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Falando sobre o modernismo a partir do uso de recursos educacionais abertos e de abordagens mídias-educativas Ana Paula Ferreira Sebastião 1 , Alexandra Bujokas de Siqueira 2 1 UFTM/CEaD/ [email protected] 2 UFTM/ Departamento de Filoso=ia e Ciências Sociais/ alexandra.siqueira@u=tm.edu.br Resumo Este artigo tem como objetivo descrever uma aula de um MOOC para professores de português do ensino médio que teve como foco principal apresentar alguns dos personagens da semana de arte moderna de 1922 utilizando-se de recursos educacionais abertos (REA) digitais e de abordagens mídia-educativas. Palavras-chave: Material didático. Recursos Educacionais Abertos. Mídia-educação. Modernismo. Abstract – This paper aims to describe a class of a MOOC for high school teachers of Portuguese that had as main focus to present some of the characters of the week of modern art of 1922 using digital open educational resources (REA) and media education approaches. Keywords: Teaching Material. Open educational resources. Media education. Modernism.

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Falando sobre o modernismo a partir do uso de recursoseducacionais abertos e de abordagens mídias-educativas

Ana Paula Ferreira Sebastião1 , Alexandra Bujokas de Siqueira2

1UFTM/CEaD/ [email protected] UFTM/ Departamento de Filoso=ia e Ciências Sociais/ alexandra.siqueira@u=tm.edu.br

Resumo – Este artigo tem como objetivo descrever uma aula de um MOOC para professores de português do ensino médio que teve como foco principal apresentar alguns dos personagens da semana de arte moderna de 1922 utilizando-se de recursos educacionais abertos (REA) digitais e de abordagens mídia-educativas.

Palavras-chave: Material didático. Recursos Educacionais Abertos. Mídia-educação. Modernismo.

Abstract – This paper aims to describe a class of a MOOC for high school teachers of Portuguese that had as main focus to present some of the characters of the week of modern art of 1922 using digital open educational resources (REA) and media education approaches.

Keywords: Teaching Material. Open educational resources. Media education. Modernism.

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1 Caminhos possíveis para uma aprendizagem com e sobre as mídias

Não desprezando os inúmeros desaf ios a serem vencidos tanto em relação à aquisição quanto à qualidade do acesso aos dispositivos e redes é impossível negar que as mídias, principalmente as digitais, f azem parte do cotidiano da maior parte das crianças e jovens no Brasil.

Segundo estimativa realizada em todo o país pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) , no período de novembro de 2016 a junho de 2017, aproximadamente “oito em cada dez crianças e adolescentes (82%) com idades entre 9 e 17 anos são usuários de Internet, o que corresponde a 24,3 milhões de crianças e adolescentes em todo o país”. (CGI.br, 2017a, p. 24)

Em outro levantamento, agora ref erente ao uso das tecnologias de inf ormação e comunicação (TIC) nas escolas brasileiras particulares e públicas (estaduais e municipais) localizadas em áreas urbanas, esse comitê aplicou um questionário ao seguinte público:professores e respectivos alunos do 6º e 9º ano do ensino fundamental e do 2º ano doensino médio, coordenadores pedagógicos e professores. (CGI.br, 2016b, p. 69).

E dentre outras informações esse documento revelou que em 2016: 95% das escolas públicas e 98% das escolas privadas possuíam no mínimo um computador conectado à internet; 51% dos alunos da rede pública e 60% da rede particular afirmaram ter realizado atividades solicitadas pelos professores utilizando celulares; sendo esse aparelho o mais utilizado (93%) pelos alunos em geral e considerado o “principal meio de acesso aos recursos da cultura digital para os alunos de escola pública”. (CGI.br, 2016b, p. 105).

Ainda nessa pesquisa outros dois aspectos foram abordados: o uso crítico das mídias para além de seu aspecto instrumental e o uso de Recursos Educacionais Abertos (REA) por professores.

A respeito do primeiro ponto temos um documento oficial a Base Nacional Curricular Comum (BNCC) que em dentre outras demandas aponta as seguintes competências para a Educação Básica:

Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva. (BRASIL, 2017, p. 9).

Para atender essa demanda da BNCC um dos modos possíveis é por meio da utilização de abordagens mídia-educativas associadas a um componente escolar.

A mídia-educação é uma “área interdisciplinar do conhecimento que se preocupa emdesenvolver formas de ensinar e aprender aspectos relevantes da inserção dos meios decomunicação na sociedade”(SIQUEIRA, 2012, p. 239). Logo, segundo essa autora o resultadodessas ações pedagógicas “que envolvem, necessariamente, a compreensão crítica e aparticipação ativa” é o letramento em mídia.

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Já em relação ao outro aspecto abordado no documento elaborado pelo CGI.br tem-se o uso de REA que podem ser entendidos como

materiais de ensino, aprendizado e pesquisa em qualquer meio disponível nodomínio público, que foram disponibilizados com licenças abertas, permitindoacesso, uso, redestinação, reutilização e redistribuição por terceiros, com poucas ousem nenhuma restrição. (UNESCO, 2015)

A pesquisa do CGI.br apontou que dentre os professores respondentes os recursosdigitais mais utilizados estavam as questões de provas e avaliações, imagens, notícias, filmes,fotos, videoaulas.

É no esteio desse cenário apresentado, que exige novas competências não apenas para os alunos mas também para os professores em relação ao uso das mídias para além de seu aspecto instrumental, que esse artigo descreve uma proposta de aula sobre o personagem da semana de arte moderna de 1922, Mário de Andrade, por meio do uso de recursos educacionais abertos e de abordagens mídia-educativas. Essa aula faz parte de um Massive Open Online Course (MOOC) 1 para professores que teve como referência um experimento presencial realizado pelo Grupo de Pesquisa “Educação, Mídia e Novas Cidadanias” da Universidade Federal do Triângulo Mineiro com docentes e alunos do ensino médio de uma escola pública em Uberaba-MG.

1.1 Mídia-educação

O ensino de mídia-educação já faz parte do currículo escolar de vários países, como exemplo podem ser citados: Estados Unidos, Canadá, Inglaterra, França, Argentina, África e Reino Unido. Nesse último a educação para os meios existe há mais de setenta anos, sendo o pesquisador David Buckingham uma das principais referências em pesquisas envolvendo educação para os meios de comunicação e as interações de criança e jovens com a mídia (GIRARDELLO, 1999).

Para esse pesquisador a necessidade de ensinar-se mídia-educação nas escolas justifica-se diante da

onipresença das mídias na vida social, principalmente na vida dos jovens, como elementos importantes da cultura contemporânea, como meios potenciais de participação ativa do cidadão e como f erramentas de expressão da criatividade pessoal. Ressalta também a importância cada vez maior da mídia-educação para

1 Esse MOOC foi objeto da dissertação de mestrado intitulada “Produção e análise de MOOC para professores do Ensino Médio: estudando manifestações da Semana de Arte Moderna com abordagens da Mídia-educação e recursos educacionais abertos” desenvolvida sob orientação da Profª Drª Alexandra Bujokas de Siqueira e defendida em 2017, no Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM). O MOOC está disponível em: <https://modernismoemidia.wordpress.com/>. Acesso em: 29 jul. 2018.

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lutar contra as desigualdades (sociais e regionais) de acesso às dif erentes mídias e para a f ormação das competências necessárias ao domínio técnico e à compreensão crítica, não apenas das mensagens das mídias, como das f orças político-econômicas que as estruturam. Competências estas indispensáveis para o exercício pleno da cidadania, ou seja, para estimular a participação ativa dos jovens baseada na valorização das diversidades culturais e identitárias. (BEVORT; BELLONI, 2009)

Ainda de acordo com Buckingham (2006) as mídias não serão compreendidascorretamente se continuarmos a focar somente no seu aspecto instrumental.

Com a convergência2 das mídias a fronteira entre informação e meios ficou muitotênue. Os jovens usam os meios para informação, lazer, criarem identidade, comunicação erepresentação do mundo.

Fora da escola os jovens usam as mídias não como tecnologias, mas como formasculturais. Se os professores pretendem usar as mídias em sala, eles não podem negligenciaresse aspecto.

Assim como nos países mencionados anteriormente, também no Brasil há diversosprojetos voltados para a alfabetização sobre as mídias. Porém, (...) “embora façamos mídia-educação, nem sempre denominamos dessa forma. Isso porque no Brasil, e talvez naAmérica Latina, certas demandas sociais exigem atuações em que se vão criando einventando experiências mídia-educativas sem a necessária reflexão e teorização” (FANTIN,2014, p.49)

O fato de também ainda não ser oficialmente um componente curricular faz com que a mídia-educação continue sendo vista apenas como recurso pedagógico e não instrumento de estudo articulado com outras áreas do saber.

1.1.2 Usando abordagens mídia-educativas no contexto escolar

Parece existir um entendimento entre os países que ensinam sobre a mídia-educaçãoo fazerem a partir de quatro conceitos-chaves: representação, audiência, linguagem e instituições de mídia.

No Quadro 1 é apresentado cada um desses conceitos, sua descrição e um exemplo de questão que pode ser trabalhada na mídia Internet.

2Para Henry Jenkins convergência refere-se ao fluxo de conteúdo através das múltiplas plataformas de mídia,

à cooperaçao entre múltiplos mercados midiáticos e ao comportamento migratório dos públicos dos meios

de comunicação, que vão a quase qualquer parte em busca das experiências de entretenimento que desejam.

(JENKINS, 2009, p.29).

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Quadro 1 – Conceitos-chave em mídia-educação e exemplo de questão para estudo

Conceito-chave Descrição Questão para estudo

RepresentaçãoDiz respeito ao fato que as mídias não apenas refletem a realidade mas a re-apresentam e esta seleção do que será mostrado inevitavelmente vem incorporada de valores implícitos e ideologias.

Quais pontos de vista, pessoas estão presentes ou ausentes.

Audiência Refere-se a nossa consciência de público consumidor da mídia; entendimento de como os produtos são direcionados a determinado nicho e como respondemos a esses produtos.

Como os usuários podem ser alvos de anúncios publicitários, seja de modo implícito ou não.

LinguagemA mídia possui uma linguagem própria para se comunicar. Ela utiliza-se de sons, códigos, convenções, imagens para a produção de seus textos midiáticos. (BUCKINGHAM, 2010; SIQUEIRA et al., 2014)

Como a estrutura dos links

incentiva o usuário a navegar de

um modo específico.

Instituições de mídiaO foco aqui é identificar quem está se comunicando com quem e o porquê.

Quais tecnologias e software são

usados para disseminar e gerar

material na web.

Fonte: elaborado pela autora, a partir de Buckingham (2006)

Apesar das questões mencionadas anteriormente terem sido direcionadas à Internet, com adaptações, será possível usá-las para qualquer mídia.

1.2 Recursos Educacionais Abertos (REA)

O termo Recursos Educacionais Abertos (REA ou em inglês Open Education Resources– OER) foi cunhado em um congresso promovido pela Unesco em 2002 (SANTOS, 2013) epode ser entendido de acordo com Butcher (2011, p. 5) como

qualquer recurso educacional (incluindo mapas curriculares, materiais de cursos, livros didáticos, vídeos assistidos na Internet, aplicativos multimídia, podcasts e quaisquer outros materiais designados para uso no ensino e aprendizado) disponíveis abertamente para uso por educadores e alunos, sem a necessidade de pagar direitos autorais ou taxas de licença.

Ainda segundo esse autor os REA não são sinônimos de aprendizado online ou e-learning uma vez que conteúdos com licença aberta podem estar disponíveis tanto paraserem compartilhados no formato digital quanto para impressão.

