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FACULDADE DE EDUCAÇÃO DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS NATURAIS E MATEMÁTICA LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL Avaliação das práticas de uso racional da água potável no Bairro de Maxaquene “C” na Cidade de Maputo MONOGRAFIA Afonso Francisco Uapita Maputo, Junho de 2017

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FACULDADE DE EDUCAÇÃO

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS NATURAIS E MATEMÁTICA

LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Avaliação das práticas de uso racional da água potável no Bairro de Maxaquene “C” na

Cidade de Maputo

MONOGRAFIA

Afonso Francisco Uapita

Maputo, Junho de 2017

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Afonso Francisco Uapita

Avaliação das práticas de uso racional da água potável no Bairro de Maxaquene “C” na

Cidade de Maputo

Monografia apresentada à Faculdade de

Educação da Universidade Eduardo Mondlane,

como requisito parcial para obtenção do grau de

Licenciatura em Educação Ambiental

Supervisor: Prof. Doutor Francisco Januário-UEM

Maputo, Junho de 2017

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i

DECLARAÇÃO DE HONRA

Eu, Afonso Francisco Uapita, declaro por minha honra que esta monografia nunca foi

apresentada, na sua essência, para a obtenção de qualquer grau académico, e que a mesma

constitui o resultado da minha investigação pessoal, estando indicados ao longo do texto e

nas referências bibliográficas todas as fontes utilizadas.

_________________________________________

Afonso Francisco Uapita

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ii

Afonso Francisco Uapita

Avaliação das práticas de uso racional da água potável no Bairro de Maxaquene “C” na

Cidade de Maputo

Monografia apresentada à Faculdade de

Educação da Universidade Eduardo Mondlane,

como requisito parcial para obtenção do grau de

Licenciatura em Educação Ambiental

Aprovada em 07/06/2017 pelo Júri:

______________________________________________

Prof. Doutor Francisco Januário________________________ (Supervisor)

(FACED, Universidade Eduardo Mondlane)

dr Rosário Mananze_________________________________ (Presidente do Júri)

(FACED, Universidade Eduardo Mondlane)

dr Gervásio Correia _________________________________(Oponente)

(FACED, Universidade Eduardo Mondlane)

Maputo, Junho de 2017

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iii

AGRADECIMENTOS

Ao Omnipotente, Omnisciente e Omnipresente DEUS-Todo Poderoso agradeço pela certeza

da salvação em Cristo e pela Sua misericórdia que em mim opera a cada manhã, ao ponto de

tornar possível a chegada desta fase dos meus estudos.

“Erkanka na Adonai...”

Te amo SENHOR.

Um agradecimento especial vai para a minha querida noiva Quina, verdadeira companheira

que em muito me apoiou para que o sonho se tornasse realidade, “Te amo Princesa”.

Agradeço à minha família em especial ao meu pai Zé Carlos pela responsabilidade; aos meus

irmãos Paulino, Eduardo, Sérgio e Minha irmãBeatriz e minha prima Renilde, pelo auxílio e

todo o tipo de apoio que forneceram em toda as etapas da minha vida.

Agradeço aos meus docentes, à Direcção do curso e em especial ao meu supervisor Prof.

Doutor Francisco Januário por ter aceite a tarefa de me supervisionar, pela dedicação de parte

do seu rico tempo na correcção, concertação e materialização desta monografia. Ao dr. Pedro

Notisso que me apoiou na formulação das ideias iniciais.

Agradeço aos meus irmãos em Cristo que partilharam, durante esses anos da minha

formação, um verdadeiro espírito de irmandade em especial ao Chaúma Conforme, o homem

que forneceu o primeiro valor monetário para minha primeira inscrição logo após a minha

admissão ao curso. Agradeço também à Natália Inácio por dispensar o seu computador na

hora que mais precisei; ao Hermenegildo Conforme, Inok Chiposse, Isaú Mourão, Salvador

Muchanga, Cleofas Viagem e a todos os membros do meu grupo musical FILHOS DO REI

ETERNO.

Aos meus colegas do curso, Ivan de Amaral, Laura Timene, Delmira Mapsangani, José Saize,

Marta Sambo, Mágda Raquel, Equivaldo Francisco, Maledje Conze, Germana Balate,

Domingas Guilherme, Flora Armando, Sérgio Chincua, Helga Mayu, Adriana Maembo,

Victória Djambo, Victoria Obede e Victória Sozinho, pelo espírito de abdicação e irmandade.

Para todos, o meu muito OBRIGADO!

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DEDICATÓRIA

À querida mãe Júlia Bernardo, que descansa no pó da

terra há 14 anos, esperando vê-la quando Cristo voltar, a

única esperança. Só DEUS sabe quanta força, zelo e

dedicação ela deu para educar a mim e ao meus irmãos

sem que nenhum do nós se tornasse marginal.

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ÍNDICE

DECLARAÇÃO DE HONRA ................................................................................................................. i

AGRADECIMENTOS .......................................................................................................................... iii

DEDICATÓRIA .................................................................................................................................... iv

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ............................................................................................. 1

RESUMO ................................................................................................................................................ 2

CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 3

1.2. Delimitação do tema ............................................................................................................... 4

1.3. Formulação do Problema ........................................................................................................ 4

1.4. Objectivos e perguntas da Pesquisa ........................................................................................ 5

1.5. Justificativa ............................................................................................................................. 6

CAPÍTULO II: REVISÃO DE LITERATURA ..................................................................................... 8

2.1. Definição de conceitos básicos ............................................................................................... 8

2.2. A disponibilidade da água como recurso natural .................................................................. 10

2.3. Distribuição hídrica em Moçambique e sua relação com a disponibilidade de água potável

………………………………………………………………………………………………11

2.4. Uso racional da água potável e sua importância ................................................................... 12

2.5. Consumo de água potável e sua relação com o desperdício ................................................. 16

2.6. Lições aprendidas da revisão de literatura ............................................................................ 19

CAPÍTULO III: METODOLOGIA ...................................................................................................... 20

3.1. Descrição do local do estudo ................................................................................................ 20

3.2. Características Sociodemográficas do bairro de Maxaquene “C” ........................................ 21

3.3. População e amostra ............................................................................................................. 22

3.4. Instrumentos de recolha e análise dos dados......................................................................... 23

3.5. Tratamento e análise de dados .............................................................................................. 23

3.6. Considerações éticas ............................................................................................................. 24

CAPITULO IV: APRSENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ........................................ 26

4.1. Formas de uso da água potável pelos moradores do bairro de Maxaquene "C"………...…….26

4.2. Medidas tomadas pelos residentes do bairro de Maxaquene "C" para o uso racional da água

potável…………………………………………………………………………..…………………….28

4.3. Nível de percepção ambiental relacionada à conservação da água potável…………………..30

CAPÍTULO V: CONCLUSÃOS E RECOMENDAÇÕES .................................................................. 33

5.1. Conclusões ................................................................................................................................. 33

5.2. Recomendações .......................................................................................................................... 34

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................................. 37

ANEXO 1: Guião de observação das praticas rlacionadas com o uso da água potável...….……...40

ANEXO 2: Roteiro de entrevistas para os moradores do bairro de Maxaquene………………… 42

ANEXO 3: Credencial para pedido de informação na AdM…..…………………………………...43

ANEXO 4: Credencial para pedido de informação na DNA ……..….…………………………….44

ANEXO 5: Imagens……….……...…………………………………………………………………45

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1: Quantidade mínima de água necessária para diversos usos……………………………….17

Tabela 2: Quantidade de água disperdiçada quando uma torneira goteja……………………………18

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AdM Águas de Maputo

BM Banco de Moçambique

CCFA Centro de Convenções de Feiras da Amazónia

CAM Cluster de Água em Moçambique

CRA Conselho de Regulamentação de Águas

CMM Conselho Municipal de Maputo

DNA Direcção Nacional de Águas

ENARHM Estratégia Nacional de Assistência para Recursos Hídricos em

Moçambique

FIPAG Fundo de Investimento do Património de Abastecimento de Água

GIFT Grupo Integrado da Força do Trabalho

IPCC Inter-governamental Panel of Climate Change (Painel Inter-

Governamental para as Mudanças Climáticas)

INE Instituto Nacional de Estatística

IAF Inquérito de Agregado Familiar

MOPH Ministério das Obras Públicas e Habitação

OMS Organização Mundial da Saúde

PEMM Perfil Estatístico do Município de Maputo

PNA Política Nacional de Águas

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RESUMO

Este estudo avalia as práticas de uso racional da água potável no Bairro de Maxaquene ʺCʺ

como forma de garantir a sua sustentabilidade, influencia acções voltadas à aquisição de

hábitos que contribuem para a promoção da consciência ambiental no uso da água potável

desde uma perspectiva de consumo inconsciente para uma perspectiva de consumo

consciente e responsável. O estudo foi realizado no Bairro de Maxaquele “C” localizado

numa região periférica da cidade de Maputo. A população e a amostra do estudo consistiu em

um total de 28 pessoas divididas em 3 principais grupos: 6 pessoas que vendem hortícolas e

outros produtos que implicam o uso da água potável em dois mercados do bairro, 17 pessoas

nas residências e 5 agentes que fazem serviços de Car Wash em certos estabelecimentos do

bairro de Maxaquene “C”. Esta pesquisa é essencialmente de natureza qualitativa e os

instrumentos usados para a recolha de dados foram as entrevistas semi-estruturadas e um

guião de observação. As entrevistas foram direccionadas aos residentes do bairro de

Maxaquene “C” e o guião serviu para orientar o processo de levantamento dos aspectos

relacionados com o uso racional da água potável como: placas de orientações às boas práticas

junto aos fontenários públicos, o estado das torneiras domiciliárias e públicas e outros

aspectos relacionados. A análise do conteúdo possibilitou a compressão de que as medidas de

racionalização tomadas pelos residentes do bairro consistem no controle das torneiras e

poucos casos de reutilização da água, porém, tais medidas não contribuem para a redução do

desperdício por causa de hábitos ligados a negligência em certos casos. A percepção

ambiental sobre a relação entre a conservação da água potável e o meio ambiente ainda é

desconhecida visto que se julga não haver nenhuma relação entre a conservação da água

potável e os benefícios ambientais, onde o meio ambiente está relacionado apenas às questões

de gestão de resíduos sólidos. O estudo concluiu que as práticas de uso racional da água

potável dos moradores do bairro de Maxaquene “C”, não são suficientemente eficientes ao

ponto de tornar a água sustentável visto que, não assumem um modelo de consumo

consciente, aquele que é baseado no conhecimento ambiental das relações entre a

racionalização ou conservação da água potável e seus benefícios para meio ambiente, assim

como, o desperdício e sua relação com o esgotamento das fontes de abastecimento. Os

moradores fazem o uso racional da água potável em casos em que esta é escassa para a

realização de certa actividade ou quando esta não está sendo abastecida.

