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CENTRO UNIVERSITÁRIO CESMAC
TÁBATH CAROLINE BARBOSA BEZERRA
TUMOR DE CÉLULAS DA GLIA EM CÃES (Canis lupus
familiaris): relato de caso
MACEIÓ – AL
2018/02
TÁBATH CAROLINE BARBOSA BEZERRA
TUMOR DE CÉLULAS DA GLIA EM CÃES (Canis lupus
familiaris): relato de caso
Trabalho de conclusão de curso apresentado como
requisito final para conclusão do curso de Medicina
Veterinária, do Centro Universitário Cesmac, sob a
orientação da professora Prof. Ma. Lígia Buzzá Roo
de Mendonça Câmara e coorientação da Médica
Veterinária pós graduada em neurologia de pequenos
animais Joana d’Arc Gomes de Oliveira.
MACEIÓ – AL
2018/02
B574t Bezerra, Tabath Caroline Barbosa
Tumor de células da glia em cães (Canis lupus familiaris): relato de caso / Tabath Caroline Barbosa Bezerra. – Marechal Deodoro: 2018.
22 f.: il.
TCC (Graduação em Medicina Veterinária) – Centro Universitário CESMAC, Marechal Deodoro, AL, 2018.
Orientadora: Lígia Buzzá Roo de Mendonça Câmara. Co-
orientadora: Joana Gomes de Oliveira.
1. Sistema nervoso. 2. Tumor intracraniano. 3. Métodos de diagnostico. I. Câmara, Lígia Buzzá Roo de Mendonça. II. Oliveira, Joana Gomes de. III. Título.
CDU: 619
TÁBATH CAROLINE BARBOSA BEZERRA
TUMOR DE CÉLULAS DA GLIA EM CÃES (Canis lupus
familiaris): relato de caso
Trabalho de conclusão de curso apresentado como
requisito final para conclusão do curso de Medicina
Veterinária, do Centro Universitário Cesmac, sob a
orientação da professora Prof. Ma. Lígia Buzzá Roo
de Mendonça Câmara e coorientação da Médica
Veterinária pós graduada em neurologia de pequenos
animais Joana d’Arc Gomes de Oliveira.
APROVADO EM: 07/11/2018
Orientadora Ma. Lígia Buzzá Roo de Mendonça Câmara
BANCA EXAMINADORA
Giovana Patrícia de Oliveira e Souza Anderlini
Fernando Wiecheteck de Souza
AGRADECIMENTOS
À Deus, dele tirei forças para enfrentar todas as dificuldades ao longo desses
anos que enfrentei, e por ele ter traçado para minha vida a honra de exercer essa
profissão tão linda.
À minha família, sem a nossa união seria impossível essa grande conquista
para nós.
Aos meus professores que tentaram da melhor maneira transmitir seus
conhecimentos para me tornar uma boa profissional.
À professora Dra. Gilsan Aparecida de Oliveira, porque ela acreditou em mim,
me transmitiu um pouco do seu conhecimento e disciplina, o que me faz afirmar que
antes dela eu era uma aluna, e após ela me tornei uma aluna muito mais dedicada.
À professora Ma. Lígia Buzzá Roo de Mendonça Câmara, por ter sido mais
que uma educadora, uma amiga que aprendi a admirar e respeitar, e por me ajudar
a elaborar o meu trabalho de conclusão de curso que é algo extremamente difícil,
mas com todo o seu apoio se tornou algo simples.
Aos Médicos Veterinários Dr. Rinaldo Ferri e Dra. Giovana pela oportunidade
de passar um tempo estagiando em suas clínicas aprimorando meu aprendizado e
transmitindo um pouco de seu conhecimento.
As minhas amigas Hingrid, Hercilia, Juliana onde cada uma do seu jeito me
transmitiu apoio.
A minha avó Josefa, que eu tenho certeza que lá do céu vibra por cada
conquista minha, e me transmite uma força inigualável.
