FALANDO À FÉ Quando passaste por mim, flamejante e gloriosa, convidando-me para seguir-te, eu não...

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FALANDO À FÉ FALANDO À FÉ Quando passaste por mim, flamejante e gloriosa, convidando-me para seguir-te, eu não poderia fazê-lo. Deslumbrei-me com a tua luz e segui com longos olhos a auréola que te envolvia.

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FALANDO À FÉFALANDO À FÉ

Quando passaste por mim, flamejante e gloriosa, convidando-me para seguir-te, eu não poderia fazê-lo.

Deslumbrei-me com a tua luz e segui com longos olhos a auréola que te envolvia.

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Encontrava-me maltrapilha, descalça, de mãos úmidas pelas lágrimas que tentara enxugar nos olhos

dos aflitos e, amarfanhada, não dispunha de indumentária para apresentar-me a teu lado.

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Desejei com natural movimento recompor-me para seguir-te, mas escutei inusitada voz, chamar-me de repente. Ao atender

o apelo, deparei com jovem mulher que abortara criminosamente e, agonizante, orava, arrependida...

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Depois de socorrê-la, desejei acompanhar-te. Mas, outra voz, sofredora, chamava por mim, convocando-me ao labor. Era

um menino órfão, que a ventania da noite batia vigorosamente, conduzindo-o à criminalidade e ao vício.

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Vi-me constrangida, eu que também sou pobre, a rogar por ele, agasalho em outro coração, levando-o a modesto lar, onde porta

generosa se abriu convidativa e fraterna.

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Sorri feliz. Voltou-me, então, à mente, a lembrança do teu vulto iluminado. Tranquila, dispus-me a avançar, a fim de

alcançar-te. Mas, nesse momento, um coral entoando patética melodia percutiu em meus ouvidos, arrastando-

me pelo caminho das suas vozes.

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E em plena escuridão, no sudário da noite, fui encontrando os cantores da dor: um mendigo tombado a rés-do-chão,

atormentado pela fome; uma mãe solteira tentando agasalhar em trapos um pequenino que ignorava o pai...

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... um ébrio contumaz que bracejava com o delírio; um obsidiado gemendo sob o guante de forças ultrizes; um

tuberculoso dominado por hemoptise violenta; um paralítico em estertores agônicos, clamando assistência, gritando

todos imediato socorro, ante o olhar indiferente dos transeuntes notívagos e apressados...

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Todos exibiam ao comércio do sofrimento as mercadorias das suas misérias. Utilizei-me do silêncio da noite para falar-lhes

aos ouvidos e aos corações palavras de alento e ânimo, oferecendo-lhes as moedas da minha ternura, alongando o

calor do meu peito...

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... a fim de que o sol do outro dia, em chegando, pudesse dar-lhes luz e arrimo, convocando piedosos corações

para o culto da assistência.

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Labutei penhoradamente enquanto tive forças para recolher nos meus braços, que não se cansam,

todos esses filhos da aflição, que a noite se negava a agasalhar.

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Quando por fim a madrugada ridente chegou e o Sol derramou a sua taça de luz sobre a Terra, e eu pude ser

dispensada, procurei seguir-te, cobrindo com pés ligeiros a distância que nos separava.

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À luz do dia encontrei-te tremeluzente, em débeis bruxuleios, fraca e desfalecente. Fiquei penalizada ante a tua paulatina extinção. E tu, que demandavas o sólio do

Altíssimo!...

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Se desejares, porém, ó, Fé!... Iluminando-me por dentro, eu te darei a fortaleza do amor e, juntas, seguiremos cantando nosso hino de bênçãos, conduzindo

conosco os trânsfugas e os caídos até Aquele...

Reconheço que feneceste por caminhares sem ações que te sustentassem, qual combustível poderoso de

que não podes prescindir...

Se desejares porém, receber-me com a força do meu entusiasmo, ó Fé!...

Iluminando-me por dentro, eu te darei a fortaleza do amor e, juntas, seguiremos cantando nosso hino de bênçãos, conduzindo conosco os trâsnfugas e os

caídos até Aquele cuja passagem na Terra...

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... Sou a Caridade!

... foi uma permanente conjugação do incorruptível verbo SERVIR...

Pelo Espírito Aura Celeste

Psicografia de Divaldo Franco.