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Para Santos (2014) é o uso de uma licença aberta que diferenciará um REA de outros materiais disponíveis na internet. Ao fazer uso de uma licença o autor compartilha os direitos de utilização de sua obra, indica quais os modos possíveis que ela pode ser usada, sem, no entanto, abrir mão da autoria.

Ao atribuir uma licença a um recurso cria-se um incentivo a práticas antes não permitidas como a de: reuso (uso do recurso original independente do formato ou mídia); revisão (corresponde à adaptação ou melhora do recurso de acordo com realidade de quem utilizará); remix (combinação de diferentes recursos gerando um material novo); redistribuição (disseminação do REA por meio de qualquer tecnologia aplicada à educação) e retenção (guardar e fazer cópias do conteúdo em qualquer tipo de dispositivo). Essas são as cinco liberdades mínimas para um REA ou os 5 R’s. (COMUNIDADE REA BRASIL, (2014)

Figura 1 – Os 5 R’s Fonte: INICIATIVA EDUCAÇÃO ABERTA

O que determinará o nível de abertura de cada REA é o tipo de licença atribuída parao recurso e para auxiliar o autor no momento de realizar essa tarefa ele pode recorrer ao uso de licenças do tipo Creative Commons (CC).

Cada licença pode ser formada pelos seguintes elementos: a) atribuição (todas as licenças devem dar crédito ao autor), b) não a obras derivativas (o material não pode ser alterado), c) uso não comercial, d) compartilhamento pela mesma licença.

O autor pode optar por cada um desses itens ou usá-los de forma combinada. Da combinação desses elementos podem ser criadas seis diferentes licenças (COMUNIDADE REA BRASIL, ([2011?])), conforme mostrado na Figura 2.

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Figura 2 – Licenças Creative Commons Fonte: elaborado pela autora

Ainda em relação aos REA cabe destacar que eles não são obrigatoriamente gratuitos ou de acesso gratuito. Mesmo que a maioria desses recursos seja disponibilizado sem custo para o usuário, é possível encontrar tanto no Brasil quanto em outros países unidades impressas de livros sendo vendidos a preços mais acessíveis e na contracapa constando uma licença creative commons permitindo algumas liberdades. Logo, “REA têm a ver com liberdades em relação a direitos e nem sempre a gratuidade”. (COMUNIDADE REA BRASIL,([2011?]))

2 Descrição da aula sobre Mário de Andrade

A ubiquidade das novas mídias de informação, de comunicação e de tecnologia apresenta-se como um desafio aos docentes das mais diferentes disciplinas. Mas, falando especificamente dos professores de literatura, Cornis-Pope (2002 apud MARTINS, 2006, p. 97), afirma que “nossa mais urgente tarefa enquanto professores é integrar a literatura num ambiente global, informacional, no qual o texto literário possa funcionar como objeto imaginativo, inserido nas práticas culturais”.

Ainda segundo essa pesquisadora com o surgimento da Internet outras formas de leitura e escrita também apareceram. O texto impresso alia-se aos eletrônicos “formados pelas relações intra e intertextuais que exigem um leitor familiarizado com a articulação de diferentes linguagens” (MARTINS, 2006, pg. 97).

Visando auxiliar os professores de literatura frente esse desafio que foi desenvolvida e disponibilizada em um site essa aula abordando um dos personagens do modernismo: o escritor Mário de Andrade, principalmente por meio de algumas de suas obras.

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Nessa aula, após uma breve apresentação de uma biografia sobre o escritor, é apresentada a obra “Macunaína” em diferentes formatos.

A história do heroi sem nenhum caráter foi disponibilizada nos formatos livro (com link disponível para download), vídeo da “Ópera tupi” que narra o nascimento do protagonista, vídeo para o filme; e em um trecho de uma história em quadrinhos (HQ).

Na Figura 3 é mostrada como esses materiais aparecem no curso.

Figura 3 – Formatos possíveis para se conhecer o herói Macunaíma

Após apresentar os recursos mencionados foi sugerida como atividade a criação de uma história em quadrinhos para essa mesma obra.