TUMOR DE CÉLULAS DA GLIA EM CÃES (Canis lupus familiaris): relato de caso
GLIA CELL TUMOR IN DOGS (Canis lupus familiaris): case report
Tábath Caroline Barbosa Bezerra Graduanda do Curso de Medicina Veterinária
Ligia Buzzá Roo de Mendonça Câmara Mestrado em Ciência Veterinária pela UFRPE
Joana d’Arc Gomes de Oliveira Pós-Graduação em Neurologia de Pequenos Animais
[email protected] RESUMO O Sistema Nervoso (SN) é composto de Sistema nervoso central (SNC) sendo esse responsável por enviar informações aos gânglios e músculos, e o sistema nervoso periférico (SNP) que recebe resposta dos órgãos e envia para o cérebro. Foi atendido em uma clínica veterinária particular, um canino da raça Bulldog Francês, 5 anos, macho, onde o tutor alegava paralisia facial do lado esquerdo, e que ao correr a região posterior do corpo lateralizava para a esquerda. Foi realizado uma avaliação neurológica confirmando a paralisia facial do lado esquerdo, porém não foi observado outras alterações durante os exames neurológicos. Com a evolução da doença houve o surgimento de manifestações neurológicas e o animal veio à óbito. Na necropsia foi visto uma massa tumoral ocupando toda a região do diencéfalo e região ventriculares onde após o exame de diagnóstico histopatológico foi constatado que o animal tinha um glioma do tipo astrocitoma. PALAVRAS-CHAVE: Sistema Nervoso. Tumor intracraniano. Métodos de diagnostico. ABSTRACT
The Nervous System (SN) is composed of the central nervous system (CNS) and is
responsible for sending information to the ganglia and muscles, and the peripheral
nervous system (SNP) that receives response from the organs and sends it to the
brain. He was attended in a private veterinary clinic, a French Bulldog canine, 5
years old, male, where the tutor alleged facial paralysis of the left side, and that when
running the posterior region of the body lateralized to the left. A neurological
evaluation was performed where it was possible to confirm this facial paralysis on the
left side, but the animal did not present other alterations during neurological exams.
With the evolution of the disease, the animal died. At necropsy a tumor mass was
observed in region of the diencephalon and ventricular region. After the examination
of histopathological diagnosis was verified that the animal had an astrocytoma type
glioma.
KEYWORDS: Nervous System. Intracranial tumor. Methods of diagnosis.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 7
2 RELATO DE CASO ................................................................................................. 9
3 DISCUSSÃO .......................................................................................................... 12
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 15
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 16
ANEXOS ................................................................................................................... 18
7
1 INTRODUÇÃO
O Sistema Nervoso (SN) é composto de Sistema nervoso central (SNC)
sendo esse responsável por enviar informações aos gânglios e músculos, e o
sistema nervoso periférico (SNP) que recebe resposta dos órgãos e envia para o
cérebro. E apesar de anatomicamente separadas, ambas as divisões estão
funcionalmente integradas (MARQUES, 2014).
Este sistema, juntamente com o sistema imune e sistema endócrino, tem um
papel importante para o organismo animal através de liberação de comandos e
substâncias, exercendo funções fundamentais para manter a homeostase (ALVES,
2010).
Devido a sua composição complexa, alterações em qualquer estrutura que
compõem o SN podem acarretar sérios prejuízos ao animal, como a tetraplegia ou
tetraparesia. Lesões neurológicas resultam em sinais clínicos específicos de acordo
com a neurolocalização (MARTINS; MELO, 2013).
A sua unidade funcional é o neurônio, responsável por enviar e receber
impulsos nervosos, auxiliado por uma rede de células chamada de células da glia ou
neuroglia que é composta por astrócitos, micróglia, oligodendrócitos, células de
Schwann e células ependimárias, que fornecem nutrientes aos neurônios enquanto
outras trabalham na defesa do SNC. Outra das suas funções é a manutenção dos
níveis iônicos em volta dos neurônios (MOREIRA, 2013).