Palavras-chave: Análise, água potável, práticas, uso racional.

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CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO

1.1. Introdução

A visão estabelecida na Política Nacional de Águas (PNA), aprovada em Agosto de 2007,

refere que o futuro desejado em relação à água é aquele onde esta esteja disponível em

quantidade e qualidade adequadas para as gerações actuais e futuras, servindo para o

desenvolvimento sustentável, redução da pobreza e promoção do bem-estar e paz e onde se

minimizam os efeitos negativos das cheias e secas. Neste âmbito, são traçados dois objectivos

fundamentais com metas a médio e longo prazo. Um dos objectivos diz respeito à satisfação

das necessidades básicas mediante um abastecimento seguro e fiável de água potável,

procurando-se sempre uma situação de sustentabilidade, com a participação efectiva dos

beneficiários na definição das soluções a serem adoptadas. Este objectivo é materializado

através de metas específicas para áreas urbanas, periurbanas e rurais, e deveria estar de

acordo com as Metas de Desenvolvimento do Milénio até 2015, reduzindo para a metade o

número de pessoas sem abastecimento de água potável segura e fiável. A longo prazo o

objectivo é de garantir acesso universal mediante um abastecimento de água seguro e fiável e

aumentar o nível do serviço. Essa política aponta como mecanismo fundamental as boas

práticas de uso racional da água potável.

Isto entra em consonância com o objectivo estratégico da DNA sendo que, segundo o

MOPH(2012), a DNA busca assegurar a gestão integrada e sustentável dos recursos hídricos

garantindo um abastecimento fiável com vista a satisfação das necessidades.

É nesse contexto de gestão integrada e sustentável, com o fim último a satisfação das

necessidades, que a comunidade beneficiária dos serviços de abastecimento de água, é

chamada a participar por meio de práticas que visem tornar este recurso o mais sustentável

possível.

Com base nesses pressupostos que é concebida e implementada esta pesquisa buscando fazer

uma avaliação das práticas de uso racional da água potável no Bairro de Maxaquene “C” na

cidade de Maputo.

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1.2. Delimitação do tema

A pesquisa foi feita no Bairro de Maxaquene “C” em Maputo, fazendo a avaliação das

práticas do uso racional da água potável. Para efeitos desta pesquisa considera-se “uso

racional da água potável” a adopção de hábitos que garantam a redução possível dos níveis de

indisponibilidade da água potável em quantidades e qualidades desejáveis, ou seja, acções

que permitam evitar todo o tipo de desperdício de água canalizada, usada para satisfação das

necessidades básicas como, beber, cozinhar, lavar a roupa, loiça, e todo o tipo de higiene

individual.

1.3. Formulação do Problema

Um estudo realizado pela WaterAid, em 2015, apontou que a nível global 884 milhões de

pessoas (uma em cada oito) vivem sem água potável segura. Como consequência, 2,5 mil

milhões de pessoas (duas em cada cinco) não têm saneamento adequado.

Em 2006, o Governo Moçambicano, em parceria com doadores, realizou um estudo sobre a

sustentabilidade da água potável cujos resultados mostraram que a procura por água potável

em áreas urbanas de Moçambique em especial na cidade de Maputo, poderia, até 2015,

atingir níveis de elevada necessidade (AdM, 2014). Dados mais recentes publicados

peloFIPAG, apontaram que nos últimos anos o rio Umbeluzi, mesmo já com a Barragem dos

Pequenos Libombos, não conseguirá, no futuro, abastecer Maputo completamente

(FIPAG,2013).

De acordo com o Painel Intergovernamental para as Mudanças Climáticas (IPCC, 2015), na

actualidade, é quase comum verificar-se que as causas atribuídas à falta de água são de

origem natural, como o aquecimento global ou as mudanças climáticas. Porém, segundo

WaterAide (Op., Cit.), a sustentabilidade das fontes de água encontra-se ameaçada não só

pelas mudanças climáticas, mas sim em grande parte pelo consumo insustentável doméstico.

Esta constatação relaciona-se com o pensamento de Vitorino (2007), segundo o qual, a falta

de água potável não se deve perceber como o problema, mas sim o resultado de uma causa,

irracionalidade. A falta de água na actualidade não ocorre por causa da Natureza, mas sim da

má utilização, ou seja, desperdício e imprevidência, motivados por práticas destituídas da

racionalidade no uso da água potável.

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O CCFA (2010) refere, por exemplo que o problema da utilização irracional da água potável

tem como factores, a falta de atenção, conhecimento e ética da responsabilidade, chegando-se

a uma situação onde, segundo Nunes (2006), a água potável esteja indisponível em

quantidades e qualidades necessárias em relação à crescente demanda, tendo-se como

consequência o comprometimento do desenvolvimento humano, por conta de problemas

como a falta de saneamento básico, eclosão de doenças de origem hídrica no seio familiar,

culminando na baixa renda, entre outros problemas.

O bairro de Maxaquene “C” tem registado crescente falta de água. De acordo com a AdM

(2014) este facto deve ser discutido não apenas ao nível de abastecimento, mas sim, sobre

como a comunidade faz o uso da água potável e qual é o nível de consciência e valorização

da água potável. Assim se procedendo, serão abordadas as consequências causadas por

práticas irracionais no uso da água.

O uso racional da água potável possibilita a poupança consequentemente a garantia da

disponibilidade desta a um volume adequado para o consumo nas residências. Outro aspecto

positivo é o baixo custo de produção pelas empresas garantindo-se água a um custo

favorável. A importância de usar de forma racional a água potável, para o caso concreto dos

utentes do bairro de Maxaquene “C”, é o aumento da sua disponibilidade em quantidades e

qualidades necessárias, satisfazendo a demanda, mantendo a água conservada e cada vez mais

sustentável minimizando-se problemas associados à falta de água como, saneamento do meio,

doenças de origem hídrica ligadas ao consumo de água infectada, entre outros.

Diante desta situação, a questão fundamental, o objecto desta pesquisa é:

Até que ponto os utentes do Bairro de Maxaquene “C”, cidade de Maputo, usam de forma

racional a água potável, para garantir a sua sustentabilidade?

1.4. Objectivos e perguntas da Pesquisa

O objectivo geral desta pesquisa é avaliar as práticas de uso racional da água potável no

bairro de Maxaquene “C” na cidade de Maputo. Para o alcance deste objectivo geral, são

formulados os seguintes objectivos específicos:

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Identificar as formas de uso da água potável pelos residentes do Bairro de Maxaquene

“C” nas diferentes actividades quotidianas;

Identificar as medidas tomadas pelos residentes do bairro de Maxaquene “C” para o

uso racional da água potável;

Compreender a percepção ambiental dos moradores com relação à conservação da

água potável.

A pesquisa procura responder às seguintes perguntas de pesquisa:

a) Quais são as formas de uso da água potável usadas pelos residentes do bairro de

Maxaquene “C” nas diferentes actividades quotidianas?

b) Que medidas são tomadas pelos residentes do bairro de Maxaquene “C” para o uso

racional da água potável?

c) Qual é a percepção ambiental que os moradores têm em relação à conservação da

água potável?

1.5. Justificativa

Os factores que motivaram a realização desta pesquisa residem na necessidade de aprofundar

o conhecimento do autor desta monografia sobre o controle da qualidade de água nos

parâmetros de turvação e cloro em dois centros de distribuição dos bairros de Chamanculo e

Laulane. Os resultados desse estudo mostraram que o nível de turvação da água potável

aumentava em função do percurso que esta fazia ao longo das tubagens, atingindo o seu pico

de turvação em épocas chuvosas. Por seu turno, com o cloro o cenário era inverso, isto é,

registava diminuição. Contudo, verificou-se que isso contribuía grandemente para a

indisponibilidade da água potável em diferentes épocas do ano. Tais resultados suscitaram ao

autor uma série de questões ligadas particularmente às práticas adoptadas pelos beneficiários

dos serviços de abastecimentos de água potável com vista a torna-la cada vez mais

sustentável.

O interesse em pesquisar esta matéria aumentou ainda mais quando em Julho de 2015 o

bairro de Maxaquene “C”, bem como outras regiões da Cidade de Maputo, foram assoladas

pela falta de abastecimento de água potável num intervalo de 15 dias, sendo que os utentes

desta parcela de bairro da Cidade de Maputo em particular, buscavam água em zonas

distantes e por vezes a água adquirida era sem qualidade para o consumo. Outros pagavam

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um alto preço na aquisição da água mineral que, por vezes, era insuficiente para satisfação

das necessidades básicas. Parte desses problemas são verificados até hoje! Portanto, é este

cenário que constitui a motivação para a elaboração desta pesquisa, que procurará contribuir

para a abordagem da crise decorrente da falta de água potável no bairro de Maxaquene.

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CAPÍTULO II: REVISÃO DE LITERATURA

Neste capítulo é feita a discussão dos temas que fundamentam a pesquisa, na perspectiva de

diferentes autores. Em primeiro lugar sãodiscutidos os conceitos básicos de água potável,

desperdício, conservação, práticas e uso racional. Em segundo lugar fala-se da

disponibilidade da água como recurso natural. Em terceiro lugar apresenta-se a distribuição

hídrica em Moçambique e sua relação com a disponibilidade de água potável. Em quarto

lugar discute-se a questão do uso racional água potável e sua importância. Em quinto lugar

fala-se sobreo consumo da água potável e sua relação com o desperdício, por último faz-se

uma sumarização das lições aprendidas.

