Faria; patrícia maas da costa de faria brincadeira de erê

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL DEPARTAMENTO DE ARTE E COMUNICAÇÃO CURSO DE ARTES VISUAIS BRINCADEIRA DE ERÊ PATRÍCIA MAAS DA COSTA DE FARIA Campo Grande MS 2010

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL

DEPARTAMENTO DE ARTE E COMUNICAÇÃO

CURSO DE ARTES VISUAIS

BRINCADEIRA DE ERÊ

PATRÍCIA MAAS DA COSTA DE FARIA

Campo Grande – MS

2010

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PATRÍCIA MAAS DA COSTA DE FARIA

BRINCADEIRA DE ERÊ

Relatório apresentado como exigência

parcial para obtenção do grau de Bacharel

em Artes Visuais à Banca Examinadora da

Universidade Federal de Mato Grosso do

Sul, sob a orientação do professor Darwin

Longo.

Campo Grande – MS

2010

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DEDICATÓRIA:

Dedico este trabalho primeiramente a Deus e a todos os Orixás.Ao meu

marido e incentivador Marcus Rodrigo, que me apoiou nesta longa

jornada, que em nenhum momento mediu esforços para meus sonhos.Aos

meus três filhos, Ana Clara, Amanda e Pedro Henrique que me fazem

extremamente feliz.Aos meus pais, José Ronald e Vera Maas, pois eu

aprendi que quando se sonha sozinho é apenas um sonho, mas quando

sonhamos juntos é o começo da realidade.

AMO VOCÊS!

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AGRADECIMENTO:

Quero agradecer a todos que me apoiaram, neste caminho das Artes Plásticas, a

todas as pessoas que contribuíram para realização deste sonho, do meu sonho de poder

hoje saber como amo a minha profissão e de como sou grata a todas estas pessoas.

Ao meu marido Marcus Rodrigo que teve muita paciência com as tintas e pincéis

rolando pela casa, aos meus três filhos que me fazem um ser humano melhor a cada dia

que passa, ao meus pais que mesmo longe não deixaram eu desistir nunca, agradeço ao

apoio, o afeto e o reconhecimento.

Aos meus amigos do coração Paulo Edson e Sandra Amarilha, que me

emprestaram livros, que me passaram conhecimento sobre a religiosidade e que sempre

torceram pelo meu sucesso.

A minha amiga e companheira Ninha, com seus ensinamentos sobre o

candomblé, com as musicas de pontos para os Orixás e toda a sua sabedoria na sua

religião, cultuada a muitos e muitos anos. As minhas amigas que também tanto me

incentivam e torcem por mim Camila e Mirella.

Ao meu orientador, Darwin Longo, que me apoiou nestes anos de curso

compartilhando seus conhecimentos, que acreditou na minha obra, as professoras Aline

e Priscilla por sua orientação no meu trabalho e aos demais professores que fizeram

parte da minha jornada de sala de aula.

Aos meus amigos de curso Janaina, Joni, Karina, Shogun e todos os outros que

me acompanharam nestes cinco anos, portanto quero dizer a todos muito obrigado por

terem crescido junto comigo.

E aos meus guias espirituais que sem duvida me trazem a paz necessária para

seguir meu caminho.

OBRIGADA DEUS POR TUDO.

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“Toda a obra de um homem, seja em literatura, música, pintura, arquitetura ou

em qualquer outra coisa, é sempre um auto retrato; e quanto mais ele tentar se esconder,

mais seu caráter se revelará, mesmo contra a sua vontade.”

Samuel Butler

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RESUMO

O presente Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) tem o enfoque no tema da

religiosidade

Afro brasileira em particular, os símbolos da Umbanda e do Candomblé recriados na

linguagem da pintura. Argumento a força da religiosidade, na qual, esta representada no

plano estético e artístico de cada Orixá, suas cores, seus signos, contos e mitos. Através

de pesquisas elaborei as obras, tive a oportunidade de transformar e enriquecer minhas

obras, nas quais apresento-as não só como uma manifestação religiosa mas também

como instrumento de sensibilização de uma cultura. Interpreto cada Orixá de uma forma

pueril, narrando a história de cada um deles na forma de ilustração. A finalização da

minha obra resultou no conjunto treze painéis feitos no suporte de lona de carreta de

caminhão com o uso de tinta acrílica. A importância desta temática esta no fato da arte

Afro brasileira ter sido redescoberta, estando na sociedade contemporânea brasileira,

penetrando em outros espaços como na decoração de ambientes, nos adornos de roupas,

nas estampas de tecidos e outros tantos exemplos. Tem-se notado que a arte e a cultura

Afro tem sido apresentada em diversas linguagens plásticas como na escultura, na

pintura, gravura, fotografia e outras tantas representadas nas poéticas dos artistas, entre

eles, podemos destacar os brasileiros Rubem Valentim, Mestre Didi, Carybé e outros

que se tornaram referências visuais para esta temática.

PALAVRAS CHAVE: Pintura Ilustração. Arte Afro brasileira. Candomblé e

Umbanda

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RESUMEN

Este trabajo Fin de curso (TCC) se centra en el tema de la religiosidad

África Brasil en particular, los símbolos de la Umbanda y el Candomblé recreado en el

lenguaje de la pintura. Argumento de la fuerza de la religiosidad, en la que este último

representaba el corazón estética y artística de cada Orisha, sus colores, símbolos,

historias y mitos. A través de la investigación elaboraron las obras, tuve la oportunidad

de transformar y enriquecer mis obras, en la que los presentan no sólo como un evento

religioso, sino también como una herramienta para la sensibilización de una cultura.

Interpretar cada Orisha de una manera infantil, que narra la historia de cada uno de ellos

en forma de ilustración. La realización de mi trabajo ha resultado en todos los paneles

de trece realizado en apoyo de la lona de camión remolque con pintura acrílica. La

importancia de esta cuestión es en realidad el arte afro brasileños han sido

redescubiertas y es la sociedad brasileña contemporánea, pasando a otros espacios como

en el diseño de interiores, decoración en ropa, telas en estampados y otros ejemplos. Se

ha sñalado que el arte y la cultura africanas se ha presentado en varios idiomas, como la

escultura, pintura, grabado, fotografía y muchos otros artistas representados en la

poesía, entre losque destacan el brasileño Rubem Valentim, Mestre Didi, Carybé y otros

que se han convertido en referencias visuales para este tema.

PALABRAS CLAVE: Pintura Ilustración. Afro arte brasileño. Candomblé y

Umbanda

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LISTA DE FIGURAS

Fig.1. Casamento de negros escravos de uma família rica................................

Fig.2. Fotografia da festa do “Cortejo do rei dos congos.”................................

Fig.3. Fotografia de uma roda de samba............................................................

Fig.4. Fotografia da dança de umbigo de origem africana.................................

Fig.5. Fotografia da dança do Maculelê.............................................................

Fig.6. Sasará Ati Aso Keji.................................................................................

Fig.7. Orixás.......................................................................................................

Fig.8. Emblema..................................................................................................

Fig.9. Afro Carnaval..........................................................................................

Fig.10. Ogum.....................................................................................................

Fig.11. Exu........................................................................................................

Fig.12. Ogum....................................................................................................

Fig.13. Oxossi...................................................................................................

Fig.14. Ossaim...................................................................................................

Fig.15. Nana…………………………………………………………………...

Fig.16. Obaluayê………………………………………………………………

Fig.17. Oxumaré………………………………………………………………

Fig.18. Xangô…………………………………………………………………

Fig.19. Yansã………………………………………………………………….

Fig.20. Oxum.....................................................................................................

Fig.21. Ibeji.......................................................................................................

Fig.22. Yemanjá……………………………………………………………….

Fig.23. Oxalá.....................................................................................................

Fig.24. Símbolos................................................................................................

Fig.25. Arabesco I..............................................................................................

Fig.26. Folhas em movimento...........................................................................

Fig.27. Dragão e arcos.......................................................................................

Fig.28. Rosas e arabescos..................................................................................

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Fig.29. Cores e folhas.........................................................................................

Fig.30. Arabescos II...........................................................................................

Fig.31. Cores I....................................................................................................

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Fig.32. Flores I....................................................................................................

Fig.33. Signos.....................................................................................................

Fig.34. Sereia.....................................................................................................

Fig. 35. Galinha de angola.................................................................................

Fig. 36. Desenho I com lápis HB em papel A4...................................................

Fig.37. Desenho II com lápis HB em papel A4....................................................

Fig.38. Desenho III com lápis HB em papel A4..................................................

Fig.39. Desenho IV com lápis HB em papel A4..................................................

Fig.40. Dentro ou Fora?.......................................................................................

Fig.41. Lua de Ogum...........................................................................................

Fig.42. Caçador de uma Flecha Só......................................................................

Fig.43. Salve as Folhas........................................................................................

Fig.44. Da Lama vem o Homem.........................................................................

Fig.45. Encanto da Ventania................................................................................

Fig.46. Desenho do Arco-Íris..............................................................................

Fig.47. Em Respeito a uma Nação.......................................................................

Fig.48. Mãe de Nove Filhos.................................................................................

Fig.49. Um Espelho para se Olhar.......................................................................

Fig.50. Brincadeira de Erê...................................................................................

Fig.51. Estrelinhas do Céu e Peixinhos do Mar..................................................

Fig.52. E Assim Nasceram as Galinhas de Angola..............................................

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS......................................................................................

1INTRODUÇÃO..............................................................................................

2 BRINCADEIRA DE ERÊ.

2.2 O Sagrado e o Profano na Arte Afro-Brasileira.........................................

2.3 Arte Afro-Brasileira...................................................................................

2.4 Os Orixás e seus Mitos...............................................................................

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS. ...............................................