As neoplasias intracranianas vêm se tornando habitual dentro da clínica de
pequenos animais, se destacando pelo aumento do número de casos
diagnosticados, isso principalmente devido aos métodos de diagnóstico por imagem
que vem fazendo cada vez mais parte da clínica médica. Essa patologia tem sua
importância devido aos prejuízos que ela causa aos animais acometidos durante sua
progressão (VASCONCELOS; HORTA; LAVALLE, 2013).
Tendo como princípio primário básico mutações gênicas, espontâneas ou
induzidas por fatores ambientais, uma vez instalada as células envolvidas nessa
enfermidade começam a se multiplicar de forma desordenada gerando assim
massas tumorais. Quando surgem no SNC são dificilmente removidas e geram
grandes complicações devido o efeito que a massa gera e a compressão do
encéfalo ou da medula espinhal. Convulsões podem ser o primeiro sinal de tumor
cerebral e o mais comum (FRAGA et al., 2014).
8
Outros sinais podem aparecer, como alterações de déficit de propriocepção,
paralisia parcial ou total de face ou membros, demência, andar cambaleante,
espasmo muscular entre outros. O SNC está organizado de uma forma lógica de
modo que os sinais clínicos apresentados pelos cães com tumores intracranianos
traduzem lesões de em áreas neuro-anatômicas bem definidas (JESUS, 2011).
Os tumores cerebrais são classificados de acordo com a sua origem no tecido
neuroepitelial, meninges, sela túrcica, linfáticos e hematopoiéticos (DINIZ, 2007). Os
sinais neurológicos decorrentes de neoplasias intracranianas dependem da
localização, extensão e taxa de crescimento da neoformação (HORTA et al., 2013).
Para diagnosticar essa patologia, além de uma avaliação criteriosa realizada
pelo Médico Veterinário, são realizados exames de imagem complementares, como
a tomografia computadorizada e a ressonância magnética, porém para diagnóstico o
definitivo é indispensável a realização de exame histopatológico (SILVA et al., 2014).
A coluna vertebral apresenta um canal que é responsável pela passagem e
proteção da medula espinhal nas espécies. Alterações em sua anatomia como
discopatias, neoplasias ósseas e hemivertebras podem gerar alterações no animal
que se assemelham a problemas neurológicos, podendo levar a ataxia, paresia ou
paralisia dos membros (PENHA, 2010).
Caso a doença culmine no óbito do paciente sem diagnóstico definitivo, é
possível realizar necropsia, com coleta e envio de fragmentos teciduais para
avaliação histopatológica, sendo esta técnica associada ao exame
imunohistoquímico. Através dela, deve-se classificar o tipo de tumor e manter um
padrão de descrição para que haja uma homogeneidade no intercâmbio das
informações com qualquer que seja o nível da comunicação, entre profissionais,
instituições ou até mesmo países (DINIZ, 2013).
Devido a importância da oncologia na medicina veterinária, seu crescimento e
a necessidade de um entendimento cada vez maior pelo médico veterinário, optou-
se por fazer um relato de caso para obter um apanhado a respeito do tema e
abranger o conhecimento sobre o acometimento de cães (canis lupus familiares) por
tumores de células da glia.
9
2 RELATO DE CASO
Foi atendido em uma clínica veterinária particular, um canino da raça Bulldog
Francês, 5 anos, macho, com histórico de paralisia facial do lado esquerdo (Figura
1), e que ao correr a região posterior do corpo lateralizava para a esquerda. Na
consulta com o clinico geral, o paciente apresentava tremores musculares e intensa
algesia.
