Falácias de Ambigüidade

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Falacias de ambiguidade

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Falcias de Ambigidade

Falcias de AmbigidadeAs falcias de ambigidade so geradas pela falta de clareza no uso de uma frase ou termo, estas podem apresentar mais de um significado ou no ter um significado distinto. No dizer de Douglas Walton:

Quando tentamos criticar a argumentao de outra pessoa, a nica evidncia a que temos acesso so as formulaes de linguagem natural daquela pessoa. O problema (...) que o corpus das formulaes de linguagem corporal desta pessoa em um dado caso pode ser complexo, e difcil de se extrair sentido. O que a pessoa disse pode ser obscuro, ambguo, evasivo ou incompleto. Em alguns casos, um argumentador pode estar propositalmente tentando nos enganar, com o uso de tticas chamadas falcias.

Falcia do Equvoco

Ocorre quando uma mesma palavra utilizada com dois ou mais significados diferentes, dentro de um mesmo argumento. Para um argumento funcionar, as palavras devem ter o mesmo significado cada vez que aparecem nas premissas ou concluso. Argumentos em que algum termo troca de significado so equivocados e, por isto, no funcionam.Isso ocorre porque a mudana de significao introduz uma mudana no assunto. Se as palavras nas premissas e na concluso significam coisas diferentes, ento as premissas e concluso so sobre coisas diferentes, e ento temos que o primeiro no pode justificar o ltimo. Como afirma Ricardo Garca D.:La ambigedad utiliza conceptos diferentes que comparten una

expresin comn. La lengua est llena de vocablos polismicos a los que cada uno

puede dar un sentido distinto.

Para evitar (ou combater) esta ambigidade, preciso determinar o significado de cada um dos termos das premissas e se certificar de que no mudaram no decorrer da inferncia.

Exemplos:

(1) Os assassinos de crianas de crianas so desumanos.

(2) Logo, os humanos no matam crianas.

No exemplo acima, temos que a palavra humano usada em sentido moral e descritivo.

Falcia de AnfibologiaEsta falcia ocorre quando a construo da frase permite a atribuio de dois ou mais significados diferentes. Isto pode ser evidenciado mostrando-se a ambigidade na frase e como esta pode receber diferentes interpretaes. Vale ressaltar que a falha aqui no semntica, no a verdade ou falsidade da premissa que se deve discutir, mas sim sua construo sinttica.

Exemplos:(1) No trabalho todos gostam de um carro. Portanto, h um carro muito especial.

(2) O Orculo de Delos disse a Crosseus que se ele continuasse a guerra destruiria um reino poderoso.

Temos que no exemplo (1), no possvel saber com clareza se todos gostam de um carro em particular ou qualquer carro. No exemplo (2) no temos como saber se o reino poderoso que Crosseus estaria destinado a destruir era o inimigo ou o seu prprio.

Falcia de nfase

Falcias de nfase so falcias que dependem de onde a nfase colocada, na palavra ou sentena. O significado de um conjunto de palavras pode ser dramaticamente alterado pela forma como so faladas, sem que se mudem as palavras em si. Quando utilizada, esta falcia sugere uma proposio diferente daquela que fora, de fato, expressa. Tal reflexo fora feita h muito por Aristteles:

A pronunciao no d origem a argumentos falaciosos, escritos ou falados, com exceo talvez de alguns poucos que podem ser feitos, por exemplo, o seguinte argumento. ou katalueis uma casa? Sim. Seria ento ou kataloueis a negao de katalueis? Sim. Mas voc disse que ou katalueis uma casa: portanto a casa a negao. Como algum pode resolver, est claro: pois a palavra no significa a mesma coisa quando falada de forma aguda e quando falada com uma entonao grave.

Exemplos:

Duas pessoas discutem se os boatos a respeito das aes de uma terceira pessoa so verdadeiros.

(1) O primeiro diz: Eu posso imagin-lo fazendo isso; possvel.

(2) Ao que o segundo responde: Sim, possvel imaginar ele fazendo isso.

Isto parece, a princpio, uma concordncia. No entanto, se a nfase for colocada sobre a palavra imaginar, esta aparente concordncia desaparece:

(3) Ao que o segundo responde: Sim, possvel imaginar ele fazendo isso.

Agora o comentrio soa como se significasse que, apesar de ser possvel imagin-lo fazendo isso, esta pessoa no o faria.

Falcia do EufemismoO eufemismo, enquanto figura de linguagem, corresponde ao ato de se empregar termos mais agradveis para suavizar uma expresso. Constitui uma falcia lgica porque ao se afastar o sentido indesejvel da proposio, mediante substituio por outro termo aparentemente incuo atenua ou esconde o sentido verdadeiro, tornando aceitvel uma concluso que provavelmente no seria aceita de outro modo. Um bom argumento deve ser claro, conciso e de preferncia sem eufemismos que possam atrapalhar a comunicao. Se eles so usados com muita freqncia, pode ser o caso de que nosso interlocutor esteja tentando minimizar ou disfarar alguma coisa.Exemplos:

(1) Contrabando crime.