2.1. Definição de conceitos básicos

Antes de definir os conceitos básicos, é importante referir que a percepção destes conceitos

ajuda a estabelecer parâmetros de abordagens e diferenciação de contextos visto que, são

conceitos largamente usados em outras áreas de conhecimento. Assim sendo, esses conceitos

são definidos no contexto de água potável.

a) Água potável

Água potável (do latim potus, bebida; potabilis, bebível; e potare, beber) é entendida como

aquela que pode ser consumida por pessoas e animais sem riscos de causar doenças. Neste

sentido refere-se à água cujos parâmetros microbiológicos, físicos, químicos e radioactivos

atendam ao padrão de potabilidade e que não ofereça riscos à saúde (Souza, sd). A mesma

análise é apresentada por Silva et al. (2006), segundo o qual, a água potável é aquela que é

distribuída ao consumidor para ser usada com segurança para beber, cozinhar e lavar, e que

satisfaz os parâmetros físicos, químicos, biológicos e radioactivas.

b) Conservação

É o aperfeiçoamento do consumo mediante o controle da demanda juntamente com a

ampliação da oferta, através de uso de fontes alternativas para realização de certas

actividades. A conservação é o fim desejado de uma prática racional (Dreher, 2008). De

acordo com Nunes (2006), a conservação da água refere-se ao uso controlado e eficiente do

recurso e contempla tanto as medidas de uso racional quanto a reutilização da água. Sob este

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enfoque, as práticas conservacionistas são uma maneira inteligente de se ampliar e

flexibilizar a demanda e a oferta de água para novas actividades e usuários, sem, contudo,

comprometer o suprimento dos corpos hídricos e preservação do ambiente natural.

c) Desperdício

O desperdício compreende basicamente às perdas evitáveis, ou seja, que corresponde

claramente à negligência do usuário que não tem consciência ambiental. Isso pode estar

vinculado ao uso propriamente dito ou ao funcionamento geral dos sistemas.

O desperdício de água está associado ao comportamento de consumo e, por isso, é mais

evidente nos sistemas individuais (casas). Em geral, o desperdício está associado ao

comportamento humano, empresas ou órgãos públicos que não têm consciência sobre o valor

da água, mas pode também se enquadrar no campo da negligência comportamental

consciente, baseado no conhecimento ambiental sobre a conservação da água potável

(Kiperstok et al., 2009).

d) Prática

De acordo com Aranha (2006) prática é a realização ou materialização de um conjunto

teórico de informação, onde ocorrem as demonstrações concretas do aprendizado, contudo,

no contexto de racionalização da água potável, este conceito e utilizado para descrever o

conjunto de medidas tomadas pelo usuário, baseando se no conhecimento adquirido a cerca

da articulação de um conjunto de medidas visando reduzir o uso desnecessário da água e

aumentar a eficiência e a eficácia.

Uso racional

Quando se fala do uso racional no contexto de água potável, Barbosa (2013) refere que

estamos perante o conjunto de acções que têm por objectivo a redução do consumo sem o

prejuízo ao desenvolvimento de actividades produtivas, aumentando sua eficiência pela

redução de desperdícios. Do ponto de vista de André et al. (2015), o uso racional da água

potável se relaciona às práticas, técnicas e tecnologias que proporcionam a melhoria e a

eficácia do seu uso garantindo assim a disponibilidade da mesma.

Agora que temos o conhecimento dos conceitos fundamentais, passaremos a discutir os temas

sobre disponibilidade de água potável como recurso natural, distribuição hídrica em

Moçambique e sua relação com a disponibilidade da água potável, uso racional da água

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potável e sua importância, consumo de água potável e sua relação com o desperdício, por

último as lições aprendidas da revisão da literatura.

2.2. A disponibilidade da água como recurso natural

A água como recurso está abundantemente disponível no planeta terra deveria se chamar

‘Água’, já que tem 70% de sua superfície coberta por oceanos. Isso, sem mencionar geleiras

que cobrem os pólos e áreas próximas destes a água presente na atmosfera, nos reservatórios

do subsolo, além de rios e lagos.

O volume total de água na Terra é estimado em 1,4 bilhões de quilómetros cúbicos. Desta

quantidade, 1,35 bilhões de quilómetros cúbicos são de água salgada e apenas 34,6 milhões

de quilómetros cúbicos são de água doce. Do total de água doce do planeta, 10.5 milhões de

quilómetros cúbicos podem ser utilizadas para a vida vegetal e animal.

Dos 10,5 milhões de quilómetros cúbicos de água doce, 10.34 milhões de quilómetros

cúbicos correspondem à parcela de água subterrânea, e apenas 92,2 mil quilómetros cúbicos

correspondem ao volume de água doce superficial (rios e lagos), directamente disponível para

as demandas humanas ou 0,008% do total de água no mundo. Os maiores volumes de

recursos hídricos renováveis em todo o planeta estão concentrados em seis países: Brasil,

Rússia, USA, Canadá, China e Indonésia (Victorino, 2007).

Fazendo uma análise percentual, pode se dizer que, de acordo com Hafner (2007), 97,5% é o

total da água disponível nos mares e oceanos, e que constitui água salgada; os 2,5% são o

total da água doce. Desta última quantidade (água doce), 68,9 % está em forma de gelo,

30,8% está no subsolo e 0,3% está nos rios, lagos e aquíferos, ainda, uma percentagem ínfima

da água está distribuída em forma de vapor na atmosfera. Assim sendo, toda a água do

planeta é constituída basicamente de dois tipos: água salgada dos mares e água doce dos rios,

lagos e subsolo.

O conhecimento das percentagens a cima apresentadas é importante porque traz uma

compreensão geral sobre o total de água no planeta em comparação com a água doce, usada

para a satisfação das necessidades. É importante fazer essa comparação porque nos leva à

reflexão de quão é necessário a tomada de uma postura que vise a aquisição de práticas de

uso racional do recurso água, desde uma perspectiva global para uma perspectiva mais

específica.

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2.3. Distribuição hídrica em Moçambique e sua relação com a disponibilidade de água

potável

De acordo com Conceição et al., (2014), Moçambique possui quinze bacias hidrográficas. De

entre as quais, são destacadas como essenciais as seguintes:

A Bacia do rio Rovuma (Províncias do Niassa e de Cabo Delgado: esta bacia apresenta 650

km de extensão e nasce na Tanzânia. Uma pequena parte do rio é navegável e o seu principal

afluente, proveniente de Moçambique é o Rio Lugenda.

A Bacia do rio Lúrio (Províncias de Cabo Delgado e Nampula): com 605 km de extensão, na

sua maioria o rio não é navegável.

A Bacia do Rio Zambeze (Províncias de Tete, Manica, Sofala e Zambézia): apresenta 820 km

de extensão. É deste rio que é produzida a energia de origem hídrica pela central elétrica da

Barragem de Cahora Bassa, sendo navegável por embarcações médias ao longo de cerca de

420 Km e apresentando um delta de dimensões consideráveis.

A Bacia do rio Save (Províncias de Gaza, Inhambane, Manica e Sofala): com 330 km, este rio

atravessa uma zona de grande instabilidade climática ficando sujeito a frequentemente e

fortes variações no seu caudal. Não é navegável por embarcações de média dimensão.

A Bacia do rio Limpopo: com cerca de 1600 km de extensão, este rio atravessa largas

extensões da África do Sul, Botswana e Zimbabwe antes de entrar na Província de Gaza

(Pafúri) e desaguar perto da cidade do Xai-Xai. Geralmente é sujeito a grandes flutuações de

caudais e só é navegável por embarcações de dimensão média numa extensão de 50 km.

A Bacia do rio Incomati: sendo o maior rio da zona Sul do país, atravessa a África do Sul, a

Suazilândia e entra em território Moçambicano na localidade de Ressano Garcia para

desaguar na Baía de Maputo. É navegável por embarcações de média dimensão numa

pequena extensão e é largamente aproveitado em termos de construções de barragens e

diques quer para a produção de energia ou para irrigação agrícola.

De acordo com a ENARHM (2007), a existência dessa toda riqueza hídrica no território

nacional, não faz de Moçambique um país com alta disponibilidade hídrica, pelo contrário

possui alto índice de vulnerabilidade hídrica causando problemas de ligados à

indisponibilidade da água potável.

Essa vulnerabilidade hídrica e a consequente indisponibilidade da água potável, em grande

parte deve-se ao facto de mais da metade dos recursos hídricos do País serem de origem fora

do território nacional e os países que compartilham essas águas com Moçambique, possuem

alto índice de exploração hídrica reduzindo a disponibilidade da água. Constituem como

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outros factores associados o facto de Moçambique ser um país a jusante e os países a

montante em períodos de alta pluviosidade abrem a suas comportas e são arrastados

poluentes contaminando assim as águas do território nacional, contribuindo grandemente para

o aumentando da indisponibilidade da água potável.

De acordo com Conceição et al., (2014), outro factor e o baixo aproveitamento do potencial

hídrico por escassez de infra-estruturasde rede de abastecimento de água, o que se reflecte no

baixo acesso da água potável. Falando de rede de abastecimento de água, para o caso da

cidade de Maputo, tem registado melhorias na actualidade. Um relatório de estudo feito pelo

FIPAG e o CRA, financiado pelo BM, publicado em Junho de 2009, refere que na cidade de

Maputo, no inicio do ano de 2007, apenas 36% por cento da população metropolitana possuía

ligações domésticas, torneira de quintal e fontenários públicos.

Dados apurados pelo censo populacional de 2007, mostram que este número subiu para cerca

de 55%, dos quais 16% no interior da habitação e 39% fora da habitação. Um Inquérito

realizado pelo Grupo Integrado da Força do Trabalho (GIFT) em 2008, constatou que cerca

de 70% da população do Município de Maputo tinha água canalizada, 24% água de

fontanário, sendo a restante população abastecida por poços na escala de 2,5% poços não

protegidos, 1,8% poços protegidos, mas sem bomba, e 1,2% poços protegidos com bomba

manual (INE, 2012).

Os dados mostram que grande parte da população da cidade de Maputo tem acesso à água

potável e que a dinâmica deste acesso é cada vez mais crescente. Se de 2007 a 2008 o acesso

da água potável cresceu na ordem de 15%, atingindo 70%. Isto revela que nos nossos dias o

número de pessoas abrangidas pela rede de abastecimento de água potável deve estar acima

dos 70%, se for considerada esta dinâmica de crescimento.

2.4. Uso racional da água potável e sua importância

Segundo Dreher (2008), nos últimos anos devido ao quadro de escassez da água potável, a

utilização racional deste recurso com vista a sua conservação, tornou-se parte das

preocupações humanas, não se admitindo mais desperdícios.

Barbosa (2013), refere que a racionalização da água potável implica aplicação de certas

medidas económicas onde, tais medidas consistem na separação de actividades que precisam

do uso da água potável (uso nobre) daquelas que não precisam necessariamente do uso da

água potável, ou seja, todas aquelas actividades em que a água entra em contacto com o

indivíduo, pode-se optar pelo uso da água potável, recomendando-se a consciencialização do

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usuário. Para actividades que não requerem o contacto directo com o usuário, pode-se fazer o

uso da água proveniente de fontes alternativas como, a água da chuva e dos poços.

A explicação trazida por esses autores, tem a ver com o exercício que o usuário deve fazer

com vista a separar as actividades que requerem o uso de diferentes categorias de qualidade

da água em grupos bem definidos. Visto que, nem todas elas precisam necessariamente o uso

da água potável.

