Fala e Escrita

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Cursos: Jornalismo e Publicidade e Propaganda Ano/Semestre: 2015/1 Disciplina: Comunicação Profissional Professora: Simone Barros Distinções entre língua falada e língua escrita Gramática da fala, gramática da escrita “Escrever não é simplesmente “imitar a fala”, mas reformulá-la em outra gramática.” (FARACO, 2001, p.111) “A primeira coisa que devemos fazer ao pensar sobre a realidade da LÍNGUA é separá-la em duas categorias básicas: língua falada e língua escrita.” (FARACO e TEZZA, 2001, p.9) FALA ESCRITA Ampla variedade Usamos os regionalismos com naturalidade. Única (língua padrão) Dependemos do conhecimento da Norma Padrão. Elementos extralinguísticos Contamos com recursos expressivos: gestos, expressão facial, riso, entonação, entre outros. Sinais gráficos Dispomos de recursos limitados (aspas, itálico, negrito, desenhos, cores). Prosódia e entonação Podemos pronunciar a mesma palavra com várias entonações diferentes, cada uma significando algo distinto, inclusive sentidos absolutamente contrários. Sinais gráficos Contamos com recursos entonacionais restritos: pontos de exclamação, de interrogação, reticências, aspas, sublinhados, negrito e itálico. Frases mais curtas Costumamos falar frases mais curtas. Frases mais longas Podemos usar frases mais longas. Redundância Somos muito repetitivos quando falamos. Concisão Buscamos não repetir palavras e informações. Menor unidade temática Conversas permitem mudanças de assunto Maior unidade temática Todo texto exige coesão entre as partes,

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Cursos: Jornalismo e Publicidade e Propaganda Ano/Semestre: 2015/1

Disciplina: Comunicao Profissional Professora: Simone Barros

Distines entre lngua falada e lngua escrita

Gramtica da fala, gramtica da escrita

Escrever no simplesmente imitar a fala, mas reformul-la em outra gramtica.

(FARACO, 2001, p.111)A primeira coisa que devemos fazer ao pensar sobre a realidade da LNGUA separ-la em duas categorias bsicas: lngua falada e lngua escrita. (FARACO e TEZZA, 2001, p.9)

FALAESCRITA

Ampla variedade

Usamos os regionalismos com naturalidade.

nica (lngua padro)

Dependemos do conhecimento da Norma Padro.

Elementos extralingusticos

Contamos com recursos expressivos: gestos, expresso facial, riso, entonao, entre outros.

Sinais grficos

Dispomos de recursos limitados (aspas, itlico, negrito, desenhos, cores).

Prosdia e entonao

Podemos pronunciar a mesma palavra com vrias entonaes diferentes, cada uma significando algo distinto, inclusive sentidos absolutamente contrrios.Sinais grficos

Contamos com recursos entonacionais restritos: pontos de exclamao, de interrogao, reticncias, aspas, sublinhados, negrito e itlico.

Frases mais curtasCostumamos falar frases mais curtas.

Frases mais longasPodemos usar frases mais longas.

Redundncia

Somos muito repetitivos quando falamos.

Conciso

Buscamos no repetir palavras e informaes.

Menor unidade temtica

Conversas permitem mudanas de assunto sem muita formalidade, basta um Por falar nisso... ou Mudando de assunto....

Maior unidade temtica

Todo texto exige coeso entre as partes, que se

interligam umas s outras, submetidas todas

unidade global do texto.

Interlocutor presente

Interlocutor ausente

Aprendizagem natural

Exposta aos falantes, uma criana leva somente dois anos para dominar um sistema lingustico altamente complexo. Aprendizagem artificial O grau de importncia que damos atividade de

escrever que vai determinar o grau de nosso

domnio da lngua padro.

VARIAOVariaes lingusticas numa perspectiva sociolingustica

Para dar conta da diversidade lingustica, vamos identificar suas dimenses que, em princpio, so trs: a dimenso do locutor, (aquele que fala ou escreve), do alocutrio (aquele com quem se fala ou o leitor) e do contexto situacional (quem diz o qu, para quem, onde e quando). O lugar que os interlocutores ocupam no processo de comunicao estabelece o tipo de linguagem que ser usada. Por que algum escolhe determinada palavra e no outra em situao de comunicao? H um significado social nessa escolha? Essas questes, entre outras muitas que se podem fazer, do a dimenso da variedade e diversificao lingusticaVARIEDADESEntendemos por variedades as diversas linguagens que usamos conforme a situao. Veremos as variedades sincrnicas, que so usadas no tempo presente, por isso se diz num mesmo plano temporal; e as variaes diacrnicas, mudanas que acontecem em tempos diferentes, por exemplo, a linguagem de nossos avs diferente da nossa.VARIEDADES SINCRNICAS: (simultneas, observveis num mesmo plano temporal. Devem-se a:Fatores geogrficos dialetos ou falares prprios em uma regio, vila ou aldeia. Ser que se fala a mesma linguagem no Rio Grande do Sul e no Rio Grande do Norte? Veremos que h termos que so diferentes para designar a mesma situao.Fatores socioculturais famlia, classe, padro cultural, atividades habituais. Classes sociais diferentes apresentam formas diferentes de comunicao; por outro lado, conforme a profisso que o indivduo exerce, pode trazer palavras do trabalho para a linguagem cotidiana.

