Falando ao oceano

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Luzia 15-06-2014

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Falando ao oceano

Falando ao oceanoLuzia15-06-2014

Algumas folhas de papel, cadas sobre a areia de uma praia pouco visitada, traziam as seguintes linhas:"Quando abrao o oceano com o olhar, volto a questionar milhes de coisas, tantas quanto as ondas que ganham a areia.

Volto a questionar: Como algum pode sentir-se s na presena do mar? Na presena desta brisa incessante? Na companhia deste perfume raro?!

Como ainda posso me sentir s, sabendo que os braos do Invisvel me abraam, que aqueles que partiram continuam existindo, e que todos ns, sem exceo, somos amados por algum!? Como ainda posso me sentir s?

Talvez seja porque eu me isole do Mundo, e seja exigente demais com as pessoas. Pode ser isso.Talvez seja porque eu no permita que os outros conheam minha vida, meus sonhos, minhas dificuldades - acho que h um pouco de orgulho nisso.

Quem sabe seja porque eu procure a solido, e no ela que me persiga, como eu imaginava.... talvez eu precise conversar mais com as pessoas, me interessar mais por suas vidas, ouvir.

H tempos que no ouo algum; um desconhecido relatando os acontecimentos corriqueiros do dia-a-dia; um colega de trabalho falando das peripcias de seus filhos.

Meus irmos: h tempos no converso com eles sobre assuntos profundos, como planos para o futuro, lembranas boas do passado.

curioso, pois lembro-me de que h algumas semanas ouvi uma mensagem de cinco minutos, num programa de rdio, que falava sobre isso, sobre como as pessoas se isolam umas das outras, e do quanto isto prejudicial para a sade mental e fsica, j que uma conseqncia da outra.

O locutor dizia que Quem ama no se sente s', pois est sempre se doando, se envolvendo com os coraes mais prximos, na inteno de ajudar.

Dizia ainda que, quando nos sentimos teis, e que muitos dependem de nossa dedicao, de nosso amor, tambm esquecemos da solido.

Acredito que ele tenha razo, pois lembro que naquele dia fui visitar uns tios que no via h muito tempo, e aquela visita fez-me to bem!

Dentro do carro, voltando para casa, observando o movimento intenso nas ruas, lembro de fazer estas mesmas perguntas: Como pode algum sentir-se s na presena de tanta gente, de tanta vida!?

Quantos desses coraes esperam apenas por uma visita? E quantos deles esto dispostos a fazer uma?

E aqui est voc, amigo oceano, minha frente, ouvindo todas estas minhas divagaes. Acho que foi sua presena, rei das guas, que me ajudou a entender melhor o que se passa em meu ntimo.

Agradeo profundamente por sua companhia, por conseguir me ouvir, e por me dizer, mesmo sem falar, que o que preciso fazer visitar mais o corao de meu prximo.Muito obrigado."

Seja o que voc quer ser, porque vocpossui apenas uma vida e nela s Temos uma chance de fazer aquilo que queremos.

FORMATAO: LUZIA GABRIELEEMAIL: [email protected]: INTERNETMSICA: LA PALOMATEXTO: DESCONHEO A AUTORIADATA : 15 DE JUNHO DE 2014