Esse processo, segundo Victorino (2007), chama-se delimitação criteriosa no processo de uso

racional da água potável, visando a sua conservação e eficiência no uso, tendo como

resultados positivos a maior disponibilidade da mesma.

Um aspecto a ser levado em conta no conjunto de acções a serem levadas a cabo, no contexto

de utilização racional com vista a sua conservação, de acordo com André et al. (2015), são os

pressupostos comportamentais, ou seja, é de fundamental importância que os indivíduos

sejam movidos de uma consciência conservacionista, baseando-se no reconhecimento do

quadro de escassez da água potável quer seja a nível global, regional ou local. É aqui onde

entra a necessidade de educação ambiental onde, os usuários são consciencializados para a

aquisição de uma mentalidade conservacionista com vista a redução de problemas de falta de

água pois, na ideia de Camargo (2012), é necessário ter em conta que muitas consequências

negativas (relacionados à falta de água) que estão sendo observadas poderão ser reduzidas se

ocorrerem mudanças comportamentais com base necessária para a adopção de novas formas

de uso da água potável.

Desta forma, a aquisição de práticas sustentáveis para conservar água potável, reforça Nunes

(2006) significa a mudança de mentalidade desde uma perspectiva de consumo inconsciente,

irresponsável para uma perspectiva de consumo consciente. O consumo consciente leva-nos à

aquisição de certos hábitos que economizam a água. De acordo com Matos (2006), Um

estudo feito na prefeitura nos Estados Unidos, pela Organização Mundial da Saúde,

promovido pelo departamento de Água e Saneamento em 2006, constatou que hábitos como,

escovar com torneira fechada poupava 80 litros de água em cada dois dias; lavar a loiça com

torneira fechada poupava 100 litros de água em dois dias; lavar carro com mangueira em

meia hora gastava 560 litros de água; lavar o chão com mangueira gastava 280 litros e banhos

longos de até 20 a 30 min no chuveiro gastavam 90 a 180 litros de água. Portanto, é possível

verificar que são pequenas acções, mas com impactos bastante significativos.

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Estudos feitos nos Estados Unidos e Gã-Bretanha mostraram que o uso dos equipamentos

sanitários tinha uma participação acentuada no consumo de água nas habitações. De acordo

com Dreher (2008), há bacias sanitárias que gastam de 12 a 25L de água por cada descarga.

Portanto, por causa desse consumo acentuado de água aconselha-se a selecção criteriosa dos

equipamentos sanitário com base nas informações contidas no catálogo relacionado ao gasto

de água por cada descarga.

Em países desenvolvidos como o China e Japão por exemplo, tem ocorrido campanhas de

substituição de pias que consomem acima de 8 litros/descarga para as que consomem abaixo

de 6 litros/descarga. No Brasil, as bacias sanitárias eram projectadas para consumir no

máximo 12 litros/descarga e os fabricantes bem como os compradores não se preocupavam

com a quantidade de água gasta, mas sim para questões estéticas, com o design do produto.

Por meio de campanhas feitas em diferentes regiões deste País, apontando o quadro actual de

escassez da água potável, o uso de tais bacias foi cada vez mais desincentivado passando-se

agora a se usar as que no máximo usam 6 litros/descarga. Em relação aos equipamentos

hidráulicos como torneiras, chuveiros e outros passou-se a verificar-se até que ponto têm a

garantia de qualidade para se evitar perdas de água por gotejamento, porque sai mais barato a

aquisição de um equipamento de qualidade para garantir a racionalização da água do que os

prejuízos que um equipamento sem qualidade possa trazer.

De acordo com Nunes (2006) o uso racional da água potável relaciona-se com a conservação

da mesma. Assim sendo, a conservação contribui para o desenvolvimento comunitário, a

promoção de qualidade de vida, redução de esgotos sanitários e a conservação dos

Ecossistemas Ambientais. Pois, de acordo com PETROBRAS (2006) quando bombeamos ou

desviamos água para atender demandas humanasexploram um sistema vivo do qual miríades

de outras espécies dependempara sua sobrevivência e que presta serviços valiosos para o

equilíbrio ambiental.

De acordo com Silva et al., (2006), um estudo realizado no Brasil, buscando fazer a análise da

conservação e uso racional da água potável baseando-se na adopção de novos hábitos para

evitar escassez, constatou que a importância de usar de forma racional a água potável é o

aumento da sua disponibilidade em quantidades e qualidades necessárias que satisfazem a

demanda, mantendo a água conservada e cada vez mais sustentável. Para tal, o estudo

apontou como soluções fundamentais a aplicação de medidas económicas por parte dos

usuários como, a reciclagem da água e a consciencialização destes para o uso consciente.

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Numa perspectiva económica, Gonçalves & Haspanhol (2004) refere que é de fundamental

importância usar de forma racional a água potável porque assim fazendo, haverá redução da

quantidade de água extraída nas fontes de suprimento, contribuindo para redução do

desperdício, evitando a poluição e aumentando a reutilização e a reciclagem. De acordo com

Ywashima (2005), cerca de 90% da produção de água nas cidades destinam-se aos sectores

residenciais. Assim, a redução de consumo da água assume um papel importante para a

conservação do meio ambiente. Para além de diminuir a pressão sobre os recursos hídricos,

preservando o recurso água, acarreta uma série de economias adicionais como, ao custo de

produção pelas empresas provedoras, baixo preço pago para o consumo da água e acima de

tudo a promoção do bem-estar.Contudo, é necessária a adopção de mecanismos de

reutilização de cada parcela de água potável usada para uma determinada actividade visto

que, é quase possível reutilizar-se a água residual proveniente das actividades quotidianas.

É nesse contexto que Victorino (2007), o acesso à água potável é um direito de todos, mas

também é um dever de todos mantê-la conservada. Portanto, esse direito e dever de gestão e

conservação da água potável pressupõem o exercício da cidadania individual e comunitária.

De acordo com Fevital et al., (2008), a gestão para melhoria da água potável precisa incluir,

em seu processo decisões e acções, não somente as autoridades governamentais ou entidade

provedoras dos serviços de abastecimento de água potável, mas também a iniciativas da

própria comunidade a qual é beneficiária.

Em países Desenvolvidos como o Brasil por exemplo, no desenho institucional da Lei de

Águas, a gestão de recursos hídricos compreende participação do Poder Público (conjunto

dos órgãos com autoridade para realizar os trabalhos do Estado, constituído de Poder

Legislativo, Poder Executivo e Poder Judiciário) e dos usuários, com papéis claramente

definidos.

De acordo com Conete (2008), os representantes da comunidade têm como principais papéis

o levantamento dos principais problemas a nível comunitários relacionados ao uso da água

potável e sua relação com a falta da mesma e em que medida tais problemas afectam o

desenvolvimento das actividades quotidianas da comunidade. Após o levantamento desses e

outros aspectos, é feita uma reunião da comissão onde são reportados os aspectos verificados

e posteriormente são traçadas políticas de acção para a resolução dos problemas e outros

potenciais impactos. Dentro das políticas de acção inclui a capacitação de um grupo de apoio

técnico pertencente à própria comunidade que realiza acções de fiscalização e promoção de

políticas de conservação da água.

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De acordo com o Programa de Água e Saneamento financiado pelo Banco Mundial (WSP,

2010) alguns países como Níger, Mauritânia, Uganda, Benin, Burkina, Rwanda e Níger, a

comunidade tem um papel fundamental na gestão e conservação da água potável. Com a

implementação do sistema delegado de gestão da água, as comunidades têm feito o controlo e

manutenção e garantir a continuidade de funcionamento de pequenos sistemas de

abastecimento de água. No entanto, para a garantia de continuidade do funcionamento desses

sistemas, há uma contínua comunicação entre a comunidade, operadores privados e o

governo, por meio de encontros onde são reportadas principais dificuldades e traçados

estratégias de resolução. O objectivo de atribuição de responsabilidade à comunidade da

gestão e conservação da água é o de empoleiramento comunitário e sua participação no

processo de gestão e conservação da água onde esta passa a ser não apenas consumidora, mas

também promotora de acções conservacionistas, desenvolvendo um sentimento de

responsabilidade no processo de gestão e conservação da água potável.

2.5. Consumo de água potável e sua relação com o desperdício

De acordo com Cohim (2009) o consumo de água numa residência é distribuído em

diferentes usos, ingestão, cozimento dos alimentos, banho, higienização de roupas, utensílios

domésticos e do próprio imóvel e descargas de vasos sanitários. Gonçalves (2006) afirma que

a caracterização do consumo numa residência é fundamental na determinação das acções

prioritárias na busca pelo uso racional da água.

Ainda de acordo com Gonçalves (Op. cit), uma pesquisa feita no Brasil, avaliando-se o

consumo percapita em nove assentamentos da periferia urbana da capital baiana, verificando-

se uma variação de 32L/pessoa/dia a 87L/pessoa/dia, com um valor médio 48L/pessoa/dia,

numa situação que pode gerar impactos significativos sobre a saúde daquelas populações.

Gleick (1996) propõe que a quantidade mínima percapita seja de 50 litros/pessoa/dia,

suficientes para suprir as necessidades básicas de ingestão, higiene, serviços sanitários e

preparo dos alimentos, baseado nos consumos mínimos para diversos usos, conforme

Tabela1, recomendando que esta quantidade seja disponibilizada para toda a população,

como um direito, independentemente do status político, social ou económico.

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Tabela 1. Quantidade mínima de água necessária para os diversos usos.

Uso da água potável

para diferentes

necessidades

Mínimo

recomendado

(litros/pessoa/dia)

Variação

(litro/pessoa/dia)

Água para ingestão 5 2-5

Serviços sanitários 20 20-75

Água para Banho 15 10-70

Alimentos e cozinha 10 10-50

Total 50 ..........

Fonte: Matos (2007).

A Agenda 21 Global, entre seus objectivos, propôs que fosse garantido, até o ano 2000, o

acesso a pelo menos 40 litros percapita por dia de água potável a toda população urbana e que

75 por cento desta disponha de serviços de saneamento próprios ou comunitários. O BM e a

OMS afirmam que o suprimento mínimo de água deve ser de 20 a 40 litros/pessoa/dia. A

definição de uma quantidade mínima de água suficiente para suprir a demanda residencial é

um assunto polémico e complexo, envolvendo aspectos sociais, culturais, regionais e

económicos, inclusive relacionados à sustentabilidade dos sistemas de abastecimento. Assim,

apesar de defendida por vários pesquisadores, entidades e organizações, até hoje não se

estabeleceu uma cota mínima a ser garantida a todos os cidadãos.