Fatores estilsticos variao observada de momento para momento na atividade lingustica de um nico sujeito, vista como uma adequao que o mesmo realiza, constituindo-se na satisfao de necessidades cognitivas prprias de seus atos verbais. Vem a ser a forma como cada indivduo constri sua comunicao para ficar adequada situao de fala. Por exemplo, em uma conferncia, h uma variedade de linguagem, no contato familiar, outra.VARIEDADES DIACRNICAS (as variedades dispostas em vrios planos de uma s tradio histrica).

Trata-se de pesquisar as variaes ocorridas em diferentes perodos histricos. Por exemplo, a variao de uma palavra no portugus medieval, depois no perodo dos oitocentos e na modernidade.Vamos a um exemplo usando a palavra embora numa viso diacrnica. No sculo XIX, dizia-se em boa hora; modernamente, usa-se embora mas, na fala de jovens, hoje, pode-se ouvir bora ou at b.

VARIEDADES GEOGRFICAS OU DIATPICASEsse tipo de variedade ocorre num plano horizontal da lngua, na concorrncia das comunidades lingusticas, sendo responsveis pelos chamados regionalismos, provenientes de dialetos ou falares locais. Entende-se por dialeto qualquer variao de grupo, na lngua, de natureza geogrfica ou cultural. Assim, no Brasil, teramos um dialeto amaznico, nordestino, baiano, fluminense etc. VARIEDADES SOCIOCULTURAIS OU DIASTRTICASOcorrem num plano vertical, isto , dentro da linguagem de uma comunidade especfica urbana ou rural. Essas variaes podem ser influenciadas por fatores ligados diretamente ao falante ou situao ou a ambos simultaneamente. As variaes socioculturais devem ser consideradas segundo os aspectos a seguir:Idade refere-se linguagem jovem, linguagem infantil e linguagem adulta. So realizadas anlises com intuito de identificar o que uma difere de outras linguagens, como e quando usada.

Sexo diz respeito oposio entre a linguagem do homem e a da mulher. Estudos mostram de que forma a linguagem revela o preconceito de gnero numa sociedade e como os meios de comunicao de massa expressam certos tabus em relao ao feminismo e machismo.

Profisso diz respeito linguagem tcnica em que o locutor utiliza vocbulos referentes atividade que exercem. rica a variao entre vendedoresambulantes, jogadores e comentaristas de futebol, entre outros profissionaisPosio social o status do locutor determina a linguagem que vai usar. Um poltico tem uma e expresso, um dirigente industrial ou um servente de pedreiro tambm, isto , a linguagem varia de acordo com a cultura, a posio social e a instruo.

Grau de escolaridade uma simples frase falada ou escrita j revela a capacidade de reflexo, de escolha de variaes mais cultas conforme o grau de instruo do locutor.

A QUESTO DA DIGLOSSIANem sempre possvel notar, claramente, as variaes de dialetos socioculturais, no entanto possvel estabelecer a existncia de, pelo menos, duas variedades que coexistem numa mesma comunidade, cada uma desempenhando papel especfico. a chamada diglossia. Temos uma linguagem culta ou padro e uma linguagem popular ou subpadro. A primeira tem maior prestgio e se usa em situaes de maior formalidade; a segunda, de menor prestgio, empregada nas situaes coloquiais, de menor formalidade. Assim, se o locutor est em uma aula universitria ou numa conferncia usar a linguagem padro, e esse mesmo locutor, numa situao de conversa entre amigos ou em famlia, usar a linguagem popular ou coloquial.

Uso e caractersticas dos dialetos sociais (diglossia)Padro lingustico formal

Maior prestgio;

Situaes mais formais;

Falantes cultos;

Literatura e linguagem escrita;

Sintaxe mais complexa;

Vocabulrio mais amplo;

Vocabulrio tcnico;

Maior ligao com as regras gramaticais e com a lngua dos escritores. (PRETI, 2000, p. 36).