Porém, antes de apresentar uma ferramenta para criação de HQ foi explicado o que é uma história em quadrinhos e alguns de seus elementos fundamentais.

Esta apresentação do que é a mídia a ser trabalhada antes de seu uso é necessária pois o que afirmou Umberto Eco em relação à televisão pode ser aplicado a qualquer outra mídia: “Se você quer usar a televisão para ensinar alguém, primeiro deve ensiná-lo a usar a televisão”. (ECO, 1979 apud BUCKINGHAM, 2006, p. 263).

De forma sintética foram apresentados os cinco elementos fundamentais da linguagem dos quadrinhos: balões, metáforas icônicas, roteiro, personagens e

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enquadramentos. Para um cada um desses elementos havia uma explicação e um exemplo. Finalizada essa etapa foi apresentado um aplicativo para criação de história em quadrinhos que pode ser usado inclusive em aparelhos celulares.

O aplicativo escolhido para a criação de histórias em quadrinhos foi o stripgenerator. Um software para gerar tirinhas, gratuito, que não necessita ser instalado e é de fácil utilização.

Como intuito de auxiliar tanto a aplicação quanto a realização dessa atividade foi disponibilizado na página do curso: link para acesso ao aplicativo, material de apoio para a criação de uma HQ e um tutorial para o uso do stripgenerator.

Visando o incentivo à interação e à disseminação do material produzido pelos participantes foi disponibilizada por meio do programa padlet3 uma área para disponibilização das histórias construídas.

As próximas obras do escritor Mário de Andrade escolhidas para serem trabalhadas foram “Retratos de novembro” e “Moça linda bem tratada”.

Tomando como ponto de partida esses textos que apresentam uma crítica à sociedade daquela época mas continuam atuais, a proposta apresentada foi a de uma atividade que mostrasse aos alunos esse diálogo entre essas obras e o momento presente.

A atividade sugerida era que eles criassem um pôster e inserissem imagens que dialogassem com um desses textos. Ao realizarem esta atividade os alunos fariam tanto uma leitura crítica do texto quanto da realidade que os cercam.

Antes da realização da atividade foi explicado o que é um pôster e somente depois apresentado o aplicativo para a sua confecção. O aplicativo escolhido foi o Canvas, que assim como o software anterior é gratuito, pode ser usado em aparelho celular e o uso é bem intuitivo.

Como material de apoio foi disponibilizado para o professor uma apostila na qual encontrará uma explicação para pôster, o exemplo de um texto de Mário de Andrade, “Garoa do meu São Paulo”, ilustrado com a foto do Tuca Vieira e um tutorial para o uso do Canva.

Também como na atividade anterior foi fornecida uma área para interação e publicação dos trabalhos realizados utilizando-se do aplicativo padlet.

Em relação a todo o processo para desenvolvimento dessa aula e posterior aplicação pelos professores procuramos utilizar softwares que fossem gratuitos e possíveis de serem acessados em um celular. E todos os materiais criados para apoio receberam uma licença creative commons.

3Essa ferramenta apresenta-se como um quadro ou mural que pode ser usado para colaborar com

outros usuários.

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3 Considerações Finais

Buscamos nesse artigo primeiramente caracterizar esse cenário no qual professores e alunos estão imersos em relação a utilização das mídias para além de seu uso instrumental.

A seguir procuramos descrever como foi o processo de criação de uma aula que buscou atender ao desafio de apresentar uma proposta que integrasse as mídias no contexto de uma aula de literatura que abordasse o tema modernismo.

Ao criar as atividades e os conteúdos apresentamos algumas das obras do escritor Mário de Andrade por meio de diferentes linguagens e textos midiáticos. A partir da elaboração do material disponibilizado no curso procurou-se tanto auxiliar aos professores na tarefa de ajudarem seus alunos a se apropriarem dessas obras e a partir delas criarem suas próprias narrativas quanto contribuir para que os professores atendam alguns dos itens elencados na BNCC em relação ao uso crítico das tecnologias da informação e da comunicação.

Referências

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