0000 mg/kg; Vitamina B12 (mín.) 32,0000 mcg/kg; Colina (mín.) 2.000,0000 mg/kg;
Manganês (mín.) 50,0000 mg/kg; Zinco (mín.) 150,0000 mg/kg; Ferro (mín.) 150,0000 mg/kg; Cobre (mín.) 20,0000 mg/kg;
Cobalto (mín.) 0,50000 mg/kg; Iodo (mín.) 1,0000 mg/kg; Selênio (mín.) 0,7000 mg/kg (Centro-Oeste Rações Ltda). 3 Alginato de sódio (Aglutinante) 4Butil-hidroxi tolueno – antioxidante 5 Calculada 6 Custo da matéria prima US$/Kg Janeiro/2015.
INGREDIENTES Níveis de substituição do FS pela FC
0% 12,50% 25% 50% 75% Custo MP6
Farelo Soja 56,94 49,8 43,05 30,18 15,44 0,42
Farinha de Peixe 5,00 5,00 5,00 5,00 5,00 0,81
Fubá Milho 30,49 28,11 25,1 18,02 11,2 2,46
Far subp camarão 7,92 15,70 31,40 48,56 0,07
DL - Metionina 0,22 0,19 0,18 0,14 0,14 115,0
Óleo Soja 0,84 2,87 5,11 9,95 14,90 1,36
Fosfato Bicálcico 4,37 4,17 4,00 3,65 3,20 0,87
Calcário 1,20 1,00 0,82 0,52 0,22 0,1
Vit C 0,05 0,05 0,05 0,05 0,05 8,2
Sal comum 0,07 0,07 0,07 0,07 0,07 0,53
Premix vitam/min 0,50 0,50 0,50 0,50 0,50 25,46
Binder3 0,30 0,30 0,30 0,30 0,30 0,32
BHT4 0,02 0,02 0,02 0,02 0,02 16,77
US$/kg 1,46 1,37 1,30 1,10 0,95
Composição química5
Proteína bruta (%) 35,46 35,22 37,86 35,17 38,82
Matéria orgânica 85,07 84,31 83,56 79,91 78,50
Extrato etéreo 2,68 4,69 7,15 13,6 18,6
Ca (%) 2,58 3,30 3,29 3,87 4,94
P (%) 0,78 0,88 0,92 1,04 1,24
FDN 40,65 34,45 33,12 34,23 32,72
FDA 14,65 15,90 21,03 30,10 31,26
Quitina (%) 0,96 4,31 6,39 8,97 11,36
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43
Tabela 4 Composição aminoacídica das dietas contendo diferentes níveis de substituição do
farelo de soja pela farinha de camarão em dietas para o tambaqui.
1 Exigência aminocídica estimada para o tambaqui calculada (g/kg) de acordo com (Kaushik, 1998) (Dados não
publicados)
² Aminoácidos essenciais
³Aminoácidos não essenciais
Aminoácidos
(g/kg)
Exigência
nutricional¹
Níveis de substituição do FS pela FC (%)
0,0 12,5 25 50 75
AAE²
Arginina 12,8 18,6 18,8 18,4 18,3 17,9
Fenilalanina 7,8 14,1 14,4 13,8 13,4 12,9
Histidina 4,1 6,9 7 6,9 6,9 6,8
Isoleucina 7,7 12,6 12,9 12,3 11,8 11,2
Leucina 14,4 21,4 22,1 20,8 19,8 18,4
Lisina 14,9 17,7 17,9 17,4 17,2 16,7
Metionina 4,9 6,4 6,5 6,4 6,4 6,7
Tirosina 5,8 9,2 9,3 9,1 9 8,8
Treonina 8,4 11,6 11,9 11,3 10,8 10,2
Triptofano 1,8 3,9 4,1 3,6 3,1 2,4
Valina 9,3 13,3 13,4 13,3 13,4 13,3
AANE³
Ác. Aspártico 17,8 30,3 33,1 27,5 22,3 16,3
Ác. glutâmico 27,8 49,7 53,3 46,2 39,7 32
Alanina 14 13,8 13,2 14,5 15,8 17,2
Cistina 1,5 3 3,2 2,8 2,4 1,9
Glicina 1,5 18,1 20,6 15,7 11 5,7
Serina 7,8 14,5 15,2 13,8 12,5 11
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44
Tabela 5 Coeficiente de digestibilidade aparente (CDA) e valores digestíveis dos
nutrientes, aminoácidos essenciais e não essenciais da farinha de camarão.