Dialeto popular Subpadro lingustico;

Menor prestgio;

Situaes menos formais;

Falantes do povo menos culto;

Linguagem escrita popular;

Simplificao sinttica;

Vocabulrio mais restrito;

Gria, linguagem obscena;

Fora dos padres da gramtica tradicional. (PRETI, 2000 p. 36).

Em geral, na escrita, usamos o dialeto culto e na fala, o dialeto popular. Fazemos esses usos to naturalmente que se tornam rotineiros.

Variaes devidas situao/nveis de fala ou registros

Essa variao diz respeito ao uso que o locutor faz da lngua e de suas variedades, em funo da situao, entendida como influncias determinadas pelas condies extraverbais que cercam o ato da fala. Nesse caso, esto presentes: o grau de intimidade entre os interlocutores, os elementos emocionais que podem alterar a linguagem, levando o locutor at o truncamento da frase. Da surgem os chamados nveis de fala ou registros.Nvel Formal

Situaes de formalidade;

Predomnio de linguagem culta;

Comportamento lingustico mais tenso e mais refletido;

Vocabulrio tcnico.Nvel Coloquial

Situaes familiares ou de menor formalidade;

Predomnio de linguagem popular;

Comportamento lingustico mais distenso;

Presena de grias;

Linguagem afetiva, expresses obscenasVoc deve ter notado que um nvel mais elaborado e refletido, exigindo domnio da norma culta.O Sotaque das Mineiras(Carlos Drummond de Andrade)

O sotaque das mineiras deveria ser ilegal, imoral ou engordar. Porque, se tudo que bom tem um desses horrveis efeitos colaterais, como que o falar lindo (das mineiras) ficou de fora? (...) Os mineiros tm um dio mortal das palavras completas. Preferem abandon-las no meio do caminho, no dizem: pode parar, dizem: p parar.No dizem: onde eu estou?, dizem: nct.Os no-mineiros, ignorantes nas coisas de Minas, supem, precipitada e levianamente, que os mineiros vivem lingisticamente falando, apenas de uais, trens e ss.Digo-lhes que no()Mineiras no usam o famosssimo tudo bem.Sempre que duas mineiras se encontram, uma delas h de perguntar pra outra: C t boa?.Para mim, isso pleonasmo.Perguntar para uma mineira se ela t boa desnecessrio.

H outras. () Aqui, no vou dar conta de chegar na hora, no.Esse aqui outro que s tem aqui ()Que os mineiros no acabam as palavras, todo mundo sabe. um tal de bonitim, fechadim, e por a vai.J me acostumei a ouvir: E a, vo?. Traduzo: E a, vamos?No caia na besteira de esperar um vamos completo de uma mineira.No ouvir nunca.Eu preciso avisar lngua portuguesa que gosto muito dela, mas prefiro, com todo respeito, a mineira.(...)

Eu preciso de ir.Onde os mineiros arrumaram esse de, a no meio, uma boa pergunta.S no me perguntem. Mas que ele existe, existe()Aqui em Minas ningum precisa ir a lugar nenhum.CapazSe voc prope algo ela diz: Capaz!!!Vocs j ouviram esse capaz? lindo()J ouviu o nem? Completo ele fica: Ah, nem ()A propsito, um mineiro no pergunta: Voc no vai?A pergunta, mineiramente falando, seria: C no anima de ir?To simples.O resto do Brasil complica tudo., u, cs do umas volta pra falar os trem()O plural, ento, um problema.Um lindo problema, mas um problema.Sou, no nego, suspeito.Minha inclinao para perdoar, com louvor, os deslizes vocabulares das mineiras.Alis, deslizes nada.S porque aqui a lngua outra, no quer dizer que a oficial esteja com a razo.Se voc, em conversa, falar: Ah, fui l comprar umas coisas Que s coisa? ela retrucar.O plural d um pulo()A frmula mineira sinttica.E diz tudo.At o tchau, em Minas, personalizado.Ningum diz tchau pura e simplesmente.Aqui se diz: tchau pro c, tchau pro cs. til deixar claro o destinatrio do tchau.Ento neh, as mineiras so trem bo demais s.

REFERNCIASCERCATO, Nilza Carolina Suzin. Comunicao e Expresso. Salvador. Editora UNIFACS, 2013. FARACO, Carlos Alberto; TEZZA, Cristvo. Prtica de Textos para Estudantes Universitrios. 15 Ed. Petrpolis: Vozes, 2001. SOTAQUES DO BRASILSugestes de vdeoshttp://g1.globo.com/jornal-hoje/noticia/2014/08/sotaques-do-brasil-desvenda-diferentes-formas-de-falar-do-brasileiro.html