A universalização do fornecimento de água deve ser baseada no uso racional deste recurso,

pois ter direito não significa acesso a quantidades irrestritas e insustentáveis. Assim, deve

estar embaçada na caracterização do uso da água nos diversos pontos do domicílio, assim

como no padrão de consumo em diferentes regiões, o que está intimamente relacionado a

factores ambientais, sociais, económicos e culturais. (Cohim. 2009).

Almeida (2007) durante pesquisa realizada em residências, localizadas no município Feira de

Santana, verificou que o consumo médio da população estudada foi de 115 litros/pessoa/dia.

Nas residências avaliadas a maior demanda de água era na torneira da pia da cozinha, seguida

pelo lavatório e chuveiro. Segundo Nunes (2008) o consumo total da água

independentemente do tipo de habitação, sendo composto normalmente por uma parcela

efectivamente utilizada e outra desperdiçada.

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A água utilizada é aquela que efectivamente é empregue na realização das actividades e a

desperdiçada pode ser decorrente do uso acima do necessário/excessivo e/ou de perdas

(quantidade de água prevista para ser usada, mas que não é utilizada devido à diferentes

factores associados). Logo, o autor assegura que matematicamente, o consumo de água é

dado pela seguinte fórmula:

CA = U+ D, onde: CA é o consumo da água; U= é a quantidade de água usada para a

realização da actividade e D é o desperdício, parte da água não devidamente utilizada.

Essa expressão pressupões que no processo de consumo da água, parte dela vai para o uso

destinado, e outra parte é desperdiçada. Portanto, quanto maior for o uso, eficiente é o

consumo por sua vez, quanto maior for o desperdício, ineficiente será o consumo. Nesse caso,

o favorável é que o consumo da água seja explicado pelo uso. Ou seja, que a quantidade de

água prevista para o consumo seja eficientemente usada, nesse caso para baixar ou anular o

desperdício. É nesse contexto em que o consumo da água se relaciona com o desperdício,

estabelecendo-se uma relação de proporcionalidade por meio do factor uso efectivo.

Tabela 2: Quantidade de água desperdiçada quando uma torneira goteja.

Vazamento Frequência (gotas/minuto) Perda diária (litros/dia)

Gotejamento lento Até 40 (gotas/minuto) 6 a 10 litros de água

Gotejamento médio 40 <nº de (gotas/minuto)<_ 80 10 a 20 litros de água

Gotejamento rápido 80 <nº de (gotas/minuto)<_ 120 20 a 32 litros de água

Muito rápido Impossível de contar >32 Litros de água

Fonte: Nunes (2008).

As informações contidas na tabela acima constituem parte de muitos outros exemplos de

desperdício. Fazendo uma relação com o consumo pode-se verificar que a quantidade de água

desperdiçada devido a um determinado factor, nesse caso uma torneira estragada ou não

devidamente fechada, está contemplada na quantidade total de água consumida num

determinado uso. Por outras palavras, o contador de água vai registando um volume elevado

de água consumida, mas que não é efectivamente usada.

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2.6. Lições aprendidas da revisão de literatura

Com a revisão da literatura, foi possível constatar que a água como recurso constitui a maior

porção no planeta terra. Porém, menor percentagem dela serve para o consumo. Contudo, é

necessário a tomada de uma postura mais perfeccionista no uso da água potável (tópico 2.2).

Moçambique apresenta muitas bacias hídricas, distribuídas ao longo do seu território,apesar

desta toda quantidade de bacias hídricas, o país ainda regista questões de vulnerabilidade

hídrica, isto por ser um país a jusante onde em épocas de altapluviosidade são arrastados

poluentes dos países a montante, aliado ao facto de esses países explorarem excessivamente

as águas, contribuindo para a redução da disponibilidade da água potável. Contudo, apesar

desses desafios a cidade de Maputo em particular tem registado melhorias no que concerne ao

acesso da água potável nos últimos anos (tópico 2.3). O uso racional da água potável

desempenha um papel muito importante pois, possibilita o aumento da sua disponibilidade

em quantidades e qualidades necessárias que satisfazem a demanda, mantendo a água

conservada e cada vez mais sustentável. Por seu turno, a sustentabilidade possibilita o

desenvolvimento comunitário, a promoção de qualidade de vida, a redução de esgotos

sanitários e a conservação dos ecossistemas ambientais. Para tal é necessária a mudança de

comportamento desde uma perspectiva de consumo inconsciente para um consumo

consciente, o que leva à aquisição de certos hábitos para economizar a água (tópico 2.4).

Constatou-se também que o consumo da água potável tem a sua relação com desperdício

pois, no processo de consumo da água, parte dela vai para o uso destinado e outra parte é

desperdiçada. Portanto, quanto maior for o uso, eficiente é o consumo. Por seu turno,quanto

maior for o desperdício, ineficiente será o consumo. Nesse caso, o favorável é que o consumo

da água seja explicado pelo uso. Ou seja, que a quantidade de água prevista para o consumo

seja eficientemente usada, nesse caso para baixar ou mesmo anular o desperdício (tópico 2.5).

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CAPÍTULO III: METODOLOGIA

Segundo Prodanov et al., (2013), a metodologia examina, descreve e avalia métodos e

técnicas de pesquisa que possibilitam a colecta e o processamento de informações, visando o

encaminhamento e resolução de problemas e/ou questões de investigação. A Metodologia é a

aplicação de procedimentos e técnicas que devem ser observados para construção do

conhecimento, com o propósito de comprovar sua validade e utilidade nos diversos âmbitos

da sociedade. Estes procedimentos são chamados por Mutumucuio (2009), como os que

caracterizam a pesquisa. A caracterização consiste na definição da natureza da pesquisa, dos

métodos a serem utilizados, dos procedimentos técnicos, e das modalidades de actividades.

A pesquisa irá privilegiar como método de pesquisa, a abordagem qualitativa. O uso deste

método vai de acordo com aqueles que são os eixos de análise a serem feitos nessa pesquisa.

Pois, far-se-á a interpretação de fenómenos e atribuição de valores que na sua maioria serão

de carácter subjectivo. De acordo com Mutumucuio (2009), essa interpretação de fenómenos

e a atribuição de significados sãoa base do processo de pesquisa qualitativa. Este método

considera que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo

indissociável entre o mundo objectivo e a subjectividade do sujeito que não pode ser

traduzida em números.

Outro aspecto é que, de acordo com Goldenberg (2004), a metodologia qualitativa privilegia

as particularidades do fenómeno e possibilita estudar as questões difíceis de quantificar como

sentimentos, motivações, crenças, atitudes individuais, privilegiando a interacção entre o

pesquisador e o objecto a ser pesquisado.

3.1. Descrição do local do estudo

Esta secção fornece de forma clara e objectiva a descrição do contexto geral do local onde

decorreu a pesquisa, culminando com a materialização desta monografia. São descritos nessa

secção aspectos sócio-demograficos e a localização geográfica.

O bairro de Maxaquene “C” constitui um dos quatro (4) bairros do distrito urbano nº 3-

KaMaxaquene. Este bairro situa-se no extremo norte da cidade de Maputo, é limitado pelo

bairro de Maxaquene “D”, a Sul pelo bairro de Malhangalene “B”, a Este pelo bairro da

Polana Caniço e a Oeste pelo bairro de Maxaquene “B”.

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Este caracteriza-se por ser um dos bairros em melhorias no que tange ao índice de

urbanização. Um dos factores deste índice deve-se ao facto de ser limitado por avenidas

(Keneth Kaunda e Vladmir Lenine) que estabelecem ligação com principais pontos da

Cidade, como a Baixa da Cidade e zona da costa do sol. Portanto, este bairro constitui área

estratégica para habitação, facto que contribui para maior atracção habitacional,

conscequentimente maior demanda por água potável (CMM, 2013).

Na figura a baixo, é apresentado um mapa ilustrando os limites que o bairro de Maxaquene C

estabelece com os demais bairros circunvizinhos.

Figura 1:Mapa do bairro de Maxaquene

Fonte: Google Earth (2016)

Pode-se verificar nesta figura que o bairro de Maxaquene “C” encontra-se na parte central em

relação aos demais bairros que estabelecem limites com este

3.2. Características Socio-demográficas do bairro de Maxaquene “C”

De acordo com dados do II Recenseamento Geral Habitacional de 1997, o bairro de

Maxaquene “C” apresentava 18.790 habitantes, distribuídos na ordem de 9.186 Homens e

9.604 Mulheres. A dimensão dos agregados familiares aumentou de 5,7 para 6,1 indivíduos, e

este número situa-se acima da média nacional de 4,8 indivíduos por agregado (CMM, 2013).

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De acordo com o PEMM (2008), o número de habitantes subiu para 55.689 distribuídos em

27.382homens e 28.307 mulheres.

De acordo com o IAF (2003), a proporção de casas com telhados de colmo reduziu para

metade enquanto os telhados de zinco registaram um aumento ao dobro. Do mesmo modo, a

proporção de habitações com paredes de blocos de cimento aumentou, verificando-se uma

acentuada redução no número de habitações feitas com palha. Em relação a educação e

emprego, verifica-se aumento em taxas de literacia de cerca de 20 pontos percentuais no

período 1997 – 2003, e a frequência escolar quase dobrou, durante o mesmo período, de 49%

em 1997, para 87%, (INE, 2003).

Em relação à rede de abastecimento de água, no âmbito de uma parceria entre o CRA, a

Universidade de Stanford e o Programa de Água e Saneamento do Banco Mundial (WSP), foi

realizado em 2009, um estudo de caracterização do abastecimento de água nos bairros

periféricos, com base em inquéritos a cerca de 1400 famílias de diferentes distritos urbanos

da cidade de Maputo incluindo o Distrito de KaMaxaquene, o levantamento apurou-se que

47% das famílias inquiridas no bairro de Maxaquene “C” têm ligação domiciliária, 23% se

abastecem de fontanários e 30% através da revenda no quintal.

3.3. População e amostra

Para Gressler (2003), população e amostra é o agregado de todos os elementos que possuem

determinadas características definidas no próprio corpo de pesquisa. População consiste em

um conjunto de indivíduos que compartilham de, pelo menos, uma característica comum, seja

ela cidadania, etnia, etc.