¹Aminoácidos essenciais
²Aminoácidos não essenciais
Nutrientes CDA (%) Nutriente digestível (g/kg)
Matéria seca (MS) 0,428± 0,063
Proteína bruta (PB) 0,692±0,037
Quitina 0,0
Extrato etéreo 0,678±0,071
Matéria orgânica 0,637±0,024
Aminoácidos
AAE¹
Arginina 0,944±0,010 22,4
Histidina 0,928 ± 0,001 8,5
Isoleucina 0,899 ± 0,012 12,8
Leucina 0,701 ± 0,020 16,0
Lisina 0,934 ± 0,011 20,3
Metionina 0,948 ± 0,009 7,1
Fenilalanina 0,898 ± 0,008 15,1
Triptofano 0,905 ± 0,021 2,1
Treonina 0,905 ± 0,014 11,6
Valina 0,865 ± 0,008 15,6
Média AAE 0,892 ± 0,071
AANE²
Ácido aspártico 0,863 ± 0,024 9,8
Ácido glutâmico 0,915 ± 0,012 29,7
Alanina 0,872 ± 0,008 22,2
Cistina 1,043 ± 0,013 1,9
Glicina 0,891 ± 0,009 19,8
Serina 0,893 ± 0,009 11
Prolina 0,851 ± 0,007 16,6
Tirosina 0,879 ± 0,014 10,4
Média AANE 0,900 ± 0,060 22,4
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45
Tabela 6 Médias e desvios padrão (±) das variáveis ganho de peso (GP), consumo de ração (CR), conversão
alimentar (CA), taxa de crescimento específico (TCE), taxa de eficiência proteica de alevinos de tambaqui
alimentados com diferentes níveis de substituição do farelo de soja por farinha de camarão nas dietas.
Médias seguidas de mesma letra nas linhas não diferem estatisticamente pelo teste SNK (P<0,01).
Níveis de
substituição
(%)
GP(g)
CR(g)
CA
TCE (%)
TEP (%)
TRP (%)
0,0 102,03±4,54 177,16±5,68 1,74±0,12 0,38±0,01 0,36±0,01 58,36±7,10
12,5 105,50±4,23 186,63±15,55 1,59±0,16 0,36±0,02 0,34±0,07 50,64±8,10
25 115,27±16,15 165,55±10,90 1,76±0,13 0,38±0,01 0,43±0,06 62,46±6,46
50 100,88±7,75 183,84±7,57 1,82±0,08 0,37±0,00 0,35±0,03 53,76±5,56
75 94,14±19,07 186,43±23,53 1,80±0,03 0,36±0,02 0,36±0,07 46,33±3,15
ANOVA
valor de P
0,3551 0,3754 0,2029 0,3945 0,3151 0,0712
Regressão
Linear Valor
de P
0,0154 0,4392 0,1316 0,4054 0,9969 0,0890
Quadrático
Valor de P
0,0013 0,5960 0,3359 0,6827 0,7499 0,1278
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46
Tabela 7 Composição corporal em matéria seca (MS), proteína bruta (PB), matéria mineral
(MM) e extrato etéreo (EE) expressos em g/kg, de tambaquis alimentados com diferentes
níveis de substituição do farelo de soja por farinha de camarão nas dietas.
Níveis de
substituição
(%)
MS
PB
MM
EE
0,0 341,9±89,1 510,0±50,4 388,0±53,9a 346,1±74,1
12,5 338,7±56,4 510,8±45,2 387,0±99,7a 338,5±72,0
25 349,7±27,3 514,6±87,6 421,0±73,3a 348,3±33,8
50 352,7±87,3 521,3±37,1 402,0±143,0a 324,3±60,4
75 348,6±68,9 533,5±38,1 575,0±37,5b 342,6±11,8
ANOVA
Valor de P
0,9171 0,8198 <0,0001 0,4685
Regressão
Linear
Valor de P
0,2555 0,2041 0,3836 0,0383
Quadrático
Valor de P
0,0353 0,4405 0,3576 0,1024
¹ Unidades expressas em g/kg
Médias seguidas de mesma letra nas linhas não diferem estatisticamente pelo teste SNK (P<0,05)
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47
ANEXO II
Legendas e gráficos
Figura 1 Curva de crescimento do tambaqui alimentado com diferentes
níveis de substituição do farelo de soja pela farinha de camarão.
Figura 2 Efeito da inclusão de farinha de camarão sobre o ganho em peso de
tambaquis
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
0 20 40 60 80 100
Ga
nh
o e
m p
eso
(g
)
Dias de experimento
Curva de crescimento
0
12,5
25
50
75
y = -0,0021x2 - 0,0265x + 102,97
R² = 0,8453
88,00
90,00
92,00
94,00
96,00
98,00
100,00
102,00
104,00
106,00
108,00
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Gan
ho e
m p
eso (
g)
Níveis de substituição (%)
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48
Figura 3 Valores de eritrócitos totais (A), hematócrito (B) e hemoglobina (C) de tambaquis
alimentados com diferentes níveis de inclusão de farinha de camarão. Os valores são as médias
de 3 peixes por aquário e 4 repetições por tratamento. As contagens e mensurações foram
feitas em duplicata. Médias nas barras seguidas de letras diferentes diferem significativamente
pelo teste de SNK (P<0,05).
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49
Figura 4 Valores de concentração de hemoglobina corpuscular média (A), hemoglobina
corpuscular média (B), volume corpuscular médio (C), de tambaquis alimentados com
diferentes níveis de inclusão de farinha de camarão. Os valores são as médias de 3 peixes por
aquário e 4 repetições por tratamento. As contagens e mensurações foram feitas em duplicata.