O animal foi colocado em fluidoterapia e administrado o suplemento
vitamínico Bionew 0,2ml/kg, ranitidina 2mg/kg, cerenia 1 mg/kg e tramadol 3mg/kg e
solicitados os exames: Hemograma, contagem plaquetária e os bioquímicos T.G.P
(ALT), creatinina e glicose no qual estavam dentro da normalidade, radiografia
torácica e coluna total, sendo visibilizadas alterações nas vértebras cervicais de C2
à C7 com ênfase em C5-6 onde foi sugerido pelo radiologista veterinário uma
possível discopatia e alterações morfológicas em corpos vertebrais torácicos, T6 à
T11, T13, L1, L2 e L3, em diferentes graus. E uma importante alteração morfologica
em corpo vertebral L2 (hemivértebra). Após estes achados o paciente foi
encaminhado para o atendimento com neurologista veterinário.
Figura 1 - Imagem demonstra a paralisia facial. Fonte: Cedida pelo tutor.
Durante avaliação realizada pelo neurologista observou-se que o mesmo não
apresentava alterações em seu estado mental, e durante a avaliação dos pares de
nervos cranianos, também não foram observadas alterações.
10
Diante da queixa principal de paralisia facial do lado esquerdo, foram
realizados os testes de resposta a ameaça para avaliar o nervo facial, óptico e a
região cortical, reflexo pupilar fotomotor para testar o ramo parassimpático, reflexo
palpebral e sensibilidade facial, nasal e simetria facial, no qual avalia o nervo
trigêmeo e facial e o córtex. Devido ao seu arqueamento de coluna e as diminuições
de espaços intervertebrais em diferentes graus e localizações, predisposição racial e
ausência de alterações nos testes neurológicos, fez com que seu diagnóstico
presuntivo fosse de lesão em coluna cervical.
Foi instituído inicialmente um tratamento para casa com Prediderm
0,7mg/kg/sid antiinflamatório esteroide a base de Prednisolona, Tramadol 3mg/kg/tid
e Dipirona 25mg/kg/sid, e após nove dias de tratamento o paciente retornou
apresentando melhora em seu quadro.
Em fevereiro o animal apresentou uma piora demonstrando olhar distante,
ausência de reação a estímulos, ataxia, incoordenação motora, ocorreu evolução da
paralisia unilateral para uma bilateral (Figura 2) e convulsões. Devido a progressão
da doença e ao nível de comprometimento das funções fisiológicas causadas por ela
o animal veio a óbito, sendo levado ao laboratório de patologia do Centro
Universitário CESMAC para necropsia e coleta de material para exame
histopatológico.
Figura 2 - Imagem demonstra para- lisia facial bilateral. Fonte: Cedida pelo tutor.
11
Nos achados de necropsia observou-se massa tumoral ao corte longitudinal a
nível de corpo caloso, essa massa apresentava aspecto gelatinoso, friável, amarela,
serosanguinolento, ocupando toda a região do diencéfalo, região ventriculares,
comprometendo boa parte da substancia branca (Figura 3).
Figura 3 - Massa tumoral em corte longi- tudinal. Fonte: Prof. Kézia dos Santos Carvalho.
Após a retirada do encéfalo os principais achados foram a deformação de
estruturas como corpo mamilar, infundíbulo e túbercinéreo.
Foi realizado um teste citológico de imediato, para facilitar a diferenciação do
material observado entre absesso e tumor. Na microscopia foi visibilizada intensa
proliferação de células tumorais apresentando acentuado pleomorfismo nuclear e
intensa anisocáriose com núcleo intensamente roxo e com escasso citoplasma
anfofilico (Figura 4). Sendo essas características sugestivas de tumor de células da
glia.
12
Figura 4 - Células visualizadas em microscopia.
Fonte: Prof. Kézia dos Santos Carvalho.
Para a confirmação do diagnóstico do tipo de tumor intracraniano, foram
coletadas amostras de fragmentos do encéfalo durante a necropsia, e encaminhado
ao laboratório. A avaliação histopatológica revelou perda da arquitetura tecidual
encefálica, decorrente da proliferação neoplásica difusa, entremeados a intenso
padrão necro hemorrágico e acumulo de material seroso. As células neoplásicas
apresentam morfologia arredondado a alongada, formando arranjo variados em
focos sólidos, paliçadas e esboços trabeculares, entremeados a intensa necrose
hemorrágica. O pleomórfismo nuclear era moderado, destacando discretas células
com cariomegalia, nucléolos evidentes e anisocarise moderada. Com base nos
achados histológicos foi determinado uma massa de proliferação neoplásica de
provável origem glial/glioma, sugestivo de astrocitoma difuso.