(2) Ciclano um importador da economia informal.

(3) Logo, Ciclano no um criminoso.

Falcia da ComposioApesar de usualmente concebida como falcia de ambigidade, constitui uma falcia de erro de categorizao. A Falcia da Composio consiste em criar confuso da parte pelo todo, argumentando-se que se os atributos das partes de um todo tm certa propriedade, logo o todo tambm possui esta propriedade. No entanto, o que vlido para um subconjunto ou elemento de um conjunto, no necessariamente vlido para o conjunto como um todo. Aristteles pensa na Falcia da Composio em De sophisticis elenchis(ARISTTELES apud NETO, 2004):A falcia da composio surge em relao com frases como O homem que est sentado pode andar e O homem que no est a escrever pode escrever. Porque no quer dizer a mesma coisa afirmar que possvel para um homem sentado andar se se interpreta a frase em diviso (dielwn) e em composio (sunqiz). Analogamente se se interpreta em composio O homem que no est a escrever pode escrever porque significa que ele tem a capacidade de escrever enquanto no est a escrever; mas se no se interpreta em composio significa que quando no est a escrever tem a possibilidade de escrever.

Exemplos:

(1) Se o nibus gasta mais combustvel que um carro;

(2) Logo, o conjunto dos nibus gasta mais combustvel que o conjunto dos carros.

(1) Os acidentes com avies esto aumentando;

(2) O Phenom 100 da Embraer um avio;

(3) Logo, os acidentes com Phenom 100 esto aumentando.

Falcia da Diviso

Outro erro de categorizao (pois se assume que as partes e o todo devem ter propriedades semelhantes), a Falcia da Diviso similar a falcia anterior, mas invertida. Esta ocorre quando se estende os atributos de um todo, s suas partes, gerando uma confuso do todo pela parte. Como o todo tem certa propriedade, argumenta-se que as partes tm essa propriedade.

Exemplos:

(1) Cada tijolo da parede tem trs polegadas de altura;

(2) Portanto, a parede de tijolos tem trs polegadas de altura.

(1) Se o crebro tem conscincia;

(2) Logo, cada clula do crebro tem conscincia.

RefernciasARISTTELES. De sophisticis elenchis. Trad. Pickard-Cambridge, W.A. Oxford : Claredon Press, 1928. Disponvel em:

http://etext.virginia.edu/etcbin/toccer-new2?id=AriSoph.xml&images=images/modeng&data=/texts/english/modeng/parsed&tag=public&part=all

DAMBORENEA, Ricardo Garca. Diccionario de Falcias. Disponvel em: http://www.usoderazon.com/DOWNES, Stephen. Guia de falcias lgicas do Stephen. Trad. SAMEIRO, Julio e VINES, Leo. Disponvel em:

http://ateus.net/artigos/ceticismo/guia_de_falacias_logicas_do_stephen.php#div

NETO, Joo Augusto Mttar. Filosofia e tica na administrao. 2 Ed. So Paulo : Editora Saraiva, 2004. p. 85.WALTON, Douglas. Alfred Sidgwick: A Little-Known Precursor of Informal Logic and Argumentation. Netherlands. Kluwer Academic Publishers. 2000. WALTON, Douglas. Alfred Sidgwick: A Little-Known Precursor of Informal Logic and Argumentation. Netherlands. Kluwer Academic Publishers. 2000.

DAMBORENEA, Ricardo Garca. Diccionario de Falcias. Disponvel em: http://www.usoderazon.com/ Acessado em 13 de Maio de 2010.

NETO, Joo Augusto Mttar. Filosofia e tica na administrao. 2 Ed. So Paulo : Editora Saraiva, 2004. p. 85.

ARISTTELES. De sophisticis elenchis. Trad. Pickard-Cambridge, W.A. Oxford : Claredon Press, 1928. Disponvel em: http://etext.virginia.edu/etcbin/toccer-new2?id=AriSoph.xml&images=images/modeng&data=/texts/english/modeng/parsed&tag=public&part=all

Acessado em 12 de Maio de 2010.

Traduzido por Odival Quaresma Neto. Do original: Accentuation gives rise to no fallacious arguments, either as written or as spoken, except perhaps some few that might be made up; e.g. the following argument. 'Is ou katalueis a house?' 'Yes.' 'Is then ou katalueis the negation of katalueis?' 'Yes.' 'But you said that ou katalueis is a house: therefore the house is a negation.' How one should solve this, is clear: for the word does not mean the same when spoken with an acuter and when spoken with a graver accent.

Idem, Ibidem., p. 8788.