Médias nas barras seguidas de letras diferentes diferem significativamente pelo teste de SNK
(P<0,05).
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50
Figura 5 Valores da contagem de leucócitos totais (A), linfócitos (B), neutrófilos (C),
monócitos (D), trombócitos (E) e célula granulocítica especial (F) de tambaquis alimentados
com diferentes níveis de inclusão de farinha de camarão. Os valores são as médias de 3 peixes
por aquário e 4 repetições por tratamento. As contagens e mensurações foram feitas em
duplicata. Médias nas barras seguidas de letras diferentes diferem significativamente pelo
teste de SNK (P<0,05).
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51
Figura 6 Valores de proteína sérica total (A), albumina (B), globulina (C), relação
albumina:globulina (D) de tambaquis alimentados com diferentes níveis de inclusão de
farinha de camarão. Os valores são as médias de 3 peixes por aquário e 4 repetições por
tratamento. As contagens e mensurações foram feitas em duplicata. Médias nas barras
seguidas de letras diferentes diferem significativamente pelo teste de SNK (P<0,05).
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52
Figura 7 Valores de triglicerídeos (A), colesterol (B) e glicose (C) de tambaquis alimentados
com diferentes níveis de inclusão de farinha de camarão. Os valores são as médias de 3 peixes
por aquário e 4 repetições por tratamento. As contagens e mensurações foram feitas em
duplicata. Médias nas barras seguidas de letras diferentes diferem significativamente pelo
teste de SNK (P<0,05).
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53
Capítulo 3 - Considerações finais
A disponibilidade e a qualidade da matéria prima na formulação de dietas para peixes
é um ponto crucial a ser discutido. A utilização de alimentos alternativos têm sido uma prática
amplamente estudada, com o objetivo de mitigar os custos com produção de rações, e ainda
reduzir impactos ambientais. Subprodutos de unidades beneficiadoras de pescado como a
farinha de camarão são descartados no meio ambiente, tornando-se fonte de contaminação
para fauna e flora ambiental. A utilização desse subproduto na formulação de dietas visa
reduzir esses impactos, além de incluir um ingrediente com valor biológico em rações para
peixes.
No presente trabalho foi demonstrado que a farinha de camarão pode ser utilizada em
substituição ao farelo de soja como principal fonte proteica em dietas para o tambaqui. Os
tambaquis apresentaram desempenho produtivo semelhantes quando substituídos até 50% de
farelo de soja pela farinha de camarão, o que subsidia a hipótese de que este é um produto
com propriedades desejáveis na formulação de rações. A farinha de camarão apresentou
também um perfil aminoacídico semelhante ao farelo de soja, o que sustenta mais uma vez o
fato de que a farinha de camarão pode ser utilizada com fonte proteica alternativa ao farelo de
soja pra alevinos de tambaqui.
Foi observado ainda, uma redução no custo de produção das rações a medida que
aumentou-se o nível de inclusão deste ingrediente. É de conspícua necessidade estudos que
avaliem o custo de produção de ração, pois os resultados podem servir como suporte nas
fábricas de rações, na inclusão de um ingrediente com menor custo que refletirá na produção
de rações mais baratas, refletindo também nos custos de produção do produtor de peixes e em
todas cadeia produtiva de pescado.
No que diz respeito a higidez de peixes cultivados, sabe-se que a farinha de camarão é
detentora de um composto (quitina) que possui efeitos imunoestimulantes comprovados para
algumas espécies de peixes. Neste trabalho, foi possível observar fatores que indicam um
possível efeito na saúde desse animais, porém esse fato não pode ser comprovado devido a
ausência de resultados de variáveis relacionadas ao sistema imune. Outros estudos são
necessários para confirmar essa hipótese.
Foi demonstrado ainda a necessidade de continuidade de estudos com o uso de maiores
níveis de inclusão da farinha de camarão nas dietas para o tambaqui e em diferentes fases de
cultivo, objetivando fornecer mais subsídios para a formulação de dietas para o tambaqui e
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54
avaliar a utilização deste produto na inclusão de dietas para outras espécies de peixes pois,
mediante a composição química e perfil dos aminoácidos observados na farinha de camarão,
esta pode apresentar bom resultado em formulações de rações para peixes.
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55
ANEXO III
FIGURA 1 - Aquários do sistema de recirculação de água
Fonte: Arquivo pessoal
FIGURA 2 - Filtro biológico (A); Filtro físico (B); Bombas d'água (C); Caixa de distribuição
(D)
Fonte: Arquivo pessoal
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56
FIGURA 3 - Processo de coleta e centrifugação das fezes no ensaio de digestibilidade da
farinha de camarão. (A) Transferência dos animais para as cubas; (B) Sedimentação das fezes;
(C, D e E) retirada de água e centrifugação das fezes.
Fonte: Arquivo pessoal
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57
FIGURA 4 - Procedimentos de colheita de sangue (A), hematócrito (B), diluição do sangue
em azul de toluidina (C e D).
Fonte: Arquivo pessoal
FIGURA 5 - Exemplar de juvenil de tambaqui.
Fonte: Arquivo pessoal