3 DISCUSSÃO
O animal do estudo apresentava um quadro crônico-progressivo em
decorrência do tumor apresentar um crescimento lento. Porém apesar disso era um
paciente que não apresentava sinais clínicos que se assemelhavam a patologias
neurológicas, o que não foi relatado por Fraga et al. (2014). Além da ausência de
sinais clínicos, a raça do estudo apresenta predisposição genética para alterações
de coluna vertebral o que levou a crer que se tratava de uma alteração na coluna
vertebral, corroborando com as informações de Penha (2010), quando ele afirma
13
que a presença de hemivértebras é bastante observada em cães de cauda torcida,
como o Bulldog inglês, Bulldog Francês e Boston Terrier.
Métodos de diagnóstico por imagem (tomografia e ressonância) seriam
indispensáveis para a confirmação da patologia quando o animal ainda está vivo, e
apesar de ter sido solicitados durante as avaliações, o mesmo não pode fazer
devido ao óbito. Esses exames além da confirmação da doença, podem auxiliar na
localização, na diferenciação em benigno ou maligno e sua dimensão, auxiliando o
prognóstico do paciente, corroborando com as afirmações de Jimenez (2010)
quando afirma que com a tomografia computadorizada pode-se chegar muito
próximo ao diagnóstico definitivo da neoplasia encefálica sem a realização do exame
histopatológico.
Diniz (2007), afirma que tumores intracranianos são considerados comuns
apesar dos baixos números relatados. Acredita-se que pacientes com alterações
neurologias sejam passiveis de destes tumores, porém seus sinais inespecíficos e
limitação na realização dos exames de imagem (tomografia computadorizada e
ressonância magnética) dificultam o diagnóstico. Segundo Fraga et al. (2014)
afirmam que o déficits de propriocepção, ausência do reflexo de ameaça,
hipoalgesia ou analgesia nasal, são sinais clínicos compatíveis com presença de
tumores intracranianos, no entanto não foram observados no paciente relatado.
Estruturas como corpo mamilar, infundíbulo e tubercinéreo foram
completamente afetadas pela massa tumoral no paciente relatado, o que gerou um
comprometimento a sua fisiologia, pois fazem parte do estado de vigília, regulação
da temperatura entre outros papeis importantes. Devido ao hipotálamo está ligado a
hipófise pelo infundíbulo e essa ligação está responsável por manutenções
neuroendócrinas e autônomas, massas que causem compressão nessas estruturas
levam a alterações neurológicas, porém os sinais são inespecíficos nos animais
acometidos e o que determina é a localização do tumor associado a sua taxa de
crescimento. A convulsão é o sinal clínico mais comum nos animais afetados, onde
são as regiões cerebral, o de diencefálico as afetadas para o surgimento desse
quadro e o que faz ter uma grande suspeita desse tipo de patologia no paciente
descrito. O que corrobora com Oliveira, Marcasso e Arias (2016) quando dizem que
os cães apresentam sinais inespecíficos e lentamente progressivos, ocorrendo
alterações comportamentais sutis no temperamento que progridem ao longo de
vários meses, até que ocorra a disfunção neurológica evidente.
14
Os achados histopatológicos e os clínicos com a piora do animal
posteriormente aos primeiros atendimentos, concluem que a morte do animal foi
causada por um tumor primário, proveniente de célula glial sendo do tipo astrócito e
que essas analises específicas foram indispensáveis tanto para um diagnóstico
conclusivo do óbito desse cão. De acordo com os resultados histopatológicos a
massa tumoral é classificada em um astrocitoma difuso devido a apresentação das
células presentes na amostra coletada onde a morfologia arredondada e alongada
formando arranjo variados em focos sólidos, palidaços e esboços trabeculares,
entremeados a intensa necrose hemorrágica é confirmada por Lima et al. (2015)
quando diz que um glioma multiforme diferencia-se pela necrose com aspecto de
pseudopaliçada, ou seja, áreas multifocais de necrose e hemorragia rodeadas por
pequenas células tumorais fusiformes.
