Família é referência em criação de animais, produção e artesanato no Sertão do Moxotó

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Simone Bezerra, 34 anos, moradora do Sítio Poços, em Arcoverde-PE, é uma das pessoas que fazem a diferença na região. Na sua comunidade quase não se vê criação de animais e produção agrícola bem sucedida. Simone cria uma variedade de animais e ainda possui uma horta com diversos tipos de plantas numa propriedade de dois hectares. Casada com Paulo Francisco e mãe de Augusto, de 12 anos e Ariane, de 17 anos, a família mora com os pais de Simone, e vivem no sítio a mais de 20 anos. Uma família sustentável Reaproveitando a água do banheiro através de encanação, a horta é abastecida com esta água, chamada também de água cinza, que é ecologicamente aceitável para reuso no caso de rega de plantas. Na horta tem diversos tipos de hortaliças, frutas e plantas medicinais: erva-doce, tomate, cidreira, capim santo, hortelã, limão, manga, abacate, abacaxi, acerola, mamão, limão, goiaba, pinha, couve, coentro, cebolinha e arruda. A família tem orgulho de obter, mesmo em meio a estiagem, uma alimentação sem agrotóxicos e rica em nutrientes. Quando a produção aumenta, a família comercializa o excedente na vizinhança. A criação de animais A família ainda possui uma criação de boi, cavalos, bodes e galinhas, que são dessedentados com água de carro pipa, até pelo menos a cisterna de enxurrada, que vão receber do Uma Terra e Duas Águas (P1 + 2)chegar, uma vez que a família foi contemplada com o programa. Por enquanto a família possui a cisterna de 16 mil litros, que Simone afirma que mudou a sua vida grandemente, pois agora existe aonde estocara água. Ela ainda aproveita outros reservatórios para guardar água por enquanto. A família sobrevive hoje com um salário mínimo, proveniente da aposentadoria da mãe dela, e também do comércio do leite, cujo gado é Pernambuco Ano 6 | nº 970 | nov | 2012 Arcoverde - Pernambuco Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Família é referência em criação de animais, produção e artesanato no Sertão do Moxotó. 1 Simone com a mãe, D. Lurdes, na cisterna de 16 mil litros A criação de cavalos do sítio

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Simone Bezerra, 34 anos, moradora do Sítio Poços, em Arcoverde-PE, é uma das pessoas que fazem a diferença na região. Na sua comunidade quase não se vê criação de animais e produção agrícola bem sucedida. Simone cria uma variedade de animais e ainda possui uma horta com diversos tipos de plantas numa propriedade de dois hectares. Casada com Paulo Francisco e mãe de Augusto, de 12 anos e Ariane, de 17 anos, a família mora com os pais de Simone, e vivem no sítio a mais de 20 anos.

Uma família sustentável

Reaproveitando a água do banheiro através de encanação, a horta é abastecida com esta água, chamada também de água cinza, que é ecologicamente aceitável para reuso no caso de rega de plantas. Na horta tem diversos tipos de hortaliças, frutas e plantas medicinais: erva-doce, tomate, cidreira, capim santo, hortelã, limão, manga, abacate, abacaxi, acerola, mamão, limão, goiaba, pinha, couve, coentro, cebolinha e arruda. A família tem orgulho de obter, mesmo em meio a estiagem, uma alimentação sem agrotóxicos e rica em nutrientes. Quando a produção aumenta, a família comercializa o excedente na vizinhança.

A criação de animais

A família ainda possui uma criação de boi, cava los, bodes e ga l inhas, que são dessedentados com água de carro pipa, até pelo menos a cisterna de enxurrada, que vão receber do Uma Terra e Duas Águas (P1 + 2)chegar, uma vez que a família foi contemplada com o programa. Por enquanto a família possui a cisterna de 16 mil litros, que Simone afirma que mudou a sua vida grandemente, pois agora existe aonde estocara água. Ela ainda aproveita outros reservatórios para guardar água por enquanto.

A família sobrevive hoje com um salário mínimo, proveniente da aposentadoria da mãe dela, e também do comércio do leite, cujo gado é

Pernambuco

Ano 6 | nº 970 | nov | 2012Arcoverde - Pernambuco

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Família é referência em criação de animais, produção e artesanato no Sertão

do Moxotó.

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Simone com a mãe, D. Lurdes, na cisterna de 16 mil litros

A criação de cavalos do sítio

alimentado com mandacaru e facheiro, que é trazido todos os dias da Paraíba, a uma hora e meia de distância, na carroça, aonde Simone vai com o marido. Após esse processo, a vegetação é queimada para liberar os espinhos e passada por uma máquina de trituração antes de ser dada aos animais. E enquanto isso, seu filho, Augusto, de 12 anos, retira o leite das cabras para venda. O processo é trabalhoso e até perigoso, pois, Sr. Paulo já foi até ferido pelos espinhos do mandacaru e precisou ser hospitalizado, porém a família, mostrando a força do povo sertanejo, não desanima, e espera em Deus, e com muito trabalho, por dias melhores e chuva para encher de água as cisternas.

A história do artesanato

Simone, mesmo com a vida cheia de afazeres, ainda encontra tempo para artesanato. De uma forma ecologicamente adequada, a família reaproveita os troncos de mandacaru, algaroba e mulungu para fazer bancos e poltronas. Ainda não existe uma comercialização do material, porém Simone pensa em mais tarde vender os artesanatos para melhorar a renda familiar, uma atividade chamada de pluriatividade.

Augusto, o filho de Simone e Sr. Paulo, ao invés dos brinquedos comprados em lojas, tem uma variedade de roupas e acessórios de vaqueiro, além de troféus de vaquejada, que enfeitam a parede do seu quarto, e pelos quais tem orgulho de ser um menino do sítio. Seu desejo é estudar para ajudar mais ainda os pais na propriedade em quem vivem. Diferente dos jovens que são incentivados a estudar para deixar o local rural em que mora, Augusto gosta da sua casa, da cooperação que dá aos pais no trabalho com os animais e enfim, de todo contexto em que está inserido, mostrando amor pela terra e raízes, tão importantes a todo ser humano.

D. Lurdes, mãe de Simone e moradora do sítio, é uma das pessoas mais articuladas da região, participa ativamente das reuniões na associação de moradores e como representante da Comissão Municipal da ASA em Arcoverde tendo ido até para o Encontro Nacional da ASA (EnconASA) em Januária/MG, no período de 19 a 23 de novembro de 2012. D. Lurdes participou da delegação da ASA Pernambuco com mais 48 pessoas.

Mesmo diante de uma vida cheia de desafios e muito trabalho, Simone e a família gostam de viver no sítio e são muito felizes, e animados, esperando sempre por dias melhores. O sonho de Simone é ter água com facilidade para aumentar a horta e diversificar ainda mais os tipos de plantas, e este sonho está quase se tornando realidade, tão logo seja implantada na sua propriedade a cisterna de enxurrada pela Diocese de Pesqueira.

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Bancos artesanais: produção familiar

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