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FACULDADE CEARENSE CURSO DE TURISMO NATASHA DE LIMA COELHO O POTENCIAL DE ATRATIVIDADE DA ESTRUTURA E SERVIÇO DO MUSEU SENZALA NEGRO LIBERTO FORTALEZA 2012

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FACULDADE CEARENSE

CURSO DE TURISMO

NATASHA DE LIMA COELHO

O POTENCIAL DE ATRATIVIDADE DA ESTRUTURA E SERVIÇO DO MUSEU

SENZALA NEGRO LIBERTO

FORTALEZA

2012

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NATASHA DE LIMA COELHO

O POTENCIAL DE ATRATIVIDADE DA ESTRUTURA E SERVIÇO DO MUSEU

SENZALA NEGRO LIBERTO

Monografia apresentada ao Curso de Turismo da Faculdade Cearense, como requisito parcial para obtenção do título de bacharel em Turismo sob a orientação da Profª. Sílvia Romero.

FORTALEZA

2012

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C672p Coelho, Natasha de Lima.

O potencial de atratividade da estrutura e serviço do

Museu Senzala Negro Liberto / Natasha de Lima Coelho. – 2012.

52 f. ; il.

Orientador: Profª. Esp. Sílvia Helena de Menezes

Romero.

Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) – Faculdade

Cearense, Curso de Turismo, 2012.

1. Museus. 2. Museu Senzala Negro Liberto. 3. Turismo.

I. Romero, Sílvia Helena de Menezes. II. Título.

CDU

338.483.12:069

CDU

379.8(813.1)

CDU 338.48-

027.561

CDU

656(813.1)

CDU

658.155

CDU

347.922.6

Bibliotecária Maria Albaniza de Oliveira CRB-3/867

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NATASHA DE LIMA COELHO

O POTENCIAL DE ATRATIVIDADE DA ESTRUTURA E SERVIÇO DO MUSEU

SENZALA NEGRO LIBERTO

Monografia apresentada como pré-requisito para obtenção do título de Bacharelado em Turismo, outorgado pela Faculdade Cearense – FaC.

Banca Examinadora

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DEDICATÓRIA

Aos meus pais.

AGRADECIMENTOS

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Agradeço a Deus, pela vida e pela oportunidade que ele fez descortinar em minha

trajetória estudantil, guiando-me para esta profissão de Turismóloga, possibilitando

a integração do meu agir com o meu sonhar, dando-me a certeza da felicidade e do

prazer, no exercício de minha profissão, durante a construção de cada tarefa

oriunda desta minha aprendizagem.

A instituição de ensino superior, Faculdade Cearense, pela qualidade de ensino,

pelo conteúdo programático do curso de turismo, tão bem desenvolvido pelos

excelentes professores dessa instituição educacional, demonstrando o valor do

processo de ensino e aprendizagem, para o sucesso do estudante, mobilizando o

prazer de estudar e o compromisso com a profissão.

Aos meus amigos, Companheiros de faculdade, em Cristo, de trabalho e de lazer,

pela direção que vocês me guiaram, servindo-me às vezes até de estrada e, nos

momentos em que mais precisei, por vezes, representavam meu próprio chão,

considero-os meus amigos, cuja amizade, pretendo com certeza, levar comigo por

toda a minha existência.

Á minha tia Leonilda, que vislumbrou em mim a riqueza do meu estilo de

aprendizagem direcionado para Turismo, servindo-me de espelho profissional e

instigando-me a desenvolver minha coragem com garra, dedicação e

principalmente paciência, dando-me controle, equacionando minha visão de futuro

e ensinando-me a agir com foco nos meus objetivos de vida.

Á minha orientadora Professora Silvia Romero, pelo profissionalismo e seriedade

em orientar as minhas decisões, sistematizar os meus devaneios e disponibilidade

em ler, reler, ouvir, construir e reconstruir todo o meu pensar, redirecionando-me

para a conclusão deste trabalho.

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“Posso todas as coisas Naquele que me fortalece.”

Filipenses, 4: 13

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RESUMO

Nas últimas décadas a postura dos turistas se modificou, influenciados pela

globalização cultural, fazendo com que esses indivíduos busquem nas atividades

culturais enxergar identidades culturais diferenciadas e autênticas, dentro da

memória das comunidades e dos patrimônios culturais e históricos guardados em

museus. Os museus são locais que elevam a ideia do homem, abrem portas dos

elos poéticos entre a sua memória e o seu esquecimento, entre o indivíduo e a

sociedade, inspirando assim o estudo da estrutura e o envolvimento do museu junto

à sociedade associado a períodos históricos. O objetivo desse trabalho é verificar

se o Museu Senzala do Negro Liberto nos seus serviços e estrutura consegue

transmitir para os visitantes seus recursos histórico-culturais. O Museu Senzala

Negro Liberto é um museu que guarda memórias desde o século XVIII, do período

de escravatura no Ceará, retratando o momento vivido no país pelo binômio

escravo e senhor do engenho. A pesquisa foi realizada com uma amostra de 100

pessoas, composta por estudantes, turistas, guiadores e proprietário do museu,

onde foram analisados os serviços ofertados para os turistas e visitantes,

atendimento prestado aos turistas, sobre a conservação, manutenção da estrutura

do museu e as sugestões de propostas de melhorias. Concluímos que as estruturas

museológicas assumem um enorme potencial enquanto fator de promoção cultural

local e regional, introduzindo elementos de valorização e de diferenciação.

Palavras-chaves: museologia, história escravocrata, turismo cultural.

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ABSTRACT

In recent decades the attitude of tourists has changed, influenced by cultural

globalization, making these individuals seek to see in cultural activities and authentic

cultural identities, within the memory of communities and cultural and historical

heritage stored in museums. Museums are places that take the idea of man, open

doors of the links between his poetry and his memory forgotten, between the

individual and society, thus inspiring the study of the structure and the involvement

of the museum in society associated with historical periods. The aim of this work is

to verify that the Museum of Negro Slaves Freed in its services and structure can

convey to visitors their historical and cultural resources. The Negro Slaves Freed

Museum is a museum that holds memories since the eighteenth century, the period

of slavery in Ceara, depicting the moment lived in the country by the binomial slave

and master of wit. The survey was conducted with a sample of 100 people,

consisting of students, tourists, handlebars and owner of the museum, where we

analyzed the services offered to tourists and visitors, care provided to tourists about

conservation, maintaining the structure of the museum and suggestions for

improvement proposals. We conclude that the structures museum takes a huge

potential as a factor promoting local and regional culture, introducing elements of

recovery and differentiation.