3.1 Observação e Desenhos da Simbologia dos Orixás...................................

3.2 Suporte, Técnica e os Materiais Plasticos..................................................

3.3 Descrição das Obras..............................................................................

3.3.1 Dentro ouFora?.......................................................................................

3.3.2 Lua deOgum...........................................................................................

3.3.3 Caçador de uma FlechaSó......................................................................

3.3.4 Salve asFolhas........................................................................................

3.3.5 Da Lama vem oHomem.........................................................................

3.3.6 Encanto de Ventania...............................................................................

3.3.7 Desenho do Arco-Íris.............................................................................

3.3.8 Em Respeito a uma Nação.....................................................................

3.3.9 Mãe de Nove Filhos.............................................................................

3.3.10 Um Espelho para se Olhar...................................................................

3.3.11 Brincadeira de Erê...............................................................................

3.3.12 Estrelinhas do Céu e Peixinhos do Mar..............................................

3.3.13 E Assim Nasceram as Galinhas de Angola........................................

CONCLUSÃO..............................................................................................

REFERÊNCIAS...............................................................................................

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1 INTRODUÇÃO

Ao analisar os símbolos culturais mais consagrados da herança

africana no Brasil como Candomblé, Umbanda, capoeira, samba e tantos

outros, mostro alguns aspectos da construção social através destes

símbolos pesquisados na religiosidade, como por exemplo, a importância

das cores dos Orixás1, suas formas e características mais marcantes

contadas através de mitos. Como cita Reginaldo Pranti (2009, pg19), o mito

esta impregnado nos objetos rituais, nas cantigas, nas cores, nos desenhos

das roupas e colares, nas danças e na própria arquitetura.

A proposta é explorar a religiosidade Afro-Brasileira propondo nas

obras novas leituras e criações por meio da pintura, representadas por

ilustrações com formas e expressões infantis.

A pesquisa bibliográfica e as referências das figuras com temática

sobre a religiosidade Afro-Brasileira ajudaram na criação das obras. Percorri

os espaços de devoção que mantém vínculos com esta cultura, os

mercados, cerimônias, museus, ONGs. Como referências de pesquisas

vivas, visitei os terreiros de Umbanda, “Pai Oxalá” e o” Candomblé de

Angola”, nos quais busquei aprender um pouco mais sobre cada Orixá.

No primeiro capitulo realizo a pesquisa através de um levantamento

teórico baseado na construção das representações no sagrado e profano, a

partir do tema religiosidade Afro brasileira, na qual enfoco os mitos (Orixás)

e suas significações. Para melhor compreensão da minha plasticidade e

liberdade de expressão, escrevo também sobre algumas influências vivas

da arte Afro-Brasileira.

No segundo capitulo descrevo o processo de criação e analiso a

produção das obras retratadas enfocando os procedimentos metodológicos

utilizados.

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1 Orixá é a divindade na religião afro brasileira, espírito de luz.

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2 BRINCADEIRA DE ERÊ

“Tudo que eu quero, é ter a longevidade das palavras de Oxalá, ser livre como o vento de Yansã, ser justo como o machado de Xangô, ser forte como a espada de Ogum, ser firme como o arco e reto como a flecha de Oxossi, ser mágico como as forças de Obaluaiê, ser infinito como a sabedoria de Nana, ter a beleza das águas de Oxum e as forças do mar como Yemanjá, ter a alegria das gargalhadas dos Exus e um dia merecer a doçura dos meus Erês.” (autor desconhecido)

Brincadeira de Erê2 surgiu em minha imaginação com a preocupação

a respeito da formação da nossa identidade Afro-Brasileira, refere-se ao

tema dos Orixás. Desta forma passo a observar as características de cada

um deles. As obras com o tema proposto são ilustradas com os símbolos e

signos, com um cromatismo vibrante com o qual faço uma viagem a esta

cultura marcante, a qual representa as origens africanas. A linguagem final

que materializa a pintura com características pessoais a partir do colorido

intenso e o uso marcado do contorno, se deu pela vontade de elaborar algo

novo. Na representação plástica não busco o Orixá para contemplação e

sim a reflexão da estética.

Utilizo do saber mitológico dos Orixás, os quais descrevo neste

capítulo, pois este estudo ressalta a importância de outras formas de

conhecimento. Enxergo a racionalidade do conhecimento mitológico na

medida em que este traz formas as quais podem ser interpretadas na minha

plasticidade. Portanto, os mitos dos Orixás são saberes que merecem ser

resgatados, visto que permitem a interpretação da religiosidade Afro-

Brasileira.

2 Erê, palavra vinda do yorubá, que significa brincadeira, mensageiro do Orixá.

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2.2 O Sagrado E O Profano na Arte Afro-Brasileira

A cultura negra durante muito tempo, foi considerada uma cultura

profana perseguida pelo poder político e religioso (católico). A memória

cultural se manteve graças às transmissões passadas de pai a filho de

santo, sendo assim a religiosidade afro se apresenta até a atualidade. A

arte Afro-Brasileira, em seu aspecto religioso, não tem encontrado lugar nos

museus e instituições oficiais que visam preservar a memória de um povo,

suas artes e sua história.

Para o Brasil o povo africano trouxe a sua cultura, o processo de

intercâmbios culturais que conhecemos ao longo da historia até hoje, não

apagou a presença afro, ao contrario, pode ser percebida a presença

africana, deixando suas marcas na formação étnica e cultural, nas quais

estas marcas são vistas, ouvidas na linguagem e saboreadas na

alimentação do povo no cotidiano brasileiro. Sendo assim, é preciso

compreender o processo histórico que trouxe para o Brasil, no período

colonial, diferentes grupos étnicos, principalmente os Bantos e os

Sudaneses, com diferentes praticas culturais, inclusive religiosas. A arte e a

cultura está na riqueza de seus símbolos e mitologia, no significado de suas

vestes, colares, louças, nas riquezas das canções e tantas outras. Por

serem pouco estudadas, esta culturas, algumas vezes são estereotipadas

no contexto religioso, conforme Silva:

Por fim, cabe ressaltar que as religiões, ainda que sejam sistemas de práticas simbólicas e de crença relativas ao mundo invisível dos seres sobrenaturais, não se constituem se não como forma de expressão profundamente associadas à experiência social dos grupos que praticam. Assim, a historia das religiões afro brasileira, inclui necessariamente, o contexto das relações sociais políticas e econômicas estabelecidas entre seus principais grupos formadores: negros, brancos e índios. (SILVA, 2000, p.14)

No inicio do século XVI Portugal, com a colonização do Brasil, tornou

o catolicismo a religião oficial. Catequizaram os índios e fizeram deles

cristãos; com isto a Igreja Católica fazia os tementes a Deus e subordinados

ao interesse do rei.

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Com o plantio da cana de açúcar a partir de 1549, e devido à

escassez de mão de obra, vieram escravizados para o Brasil os negros de

origem africana.

Assim os negros foram também catequizados e batizados no

catolicismo, recebiam nomes de santos e os casamentos entre eles apenas

eram com o consentimento dos seus senhores, como nos mostra a seguir

na obra de Debret: Casamento de negros escravos de uma família rica.

Figura 1 – Artista: Debret

Obra: Casamento de negros escravos de uma família rica.

LIMA, Uma viagem com Debret, RJ, 2004.

Conforme Clóvis Moura (1984), com a fé católica veio o Tribunal da

Santa Inquisição, um dos mais violentos e arbitrários, que condenava toda a

forma de expressão religiosa considerada como bruxaria, feitiçaria e sendo

assim as danças e musicas dos negros eram vistas para invocar as forças

do mal. A mesma visão preconceituosa era relatada, pelos viajantes

estrangeiros. Com isto o catolicismo foi se estabelecendo como conversão

obrigatória e tornando-se parte do cotidiano da vida, o escravo deveria

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aceitar a religião do branco e a religiosidade Afro cada vez mais era

reprimida e vista como primitiva, atrasada e ofensiva a Deus.

Afirma Moura:

A religião foi um (ou o) elemento ideológico mediador entre a situação objetiva que existia, na qual esses negros estavam estruturalmente engastados como escravos, e a consciência dessa situação alienadora. Somente através da forma religiosa ela podia se expressar em níveis de inteligibilidade coletiva. (MOURA, 1984, P.99)

Através da alforria dos escravos, a religião e os costumes destes já

andavam livremente por entre becos e esquinas nas quais formavam suas

rodas de capoeira, suas danças e seus batuques. Para a igreja Católica

arrebanhar os africanos, a igreja aceitou seus costumes africanos que

podiam ser adaptados ao catolicismo – como aceitara dos índios – embora

com novos significados. A igreja adulterou a religião africana e iniciou a

obra do sincretismo católico africano, mas ajudou na conservação de

valores puramente africanos. Sem querer a igreja contribuiu para a

sobrevivência dos cultos africanos. A confraria não era o Candomblé, mas

constituía a forma de solidariedade racial que podia servir de núcleo aos

escravos e continuar no Candomblé ao anoitecer (AMADO, 1989).

Segundo Roger Bastide (1985, p: 31) “... em suma, a cultura africana

deixou de ser a cultura comunitária de uma sociedade global, para se tornar

a cultura de uma classe social, de um único grupo da sociedade brasileira, a

de um grupo explorado economicamente e subordinado socialmente”.

Com o constante crescimento da cultura negra brasileira, o racismo

sofrido as artes sacras Afro-Brasileiras em nada diminuíram. É necessário

reconhecer que a presença e a contribuição do elemento africano no Brasil

que se da mais explicitamente através dos elementos simbólicos da

religiosidade afro, vivas ainda no Candomblé e na Umbanda. Sendo assim

a arte Afro, marcou a arte brasileira através das esculturas, da religiosidade,

da dança e da música.

Mario Barata, como vários outros autores, afirma a maior

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aproximidade da cultura baiana com a África e retrata a importância da

escultura africana como fonte de expressão artística que mais marcou a

arte Afro-Brasileira.