Para efeitos desta pesquisa, foi usada a técnica de amostragem não probabilística por

conveniência onde, de acordo com Maree & Pietersen (2007), os elementos da população são

escolhidos com base na sua disponibilidade, a possibilidade de se escolher um certo elemento

do universo é desconhecida e os elementos do universo são escolhidos simplesmente por

serem acessíveis ou por serem mais fáceis de serem avaliados. Assim sendo, foram

entrevistados um total de 28 pessoas divididas em 3 principais grupos:6 pessoas que vendem

hortícolas e outros produtos que implicam o uso da água potável em dois mercados do bairro,

17 pessoasnas residências e 5 agentes que fazem trabalhos de lavagem de carros em certos

estabelecimentos do bairro de Maxaquene “C”.

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3.4. Instrumentos de recolha e análise dos dados

No processo de recolha de dados foram usadas como técnicas de recolha, a observação

directa e as entrevistas semi-estruturadas. De acordo com Marconi e Lakatos (2007), a

observação directa é uma técnica que consiste em conseguir informações utilizando os

sentidos na obtenção de determinados aspectos da realidade. O método não consiste apenas

em ver e ouvir, mas também em examinar factos ou fenómenos que se deseja estudar. Assim

sendo, para o contexto desta pesquisa a observação consistiu em acompanhar o dia-a-dia dos

utentes no processo de uso da água potável usando um guião de observação (anexo 1). Isto

possibilitou uma leitura mais apurada de como é feito o uso da água. Em relação às

entrevistas, de acordo com Marconi e Lakatos (2007), estas representam uns dos instrumentos

básicos para a colecta dos dados. Trata-se de uma conversa face-a-face de maneira

metodológica e que pode proporcionar resultados satisfatórios e informações necessárias. Em

entrevistas semi-estruturadas, o entrevistador tem a liberdade de desenvolver cada situação

em qualquer direcção que considere adequada, explorando mais amplamente a questão em

estudo. Para o presente estudo, as entrevistas consistiram de um guião composto por

perguntas abertas e previamente elaboradas, proporcionando maior liberdade aos

entrevistados (anexo 2), nesse caso um total de 28 pessoas residentes do bairro de Maxaquene

“C”. Para a execução das entrevistas, foram usados como recursos um bloco de notas,

esferográficas, lápis, borracha e um guião de perguntas.

3.5. Tratamento e análise de dados

De acordo com Mozato (2011), o tratamento e análise de dados é um conjunto de técnicas de

análise que utiliza procedimentos sistemáticos e objectivos de descrição do conteúdo. O

objectivo que levou da análise de conteúdo foi de compreender criticamente o sentido das

respostas dos entrevistados manifestos ou latente, as significações explícitas ou ocultas.

Buscou-se trabalhar os dados colectados, objectivando a identificação do que foi sendo dito a

respeito das questões das entrevistas. Assim sendo, para efeitos desta pesquisa, o processo de

tratamento e análise de dados conheceu os seguintes procedimentos, apontados por Badin

(2006): 1) pré-análise e exploração do material; 2) tratamento dos resultados e interpretação.

Na pré-análise e exploração do material: foi feita a organização do texto das respostas dadas

às perguntas das entrevistas, categorizando-se em função das perguntas de pesquisas. O

objectivo desse processo foi de tornar o material operacional visando sistematizar as ideias

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principais para a exploração do material da melhor maneira possível. Ocorreu também o

processo de categorização da informação em função das perguntas, onde para um conjunto de

respostas que respondiam uma determinada pergunta de pesquisa, fez-se a seguinte

designação: RPP1 (respostas para pergunta de pesquisa 1), RPP2 (respostas para perguntas de

pesquisa 2) e RPP3 (respostas para pergunta de pesquisa 3).

Tratamento dos resultados e interpretação: esta etapa foi destinada ao tratamento dos

resultados; ocorreu nela a condensação e o destaque das informações para análise. Durante as

entrevistas outros tocavam assuntos pessoais dentro de uma determinada questão, portanto o

destaque das informações ajudou a separar as informações chaves daquelas que não estavam

ligadas à pesquisa. Esse processo possibilitou o tratamento interpretação dos resultados da

melhor maneira possível onde, deu-se sentido às respostas confrontando-se com a literatura.

3.6. Considerações éticas

De acordo com Nunes (2013) toda a investigação científica é uma actividade humana de

grande responsabilidade ética pelas características que lhe são inerentes. Este olhar da ética

na investigação abrange todas as etapas do processo de investigação, desde pertinência do

problema, processos de colheita de dados até a validade dos resultados, de onde se inclui a

garantia de respeito dos direitos dos participantes no que se refere a consentimento

informado, esclarecido e livre participação, a confidencialidade e protecção dos dados, como

um dos elementos fundamentais na pesquisa ao se falar de questões éticas. Assim sendo,

foram levados em consideração aspectos éticos no processo da colheita de dados,sendo que

estes tiveram pleno conhecimento dos termos e condições da pesquisa e para que fins ela era

destina. O pedido feito aos entrevistados foi de forma generosa e assegurou-se que esses

deveriam participar da mesma de forma livre e voluntária. Foi garantido o anonimato visto

que os entrevistados não foram obrigados a dar os seus nomes e em casos em que alguns

falaram dos seus nomes de forma voluntária não foram publicados em nenhuma parte dessa

pesquisa. Essa foi uma das formas de garantir a confidencialidade dos resultados com vista a

proteger a identidade e dignidade dos entrevistados.

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3.7. Limitações do estudo

Esta secção apresenta algumas limitações encontradas ao longo da realização do estudo,

nomeadamente:

a) A dificuldade do pesquisador de perceber da língua Xichangana visto que alguns

entrevistados apresentaram dificuldades em Português. Porém, esta dificuldade foi

ultrapassada medianteas disponibilidades de algumas pessoas que se predispuseram

em desempenhar o papel de tradutores. Como forma de garantir a fiabilidade dos

dados traduzidos do idioma Xichangana para o português, o pesquisador procurou

fazer uma confirmação junto dos entrevistados mediante a leitura das respostas dadas

às perguntas feitas, visto que, estes percebem o português mas a dificuldade é de se

expressarem neste idioma.

b) A dificuldade na disponibilidade das pessoas para as entrevistas; alguns julgavam

estar atarefadas e outras com receios por pensarem que se tratava de um caso

problemático.Para casos de indisponibilidade das pessoas marcava-se a entrevista para

uma ocasião em que estes estivessem livres e para os que julgavam se tratar de um

caso problemático, nalguns casos foi possível ultrapassar mediante a apresentação do

cartão de estudante para certificação de que realmente trata-se de um assunto a ver

com os estudos.

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CAPITULO IV: APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Este capítulo tem em vista a apresentação e a discussão dos resultados do estudo. A

apresentação dos resultados é feita em função das perguntas de pesquisa, fazendo-se a

discussão baseando-se nos argumentos dos autores revistos. Em primeiro lugar são

apresentadas e discutidas as formas de uso da água potável pelos residentes do bairro de

Maxaquene “C” nas diferentes actividades quotidianas. Em segundo lugar discutem-se as

medidas tomadas pelos residentes do bairro de Maxaquene “C” para o uso racional da água

potável em terceiro e último lugar se discute o nível de percepção ambiental dos moradores

relacionada à conservação da água potável.

4.1. Formas de uso da água potável pelos residentes do bairro de Maxaquene

“C”

Esta secção discute os resultados do estudo em torno da seguinte pergunta de pesquisa:

“Quais são as formas de uso da água potável usadas pelos residentes do bairro de Maxaquene

“C” nas diferentes actividades quotidianas?” Esta pergunta de pesquisa, foi operacionalizada

em 3 questões de entrevista (questão 1,2,3 do anexo 2). De acordo com Cohim (2009), o

consumo de água numa residência é distribuído em diferentes usos tais como, ingestão,

cozimento dos alimentos, banho, higienização de roupas, utensílios domésticos e do próprio

imóvel e descargas de vasos sanitários. Os residentes do bairro de Maxaquene “C” usam água

potável em todas actividades quotidianas que necessitem de água, tal como refere o seguinte

depoimento:

“Aqui na nossa zona não usamos outro tipo de água, usamos aquela mesma da FIPAG, a

muito tempo tínhamos um poço aqui na zona mas começou a secar e a água não era boa,

agora só usamos água da torneira para fazer todas as coisas que usam água”.

Assim sendo, de acordo com os entrevistados, a água é armazenada e conservada em

recipientes, pois, esta só é fornecida a partir das 4h e fecha por volta das13h. Em média, cada

casa apresenta 7 recipientes de água variando de 20 a 40 litros, porém, poucas casas

apresentam reservatórios.

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No intervalo de tempo das 7h à 12h a água utilizada pelos moradores é a que sai directamente

das torneiras. Após esse período, é utilizada uma quantidade ínfima daquela que é conservada

em recipientes. Maior parte das actividades caseiras é feita no período da manhã, assim

sendo, por vezes a água armazenada fica durante muito tempo sem que seja utilizada e perde

a sua qualidade ao ponto de ser descartada. A lista das actividades que requer a utilização

daágua potável é essencialmente a mesma apresentada por Cohim (Op.cit), com excepção de

algumas actividades comerciais tais como, serviços de Car Wash e salões de cabeleireiro,

feitos nalgumas casas. Contudo, as que mais consomem água são:

a) Actividades caseiras

A lavagem de roupa:a lavagem de roupa foi apontada como uma das actividades que mais

consome água, como ilustra o seguinte depoimento de um dos entrevistados:

“ Somos 6 pessoas na minha casa e quando a minha mãe lava roupa chega a usar mais ou

menos 7 baldes de 20 a 25 litros.Ela lava 3 a 4 vezes por semana e eu acho que a água gasta-

se muito também porque aquela que é usada para lavar a roupa, costumamos despejar no

quintal ou na estrada para evitar poeira; fazemos isso quando a água sai normalmente; agora

quando não sai, não deitamos fora, usamos para outras coisas. Isso não acontece só aqui em

casa, mas também outros vizinhos fazem isso” (Rapariga do bairro de Maxaquene “C”).

Lavagem domiciliária de carros: a lavagem de carros é feita usando mangueiras e baldes. No

entanto, leva-se no mínimo 15 minutos com a torneira aberta usando mangueiras e quase

grande parte da água empregue nesta actividade é desperdiçada ou inapropriada. Por outro

lado, com os baldes, em média, usa-se 50 a 60 litros de água por carro e semelhantemente a

água é inapropriada. De acordo com Matos (2006), falando de um estudo feito na prefeitura

dos Estados Unidos da América pela OMS, promovido pelo departamento de saneamento em

2006, onde lavar carro com mangueira aberta em meia hora gastava sensivelmente 560 litros

de água, pode-se afirmar então que em 15 minutos lavando carro com a mangueira aberta, os

residentes gastam 280 litros para cada lavagem.

Casas de banho: a utilização da água nas casas de banho foi indicada pelos moradores como

um dos sectores que se utiliza mais água mesmo sendo diversificada a forma como é

utilizada. As causas associadas a esta constatação é o facto de alguns membros da família

terem o hábito de fazerem banhos bastante longos, porque estes vêm o banho como um

mecanismo de relaxamento e não apenas como mecanismo de higiene. Por causa do regime

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actual de fornecimento de água, que vai das 4 às 12 ou 13 horas, grande parte das casas de

banho não apresentam autoclismos nas pias e a descarga é feita mediante o uso de baldes de

10 a 15 litros de volume. Essa quantidade de água usada na descarga pode até certo ponto ser

razoável se comparado à quantidade de água gasta numa pia clássica com autoclismo onde,

acordo com Dreher (2008) há bacias sanitárias que gastam de 12 a 25L de água por cada

descarga. Este autor refere que esta quantidade ainda continua ser exacerbada, por conta

disto, em países desenvolvidos como o China e Japão por exemplo, tem ocorrido campanhas

de substituição de pias que consomem não acima de 8 litros/descarga. Portanto o uso de

baldes com 10 a 15 litros de volume, até certo ponto ajuda a poupar a água.

b) Actividades comerciais

Salões de cabeleireiro: alguns proprietários afirmaram que a lavagem de cabelo é uma

actividade que consome muita água e que a quantidade da água usada para este fim varia

em função do número de clientes. Em média, usam-se 150 a 180 litros diários para cerca

de 8 pessoas e essa água é descartada.

Serviços de Car wash (lavagem industrial de viaturas): à semelhança dos salões, algumas

pessoas e estabelecimentos usam água potável para a prestação de serviços de lavagem de

carros consumindo muita água e, por vezes, em quantidades imensuráveis e não possuem

nenhum mecanismo de reutilização da água residual. No período da manhã, enquanto a água

sai, utiliza-se directamente das torneiras sem se aplicarem medidas para reduzir o consumo;

porém armazena-se a água para o uso no período da tarde, onde esta é bastante economizada

por se temer acabar enquanto ainda existam clientes que precisem dos serviços.

De acordo com os trabalhadores tanto dos salões, quanto dos serviços de Car Wash, nenhuma

medida de reciclagem da água é aplicada. Porém, de acordo com (Silva et al., 2006), falando

do estudo feito no Brasil, que buscava fazer a análise da conservação e uso racional da água

potável baseando-se na adopção de novos hábitos para evitar escassez, onde foi constatado

que a importância de usar de forma racional a água potável é o aumento da sua

disponibilidade em quantidades e qualidades necessárias que satisfazem a demanda,

mantendo a água conservada e cada vez mais sustentável. Para tal, o estudo apontou como

soluções fundamentais a aplicação de medidas económicas por parte dos usuários como, a

reciclagem da água.

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4.2. Medidas tomadas pelos residentes do bairro de Maxaquene “C” para o

uso racional da água potável

Esse subtítulo discute questões ligadas à seguinte pergunta de pesquisa: Que medidas são

tomadas pelos residentes do bairro de Maxaquene “C” para o uso racional da água potável?

as respostas a esta pergunta são nas questões 5,6,7 e 8 do anexo 2.

a) Controlo das torneiras durante o uso

Uma das medidas tomadas para o uso racional da água potável tem sido o monitoramento das

torneiras no momento da realização das actividades. Porém, esta medida não tem sido

efectiva, pois, há casos em que quando se enche de água os recipientes, pelo hábito de se

realizar actividades paralelas ou mesmo por esquecimento, a água fica a transbordar por volta

de 30, 40 segundos. E mais: quando se usa a torneira e o fornecimento é interrompido antes

que o recipiente encha, em certos casos esquece-se de fechar a torneira até ao dia seguinte e a

água se despeja por uma bom tempo quando se retoma o fornecimento.

De acordo com alguns entrevistados, uma outra medida relacionada ao controlo das torneiras

tem sido a de trancá-las com cadeado, visto que por vezes as crianças abrem as torneiras e

não as fecham correctamente.

b) Lavagem de utensílios com água corrente

Alguns entrevistados alegaram que a lavagem de utensílios, como pratos por exemplo, com

água corrente é uma medida para a racionalização da água potável porque acredita-se que

lavar pratos usando bacias gasta muita água porque facilmente fica suja porém e usando

directamente a torneira é possível poupar a água e os pratos ficam limpos. Para as casas onde

se aplica esta medida, foram verificados alguns drenos junto às torneiras para fora dos

quintais onde a água resultante dessa actividade não é conservada mas sim escoada para fora

dos quintais.

Tanto a medida de controlo das torneiras quanto a lavagem de utensílios com água corrente

apresentam ineficiência, tomando em consideração a lógica estabelecida por Nunes (2008),

que considera o consumo da água numa habitação como sendo normalmente composto por

uma parcela efectivamente utilizada (aquela empregue na realização das actividades) e outra

desperdiçada(decorrente do uso acima do necessário/excessivo e/ou de perdas). Este autor

afirma ainda que quanto maior for o uso, mais eficiente é o consumo e quanto maior for o

desperdício, menos eficiente é o consumo. Pode-se verificar que o modelo de consumo da

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água dos residentes não é explicado pelo uso porque, a quantidade de água prevista para o

consumo não é eficientemente usada, de formas a baixar ou anular o desperdício.

Outro aspecto é que se se tomar em consideração mais uma vez ao que Matos (2006) refere

noestudo feito na prefeitura nos Estados Unidos, pela Organização Mundial da Saúde,

promovido pelo Departamento de Água e Saneamento em 2006, onde foi constatado que

hábitos como, lavar a loiça com torneira fechada, ou seja,que não com água corrente, se

poupavam 100 litros de água em dois dias. A prática da lavagem de utensílios com água

corrente, apontado como medida de racionalização da água potável pelos residentes é

ineficiente.

c) Reutilização da água:

A prática da reutilização da água não é comum entre os residentes. Apenas poucas pessoas é

que têm o hábito de reutilizar a água que resulta da lavagem da roupa. Aáguaque se mostre

minimamente limpa, pode ser comummente usada para a limpeza do soalho e nas casas de

banho para a descarga nas pias. Ywashima (2005) refere que cerca de 90% da produção de

água nas cidades destinam-se aos sectores residenciais, e que a redução de consumo da água

assume um papel importante para a conservação do meio ambiente. Para além de diminuir a

pressão sobre os recursos hídricos, preserva o recurso água, acarreta uma série de economias

adicionais como, ao custo de produção pelas empresas provedoras, baixo preço pago para o

consumo da água e acima de tudo a promoção do bem-estar. Contudo, de acordo com o

mesmo autor, é necessária a adopção de mecanismos de reutilização de cada parcela de água

usada para uma determinada actividade visto que, é quase possível reutilizar-se a água

residual proveniente das actividades quotidianas.

d) Armazenamento da água em recipientes:

O motivo pelo qual a água é armazenada em recipientes, para além de se evitar que esta pare

de sair e não haja suprimento, é o facto de às vezes estar a um nível de turbidade não

desejável. Assim sendo, é armazenada passado um tempo decanta-se.

O mecanismo de armazenamento da água, de acordo com os moradores, ajuda também a

evitar despejar a água por abrir a torneira muitas vezes.

Uma das principais medidas da racionalização da água potável, apontada pela literatura é o

uso de fontes alternativas de água. E como Carli et al., (2013) referem, a utilização de fontes

de abastecimentos alternativos para fins menos nobres, como Barbosa (2013), enfatiza

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dizendo que essa busca outras fontes são medidas económicas na utilização da água potável.

Esta medida não é aplicada no bairro de Maxaquene “C” visto que não foram encontrados

casos de uso alternativo da água, ou seja, uma fonte secundária. Todas as actividades são

feitas usando apenas a água potável. De acordo com Gonçalves & Haspanhol (2004) a busca

de uma fonte alternativa como uma medida de uso racional da água potável é importante

porque assim fazendo, haverá redução da quantidade de água extraída nas fontes de

suprimento, contribuindo para redução do desperdício, evitando a poluição e aumentando a

reutilização e a reciclagem. Nunes (2006) comentando o mesmo assunto, refere que o uso

alternativo de outras fontescontribui para o desenvolvimento comunitário, a promoção de

qualidade de vida, redução de esgotos sanitários e a conservação dos Ecossistemas

Ambientais contudo, a forte dependência de uso da água potável por todas as actividades, é

um dos factores que pressionaaceleramento da falta de água, econsequentemente a pressão

pelo recurso.

4.3. Percepção ambiental dos moradores relacionada à conservação da

água potável

Este tema tem por finalidade responder à seguinte pergunta de pesquisa: Qual é o nível de

percepção ambiental que os moradores têm em relação à conservação da água potável?

Para esta pergunta de pesquisa, buscou-se perceber até que ponto os moradores do bairro

percebem ou dão importância a questão de conservar a água visando beneficiar o ambiente.

Para esta pergunta de pesquisa, foram identificados dois grupos de respondentes diferentes:

a) Os que não vêm nenhuma relação entre a conservação da água potável e o meio

ambiente

Este grupo de pessoas olha o meio ambiente como tendo a sua relação apenas com aspectos

que têm a ver com a gestão dos resíduos sólidos e controle de esgotos sanitários, visto que se

foremnegligenciados estes aspectos podemos ser afectados por doenças, e a conservação da

água potável não apresenta nenhuma relação com tudo isto.Como elucida o seguinte extracto

de um dos respondentes:

“Na minha opinião essa coisa de meio ambiente, é sobre lixo, cuidar de águas paradas porque

essas coisas nos provocam doenças ou afectam o ambiente que agente vive. Agora usar bem

água ou não, isso não afecta o meio ambiente apenas podemos sofrer da crise” (Dona de Casa

numa das residências no bairro de Maxaquene “C”).

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b) Os que vêm a relação, mas que não está fortemente ligada às práticas caseiras

Este grupo de respondentes afirma que é necessário conservar a água porque é do ambiente

que ela vem e se não for conservada pode-se esgotar. Porém compete às grandes empresas e

entidades comerciais conservá-la. Para estes, o nível caseiro do consumo é bastante

insignificante para afectar o meio ambiente.O seguinte extracto descreve melhor o

pensamento desse grupo de pessoas a cerca dessa matéria:

“Todos sabemos que o ambiente é tudo o que nos rodeia e a água que usamos dia a dia vem

deste mesmo ambiente. É verdade que quando se usa mal a água potável pode acabar, mas só

é possível para as indústrias não nas casas. Porque as indústrias usam muita água dia a dia

para produção e esse devem poupar, agora nas casas não, não é possível acabar mos a água de

um rio inteiro porque usamos mal ou aumentar a existência da água porque poupamos porque

quantidade que usamos é muito pouca” (Rapaz residente no bairro de Maxaquene “C”).