Sua apresentação clinica com relação a literatura e a outros animais
acometidos citados era atípica, já que inicialmente seu quadro clinico não
demonstrava apresentar alteração em SNC devido ao animal apresentar seus
reflexos preservados não ter quadros convulsivos, nem qualquer alteração que
pudesse relacionar com alguma região do encéfalo afetada. Em detrimento a sua
cifose suspeitou-se de afecção de coluna cervical. O que durante o estudo de
Jimenez (2010) com vinte animais, os quais apresentavam sintomatologia de acordo
com a área do encéfalo afetado pelo tumor. Em um dos casos o animal apresentava
com convulsões há um ano, com frequência mensal, além do animal apresentar
esporadicamente, pressão da cabeça contra um obstáculo e sinais de alteração
comportamental, tal como micção em locais inadequados.
15
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
As células da glia tem importância fundamental na manutenção do sistema
nervoso já que elas são responsáveis pela proteção e manutenção dos neurônios.
Tumores envolvendo estas células podem gerar comprometimento que causam
grandes problemas a vida do animal acometido, visto que estas massas são
capazes de afetar o organismo como um todo. Trazendo comprometimento a
coordenação, propriocepção e nocicepção. Para esse tipo de patologia o diagnóstico
por imagem é o maior aliado do clinico, sendo os principais tomografia
computadorizada, ressonância magnética. Além deles, caso a doença culmine no
óbito do animal podemos realizar a biopsia, o histopatológico e o histoquímico,
sendo este último um método aplicado para diferenciar os tipos de tumores. Relatos
como estes são relevantes para a comunidade veterinária por se tratar de um
paciente jovem-adulto com sintomatologia atípica para este tipo de tumor, trazendo
reflexão de um diagnóstico diferencial importante.
16
REFERÊNCIAS
ALVES, G.J.; NETO J. P. Neuroimunomodulação: influências do sistema imune sobre o sistema nervoso central. Rev Neurocienc, n. 2, p. 214-219, 2010. DINIZ, S. A. Neoplasias intracranianas em cães: uma abordagem diagnóstica. 78 f. Dissertação (mestrado). Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, São Paulo, 2007. FRAGA, C. A. T. et al. Alterações neurológicas associadas a tumor cerebral. PUBVET, n. 23, Dez. 2014. HORTA, R. S. et al. Neoplasias intracranianas em pequenos animais – Revisão de literatura. Acta Veterinaria Brasilica, n. 4, p. 272-281, 2013. JESUS, S. O. T. S. Estudo de gliomas cerebrais no cão, padrões imagiológicos, estudo das mutações de P53, expressão dos receptores do factor de cresimento epidérimico (EGFR), e marcadores imunohistoquímicos. 114f. Tese (Doutorado). Universidade de Lisboa, Lisboa, 2011. JIMENEZ, C. D. Relação entre os sinais clínicos e neurológicos e os achados tomográficos de 20 cães com suspeita de neoplasia intracraniana. 216 f. Dissertação (Mestrado). Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade Estadual Paulista, Botucatu, 2010. LIMA, et al. Caracterização morfológica de tumores cerebrais primários neuroeptelias não embrionários em cães. In: 42º CONGRESSO BRAS. DE MEDICINA VETERINÁRIA E 1º CONGRESSO SUL-BRASILEIRO DA ANCLIVEPA, 2015, Curitiba. Anais eletrônicos. Cuiabá, Mato Grosso: UFMT, 2015. p. 1309 – 1313. MARQUES, M. L. C. G. Estudo imunohistoquímico da expressão da micróglia nos tumores gliais. 108f. Dissertação (Mestrado). Universidade de Lisboa, Lisboa, 2014. MARTINS B. C.; MELO E. G. Localização das lesões neurológicas. Cadernos técnicos de veterinária e zootecnia, n. 27, v. 69, p. 39-49, 2013. MOREIRA, C. Neurónio. Revista de Ciência Elementar. n. 1, p. 1, 2013. OLIVEIRA, H. E. V.; MARCASSO, R. A.; ARIAS, M. V. B. Doenças cerebrais no cão idoso. Medvep - Revista científica de medicina veterinária - Pequenos Animais e Animais de Estimação, n. 12, v. 45, p.1-15, 2016. PENHA, E. M. et. al. Hemivértebras com fusão vertebral em cão – Relato de caso. PUBVET, Londrina, v. 4, n. 21, p. 1-13, 2010. SANTOS, R. et al. Neoplasias do sistema nervoso central em cães e gatos. Cadernos técnicos de veterinária e zootecnia, n. 27, v. 69, p. 39-49, 2013.