Keywords: museology, history of slavery, cultural tourism.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figuras

Figura 1 – Simulação de trajetória / Fortaleza – Redenção – 2012 27

Fotos

Foto 1 – Foto da Casa Grande sala 29

Foto 2 – Foto da Casa Grande sala 29

Foto 3 – Foto da Casa Grande quarto 30

Foto 4 – Peça para engarrafar cachaça 30

Foto 5 – Lojinha, mercado da Sinhá 31

Foto 6 – Lojinha, mercado da Sinhá 31

Foto 7 – Engenho, “pedras-mor”. 32

Foto 8 – Engenho 32

Foto 9 – Engenho, máquina a vapor de 1927 33

Foto 10 – Engenho antigo 33

Foto 11 – Senzala 34

Foto 12 – Senzala 34

Foto 13 – Senzala 35

Foto 14 – Senzala, castigo vira-mundo 35

Foto 15 – Senzala, castigo sala dos troncos 36

Foto 16 – Senzala, castigo solitária 36

Foto 17 – Cela das mucamas 37

Foto 18 – Cela das mucamas 38

Foto 19 – Sino de alerta 38

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LISTA DE GRÁFICOS E TABELAS

Gráficos

Gráfico 1 – Perfil dos entrevistados 42

Gráfico 2 – Faixa etária dos entrevistados 43

Gráfico 3 – Sexo dos entrevistados 43

Gráfico 4 – Motivo da visitação 44

Gráfico 5 – Serviços mais interessantes / atraentes 45

Gráfico 6 – Qualidade do atendimento 45

Gráfico 7 – Museu e sua influência social 46

Tabela

Tabela 1 – Tipologias de Museus 15

Tabela 2 - Museus cadastrados fundados até o ano 1900 19

Tabela 3 – Quantidade de Museus Mapeados e Cadastrados no Brasil – 2010 20

Tabela 4 – Cadastro Estadual de Museus 22

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 12

2 SURGIMENTO DOS MUSEUS: SUA HISTORIA SUAS DEFINIÇÕES E

EVOLUÇÃO ............................................................................................................ 14

2.1 MUSEUS: DEFINIÇÕES E TIPOLOGIAS ...................................................................... 14

2.2 SURGIMENTO DOS MUSEUS NO MUNDO, BRASIL E NO CEARÁ .................................. 16

2.3 MUSEU E A SOCIEDADE......................................................................................... 23

3 MUSEU SENZALA NEGRO LIBERTO E O TURISMO ....................................... 27

3.1 SUA HISTÓRIA ...................................................................................................... 28

3.2 SEU ACERVO ....................................................................................................... 29

4 METODOLOGIA .................................................................................................. 40

5 ANÁLISE DE DADOS DA PESQUISA ................................................................ 42

CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 48

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 50

APÊNDICE .............................................................................................................. 52

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1 INTRODUÇÃO

O turismo, ao se desdobrar em turismo cultural e associar-se ao

patrimônio natural, material e simbólico de determinada sociedade, disponibiliza,

sem dúvida alguma, uma grande variedade de produtos culturais. Notório é que a

sociedade mundial enfrenta o desafio do crescimento sustentável, assentado na

valorização e na preservação de recursos naturais e culturais, mas, por sua vez, o

turismo cultural tem, também, contribuído para que o patrimônio cultural assuma

maior importância enquanto fator de desenvolvimento local e regional.

Neste contexto, tanto a Museologia como o Turismo ao ampliarem as

funções culturais, com uma museologia mais participativa ou com o turismo agindo

como ferramenta na integração cultural dos indivíduos, ambos contribuem para uma

composição benéfica para os dois lados e para o cultural de modo geral. O turismo

cultural compreende as atividades turísticas relacionadas à vivência do conjunto de

elementos significativos do patrimônio histórico e cultural e dos eventos culturais,

valorizando e promovendo os bens materiais e imateriais da cultura.

Com isto, surgiu a vontade de fazer este trabalho de Turismo, a partir de

registros da história e fotografia da realidade e do potencial de atratividade do

equipamento, sua estrutura e serviços do Museu Senzala Negro Liberto no

município de Redenção – Ceará, quando se visitou por várias vezes, este

equipamento turístico, avaliando o atendimento aos turistas e visitantes, as suas

expectativas, descrição da experiência diante da história vivenciada através dos

equipamentos de tortura dependurados nas paredes, dos fatos e contos narrados

pelos guias de turismo e pelas máquinas e equipamentos ainda em perfeita

conservação e o quanto se sentem sensibilizados pela visita.

Este equipamento turístico em estudo ainda conserva a nostalgia da

escuridão, harmonizada pela luz de lamparina1. Apenas o fogo de umas lamparinas

velhas iluminava a Senzala, visitada por estudantes de todas as idades, que se

amontoavam, aos gritos e sorrisos, ao serem atingidos pelos inúmeros morcegos

1 Luminária primitiva, pavio de algodão, alimentado com querosene ou óleo diesel e muito utilizado

no interior e zona rural (feita de alumínio).

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que povoam aquela meia penumbra, minimizada pela frágil claridade propiciada por

poucos pontos de luz espalhados pelos espaços visitados.

O Potencial de Atratividade da Estrutura e Serviço do Museu Senzala

Negro Liberto no Município De Redenção – Ceará – representa um ícone para a

cidade de Redenção que atrai turistas e estudantes de escolas de ensino

fundamental e médio, de todos os municípios do estado do Ceará e de estados

vizinhos, principalmente do Rio Grande do Norte, pois esse Estado contesta o

pioneirismo a abolição da escravatura do Brasil, sendo assim, existe um desejo de

conhecer de perto esta realidade, constatar sua veracidade e avaliar seu

funcionamento e fazer intervenção. Enquanto profissionais do turismo e áreas afins,

buscam o museu no sentido de alavancar este equipamento turístico como fonte

conservadora da história de uma etapa na vida do nosso país, no sentido de fazer

valer esta proposta de Museu Senzala Negro Liberto com vistas, e articular junto ao

IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, o seu tombamento,

questão que ainda está em processo.

Assim, a metodologia presente nesse trabalho divide-se em três

capítulos. O primeiro apresenta-se abordando os conceitos, definições e a

evolução. O segundo focaliza o Museu Senzala Negro Liberto, seu histórico, suas

atrações e seus acervos. O terceiro contém análise das informações, entrevistas

com os visitantes por meio de ficha de pesquisa com perguntas objetivas e

subjetivas e avaliação de dados obtidos a partir de entrevistas aos visitantes e

profissionais do museu e da observação do espaço pelo pesquisador. Por fim,

encontram-se as considerações finais, as referências bibliográficas e os anexos.

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2 SURGIMENTO DOS MUSEUS: SUA HISTORIA, SUAS DEFINIÇÕES E

EVOLUÇÃO

O capítulo seguinte abordará as definições, especificações e

características dos museus como lugares de contestação, com presença de

acervos e exposições a serviço da sociedade, utilizando o patrimônio cultural como

recurso educacional, turismo e inclusão social, pois o museu tem como papel

conectar a sociedade com sua identidade cultural. Dessa forma, os museus se

apresentam com multifaces para interpretar fielmente a história.

2.1 Museus: definições e tipologias

De acordo com Musas (2007), a palavra museu vem do grego “mouseon”

e significa o templo das musas, o lugar de contemplação, onde os pensamentos de

outras podem dedicar-se a arte e ciência. O Estatuto do Conselho Internacional de

Museus define museus como uma instituição sem fins lucrativos, permanentes ou

não, a serviço da sociedade e de seu desenvolvimento, aberta ao público, que

adquire, conserva, pesquisa, divulga, expõe, para fins de estudo, educação,

divertimento, testemunhos do povo e de seu ambiente.

Afirma Musas (2007) que os museus estão em locais que elevam a ideia

do homem, abrem portas dos elos poéticos entre a sua memória e o seu

esquecimento, entre o indivíduo e a sociedade. Tudo que é humano tem espaço no

museu, servem para exercitar pensamentos e estimular as ações, além de

proporcionar experiência de familiarização. Os museus operam como memória e

patrimônio que fazem parte da necessidade básica dos seres humanos, a indelével

marca da humanidade. Nos diversos tipos de raças sociais, grupos culturais, há

uma necessidade de guardar a sua memória.

Passos (2011), afirma que os museus buscam, de forma geral, dotar

suas atividades, cada vez mais, de aspecto que permitiam a reflexão, a fruição e a

democratização dos seus acervos, pautados principalmente, pelos os pilares da

pesquisa e da educação.