(...) 1. esculturas que obedecem estética negras, sendo obra de arte de padrões novos; 2- esculturas do resultado do confronto entre a tradição africana as de outras origens, correspondendo a novas necessidades e situações; 3 – esculturas feitas por africanos ou seus descendentes diretos ligadas a tradição africana, mas caracterizadas nas formas ou na plástica esquecidas ou superadas; 4- esculturas realizadas por descendentes negros integrados a cultura branca, sem aspectos estilísticos africanos(como parece ser o caso de Aleijadinho e Mestre Valentim ). (BARATA, 1988, P.183)

A arte Afro-Brasileira é primitiva, étnica e ingênua, mas é

considerada de plena expressividade, esta arte perfila uma série de

manifestações populares como, congadas, reizados, estandartes e tantos

outros, alem da arte ritual. Raul Lody, afirma:

os espaços sagrados dos terreiros, embora produzam e abasteçam objetos de fundo religioso, também expressam na sua plástica objetos não comprometidos com os deuses, o mesmo ocorrendo com a musica, dança, as tradições orais e outras tantas formas de comunicação artística e de propostas afro-baiana, afro-maranhense, ou de outras regiões que já consolidaram seus sistemas de fazer, significar e simbolizar. (LODY, 1995, p.21).

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Figura 2 – fotografia da festa do “cortejo do rei dos congos”. Acesso em 20/10/2010

http://ciranda.net/brasil/ciranda-afro/article/africa-berco-do-samba-i

Figura 3 – fotografia de uma roda de samba Acesso em 20/10/2010

http://dancasalaojoinville.com/blog/2009/12/tango-origens-2/

Figura 4 – fotografia da dança do umbigo de origem africana Acesso em 20/10/2010

http://defesadastradicoes.blogspot.com/

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Figura 5 – fotografia da dança do maculelê Acesso em 20/10/2010

http://cdodurinho.vilabol.uol.com.br/maculele.html

A respeito da cultura Afro-Brasileira possuímos muitos elementos de

origem africana na nossa cultura, na qual o povo ultrapassa os limites

religiosos, embora saibamos que esta arte possui uma tradição,

interferência dinâmica de interação com os elementos africanos.

2.3 Arte Afro-Brasileira

A cultura negra brasileira estabeleceu uma ponte sólida entre a

criatividade artística e a religião. Esta plasticidade era vista até pouco tempo

como uma arte dominada, ou seja, raras às vezes se via no seu valor

próprio, pouco se conhece ou valoriza, o simbolismo da arte sacra Afro-

Brasileira dificilmente é reconhecido, talvez pelo desconhecimento da

riqueza simbólica, mitológica e histórica.

Alguns artistas brasileiros se destacam, como o Mestre Didi, nascido

em Salvador em 1917, escritor e escultor, seus trabalhos são de cunho

ritual, são esculturas feitas com produtos naturais o que lhe rendeu

reconhecimento internacional como um artista de vanguarda. Suas obras

fazem parte do acervo do Museu Picasso, em Paris, do MAM de Salvador e

do Rio de Janeiro, entre vários outros estrangeiros.

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Figura 6 – Artista: Mestre Didi Obra: Sasará Ati Aso Keji Acesso em 20/10/2010

http://www.palmares.gov.br Embora não tivesse sangue negro, Djanira da Motta e Silva (1914-

79), descendente de índios e austríacos, obteve grande destaque como

artista plástica que dedicou grande atenção a cultura africana na produção

visual.

Figura 7 – Artista: Djanira da Motta e Silva Obra: Orixás, 1966

Acesso em 20/10/2010 http://www.investarte.com

Rubem Valentim, nasceu no ano de 1922 e faleceu em 1991.

Autodidata, começou a pintar a partir de 1940. Pintor e escultor, contribuiu

para o movimento cultural baiano. Sua arte plástica visual explora formas

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geométricas ostentando a simbologia dos cultos Afro brasileiros.

Figura 8 – Artista: Rubem Valentim

Obra: Emblema 85, 1985 Acesso em 20/10/2010

http://www.palaciodosleiloes.art.br/leilao/2010/marco/081-120.htm

Outros artistas contemporâneos se destacam, retratando a

religiosidade e os costumes da cultura Afro-Brasileira, são eles:

Rico Oliveira, artista nascido em Salvador-Bahia.

Figura 9 – Artista: Rico Oliveira Obra: Afro carnaval, 2006. Arte digital.

Acesso em 20/10/2010 http://www.overmundo.com.br/overblog/a-arte-de-rico-oliveira

Ed Ribeiro, artista contemporâneo, abstrato, cria suas obras a partir

de tintas derramadas diretamente sobre o tecido. Suas obras retratam os

Orixás, suas formas e características mais marcantes.

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Figura 10 – Artista: Ed Ribeiro Obra: Ogum

Acesso em 20/10/2010 http://www.edribeiro.com.br

2.4 Os Orixás e Seus Mitos

A religiosidade Afro-Brasileira se divide em Candomblé e Umbanda,

apesar de algumas entidades serem as mesmas, a ritualística é

diferenciada pelo comportamento dos Orixás, no Candomblé não se

comunicam diretamente, eles falam com o Babalorixá3 e só assim é

permitido que eles orientem as pessoas, já na Umbanda, os Orixás não se

comunicam, só emitem sons pois só a sua presença no terreiro já é uma

benção.

Segundo Reginaldo Pranti (2009), a palavra Orixá é oriunda do

Yorubá, dialeto africano, que significa divindades criadas por um único

Deus. Os Orixás, divindades africanas a quem se dirige o culto, também

são tomados como arquétipos da personalidade humana. Os Orixás estão

ligados à noção de família, uma família numerosa, que engloba certas

forças da natureza como trovão, a chuva, e com isso as atividades e

3 Babalorixá – pai de santo, sacerdote, chefe de terreiro.

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afazeres como a caça, o trabalho com metais e tantos outros. Olorum, é o

Deus supremo, inacessível, ele criou os Orixás para governarem e

supervisionarem o mundo. Na pesquisa foi possível compreender as

características de cada Orixá, seus temperamentos próprios e seus

poderes, suas cores, suas danças e principalmente seus contos os quais se

tornaram fonte de criação das obras.

Conforme Roger Bastide (2001), outra característica é a musica no

Candomblé é a cantada no dialeto africano, cada Orixá tem seu lugar

separado em quartos, e são dezesseis Orixás.

Os quais irei representar plasticamente são baseados e cultuados na

umbanda, por sua vez são treze (Exu, Ogum, Oxóssi, Ossaim, Nanã,

Obauaê, Oxumaré, Xangô, Iansã, Oxum, Ibejis, Yemanjá, Oxalá) cada um

com suas características.

Para um melhor entendimento os textos a seguir citam as formas de

se expressar, cores, danças e instrumentos, de cada orixá conforme Paulo

Newton de Almeida cita em seu livro Umbanda a caminho da luz, 2003.

Os mitos apresentados dos orixás nos textos a seguir, são recriados

plasticamente em minhas obras, suas historias são contadas no livro:

Mitologia dos Orixás, de Reginaldo Pranti, 2009.

2.4.1 EXU

Figura 11– Exu ,acesso em 20/10/2010

disponível em: < http://africasaberesepraticas.blogspot.com>.

O Exu significa a velocidade, é a bagunça generalizada e o silencio

completo. Diz-se que exu é a contradição, é o sim e o não; o ser e o não

Page 23: Faria; patrícia maas da costa de faria   brincadeira de erê

ser. Exu é a confusão de idéias que temos, com seu comportamento

grosseiro e vaidoso, chegaram a compará-lo com o diabo, e assim ficou

este medo pelo Exu. Entretanto ele é o guardião dos templos, suas cores

são o preto, vermelho e o amarelo. Nas danças sempre tem na mão o ogò,

instrumento em formato de Phalus4 representando a fertilidade, a cabaça e

o ókòtó uma espécie de caracol.

Conforme Reginaldo Pranti no mito (2009, p.66), Exu atrapalha-se

com as palavras, conta que a terra estava sendo reformulada e toda a vez

Olorum era interrogado pelos orixás, pois eles queriam saber o lugar de

cada um, exu propôs que todos os problemas fossem resolvidos

ordenadamente, ele sugeriu a Olorum que fosse apresentada uma questão

simples e eles deveriam dar uma resposta direta. Olorum aceitou a

sugestão de Exu, e assim de acordo com as respostas os Orixás recebiam

um modo de vida. Exu travesso pensava em como poderia confundir

Olorum, então ele ouviu a pergunta:“ Escolhes viver dentro ou fora?”, de

repente Olorum pergunta pra Exu: “E tu Exu? Dentro ou fora?”, Exu tomou

um susto, e rápido respondeu: “Ora! Fora é claro!” mas logo corrigiu: “Não,

pelo contrário, dentro.” Olorum entendeu que Exu estava tentando confundi-

lo com as palavras e com toda sua sabedoria disse: “Doravante vais viver

fora e não dentro de casa.” E assim tem sido Exu vive nas esquinas, em

céu aberto.

2.4.2 OGUM

Figura 12 – Ogum, acesso em 20/10/2010

disponível em: < http://africasaberesepraticas.blogspot.com>.

4 Phalus – enorme pênis.

Page 24: Faria; patrícia maas da costa de faria   brincadeira de erê

Ogum temido guerreiro, que brigava sem cessar com reinos

vizinhos. Orixá Ogum é o deus do ferro e protetor dos ferreiros, agricultores,

caçadores, carpinteiros, escultores, sapateiros, metalúrgicos, marceneiros,

mecânicos e de todos os profissionais que de alguma forma lidam com ferro

ou metais afins. Dança com sua espada, na forma de abrir os caminhos

para os outros Orixás. Sua cor é o verde, azul escuro e vermelho, seu

simbolismo é a faca, pá, enxada e outras ferramentas. Ogum é associado

como São Jorge na Igreja Católica.

No mito, Ogum torna-se o rei de Ire, de Reginaldo Pranti (2009, p.88)

conta que Ogum era um grande guerreiro, lutava em todas as batalhas, era

forte e valente. Certa vez lançou-se contra um dragão, cujo povo temia

muito, e o colocou em um saco para levar ao seu pai. O rei ficou feliz e

queria recompensar o seu filho mais querido, presenteou Ogum com o reino

de Ire.

2.4.3 OXÓSSI

Page 25: Faria; patrícia maas da costa de faria   brincadeira de erê

Figura 13 – Oxossi,acesso em 20/10/2010

disponível em: < http://africasaberesepraticas.blogspot.com>.

Oxóssi é o deus dos caçadores, caças. Teria sido irmão de Ogum, é

considerado o dono das terras, representa o que a de mais antigo na terra:

a sobrevivência do homem. Seu simbolismo é o Ofá, nome dado ao arco, e

o Damatá, a flecha. Sua cor é o azul turquesa e sua dança é feita com seu

arco e flecha na mão representando uma caçada, é associado São

Sebastião no catolicismo.

No mito, Oxóssi mata o pássaro das feiticeiras, de Reginaldo Pranti

(2009, p.113) conta que todos os anos o rei comemorava a colheita dos

inhames, e oferecia aos seus súditos uma grande festa, naquele ano a

cerimônia transcorria normalmente, quando um pássaro grande de asas

pousou no telhado do palácio. A ave tinha sido enviada pelas feiticeiras, por

não terem sido convidadas para a festa. O rei mandou chamar os

caçadores, veio um com vinte flechas, outro com cinqüenta prometendo

matar o bicho ou seriam presos pelo rei. Mas de nada adiantou, nenhum

consegui. Finalmente apareceu um caçador , mas com apenas uma flecha,a

mãe temendo a vida do filho, ofereceu as feiticeiras uma galinha. Neste

momento Oxó, como era conhecido, disparou sua única flecha matando o

pássaro, o rei ficou feliz e o povo passou a chamar-lhe de Oxóssi, caçador

de uma única flecha.

2.4.4 OSSAIM

Page 26: Faria; patrícia maas da costa de faria   brincadeira de erê

Figura 14 – Ossaim,acesso em 20/10/2010

disponível em: < http://africasaberesepraticas.blogspot.com>.

Ossaim,é a divindade das plantas medicinais, dono das folhas e

cirurgias. Sua importância é fundamental, pois nenhuma cerimônia pode ser

feita sem sua presença. Seu símbolo é uma haste ladeada por sete lança

com um pássaro na ponta, sendo assim, uma árvore estilizada. Sua cor é o

verde e o branco.

No mito de Reginaldo Pranti (2009, p.153), Ossaim da uma folha a

cada orixá, conta que ele sendo o senhor das folhas e plantas, todos os

orixás recorriam a Ossaim para curar qualquer moléstia. Um dia Xangô,

deus da justiça, julgou que todos deveriam compartilhar com os poderes de

Ossaim, então ele pediu a Yansã que fizesse uma ventania e mandasse

todas as folhas e plantas para o seu reino. Assim fez ela, mas quando

Ossaim percebeu o que estava acontecendo gritou: “Euê uassá!”, que

queria dizer, as folhas tem vida. Ele então ordenou que elas voltassem e

quase todas retornaram, algumas ficaram com Xangô, mas não tinham

serventia, não curavam. Os Orixás vendo o poder de Ossaim e o próprio

Xangô, arrependeram-se e pediram desculpas. Ossaim vendo isto deu uma

folha a cada Orixá. Assim os Orixás ficaram gratos e sempre o reverenciam

quando usam as folhas.

Page 27: Faria; patrícia maas da costa de faria   brincadeira de erê

2.4.5 NANÃ

Figura 15 – Nana,acesso em 20/10/2010

disponível em: < http://africasaberesepraticas.blogspot.com>.

Nanã, é a divindade velha, mãe de Obaluayê, a deusa dos mistérios,

é uma divindade de origem simultânea criação do mundo, senhora de

muitos búzios. Nanã representa em si a morte, fecundidade e riqueza. É

idosa e respeitável, seu simbolismo é o Ibiri, bastão feito com haste de

palmeira. Sua dança lembra o andar lento e penoso, apoiado em seu

bastão mágico. Sua cor é o anil, branco e roxo. É associada como Nossa

Senhora do Carmo na Igreja Católica.

No mito, Nanã fornece lama para modelagem do homem, de

Reginaldo Pranti (2009, p.196) dizem que quando Olorum encarregou de

Oxalá5 de fazer o mundo e modelar o ser humano, o Orixá tentou vários

caminhos. Tentou fazer de ar, não deu certo, pois o homem se desvaneceu.

Tentou fazer de pau, mas a criatura ficou dura. De pedra a tentativa foi

ainda pior. Fez de fogo e o homem se consumiu. Tentou azeite, água e ate

vinho de palma e nada. Foi então que Nanã Burucu veio em seu socorro.

Apontou para o fundo do lago com seu Ibiri e de lá retirou uma porção de

lama. Nana deu a porção a Oxalá, do barro do fundo da lagoa Então Oxalá

criou o homem, modelou no barro e com o sopro de Olorum ele caminhou, e

com ajuda de todos os Orixás o homem povoou a terra.

5 Oxalá – espírito de luz

Page 28: Faria; patrícia maas da costa de faria   brincadeira de erê

2.4.6 OBALUAYÊ

Figura 16 – Obaluayê ,acesso em 20/10/2010

disponível em: < http://africasaberesepraticas.blogspot.com>.

Orixá das doenças, da varíola, pune os malfeitores com doenças

contagiosas. Dança com roupas de palha da costa, mostrando todo o seu

tormento com as dores das doenças, curvando pra frente. O seu símbolo é

o Xarará, espécie de vassoura feita de folhas de palmeiras decoradas com

búzios e lança de madeira. Sua cor é preta, branca e vermelha. Associado

como santo São Sebastião no Brasil.

No mito, Obaluayê tem feridas transformadas em pipocas por Yansã,

de Reginaldo Pranti (2009, p.206) conta que chegando em uma aldeia,

Obaluayê viu que estava acontecendo uma festa para os Orixás, mas ele

não podia entrar, devido sua aparência feia, então ficou olhando pelas

frestas a festa que estava acontecendo. Ogum, ao perceber a angustia do

Orixá convidou-o para entrar, cobriu de palha ele, e então apesar da

vergonha Obaluayê entrou, mas ninguém se aproximava dele, Yansã tudo

acompanhava, e ela compreendia a tristeza do Orixá. Yansã esperou

quando ele estivesse bem no centro do terreiro, ela soprou sua palha e

neste momento do encantamento a ventania de Yansã fez com que as

feridas de Obaluayê se transformassem em pipocas, o deus da doença se

transformou num jovem belo e encantador. Eles se tornaram grandes

Page 29: Faria; patrícia maas da costa de faria   brincadeira de erê

amigos e reinam juntos.

2.4.7 OXUMARÉ

Figura 17 – Oxumaré ,acesso em 20/10/2010

disponível em: < http://africasaberesepraticas.blogspot.com>.

Oxumaré é o Orixá de todos os movimentos, de todos os ciclos. Se

um dia ele perder suas forças o mundo acabará, por que o universo é

dinâmico e a Terra também se encontra em constante movimento. Oxumaré

mora no céu e vem a Terra nos visitar através do arco íris. Sua simbologia é

uma cobra ou um circulo, representando a terra, suas cores são amarelo,

verde e todas as cores do arco íris.

No mito, Oxumaré desenha o arco-íris no céu para estancar a chuva,

de Reginaldo Pranti (2009, p.224) conta que Oxumaré não tinha simpatia

pela chuva. Toda vez que a chuva suas nuvens e molhava a Terra por

muito tempo, Oxumaré apontava para o céu e fazia a chuva ir embora,

dando lugar ao arco íris. Um dia Olorum contraiu uma moléstia que o cegou,

e chamou Oxumaré, que da cegueira curou, temendo voltar a moléstia não

permitiu que Oxumaré descesse a Terra para morar, assim sendo ele deixa

apenas fazer visitas, e todos podem vê-lo no arco íris que ele faz com a sua

faca de bronze.

Page 30: Faria; patrícia maas da costa de faria   brincadeira de erê

2.4.8 XANGÕ

Figura 18 –Xangô ,acesso em 20/10/2010

disponível em: < http://africasaberesepraticas.blogspot.com>.

Xangô é o rei absoluto, atrevido, violento e justiceiro, castiga os mal

feitores e ladrões. Rei absoluto, dança com uma machadinha de duas

laminas chamadas de Oxés, mostrando o seu poder. Sua cor é vermelho,

marrom e branco. É denominado de São Jerônimo no catolicismo.

No mito de Reginaldo Pranti (2009, p.274), Xangô deixa de comer

carne de porco em honra aos malês, conta que todas as nações tinham

Xangô como rei, menos os malês, um dia Xangô foi até a cidade deles para

levar alguém de sua família, mas eles não aceitaram. Xangô não gostando

nada daquilo voltou pra casa e decidiu guerrear com os males. Quando

Xangô chegou, a terra dos malês tremia, o povo então implorou pelo fim do

suplicio. Xangô exigiu que eles se submetessem ao seu poder, com medo o

povo aceitou, e abriram a porta da cidade para que o rei entrasse. Em

homenagem ao povo mulçumano, Xangô deixou de comer carne de porco,

tão grande era seu desejo de ser respeitado por essa nação.

Page 31: Faria; patrícia maas da costa de faria   brincadeira de erê

2.4.9 YANSÃ

Figura 19 – Yansã ,acesso em 20/10/2010

disponível em: < http://africasaberesepraticas.blogspot.com>.

Divindade dos ventos, dos raios, da chuva e dos trovões, é esposa

de Xangô. É guerreira por vocação, nem por isso não deixa de ser vaidosa,

sensual e fogosa. Suas cores o marrom, vermelho e rosa. A sua dança é

forte como um vento, ela traz em uma de suas mãos a espada e na outra o

Eruesin, uma espécie de espanador, feito de cauda de cavalo, onde com

seus movimentos da à sensação do vento. Denominada Santa Bárbara

pelos católicos no Brasil.

No mito de Reginaldo Pranti (2009, p.294), Oiá recebe o nome de

Yansã, mãe de nove filhos, conta que ela queria muito ser mãe, mas não

conseguia, então Oiá em troca para ter filhos prometeu não comer mais

carneiro, a carne da qual mais gosta. Feito este sacrifício, ela nunca mais

comeu carneiro, e teve nove filhos, quando passeava pelo mercado para

vender seu azeite de dendê todos gritavam: “Lá vai Yansã!”, que quer dizer

mãe de nove filhos.

Page 32: Faria; patrícia maas da costa de faria   brincadeira de erê

2.4.10 OXUM

Figura 20 – Oxum , acesso em 20/10/2010

disponível em: < http://africasaberesepraticas.blogspot.com>.

Divindade das águas doces, rios, e cachoeiras, vaidosa é a dona da

fecundidade, é a dona do grande poder feminino. Seu símbolo é o leque

com espelhos chamado de Abebé, sua cor é o amarelo ouro. Sua dança

lembra de uma mulher vaidosa, ela dança com um espelho em uma de suas

mãos e com a outra contempla suas pulseiras. No Brasil é associada como

Nossa Senhora das Candeias na Igreja Católica.

No mito Oxum transforma-se em pombo, de Reginaldo Pranti (2009,

p.332) conta que Oxum casou-se com Xangô e foi viver em seu palácio.

Logo o marido percebeu o desinteresse dela pela casa, pela comida, pois

ela só cuidava de suas pulseiras e se olhava no espelho o tempo todo, ela

não cuidava do seu marido. Xangô bravo, a prendeu no castelo, mas de

nada adiantou, ela continuava vaidosa e cuidando de suas pulseiras. Exu

vendo a situação foi contar pra Olorum Então seu pai a transformou em um

pombo, e este ganhou a liberdade, voltando para casa de seu pai.

Page 33: Faria; patrícia maas da costa de faria   brincadeira de erê

2.4.11 IBEJIS

Figura 21 – Ibejis , acesso em 20/10/2010

disponível em: < http://africasaberesepraticas.blogspot.com>.

Ibeji é o orixá criança, na realidade são duas divindades gêmeas

infantis, ligadas a todos os orixás e seres humanos. É o orixá erê, ou seja, o

orixá criança. É a divindade da brincadeira, da alegria; a sua regência esta

ligada à infância. Sua simbologia são duas cabaçinhas e suas cores são

rosa, azul e o verde. No terreiro são crianças levadas, brincalhonas e

adoram doces. Denominado como Cosme e Damião na Igreja Católica.

No mito Os Ibejis brincam e põem fogo na casa, de Reginaldo Pranti

(2009, p. 373) conta que Yansã é mãe dos Ibejis, seus gêmeos. Quando

passeava pelo mercado ela ouvia: “aqueles são os gêmeos travessos de

Yansã”. Os gêmeos faziam arte o tempo todo, a casa sempre estava em

desordem, e sua mãe sempre de sobressalto. Yansã um dia perguntou a

um babalaô o que deveria fazer para acalmar os meninos, então ele disse a

ela para ter outro filho. O terceiro filho veio e apaziguou os gêmeos, seu

irmão foi chamado de Doum. Mas Doum aprendeu todas as artes dos seus

irmãos, os meninos gêmeos não brincaram mais com fogo, mas ensinaram

tudo ao irmão mais novo todas as artes capazes de fazer bater forte o

coração de uma mãe.

Page 34: Faria; patrícia maas da costa de faria   brincadeira de erê

2.4.12 YEMANJÁ

Figura 22 –Iemanjá ,acesso em 20/10/2010

disponível em: < http://africasaberesepraticas.blogspot.com>.

Yemanjá significa mãe cujos filhos são peixes, é a rainha de todas as

águas do mundo, seja dos rios, seja do mar. Seus grandes seios e sua

forma volumosa simbolizam a maternidade fecunda e nutritiva. Suas cores o

branco, prateado, azul, rosa, verde esmeralda e seu símbolo é o Abebé

espécie de espelho prateado e sua dança imita os movimentos do mar, as

ondas. No Brasil é denominada Nossa Senhora dos Navegantes pelos

católicos.

No seu mito, Yemanjá da luz as estrelas do céu, aos peixinhos, e aos

orixás, de Reginaldo Pranti (2009, p. 385), conta que ela vivia sozinha e

Olorum quis dar uma família a ela para poder conversar, brincar, viver.

Então sua barriga cresceu, cresceu e dela saíram as estrelas do céu, mas

de nada adiantou elas subiram, subiram, então Olorum deu os peixinhos do

mar, mas eles também foram nadar no mar , foi ai então que Olorum teve a

idéia de dar a Yemanjá os Orixás. Sua barriga cresceu e de dentro

nasceram Xangô, Yansã, Ogum, Ossaim, Obaluaiê e os Ibejis, foi assim

que ela nunca mais ficou sozinha, eles fazem companhia sempre a ela.

Page 35: Faria; patrícia maas da costa de faria   brincadeira de erê

2.4.13 OXALÁ

Figura 23 – Oxalá, acesso em 20/10/2010

disponível em: < http://africasaberesepraticas.blogspot.com>.

Oxalá é o grande Orixá, o rei do pano branco, como assim é

conhecido e ocupa uma posição única e a mais importante dos Orixás. O

primeiro a ser criado por Olorum, o Deus supremo. Sua cor é o branco, seu

símbolo é o Opaxoró, cajado com pendentes e na ponta uma pomba. Na

sua dança, os Orixás presentes ajudam ele, segurando a bainha de suas

vestes, vem dando um ar de cansaço, parecendo estar sem forças, mas

através dos atabaques e cânticos ele volta a sua posição firme e faz

movimentos suaves com os braços. É denominado de Nosso Senhor do

Bom Fim.

No mito de Reginaldo Pranti (2009, p.511), Oxalá cria a galinha de

angola e espanta a morte, conta que há muito tempo atrás a morte estava

apavorando uma aldeia, ela levava qualquer um criança, velho, jovem,

qualquer pessoa. As pessoas da aldeia foram procurar Oxalá pedindo a ele

para fazer alguma coisa para parar a morte, foi quando ele pediu para que

lhe trouxesse uma galinha preta. Oxalá então pegou seu dedo e foi fazendo

pintinhas brancas em todas as suas penas, após isso, pediu que

Page 36: Faria; patrícia maas da costa de faria   brincadeira de erê

colocassem a galinha no mercado. Quando a morte chegou no mercado e

viu a galinho, achou o bicho mais feio e estranho e saiu correndo e nunca

mais voltou lá . Desde então, as Iaôs6 são pintadas igual à galinha de

angola, para que todos lembrem da sabedoria de Oxalá.

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

No inicio de minhas pesquisas sobre a cultura Afro-brasileira, ficou

constatado que já havia um enorme estudo teórico no qual esta cultura se

vê representada. No que diz respeito as lendas de tradição Afro-religiosa

podemos encontrar um vasto documento, tal como afirma Reginaldo Pranti:

(...) Hoje é grande o volume de publicações que trazem mitos dos Orixás. Há títulos especializados na divulgação de mitos e um enormidade de escritos sobre a religião e cultura que também produzem mitos colhidos em pesquisas em diferentes épocas, regiões e paises. (PRANTI, 2009, P.20)

Sendo assim realizei a metodologia teórica para construção da

pesquisa bibliográfica, através do conhecimento dos símbolos da arte sacra

religiosa, pela riqueza simbólica e mitológica. Sendo assim meu trabalho

ocorreu da seguinte forma:

Pesquisa bibliográfica e leitura de lendas e mitos dos Orixás.

Seleção das lendas e mitos a serem representadas.

Observação e desenhos da simbologia dos Orixás.

Desenhos dos Orixás em folha de papel A4, em forma lúdica

além dos signos e símbolos dos mesmos pintados em folha

de papel A4 com tinta acrílica.

Na pesquisa de suporte das minhas obras optei pela lona de

carreta de caminhão, pois esta seria da textura ideal a qual

6 Iaô - filhas de santo.

Page 37: Faria; patrícia maas da costa de faria   brincadeira de erê

queria. Além da textura é mais fácil de ser transportada,

enrolando uma a uma em rolos de papelão. A cor própria da

lona não me atrapalhou em nada, pois toda a obra teve uma

aplicação de fundo de tinta látex branca. A tinta aplicada nas

obras foi tinta acrílica, além da tinta em relevo ouro, prata,

bronze, utilizada em algumas obras.

A última parte do projeto foi passar pela idealização final, as

obras retratando cada Orixá em forma lúdica.

Toda minha obra foi retratada em forma lúdica, com cores vibrantes e

contorno dos Orixás em preto, pois, assim pude transmitir um olhar

ilustrativo em meus painéis.

3.1 Observação e Desenhos da Simbologia dos Orixás

Através do processo de pesquisa fui criando minha própria

linguagem, na qual obtive o significado de cada Orixá através das: cores,

roupas, ferramentas, contas, paramentos conforme o ritual que cada qual

pertence e sua história. Esta memória religiosa não só se manteve somente

de pesquisas em livros, mas também através de transmissão da tradição

oral nos terreiros de Candomblé e Umbanda.

Estudos dos signos e símbolos feitos em papel A4 com acrílica:

Nas obras realizadas usei a técnica da transparência, na qual, pude

representar cada simbologia dos Orixás contados nas obras, para isso,

primeiramente fiz esboços das simbologias e dos signos em papel A4 onde

utilizei tinta acrílica para estudo das cores e formas.

Page 38: Faria; patrícia maas da costa de faria   brincadeira de erê

Figura 24 – símbolos Figura 25- arabescos I Figura 26-folhas e

movimento

Figura 27-dragão e arcos Figura 28-rosas e arabescos Figura 29-cores e

folhas

Fotografia de Patrícia Maas

Figura 30-arabescos II Figura 31- cores I Figura 32- flores I

Page 39: Faria; patrícia maas da costa de faria   brincadeira de erê

Figura 33 – signos Figura 34 - sereia Figura 35–galinha

d’angola

Fotografia de Patrícia Maas

Procurei retratar os Orixás após pesquisas dos mitos Afro-Brasileiros,

primeiramente em croquis realizados em papel sulfite A4 com o uso de lápis

HB as imagens foram realizadas para uma melhor compreensão das formas

e cores a serem representadas plasticamente nas obras.

Figuras 36 – desenho I com lápis HB em papel A4, na seguinte ordem:

dragão,

Ogum, Exu e Yemanjá. Foto de Patrícia Maas

Page 40: Faria; patrícia maas da costa de faria   brincadeira de erê

Figuras 37 – desenho II com lápis HB em papel A4, na seguinte ordem:

Oxalá,

Xangô, Yansã e Obaluaê.foto de Patrícia Maas

.

Figuras 38 – desenho III com lápis HB em papel A4, na seguinte ordem:

Ossaim,

Oxum, Oxóssi e Nanã. Foto de Patrícia maas

Page 41: Faria; patrícia maas da costa de faria   brincadeira de erê

Figuras 39 – desenho IV com lápis HB em papel A4, na seguinte ordem:

Oxumaré,

Ibejis, e estudo de olhos.foto de Patricia Maas

3.2 Suporte, Técnica e os Materiais Plásticos

Page 42: Faria; patrícia maas da costa de faria   brincadeira de erê

O suporte escolhido foi a lona de carreta de caminhão no tamanho

de 2,00 X 1,60 (metros), por ser de fácil manuseio e por ter uma

flexibilidade para transporte. Toda lona teve uma aplicação de fundo com

tinta látex branca.

A tinta aplicada foi tinta acrílica. Por ter uma secagem rápida, o uso

desta me facilitou a usar a técnica da transparência, assim como a do

estêncil e do esponjado. A técnica da transparência foi usada para dar

efeito aos símbolos e signos dos Orixás. A técnica da tinta derramada me

propiciou o efeito de chuva, assim pude representar o mito de Oxumaré,

Orixá da chuva. A tinta acrílica de auto-relevo foi outro material utilizado que

me proporcionou efeitos de textura em algumas obras.

3.3 Descrição das Obras

As obras da série Brincadeira de Erê, estão representadas com uma

estética infantil para que o expectador consiga ver não apenas uma

religiosidade Afro-Brasileira e sim uma cultura dos negros africanos trazidas

ao Brasil no tempo da escravatura. Minhas obras retratam todos os Orixás

contados através de mitos pesquisados em livros e na religião transmitida

nos terreiros de Umbanda e Candomblé. Retratei os mitos dos Orixás em

minhas obras pois acredito que são saberes que merecem serem

resgatados, visto que permitem uma melhor interpretação da realidade Afro-

Brasileira religiosa. Visualizo em minha plasticidade uma forma de ver e

entender o conhecimento de uma cultura que vem sendo reconhecida com

elementos marcantes da cultura e sociedade brasileira por todo mundo.

Com o crescimento desta cultura negra brasileira reconheço a

necessidade de divulgar através de minha poética artística, sua

Page 43: Faria; patrícia maas da costa de faria   brincadeira de erê

religiosidade contada através dos treze Orixás reproduzidos em forma de

ilustração com um contexto infantil. Cada Orixá representado retrata um

mito contado através de gerações em terreiros de Candomblé e Umbanda,

as obras contam além dos mitos as forças da natureza de cada um deles

agindo no universo, com suas particularidades de cores, formas e

significações. Através das pesquisas optei por representar as ferramentas,

as roupas, as contas,os paramentos de cada Orixá, conforme o ritual ao

qual pertencem, sendo assim tentei ao máximo representar as suas

energias e identidades.

Com a memória religiosa transmitida nos terreiros e livros

pesquisados apliquei em cada obra as cores como indicam o Candomblé e

a Umbanda, referentes aos Orixás. Com olhos grandes e arredondados quis

transmitir ao expectador a criança, o seu olhar meigo e a sua inocência. O

uso do contorno marcado faz saltar a obra, assim como as cores fortes e

vibrantes representadas em cada Orixá.

3.3.1 – Dentro ou Fora?

Page 44: Faria; patrícia maas da costa de faria   brincadeira de erê

Exu na obra “Dentro ou Fora?”, está representado por suas cores

principais, o vermelho e o preto. Sua simbologia, o tridente e o arabesco,

este em forma de caracol, ambas utilizei na obra com a técnica da

transparência. Exu está ao centro da encruzilhada, lugar que é sua morada,

a cor terra sombra natural representa a esquina da rua e ao fundo foi

utilizado o alaranjado cádmio e o amarelo indiano, estas cores foram

empregadas para representar sua energia. Em cada uma de suas mãos,

Exu segura as palavras dentro e fora representando a sua malícia em

responder a pergunta de Deus, como está escrito no livro Mitologia dos

Orixás, de Reginaldo Pranti (2009, p.67). Exponho ao espectador toda a

vivacidade do Orixá, com um olhar travesso e cabelos espetados.

Título: Dentro ou Fora?

Série: Brincadeira de Erê.

Técnica: acrílica sobre lona de carreta de caminhão,

com o uso da técnica da transparência.

Dimensão: 2,00 X 1,60(metro).

Page 45: Faria; patrícia maas da costa de faria   brincadeira de erê

3.3.2 – Lua de Ogum

Ogum representa a luta e a guerra. A cor que representa o Orixá é o

vermelho e o azul, sendo a cor azul cerúlio acrílica aplicada ao fundo da

obra. O símbolo do Orixá guerreiro está representado em sua espada na

cor bronze iridescente. As características marcantes do Orixá guerreiro são

representadas na figura do seu coração em vermelho claro sobre a sua

armadura de ferro na cor cinza, e no dragão morto com a língua de fora,

representado nas cores verde oliva, verde inglês e preto. As estrelas foram

aplicadas na obra com a técnica do estêncil e transparência na cor branca.

A obra Lua de Ogum caracteriza o mito: Ogum torna-se o rei de Irê, do livro

Mitologia dos Orixás, de Reginaldo Pranti (2009, p.88).

Título: Lua de Ogum.

Série: Brincadeira de Erê.

Técnica: acrílica sobre lona de carreta de caminhão,

com o uso da técnica da transparência e estêncil.

Dimensão: 2,00 X 1,60(metro).

Page 46: Faria; patrícia maas da costa de faria   brincadeira de erê

3.3.3 – Caçador de uma Flecha Só

Caçador de uma Flecha Só tem como característica marcante seu

símbolo, o arco e a flecha, estes representados na obra pela técnica da

transparência. O tom verde inglês foi utilizado ao fundo da obra

representando a mata. A galinha caracteriza a oferenda que sua mãe fez

para sua proteção. Em sua mão esquerda Oxóssi traz com orgulho o

pássaro das feiticeiras morto, no qual, claramente transmitir a fúria do

pássaro com a cor preta em evidência e as cores rosa, azul, amarelo e

laranja. Em sua mão direita, Oxossi carrega sua flecha e arco, os quais

foram pintados na cor amarelo ocre e branco. A obra Caçador de uma

Flecha Só, caracteriza o mito: Oxóssi mata o pássaro das feiticeiras, do livro

Mitologia dos Orixás, de Reginaldo Pranti (2009, p.113).

Título: Caçador de uma Flecha Só.

Série: Brincadeira de Erê.

Técnica: acrílica sobre lona de carreta de caminhão,

com o uso da técnica da transparência.

Dimensão: 2,00 X 1,60(metro).

Page 47: Faria; patrícia maas da costa de faria   brincadeira de erê

3.3.4 – Salve as Folhas

A análise do mito Ossaim dá uma folha a cada Orixá, do livro

Mitologia dos Orixás, de Reginaldo Pranti (2009, p.153), enriqueceu-me

para a composição da obra Salve as Folhas. O entendimento adquirido

sobre o mito influenciou-me na composição das cores. As cores de Ossaim

são o verde e o branco. Sendo o símbolo de Ossaim uma haste ladeada por

sete lança com um pássaro na ponta, a qual representei na cor branca com

a técnica da transparência. A cor verde é demonstrada na obra nos tons de

verde inglês, verde oliva e verde terra. As folhas pintadas nas cores preta,

vermelho claro, terra siena natural, ocre, amarelo cádmio, rosa, azul

hortência, branca, violeta cobalto, laranja e azul da prússia, representam

Título: Salve as Folhas.

Série: Brincadeira de Erê.

Técnica: acrílica sobre lona de carreta de caminhão,

com o uso da técnica da transparência e esponjado.

Dimensão: 2,00 X 1,60(metro).

Page 48: Faria; patrícia maas da costa de faria   brincadeira de erê

cada Orixá.

3.3.5 – Da Lama Vem o Homem

A obra Da Lama Vem o Homem, conta o mito de Nanã, a divindade

velha, idosa. Utilizei a cor violeta cobalto ao fundo, sendo que esta é a cor

do Orixá e com a técnica da transparência os búzios na cor branca e as

flores na tonalidade roxa. Seu símbolo é o Ibiri, bastão onde a Orixá tira

toda a lama do rio, a cor usada para representa-lo é o preto e o terra siena

natural.Esta obra representa o mito de Reginaldo Pranti do livro Mitologia

Título: Da Lama Vem o Homem.

Série: Brincadeira de Erê.

Técnica: acrílica sobre lona de carreta de caminhão,

com o uso da técnica da transparência.

Dimensão: 2,00 X 1,60(metro).

Page 49: Faria; patrícia maas da costa de faria   brincadeira de erê

dos Orixás, Nanã fornece a lama para a modelagem do homem(2009,

p.196).

3.3.6 Encanto da Ventania

Observamos na obra Encanto da Ventania o Orixá Obaluaê, na

cultura Afro-brasileira é dito como o Orixá das doenças, pois como relatam

este Orixá se veste de palha para cobrir seu corpo leproso. Mas através do

uso das cores terra siena natural, terra siena queimada e amarelo ocre

Título: Encanto da Ventania.

Série: Brincadeira de Erê.

Técnica: acrílica sobre lona de carreta de caminhão,

com o uso de tinta auto-relevo.

Dimensão: 2,00 X 1,60(metro).

Page 50: Faria; patrícia maas da costa de faria   brincadeira de erê

obtive um bom resultado para representar assim a sua veste de palha. As

pipocas as quais significam as doenças saindo do seu corpo foram

realizadas com tinta auto-relevo branca. A obra Encanto da Ventania

caracteriza o mito: Obaluaê tem as feriadas transformadas por Yansã, do

livro Mitologia dos Orixás, de Reginaldo Pranti (2009, p.206).

3.3.7 – Desenho do Arco – Íris

Oxumaré é o Orixá do movimento. Apresento sua simbologia através

dos seguintes elementos: a cobra, a faca de bronze e o arco-íris. A cobra

esta pintada nas cores que simbolizam o Orixá, sendo as seguintes

tonalidades: preto, amarelo cádmio claro e verde inglês. No fundo da obra

utilizei o azul cerúlio. Utilizei o recurso da transparência sobre o arco-íris, e

sobre as cobras pintadas de preto em forma circular, estas demonstram o

movimento da terra na simbologia de Oxumaré. Como cita no livro Mitologia

Título: Desenho do Arco-Iris.

Série: Brincadeira de Erê.

Técnica: acrílica sobre lona de carreta de caminhão,

com o uso da técnica da transparência e derramamento

de tinta.

Dimensão: 2,00 X 1,60(metro).

Page 51: Faria; patrícia maas da costa de faria   brincadeira de erê

dos Orixás de Reginaldo Pranti (2009, p.224): “Oxumarê desenha o arco-íris

no céu para estancar a chuva, utilizei da técnica de derramamento de tinta

azul cobalto para representar a chuva”.

3.3.8 – Em Respeito a uma Nação

A análise do mito Xangô deixa de comer carne de porco em honra

dos malês, do livro Mitologia dos Orixás, de Reginaldo Pranti (2009, p.274),

retrata um o Orixá guerreiro e ao mesmo tempo dócil. Representado na

obra Em Respeito a uma Nação, com seu símbolo, a machadinha na mão

esquerda e componho a cena, o porco sendo carregado no colo pelo Orixá.

O fundo da obra foi pintado de vermelho vivo com as machadinhas, e sobre

estas a técnica da transparência E esponjado. Sua roupa tem as cores

Título: Em Respeito a uma Nação.

Série: Brincadeira de Erê.

Técnica: acrílica sobre lona de carreta de caminhão,

com o uso da técnica da transparência e esponjado.

Dimensão: 2,00 X 1,60(metro).

Page 52: Faria; patrícia maas da costa de faria   brincadeira de erê

vermelho vivo e branco que representada as cores principais do Orixá

Xangô. A cor amarelo cádmio aplicada no esponjado representa o fogo,

pois este também em sua simbologia é caracterizado pelo fogo. Retratei no

pescoço do Orixá as cores da guia usadas no Candomblé, vermelha e

branca. E como rei de todas as nações, a coroa sobre sua cabeça na cor

amarelo cádmio.

3.3.9 – Mãe de Nove Filhos

Mãe de Nove Filhos retrata a Orixá Yansã em um de seus mitos

contados no livro Mitologia dos Orixás, por Reginaldo Pranti (2009, p.294),

no qual ela não poderia ter filhos e então deixou de comer carne de carneiro

e Deus concedeu a ela a graça de possuir nove filhos. Os filhos de Yansã

na obra estão representados por nove folhas brancas, onde a cor trás o

Título: Mãe de Nove Filhos.

Série: Brincadeira de Erê.

Técnica: acrílica sobre lona de carreta de caminhão,

com o uso da técnica da transparência.

Dimensão: 2,00 X 1,60(metro).

Page 53: Faria; patrícia maas da costa de faria   brincadeira de erê

significado de paz. Sendo ela a Orixá dos ventos e tempestades,

representei esta característica com o movimento de seus cabelos e de seu

vestido na cor vermelho claro. Ao fundo da obra trabalhei com a técnica da

transparência com folhas e seu instrumento usado no Candomblé o eruesin

(ver pág.27) a cor empregada ao fundo da obra foi o verde inglês. Trabalhei

com arabescos na cor de terra siena queimada para dar continuidade ao

movimento que representa os ventos e tempestades da Orixá Yansã.

3.3.10 – Um Espelho para se Olhar

Oxum, Orixá vaidosa e meiga é representada na obra Um Espelho

Título: Um Espelho para se Olhar.

Série: Brincadeira de Erê.

Técnica: acrílica sobre lona de carreta de caminhão,

com o uso daa técnica da transparência e tinta auto

relevo.

Dimensão: 2,00 X 1,60(metro).

Page 54: Faria; patrícia maas da costa de faria   brincadeira de erê

para se Olhar nas cores rosa, amarelo cádmio, amarelo limão e ouro

iridescente. Narrado no livro Mitologia dos Orixás de Reginaldo Pranti

(2009, p.332), Oxum transforma-se em pombo, que por sua vaidade foi

presa em um castelo, mas Deus com pena transformou-a em pombo para

ela retornar a cada de seu pai. A sua simbologia no Candomblé é o espelho

representado na obra através da tinta auto relevo dourada e as pulseiras

pintadas de tinta acrílica ouro iridescente. O fundo da obra foi pintado com a

tinta acrílica rosa e com arabescos na tinta auto relevo dourada. Seus

cabelos longos, na cor preta acinzentado.

3.3.11 – Brincadeira de Erê

Brincadeira de Erê traz todo o colorido dos Ibejis, representado ao

fundo da obra com tinta acrílica nas cores rosa escuro, rosa, azul cerúleo,

laranja, verde inglês e violeta na forma de balas, pirulitos e confetes. A obra

Título: Brincadeira de Erê.

Série: Brincadeira de Erê.

Técnica: acrílica sobre lona de carreta de caminhão com

a técnica do esponjado.

Dimensão: 2,00 X 1,60(metro).

Page 55: Faria; patrícia maas da costa de faria   brincadeira de erê

retrata no livro Mitologia dos Orixás, Os Ibejis põem fogo na casa, de

Reginaldo Pranti (2009, p.373), esta obra esta representada pelos Ibejis e

seu irmão Doum, com fogo nas mãos. O fogo é caracterizado nas cores

vermelho claro, laranja e amarelo cádmio. As roupas são em tom azul

cerúlio, as quais são usadas pelos Orixás. A obra chama atenção do

expectador ao observar o Orixá menor com fogo em suas mãos e os seus

dois irmãos maiores com um olhar de ingenuidade.

3.3.12 – Estrelinhas do Céu e Peixinhos do Mar

Yemanjá esta representada na obra Estrelinhas do Céu e Peixinhos

do Mar na forma de sereia, em toda a série, foi a única Orixá de pele clara

pois todos os outros foram representados nos tons amarronzados. Na obra

Page 56: Faria; patrícia maas da costa de faria   brincadeira de erê

sua cauda é pintada em tinta acrílica azul turquesa e com aplicação de tinta

auto relevo prata iridescente. Para retratar o mito de Reginaldo

Pranti(2009,p. 385) do livro Mitologia dos Orixás, sobre Yemanjá os

peixinhos do mar são pintados em tons de azul cerúlio e as estrelas do céu

em branco, o fundo da obra utilizei a cor verde inglês . Os Orixás, que

segundo o mito saíram da barriga de Yemanjá, estão representados na

forma de colares, são eles: Ibejis representados nas cores azul, rosa e

branco, Xangô nas cores terra siena queimada, Yansã nas cores amarelo

cádmio e branco, Ogum na cor vermelho claro e branco, Ossaim na cor

verde inglês e branco, Obaluaê na cor preto e branco. Sua simbologia é o

Abebé, espécie de espelho representado ao fundo da obra com a técnica da

transparência.

3.3.13 – E Assim Nasceram as Galinhas de Angola

Título: Estrelinhas do Céu e Peixinhos do Mar.

Série: Brincadeira de Erê.

Técnica: acrílica sobre lona de carreta de caminhão,

com a técnica da transparência e tinta auto relevo.

Dimensão: 2,00 X 1,60(metro).

Page 57: Faria; patrícia maas da costa de faria   brincadeira de erê

E Assim Nasceram as Galinhas de Angola, representa o

Orixá Oxalá com toda a sua doçura, demonstrada na obra pelo seu olhar. A

obra foi executada com o tom de azul cerúlio ao fundo da obra, alem do

ouro iridescente. Sua simbologia é o seu cajado com um pássaro branco,

este representado nas cores, prata iridescente e branco. As galinhas de

angola estão retratadas na obra com as cores preta, amarelo cádmio, verde

inglês, vermelho claro e amarelo escuro como conta no livro Mitologia dos

Orixás , de Reginaldo Pranti (2009, p.511), Oxalá cria a galinha de angola e

espanta a morte.

CONCLUSÃO

O processo de criação e desenvolvimento deste projeto foi uma

caminhada difícil e aconteceu devido à leitura dos mitos dos Orixás, além

disso, de uma enorme vontade de divulgar a da religiosidade Afro-brasileira

de uma forma diferenciada. Na busca de minha poética artística, encontrei a

linguagem da ilustração. Realizei os estudos bibliográficos e procurei então

fazer o diferencial de minha arte, recriando minha obra de uma forma

lúdica.

Este processo resultou na realização de treze gigantescos painéis,

representando cada um deles os Orixás cultuados na Umbanda e no

Candomblé, religiões as quais representam a cultura Afro-Brasileira.

Através da minha arte quero provocar uma reflexão da sociedade para a

cultura Afro-Brasileira, esta trazida ao Brasil pelo povo escravo vindo da

África no inicio da nossa colonização. E nada melhor do que retratar toda

Título: E Assim Nasceram as Galinhas de Angola.

Série: Brincadeira de Erê.

Técnica: acrílica sobre lona de carreta de caminhão,

com o uso da técnica da transparência.

Dimensão: 2,00 X 1,60(metro).

Page 58: Faria; patrícia maas da costa de faria   brincadeira de erê

esta cultura de forma infantil, pois a criança tem uma representação

ingênua, sem preconceitos de raça, cor ou credo, por isso realizei todos os

treze Orixás de uma forma infantil.

Procurei representar os arquétipos dos Orixás, bem como suas

cores, ferramentas, guias, roupas e principais símbolos também com base

nos mitos. Em um ano e dois meses de trabalho, conclui minhas obras,

satisfeita por desenvolver meus painéis com um sentimento de confiança na

poética da pintura desenvolvida. Busquei a minha liberdade de expressão

sobre a cultura Afro-brasileira, e a partir disso representei livremente os

Orixás.

A escolha dos materiais também foi algo de muito estudo e pesquisa,

pois não só me preocupei com o uso das tintas, mas também com o

suporte. As obras sendo grandes (2,0 x 1,60 m), precisava de um suporte

de fácil transporte diferenciado. Em uma de minhas viagens a Paraty,

visitando o atelier do artista Aeci Sarti, no qual também pinta suas obras em

grandes painéis, observei que ele fazia o uso da lona de carreta de

caminhão, e a partir daí , também comecei a fazer uso da mesma. A

absorção da tinta acrílica sobre a lona é muito rápida e isso me ajudou na

secagem da obra.

Devo admitir que quando comecei a pesquisa sobre meu tema de

TCC, achava que estava preparada para transmitir o tema escolhido

plasticamente; doce engano, foram muitas incertezas, muitos medos. Mas

desenvolvi minha produção através de meus sentimentos, estes

sentimentos que me permitiram colocar um colorido em minhas obras, nas

quais, expresso toda a alegria de uma artista plástica satisfeita em

desenvolver o seu trabalho. Assim termino minha obra com a certeza de

uma mudança interior. A certeza de que através dos pinceis e das tintas me

transformei em uma artista.

Page 59: Faria; patrícia maas da costa de faria   brincadeira de erê

REFERÊNCIAS

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ARGAN, Giulio Carlo. A ARTE MODERNA. São Paulo: Companhia das

letras, 1992.

ARTE DO SECULO XX: Visual Encyclopedia of Art. Florence (Italy): Scala

Group,

2009.

Page 60: Faria; patrícia maas da costa de faria   brincadeira de erê

BARATA, Mario. A escultura de origem negra no Brasil. São Paulo:

Juruá, 1988.

BASTIDE, Roger. As religiões africanas no Brasil. São Paulo: Pioneira,

1985.

BASTIDE, Roger. Estudos afro-brasileiros. São Paulo: Perspectiva, 1983.

CARYBÉ. As sete portas da Bahia. Rio de Janeiro: Record, 1976.

GOMBRICH, E. H. A historia da arte. Rio de Janeiro: Ltceditora, 1999.

LODY, Raul. O povo do santo. Rio de Janeiro: Pallas, 1995.

MATTOS, Regiane Augusto de. Historia da cultura afro brasileira. São Paulo: Ed. Contexto, 2007. MOURA, Carlos. Retrato do Brasil. São Paulo: 1984.

MOURA, Carlos Eugenio Marcondes de. Leopardo dos olhos de fogo.

São Paulo: Atelier Editorial, 1998.

NIKOS, Stangos. Conceitos da arte moderna. Rio de Janeiro: Jorge

Zahar, 1991.

PRANTI, Reginaldo. Mitologia dos Orixás. São Paulo: Companhia das Letras, 2001. RAMOS, Artur. O negro brasileiro. São Paulo: Ed. Nacional, 1940.

SILVA, Vagner Gonçalves da. Candomblé e umbanda: Caminhos da devoção brasileira. São Paulo: Ática, 1994.

TRINDADE, Diamantino Fernandes. Os orixás na Umbanda e no Candomblé. São Paulo: Madras, 2008. VERGER, Pierre Fatumbi. Orixás. São Paulo: Corrupio, 1981.

Page 61: Faria; patrícia maas da costa de faria   brincadeira de erê

PORTIFÓLIO

PATRICIA MAAS DE FARIA

Page 62: Faria; patrícia maas da costa de faria   brincadeira de erê

Título: Dentro ou Fora?

Técnica: acrílica sobre lona de carreta de caminhão, com o uso

da técnica da transparência.

Dimensões: 2000 X 1600 mm

Page 63: Faria; patrícia maas da costa de faria   brincadeira de erê

Título: Lua de Ogum.

Técnica: acrílica sobre lona de carreta de caminhão com o uso

da técnica da transparência e estêncil.

Dimensões: 2000 X 1600 mm

Page 64: Faria; patrícia maas da costa de faria   brincadeira de erê

Título: Caçador de uma Flecha Só.

Técnica: acrílica sobre lona de carreta de caminhão com o uso

da técnica da transparência.

Dimensões: 2000 X 1600 mm

Page 65: Faria; patrícia maas da costa de faria   brincadeira de erê

Título: Salve as Folhas.

Técnica: acrílica sobre lona de carreta de caminhão com o uso

da técnica da transparência e esponjado.

Dimensões: 2000 X 1600 mm

Page 66: Faria; patrícia maas da costa de faria   brincadeira de erê

Título: Da Lama vem o Homem.

Técnica: acrílica sobre lona de carreta de caminhão com o uso

da técnica da transparência.

Dimensões: 2000 X 1600 mm

Page 67: Faria; patrícia maas da costa de faria   brincadeira de erê

Título: Encanto da Ventania.

Técnica: acrílica sobre lona de carreta de caminhão com o uso

de tinta auto relevo.

Dimensões: 2000 X 1600 mm

Page 68: Faria; patrícia maas da costa de faria   brincadeira de erê

Título:Desenho do Arco-Iris.

Técnica: acrílica sobre lona de carreta de caminhão com o uso

da técnica da transparência e derramamento de tinta.

Dimensões: 2000 X 1600 mm

Page 69: Faria; patrícia maas da costa de faria   brincadeira de erê

Título:Em respeito a uma Nação.

Técnica: acrílica sobre lona de carreta de caminhão com o uso

da técnica da transparência e esponjado.

Dimensões: 2000 X 1600 mm

Page 70: Faria; patrícia maas da costa de faria   brincadeira de erê

Título:Mãe de nove filhos.

Técnica: acrílica sobre lona de carreta de caminhão com o uso

da técnica da transparência.

Dimensões: 2000 X 1600 mm

Page 71: Faria; patrícia maas da costa de faria   brincadeira de erê

Título:Um Espelho para se Olhar.

Técnica: acrílica sobre lona de carreta de caminhão com o uso

da técnica da transparência e tinta auto relevo.

Dimensões: 2000 X 1600 mm

Page 72: Faria; patrícia maas da costa de faria   brincadeira de erê

Título:Brincadeira de Erê.

Técnica: acrílica sobre lona de carreta de caminhão com o uso

da técnica do esponjado.

Dimensões: 2000 X 1600 mm

Page 73: Faria; patrícia maas da costa de faria   brincadeira de erê

Título: Estrelinhas do Céu e Peixinhos do Mar.

Técnica: acrílica sobre lona de carreta de caminhão com o uso

da técnica da transparência e tinta auto relevo.

Dimensões: 2000 X 1600 mm

Page 74: Faria; patrícia maas da costa de faria   brincadeira de erê

Título:E Assim Nasceram as Galinhas de Angola.

Técnica: acrílica sobre lona de carreta de caminhão com o uso

da técnica da transparência.

Dimensões: 2000 X 1600 mm

Page 75: Faria; patrícia maas da costa de faria   brincadeira de erê

As artes plásticas têm ocupado um lugar especial em minha vida desde a

minha infância em Porto Alegre. A pintura é o alimento de minha alma. A

experiência profissional em arte, proporcionou-me exposição como

“Brincadeira de Erê” no SESC HORTO, Campo Grande – MS. Através

desta exposição divulgo a cultura Afro-Religiosa com sentimento de divulgar

uma cultura tão rica e tão bela do nosso povo brasileiro.

As ilustrações dos Orixás retratam de uma forma infantil as histórias e mitos

contados por um povo sobre a cultura e religião dos negros brasileiros. E

assim me inspiro a tocar o sentimento de todos, velhos, moços, homens,

mulheres e crianças, que ajudam a fazer o nosso país.

Patrícia Maas de Faria

Page 76: Faria; patrícia maas da costa de faria   brincadeira de erê

CURRICULUM

VITAE

DADOS PESSOAIS

Nome: Patrícia Maas de Faria

Nacionalidade: Brasileira

Page 77: Faria; patrícia maas da costa de faria   brincadeira de erê

Naturalidade: Porto Alegre – RS

Nascimento: 03 de junho de 1971

Endereço: Rua Pirajussara, 157

e-mail: [email protected]

Telefone: 9627 1040

DOCUMENTOS

RG:70504571 47 ssp RS

FORMAÇÃO:

2010 – Bacharel em Artes Visuais

CURSOS REALIZADOS:

Curso básico de Informática

Curso de pintura – 1999

Curso de decoração de festa infantil – 1996

Curso de pintura contemporânea – 2009

Curso de decoração de ambientes – 2005

Curso de pintura cowtry – 2006

Curso de cerâmica- 2004

Curso de redes sociais – 2009

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