17
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18
ANEXOS
19
20
21
22
Nº OS: 99826 Animal: Bud
Espécie: Canina
Proprietário: Renata Buzzar Roo De Mendonça
Requisitante: Giovana Patricia De Oliveira E Souza Anderlini
Clínica: Pedigree Veterinaria
Endereço: Rua Professor Sandoval Arroxelas
Idade: 5a 1m 10d
Sexo: Macho
07/10/2017 Data:
27/08/2012 Dt. Nasc.:
Bulldog Frances Raça:
Telefone: (82) 3223-3040
CEP: 57020-560
Rua França Morel, 164 - Centro - Maceió - AL
Hemograma 1
Vlr Ref. Relativo
Material...: SANGUE COM E.D.T.A.
Equipamento: ProCyte Dx* Hematology Analyzer Vlr Ref. Absoluto
(invalid) Eritrograma
(invalid) 6,82 milhões/mm³ Eritrócitos.................. 5,5 A 8,5 milhões/mm³
(invalid) 15 g/dl Hemoglobina.................. 12,0 A 18,0 g/dl
(invalid) 46 % Hematócrito.................. 37 A 55 %
(invalid) 67,45 u³ V.c.m........................ 60 A 77 u³
(invalid) 21,99 pg H.c.m........................ 19,5 A 24,5 pg
(invalid) 32,61 g/dl C.h.c.m...................... 30 A 36 g/dl
(invalid) Leucograma
(invalid) 6,60 mil/mm³ Leucócitos................... 6,0 A 17,0 mil/mm³
(invalid) 0,00 % 0 /mm³ Mielócitos................... 0 %
(invalid) 0,00 % 0 /mm³ Metamielócitos............... 0 %
(invalid) 0,00 % 0 /mm³ Bastonetes................... 0 A 3 % - 0-510
(invalid) 68,00 % 4488 /mm³ Segmentados.................. 60 A 77 % 3.600 - 13.090
(invalid) 5,00 % 330 /mm³ Eosinófilos.................. 2 A 10 % 120 - 1.700
(invalid) 0,00 % 0 /mm³ Basófilos.................... 0 A 1 % 0 - 170
(invalid) 25,00 % 1650 /mm³ Linfócitos típicos........... 12 A 30 % 720 - 5100
(invalid) 0,00 % 0 /mm³ Linfócitos atípicos.......... 0 %
(invalid) 2,00 % 132 /mm³ Monócitos.................... 3 A 10 % 180 - 1.700
(invalid) 0,00 % 0 /mm³ Outros (*)...................
(invalid) 400 mil/mm³ Contagem plaquetária......... 200 a 500 mil/mm³
(invalid) Ausência de hemoparasitas nesta amostra. Pesquisa de hematozoários....