Os museus tradicionais são espaços e conjuntos arquitetônicos,

preparado para receber coleções de testemunhos materiais escolhidos. Nos

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espaços vários materiais são pesquisados e documentados, tem como público alvo

a sociedade.

O museu foi concebido à imagem de outros estabelecimentos do mesmo tipo, isto é, como um conjunto de galerias em que se conservam objetos: coisas, documentos inertes e de algum modo fossilizado atrás de suas vitrinas, completamente destacados das sociedades que os produziram, o único laço entre estas que aqueles, sendo constituído por missões intermitentes enviadas ao campo para reuni-la coleções, testemunhas mudas de gênero de vida, ao mesmo tempo este estranhas ao visitante e para ele inacessíveis. (Lévi-Straus, 2007, p.117)

O autor aborda o que o museu representa na comunidade, fazendo a

critica, que existe um laço entre o museu e os visitantes, onde o autor do objeto

exposto é desconhecido para explicar aos visitantes a sua relação com seu o

objeto. De acordo com Ibran (2011), a tipologia das coleções de bens culturais que

compõe os acervos dos museus que estão designados nessa Tabela 1 são

classificados:

Tabela 1: Tipologias de Museus. FONTE: Cadastro Nacional de Museus. Instituto Brasileiro de Museus, Brasília, 2011.

Essas classes constituem em diversificados campo de pesquisas sobe o

patrimônio matéria e imaterial, podendo os museus em conformidades com suas

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escolhas interpretativas, enquadrar seus acervos em mais de uma temática. As

estruturas museológicas possuem um enorme potencial enquanto fator de

promoção da cultura local e regional, numa lógica de desenvolvimento e de coesão

social, procurando garantir a sustentabilidade territorial futura, introduzindo nele

elementos de valorização e de diferenciação. Neste sentido, pretende-se ainda

salientar a aposta na cultura como uma componente emergente da procura turística

atual e como elemento fundamental de sustentabilidade econômica.

Ibram (2010) aborda que, a função original das edificações que hoje é

unidade museológica eram residências, estabelecimentos públicos,

estabelecimentos privados, instituição de ensino, instituição religiosa, casa de

câmeras, cadeia, espaço cultural, entre outros, que foram adaptados e estruturados

para guardar acervos.

A maior parte das edificações adaptadas para museus foi construída e

funcionava primeiramente como residência. É o caso, por exemplo, do museu

senzala negro liberto, em Redenção, cuja sua primeira função era um casarão de

coronéis, num período escravocrata.

A estrutura museológica exige a abertura do espaço do museu para a

comunidade, capaz de incorporar as suas experiências, conhecimentos e tradições,

ao mesmo tempo em que confere aos atores sociais locais um papel ativo de

efetiva intervenção e participação no processo de construção do museu,

contribuindo deste modo para apropriação do museu pela comunidade.

É necessário que os museus sejam capazes de ir ao encontro das

necessidades e preocupações da comunidade local introduzindo uma fundamental

componente de formação e educação, assumindo neste contexto uma grande

importância a questões de sustentabilidade econômica.

2.2 O surgimento dos museus no Mundo, no Brasil e no Ceará

Segundo Candido (2007) o homem tem hábito de colecionar. As

primeiras coleções encontravam-se nas tumbas, templos, palácios e algumas

residências de reis, sacerdotes e faraós. Ao lado dos templos, havia locais onde

fiéis traziam como devoção as divindades ou líderes, era um lugar de arrecadação

onde os sacerdotes realizavam triagem, tendo o controle e segurança dos objetos

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preciosos. Esses espaços eram chamados de “thesaurus” 2, que era destinado a

abrigar os ex-votos ou homenagens.

Aborda Candido (2007) em Alexandria, 285 a.c, o termo “mouseon”

passou a ser uma instituição pela primeira vez. Era onde se reunia artistas e

sábios, lugar com salas de reuniões, laboratório, jardim, zoológico e, sobretudo uma

biblioteca com cerca de 700.000 manuscritos.

Os Romanos formavam coleções por intermédio de saques3 e prêmios

de guerras. Cultivavam a melhor acomodação das peças nas residências ou em

espaços construídos para elas, inclusive para as exibições ao público conforme

Candido (2007).

Na Idade Média européia, iniciou um processo para guardar os bens,

normalmente arquivado nas igrejas e monastérios. Pois por um lado havia ameaças

dos bárbaros aos tesouros, e por outro os saques promovidos pelas Cruzadas que

enriqueciam a Igreja. Com o Renascimento, as viagens ao Oriente impulsionaram o

surgimento de novas coleções na Grécia e no Egito. Objetos bem exóticos

passaram a ser um grande alvo de interesses para coleções. Formaram-se

gabinetes de curiosidades e das maravilhas. Desde o século XVII, as coleções

inteiras são motivos de transações comerciais e translado de um país a outro afirma

Candido (2007).

Conforme Candido (2007), as novas atitudes de coleções fizeram surgir

os primeiros museus, com base em acervos grandes e ecléticos. O Ashmolean

Museum de Oxford em 1683 foi o primeiro museu organizado como instituição

pública aberta ao público, ainda com restrições antes de ser considerado um legado

à Universidade de Oxford.

2 Informações obtidas através http://d001wwv06/houaiss/cgi-bin/houaissnetb.dll/frame │acessado em

10 de novembro de 2012. Thesaurus: the-sau-rus s. m. (pal. lat.) Tesauro / (pal Port.) Tesouro: n substantivo masculino 1 conjunto de riquezas de qualquer tipo (p.ex., dinheiro, jóias, pedras e metais preciosos, bens valiosos) guardadas ou escondidas.

1.1 Derivação: por metonímia. lugar onde essas riquezas ficam armazenadas.

3 Informações obtidas através - http://d001wwv06/houaiss/cgi-bin/houaissnetb.dll/frame │acessado

em 10 de novembro de 2012.

Saque: saquê (s.m.) e saqué (s.m.) n substantivo masculino 1 ação ou efeito de saquear; saqueio.

1.1 ver sinonímia de roubo.

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No século XVIII, Em Viena, Berlim, Madrid, Londres e Veneza se

formaram as primeiras Academias de Belas Artes, onde foram realizadas

exposições de arte que passaram a atrair públicos. A grande herdeira da família

Médici decidiu doar as coleções de arte ao Estado, porém com a condição de que

elas não saíssem de Florença.

Fregolent (2009) afirma, que a criação de maior marco na historia dos

museus desse século foi o Museu do Louvre. Onde se encontra grandes coleções

de arte adquiridas por várias gerações de monarcas franceses que foram

confiscadas pela Revolução Francesa, o Louvre foi destinado a funções artísticas e

científicas, tendo nelas todas as coleções da Coroa. Foi aberta ao público em 1793,

tornando essa data uma referência da origem dos museus nacionais da Europa.

A partir do século XIX museus europeus como Museu Britânico e Louvre

aumentaram enormemente suas coleções, por intermédios de saques e

transferências de bens de suas colônias em toda a parte do mundo. Nesse século

originou-se a denominação era dos museus, por causa dos grandes incrementos

das coleções das metrópoles e também por causa das exportações dos modelos de

museus nacionais para as colônias, aborda Fregolent (2009).

De acordo com Ibran (2011), Em século XVII implantado no Brasil o

primeiro museu, durante a ocupação holandesa, foi criada uma instituição que

apresentava jardins botânico, zoológicos e observatório astronômicos, dentro do

Palácio de Friburgo. Em 1748, foi aberta a casa de Xavier dos pássaros no Rio de

Janeiro, onde existiam exemplares de flora e de fauna brasileira e artefatos

indígenas, aberta ao público até o século XIX.

Com a chegada da família Real a casa dos pássaros foi demolida para

construção de um prédio chamado Erário, seus acervos serviram para a criação do

Museu Real no ano de 1818, que hoje é chamado de Museu da Quinta da Boa

Vista, onde concentra o maior numero de bens culturais, afirma Ibran (2011).

Quatro anos depois da proclamação da Independência, Ibran (2011),

afirma que foi inaugurado o primeiro Salão Imperial de Belas Artes. A partir da

segunda metade do século XIX, obtiveram uma idéia da criação de museus como

parte do processo de modernização da nação, e assim foi inaugurado Museu do

Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro no ano de 1838. A tabela 2 apresenta

todos os museus cadastrados que foram fundados até o ano de 1900 no país.

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Tabela 2: Museus cadastrados fundados até o ano 1900. Fonte: Cadastro Nacional de Museus – IBRAM / MINC, 2010.

Segundo Candido (2007), no século XX houve grandes avanços nas

consolidações das instituições museológicas, voltadas para preservação da História

da Nação. Impulsionando assim o surgimento do Museu Histórico Nacional, no Rio

de Janeiro e a deflagração do processo de transformação do Museu do Ipiranga e

no Museu Paulista.

Ocorreram transformações sociais e culturais nesse século, o museu se

afastou de sua conceituação clássica, onde as coleções deixaram de serem as

únicas fontes de ação para preservar. A museologia começa a buscar uma

integração de nossa herança.

No Brasil da década de 1930, foi implantado o modelo de Museologia de

Gustavo Barroso, ocorreu à implantação do Museu Histórico Nacional, que se

expandiu com o primeiro curso de Museologia da America do Sul, fortalecendo o

sentido de busca de uma identidade nacional.

Durante a Era de Vargas, foram criados museus nacionais, privilegiando

temas como o Ouro, as Missões, a Inconfidência entre outras e consolidando a

intervenção estatal na área da cultura, entre 1964 e 1980. Ocorreu à multiplicação

de museus no Brasil, houve ainda política de fomentação para museológica nos

anos 70, com a proposta do Sistema Nacional de Museus, de curta duração aponta

Candido (2007).

Nos últimos 30 anos do século XX, profundas alterações revolucionaram

a Museologia, seguidas de reuniões internacionais, produziram documentos onde

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podemos identificar preocupações como, a preservação material dos objetos, o

papel social da Museologia, a necessidade de integração do patrimônio, a

importância da função socioeducativa dos museus e do estimulo á reflexão e aos

pensamentos críticos. O novo foco passou a ser os museus como espaço de

interação social com o patrimônio. A tabela 3 mostra a quantidade de museus

mapeados e cadastrados, segundo unidades da federação e grandes regiões.

Tabela 3: Quantidade de Museus Mapeados e Cadastrado no Brasil – 2010. Fonte: Cadastro Nacional de Museus- IBRAM/MINC,2012.

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Sendo o principal museu do Ceará, Museu histórico do Ceará conforme

Passos (2011), o Museu Histórico do Ceará só foi criado em 1932 pelo então

governador Roberto Carneiro de Mendonça. Foi criado conjuntamente com o

Arquivo Público do Estado. Em 1951, o Arquivo Público foi transferido para o

Palácio Senador Alencar, ficando o museu no edifício da Praça da Sé até 1957,

passado para a tutela do Instituto do Ceará. Em 1955 houve a incorporação de

novas peças ao acervo, as coleções indígenas do antigo Museu do Instituto e do

Museu Rocha, este último passou a denominação de Museu Histórico e

Antropológico do Ceará.

A edificação Neoclássica que acomoda o Museu do Ceará apresenta-se

isolada do entorno, sem recuos e de planta retangular com acessos nas quatro

laterais. A tipologia e natureza dos adornos são semelhantes entre o primeiro

pavimento e o pavimento térreo. A diferença no que diz respeito às esquadrias é a

presença de gradil trabalhado fechando as esquadrias superiores, como peitoris de

sobrados; já no pavimento térreo as aberturas são fechadas somente com

esquadrias mistas de madeira e vidro. O acesso principal é bem marcado pela

presença de colunatas dóricas que suportam o avarandado do pavimento superior,

avarandado encerrado por balaustrada e a presença de frontão triangulas onde se

vê o Brasão da República. O revestimento das paredes possui frisos horizontais

negativos que convergem para os arcos das aberturas de forma radial; a marcação

vertical das fachadas fica por conta de pilares ligeiramente sacado, já a horizontal

limita bem os dois pavimentos e é constituída por uma cornija ao centro e outra ao

topo na platibanda. Edifício bem conservado aborda Passos (2011).

Alguns dos espaços culturais importantes do estado são: Casa de José

de Alencar (que abriga o Museu da Renda, o Museu da Antropologia, a Pinacoteca

Floriano Teixeira e a Biblioteca Braga Montenegro), Museu da Imagem e do Som do

Ceará, Museu do Ceará, Theatro José de Alencar, um dos mais importantes

exemplos da arquitetura art nouveau no Brasil; Centro Dragão do Mar de Arte e

Cultura, grande obra onde se apresentam e expõem diversas obras e performances

artísticas, além de construções históricas; Museu Sacro São José de Ribamar e

Museu Dom José ambos importantes museus de arte sacra do Brasil e os centros

históricos da cidades de Sobral, Icó, Aracati e Viçosa do Ceará que foram tombados

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como patrimônio nacional pelo Iphan. Na tabela 4, aborda os principais Museus do

Ceará, que são cadastrados no cadastro Estadual de Museus.

Tabela 3: Quantidade de Museus Mapeados e Cadastrado no Brasil – 2010. Fonte: Cadastro Nacional de Museus - IBRAM/MINC,2012.

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Tal processo favorece a complexa vinculação do museu com o Estado,

seja pela função atribuída oficialmente de principal, pois é depositário de

documentos e objetos ligados a fatos históricos e saber científico ou produção

artística, da localidade.

2.3 Museus e a Sociedade

Ibran (2011) analisa que os museus é uma instituição com personalidade

jurídica própria ou vinculada, aberta ao publico a serviço da sociedade e de seu

desenvolvimento. A sua característica é a presença de acervos e exposições

colocadas a serviço da sociedade com propósito de colocar campos de

possibilidade de construção de uma identidade cultural, a produção do seu

conhecimento e a oportunidade de lazer. Dando a oportunidade à utilização e de

inclusão social, constituindo espaços democráticos e diversificados de mediação

cultural, sejam eles físicos ou virtuais.

Consideram-se museus para os efeitos desta Lei, as instituições sem fins lucrativos que conservam, investigam, comunicam, interpretam e expõem, para fins de preservação, estudo, pesquisa, educação, contemplação e turismo, conjuntos e coleções de valores históricos, artísticos, científicos, técnico ou de qualquer outra natureza cultural, abertas ao público, a serviço da sociedade e de seu desenvolvimento. Estatuto dos Museus, Lei nº 11.904, de 14 de janeiro, que estabelece em seu Artigo 1º.

Com este sentido, a Instituição Museu passa a ser uma grande

promotora do desenvolvimento do homem, pois retrata a sua diversidade e a

variada gama de possibilidades da civilização representada pela cultura material

depositada no seu acervo.

Passos (2011) aborda que as entidades museológicas desempenham um

papel importante na formação dos visitantes, a tipologia das exposições, os horários

de funcionamento, a localização, os valores dos ingressos, as opções de acesso, a

diversidade da programação e as dimensões da divulgação das atividades são

fatores que podem atrair, por exemplo, determinada faixa etária, nível de

escolaridade e segmento social, em detrimento de outros.

Ibran (2011) aponta que os museus possuem integração junto com a

comunidade local, realizando atividades, ações e programações que envolvam

todos. Desenvolvem programas especiais para educação, que estão vinculadas a

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projetos escolares e terceira idade, sendo os museus um recurso ativo para o

aprendizado.

O desempenho dessa função social do museu envolve técnicas, recursos

e ações socioeducativa, mediante exposições temporárias ou itinerantes com o

acervo do museu, realização de ciclos de filmes, seminários, conferências e

palestras, visita guiada, que é um dos meios utilizados para facilitar a relação entre

o visitante e o conteúdo da exposição, oficinas, que são formas de apoio para as

atividades socioeducativas na formação e capacitação e publicações do museu,

cujo objetivo é permitir que a população conhecesse o museu, as pesquisas e

projetos que realiza, afirma Ibran (2011).

Todas essas ações, enfim, são formas do museu contribuir para o

desenvolvimento da capacidade individual e coletiva do cidadão, permitindo a eles

informar-se e aprender sobre seu passado, por meio da valorização e preservação

do seu patrimônio cultural, permitindo que as pessoas conheçam suas origens

tornando-as, consequentemente, habitantes de um mesmo lugar com valores e

tradições semelhantes.

A função que o museu exerce na vida de um povo é muito relevante, haja

vista que, conforme observa França (2009), este apresenta à coletividade sua

história e sua cultura. Esta instituição deve promover ações para que a comunidade

valorize sua identidade e preserve seu patrimônio cultural, pois a função do museu

deve centrar-se em poder colocar a população local em contato com sua própria

história, suas tradições e valores. Por meio destas atividades o museu contribui

para que a comunidade tome consciência de sua própria identidade que geralmente

tenha sido escamoteada por razões de ordem histórica, social e racial.

Candido (2007) analisa que ocorreram novas experiências de ampliação

conceitual e uma mudança de papéis tanto para instituição, quanto para sociedade,

o homem antes entendido com um público passivo, passou a ser compreendido

como um grupo social, também acrescenta que o objeto, até então, eram coleções,

tornou-se mais abrangente nas expressões das referencias patrimoniais e do

cenário sociocultural, tradicionalmente visto como um espaço ultrapassou as

paredes do museu e passou a envolver um território de atuação.

Nesta perspectiva, o museu coloca-se tanto como agente transmissor de

cultura, quanto como mediador de experiências visuais e expositivas. Por sua vez o

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turismo busca uma abrangência multidisciplinar a fim de alcançar uma ampliação

em seu conceito cultural.

Os museus estão inseridos no segmento cultural e se englobam em

diversos destinos de roteiros de viagens e em várias localidades são pontos de

visitações obrigatórias.

De acordo com Funaki (2005), a estrita relação entre o turismo e os

museus vem sendo construída ao longo do tempo, cujos elementos chaves podem

ser entendidos como a existência de acervos consagrados, de um trabalho

dinâmico de musealização e, finalmente, de estratégicas de marketing direcionadas

ao turismo.

Ibran (2011) aborda que no Brasil, essa relação cultural e turismo estão

cada vez mais se fortalecendo, que a cultura é utilizada como recursos turísticos,

pois gera benefícios econômicos, além de ter a valorização das tradições e

robustece as raízes locais.

Para atrair os turistas, Funaki (2005) afirma que, os museus mais

importantes contam com exposições temporárias, constantemente renováveis,

pessoas treinadas para atender diferentes segmentos de público, ingressos

promocionais, publicações impressas em vários idiomas e divulgação das

atividades por meio de campanhas publicitárias. Os museus, além do espaço de

exposição, transformam-se, eminentemente, numa atividade rentável, geradora de

recursos e passam a construir, um pólo de atratividade, que são repartidos com

diversos dividendos setores da indústria turística.

As atividades desenvolvidas nos museus devem estar fortemente

identificadas com as expectativas da comunidade, demonstrando que é uma

organização a serviço do público. Isso simboliza o ideal da museologia social, pois

cumpre com o dever de preservar e valorizar a história, a memória e as tradições

locais.

De acordo com Funaki (2005), existe uma ausência de incentivo e de

divulgação mais agressiva, cria um círculo e afasta o turista dos museus e ao

mesmo tempo impede que o museu de reestruture para atingir um público mais

amplo.

Um dos principais desafios da museologia, como ciência dos museus, é

se posicionar frente à utilização do patrimônio cultural como recurso turístico,

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levando em conta, segundo Gonçalves (2007) questões como: a mundialização das

relações políticas, econômicas e culturais; a aceleração dos processos de

regionalização; e a descentralização administrativa que favorecem o reencontro ou

a redescoberta do território museológico.

No capitulo seguinte, abordaremos o museu principal da pesquisa,

Museu Senzala Negro Liberto, sua historia, serviços e seus acervos.

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3 MUSEU SENZALA NEGRO LIBERTO

O Museu Senzala Negro Liberto4 está situado às margens da CE-060, na

entrada do município de Redenção5. É a cidade libertária, que se encontra inserida

na Região do Maciço de Baturité. A Região Administrativa do Maciço de Baturité

está localizada a uma distância aproximada de 100 km, ao sul da Cidade de

Fortaleza. Seu elemento referencial principal é o conjunto de Serras denominado

Maciço de Baturité, que apresenta, ainda, significativa reserva de Mata Atlântica,

com expressiva biodiversidade e grande beleza natural.

Fonte: Google maps. Figura 1: Mapa como chegar a Redenção.

A sua história permeia pelo patriotismo do seu povo e pela sua visão de

futuro, fazendo com que este município de Redenção, tornasse pioneiro na

libertação dos escravos, quebrando os grilhões da escravatura antes que quaisquer

outros municípios antecipassem esta ação, adquirindo a alcunha: REDENÇÃO –

Cidade Libertária, o que lhe valeu o Diploma de Cidade prioritariamente turística na

modalidade turismo histórico, através da sua história que ainda é possível encontrar

4 Informações obtidas por meio de visitação ao museu, repassadas pela guia Maria da Conceição, entrevistam a proprietários, além de pesquisa realizada em documentos do próprio museu durante visitas técnicas, na data 03 de novembro de 2012.

5 http://www.redencao.ce.gov.br/, acessado em 12 de novembro de 2012.

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a identidade do passado nos elementos do seu patrimônio histórico, seu arcabouço

institucional, além de suas relações intra e inter-regional.

Construir essa imagem que define o museu como um marco libertário

contra a política escravocrata do país demandou muito tempo e persistência dos

proprietários, existem até hoje museus e cidades em outros estados que alegam o

pioneirismo na libertação.

3.1 História do museu

Nessa localidade se encontra o chamado de Sítio Livramento, o Museu

Senzala Negro Liberto que é uma área composta por um canavial para produção da

aguardente Douradinha e a Casa Grande além das senzalas. Envolvido pelas

marcas da história brasileira, o museu guarda memórias desde o século XVIII,

retratando o momento vivido no país pelo binômio escravo e senhor de engenho.

A Vila de Acarape, hoje Redenção, foi o primeiro município brasileiro a

abolir a escravidão e o fez em 1º de janeiro de 1883. Antecipou-se em cinco anos à

abolição da escravatura em todo o país, com a conquistada assinatura da Lei Áurea

pela Princesa Isabel, em 13 de maio de 1888, ainda existente a coleção de cédulas

antigas da época da abolição e documento de compra e venda de escravos.

No museu está preservado o documento que traz o nome antigo do

município de Redenção: Vila do Acarape; e o Acarape, chamava-se Calaboca. O

motivo do nome Calaboca se deu por que na antiga Acarape existia um mosteiro de

frades, com a presença de vários indígenas. No momento em que os frades se

reuniam para fazer suas orações, os índios os incomodavam com o barulho. Daí,

várias vezes o frade se dirigia até eles e os mandavam “calar a boca”.

A Casa Grande, antigo Engenho Livramento, tem a história desse

período. Desde 1873 o engenho ficou nas mãos de três coronéis: Simião

Jurumenha, se estendendo até 1913, quando a fazenda é vendida para Juvenal de

Carvalho, que em 1930 passa a propriedade para Galdioso Bezerra Lima, seu

afilhado, e o local passa de geração a geração. Hoje, o neto Hipólito Rodrigues de

Paula Filho, conhecido como “Potin”, 60, e sua filha Eneida Muniz Rodrigues, 34,

são os responsáveis pela manutenção da área. O casarão foi construído no século

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XVIII. Abriga móveis antigos do final do século XIX, utensílios antigos, fotos da

família Muniz Rodrigues e histórias da época da escravidão.

O museu criado em 2003, é composto por casa grande, conforme a foto

1, senzala, canavial, a moageira e uma lojinha (Mercado da Sinhá). Este conjunto

arquitetônico colonial é original e encontra-se em boas condições de conservação.

Foto 1: Foto da Casa Grande Fonte: Natasha de Lima, 2012.

3.2 Seu acervo

Nas salas do casarão são conservados objetos doados ou dos antigos

donos. Um deles é uma peça do século passado que servia para engarrafar a

cachaça e colocar a tampa de cortiça. Outras peças históricas são um pilão de

pedra e um tabuleiro cristalino pertencente à família de Juvenal de Carvalho, um

dos donos do casarão, que era usado para descascar e triturar arroz, milho e café.

Foto 2: Foto da Casa Grande sala. Fonte: Natasha de Lima, 2012.

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Foto 3: Foto da Casa Grande ,quarto. Fonte: Natasha de Lima, 2012.

Foto 4: Peça para engarrafar cachaça. Fonte: Natasha de Lima, 2012.

O piso da Casa Grande, em mosaico português, é original do século

XVIII. O primeiro proprietário, coronel Simião Jurumenha, era natural de Portugal e

é considerado o único dono de escravos da fazenda. Após a libertação, ele vendeu

a fazenda para Juvenal de Carvalho. No início, quando ele comprou a fazenda, o

local possuía 100 hectares. Entretanto, quando o terreno foi colocado a venda, o

local já havia crescido cinco vezes mais do que quando o adquiriu.

No mercado da Sinhá, são vendidos produtos próprios da Região de

Redenção, a cachaça Douradinha, e outros tipos de alimentos e também oferece a

degustação da cachaça douradinha.

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Foto 5: Lojinha, mercado da Sinhá. Fonte: Natasha de Lima, 2012.

Foto 6: Lojinha, mercado da Sinhá. Fonte: Natasha de Lima, 2012.

Além do Museu, o lugar também abre espaço para a

fabricação da cachaça Douradinha, onde começou a ser produzida na fazenda

desde 1873. A Cachaça Douradinha já está no mercado há 138 anos, mas

atualmente ela é envelhecida um ano para seu comércio. A priori, os escravos

fabricavam a cachaça por meio das chamadas “pedras-mor”, como mostra a figura

8, palavra que significa moer, os negros ficavam girando as pedras e esmagando a

cana.

Depois da implantação da “Lei Áurea”, trouxeram máquinas novas, de

acordo com a figura 9, que funcionavam totalmente a vapor e o principal da

maquina era a moída da cana de açúcar, onde os negros empurravam a pedra para

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que ela moesse a cana, porém o processo era muito devagar e quando os negros

colocavam a cana para moer, às vezes ocorriam acidentes, pois a máquina puxava

a mão e era necessário cortar, para que a máquina não continuasse puxando o

resto do corpo, resultando em grande número de mutilados, por isso que foi

desativada, para não parar a produção da cachaça, substituíram máquinas

melhores.

Foto 7: Engenho, “pedras-mor”. Fonte: Natasha de Lima, 2012.

Foto 8: Engenho, Fonte: Natasha de Lima, 2012.

Durante o período de agosto a dezembro, ocorre a moagem da cana-de-

açúcar na fazenda, o engenho produz de 8 a 15 mil litros de cachaça por dia, onde

o caldo passa por um encanamento até chegar às dornas - local usado para

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fermentar o caldo da cana. A dorna, construída em 1927, possui capacidade para

20 mil litros de caldo. Atualmente, o engenho funciona 80% a vapor e 20% a

energia elétrica.

Foto 9: Engenho, máquina a vapor de 1927. Fonte: Natasha de Lima, 2012.

Foto 10: Engenho, máquina a vapor de 1927. Fonte: Natasha de Lima, 2012.

A Casa Grande possui uma característica especial que a diferencia de

outras no Brasil, pois casa grande e a senzala encontram-se sob o mesmo teto,

sendo que a senzala localiza-se no subsolo desta. Era um local de descanso e de

castigo dos escravos. Lá eles eram chicoteados e, como eram muito altos com

cerca de 1,80 metros – tinham que permanecer deitados. Quanto mais rebeldes,

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mais no fundo ficava, um cômodo úmido, mas parecido com um túnel, de teto baixo,

com uma única e estreita entrada de ar com grades.

Foto 11: Senzala. Fonte: Natasha de Lima, 2012.

Foto 12: Senzala. Fonte: Natasha de Lima, 2012.

Os escravos que eram encontrados dormindo ou sem trabalhar no

horário do serviço, eram direcionados até o tronco. Lá, colocavam-no exposto para

que as pessoas que passassem no local pudessem pegar em um chicote e assim,

maltratá-lo. Além do tronco, existiam outras formas de castigo que são

apresentados também no museu.

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Foto 13: Senzala. Fonte: Natasha de Lima, 2012.

Um dos castigos era chamado de Vira mundo, neste castigo, os escravos

ficavam amarrados das 18 horas até as 5 horas do dia seguinte, com os pés e as

mãos presas a um instrumento de ferro. O nome se dá por que os negros ficavam

girando.

Foto 14: Senzala, castigo vira-mundo. Fonte: Natasha de Lima, 2012.

Também existia a sala dos troncos, onde os negros eram surrados com

chicotes feitos com bacalhau a couro cru. Na época, cada ponta do chicote continha

lâminas, pregos, ferro, etc. Tinha deles, que chegavam a levar, por noite, 40

chicotadas. Como se isso não bastasse, após o castigo eles eram banhados com

água, e em sua mistura continha sal, vinagre, pimenta, e urina de animal.

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Foto 15: Senzala, castigo sala dos troncos. Fonte: Natasha de Lima, 2012.

Outro castigo era a solitária, se houvesse tentativa de fuga por parte de

algum escravo, ele era direcionado para ficar em um pequeno espaço fechado com

uma porta na qual o escravo permanecia por durante sete dias.

Foto 16: Senzala, castigo solitária. Fonte: Natasha de Lima, 2012.

Os negros ficavam no cubículo escuro, e eram colocados cerca de dez

escravos que, quando desobedeciam ou se tornavam rebeldes, eram chicoteados e

torturados psicologicamente. Nos pequenos e escuros cubículos da senzala viviam

cerca de 100 escravos. Eles eram obrigados a entrar ali às 18 horas e sair às 6

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horas. Dormiam no chão, em cima de esteiras de palha. Em cada cômodo,

encontram-se os instrumentos de tortura, como as correntes, algemas e

gargalheiras. Essas últimas serviam para prender o escravo na parede pelo

pescoço. Tinha até para criança e adolescente.

Qualquer barulho ou conversas entre eles era motivo para serem

castigados. Muitos ficavam à noite presos em algemas nas paredes, de braços para

cima. Na senzala, também foi conservado o tronco onde os negros ficavam

imobilizados e apanhavam com chicotes que tinham lâminas de ferro.

Quando algum negro tentava fugir, ficava no tronco durante nove noites,

quando era chicoteado e depois recebia um banho de água e sal. Outro tipo de

castigo eram as algemas usadas pelo feitor (administrador da fazenda) para

prender os escravos na parede. Eles ficavam de braços para cima, e muitos com os

pés sem tocar no chão.

A passagem interna da senzala para a casa grande era por dentro do

banheiro do senhor do engenho. Era uma porta forte e estreita e paredes muito

largas para que os escravos não invadissem o casarão.

Existe também a cela das mucamas, conforme a figura 18 e 19, onde

ficava as escravas mais bonitas; Elas eram selecionadas pelos próprios coronéis e

trabalhavam como domésticas na Casa Grande. Os coronéis ficavam observando

as escravas pela janela, que dava direto a cela, a que ele apontava, era necessário

subir para poder deitar-se com ele na rede, as que não aceitavam eram torturadas e

as que aceitavam podiam ser torturadas pela sinhá, que descobriam o

relacionamento entre a escrava e o coronel, mandava arrancar os dentes, para que

elas ficassem feias e os coronéis não quisessem.

Foto 17: Cela das mucamas. Fonte: Natasha de Lima, 2012.

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Foto 18: Cela das mucamas. Fonte: Natasha de Lima, 2012.

O guia conta que na frente da casa, tem o sino, onde servia para

anunciar a labuta, era anunciar o trabalho dos escravos, soava todos os dias às 5hs

da manhã e encerrava às 18hs, os escravos tinham direito a uma refeição por dia e

eles também tinham direito ao café da manhã e uma dose de cachaça para ânimo

ao trabalho. Os sinos antigos tinham lendas, a lenda do sino é que quem toca não

casa mais e se é casado vira viúvo (a) relata a guiadora. Outro conto que a mesma

diz é o do chifre do boi, que se você pegar no chifre, ganha o que o boi tem que são

os chifres.

Foto 19: Sino de alerta. Fonte: Natasha de Lima, 2012.

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O preço da entrada são R$ 2,00 (reais), onde pode contatar a

proprietária do museu para fazer o agendamento da visitação. A proprietária do

museu, Valéria Muniz afirma que no período de alta estação, visitam o local até

cerca de 500 pessoas por semana. A partir do início das aulas, são as escolas que

marcam a visita dos estudantes, tem semana que chegam de oito a nove ônibus e,

no período letivo, são os tours pedagógicos.

Este capitulo abordou o Museu Senzala Negro Liberto,a sua estrutura

consegue contemplar, em informações, contos e instrumentos utilizados em torturas

com os escravos, toda uma rotina do trabalho e da vida do negro tratado em

Senzala. Estas informações demonstrativas, em aulas de campo, fortalecem o

conhecimento e a compreensão dos estudantes, que conseguem vislumbrar o

quanto vale a liberdade atual, de cada ser humano, usufruída, nos nossos tempos,

independente de gênero, raça e religião.

O capítulo seguinte aborda a metodologia, da forma como o questionário

foi elaborado e quais os resultados dessa pesquisa, além de uma avaliação desses

valores obtidos.

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4 METODOLOGIA

De acordo com Menezes (2011), a metodologia é o estudo de métodos,

para se seguir num determinado processo e tem como função mostrar a você como

andar no “caminho das pedras” a pesquisa e ajudá-lo. A Metodologia é a explicação

minuciosa, detalhada, rigorosa e exata de toda ação desenvolvida do trabalho de

pesquisa. É a explicação do tipo de pesquisa, dos instrumentos utilizados

(questionário, entrevista, etc.), do tempo previsto, da equipe de pesquisadores e da

divisão do trabalho, das formas de tabulação e tratamento dos dados, enfim, de

tudo aquilo que se utilizou no trabalho de pesquisa.

O método desse trabalho foi uma Metodologia Científica, onde obtivemos

um conjunto de abordagens, técnicas e processos utilizados para formular e

resolver problemas de aquisição objetiva do conhecimento, de uma maneira

sistemática, com pesquisa bibliográfica e histórica dos museus e análise da

estrutura, seu histórico, suas atrações e seus acervos do Museu senzala Negro

Liberto.

Obtivemos também uma pesquisa de campo que é uma observação dos

fatos tal como ocorrem. Foi elaborada uma pesquisa quantitativa, fazendo um

planejamento como elaborar uma pesquisa, usando as três fases, fase decisória,

fase construtiva e a fase redacional. Com esse planejamento, obtivemos um

questionário com quatro questões, com perguntas adequadas para apurar opiniões

e atitudes explícitas e conscientes dos entrevistados, com perguntas que abordam

o Museu Senzala Negro Liberto, a sua estrutura e seu serviço.

Essa pesquisa foi realizada no dia 3 de novembro de 2012, conforme

agendamento prévio. Foram entrevistadas 100 pessoas, onde 10 (dez) são Guia de

Turismo, 02 (dois) representantes da administração Proprietários do Sítio

Livramento, local onde funciona o museu, dezoito (18) turistas e os demais

estudantes e professores, representando 70% dos visitantes do museu. Nessa data

o museu tinha agendado dois grupos escolares das instituições de ensino Ari de Sá

e Juvenal de Carvalho.

A sua apuração se deu pelas respostas dos entrevistados, que requisita

o uso de recursos e de técnicas estatísticas percentagem, com uso de gráficos,

para o melhor entendimento. Com resultados de melhorias e a sua importância

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como equipamento turístico e patrimônio histórico e cultural junto a Sociedade local

e o turista.

O capítulo seguinte detalha analise de dados da pesquisa, feita

diretamente com os turistas, guias, proprietário e estudantes, através de entrevista

a uma amostra de 100 pessoas, além de compor uma análise de dados sobre o

museu, analisando fatores da estrutura e serviços do museu.

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5 ANALISE DE DADOS DA PESQUISA

A pesquisa foi realizada no dia 3 de novembro de 2012, conforme

agendamento prévio junto aos administradores do Museu Senzala Negro Liberto.

Foram entrevistadas 100 pessoas, onde 10 (dez) são Guia de Turismo, 02 (dois)

representantes da administração Proprietários do Sítio Livramento, local onde

funciona o museu, dezoito (18) turistas e os demais estudantes e professores,

representando 70% dos visitantes do museu. Nessa data o museu tinha agendado

dois grupos escolares das instituições de ensino Ari de Sá e Juvenal de Carvalho6.

Grafico 1: Perfil dos entrevistados.

Dos entrevistados, distribuem-se as seguintes faixas etárias, sendo

adolescente da faixa de 10 a 20 anos a maioria com 14 anos, alunos da 8ª série.

6 Dados obtidos a partir de ficha de entrevista visível em anexo, aplicada aos presentes no museu,

incluindo grupos escolares, funcionários, proprietários e turistas. Visando estabelecer perfil dos

visitantes e obter analise quantitativa e qualitativa de elementos necessários para compor esse

trabalho realizado com o Museu do Negro Liberto e auxiliar a elaboração de propostas com

melhorias e ampliação da importância do museu no trade turístico da cidade de Redenção.

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Grafico 2: Faixa etária dos entrevistados.

A maioria dos entrevistados era do sexo feminino, conforme gráfico 3.

Representando 70% dos participantes da pesquisa.

Grafico 3: Sexo dos entrevistados.

Conforme já informado, a maioria dos visitantes pertencia a grupo

escolares, dessa forma o motivo de visitação que se destaca é a visitação escolar.

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Isso deve-se ao período do ano, pois durante os meses de férias a porcentagem de

visitantes para realizar turismo triplica, conforme proprietário do parque, mesmo

assim não supera o número de estudante que visitam em outros períodos.

Grafico 4: Motivo da visitação.

Quando interrogados sobre quais os serviços mais atraentes são

ofertados ao turista pelo Museu Senzala Negro Liberto, somente 4% não

responderam esta pergunta. Os demais consideraram que a presença do Guia de

Turismo, narrando os fatos, como verdadeira aula de História, com qualidade,

respeito e atenção, como sendo um dos serviços mais atraentes da visitação.

Acrescentaram ainda a estrutura e o acervo que retratam a época da escravidão.

Pois o museu além da estrutura preservada apresenta documentos que dão

credibilidade aos visitantes.

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Grafico 5: Serviços mais interessantes / atraentes.

Grafico 6: Qualidade do atendimento.

Os visitantes consideram em sua maioria o atendimento como excelente,

afirmam que os guias e recepcionistas são bastante atenciosos e gentis. Dessa

condição apenas 29% consideram Regular ou A desejar. Os vistantes consideraram

regular a comunicação e dicção do passar sobre a história do local, dos contos e

não obtiveram um bom entendimento. Provavelmente pelo número de pessoas dos

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grupos, pois cada grupo escolar possuia cerca de 35 integrantes e comunicar a um

grupo dessa proporção torna-se uma missão bastante complicada para os guias.

Quando questionados sobre a influência do Museu Senzala Negro

Liberto como equipamento turístico e patrimônio histórico e cultural junto a

Sociedade local e os turistas, 60%, opinaram a importância do museu como

equipamento turísticos importante, pois é um centro de cultura e aprendizagem de

grande importância para a Cultura e que tem grande acervo de conhecimento

histórico e cultural, com um valioso conteúdo de Informação e Sensibilizante;

Resgata um real reflexo da escravidão, da abolição dos escravos no Brasil, com

grande importância para a Sociedade; Um lugar belíssimo e riquíssimo de

informações e privilegiado de recordações, e importante atrativo turístico, sendo

altamente significativo dentro do município de Redenção. É um ícone turístico da

cidade. É considerado um Patrimônio Histórico e Cultural do Município e até do

Estado do Ceará, tanto junto à Sociedade Local e turistas de todas as localidades e

até mesmo do exterior, ajudando-nos a conhecer nosso passado e origens. Falta,

portanto, mais incentivo dos governantes, para a manutenção e conservação de

equipamento turístico tão importante.

Grafico 6: Museu e sua influência social.

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Os entrevistados informaram que o museu em estudo, tem a consciência

sobre a importância da historia e da cultura, que os guias conseguem passar com

as diversas imagens, com os contos e narração da história do local, veracidade e

realismo. Abordaram a importância da preservação e manutenção do local, com

objetivo de conscientizar os visitantes.

Foram dadas como sugestão de melhorias a ampliação dos acervos, os

entrevistados sugeriram, também, que o município de Redenção deve fazer

parceria com a Secretaria de Cultura do Estado e IPHAN no sentido de estabelecer

normas de organização e conservação da infraestrutura e funcionamento deste

museu, além de efetivar o seu tombamento como Patrimônio Histórico Nacional.

Questionaram sobre a falta de iluminação na senzala, dos pisos da casa, que

necessitam de uma manutenção. Mas analisando sobre a óptica arquitetônica

existe a necessidade de preservação por meio de restauração e não de renovação,

isso poderia causar a perda de realismo, tornando o ambiente artificial.

O capítulo atual expôs uma análise de dados do Museu, abordando o

seu motivo da visitação, serviço mais interessante, a qualidade do atendimento e a

influência social.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Museu Senzala Negro Liberto do município de Redenção-Ceará criado

em 2003, é composto por casa grande, senzala, canavial, a moageira e uma lojinha

(Mercado da Sinhá). Este conjunto arquitetônico colonial é original e encontra-se

em boas condições de conservação. Na área, encontram-se a original casa grande

dos senhores do engenho, a senzala, o canavial e o antigo maquinário de fabricar a

cachaça Douradinha.

Dada a grande importância do acervo histórico-cultural distribuído em

cada recanto deste museu, e devido demandar muitas visitas a este equipamento

de turismo histórico, no município de Redenção, principalmente por estudantes em

companhia dos seus educadores, considera-se que este espaço deveria ter a

parceria do Governo Municipal, Estadual e até Federal, no sentido da ajuda na

mauntenção do museu e de estabelecer um estudo das características desse

patrimônio, com vistas a investir num trabalho de caracterização da Casa Grande e

Senzala, articulando a Secretaria de Cultura do Estado e IPHAN – Instituto do

Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, para viabilizar o tombamento deste

equipamento turístico como Patrimônio Nacional ou até da Humanidade.

Consideraram também regular a comunicação e dicção do passar sobre

a história do local, dos contos, pois não obtiveram um bom entendimento o que os

guiadores tentavam passar. Provavelmente pelo número de pessoas dos grupos,

pois cada grupo escolar possuía cerca de 35 integrantes e comunicar a um grupo

dessa proporção torna-se uma missão bastante complicada para os guias. É

necessario saber dividir os grupos e não agendar com muitas entidades escolares

ao mesmo tempo.

O museu Senzala Negro Liberto do município de Redenção-Ceará,

consegue contemplar, em informações, instrumentos utilizados em torturas com os

escravos, toda uma rotina do trabalho e da vida do negro tratado em senzala. Estas

informações demonstrativas, em aulas de campo, fortalecem o conhecimento e a

compreensão dos estudantes, que conseguem vislumbrar o quanto vale a liberdade

atual, de cada ser humano, usufruída, nos nossos tempos, independente de

gênero, raça e religião.

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Consegue-se visualizar, no rosto de cada visitante, a revolta estampada

em cada fisionomia dos turistas que adentram cada espaço e conhece cada

instrumento de tortura, deixando-nos a certeza, que nenhum jovem aceita a

realidade do sofrimento dos escravos, vivida naqueles tempos longínquos da

escravidão.

Como profissional de Turismo, percebe-se que o Museu Senzala Negro

Liberto, apesar de se encontrar nas mãos de proprietários particulares, por ser de

utilidade pública, carece de apoio governamental, no sentido de investir em

revitalização e restauração de espaços, paredes, instrumentos que remontem à

época da escravidão e ampliar os itens oriundos daquele período, bem como,

investir no entorno deste equipamento turístico e histórico, afim de agregar valor e

inserir o equipamento no circuito do “citytour” da cidade e viabilizar o tombamento

deste patrimônio, de acordo com a caracterização efetivada pelo IPHAN.

A preservação de documentos contribui ao esclarecimento de nossa

origem étnica e ao enriquecimento do patrimônio cultural do mundo. É papel do

conservador-restaurador buscar a sobrevivência física e material destes objetos,

sendo responsável pela permanência da informação armazenada mediante a sua

conservação, preservação e restauração. A conservação se dedica à preservação

do patrimônio, mantendo a integridade dos documentos, minimizando a

deterioração.

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APÊNDICE A - FICHA DE ENTREVISTA