Tanto o primeiro quanto o segundo grupo de respondentes, é possível verificar a falta do

conhecimento ambiental ligado à conservação da água potável. De acordo com Victorino

(2007) a falta de água potável na actualidade não ocorre por causa da Natureza, mas sim da

má utilização, ou seja, desperdício e imprevidência, motivados por práticas destituídas da

racionalidade no uso da água potável. Assim sendo, como André et al., (2015) referem que é

de fundamental importância que os indivíduos sejam movidos de uma consciência

conservacionista, baseando-se no conhecimento do ambiente como um todo, levando

reconhecimento do quadro de escassez da água potável quer seja anível global, regional ou

local.

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CAPÍTULO V: CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Este capítulo apresenta as conclusões e as recomendações do estudo. É importante

lembrarque o estudo buscou avaliar as práticas de uso racional da água potável no bairro de

Maxaquene“C” e foi orientado pelas perguntas de pesquisas que procuravam perceber as

formas de utilização da água potável pelos residentes do bairro de Maxaquene “C”, as

medidas por eles tomadas para a racionalização e a percepção ambiental relacionado a

conservação da água potável. Portanto, as conclusões serão em torno destas questões. Em

função das conclusões, são deixadas algumas recomendações julgadas pertinentes pelo

investigador.

5.1. Conclusões

Conclui-se no presente estudo que as práticas de uso racional da água potável constituem um

conjunto de formas eficazes e eficientes no uso da água com vista a sua sustentabilidade.

Assim sendo, foram verificadas no bairro de Maxaquene “C” algumas dessas práticas, porém,

ineficientes. O controlo das torneiras, e em certos casos a reutilização da água, apesar de ser

uma medida pouco praticada, constituem as principais medidas de uso racional da água

potável. Essas medidas são ineficientes devido à existência de certos hábitos como a

realização de outras actividades no momento em que se usam as torneiras onde, por factores

como o esquecimento enegligência, a água é desperdiçada. Estes factores fazem com que as

formas de uso da água potável pelos residentes do bairro de Maxaquene “C” sejam ineficiente

e contribuindo para o desperdício.

As práticas de uso racional da água potável dos moradores do bairro de Maxaquene “C”, não

assumem um modelo de consumo consciente, baseado no conhecimento ambiental das

relações entre a racionalização ou conservação da água potável e seus benefícios para meio

ambiente; assim como o desperdício e sua relação com o esgotamento das fontes de

abastecimento. Porém, os moradores assumem as práticas de uso racional num contexto em

que a água é escassa para a realização de certa actividade ou quando esta não está sendo

abastecida. Razão pela qual, há casos em que são abastecidos os recipientes de água e quando

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passa muito tempo sem que esta seja utilizada, é descartada porém, num contexto em que o

abastecimento é interrompido por alguns dias, a água armazenada é utilizada. Isto mostra a

ausência da consciência ambiental visto que as práticas sustentáveis se relacionam com a

mudança de mentalidade desde uma perspectiva de consumo inconsciente para consumo

consciente.

Conclui-se também que, assim como a literatura apresenta o desperdício da água potável

como sendo perda evitável relacionado à negligência, de facto de acordo com os resultados

desta pesquisa a negligência é um dos factores que contribui para o desperdício da água

potável pelos residentes do bairro de Maxaquene “C”. Porém, este tipo de negligência não se

enquadra com aquele que Kiperstok et al., (2009) se referem como sendo uma negligência

comportamental consciente, baseado no conhecimento ambiental das implicações da má

utilização da água potável. Neste estudo, os residentes não estão conscientes dos problemas

relacionados com a má utilização da água potável e suas implicações para o meio ambiente.

A conservação da água potável pelos residentes do bairro de Maxaquene “C”, limita-se

apenas na aplicação de medidas como o controlo das torneiras e reutilização da água em

certos casos. De facto de acordo com Nunes (2006) a conservação da água potável contempla

tais medidas. Porém, isso não é suficiente. De acordo com Dreher (2008) a conservação da

água potável implica a utilização de fontes alternativas de uso de água como, furos e tanques

para o aproveitamento da água da chuva, esta água pode ser utilizada para a realização de

actividades secundárias. Portanto, no bairro de Maxaquene “C” não foram encontradas fontes

secundárias de uso de água. Assim sendo, para todas as actividades que necessitem de água,

usa-se água potável.

A não existência de tais fontes de suprimento de água faz com que haja maior pressão sobre o

uso da água potável onde, medidas como a separação criteriosa de actividades que requerem

do uso da água potável daquelas que não necessitam o uso da água potável, como apresenta a

literatura, não são observadas.

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5.2. Recomendações

À FIPAG, à DNA e à AdM, seguem as seguintes recomendações:

a) Estimular iniciativas que visem o uso racional da água potável através da distribuição

de manuais que apresentem orientações claras das práticas de uso racional da água

potável;

b) Difundir informações através de diferentes órgãos de comunicação como as rádios,

televisão e outro tipo de mídias, a necessidade urgente de aquisição de hábitos de uso

racional da água potável. Pode ser mediante a criação de uma rubrica na rádio ou

televisão onde se possam promover orientações de uso racional da água potável em

que os beneficiários dos serviços de abastecimento de água são levados a participar

através de ideias orientadas a conservação e racionalização da água potável;

c) Incentivar na construção de pequenos tanques junto às casas como fonte alternativa de

suprimento de água, que visem o aproveitamento da água da chuva que possa ser

empregue para actividades secundárias;

d) Promover campanhas de Educação Ambiental a nível dos bairros visando a

sensibilização e consciencialização dos residentes sobre os perigos relacionados com

o desperdício da água potável e suas implicações para o meio ambiente e, até que

ponto os hábitos relacionados ao desperdício da água potável podem afectar a vida

dos residentes. No âmbito dessas campanhas, devem ser ensinados diferentes

mecanismos de reciclagem da água potável.

e) Conceber e disponibilizar um Manual do Consumidor onde se possam apresentar

orientações básicas de uso adequado das torneiras quer sejam caseiras ou dos

fontenários públicos.

Ao Conselho de Administração do Distrito Municipal de KaMaxaquene recomenda-se:

a) A criação de pequenos grupos de gestão dos fontenários públicos a nível dos

bairrospara o levantamento dos principais problemas relacionados com a manutenção

das torneiras e orientação dos usuários sobre as boas práticas de uso racional da água

potável. Depois que os pequenos grupos fizerem o levantamento desses e outros

aspectos, é necessário que sejam reportados ao Conselho de Administração do Distrito

Municipal. Assim que o Conselho de Administração tomar o conhecimento destes

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aspectos, é necessário que faça uma reunião com os grupos de gestão,onde se possam

discutir as soluções dos problemas e novas estratégias de gestão tendo em vista os

problemas apresentados epara a mitigação dos impactos potenciais.

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ANEXO 1:

Guião de observação de aspectos relacionados às práticas de uso racional da água potável no

bairro de Maxaquene“C”.

1. Descrição do bairro de Maxaquene

“C”

Detalhes observados

a) Aspectos físicos do bairro de

Maxaquene “C”

b) Disponibilidade de torneiras no

quintal

c) Existência de reservatórios de água

nos quintais

d) Disponibilidade de fontenários no

bairro

e) Disponibilidade de outras fontes de

abastecimento de água não potável

2. Acções Educativas para a

conservação da água potável.

Sim Não Comentários

a) Placas de orientações de boas práticas

de uso racional da água potável junto

aos fontenários.

3. Existência de grupos de gestão de

fontenários e pessoal de apoio

técnico

Sim Não Comentários

a) Manutenção de equipamentos

hidráulicos dos fontenários e das

torneiras caseiras

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b) Documentação e reporte às

autoridades competentes de

informações relacionadas ao mau uso

da água potável.

c) Documentação e suporte às

autoridades competentes de

informações relacionadas às boas

práticas de uso.

d) Outras actividades

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ANEXO 2:

Roteiro de entrevista para os moradores do bairro de Maxaquene

Estimado Sr......................................................................, o meu nome é Afonso Francisco Uapita e

estou aqui para lhe fazer uma entrevista destinada a colher informações relativas ao uso racional da

água potável aqui no bairro de Maxaquene “C”. A mesma surge na sequência de um estudo para a

elaboração da minha monografia que é uma das formas de culminação dos estudos de Licenciatura

em Educação ambiental na Faculdade de Educação da Universidade Eduardo Mondlane. O objectivo

central do estudo é de analisar as práticas de uso racional da água potável no bairro de Maxaquene

“C”.

Toda informação que me der será confidencial; por isso sinta-se a vontade ao responder às questões

e pergunte o que não perceber no decorrer da entrevista.

Antecipadamente agradece-se a sua colaboração e o tempo disponibilizado. Podemos começar?

1. Só para dar início à nossa entrevista, fale-me da qualidade de água que vocês

consomem aqui no bairro.

2. De que forma usam a água potável nas tarefas de cada dia na vossa casa?

3. Existem actividades que na sua opinião exigem maior uso de água potável em

comparação com outro tipo de actividades? Se sim, quais são essas actividades?

4. Para além da água potável, usam outro tipo de água? se sim, de que fonte provém essa

água?

5. O que vocês têm feito para que a água potável seja usada racionalmente?

6. Até que ponto isso tem contribuído para a redução do desperdício da água?

7. Que mecanismos usam para conservar a água potável?

8. Esses mecanismos têm dado resultados? Se não, porquê?

9. Para terminar, em sua opinião, que relação existe entre a água potável e a conservação

do meio ambiente?

10. O que mais gostaria de acrescentar que não tenhamos falado nessa entrevista?

Muito obrigado, mais uma vez, pelo tempo que me concedeu e pela sua contribuição

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ANEXO 3:

Credencial para pedido de informação na AdM

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ANEXO 4:

Credencial de pedido de informação na DNA

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ANEXO 5: Imagens

Fig 1: Água despejando-se por falta do controlo da torneira num fontenário público, no bairro de

Maxaquene “C”

Figura 2: Torneira jorrando água por não ter sido bem fechada

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Figura 3: Fontenário público sem nenhuma placa de indicação sobre boas práticas de uso da água

Figura 4: Fontenário público danificado por mau uso das torneiras