FERNANDA DANIELLE MARIA GONÇALVES - CRMV: 00746 Assinado eletronicamente por:
23
Nº OS: 112480 Animal: Bud
Espécie: Canina
Proprietário: Ligia Buzza De Mendonca
Requisitante: Ligia Buzza De Mendonca
Clínica: Particular
Endereço:
Idade: 5a 10m 9d
Sexo: Macho
06/07/2018 Data:
27/08/2012 Dt. Nasc.:
Bulldog Frances Raça:
Telefone: (82) 3223-3040
CEP: 57020-560
Rua França Morel, 164 - Centro - Maceió - AL
ANALISE HISTOPATOLOGICA (2-3 FRAG) SEM MARGEM Material...: PEÇA FIXADA EM FORMOL A 10%
(invalid) MACROSCOPIA
6 Fragmentos provenientes de necrópsia correspondente à: encéfalo e fígado.
MICROSCOPIA
ENCÉFALO:
AVALIAÇÃO HISTOPATOLÓGICA REVELA PERDA DA ARQUITETURA TECIDUAL ENCEFÁLICA,
DECORRENTE DA PROLIFERAÇÃO NEOPLÁSICA DIFUSA, ENTREMEADOS A INTENSO PADRÃO
NECRO HEMORRÁGICO E ACUMULO DE MATERIAL SEROSO. AS CÉLULAS NEOPLÁSICAS
APRESENTAM MORFOLOGIA ARREDONDADO A ALONGADA, FORMANDO ARRANJO VARIADOS EM
FOCOS SÓLIDOS, PALIÇADAS E ESBOÇOS TRABECULARES, ENTREMEADOS A INTENSA
NECROSE HEMORRÁGICA. O PLEOMÓRFISMO NUCLEAR É MODERADA, DESTACANDO DISCRETAS
CÉLULAS COM CARIOMEGALIA, NUCLÉOLOS EVIDENTES E ANISOCARIOSE MODERADA,
OBSERVAM-SE 3 FIGURAS DE MITOSE EM 10 CAMPOS DE MAIOR AUMENTO (40X).
O TECIDO ENCEFÁLICO PERIFÉRICO A PROLIFERAÇÃO NEOPLÁSICA APRESENTA-SE
COMPACTADO, COM ÁREAS DE DESORGANIZAÇÃO E ESBOÇOS DE GLIOSE E NECROSE
MODERADA.
FÍGADO: AVALIAÇÃO HISTOPATOLÓGICA REVELA PADRÃO DE CONGESTÃO TECIDUAL DIFUSA,
ENTREMEADOS A ÁREAS DE NECROSE HEMORRÁGICA, AGREGADOS DE LINFÓCITOS E
NEUTRÓFILOS PERIFÉRICOS DEGENERADOS. POR VEZES DESTACA-SE ESBOÇOS DE
DEGENERAÇÃO HEPATOCELULAR COM TRAÇOS DE COLESTASE.
Descrição.....................
(invalid) ENCÉFALO: PROLIFERAÇÃO NEOPLÁSICA DE PROVÁVEL ORIGEM GLIAL/ GLIOMA, SUGESTIVO
DE ASTROCITOMA DIFUSO.
FÍGADO: CONGESTÃO DIFUSA ENTREMEADOS A FOCOS NECRÓTICOS E DEGENERATIVOS.
Diagnóstico...................
(invalid) COMENTÁRIOS
O termo glioma é usado para tumores originados em células da glia:
astrocitomas, glioblastomas, oligodendrogliomas e ependimomas. Os
astrocitomas difusos bem diferenciados são considerados como grau II de
malignidade pela OMS. Os astrocitomas menos diferenciados são denominados
astrocitomas anaplásicos (grau III de malignidade), e os mais malignos,
glioblastoma multiforme (grau IV).
Observação....................
(invalid) Assinado eletronicamente por: Leonardo F. Pavan CRMV-SP 32587 Interpretação.................
SANDRA TRINDADE FAZIO DE ARECIPPO - CRMV: 0295 Assinado eletronicamente por: