familiaris): relato de caso de... · 2019. 9. 19. · B574t Bezerra, Tabath Caroline Barbosa Tumor...

24
CENTRO UNIVERSITÁRIO CESMAC TÁBATH CAROLINE BARBOSA BEZERRA TUMOR DE CÉLULAS DA GLIA EM CÃES (Canis lupus familiaris): relato de caso MACEIÓ AL 2018/02

Transcript of familiaris): relato de caso de... · 2019. 9. 19. · B574t Bezerra, Tabath Caroline Barbosa Tumor...

Page 1: familiaris): relato de caso de... · 2019. 9. 19. · B574t Bezerra, Tabath Caroline Barbosa Tumor de células da glia em cães (Canis lupus familiaris): relato de caso / Tabath Caroline

CENTRO UNIVERSITÁRIO CESMAC

TÁBATH CAROLINE BARBOSA BEZERRA

TUMOR DE CÉLULAS DA GLIA EM CÃES (Canis lupus

familiaris): relato de caso

MACEIÓ – AL

2018/02

Page 2: familiaris): relato de caso de... · 2019. 9. 19. · B574t Bezerra, Tabath Caroline Barbosa Tumor de células da glia em cães (Canis lupus familiaris): relato de caso / Tabath Caroline

TÁBATH CAROLINE BARBOSA BEZERRA

TUMOR DE CÉLULAS DA GLIA EM CÃES (Canis lupus

familiaris): relato de caso

Trabalho de conclusão de curso apresentado como

requisito final para conclusão do curso de Medicina

Veterinária, do Centro Universitário Cesmac, sob a

orientação da professora Prof. Ma. Lígia Buzzá Roo

de Mendonça Câmara e coorientação da Médica

Veterinária pós graduada em neurologia de pequenos

animais Joana d’Arc Gomes de Oliveira.

MACEIÓ – AL

2018/02

Page 3: familiaris): relato de caso de... · 2019. 9. 19. · B574t Bezerra, Tabath Caroline Barbosa Tumor de células da glia em cães (Canis lupus familiaris): relato de caso / Tabath Caroline

B574t Bezerra, Tabath Caroline Barbosa

Tumor de células da glia em cães (Canis lupus familiaris): relato de caso / Tabath Caroline Barbosa Bezerra. – Marechal Deodoro: 2018.

22 f.: il.

TCC (Graduação em Medicina Veterinária) – Centro Universitário CESMAC, Marechal Deodoro, AL, 2018.

Orientadora: Lígia Buzzá Roo de Mendonça Câmara. Co-

orientadora: Joana Gomes de Oliveira.

1. Sistema nervoso. 2. Tumor intracraniano. 3. Métodos de diagnostico. I. Câmara, Lígia Buzzá Roo de Mendonça. II. Oliveira, Joana Gomes de. III. Título.

CDU: 619

Page 4: familiaris): relato de caso de... · 2019. 9. 19. · B574t Bezerra, Tabath Caroline Barbosa Tumor de células da glia em cães (Canis lupus familiaris): relato de caso / Tabath Caroline

TÁBATH CAROLINE BARBOSA BEZERRA

TUMOR DE CÉLULAS DA GLIA EM CÃES (Canis lupus

familiaris): relato de caso

Trabalho de conclusão de curso apresentado como

requisito final para conclusão do curso de Medicina

Veterinária, do Centro Universitário Cesmac, sob a

orientação da professora Prof. Ma. Lígia Buzzá Roo

de Mendonça Câmara e coorientação da Médica

Veterinária pós graduada em neurologia de pequenos

animais Joana d’Arc Gomes de Oliveira.

APROVADO EM: 07/11/2018

Orientadora Ma. Lígia Buzzá Roo de Mendonça Câmara

BANCA EXAMINADORA

Giovana Patrícia de Oliveira e Souza Anderlini

Fernando Wiecheteck de Souza

Page 5: familiaris): relato de caso de... · 2019. 9. 19. · B574t Bezerra, Tabath Caroline Barbosa Tumor de células da glia em cães (Canis lupus familiaris): relato de caso / Tabath Caroline

AGRADECIMENTOS

À Deus, dele tirei forças para enfrentar todas as dificuldades ao longo desses

anos que enfrentei, e por ele ter traçado para minha vida a honra de exercer essa

profissão tão linda.

À minha família, sem a nossa união seria impossível essa grande conquista

para nós.

Aos meus professores que tentaram da melhor maneira transmitir seus

conhecimentos para me tornar uma boa profissional.

À professora Dra. Gilsan Aparecida de Oliveira, porque ela acreditou em mim,

me transmitiu um pouco do seu conhecimento e disciplina, o que me faz afirmar que

antes dela eu era uma aluna, e após ela me tornei uma aluna muito mais dedicada.

À professora Ma. Lígia Buzzá Roo de Mendonça Câmara, por ter sido mais

que uma educadora, uma amiga que aprendi a admirar e respeitar, e por me ajudar

a elaborar o meu trabalho de conclusão de curso que é algo extremamente difícil,

mas com todo o seu apoio se tornou algo simples.

Aos Médicos Veterinários Dr. Rinaldo Ferri e Dra. Giovana pela oportunidade

de passar um tempo estagiando em suas clínicas aprimorando meu aprendizado e

transmitindo um pouco de seu conhecimento.

As minhas amigas Hingrid, Hercilia, Juliana onde cada uma do seu jeito me

transmitiu apoio.

A minha avó Josefa, que eu tenho certeza que lá do céu vibra por cada

conquista minha, e me transmite uma força inigualável.

Page 6: familiaris): relato de caso de... · 2019. 9. 19. · B574t Bezerra, Tabath Caroline Barbosa Tumor de células da glia em cães (Canis lupus familiaris): relato de caso / Tabath Caroline

TUMOR DE CÉLULAS DA GLIA EM CÃES (Canis lupus familiaris): relato de caso

GLIA CELL TUMOR IN DOGS (Canis lupus familiaris): case report

Tábath Caroline Barbosa Bezerra Graduanda do Curso de Medicina Veterinária

[email protected]

Ligia Buzzá Roo de Mendonça Câmara Mestrado em Ciência Veterinária pela UFRPE

[email protected]

Joana d’Arc Gomes de Oliveira Pós-Graduação em Neurologia de Pequenos Animais

[email protected] RESUMO O Sistema Nervoso (SN) é composto de Sistema nervoso central (SNC) sendo esse responsável por enviar informações aos gânglios e músculos, e o sistema nervoso periférico (SNP) que recebe resposta dos órgãos e envia para o cérebro. Foi atendido em uma clínica veterinária particular, um canino da raça Bulldog Francês, 5 anos, macho, onde o tutor alegava paralisia facial do lado esquerdo, e que ao correr a região posterior do corpo lateralizava para a esquerda. Foi realizado uma avaliação neurológica confirmando a paralisia facial do lado esquerdo, porém não foi observado outras alterações durante os exames neurológicos. Com a evolução da doença houve o surgimento de manifestações neurológicas e o animal veio à óbito. Na necropsia foi visto uma massa tumoral ocupando toda a região do diencéfalo e região ventriculares onde após o exame de diagnóstico histopatológico foi constatado que o animal tinha um glioma do tipo astrocitoma. PALAVRAS-CHAVE: Sistema Nervoso. Tumor intracraniano. Métodos de diagnostico. ABSTRACT

The Nervous System (SN) is composed of the central nervous system (CNS) and is

responsible for sending information to the ganglia and muscles, and the peripheral

nervous system (SNP) that receives response from the organs and sends it to the

brain. He was attended in a private veterinary clinic, a French Bulldog canine, 5

years old, male, where the tutor alleged facial paralysis of the left side, and that when

running the posterior region of the body lateralized to the left. A neurological

evaluation was performed where it was possible to confirm this facial paralysis on the

left side, but the animal did not present other alterations during neurological exams.

With the evolution of the disease, the animal died. At necropsy a tumor mass was

observed in region of the diencephalon and ventricular region. After the examination

of histopathological diagnosis was verified that the animal had an astrocytoma type

glioma.

KEYWORDS: Nervous System. Intracranial tumor. Methods of diagnosis.

Page 7: familiaris): relato de caso de... · 2019. 9. 19. · B574t Bezerra, Tabath Caroline Barbosa Tumor de células da glia em cães (Canis lupus familiaris): relato de caso / Tabath Caroline

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 7

2 RELATO DE CASO ................................................................................................. 9

3 DISCUSSÃO .......................................................................................................... 12

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 15

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 16

ANEXOS ................................................................................................................... 18

Page 8: familiaris): relato de caso de... · 2019. 9. 19. · B574t Bezerra, Tabath Caroline Barbosa Tumor de células da glia em cães (Canis lupus familiaris): relato de caso / Tabath Caroline

7

1 INTRODUÇÃO

O Sistema Nervoso (SN) é composto de Sistema nervoso central (SNC)

sendo esse responsável por enviar informações aos gânglios e músculos, e o

sistema nervoso periférico (SNP) que recebe resposta dos órgãos e envia para o

cérebro. E apesar de anatomicamente separadas, ambas as divisões estão

funcionalmente integradas (MARQUES, 2014).

Este sistema, juntamente com o sistema imune e sistema endócrino, tem um

papel importante para o organismo animal através de liberação de comandos e

substâncias, exercendo funções fundamentais para manter a homeostase (ALVES,

2010).

Devido a sua composição complexa, alterações em qualquer estrutura que

compõem o SN podem acarretar sérios prejuízos ao animal, como a tetraplegia ou

tetraparesia. Lesões neurológicas resultam em sinais clínicos específicos de acordo

com a neurolocalização (MARTINS; MELO, 2013).

A sua unidade funcional é o neurônio, responsável por enviar e receber

impulsos nervosos, auxiliado por uma rede de células chamada de células da glia ou

neuroglia que é composta por astrócitos, micróglia, oligodendrócitos, células de

Schwann e células ependimárias, que fornecem nutrientes aos neurônios enquanto

outras trabalham na defesa do SNC. Outra das suas funções é a manutenção dos

níveis iônicos em volta dos neurônios (MOREIRA, 2013).

As neoplasias intracranianas vêm se tornando habitual dentro da clínica de

pequenos animais, se destacando pelo aumento do número de casos

diagnosticados, isso principalmente devido aos métodos de diagnóstico por imagem

que vem fazendo cada vez mais parte da clínica médica. Essa patologia tem sua

importância devido aos prejuízos que ela causa aos animais acometidos durante sua

progressão (VASCONCELOS; HORTA; LAVALLE, 2013).

Tendo como princípio primário básico mutações gênicas, espontâneas ou

induzidas por fatores ambientais, uma vez instalada as células envolvidas nessa

enfermidade começam a se multiplicar de forma desordenada gerando assim

massas tumorais. Quando surgem no SNC são dificilmente removidas e geram

grandes complicações devido o efeito que a massa gera e a compressão do

encéfalo ou da medula espinhal. Convulsões podem ser o primeiro sinal de tumor

cerebral e o mais comum (FRAGA et al., 2014).

Page 9: familiaris): relato de caso de... · 2019. 9. 19. · B574t Bezerra, Tabath Caroline Barbosa Tumor de células da glia em cães (Canis lupus familiaris): relato de caso / Tabath Caroline

8

Outros sinais podem aparecer, como alterações de déficit de propriocepção,

paralisia parcial ou total de face ou membros, demência, andar cambaleante,

espasmo muscular entre outros. O SNC está organizado de uma forma lógica de

modo que os sinais clínicos apresentados pelos cães com tumores intracranianos

traduzem lesões de em áreas neuro-anatômicas bem definidas (JESUS, 2011).

Os tumores cerebrais são classificados de acordo com a sua origem no tecido

neuroepitelial, meninges, sela túrcica, linfáticos e hematopoiéticos (DINIZ, 2007). Os

sinais neurológicos decorrentes de neoplasias intracranianas dependem da

localização, extensão e taxa de crescimento da neoformação (HORTA et al., 2013).

Para diagnosticar essa patologia, além de uma avaliação criteriosa realizada

pelo Médico Veterinário, são realizados exames de imagem complementares, como

a tomografia computadorizada e a ressonância magnética, porém para diagnóstico o

definitivo é indispensável a realização de exame histopatológico (SILVA et al., 2014).

A coluna vertebral apresenta um canal que é responsável pela passagem e

proteção da medula espinhal nas espécies. Alterações em sua anatomia como

discopatias, neoplasias ósseas e hemivertebras podem gerar alterações no animal

que se assemelham a problemas neurológicos, podendo levar a ataxia, paresia ou

paralisia dos membros (PENHA, 2010).

Caso a doença culmine no óbito do paciente sem diagnóstico definitivo, é

possível realizar necropsia, com coleta e envio de fragmentos teciduais para

avaliação histopatológica, sendo esta técnica associada ao exame

imunohistoquímico. Através dela, deve-se classificar o tipo de tumor e manter um

padrão de descrição para que haja uma homogeneidade no intercâmbio das

informações com qualquer que seja o nível da comunicação, entre profissionais,

instituições ou até mesmo países (DINIZ, 2013).

Devido a importância da oncologia na medicina veterinária, seu crescimento e

a necessidade de um entendimento cada vez maior pelo médico veterinário, optou-

se por fazer um relato de caso para obter um apanhado a respeito do tema e

abranger o conhecimento sobre o acometimento de cães (canis lupus familiares) por

tumores de células da glia.

Page 10: familiaris): relato de caso de... · 2019. 9. 19. · B574t Bezerra, Tabath Caroline Barbosa Tumor de células da glia em cães (Canis lupus familiaris): relato de caso / Tabath Caroline

9

2 RELATO DE CASO

Foi atendido em uma clínica veterinária particular, um canino da raça Bulldog

Francês, 5 anos, macho, com histórico de paralisia facial do lado esquerdo (Figura

1), e que ao correr a região posterior do corpo lateralizava para a esquerda. Na

consulta com o clinico geral, o paciente apresentava tremores musculares e intensa

algesia.

O animal foi colocado em fluidoterapia e administrado o suplemento

vitamínico Bionew 0,2ml/kg, ranitidina 2mg/kg, cerenia 1 mg/kg e tramadol 3mg/kg e

solicitados os exames: Hemograma, contagem plaquetária e os bioquímicos T.G.P

(ALT), creatinina e glicose no qual estavam dentro da normalidade, radiografia

torácica e coluna total, sendo visibilizadas alterações nas vértebras cervicais de C2

à C7 com ênfase em C5-6 onde foi sugerido pelo radiologista veterinário uma

possível discopatia e alterações morfológicas em corpos vertebrais torácicos, T6 à

T11, T13, L1, L2 e L3, em diferentes graus. E uma importante alteração morfologica

em corpo vertebral L2 (hemivértebra). Após estes achados o paciente foi

encaminhado para o atendimento com neurologista veterinário.

Figura 1 - Imagem demonstra a paralisia facial. Fonte: Cedida pelo tutor.

Durante avaliação realizada pelo neurologista observou-se que o mesmo não

apresentava alterações em seu estado mental, e durante a avaliação dos pares de

nervos cranianos, também não foram observadas alterações.

Page 11: familiaris): relato de caso de... · 2019. 9. 19. · B574t Bezerra, Tabath Caroline Barbosa Tumor de células da glia em cães (Canis lupus familiaris): relato de caso / Tabath Caroline

10

Diante da queixa principal de paralisia facial do lado esquerdo, foram

realizados os testes de resposta a ameaça para avaliar o nervo facial, óptico e a

região cortical, reflexo pupilar fotomotor para testar o ramo parassimpático, reflexo

palpebral e sensibilidade facial, nasal e simetria facial, no qual avalia o nervo

trigêmeo e facial e o córtex. Devido ao seu arqueamento de coluna e as diminuições

de espaços intervertebrais em diferentes graus e localizações, predisposição racial e

ausência de alterações nos testes neurológicos, fez com que seu diagnóstico

presuntivo fosse de lesão em coluna cervical.

Foi instituído inicialmente um tratamento para casa com Prediderm

0,7mg/kg/sid antiinflamatório esteroide a base de Prednisolona, Tramadol 3mg/kg/tid

e Dipirona 25mg/kg/sid, e após nove dias de tratamento o paciente retornou

apresentando melhora em seu quadro.

Em fevereiro o animal apresentou uma piora demonstrando olhar distante,

ausência de reação a estímulos, ataxia, incoordenação motora, ocorreu evolução da

paralisia unilateral para uma bilateral (Figura 2) e convulsões. Devido a progressão

da doença e ao nível de comprometimento das funções fisiológicas causadas por ela

o animal veio a óbito, sendo levado ao laboratório de patologia do Centro

Universitário CESMAC para necropsia e coleta de material para exame

histopatológico.

Figura 2 - Imagem demonstra para- lisia facial bilateral. Fonte: Cedida pelo tutor.

Page 12: familiaris): relato de caso de... · 2019. 9. 19. · B574t Bezerra, Tabath Caroline Barbosa Tumor de células da glia em cães (Canis lupus familiaris): relato de caso / Tabath Caroline

11

Nos achados de necropsia observou-se massa tumoral ao corte longitudinal a

nível de corpo caloso, essa massa apresentava aspecto gelatinoso, friável, amarela,

serosanguinolento, ocupando toda a região do diencéfalo, região ventriculares,

comprometendo boa parte da substancia branca (Figura 3).

Figura 3 - Massa tumoral em corte longi- tudinal. Fonte: Prof. Kézia dos Santos Carvalho.

Após a retirada do encéfalo os principais achados foram a deformação de

estruturas como corpo mamilar, infundíbulo e túbercinéreo.

Foi realizado um teste citológico de imediato, para facilitar a diferenciação do

material observado entre absesso e tumor. Na microscopia foi visibilizada intensa

proliferação de células tumorais apresentando acentuado pleomorfismo nuclear e

intensa anisocáriose com núcleo intensamente roxo e com escasso citoplasma

anfofilico (Figura 4). Sendo essas características sugestivas de tumor de células da

glia.

Page 13: familiaris): relato de caso de... · 2019. 9. 19. · B574t Bezerra, Tabath Caroline Barbosa Tumor de células da glia em cães (Canis lupus familiaris): relato de caso / Tabath Caroline

12

Figura 4 - Células visualizadas em microscopia.

Fonte: Prof. Kézia dos Santos Carvalho.

Para a confirmação do diagnóstico do tipo de tumor intracraniano, foram

coletadas amostras de fragmentos do encéfalo durante a necropsia, e encaminhado

ao laboratório. A avaliação histopatológica revelou perda da arquitetura tecidual

encefálica, decorrente da proliferação neoplásica difusa, entremeados a intenso

padrão necro hemorrágico e acumulo de material seroso. As células neoplásicas

apresentam morfologia arredondado a alongada, formando arranjo variados em

focos sólidos, paliçadas e esboços trabeculares, entremeados a intensa necrose

hemorrágica. O pleomórfismo nuclear era moderado, destacando discretas células

com cariomegalia, nucléolos evidentes e anisocarise moderada. Com base nos

achados histológicos foi determinado uma massa de proliferação neoplásica de

provável origem glial/glioma, sugestivo de astrocitoma difuso.

3 DISCUSSÃO

O animal do estudo apresentava um quadro crônico-progressivo em

decorrência do tumor apresentar um crescimento lento. Porém apesar disso era um

paciente que não apresentava sinais clínicos que se assemelhavam a patologias

neurológicas, o que não foi relatado por Fraga et al. (2014). Além da ausência de

sinais clínicos, a raça do estudo apresenta predisposição genética para alterações

de coluna vertebral o que levou a crer que se tratava de uma alteração na coluna

vertebral, corroborando com as informações de Penha (2010), quando ele afirma

Page 14: familiaris): relato de caso de... · 2019. 9. 19. · B574t Bezerra, Tabath Caroline Barbosa Tumor de células da glia em cães (Canis lupus familiaris): relato de caso / Tabath Caroline

13

que a presença de hemivértebras é bastante observada em cães de cauda torcida,

como o Bulldog inglês, Bulldog Francês e Boston Terrier.

Métodos de diagnóstico por imagem (tomografia e ressonância) seriam

indispensáveis para a confirmação da patologia quando o animal ainda está vivo, e

apesar de ter sido solicitados durante as avaliações, o mesmo não pode fazer

devido ao óbito. Esses exames além da confirmação da doença, podem auxiliar na

localização, na diferenciação em benigno ou maligno e sua dimensão, auxiliando o

prognóstico do paciente, corroborando com as afirmações de Jimenez (2010)

quando afirma que com a tomografia computadorizada pode-se chegar muito

próximo ao diagnóstico definitivo da neoplasia encefálica sem a realização do exame

histopatológico.

Diniz (2007), afirma que tumores intracranianos são considerados comuns

apesar dos baixos números relatados. Acredita-se que pacientes com alterações

neurologias sejam passiveis de destes tumores, porém seus sinais inespecíficos e

limitação na realização dos exames de imagem (tomografia computadorizada e

ressonância magnética) dificultam o diagnóstico. Segundo Fraga et al. (2014)

afirmam que o déficits de propriocepção, ausência do reflexo de ameaça,

hipoalgesia ou analgesia nasal, são sinais clínicos compatíveis com presença de

tumores intracranianos, no entanto não foram observados no paciente relatado.

Estruturas como corpo mamilar, infundíbulo e tubercinéreo foram

completamente afetadas pela massa tumoral no paciente relatado, o que gerou um

comprometimento a sua fisiologia, pois fazem parte do estado de vigília, regulação

da temperatura entre outros papeis importantes. Devido ao hipotálamo está ligado a

hipófise pelo infundíbulo e essa ligação está responsável por manutenções

neuroendócrinas e autônomas, massas que causem compressão nessas estruturas

levam a alterações neurológicas, porém os sinais são inespecíficos nos animais

acometidos e o que determina é a localização do tumor associado a sua taxa de

crescimento. A convulsão é o sinal clínico mais comum nos animais afetados, onde

são as regiões cerebral, o de diencefálico as afetadas para o surgimento desse

quadro e o que faz ter uma grande suspeita desse tipo de patologia no paciente

descrito. O que corrobora com Oliveira, Marcasso e Arias (2016) quando dizem que

os cães apresentam sinais inespecíficos e lentamente progressivos, ocorrendo

alterações comportamentais sutis no temperamento que progridem ao longo de

vários meses, até que ocorra a disfunção neurológica evidente.

Page 15: familiaris): relato de caso de... · 2019. 9. 19. · B574t Bezerra, Tabath Caroline Barbosa Tumor de células da glia em cães (Canis lupus familiaris): relato de caso / Tabath Caroline

14

Os achados histopatológicos e os clínicos com a piora do animal

posteriormente aos primeiros atendimentos, concluem que a morte do animal foi

causada por um tumor primário, proveniente de célula glial sendo do tipo astrócito e

que essas analises específicas foram indispensáveis tanto para um diagnóstico

conclusivo do óbito desse cão. De acordo com os resultados histopatológicos a

massa tumoral é classificada em um astrocitoma difuso devido a apresentação das

células presentes na amostra coletada onde a morfologia arredondada e alongada

formando arranjo variados em focos sólidos, palidaços e esboços trabeculares,

entremeados a intensa necrose hemorrágica é confirmada por Lima et al. (2015)

quando diz que um glioma multiforme diferencia-se pela necrose com aspecto de

pseudopaliçada, ou seja, áreas multifocais de necrose e hemorragia rodeadas por

pequenas células tumorais fusiformes.

Sua apresentação clinica com relação a literatura e a outros animais

acometidos citados era atípica, já que inicialmente seu quadro clinico não

demonstrava apresentar alteração em SNC devido ao animal apresentar seus

reflexos preservados não ter quadros convulsivos, nem qualquer alteração que

pudesse relacionar com alguma região do encéfalo afetada. Em detrimento a sua

cifose suspeitou-se de afecção de coluna cervical. O que durante o estudo de

Jimenez (2010) com vinte animais, os quais apresentavam sintomatologia de acordo

com a área do encéfalo afetado pelo tumor. Em um dos casos o animal apresentava

com convulsões há um ano, com frequência mensal, além do animal apresentar

esporadicamente, pressão da cabeça contra um obstáculo e sinais de alteração

comportamental, tal como micção em locais inadequados.

Page 16: familiaris): relato de caso de... · 2019. 9. 19. · B574t Bezerra, Tabath Caroline Barbosa Tumor de células da glia em cães (Canis lupus familiaris): relato de caso / Tabath Caroline

15

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

As células da glia tem importância fundamental na manutenção do sistema

nervoso já que elas são responsáveis pela proteção e manutenção dos neurônios.

Tumores envolvendo estas células podem gerar comprometimento que causam

grandes problemas a vida do animal acometido, visto que estas massas são

capazes de afetar o organismo como um todo. Trazendo comprometimento a

coordenação, propriocepção e nocicepção. Para esse tipo de patologia o diagnóstico

por imagem é o maior aliado do clinico, sendo os principais tomografia

computadorizada, ressonância magnética. Além deles, caso a doença culmine no

óbito do animal podemos realizar a biopsia, o histopatológico e o histoquímico,

sendo este último um método aplicado para diferenciar os tipos de tumores. Relatos

como estes são relevantes para a comunidade veterinária por se tratar de um

paciente jovem-adulto com sintomatologia atípica para este tipo de tumor, trazendo

reflexão de um diagnóstico diferencial importante.

Page 17: familiaris): relato de caso de... · 2019. 9. 19. · B574t Bezerra, Tabath Caroline Barbosa Tumor de células da glia em cães (Canis lupus familiaris): relato de caso / Tabath Caroline

16

REFERÊNCIAS

ALVES, G.J.; NETO J. P. Neuroimunomodulação: influências do sistema imune sobre o sistema nervoso central. Rev Neurocienc, n. 2, p. 214-219, 2010. DINIZ, S. A. Neoplasias intracranianas em cães: uma abordagem diagnóstica. 78 f. Dissertação (mestrado). Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, São Paulo, 2007. FRAGA, C. A. T. et al. Alterações neurológicas associadas a tumor cerebral. PUBVET, n. 23, Dez. 2014. HORTA, R. S. et al. Neoplasias intracranianas em pequenos animais – Revisão de literatura. Acta Veterinaria Brasilica, n. 4, p. 272-281, 2013. JESUS, S. O. T. S. Estudo de gliomas cerebrais no cão, padrões imagiológicos, estudo das mutações de P53, expressão dos receptores do factor de cresimento epidérimico (EGFR), e marcadores imunohistoquímicos. 114f. Tese (Doutorado). Universidade de Lisboa, Lisboa, 2011. JIMENEZ, C. D. Relação entre os sinais clínicos e neurológicos e os achados tomográficos de 20 cães com suspeita de neoplasia intracraniana. 216 f. Dissertação (Mestrado). Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade Estadual Paulista, Botucatu, 2010. LIMA, et al. Caracterização morfológica de tumores cerebrais primários neuroeptelias não embrionários em cães. In: 42º CONGRESSO BRAS. DE MEDICINA VETERINÁRIA E 1º CONGRESSO SUL-BRASILEIRO DA ANCLIVEPA, 2015, Curitiba. Anais eletrônicos. Cuiabá, Mato Grosso: UFMT, 2015. p. 1309 – 1313. MARQUES, M. L. C. G. Estudo imunohistoquímico da expressão da micróglia nos tumores gliais. 108f. Dissertação (Mestrado). Universidade de Lisboa, Lisboa, 2014. MARTINS B. C.; MELO E. G. Localização das lesões neurológicas. Cadernos técnicos de veterinária e zootecnia, n. 27, v. 69, p. 39-49, 2013. MOREIRA, C. Neurónio. Revista de Ciência Elementar. n. 1, p. 1, 2013. OLIVEIRA, H. E. V.; MARCASSO, R. A.; ARIAS, M. V. B. Doenças cerebrais no cão idoso. Medvep - Revista científica de medicina veterinária - Pequenos Animais e Animais de Estimação, n. 12, v. 45, p.1-15, 2016. PENHA, E. M. et. al. Hemivértebras com fusão vertebral em cão – Relato de caso. PUBVET, Londrina, v. 4, n. 21, p. 1-13, 2010. SANTOS, R. et al. Neoplasias do sistema nervoso central em cães e gatos. Cadernos técnicos de veterinária e zootecnia, n. 27, v. 69, p. 39-49, 2013.

Page 18: familiaris): relato de caso de... · 2019. 9. 19. · B574t Bezerra, Tabath Caroline Barbosa Tumor de células da glia em cães (Canis lupus familiaris): relato de caso / Tabath Caroline

17

SILVA P. D. G, et al. Neoplasias intracranianas primárias em cães Revista Científica de Medicina Veterinária - Pequenos Animais e Animais de Estimação. n.12, v. 40, p. 182-188, 2014. VASCONCELOS, A.; HORTA, R.R S.; LAVALLE, G. E. Nutrição do paciente oncológico – uma visão integrativa. Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia. n. 70, p. 91-99, set. 2013.

Page 19: familiaris): relato de caso de... · 2019. 9. 19. · B574t Bezerra, Tabath Caroline Barbosa Tumor de células da glia em cães (Canis lupus familiaris): relato de caso / Tabath Caroline

18

ANEXOS

Page 20: familiaris): relato de caso de... · 2019. 9. 19. · B574t Bezerra, Tabath Caroline Barbosa Tumor de células da glia em cães (Canis lupus familiaris): relato de caso / Tabath Caroline

19

Page 21: familiaris): relato de caso de... · 2019. 9. 19. · B574t Bezerra, Tabath Caroline Barbosa Tumor de células da glia em cães (Canis lupus familiaris): relato de caso / Tabath Caroline

20

Page 22: familiaris): relato de caso de... · 2019. 9. 19. · B574t Bezerra, Tabath Caroline Barbosa Tumor de células da glia em cães (Canis lupus familiaris): relato de caso / Tabath Caroline

21

Page 23: familiaris): relato de caso de... · 2019. 9. 19. · B574t Bezerra, Tabath Caroline Barbosa Tumor de células da glia em cães (Canis lupus familiaris): relato de caso / Tabath Caroline

22

Nº OS: 99826 Animal: Bud

Espécie: Canina

Proprietário: Renata Buzzar Roo De Mendonça

Requisitante: Giovana Patricia De Oliveira E Souza Anderlini

Clínica: Pedigree Veterinaria

Endereço: Rua Professor Sandoval Arroxelas

Idade: 5a 1m 10d

Sexo: Macho

07/10/2017 Data:

27/08/2012 Dt. Nasc.:

Bulldog Frances Raça:

Telefone: (82) 3223-3040

CEP: 57020-560

Rua França Morel, 164 - Centro - Maceió - AL

Hemograma 1

Vlr Ref. Relativo

Material...: SANGUE COM E.D.T.A.

Equipamento: ProCyte Dx* Hematology Analyzer Vlr Ref. Absoluto

(invalid) Eritrograma

(invalid) 6,82 milhões/mm³ Eritrócitos.................. 5,5 A 8,5 milhões/mm³

(invalid) 15 g/dl Hemoglobina.................. 12,0 A 18,0 g/dl

(invalid) 46 % Hematócrito.................. 37 A 55 %

(invalid) 67,45 u³ V.c.m........................ 60 A 77 u³

(invalid) 21,99 pg H.c.m........................ 19,5 A 24,5 pg

(invalid) 32,61 g/dl C.h.c.m...................... 30 A 36 g/dl

(invalid) Leucograma

(invalid) 6,60 mil/mm³ Leucócitos................... 6,0 A 17,0 mil/mm³

(invalid) 0,00 % 0 /mm³ Mielócitos................... 0 %

(invalid) 0,00 % 0 /mm³ Metamielócitos............... 0 %

(invalid) 0,00 % 0 /mm³ Bastonetes................... 0 A 3 % - 0-510

(invalid) 68,00 % 4488 /mm³ Segmentados.................. 60 A 77 % 3.600 - 13.090

(invalid) 5,00 % 330 /mm³ Eosinófilos.................. 2 A 10 % 120 - 1.700

(invalid) 0,00 % 0 /mm³ Basófilos.................... 0 A 1 % 0 - 170

(invalid) 25,00 % 1650 /mm³ Linfócitos típicos........... 12 A 30 % 720 - 5100

(invalid) 0,00 % 0 /mm³ Linfócitos atípicos.......... 0 %

(invalid) 2,00 % 132 /mm³ Monócitos.................... 3 A 10 % 180 - 1.700

(invalid) 0,00 % 0 /mm³ Outros (*)...................

(invalid) 400 mil/mm³ Contagem plaquetária......... 200 a 500 mil/mm³

(invalid) Ausência de hemoparasitas nesta amostra. Pesquisa de hematozoários....

FERNANDA DANIELLE MARIA GONÇALVES - CRMV: 00746 Assinado eletronicamente por:

Page 24: familiaris): relato de caso de... · 2019. 9. 19. · B574t Bezerra, Tabath Caroline Barbosa Tumor de células da glia em cães (Canis lupus familiaris): relato de caso / Tabath Caroline

23

Nº OS: 112480 Animal: Bud

Espécie: Canina

Proprietário: Ligia Buzza De Mendonca

Requisitante: Ligia Buzza De Mendonca

Clínica: Particular

Endereço:

Idade: 5a 10m 9d

Sexo: Macho

06/07/2018 Data:

27/08/2012 Dt. Nasc.:

Bulldog Frances Raça:

Telefone: (82) 3223-3040

CEP: 57020-560

Rua França Morel, 164 - Centro - Maceió - AL

ANALISE HISTOPATOLOGICA (2-3 FRAG) SEM MARGEM Material...: PEÇA FIXADA EM FORMOL A 10%

(invalid) MACROSCOPIA

6 Fragmentos provenientes de necrópsia correspondente à: encéfalo e fígado.

MICROSCOPIA

ENCÉFALO:

AVALIAÇÃO HISTOPATOLÓGICA REVELA PERDA DA ARQUITETURA TECIDUAL ENCEFÁLICA,

DECORRENTE DA PROLIFERAÇÃO NEOPLÁSICA DIFUSA, ENTREMEADOS A INTENSO PADRÃO

NECRO HEMORRÁGICO E ACUMULO DE MATERIAL SEROSO. AS CÉLULAS NEOPLÁSICAS

APRESENTAM MORFOLOGIA ARREDONDADO A ALONGADA, FORMANDO ARRANJO VARIADOS EM

FOCOS SÓLIDOS, PALIÇADAS E ESBOÇOS TRABECULARES, ENTREMEADOS A INTENSA

NECROSE HEMORRÁGICA. O PLEOMÓRFISMO NUCLEAR É MODERADA, DESTACANDO DISCRETAS

CÉLULAS COM CARIOMEGALIA, NUCLÉOLOS EVIDENTES E ANISOCARIOSE MODERADA,

OBSERVAM-SE 3 FIGURAS DE MITOSE EM 10 CAMPOS DE MAIOR AUMENTO (40X).

O TECIDO ENCEFÁLICO PERIFÉRICO A PROLIFERAÇÃO NEOPLÁSICA APRESENTA-SE

COMPACTADO, COM ÁREAS DE DESORGANIZAÇÃO E ESBOÇOS DE GLIOSE E NECROSE

MODERADA.

FÍGADO: AVALIAÇÃO HISTOPATOLÓGICA REVELA PADRÃO DE CONGESTÃO TECIDUAL DIFUSA,

ENTREMEADOS A ÁREAS DE NECROSE HEMORRÁGICA, AGREGADOS DE LINFÓCITOS E

NEUTRÓFILOS PERIFÉRICOS DEGENERADOS. POR VEZES DESTACA-SE ESBOÇOS DE

DEGENERAÇÃO HEPATOCELULAR COM TRAÇOS DE COLESTASE.

Descrição.....................

(invalid) ENCÉFALO: PROLIFERAÇÃO NEOPLÁSICA DE PROVÁVEL ORIGEM GLIAL/ GLIOMA, SUGESTIVO

DE ASTROCITOMA DIFUSO.

FÍGADO: CONGESTÃO DIFUSA ENTREMEADOS A FOCOS NECRÓTICOS E DEGENERATIVOS.

Diagnóstico...................

(invalid) COMENTÁRIOS

O termo glioma é usado para tumores originados em células da glia:

astrocitomas, glioblastomas, oligodendrogliomas e ependimomas. Os

astrocitomas difusos bem diferenciados são considerados como grau II de

malignidade pela OMS. Os astrocitomas menos diferenciados são denominados

astrocitomas anaplásicos (grau III de malignidade), e os mais malignos,

glioblastoma multiforme (grau IV).

Observação....................

(invalid) Assinado eletronicamente por: Leonardo F. Pavan CRMV-SP 32587 Interpretação.................

SANDRA TRINDADE FAZIO DE ARECIPPO - CRMV: 0295 Assinado eletronicamente por: