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FACULDADE BOA VIAGEM DeVry Brasil
CENTRO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO (CPPA)
MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO EMPRESARIAL (MPGE)
Juliana Brêda de Gusmão Pinheiro
COMO SE CONFIGURA O CAPITAL PSICOLÓGICO EM TRABALHADORES DE UMA EMPRESA DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE DIAGNÓSTICO EM SAÚDE
Recife/2016
FACULDADE BOA VIAGEM DeVry Brasil
CENTRO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO (CPPA)
MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO EMPRESARIAL (MPGE)
Juliana Brêda de Gusmão Pinheiro
COMO SE CONFIGURA O CAPITAL PSICOLÓGICO EM TRABALHADORES DE UMA EMPRESA DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE DIAGNÓSTICO EM SAÚDE
Dissertação apresentada como requisito
complementar para obtenção do grau de
Mestre em Gestão Empresarial do Centro de
Pesquisa e Pós-Graduação em Administração
– CPPA da Faculdade Boa Viagem - DeVry
Brasil, sob a orientação do Prof. Dr. Diogo
Henrique Helal.
Recife/2016
Catalogação na fonte -
Biblioteca da Faculdade Boa Viagem - DeVry, Recife/PE
P654c Pinheiro, Juliana Brêda de Gusmão.
Como se configura o capital psicológico em trabalhadores de
uma empresa de prestação de serviços de diagnóstico em saúde /
Juliana Brêda de Gusmão Pinheiro. – Recife: FBV | DeVry 2016.
72 f. : il.
Orientador(a): Diogo Henrique Helal.
Dissertação (Mestrado) Gestão Empresarial –Faculdade
Boa Viagem - DeVry.
1. Capital psicológico. 2. Gerações. I. Título. DISS 658[16.2]
Ficha catalográfica elaborada pelo setor de processamento técnico da Biblioteca da FBV | DeVry
Dedico A minha família: aos meus pais
Toinho e Neném, meu esposo,
Rodrigo e aos meus filhos Letícia,
Matheus e Isabela. Meus irmãos e
sobrinhos e a minha sogra D. Liz.
AGRADECIMENTOS
À Deus, acima de qualquer pessoa ou circunstância porque em TUDO está sua presença e sua
permissão para que eu realizasse esse projeto de vida com força e determinação.
Meu pai, Toinho, que sempre me incentivou aos estudos e acreditou no meu potencial. Foi e
sempre será meu maior mestre, exemplo de dedicação e sabedoria. Sua presença estará para
sempre no meu coração.
A minha mãe, Neném, mulher de fé, forte e otimista, por suas palavras e atitudes encorajadoras
que me impulsionaram sempre.
Ao meu esposo, Rodrigo, que me apoiou desde do primeiro instante deste projeto. Por acreditar
em mim e por ser meu companheiro em todos os momentos.
Aos meus filhos, que por existirem já me inspiram a ser e fazer o meu melhor...Letícia, por ter
se tornado esta companheira maravilhora, filha-amiga, ao meu filho Matheus, por ter me
impulsionado na priorização deste mestrado, a minha caçulinha, Isabela, que chegou de
surpresa no meio do caminho e me fez mãe novamente, mostrando que não há limites para um
novo amor.
Ao Professor Diogo Helal, meu orientador, que com seu jeito tranquilo, compreensivo e sábio,
apostou em mim. Conduzindo com maestria todas as nossas discussões e me orientando para
“arrumar” as ideias.
Aos meus irmãos, grandes amigos e apoiadores. Mesmo de longe pude sentir o carinho de
vocês.
A minha sogra, D. Liz, pelo apoio e por tantas vezes me dado a tranquilidade de estar com
minha pequena para que eu seguisse com meus estudos.
À todos os professores e colegas da turma 11. Nossas trocas foram incentivadoras...
“Concedei-nos Senhor, serenidade necessária,
para aceitar as coisas que não podemos modificar,
coragem para modificar aquelas que podemos e
sabedoria para distinguirmos umas das outras.”
(Oração da Serenidade -
Autor desconhecido)
RESUMO
As pessoas estão cada vez mais sendo reconhecidas como fator primordial de sucesso nas
organizações, esta concepção de importância das pessoas na obtenção do sucesso é cada dia
mais reforçada por um cenário mutável, globalizado e de fortes mudanças e inovações
tecnológicas. Investir em políticas e práticas que possam gerar melhores resultados através das
pessoas, vem sendo uma fonte crescente de interesse de gestores. Neste sentido, o Capital
Psicológico se apresenta como a articulação de características pessoais que sendo desenvolvidas
no meio organizacional geram impactos positivos neste contexto. O olhar sobre os aspectos
positivos do comportameto humano tem como base a psicologia positiva e os estudos sobre o
comportamento organizacional positivo – COP, que enfatiza as potencialidades humanas no
lugar de aspectos de vulnerabilidade tradicionalmente estudados. Como parte do COP, o capital
psicológico de cada indivíduo apresenta-se em 4 dimensões: reliência, eficácia, otimismo e
esperança, que são mensuráveis, abertas para o desenvolvimento, e podem ser gerenciadas para
o desempenho do trabalho mais eficaz (LUTHANS et al., 2007). Este estudo buscou analisar
como se configuram as dimensões do capital psicológico em trabalhadores de uma empresa de
prestação de serviços de diagnóstico em saúde na região metropolitana de Recife. A partir de
uma abordagem mista, quantitativa – aplicação do inventário ICPT aplicado em 207
trabalhadores e qualitativa – por meio de entrevista por pauta realizada com duas gestoras da
empresa; foi possível realizar análises comparativas entre os grupos por idade / gerações, sexo,
grau de escolaridade, tempo de empresa, cargo ocupado, além de investigar possíveis aspectos
organizacionais que interferem no capital psicológico desses trabalhadores e se há a percepção
de diferenças entre os grupos estudados. Os dados sugerem que as mulheres apresentam maior
grau de Esperança no Trabalho que os homens; a dimensão Resiliência apresenta-se em menor
grau nos jovens pertencentes a geração Z; já a dimensão Otimismo obteve maior grau com
pessoas de menor escolaridade, porém os jovens quantitativamente apresentaram-se com menor
grau e na percepção das gestoras como mais otimistas. Eficácia, foi avalidada pelas gestoras
como uma dimensão que se apresenta diferentemente entre pessoas mais jovens e mais velhas
de acordo com a natureza do trabalho e envolvimento com tecnologia. Após a concussão deste
estudo, a empresa recebeu como contrapartida palestras sobre Capital Psicológico para seus
trabalhadores e a entrega do relatório em reunião com gestores.
Palavras chave: Capital psicológico, Gerações.
ABSTRACT
People are increasingly being recognized as a primary success factor in organizations, this
conception of people's importance in achieving success is increasingly reinforced by a
changing, globalized landscape and of strong technological changes and innovations. Investing
in policies and practices that can deliver better results through people has been a growing source
of managerial interest. In this sense, the Psychological Capital presents itself as the articulation
of personal characteristics that are developed in the organizational environment generate
positive impacts in this context. The look on the positive aspects of human behavior is based
on positive psychology and studies on positive organizational behavior - COP, which
emphasizes human potential instead of aspects of vulnerability traditionally studied. As part of
the COP, the psychological capital of each individual is presented in four dimensions: reliance,
efficacy, optimism and hope, which are measurable, open to development, and can be managed
to perform the most effective work (LUTHANS et al., 2007). This study sought to analyze how
the dimensions of the psychological capital in workers of a company of diagnostic services in
health in the metropolitan area of Recife. Based on a mixed, quantitative approach - application
of the ICPT inventory applied to 207 workers and qualitative - through an interview by staff
held with two company managers; It was possible to carry out comparative analyzes between
the groups by age / generations, sex, educational level, company time, position occupied,
besides investigating possible organizational aspects that interfere in the psychological capital
of these workers and if there is perception of differences between the studied groups . The data
suggest that women present a higher degree of Hope at Work than men; The dimension
Resilience presents to a lesser degree in the young people belonging to the generation Z;
Whereas the dimension Optimism obtained a higher degree with people of lower schooling, but
with a lower degree also among the younger ones. Efficacy was evaluated by managers as a
dimension that presents differently between younger and older people according to the nature
of the work and involvement with technology. After the concussion of this study, the company
received as counterpart lectures on Psychological Capital for its workers and the delivery of the
report in meeting with managers.
Key words: Psychological capital, Generations
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Ampliando os tipos de capital psicológico em direção à vantagem ............
competitiva
22
Quadro 2 – Dimensões do capital psicológico: definições ............................................. 24
Quadro 3 – Estudos Internacionais sobre capital psicológico e seus impactos na ..........
organização
31
Quadro 4 – Estudos Nacionais sobre capital psicológico e seus impactos na ................
organização
33
Quadro 5 – Realização da pesquisa quantitativa por unidade de trabalho ...................... 39
Quadro 6 – Percepção da gestão em relação a disposição do capital psicológico entre .
trabalhadores
58
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Capital Psicológico e suas Dimensões ............................................................. 23
Figura 2 Relações propostas entre as variáveis do estudo .............................................. 29
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Característica de gerações da população pesquisada ............................................ 41
Tabela 2 – Característica de sexo da população pesquisada ....................................................... 41
Tabela 3 – Característica de escolaridade da população pesquisada ......................................... 41
Tabela 4 – Característica de posição de lideança da população pesquisada ............................. 42
Tabela 5 – Característica de tempo de empresa da população pesquisada ............................... 42
Tabela 6 – Mediana, média, desvio padrão e coeficiente de variação das questões de .........
Esperança no Trabalho
43
Tabela 7: Mediana, média, desvio padrão e coeficiente de variação das questões de ...........
Resiliência no Trabalho
43
Tabela 8: Mediana, média, desvio padrão e coeficiente de variação das questões de ...........
Otimismo no Trabalho
44
Tabela 9: Mediana, média, desvio padrão e coeficiente de variação das questões de ...........
Eficácia no Trabalho
44
Tabela 10: Confiabilidades calculadas do bloco Esperança no Trabalho ................................. 45
Tabela 11: Confiabilidades calculadas do bloco Resiliência no Trabalho ................................ 46
Tabela 12: Confiabilidades calculadas do bloco Otimismo no Trabalho ................................. 46
Tabela 13: Confiabilidades calculadas do bloco Eficácia no Trabalho ..................................... 47
Tabela 14: Cargas Fatoriais das dimensões Esperança, Resiliência, Otimismo e Eficácia ....
no Trabalho
47
Tabela 15: Teste de diferenças de média em relação à variável sexo ....................................... 49
Tabela 16: Teste de diferenças de média em relação à variável cargo de liderança ............... 49
Tabela 17: Teste de diferenças de média em relação à variável tempo de empresa ................ 49
Tabela 18: Teste de diferenças de média em relação à variável escolaridade .......................... 50
Tabela 19: Teste de diferenças de média em relação à variável gerações ................................ 50
Tabela 20: Valor médio para a dimensão Esperança em relação à variável sexo .................... 50
Tabela 21: Valor médio para a dimensão Otimismo em relação à variável escolaridade ...... 51
Tabela 22: Valor médio para a dimensão Otimismo em relação à variável gerações ............ 51
Tabela 23: Valor médio para a dimensão Resiliência em relação à variável gerações .......... 51
SUMÁRIO
LISTA DE QUADROS …………………………………………………………………......…………………………………… 11
LISTA DE FIGURAS …………………………………………………………………......……………………………………… 12
LISTA DE TABELAS ……………………………………………………………………...............……….................... 13
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 16
1.1 OBJETIVOS ............................................................................................................................ 19
1.1.1 Objetivo Geral ............................................................................................................... 19
1.1.2 Objetivos Específicos .................................................................................................... 19
1.2 JUSTIFICATIVA ………………................................................................................................... 19
1.2.1 Justificativas Teóricas ................................................................................................... 20
1.2.2 Justificativas Práticas .................................................................................................... 20
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ……..................................................................................... 21
2.1 Capital Psicológico: histórico e definições ......................................................................... 21
2.2 Dimensões do Capital Psicológico ................................................................................. 22
2.3 Capital Psicológico e Resultados Empíricos …………………………………………………………………. 28
2.3.1 Estudos Internacionais ................................................................................................... 28
2.3.2 Estudos Nacionais.......................................................................................................... 32
2.3.3 Diálogo entre Estudos Internacionais e Nacionais ........................................................ 34
2.3.4 Desenvolvimento de Inventário para Intervenções em Capital Psicológico ................. 34
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ………………………………………………………………….... 37
3.1 População ......................................................................................................................... 38
4 RESULTADOS, ANÁLISES DOS DADOS E DISCUSSÕES ...................................... 40
4.1 Etapa Quantitativa ......................................................................................................... 40
4.1.1 Análise Descritiva – Estatísticas Descritivas das Variáveis .......................................... 40
4.1.1.1 Estatísticas Descritivas das Variáveis por Dimensão ................................................. 42
4.1.2 Confiabilidade do Instrumento ...................................................................................... 45
4.1.3 Análise Fatorial Exploratória ........................................................................................ 47
4.1.4 Análise Fatorial Confirmatória ...................................................................................... 48
4.1.5 Testes de Hipóteses ....................................................................................................... 48
4.2 Etapa Qualitativa ........................................................................................................... 52
4.2.1 Entrevista por Pauta com G1 ..................................................................................... 52
4.2.2 Entrevista por Pauta com G2 ..................................................................................... 55
5 CONCLUSÃO ................................................................................................................... 62
5.1 Recomendações Gerenciais .............................................................................................. 64
5.2 Recomendações de Pesquisas Futuras .............................................................................. 65
REFERÊNCIAS …………………………………………………………………........................................................ 66
APÊNDICES ......................................................................................................................... 69
Apêndice A: Questionário ICPT ......................................................................................... 69
Apêndice B: Entrevista por Pauta G1 ................................................................................ 71
Apêndice C: Entrevista por Pauta G2 ................................................................................ 72
16
1 INTRODUÇÃO
Este capítulo visa a contextualização sobre o Capital Psicológico; como este construto vem se
firmando no meio organizacional como fonte de interesse por sua importância em alavancar
resultados através do investimento em pessoas como diferencial competitivo nas organizações.
Inicialmente, apresenta-se o problema de pesquisa e, em sequência, os objetivos e as
justificativas deste trabalho.
Cada vez mais fonte de interesse dos estudiosos, as pessoas têm se confirmado como
competência essencial no meio organizacional. Segundo Bohlander e Snell (2010), as pessoas
são o diferencial das organizações. É através delas que as empresas se destacam com
competências essenciais e assim tornam-se competitivas. Nesse contexto, a Gestão de Recursos
Humanos é apresentada como um investimento estratégico para a concorrência por meio das
pessoas. Bennis (1995) acrescenta que as pessoas são a chave para o sucesso organizacional,
reforçando a ideia de que o investimento no capital humano acarreta no diferencial competitivo.
Esta concepção de importância das pessoas na obtenção do sucesso das organizações é cada dia
mais reforçada por um cenário mutável, globalizado e de fortes mudanças e inovações
tecnológicas.
Os processos de trabalho e o emprego de inovações tecnológicas são pilares organizacionais
que geram competitividade e alavancam seus resultados. Porém, com a velocidade em que a
comunicação se estabelece, esta permite que as tecnologias e processos se igualem e se
modifiquem rapidamente, não podendo assim ser identificado como competência essencial de
uma organização por muito tempo.
O que realmente pode ser concebido como diferencial entre uma organização e outra são
pessoas, suas potencialidades e entregas no meio onde atuam. Além das pessoas serem as molas
percursoras da diferenciação entre as organizações, é através delas que as mudanças, as novas
tecnologias e os próprios processos de trabalho são implementados e realizados.
Este crescente interesse em estudar as pessoas no meio organizacional vem se fundindo com
uma nova perspectiva de estudo do comportamento organizacional, o Comportamento
Organizacional Positivo – COP. O que víamos até pouco tempo eram estudos sobre doenças
ocupacionais, estresse no trabalho, fontes de insatisfação e demais temas que investigavam os
aspectos negativos do homem no trabalho (SELIGMAN, 2000; LUTHANS, 2002).
17
O estudo do comportamento organizacional positivo – COP tem como foco dos estudos os
aspectos positivos do comportamento individual, grupal e organizacional, tendo como base a
psicologia positiva, que investiga as potencialidades do indivíduo, abandonando a visão
tradicional de aspectos psicopatológicos, vulnerabilidades e limitações como únicas fontes de
interesse da psicologia organizacional. Seligman e Czikszentmihaly (2000) foram os primeiros
estudiosos a apresentarem esse olhar sobre os aspectos positivos da condição humana em uma
publicação especial na revista americana American Psychologist com 16 artigos no ano 2000.
Apresentaram assim a ciência da experiência subjetiva positiva, de traços individuais positivos
e de instituições positivas como promessa de melhoria a qualidade de vida e também para evitar
as diversas patologias que surgem quando a vida é estéril e sem sentido.
Ressaltam que a abordagem traz a prevenção em primeiro plano, numa perspectiva focada na
construção sistemática de competências, não corrigindo fraqueza; criando uma ciência da força
humana cuja missão é a de entender e aprender a promover virtudes dentre elas a esperança,
coragem, otimismo, habilidade interpessoal, entre outros. Os artigos descrevem os
conhecimentos até então sobre questões contemplando o que permite a felicidade, os efeitos da
autonomia e auto-regulação, como otimismo e esperança afetam a saúde, o que constitui a
sabedoria, e como talento e criatividade podem vir a ser concretizados. O objetivo desta
publicação especial foi de entender e construir os fatores que permitem que indivíduos,
comunidades e sociedades possam florescer; sendo identificada assim como um marco para o
início efetivo da psicologia positiva.
No Brasil, Passareli e Silva (2007) apresentaram um artigo intitulado Psicologia positiva e o
estudo do bem-estar subjetivo, em que destacaram a psicologia positiva como um novo ramo
de interesse inclusive no Brasil. No artigo, os autores resgatam os pilares da Psicologia Positiva,
publicado no Brasil em (2004)1: o primeiro seria o estudo da emoção positiva; o segundo, o
estudo dos traços positivos, tais como as forças e as virtudes, e também as habilidades, como a
inteligência e a capacidade atlética; o terceiro, por fim, refere-se ao estudo das instituições
positivas - a democracia, a família e a liberdade - que suportam as virtudes e apoiam as emoções
positivas (PASSARELI; SILVA, 2007).
Carlomagno, Natividade, Oliveira e Hutz (2014) também se referiram aos pilares que em
conjunto classificam os temas de interesse da Psicologia Positiva: primeiro pilar refere-se à
experiência subjetiva positiva e o segundo, a estados positivos. Por fim, o terceiro pilar diz
respeito a instituições positivas e tem como função promover os primeiros dois pilares,
1 SELIGMAN, M. E. P. (2004). Felicidade autêntica: usando a nova psicologia positiva para a realização permanente. Rio de Janeiro: Objetiva.
18
facilitando o florescimento dos indivíduos. Os autores tratam das relações entre criatividade,
esperança, otimismo e desempenho profissional.
Esse estudo contemplou dois dos pilares da Psicologia Organizacional Positiva: as experiências
positivas, representadas pela esperança e pelo otimismo, e os estados positivos, representados
pela criatividade. Verificaram correlações positivas entre desempenho e esperança, otimismo e
criatividade. Quando as variáveis foram tomadas em conjunto a esperança e a criatividade
foram aquelas capazes de predizer o desempenho. Finalmente, a partir dos resultados, sugeriram
que o estímulo ao potencial criativo e ao desenvolvimento da esperança dos funcionários é
fundamental para obter um desempenho organizacional superior e promover o florescimento
dos indivíduos (CARLOMAGNO; NATIVIDADE; OLIVEIRA; HUTZ, 2014).
Empiricamente, gestores e a área de RH tem apresentado crescente interesse por aspectos
positivos que possam, além de proporcionar o florescimento dos indivíduos, alavancar seus
resultados através das pessoas. Paralelo a este movimento, e também sendo ferramenta para ele,
a produção de artigos e os estudos abordando temas contemplados pela psicologia positiva e o
comportamento organizacional positivo vem se colocando como suporte às práticas de gestão.
É neste cenário que a identificação e aprimoramento do capital psicológico se encontram como
mais um campo propenso de investimento acadêmico e prático.
Como parte do COP, o capital psicológico de cada indivíduo apresenta-se como a articulação
de características pessoais que sendo desenvolvidas no meio organizacional geram impactos
positivos neste contexto. Assim, este tema se apresenta de forma estratégica para a área de
gestão de pessoas. Com um maior conhecimento das dimensões do capital psicológico e como
estes se configuram em organizações específicas, é possível aplicar investimentos no sentido
de desenvolvê-los e potencializá-los. Estudos apontam que o capital psicológico favorece o
florescimento individual e provoca impactos positivos na satisfação, comprometimento, bem-
estar, desempenho e performance (LUTHANS et al., 2007; LARSON et al., 2013; AVEY et
al., 2011).
Em particular, esse projeto busca entender como se configuram as dimensões do capital
psicológico em trabalhadores de uma empresa de prestação de serviços de diagnóstico em saúde
na região metropolitana de Recife. A escolha se deu por acessibilidade sendo observado que
atendia ao critério de ser uma empresa bem consolidada em Pernambuco, ter um grande número
de funcionários com idades, gênero e grau de instrução diferentes e com bastante tempo no
mercado; o que corresponderia aos interesses deste estudo. A empresa escolhida tem 28 anos
de existência e é bem consolidada no mercado pernambucano em seu segmento, o que nos pode
proporcionar encontrar profissionais que possam atender aos recortes que são estudados de
19
tempo de serviço, idade e cargo ocupado. Assim, foram feitas também análises comparativas,
considerando grupos geracionais, de gênero, funções e cargos ocupados.
A pesquisa foi realizada a partir da aplicação de escala validada de capital psicológico, o
Inventário de Capital Psicológico no Trabalho – ICPT-25 (SIQUEIRA; MARTINS; SOUZA,
2014), seguida por uma etapa qualitativa, com entrevistas realizadas com duas gestores a fim
de aprofundar os resultados e entender quais vetores organizacionais podem interferir na
disposição do capital psicológico além de veificar se há percepção de diferenças entre os grupos
estudados.
Diante do exposto, este estudo tem como objetivo responder à pergunta de pesquisa: como se
configuram as dimensões do capital psicológico em trabalhadores de uma empresa de
prestação de serviços de diagnóstico em saúde na região metropolitana de Recife?
1.1 OBJETIVOS
1.1.1 Objetivo Geral
Analisar como se configuram as dimensões do capital psicológico na percepção de
trabalhadores e gestores, em trabalhadores de uma empresa de prestação de serviços de
diagnóstico em saúde na região metropolitana de Recife.
1.1.2 Objetivos específicos
• Identificar a disposição do capital psicológico dos trabalhadores da empresa e como este se
configura;
• Identificar possíveis diferenças entre grupos geracionais, por sexo, cargo ocupado, tempo
de empresa e escolaridade em relação a disposição do capital psicológico;
• Identificar variáveis organizacionais como políticas e gestão que podem influenciar na
disposição das dimensões do capital psicológico, como política de gestão, liderança,
aspectos culturais;
• Verificar possíveis diferenças da disposição do capital psicológico nos grupos estudados a
partir da percepção das gestoras entrevistadas.
1.2 JUSTIFICATIVA
A seguir serão apresentadas as justificativas teóricas e práticas que comprovam a importância
e relevância deste trabalho.
20
1.2.1 Justificativas teóricas
Por se tratar de conceito relativamente novo, que vem se consolidando a partir dos anos 2000,
especialmente no contexto organizacional brasileiro, existe a carência de aprofundamento.
Especificamente em Pernambuco, não há nenhum registro de estudos desenvolvidos em relação
ao capital psicológico.
Os estudos de Luthans apresentam Capital Psicológico - PsyCap como núcleo, onde suas
dimensões (eficácia, esperança, otimismo e resiliência) se relacionam e desenvolvidas geram
resultados significativamente relevantes. Assim, diversos estudos apontam que o capital
psicológico exerce impactos no desempenho e performance organizacional, relacionando-se
com comprometimento, satisfação, bem-estar, cidadania organizacional e engajamento.
Contribuem também para um melhor atendimento ao cliente e para retenção de funcionários.
Capital psicológico vem se firmando como fonte de interesse de estudiosos e profissionais da
área de pessoas, o que se reflete na afirmativa de Simón quando defende que este conceito
poderá ser mais relevante do que Inteligência Emocional - I.E. e destaca sua contribuição para
o desenvolvimento sustentável em uma organização.
1.2.2 Justificativas práticas
O conhecimento dos níveis e graus das dimensões do capital psicológico em um dado contexto
organizacional, poderá proporcionar a identificação de necessidades de desenvolvimento das
mesmas. Ao entender como se configuram a eficácia, a esperança, o otimismo e a resiliência
apresentados por indivíduos de uma organização, intervenções poderão favorecer a
potencialização das pessoas e seus consequentes desempenhos. Assim, a partir do investimento
no capital psicológico os resultados poderão ser alavancados efetivamente através das pessoas.
21
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Neste capítulo são apresentadas as principais teorias e conceitos que dão suporte a
fundamentação teórica. Inicialmente, é abordado o histórico e a definição de capital
psicológico, destacando o surgimento da psicologia positiva e o conceito de comportamento
organizacional positivo; logo após, são apresentados os conceitos de capital psicológico e suas
dimensões. O capítulo é finalizado com a exposição de estudos empíricos nacionais e
internacionais que abordam capital psicológico e a apresentação de proposta de intervenção
para desenvolvimento do capital psicológico.
2.1 Capital Psicológico: histórico e definições
O Comportamento Organizacional Positivo (COP) é definido por Luthans (2002, p.696) como
“o estudo e aplicação das capacidades e forças psicológicas positivamente orientadas, que
podem ser medidas, desenvolvidas e de maneira eficaz geridas para incrementar o desempenho
no trabalho”. Este é um conceito que surgiu a partir da abordagem da psicologia positiva que
tem como centro de interesse os aspectos positivos e virtudes humanas.
Luthans (2002) apresenta este novo conceito realizando uma breve análise dos diferentes tipos
de capital como o capital econômico, o capital humano e o capital social já reconhecidos como
originários de resultados positivos e vantagens competitivas para as organizações (ANTUNES;
CAETANO; CUNHA, 2013).
O capital econômico refere-se aos ativos considerados tangíveis da organização, como
equipamentos, finanças, tecnologias, estrutura física; o capital humano refere-se ao que o
indivíduo sabe e as suas habilidades e competências, representados pela experiência, educação,
ideias, é orientado para o passado e para o presente; o capital social refere-se as relações sociais
estabelecidas pelo indivíduo, aos relacionamentos e contatos que o indivíduo, é voltada para o
passado e para o presente; o capital psicológico refere-se a quem o indivíduo é e o que pode se
tornar, com uma perspectiva no presente e no futuro (ANTUNES; CAETANO; CUNHA,
2013).
Essa perspectiva traz uma expansão em relação aos conceitos de capital, sugerindo que o capital
psicológico está para além do capital humano e social e consiste basicamente de "quem você é"
e ainda “o que pode se tornar”, mais do que o que ou quem você conhece (LUTHANS;
LUTHANS; LUTHANS, 2007).
22
Quadro 1. Ampliando os tipos de capital em direção à vantagem competitiva
Capital Econômico Tradicional
Capital Humano Capital Social Capital Psicológico Positivo
O que você tem O que você sabe Quem você conhece Quem você é Finanças
Tangíveis (estrutura, planta,
equipamentos, patentes)
Experiência Educação
Capacidades Habilidades
Ideias
Relacionamentos Rede de contatos
Amigos
Eficácia Esperança Otimismo Resiliência
Fonte: Luthans, Luthans e Luthans 2004.
O capital psicológico apresenta-se, assim, como objeto central de estudo do comportamento
organizacional positivo, sendo composto pela integração de diversas capacidades psicológicas
positivas.
Para ser incluído nessa concepção de Capital Psicológico, os seguintes critérios devem ser
atendidos: (1) fundamentada na teoria e investigação; (2) medida válida; (3) relativamente
exclusivo para o campo do comportamento organizacional; (4) Estado-like (isto é, aberto para
o desenvolvimento, em oposição a traço-like e, portanto, relativamente fixo); e (5) ter um
impacto positivo sobre o desempenho sustentável (LUTHANS, 2006).
As capacidades positivas referem-se as dimensões do capital psicológico (LUTHANS et al.,
2006; LUTHANS et al., 2010):
(1) ter confiança (auto-eficácia) para transportar e colocar no esforço necessário para ter
sucesso em tarefas desafiadoras;
(2) fazer uma atribuição positiva (otimismo) sobre ter sucesso agora e no futuro;
(3) ser perseverante em direção a objetivos e, quando necessário, redirecionar caminhos
para objetivos (esperança), a fim de ter sucesso; e
(4), quando atormentado por problemas e adversidades, sustentando e saltando para trás
e mesmo além (resiliência) para alcançar o sucesso.
No que concerne ao nível de análise do capital psicológico, este situa-se numa esfera individual,
dado que, e tal como é referido na definição do conceito, estamos na presença de um estado
psicológico próprio de cada indivíduo (LUTHANS; YOUSSEF; AVOLIO, 2007). Todavia, tem
sido realizadas investigações (AVEY; VOLGESANG; CLAPP--‐SMITH, 2009) que abordam
esta temática, levando em conta variáveis organizacionais. Contudo, estas são, somente,
encaradas como aspetos que potenciam ou inviabilizam o incremento do capital psicológico.
23
Luthans, em seus vários textos, reafirmou a concepção de capital psicológico como núcleo
primário, quando enfatiza que se trata de uma construção do núcleo que prevê o desempenho e
satisfação melhor do que qualquer um dos pontos fortes individuais que a compõem.
Figura 1. Capital Psicológico e suas dimensões
Fonte: adaptado de LUTHANS et al., 2006; LUTHANS et al., 2010.
Siqueira, Martins e Souza (2014, p.69) apresentam o Conceito de Capital Psicológico, medido
pelo ICPT - Inventário de Capital Psicológico no Trabalho:
Estado mental positivo no qual se articulam quatro categorias de crenças que auxiliam o indivíduo, em seu ambiente de trabalho, a ver possibilidades de êxito (eficácia), a acreditar em fatos positivos ocorrendo futuramente (otimismo), a ter convicção de que dispõe de recursos (agency) e os meios (pathways) para ser bem-sucedido (esperança) e de que sairá fortalecido ao enfrentar adversidades (resiliência).
Os autores acrescentam que esse conceito é concebido como noção de crenças mantidas pelo
trabalhador, conceito psicológico que se articula no campo das cognições.
2.2 Dimensões do Capital Psicológico
Os conceitos considerados pelo Inventário de Capital Psicológico no Trabalho para as quatro
dimensões de Capital Psicológico, são apresentados no Quadro 2 a seguir:
CP
Otimismo
Esperança
Eficácia
Resiliência
24
Quadro 2: Dimensões do capital psicológico: definições
Dimensão Definição
Esperança no Trabalho
Agency – Crença mantida pelo trabalhador acerca dos recursos de que dispõe para ser
bem-sucedido no trabalho.
Pathways - Crença mantida pelo trabalhador acerca dos meios que usará para ser bem-
sucedido no trabalho.
Resiliência no
Trabalho
Crença mantida pelo trabalhador de que sairá fortalecido após enfrentar adversidades no
trabalho.
Otimismo no Trabalho
Crença mantida pelo trabalhador acerca de fatos positivos que ocorrerão com ele no
futuro em seu trabalho.
Eficácia no Trabalho
Crença mantida pelo trabalhador nas próprias capacidades de mobilizar recursos cognitivos
e ações necessárias para realizar com êxito seu trabalho.
Fonte: Siqueira, Martins e Souza, 2014.
Inicialmente o capital psicológico foi concebido considerando 6 dimensões: autoeficácia,
esperança, otimismo, resiliência, bem-estar subjetivo e inteligência emocional. (SIQUEIRA;
MARTINS; SOUZA, 2014). Posteriormente, após estudos influenciados pelo conceito do
comportamento organizacional positivo, e análises métricas para mensuração e também estudos
quanto a capacidade de desenvolvimento desses recursos e impactos organizacionais
sustentáveis, o conceito de capital psicológico foi concebido contemplando as quatro
dimensões: confiança, esperança, otimismo e resiliência. Observou-se que a dimensão
confiança tem o mesmo sentido de eficácia e pode assumir os dois termos nas referências
estudadas. Neste estudo nos reportaremos a esta dimensão somente como eficácia, a fim de não
causar confusão em relação aos termos utilizados.
Luthans (2004) afirma que as quatro capacidades psicológicas positivas de eficácia, esperança,
otimismo e resiliência são mensuráveis, aberta para o desenvolvimento, e pode ser gerenciado
para o desempenho do trabalho mais eficaz.
A distinção entre traço-estado foi tratada com atenção especial para demonstração de que as
dimensões do capital psicológico são abertas para o desenvolvimento. Luthans, Avey, Avolio
e Peterson (2010) propõem que existe um contínuo de características puras, momentâneas e
variáveis, passando por estados com maior flexibilidade, disponíveis para o desenvolvimento
25
(onde se encontram as dimensões do capital psicológico). Em seguida, estados um pouco mais
fixos, com maior dificuldade para a mudança, até o outro extremo que seriam os traços
relativamente puros com grande dificuldade de mudança. Para os autores, Luthans, Avey,
Avolio e Peterson (2010, p. 43):
1 Neste extremo estariam os estados relativamente puros que são momentâneos e muito variáveis; representam sentimentos (por exemplo: prazer, humores e a felicidade. 2 Em seguida, estariam construções statelike, que são mais maleáveis, abertas para o desenvolvimento, representando os recursos do capital psicológico positivo encontrados em PsyCap (por exemplo, eficácia, esperança, resiliência e otimismo). 3 Em seguida, movendo-se ao longo do contínuo, estariam as construções traitlike que são mais fixas e difíceis de mudar, representando personalidades e pontos fortes (por exemplo, cinco grandes dimensões da personalidade, auto-avaliações do núcleo e força de caráter e virtudes). 4 Em seguida, seria o outro extremo de traços relativamente puros, que são muito fixos e muito difíceis de mudar (por exemplo, de inteligência, talentos e características hereditárias.
Um mecanismo partilhado entre estes quatro recursos é a capacidade cognitiva, agêntica e
desenvolvimentista que orienta o indivíduo para uma avaliação positiva das circunstâncias em
que este se encontra e aumenta a sua probabilidade de sucesso numa atividade, como resultado
do esforço motivado e da perseverança (ANTUNES; CAETANO; CUNHA, 2013).
Para se chegar aos conceitos das dimensões tal como são admitidas para a composição de capital
psicológico, inclusive para o Inventário de Capital Psicológico no Trabalho - ICPT, Luthans et
al. (2010) realizaram uma extensiva pesquisa entre autores que já haviam explorado os
conceitos de cada dimensão. As construções dos conceitos de cada dimensão estão expostas em
diversos artigos, citados no estudo de Luthans, Avey, Avolio e Peterson (2010) conforme
demonstrado a seguir:
Para o conceito de esperança, os autores se basearam em estudos de Snyder (1994)2, que
desenvolveu a primeira medida de esperança. Snyder iniciou sua teoria sobre esperança
sugerindo que as pessoas são orientadas por metas, e que a partir disto se comportam para
realizá-las. Para ele, dois componentes compreendem a esperança, agência e vias.
Para Martinez, Ferreira, Sousa e Cunha (2007), o construto esperança refere-se ao estado
motivacional positivo baseado numa interação que resulta num sentimento de sucesso e
2 SNYDER, C. R. (1994). The psychology of hope: You can get there from here. New York: Free Press.
26
respectiva energia motivacional orientada para os objetivos (agency) e no planejamento
necessário à consecução desses mesmos objetivos (pathways).
Luthans et al. (2010) definem agency como a capacidade de percepção individual para iniciar
ou manter as ações necessárias ao alcance de objetivos. Por outro lado, pathways refere-se a
uma aptidão necessária para gerar caminhos que permitam o alcance dos objetivos propostos.
Perante isto, a esperança pode ser vista como um sistema cognitivo-emocional que precede as
emoções.
Um indivíduo de alta esperança é aquele que gera de forma proativa um ou mais caminhos para
a realização do objetivo em uma determinada situação. Luthans et al. (2010) ressaltam que
assim como estudos já demonstraram os impactos positivos da esperança para o meio esportivo,
acadêmico, de saúde e emocional, estudos independentes também demonstram seus impactos
sobre resultados com desempenho superior no trabalho.
Em particular, os autores consideram que o mecanismo da agência parece apoiar participantes
organizacionais para ser mais motivados para a realização de objetivos relacionados com o
trabalho, o que por sua vez afeta positivamente o seu desempenho. Além disso, via de
pensamento fornece aos gerentes e seus funcionários a capacidade de gerar várias maneiras de
se alcançar um determinado objetivo (por exemplo, planos de contingência), especialmente
onde algumas vias ficam bloqueados (LUTHANS et al., 2010).
Para o conceito de otimismo, os autores se baseiam em Carver e Scheier3: otimistas são pessoas
que esperam que as coisas boas aconteçam a eles; pessimistas são pessoas que esperam que
coisas ruins aconteçam a eles. Os otimistas diferem na forma como eles abordam problemas e
desafios e diferem na forma e sucesso com que lidam com a adversidade.
O recurso otimismo foi elaborado para o capital psicológico, seguindo duas correntes
complementares: a desenvolvida por Seligman (1998) e a desenvolvida por Carver e Scheier:
Seligman, propõe uma teoria explicativa, através de um quadro de atribuições internas para eventos positivos e externas para eventos negativos, enquanto Carver e Scheier assumem uma perspectiva de expectativas para seu quadro teórico, em que um resultado desejável é seguido de aumento de esforço. (...) A perspectiva de desenvolvimento do otimismo foi proposta por Seligman, referindo-se a otimismo aprendido; o que posteriormente foi apoiado por Carver e Scheier (LUTHANS et al., 2010, p.46).
3 CARVER e SCHEIER, M. S. (2002). Optimism. In C. R. Snyder & S. J. Lopez (Eds.), Hand- book of positive psychology (pp. 231–243). Oxford, United Kingdom: Oxford University Press.
27
O recurso da eficácia teve como referência principal para compor as dimensões do capital
psicológico, a teoria social cognitiva de Bandura4 aplicada ao trabalho. Apontada como o
recurso com maior apoio teórico entre as quatro dimensões do capital psicológico, a eficácia
foi definida por Stajkovic e Luthans (apud LUTHANS et al., 2010), como confiança do
indivíduo sobre as suas capacidades para mobilizar a motivação, recursos cognitivos ou cursos
de ação necessários para executar com êxito uma tarefa específica dentro de um determinado
contexto.
As distinções entre a eficácia e outros recursos do capital psicológico foram enfatizadas no
tocante a habilidades pessoais na especificidade da tarefa e do contexto a que se aplica,
diferentemente do otimismo, por exemplo, que se apresenta de forma mais abrangente e menos
ligado a capacidade pessoal de cada um (LUTHANS et al., 2010).
Bandura apud Luthans et al. (2010) sugere quatro fontes de desenvolvimento da eficácia:
1. Confiança diante da eficácia específica após o domínio de uma tarefa executada;
2. Modelagem, seguindo um modelo bem sucedido na execução de uma tarefa;
3. Influência através da persuasão com credibilidade do destinatário e;
4. Influência através da excitação psicológica, fisiológica ou emocional como apoio para
execução de uma tarefa.
Assim a eficácia compõe uma das dimensões do capital psicológico com maior e mais completa
fundamentação teórica.
A resiliência é um recurso que recebeu influência de diversos autores para sua concepção como
dimensão do capital psicológico. Com base no conceito proposto por Masten e Reed (2002)5,
Luthans et al. (2010) definem resiliência como uma classe de fenômenos caracterizada por
padrões de adaptação positiva no contexto da adversidade ou de risco, que permite aos
indivíduos se recuperar rapidamente e eficazmente com os eventos adversos. Os autores ainda
propõem que pessoas com maiores níveis de resiliência podem se recuperar melhor e até ir além
do estado de homeostase inicial ou equilíbrio antes da adversidade, enquanto que as pessoas
4 BANDURA, A. (2005). The evolution of social cognitive theory. In K. G. Smith & M. A. Hitt (Eds.), Great minds in management (pp. 9–35). Oxford, United Kingdom: Oxford University Press. BANDURA, A. (2008). An agentic perspective on positive psychology. In S. J. Lopez (Ed.), Positive psychology: Exploring the best in people (Vol. 1, pp. 167–196). Westport, CT: Greenwood Publishing.
5 MASTEN, A. S., e REED, M.G. J. (2002). Resilience in development. In C. R. Snyder & S. J. Lopez (Eds.), Handbook of positive psychology (pp. 74–88). Oxford, United Kingdom: Oxford Univer- sity Press.
28
que não tem este recurso desenvolvido, permanecem devastados e incapazes de se moverem
após uma situação adversa.
Grande parte da investigação sobre resiliência surgiu a partir da psicologia clínica onde
terapeutas concentram suas intervenções sobre os níveis de ativos e de fatores de risco de uma
pessoa, que predizem resultados positivos e adaptação as circunstâncias adversas. Assim, no
meio organizacional, as intervenções para o desenvolvimento e potencialização da resiliência
devem fortalecer os ativos e minimizar os fatores de risco (LUTHANS et al., 2010).
Este resgate quanto aos conceitos que formam as dimensões do capital psicológico elucida
como os recursos se configuram e se articulam na formação de um núcleo que em sinergia em
um indivíduo provocam importantes impactos no meio organizacional.
2.3 Capital Psicológico e Resultados Empíricos
Nesta sessão são apresentados alguns estudos envolvendo capital psicológico e suas dimensões
com impactos significativos seja para formação de seu conceito, ou empíricos, evidenciando
relações com outros construtos que são importantes descobertas para o meio organizacional. A
pesquisa foi realizada através de buscas nas bases de dados da Ebsco, Google acadêmico e
demais sites relacionados a pesquisas acadêmicas. Os artigos foram separados em
internacionais e nacionais, a fim de favorecer a compreensão da evolução das pesquisas e
avanços práticos. Encontra-se também neste capítulo, a iniciativa de inventário de intervenção
para o desenvolvimento do capital psicológico.
2.3.1 Estudos Internacionais
Como construto concebido a partir de estudos realizados no Instituto de Liderança de Nebrasca,
nos Estados Unidos, a partir de 2002, idealizado por Fred Luthans, é natural que os primeiros
achados tenham sido desenvolvidos neste país.
Dentre os achados apresentados, interessante destacar que o idealizador do conceito de capital
psicológico, Fred Luthans, verificou que as quatro dimensões que compõem o capital
psicológico geram um retorno de melhor desempenho como uma maior produtividade, melhor
atendimento ao cliente, e maior retenção de funcionários (LUTHANS, 2004).
A pesquisa de Luthans, Avolio, Avey e Norman, desenvolvida em 2007, verificou que cada
uma das dimensões de capital psicológico tem uma influência positiva na satisfação no trabalho
e na performance laboral. Os mesmos autores em 2010, observaram que a esperança, otimismo,
autoeficácia e resiliência, potencializam o aparecimento de comportamentos de cidadania
organizacional e contribuem para a diminuição dos níveis de turnover.
29
Relações positivas e negativas de capital psicológico foram estabelecidas, apresentando a
relação entre capital psicológico e bom relacionamento interpessoal entre colaboradores e entre
estes e seus líderes, e eventos como stress e turnover, apresentando relações negativas com
capital psicológico (CAZA; MCCARTER; HARGROVE; WAD, 2009).
Os impactos do capital psicológico em atitudes, comportamentos e performance dos
empregados, foram investigadas em meta-análise desenvolvida por Avey, Reichard, Luthans e
Mhartre em 2011. Os resultados evidenciaram que as dimensões do capital psicológico são
relacionadas com as atitudes dos funcionários geralmente consideradas desejáveis pela gestão
de recursos humanos. Estas incluem a satisfação no trabalho, comprometimento organizacional
e bem-estar no trabalho. Os resultados também indicam que o Capital Psicológico está
negativamente relacionado a atitudes consideradas indesejáveis, tais como o cinismo dos
funcionários, intenções de mudança, estresse e ansiedade (AVEY; REICHARD; LUTHANS;
MHARTRE, 2011).
Nesse mesmo estudo, o capital psicológico foi positivamente relacionado com comportamentos
desejáveis, tais como comportamentos de cidadania organizacional, e negativamente
relacionado com os seus comportamentos indesejáveis, tais como desvio. A seguir, uma figura
ilustrativa com os principais resultados do estudo.
Figura 2: Relações propostas entre as variáveis do estudo
Fonte: adaptado de Avey, Reichard, Luthans e Mhartre (2011)
30
Em entrevista concedida a Universia Knowledge@Wharton em 2009, Cristina Simón explicou
de que maneira é possível fazer com que o conjunto de recursos humanos disponíveis produzam
resultados melhores por meio do capital psicológico da empresa. Simón chega a sugerir que o
conceito de capital psicológico tende a substituir o conceito de inteligência emocional como
ferramenta de desenvolvimento de gestores e empregados, uma vez que desempenha o duplo
papel de produzir melhores resultados e, o que vem se tornando cada vez mais importante, o de
criar ambientes de trabalho mais sadios.
Na entrevista, também foi destacado o papel do capital psicológico na formação e desempenho
de equipes: a combinação desses traços em diferentes pessoas unidas em torno de um objetivo
comum pode levar a equipe a um desempenho de elevada eficácia, preservando ao mesmo
tempo níveis de interação social excelentes.
Para a autora, o capital psicológico poderá ter um efeito multiplicador sempre que diversas
pessoas trabalham em conjunto. Outro ponto relevante, foi relacionado aos contextos de crise,
onde foi relatado que indivíduos com elevado grau de capital psicológico, tendem a enfrentar
melhor esses momentos já que as características do capital psicológico, sobretudo a resiliência
e o otimismo realista, podem ajudar a melhorar a percepção da crise econômica e a favorecer a
tomada de decisões e construção de perspectivas de futuro no dia-a-dia (SIMÓN, 2009).
Cole (2006), por sua vez, relacionou Capital Psicológico ao desemprego. O estudo, realizado
na Austrália, demonstrou que pessoas com emprego são mais saudáveis e mais felizes e que o
desemprego afeta o bem-estar. Para a autora, quanto mais tempo uma pessoa permanecer
desempregado, maiores são os efeitos negativos sobre seu capital psicológico. Aponta ainda
que indivíduos com maiores níveis de capital psicológico tendem a serem mais motivadas e
assim se tornam mais atraentes para possíveis empregadores e a permanecer em seus empregos
(COLE, 2006).
Em pesquisa realizada em Portugal, Martinez, Ferreira, Sousa e Cunha (2007) estudaram a
relação entre presenteísmo e esperança. O presenteísmo refere-se à experiência de estar no local
de trabalho sem condições físicas ou psicológicas para trabalhar, ocasionando baixo rendimento
laboral. Para os autores, quanto maior o grau apresentado de presenteísmo, menores são os
valores das dimensões da esperança. Este estudo também revelou que depressão e ansiedade
foram os fatores que mais impactaram no baixo grau de esperança.
Outros autores portugueses também estudaram a validade do construto capital psicológico na
versão reduzida do questionário PCQ-126, por meio de análise fatorial confirmatória. O modelo
6 PCQ-12 – versão reduzida do Psychological Capital Questionnaire (PCQ)
31
de correlação entre os quatro fatores (otimismo, resiliência, esperança e eficácia) apresentou
melhores ajustamentos, sugerindo que cada uma das dimensões tem identidade própria, embora
com forte inter-relação. Concluíram também que o instrumento PCQ-12 não funciona da
mesma forma em todas as culturas, referindo-se a estudos anteriores realizados nos EUA e na
China por Luthans e colaboradores (VISEU et al., 2012).
Os resultados do estudo de Vilaça, Mónico e Castro (2012), também em Portugal, revelam que
a espiritualidade organizacional, associada a liderança autêntica apresenta uma capacidade
preditiva do capital psicológico. No entanto, no ambiente estudado, a percepção das
características de autencidade dos líderes em nada influencia o capital psicológico. Para este
resultado, os autores supõem que o papel da liderança pode influenciar indiretamente o capital
psicológico, somente o tratamento equilibrado se apresentou como o único fator que influencia
o capital psicológico. Importante enfatizar que o estudo evidenciou que quando o indivíduo
encontra maior prazer na função que desempenha, atinge maiores níveis de capital psicológico.
Quadro 3: Estudos internacionais sobre capital psicológico e seus impactos na organização
Estudos empíricos internacionais Autores, ano
Desempenho com resultados sustentáveis, Retenção de funcionários, Melhor atendimento ao cliente
Luthans 2004
Influência na performance, Comportamentos de cidadania organizacional, Diminuição de turnover
Luthans, Avolio, Avey e Norman, 2007
Relação positiva entre Relacionamento Interpessoal e liderança Relação negativa entre Stress e turnover
Caza, McCarter, Hargrove e Wad, 2009
Atitudes e comportamentos desejáveis e indesejáveis no trabalho
Avey, Reichard, Luthans e Mhartre, 2011.
Desemprego Cole, 2006
Presenteísmo Martinez, Ferreira, Sousa e Cunha, 2007
Espiritualidade e liderança autêntica Vilaça, Mónico e Castro, 2012
Fonte: A autora
32
2.3.2 Estudos Nacionais
As pesquisas empíricas envolvendo capital psicológico no Brasil são mais recentes que as
desenvolvidas na América do Norte, onde nasceu o conceito, e em relação a outros estudos
europeus.
Antunes, Caetano e Cunha apresentaram em 2012 o estudo sobre a papel do capital psicológico
na criação de valor para as organizações. No artigo, os autores refletem sobre os fatores que
distinguem e também os que aproximam o capital psicológico, o capital social e o capital
humano. Analisam o papel do capital psicológico como potencial efetivo na criação de valor
acrescentado para as organizações sobre o prisma de recorreram da teoria da empresa baseada
nos recursos e aos fatores VRIN - valiosos, raros, inimitáveis e não facilmente substituíveis
(ANTUNES; CAETANO; CUNHA, 2012).
Nesta análise, os autores lançam a sugestão de capital psicológico ser parte do capital humano,
já que ainda carece de estudos que identifiquem os contextos e processos que possam
potencializar os efeitos benéficos do capital psicológico.
A influência do capital psicológico sobre o bem-estar no trabalho foi tema do artigo publicado
por Souza e Conceição (2013). Nesse estudo, os autores demonstram resultados da pesquisa
realizada com operadores de caixa de supermercado no Rio Grande do Norte. Os dados sugerem
o capital psicológico como preditor direto das dimensões de bem-estar no trabalho, satisfação
no trabalho e envolvimento com o trabalho. Apontam ainda que trabalhadores com um capital
psicológico elevado tendem a manter vínculos com seu trabalho e com sua organização
empregadora, os quais representam bem-estar no trabalho.
Lima e Nassif (2014) desenvolveram pesquisa através da base de dados da Ebsco, Capes e
Proquest, utilizando palavras-chave, para investigar relações entre Capital psicológico e
empreendedorismo. A escassez de publicações foi um dos pontos ressaltados pelos autores.
Nessa pesquisa bibliométrica, identificou-se um estudo que relacionou dimensões do
empreendedorismo com as quatro dimensões do capital psicológico e indicou determinadas
convergências entre os dois campos de referência, apontando necessidades de estudos
empíricos nesta direção.
Relações entre criatividade, esperança, otimismo e desempenho profissional foram
evidenciadas no estudo de Carlomagno, Natividade, Oliveira e Hutz (2014). Segundo os
autores, esperança e otimismo tem correlação positiva com desempenho organizacional.
33
Relações entre engajamento no trabalho, bem-estar e capital psicológico foram verificadas no
estudo de Cavalcante, Siqueira e Kuniyoshi (2014), com gestores da área de gestão de pessoas.
Os resultados indicaram que o indivíduo que apresenta vigor e absorção (dimensões de
engajamento) tem também níveis acentuados de otimismo, resiliência, esperança e eficácia
(dimensões do capital psicológico) e as dimensões de bem estar: satisfação no trabalho,
envolvimento no trabalho e comprometimento organizacional afetivo. Segundo os autores, os
resultados indicam também que o capital psicológico afeta consideravelmente a força da relação
entre bem-estar no trabalho e o engajamento no trabalho.
Por fim, Souza, Siqueira e Martins (2015) demonstraram que trabalhadores que possuem um
capital psicológico elevado tendem a perceber maior suporte social no ambiente de trabalho e
de sua organização empregadora, sendo o capital psicológico um preditor de percepção de
suporte. Identificou-se, ainda, que a percepção de suporte causa impacto sobre as três dimensões
de bem-estar no trabalho.
A seguir, quadro com os principais estudos nacionais contemplando capital psicológico:
Quadro 4: Estudos nacionais sobre capital psicológico e seus impactos na organização
Estudos empíricos nacionais Autores, ano
Criação de valor para as organizações Antunes, Caetano e Cunha, 2012
Influência sobre o bem-estar no trabalho
Souza e Conceição , 2013
Empreendedorismo
Lima e Nassif, 2014
Relações entre criatividade, esperança,
otimismo e desempenho profissional
Carlomagno, Natividade, Oliveira e Hutz,
2014
Relações entre engajamento no trabalho,
bem-estar e capital psicológico
Cavalcante, Siqueira e Kuniyoshi, 2014
Percepção de suporte social no ambiente de
trabalho
Souza, Siqueira e Martins, 2015
Fonte: A autora
34
2.3.3 Diálogo entre Estudos Internacionais e Nacionais
Conforme exposto, embora os estudos empíricos envolvendo Capital Psicológico no Brasil
estejam em fase inicial, podemos observar que apresentam importantes resultados para a área
de gestão de pessoas e de maneira geral para área organizacional, já que são resultados
impactantes sobre o comportamento e desempenho nas organizações. O tema carece de mais
profundas explorações, pois além de ser um conceito relativamente recente, desenvolvido a
partir da primeira década dos anos 2000, seus estudos iniciais foram realizados na América do
Norte. Sendo assim, as diferenças culturais e o contexto local podem ser determinantes na
identificação das dimensões psicológicas e suas relações com construtos como engajamento,
bem-estar, comprometimento, satisfação, desempenho.
Os achados até o momento, indicam que o Capital psicológico repercute diretamente na relação
do trabalhador em seu desempenho, destacando sua importância para o impacto nas
organizações. Investimentos neste sentido poderão contribuir para um melhor desempenho
individual, grupal e organizacional.
Os estudos americanos, por sua vez, já encontraram fortes evidências de desenvolvimento de
capital psicológico. Luthans – percursor do construto - e seus colaboradores, além de terem
apresentado toda a elaboração para a efetivação de capital psicológico como conceito,
apresentam também importantes pesquisas empíricas no meio laboral onde são evidenciadas as
relações do capital psicológico com o desenvolvimento individual e organizacional. Notório
também que outros países, inclusive o Brasil, vem apresentando estudos neste sentido,
corroborando com os resultados positivos já apresentados.
A concepção de um modelo – inventário validado para intervenções para o desenvolvimento
das dimensões do capital psicológico, vem sendo o desafio de Luthans e colaboradores desde
2006, quando apresentaram a primeira publicação de um projeto de micro-intervenção.
2.3.4 Desenvolvimento de Inventário para Intervenções em Capital Psicológico
No artigo intitulado Positive Psychological Capital: beyond human and social capital
(LUTHANS, LUTHANS; LUTHANS, 2004), apresenta-se um ensaio da maneira como as
dimensões do capital psicológico podem ser desenvolvidas por meio de intervenções
organizacionais. No artigo, os autores apresentam estudos já realizados e praticados para o
desenvolvimento das dimensões de maneira específica. O estudo de Bandura para o
desenvolvimento de confiança foi apresentado de forma extensa, assim como o de esperança.
Já o desenvolvimento das dimensões otimismo e resiliência necessitam, para os autores, de
35
maiores estudos, embora também tenham sido referidas práticas exitosas para seus
desenvolvimentos.
O reforço de que capital psicológico ultrapassa os conceitos de capital humano e social,
argumento dos autores, se confirma na afirmação de que ao ser desenvolvido e gerido afeta os
resultados desejados de desempenho de produtividade, melhoria de serviços aos clientes e
retenção dos funcionários.
Considerando que as quatro capacidades psicológicas positivas de eficácia, esperança,
otimismo e resiliência são mensuráveis, abertas para o desenvolvimento, e gerenciáveis para o
desempenho do trabalho mais eficaz, Luthans et al. (2006), operacionalizaram o
desenvolvimento de cada uma das dimensões de Capital Psicológico, ao desenvolver o primeiro
inventário para uma micro-intervenção, chamado de PCI. No referido artigo, os autores
ressaltam a posição de sinergia entre as dimensões que compõem o capital psicológico, mesmo
quando a proposta de desenvolvimento contempla etapas distintas para cada dimensão.
PsyCap parece ser uma construção de núcleo onde o inteiro é maior do que a soma das suas partes. Este fenômeno gestaltico também é encontrado na forma como a nossa intervenção micro é operacionalizada, onde os participantes experimentam um resultado maior do que a soma dos quatro componentes do treinamento (LUTHANS et al., 2006, p.391)
Para tanto, inicialmente investigaram se o Capital psicológico pode ser desenvolvido através de
uma intervenção micro; isto é, se o PsyCap é de fato estado-like e pode ser desenvolvida em
uma sessão de treinamento altamente focada, com curta duração. O estado-like se refere a estar
aberto para o desenvolvimento, em oposição a traço-like que é relativamente fixo.
Conforme citado anteriormente, o inventário dispõe de meios práticos para desenvolver cada
uma das dimensões do capital psicológico, o que se apresenta como importante avanço para
ações organizacionais neste sentido.
Uma grande iniciativa de pesquisa no Instituto de Liderança Gallup (GLI) da Universidade de
Nebraska era testar a micro-intervenção, conforme descrito acima e os resultados iniciais
apresentaram-se muito encorajadores.
Finalmente, em 2010, Luthans, Avey, Avolio e Peterson, realizaram um estudo piloto
considerado como o início da validação do PCI, onde as iniciativas realizadas em 2006 foram
colocadas em prática em um ambiente altamente controlado e após longa explanação sobre os
recursos do capital psicológico e seus meios de desenvolvimento já estudados anteriormente. O
36
estudo foi projetado para melhorar o nível geral de capital psicológico dos participantes, com a
consequente melhoria do desempenho.
Segundo os autores, foi possível demonstrar que o desenvolvimento do capital psicológico
recentemente disponível por este modelo de intervenção pode proporcionar o desenvolvimento
de recursos humanos com uma abordagem nova e potencialmente muito impactante.
Especificamente, o desenvolvimento de recursos humanos pode ser capaz de facilitar líderes
organizacionais e os seus colaboradores para se tornarem mais resistentes ao aumento da
adversidade, mais eficientes em começar o trabalho feito, mais otimistas sobre o futuro, e mais
esperançosos para determinar planos e caminhos alternativos para realizar objetivos, gerando
significativas melhorias no desempenho organizacional (LUTHANS; AVEY; AVOLIO;
PETERSON, 2010).
37
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Os procedimentos metodológicos utilizados neste estudo são apresentados neste capítulo.
Esta pesquisa é um estudo transversal, onde os dados foram coletados uma só vez, do tipo
descritiva, que segundo Gil (2002) tem como objetivo entender características de determinada
população ou fenômeno ou verificar a relação entre variáveis. Realizada a partir da abordagem
mista – quantitativa e qualitativa, com base na tipologia proposta por Creswell (2010). Em
particular, este estudo utilizou a estratégia transformativa sequencial, caracterizada pela
existência de duas etapas distintas de coleta de dados, em que a segunda (qualitativa), é baseada
na primeira (quantitativa).
A etapa quantitativa foi realizada tendo como técnica de coleta de dados a aplicação de um
survey da escala do Inventário Capital Psicológico ICPT, que se encontra no Anexo 1. A
aplicação da ICPT - 25 é bastante simples, uma vez que os respondentes tinham escolher,
segundo sua percepção em termos de grau de concordância ou discordância, para cada uma das
25 afirmativas propostas, um número de 1 a 5, de acordo com a escala do tipo likert: 1 discordo
totalmente; 2 discordo; 3 não concordo nem discordo (indicando o ponto neutro), 4 concordo;
e 5, concordo totalmente. (SIQUEIRA, 2014).
No questionário também foram preenchidos dados sócio demográficos como idade, sexo, nível
de escolaridade e dados relacionados ao trabalho, como tempo de empresa e cargo ocupado. A
análise dos dados foi descritiva univariada, em que foram observados as frequências e médias,
e bivariada, em que foi utilizada o teste Kruskal-Willis. Realizou-se também a análise fatorial
exploratória para verificação da dimensionalidade dos fatores e confirmatória para que fosse
verificada a aplicabilidade da escala na amostra estudada.
A etapa qualitativa foi realizada após a etapa quantitativa e a análise de seus resultados. A
técnica utilizada para coleta de dados qualitativos foi a entrevista por pauta, onde segundo Gil
(2011) a entrevista por pauta apresenta certo grau de estruturação, em que a entrevista é guiada
por assuntos preestabelecidos de forma ordenada para obtenção de dados mais objetivos e
focados no problema. As pautas das entrevistas podem ser encontradas nos apêndices B e C,
onde abordou questões desde a estrutura física e hierárquica, política de gestão, políticas e
práticas de RH, estilo de liderança valorizada, aspectos culturais até a percepção das dimensões
do capital psicológico e a possibilidade de diferenças entre os grupos estudados. A escolha dos
sujeitos se deu pelos cargos que os mesmos ocupam, ou seja, cargos de gestão; participaram a
diretora administrativa financeira e a coordenadora operacional, a fim de melhor entender os
38
resultados obtidos na etapa quantitativa e verificar a existência de vetores que influenciam as
dimensões do capital psicológico dos trabalhadores participantes da pesquisa. A análise dos
dados se deu através da técnica de análise de conteúdo temática (BARDIN, 2010).
De acordo com Bardin (2010), as fases da análise de conteúdo serão organizadas em volta de
três etapas cronológicas: 1) a pré-análise, 2) a exploração do material e 3) o tratamento dos
resultados, a inferência e a interpretação.
A pré-análise é a fase de organização, cujo objetivo é organizar as ideias iniciais e conduzir a
uma regra precisa para o desenvolvimento das operações sucessivas, elaborando um plano de
análise (BARDIN, 2010). Neste caso, fase onde houve o planejamento das visitas junto as
unidades e o levantamento de participantes.
A segunda fase, a fase de exploração do material consiste basicamente em operações de
codificação, decomposição ou enumeração segundo regras previamente estipuladas (BARDIN,
2010).
Bardin (2010) por fim acrescenta que a terceira fase é a fase de tratamento dos resultados, da
inferência e da interpretação os dados brutos são tratados de maneira a se tornarem
significativos e válidos para fins da pesquisa.
3.1 População
Este estudo foi realizado em uma empresa pernambucana de diagnósticos de saúde por imagem
com 28 anos de mercado com quase 300 funcionários e mais 60 médicos prestadores de serviço
a partir de um senso. A escolha se deu por acessibilidade sendo observado que atendia ao
critério de ser uma empresa bem consolidada em Pernambuco, ter um grande número de
funcionários com idades, gênero e grau de instrução diferentes e com bastante tempo no
mercado; o que corresponderia aos interesses deste estudo de encontrar uma amostra que
pudesse ter acesso a pessoas com idades e gêneros distintos e com variedade de tempo de
empresa. O estudo foi composto por 207 trabalhadores, ocupantes de diferentes cargos e faixas
etárias distintas que tem vínculo celetista ou de estagiário. Os médicos prestadores de serviço
não participaram deste estudo. Os profissionais foram abordados em seus ambientes de
trabalho.
A empresa conta com uma estrutura central onde o setor administrativo também se encontra em
casas próximas localizadas no Derby e mais 4 unidades localizadas na região metropolitana de
Recife: Piedade (Jaboatão dos Gaurarapes), Cabo de Santo Agostinho, Olinda e Boa Viagem,
totalizando 5 unidades de atendimento.
39
A pesquisa quantitativa teve início no dia 05/09 e foi finalizada no dia 07/10, contando com 7
visitas para a aplicação do questionário do inventário de capital psicológico no trabalho – ICPT,
com participação de 207 trabalhadores em suas respectivas unidades de trabalho, conforme
apresentado no quadro abaixo:
Quadro 5: Realização da pesquisa quantitativa por unidade de trabalho
LOCAL PARTICIPANTES DATAS - VISITAS
Unidade Piedade 14 respondentes 05/09 - 1 visita
Unidade Derby e Adm 128 respondentes 08/09 e 09/09 - 2 visitas
Unidade Olinda 16 respondentes 12/09 e 14/09 - 2 visitas
Unidade Boa Viagem 27 respondentes 05/10/16 - 1 visita
Unidade Cabo 22 respondentes 07/10/16 - 1 visita
Fonte: coleta de dados (2016)
O acesso em todas as unidades foi de muita receptividade, sendo sempre recebida pelo
coordenador da unidade, o qual me acomodava no espaço para realizar a pesquisa e enviava os
trabalhadores em grupos ou individualmente conforme a disponibilidade em relação ao
trabalho.
De maneira geral não houve dificuldades em relação a aplicação do instrumento e ao
preenchimento do mesmo com disposição da escala likert de 5 pontos.
A etapa qualitativa foi realizada no dia 18 de novembro de 2016, na sede da empresa, com
entrevista por pauta, na sala de cada participante individualmente. A pauta foi elaborada a fim
de obter informações de nível organizacional: quanto a fundação, estrutura física e hierárquica
da empresa, cultura e valores; aspectos gerenciais, como modelos de gestão aplicados, estilos
de liderança e políticas e práticas de RH e por fim, percepção sobre as dimensões do capital
psicológico dos trabalhadores e relações destas com os recortes analisados e possíveis
influências organizacionais. Com permissão das entrevistadas, as entrevistas foram gravadas,
cada entrevista teve duração média de 1hora e meia, onde as entrevistadas foram bastante
receptivas e disponíveis.
40
4 RESULTADOS, ANÁLISES DOS DADOS E DISCUSSÕES
Nesta seção são apresentados os resultados da etapa quantitativa através das estatísticas
descritivas, confiabilidade do instrumento, análise fatorial exploratória e análise fatorial
confirmatória e os testes de hipóteses. Em seguida são apresentados os resultados qualitativos
através das entrevistas realizadas com as duas gestoras respondentes. Logo após a apresentação
dos dados, são realizadas as análises dos resultados e discussões.
4.1 Etapa Quantitativa
4.1.1 Análise Descritiva – estatísitica descritiva das variáveis
Dos 207 participantes, 163 são do sexo feminino e 44 masculino, sendo 14 com ensino
fundamental completo, 150 respondentes com ensino médio completo e 40 com ensino superior
ou maior graduação; destes, 17 ocupam cargos de liderança e 190 não líderes. 102 participantes
responderam ter mais de 3 anos de casa, tendo casos de até 26 anos na empresa, 50 pessoas tem
entre 1 e 3 anos de empresa e 51 pessoas com menos de 1 ano de empesa. Os respondentes tem
idade entre 18 e 59 anos, que sendo agrupados em quartil formam 4 grupos: participantes até
24 anos somaram 54 pessoas, participantes ente 25 e 31 anos somaram 51 pessoas, dos 32 aos
42 anos de idade somaram 56 pessoas e por último o grupo de pessoas com 43 anos ou mais
com 45 pessoas.
Optamos por agrupar as pessoas por faixa de idade utilizando as gerações as quais pertencem.
Os autores que pesquisaram os perfis das gerações Y, X e baby boomers nem sempre
apresentam exatamente os mesmos períodos para identificar o nascimento dos integrantes de
cada um dos grupos. Não divergem significativamente, porém, na descrição das características
das pessoas que compõem essas três gerações (VELOSO; DUTRA; NAKATA, 2008). Assim,
tomaremos como base a seguinte organização para agrupar as gerações:
• Baby Boomers → nascidos até 1964
• Geração X → nascidos entre 1965 e 1977
• Geração Y → nascidos entre 1978 e 1990
• Geração Z → nascidos a partir de 1990
Temos quatro gerações participantes deste estudo: geração Z com 61 pessoas que corresponde
a 29,5%dos participantes, geração Y com 76 pessoas, que corresponde a 33,7% dos
participantes, geração X com 65 pessoas, que corresponde a 31,4% dos participantes e Baby
41
Boomers com 4 pessoas, que corresponde a 1,9% dos participantes. A seguir a apresentação das
tabelas que caracterizam o perfil predominante dos respondentes da pesquisa quantitativa:
Tabela 1: Idade / gerações
Grupo Frequência Percentual Geração Z 61 29,5 % Geração Y 76 36,7 % Geração X 65 31,4 % Baby Boomers 4 1,9 % Total 206 99,5 % Não preenchidos 1 0,5 % Total 207 100,0 %
Fonte: coleta de dados 2016
Observa-se que o maior número de funcionários pertence as gerações mais jovens, com maior
número pertencente a geração Y e que somados aos pertencentes da geração Z equivalem a
66,2% dos participantes. O que pode ser explicado pela natureza dos cargos com maior
quantidade, como recepção, atendente e call center que são cargos de entrada e geralmente
ocupados por jovens.
Tabela 2: Sexo
Sexo Frequência Percentual Feminino 163 78,7 % Masculino 44 21,3 % Total 207 100,0 %
Fonte: coleta de dados (2016)
Onde observou-se o predomínio do sexo feminino.
Tabela 3: Escolaridade
Escolaridade Frequência Percentual Fundamental 14 6,8 % Médio 150 72,5 % Superior 40 19,3 % Total 204 98,6 % Não preenchidos 3 1,4 % Total 207 100,0 %
Fonte: coleta de dados (2016)
Os resultados indicam grande predomínio de trabalhadores com ensino médio concluído, este
fato pode ser explicado pela natureza do trabalho. A maior parte dos cargos é de recepcionistas,
42
atendentes (laudistas) e call center e na área técnica, os profissionais são qualificados em cursos
técnicos que correspondem ao ensino médio.
Tabela 4: Posição de Liderança
Posição de Liderança Frequência Percentual Liderança 17 8,2 % Não Liderança 190 91,8 % Total 207 100,0 %
Fonte: coleta de dados (2016)
Este resultado reflete a estrutura horizontal apresentada pela empresa, com poucos cargos de
liderança.
Tabela 5: Tempo de Empresa
Tempo de Empresa Frequência Percentual Até 1 ano 51 24,6 % Entre 1 e 3 anos 50 24,2 % Mais de 3 anos 102 49,3 % Total 203 98,1 % Não preenchidos 4 1,9 % Total 207 100,0 %
Fonte: coleta de dados (2016)
Neste ítem, observa-se grande predominância de vínculos com mais 3 anos, no preenchimento
da identificação do questionários dos respondentes, pôde ser identificados casos de pessoas com
mais de 20 anos de empresa. A empresa apresenta baixo índice de turnover.
4.1.1.1 Estatísticas Descritivas das Variáveis por Dimensão
Em relação a dimensão Esperança no Trabalho, a descrição de variáveis assumiu desvio
padrão 0,565, sendo considerado válido. Obteve-se uma média de 4,15, numa escala likert de 5
pontos, variando de (1) discordo totalmente a (5) concordo totalmente e coeficiência de
variância de 13,6%. A tabela 6 apresenta esses resultados:
43
Tabela 6: Média, desvio padrão e coeficiente de variância das questões da dimensão Esperança no
Trabalho
Questão Média Desvio
Padrão
Coef. de
Variância
Eu espero ter conhecimento suficiente para crescer no trabalho 4,34 0,698 16,1 %
Eu posso encontrar muitas maneiras de realizar meus sonhos
no trabalho
3,98 0,727 18,3 %
Eu espero ter energia suficiente para ser bem-sucedido no
trabalho
4,40 0,597 13,6 %
Eu espero ter experiência suficiente para me sair bem no
trabalho
4,41 0,607 13,8 %
Eu posso achar formas para mostrar ao meu chefe que faço
bem feito o meu trabalho
4,24 0,730 17,2 %
Eu posso descobrir caminhos para atingir meus objetivos no
trabalho
4,17 0,679 16,3 %
Fonte: coleta de dados (2016)
Em relação a dimensão Resiliência no Trabalho, a descrição de variáveis assumiu desvio
padrão 0,835, sendo considerado válido. Obteve-se uma média de 3,16, numa escala likert de 5
pontos variando de (1) discordo totalmente a (5) concordo totalmente e coeficiência de
variância de 26,4%. A tabela 7 apresenta esses resultados:
Tabela 7: Média, desvio padrão e coeficiente de variância das questões da dimensão Resiliência no Trabalho
Questão Média Desvio
Padrão
Coef. de
Variância
Fico mais forte após enfrentar demissão no trabalho 3,21 0,981 30,6 %
Fico mais forte após enfrentar mudanças no meu trabalho 3,93 0,744 18,9 %
Fico mais forte após enfrentar perdas no meu trabalho 3,15 0,882 28,0 %
Eu posso achar formas para mostrar ao meu chefe que faço
bem feito o meu trabalho
4,24 0,730 17,2 %
Fico mais forte após enfrentar intrigas no trabalho 3,06 1,166 30,1 %
Fico mais forte após enfrentar inveja no trabalho 3,21 1,246 38,8 %
Fonte: coleta de dados (2016)
44
Em relação a dimensão Otimismo no Trabalho, a descrição de variáveis assumiu desvio
padrão 0,503, sendo considerado válido. Obteve-se uma média de 4,33, numa escala likert de 5
pontos variando de (1) discordo totalmente a (5) concordo totalmente e coeficiência de
variância de 11,6%. A tabela 8 apresenta esses resultados:
Tabela 8: Média, desvio padrão e coeficiente de variância das questões da dimensão Otimismo no
Trabalho
Questão Média Desvio
Padrão
Coef. de
Variância
Eu acredito que tudo dará certo comigo no meu trabalho 4,19 0,709 16,9 %
Eu acredito que dias melhores virão no meu trabalho 4,46 0,613 13,7 %
Eu acredito que coisas boas acontecerão comigo no meu
trabalho 4,27 0,671
15,7%
Eu espero ter planos para meu futuro no trabalho 4,24 0,682 16,1 %
Eu acredito que o amanhã será melhor no meu trabalho 4,39 0,701 16,00%
Fonte: coleta de dados (2016)
Em relação a dimensão Eficácia no Trabalho, a descrição de variáveis assumiu desvio padrão
0,491, sendo considerado válido. Obteve-se uma média de 4,15, numa escala likert de 5 pontos
variando de (1) discordo totalmente a (5) concordo totalmente e coeficiência de variância de
11,8%. A tabela 9 apresenta esses resultados:
Tabela 9: Média, desvio padrão e coeficiente de variância das questões da dimensão Eficácia no
Trabalho
Questão Média Desvio
Padrão
Coef. de
Variância
Sou capaz de resolver problemas no meu trabalho 4,13 0,656 15,9 %
Sou capaz de cumprir as obrigações do meu trabalho 4,63 0,514 11,1 %
Sou capaz de dominar a tecnologia no meu trabalho 4,08 0,716 17,5 %
Eu acredito que dias melhores virão no meu trabalho 4,46 0,613 13,7 %
Sou capaz de dominar os procedimentos novos que surgem no
meu trabalho
4,19 0,655 15,6 %
Sou capaz de realizar tarefas complexas no meu trabalho 4,04 0,641 15,9 %
45
Eu posso pensar em muitas maneiras de resolver um problema
no trabalho
4,16 0,655 15,7 %
Sou capaz de ser criativo no meu trabalho 4,13 0,659 16,0 %
Fonte: coleta de dados (2016)
Assim, podemos verificar que os fatores com maior média estão na dimensão otimismo e com
menor média estão na dimensão resiliência; este resultado aponta que os participantes da
pesquisa se apresentam com maior otimismo e menos resiliência.
4.1.2 Confiabilidade do instrumento
Para medir a confiabilidade do instrumento, foi utilizado o coeficiente alfa de Cronbach. Para
Hair Jr. et al. (2009) o alfa de Cronbach com valores acima de 0,06 são considerados
satisfatórios, porém os valores acima de 0,7 demonstram boa consistência interna da escala.
Malhotra (2012) afirma que o coeficiente alfa de Cronbach pode variar entre 0 e 1, sendo que
valores abaixo de 0,6 são considerados de confiabilidade insatisfatória.
Para este estudo, seguimos a recomendação de Malhotra (2012) em considerar somente os
valores do alfa de Cronbach acima de 0,6.
O bloco de questões relativas a dimensão Esperança no Trabalho obteve o valor do alfa de
Cronbach de 0,622, sendo este valor considerado válido por Malhotra (2012), porém inferior a
0,7, indicado por Hair Jr. et al. (2009) como valor de boa consistência interna na escala. Esta
foi a dimensão com menor alfa de Cronbach do estudo. Os resultados do alfa de Cronbach para
a dimensão Esperança no Trabalho são apresentados na tabela 10:
Tabela 10: Confiabilidades calculadas do bloco Esperança no Trabalho
Questão Alpha de Cronbach se Retirado
Eu espero ter conhecimento suficiente para crescer no trabalho 0,570 Eu posso encontrar muitas maneiras de realizar meus sonhos no trabalho 0,621 Eu espero ter energia suficiente para ser bem-sucedido no trabalho 0,570 Eu espero ter experiência suficiente para me sair bem no trabalho 0,538 Eu posso achar formas para mostrar ao meu chefe que faço bem feito o meu trabalho
0,611
Eu posso descobrir caminhos para atingir meus objetivos no trabalho 0,554
Alfa de Cronbach 0,622
Fonte: calculados pela autora
46
O bloco de questões relativas a dimensão Resiliência no Trabalho obteve o valor do alfa de
Cronbach de 0,761, indicando boa consistência interna em relação ao questionário. Os
resultados do alfa de Cronbach para a dimensão Resiliência no Trabalho são apresentados na
tabela 11.
Tabela 11: Confiabilidades calculadas do bloco Resiliência no Trabalho
Questão Alfa de Cronbach se Retirado
Fico mais forte após enfrentar demissão no trabalho 0,728 Fico mais forte após enfrentar mudanças no meu trabalho 0,771 Fico mais forte após enfrentar perdas no meu trabalho 0,703 Fico mais forte após enfrentar dificuldades no trabalho 0,752 Fico mais forte após enfrentar intrigas no trabalho 0,681 Fico mais forte após enfrentar inveja no trabalho 0,696
Alfa de Cronbach 0,761
Fonte: calculados pela autora
Para medir Otimismo no Trabalho, o bloco de questões relativas a esta dimensão obteve o valor
do alfa de Cronbach de 0,736, indicando boa consistência interna em relação ao questionário.
Os resultados do alfa de Cronbach para a dimensão Otimismo no Trabalho são apresentados na
tabela 12:
Tabela 12: Confiabilidades calculadas do bloco Otimismo no Trabalho
Questão Alfa de Cronbach se Retirado
Eu acredito que tudo dará certo comigo no meu trabalho 0,722 Eu acredito que dias melhores virão no meu trabalho 0,688 Eu acredito que coisas boas acontecerão comigo no meu trabalho 0,650 Eu espero ter planos para meu futuro no trabalho 0,734 Eu acredito que o amanhã será melhor no meu trabalho 0,648
Alfa de Cronbach 0,736
Fonte: calculados pela autora
Finalmente, o bloco de questões para medir a dimensão Eficácia no Trabalho, obteve alfa de
Cronbach com valor de 0,721, indicando boa consistência interna em relação ao questionário.
Os resultados do alfa de Cronbach para a dimensão Eficácia no Trabalho são apresentados na
tabela 13:
47
Tabela 13: Confiabilidades calculadas do bloco Eficácia no Trabalho
Questão Alfa de Cronbach se Retirado
Sou capaz de resolver problemas no meu trabalho ,714 Sou capaz de cumprir as obrigações do meu trabalho ,712 Sou capaz de dominar a tecnologia no meu trabalho ,676 Fico mais forte após enfrentar desafios no meu trabalho ,698 Sou capaz de dominar os procedimentos novos que surgem no meu trabalho ,679 Sou capaz de realizar tarefas complexas no meu trabalho ,666 Eu posso pensar em muitas maneiras de resolver um problema no trabalho ,695 Sou capaz de ser criativo no meu trabalho ,704
Alfa de Cronbach 0,721
Fonte: calculados pela autora
Diante dos resultados apresentados, todas as dimensões obtiveram valores de alfa de Cronbach
maior que 0,6, demonstrando o nível mínimo aceito pelas recomdendações de Malhotra (2012)
porém, somente a dimensão Esperança no Trabalho obteve alfa de Cronbach menor que 0,7,
índice considerado por Hair et al. (2009) como o que representa boa consistência interna.
4.1.3 Análise Fatorial Exploratória
Para a verificação da dimensionalidade dos fatores, foi realizada a análise fatorial exploratória
com base em uma carga fatorial mínima de 0,50, de acordo com o indicado por Hair Jr. et al.
(2009). O poder explicativo obtido com a análise exploratória obteve resultado de variância de
59,16%.
Para avaliar a qualidade do modelo gerado, Hair Jr. et al. (2009), sugerem que sejam verificados
os valores da estatística KMO (Kaiser-Meyer-Olkin) e o tese de esfericidade de Bartlett. O teste
de Bartlett obteve p<0,001, sendo este valor significativo, e o KMO obteve valor de 0,721. As
cargas fatoriais e o resultado da redução de fatores estão expostos na tabela 14.
Tabela 14: Cargas Fatoriais das dimensões Esperança, Resiliência, Otimismo e Eficácia no Trabalho
Questão Fator 1 Fator 2 Fator 3 Fator 4 Descrição
Fico mais forte após enfrentar demissão no trabalho ,617 ,036 ,041 ,475 Resiliência
Fico mais forte após enfrentar perdas no meu trabalho ,676 ,055 ,237 ,165 Resiliência
Fico mais forte após enfrentar intrigas no trabalho ,872 ,089 ,025 -,121 Resiliência
Fico mais forte após enfrentar inveja no trabalho ,852 ,110 ,062 -,148 Resiliência
Eu acredito que tudo dará certo comigo no meu trabalho ,099 ,601 ,072 ,228 Otimismo
48
Eu acredito que dias melhores virão no meu trabalho -,016 ,779 ,087 -,043 Otimismo
Eu acredito que coisas boas acontecerão comigo no meu
trabalho
,005 ,738 ,132 ,214 Otimismo
Eu acredito que o amanhã será melhor no meu trabalho ,204 ,785 ,058 ,097 Otimismo
Sou capaz de dominar a tecnologia no meu trabalho ,058 -,146 ,783 ,103 Eficácia
Fico mais forte após enfrentar desafios no meu trabalho ,066 ,192 ,637 -,034 Eficácia
Sou capaz de dominar os procedimentos novos que
surgem no meu trabalho
,108 ,079 ,751 ,095 Eficácia
Sou capaz de realizar tarefas complexas no meu trabalho ,072 ,200 ,646 ,053 Eficácia
Eu espero ter conhecimento suficiente para crescer no
trabalho
-,142 ,157 ,266 ,697 Esperança
Eu posso encontrar muitas maneiras de realizar meus
sonhos no trabalho
,078 ,206 -,045 ,696 Esperança
Fonte: calculados pela autora
4.1.4 Análise Fatorial Confirmatória
Para que fosse verificada a aplicabilidade da escala na amostra estudada, foi realizada a análise
fatorial confirmatória a partir dos índices de ajustes Qui-quadrado, GL, CFI, NFI e RMSEA,
sendo confirmado o modelo de acordo com os índices apresentados abaixo:
• Qui-Quadrado -> 150,683
• gl -> 51 (X2/gl < 3, aqui o valor ficou 2,12)
• CFI -> 0,910 (>= 0,90)
• NFI -> 0,845 (=~ 1)
• RMSEA -> 0,074 (< 0,08)
4.1.5 Testes de Hipóteses
Os dados para este estudo são não paramétricos.
Nesta seção as avaliações das hipóteses de diferenças entre as dimensões do capital psicológico
em relação as variáveis idade / gerações, escolaridade, cargo de liderança e não liderança, sexo
e tempo de empresa são apresentadas.
Para a variável Sexo não houve suporte para a afirmação que os grupos, masculino e feminino,
apresentam as dimensões Resiliência no Trabalho, Otimismo no Trabalho e Eficácia no
49
Trabalho de maneira diferente; houve suporte para afirmar que as mulheres apresentam maior
índice de Esperanã no Trabalho do que os homens, conforme apresentado na tabela 15.
Tabela 15: Teste de diferenças de média em relação a variável sexo
Resiliência Otimismo Eficácia Esperança Chi-Square 0,381 1,662 0,127 4,836 Df 1 1 1 1 Sig. 0,537 0,197 0,722 0,028
Fonte: calculados pela a autora
Para a variável cargo de liderança, não houve suporte para a afirmação de que os grupos de
líderes e não líderes apresentam as dimensões Resiliência no trabalho, otimismo no trabalho e
Eficácia no trabalho de forma diferentes. A tabela 16 demonstra esses resultados.
Tabela 16: Teste de diferenças de médias em relação a variável cargo de liderança
Resiliência no Trabalho Otimismo no Trabalho Eficácia no Trabalho Chi-Square 3,450 ,037 1,662 Df 1 1 1 Sig. ,063 ,847 ,197
Fonte: calculados pela autora
Também para a variável tempo de empresa, não houve suporte para afirmação de que os grupos
de pessoas com até 1 anos de empresa, de 1 a 3 anos de empresa e com mais de 3 anos de
empresa, apresentam as dimensões Resiliência no trabalho, Otimismo no trabalho e Eficácia no
trabalho de maneira diferente. A tabela 17 demonstra esses resultados.
Tabela 17: Teste de diferença de médias em relação a variável tempo de empresa
Resiliência no Trabalho Otimismo no Trabalho Eficácia no Trabalho Chi-Square 3,566 5,018 3,852 Df 2 2 2 Sig. ,168 ,081 ,146
Fonte: calculados pela autora
Para a variável escolaridade não houve suporte para a afirmação que os grupos fundamental,
médio e superior, apresentam as dimensões Resiliência no trabalho e Eficácia no trabalho de
maneira diferente. Houve suporte para afirmação de que os grupos de escolaridade fundamental,
médio e superior apresentam a dimensão Otimismo no trabalho de forma diferente. A tabela 18
apresenta este resultado.
50
Tabela 18: Teste de diferença de médias em relação a variável Escolaridade
Resiliência no Trabalho Otimismo no Trabalho Eficácia no Trabalho Chi-Square 1,768 7,217 2,513 Df 2 2 2 Sig. 0,413 0,027 0,285
Fonte: calculados pela autora
Em relação a variável faixa de idade / gerações, não houve suporte apara afirmar que os grupos
pertencentes as gerações Baby Boomers, geração X, geração Y e geração Z apresentam a
dimensão Eficácia no trabalho de maneira diferente. Porém houve suporte apara afirmar que
esses grupos apresentam as dimensões Otimismo no trabalho e Resiliência no trabalho de forma
diferente; conforme apresentado na tabela 19:
Tabela 19: Teste de diferença de médias em relação a variável faixa de idade / gerações
Resiliência no Trabalho Otimismo no Trabalho Eficácia no Trabalho Chi-Square 12,219 13,573 6,194 Df 3 3 3 Sig. ,007 ,004 ,103
Fonte: calculados pela autora
A seguir as diferenças obtidas entre variáveis do estudo e as dimensões do capital psicológico.
Os dados apontam que os respondentes apresentam diferença entre os sexos masculino e
feminino em relação a dimensão Esperança no Trabalho, conforme apresentado na tabela 20.
Tabela 20: Valor médio para a dimensão Esperança em relação à variável sexo
Sexo Valor médio para a dimensão Esperança no Trabalho
Desvio Padrão
Masculino 3,88 0,618 Feminino 4,11 0,616
Fonte: calculados pela autora
Podemos observar na análise da dimensão Otimismo no Trabalho que houve diferença na
apresentação em relação a escolaridade e em relação a idades e gerações.
Em relação a escolaridade os grupos apresentaram a dimensão otimismo no trabalho de forma
diferente, onde quanto maior o grau de escolaridade, menor o nível de otimismo. O nível
fundamental com mais otimismo que o nível médio e este com maior otimismo que o nível
superior. Este resultado pode ser visto na tabela 21.
51
Tabela 21: Valor médio para a dimensão Otimismo em relação à variável escolaridade
Nível de Escolaridade Valor médio para a dimensão Otimismo no Trabalho
Ensino Fundamental 4,64 Ensino Médio 4,22 Ensino Superior 4,20
Fonte: calculados pela autora
Para a variável faixa de idade e gerações, quanto mais velhos ou de gerações mais antigas maior
o nível de otimismo apresentado, assim a geração Baby Boomers apresentou-se com maior
otimismo, seguida da geração X, em seguida a geração Y e por último, com menor nível de
otimismo se apresentou a geração Z, este resultado pode demonstrar que as gerações mais
jovens estão menos otimistas em suas expectativas de carreiras mais promissoras em pouco
tempo. A tabela 22 apresenta esses resultados:
Tabela 22: Valor médio para a dimensão Otimismo em relação à variável gerações
Faixa de Idade / Gerações
Valor médio para a dimensão Otimismo no Trabalho
Geração Z 4,13 Geração Y 4,17 Geração X 4,43 Baby Boomers 4,75
Fonte: calculados pela autora
Em relação a dimensão resiliência, houve diferença de percepção entre participantes de
diferentes gerações, os resultados apontaram que os integrantes da geração Z, os mais novos,
apresentam menor nível de resiliência. Este resultado está representado na tabela 23.
Tabela 23: Valor médio para a dimensão Resiliência em relação à variável gerações
Faixa de Idade / Gerações
Valor médio para a dimensão Resiliência no Trabalho
Geração Z 2,79 Geração Y 3,28 Geração X 2,97 Baby Boomers 3,25
Fonte: calculados pela autora
52
4.2 Etapa Qualitativa:
Os sujeitos da pesquisa foram escolhidos a partir dos cargos de gestão que ocupam: a diretora
administrativa financeira, que é proprietária da empresa e a coordenadora operacional,
representando assim a gestão da empresa, ambas acompanham de perto os trabalhadores, pois
a coordenadora operacional realiza o acompanhamento em locus e a diretora administrativa
financeira realiza visitas e acompanha todos os processos de trabalho tomando as decisões sobre
toda movimentação de pessoal. A técnica de coleta de dados utilizada foi entrevista por pauta,
que se encontra como apêndice, realizada individualmente com as participantes. A análise dos
dados se deu através da técnica de análise de conteúdo temática.
Nesta etapa da pesquisa buscamos aprofundar os resultados encontrados na etapa quantitativa
a partir de uma perspectiva geracional, de sexo, escolaridade, cargo de liderança e tempo de
empresa. Além de verificar quais as principais interações organizacionais identificadas pelos
respondentes gestores como sendo relacionadas ao capital psicológico dos participantes
respondentes da escala ICPT - 25. Nosso objetivo foi encontrar modelos de gestão empregados,
estilos de liderança, práticas de RH, para assim identificar vetores que influenciam no capital
psicológico e também verificar se há a percepção por parte da gestão de diferenças entre grupos
em relação as dimensões do capital psicológico.
As entrevistas foram realizadas em data e horários previamente agendados, no dia 18 de
novembro de 2016 na unidade matriz da empresa na sala de cada uma das participantes
individualmente. As gestoras entrevistadas serão chamadas de G1 e G2.
Entrevista por Pauta com G1
Inicialmente foi entrevistada a coordenadora operacional, com receptividade bastante
acolhedora. MZS de 44 anos está trabalhando na empresa há 17 anos, falou um pouco da sua
história na empresa, onde ingressou como recepcionista e passou por coordenadora de unidade
por 5 anos, depois assumiu o cargo como coordenadora de faturamento e desde 2010 assumiu
o cargo atual, onde é responsável por toda área de atendimento da recepção de todas as 5
unidades. Diante de seu relato sobre sua trajetória e as oportunidades de crescimento na
organização, ficou evidente a maneira como a empresa investe nas pessoas internamente,
segundo MZS seu crescimento se deu de acordo com a confiança e as oportunidades lançadas
e seu temperamento de gostar de novos desafios. Durante a entrevista foi nítido e até expresso
o sentimento de gratidão e de admiração para com os fundadores da empresa e como ela procura
seguir os valores por eles passados.
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Estilo de gestão aplicada:
Neste quesito, MZS destaca que cada um tem seu estilo. Pela aproximação que tem com os
proprietários, absorve bastante os valores deles e isto repercute na sua gestão e nas atitudes dos
outros líderes. Há uma tentativa de padronizar o modelo de gestão, mas não enxerga como
padronizado.
O que acontece é que os valores de atender bem ao cliente e a humanização se
destacam, onde toda a empresa funciona como uma engrenagem, mas os
clientes sinalizam as diferenças de acordo com o perfil do coordenador de cada
unidade.
Missão, Visão e valores:
Neste tópico, MZS apresentou uma cartilha formulada junto com uma consultoria em 2011 com
o histórico da empresa desde sua fundação, a missão, visão e os valores, palavra do presidente,
sustentabilidade, direitos e deveres dos funcionários, plano de desenvolvimento e plano de
cargos. Porém a cartilha não é mais trabalhada. “...muitos trabalhadores mais novos nem
conhecem este material que serviria para a integração e os valores não são disseminados
formalmente, são passados como um processo natural”. Reforça que os valores de humanização
são mais vivenciados no tratamento com os clientes externos, pois há uma preocupação muito
grande com o atendimento prestado e com a própria divulgação em mídias sociais.
Estilo de liderança e comportamentos valorizados:
Estes temas já tinham surgido naturalmente na fala de MZS inicialmente quando falou da sua
trajetória na empresa. Percebe que são valorizados principalmente a qualidade do trabalho,
apesar de já ter acontecido de alguém se destacar tecnicamente e não se sair bem como líder.
Relata que a porta de entrada é sempre recepção:
Hoje tanto a parte técnica quanto a comportamental e emocional e a qualidade
do trabalho e resultados apresentados são observados para que um profissional
passe para uma oportunidade de promoção, por exemplo uma promoção mais
recente assertiva foi em relação as atitudes do profissional de tomada de
decisão e iniciativas que iam além do seu cargo.
Em outra fala ainda esclarece que:
São observados o relacionamento interpessoal, a postura e a capacidade de
resolução de problemas.
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Diz que a diretora administrativa financeira é muito intuitiva e que percebe quando há um perfil
de líder na equipe, porém existe o cuidado de não promover um excelente técnico que não tem
perfil de liderança nem um bom relacionamento.
Políticas e práticas de RH:
A empresa não tem um setor de RH específico, tem o DP. Existe a atuação de consultoria em
demandas específicas. As práticas exitosas trazidas de outros locais como na elaboração da
cartilha, acontecem por ideia de alguém. Na elaboração do plano de cargos e salários e agora
na implantação de avaliação de desempenho para 14 salário, são ideias complementares da
diretora administrativa financeira com complemento do 14° salário como sugestão da
controladoria.
A diretoria é muito receptiva a novas ideias e acolhe as sugestões como já
aconteceu com rodízio de coordenadores de unidades e a própria sugestão do
14° salário.
Os processos de Recrutamento e Seleção são realizados lá mesmo. Há uma valorização muito
grande da “prata da casa”, geralmente as pessoas que estão lá entraram como recepcionistas ou
atendentes (laudos) e são promovidas e com a oportunidade de realizar cursos para assumirem
novos cargos. As promoções são realizadas com o líder do setor e a diretora administrativa
financeira (proprietária). As ações de Treinamento são realizadas por consultoria. Relata que o
rodízio entre coordenadores de unidade foi uma ideia da diretora administrativa financeira.
Então, práticas de RH acontecem, porém não são identificadas nem acompanhadas por pessoas
de RH, pois este departamento não existe.
Algumas políticas já implantadas e que foram boas se perderam... não há
continuidade... Todo mundo começa empolgado para fazer e depois cada um
continua no seu ritmo, ninguém acompanha e as coisas se perdem...
Influência das práticas de gestão e liderança no comportamento dos colaboradores e nas
dimensões do Capital Psicológico:
Percebe positivamente a influência das políticas e valores organizacionais no comportamento
dos trabalhadores e também percebe que as dimensões do capital psicológico são influenciadas,
porém acha que cada um já tem o seu...
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Diferenças de comportamentos entre os mais jovens e os mais velhos em relação ao
trabalho e interferência no capital psicológico:
Observa que os mais velhos são mais comprometidos, vestem a camisa, são mais maleáveis e
envolvidos, porém em comparação com os mais novos apresentam deficiência no aprendizado
e a implantação de coisas novas.
Os mais novos são mais conectados, aprendem mais rápido e gostam de
mudanças, mas não são comprometidos. Gostam de desafios, mas não
suportam ser contrariados.
A postura dos mais jovens é de autovalorização, também são bem produtivos, mas só isso, não
se pode esperar um “algo mais” nem “vestir a camisa da empresa” eles se lançarem para outras
oportunidades. Sempre sugere colocar pessoas mais velhas nas equipes para ter o equilíbrio,
entre o comprometimento delas e a facilidade de aprendizado e produtividade dos mais novos,
inclusive com novas contratações.
Em relação as dimensões do capital psicológico depende da educação e do perfil das pessoas.
Observa que quanto a resiliência é mais característico dos mais velhos, pois os mais jovens
superam as adversidades quando encaram como desafios, mas não como frustação. Quanto a
eficácia é mais característico nos mais novos, são muito rápidos e muito bons principalmente
relacionados com tecnologia. Não consegue distinguir diferenças em relação a esperança e ao
otimismo, porém, em relação ao otimismo, observa que os jovens são mais imediatistas, ou
vislumbram cargo público querem ser reconhecidos rápido o que pode interferir nesta
dimensão.
Finaliza expondo que é muito grata a esta família, e se hoje precisasse voltar para o primeiro
cargo, voltaria... As vezes toma posições que interferem na sua gestão, como se fosse dona da
empresa. “Fora eu, existem mais pessoas assim”.
Entrevista por Pauta com G2:
Entrevista com a sócia proprietária com cargo de diretora administrativa financeira. A
receptividade também foi bastante acolhedora, mesmo com algumas demandas de trabalho.
MLB 60 anos, trabalha na empresa fundada por seu esposo desde o primeiro ano de vida da
empresa. Relata com detalhes a fundação, que ocorreu há 28 anos, quando o médico fundador
que fazia parte de uma clínica com outros sócios decidiu fundar seu próprio negócio. A empresa
teve início com uma só máquina de fazer raio X e realizada 30 exames por mês e hoje realiza
cerca de 3 mil exames. O proprietário morava no andar de cima com a família. Por isso
56
observando uma inconformidade administrativa, a esposa começou a trabalhar com o fundador,
relata que aprendeu tudo na prática, pois administração não era sua área.
Em seu relato inicial, já revela alguns valores fortes da empresa, como ética, honestidade, e
trabalho sério. A empresa é familiar, os cargos de direção são geridos por membros da família
e os filhos mais novos estão se preparando para o processo de sucessão, hoje são estagiários e
existem critérios rígidos de educação e qualificação para seguirem até os cargos de direção.
Recebem uma consultoria para governança e procuram seguir normas e critérios determinados
ao máximo para profissionalizar a empresa.
Estrutura hierárquica e física:
A empresa não tem uma estrutura hierárquica vertical, os cargos são mais horizontais e muito
operacionais.
A parte administrativa conta com profissionais que cresceram e assumiram
algumas coordenações, mas que sabem que nunca vão chegar a uma diretoria,
por estar claro a estrutura familiar da empresa.
Quanto a estrutura física, a empresa dispõe de 5 unidades onde realiza atendimento com
procedimentos de imagem e mais três escritórios onde funciona a área administrativa, o DP e o
call center e faturamento; todos muito próximos em casas de propriedade da empresa.
Estilo de Gestão Aplicada:
“Estilo de comunicação aberta, governança e sustentabilidade”.
Essas foram as primeiras palavras relacionadas para o estilo de gestão aplicado. Preza a fluidez
na comunicação “porta aberta”, educação continuada e valorização da prata da casa.
Missão, Visão e Valores:
Foi relatado a elaboração da cartilha onde esses itens estão expostos, e também a constatação
de que precisa ser atualizado. Compromisso social e ambiental, o projeto de sustentabilidade
com rio Capibaribe e as ações de educação sustentável tem grande importância.
Ética profissional, inclusive em relação a práticas de negociação e posicionamento no mercado.
Bom relacionamento e o clima de “Família X”
Esses valores são passados através das lideranças e se apresentam na própria
prática e atitudes do dia-a-dia. Acredito que os fundadores são espelhos para
os demais líderes e para os outros trabalhadores.
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Estilo de Liderança e comportamentos valorizados:
O desempenho é o primeiro critério observado, são valorizados tanto os
aspectos técnicos e operacionais de um profissional para líder quanto os
aspectos comportamentais e sociais como resiliência, inteligência e espírito de
liderança.
Percebe que a liderança geralmente se apresenta de forma inata e o líder sempre surge.
Políticas e Práticas de RH:
Não há um setor de RH específico. Existe o DP que realiza as seleções junto com o requisitante
de cada área. As outras demandas são atendidas por consultoria, como plano de cargos e
salários, treinamentos, serviço de recolocação de funcionários mais antigos e coach para líderes.
As práticas de promoção e retenção de talentos são realizadas com o acompanhamento e as
tomadas de decisão por MLB.
Influência das práticas de gestão e liderança no comportamento dos colaboradores e nas
dimensões do Capital Psicológico:
Positiva, percebe que há influência nas atitudes dos trabalhadores. Diferencia alguns líderes na
capacidade de influenciar suas equipes em relação as dimensões do capital psicológico, neste
sentido cita:
Percebo que os líderes do departamento financeiro e da controladoria são mais
influentes, com os outros líderes não consigo perceber esta interação.
Acredita que o capital psicológico é algo inato, principalmente as dimensões esperança e
resiliência.
Não vejo ninguém que pode trabalhar o outro para isto.
A política da empresa pode influenciar de uma maneira mais geral, como por
exemplo a educação continuada, com condutas que a gente faz e pode
conscientizar as pessoas, como o lixo jogado no chão em que eu mesma
apanho e pergunto: vocês acham justo que um colega tenha que fazer isto por
vocês? Vocês fazem isto na suas casas?
Encerra dizendo: Os líderes geralmente não são preparados para isto.
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Diferenças de comportamentos entre os mais jovens e os mais velhos em relação ao
trabalho e interferência no capital psicológico:
Percebe diferenças relacionadas a idade e as dimensões do capital psicológico. Os mais novos
são mais preparados, rápidos tecnicamente e mais propensos a mudanças. Os mais velhos são
mais comprometidos.
Em relação as dimensões do capital psicológico faz as seguintes observações:
A resiliência é mais característico nos mais velhos, o otimismo mais
característico nos mais jovens; a eficácia depende da tarefa, para mudanças os
mais jovens são mais eficazes e os mais velhos tem maior domínio dos
processos de rotina e são resistentes a mudança.
Não consegue enxergar diferença em relação a esperança, pois percebe que em muitas funções
da empresa (como o call center) as pessoas entram somente para passar uma fase, ou porque
estão pagando a faculdade ou porque estão estudando para concurso; é muito raro querer fazer
carreira nestes setores.
O tempo de casa não interfere no desenvolvimento e nas dimensões do capital psicológico.
As pessoas permanecem muito tempo na empresa por características pessoais
como honestidade e envolvimento, mas existem faltas técnicas que por mais
que a gente invista as pessoas não conseguem superar.
Quadro 6: Percepção da gestão em relação a disposição do capital psicológico entre trabalhadores
Dimensões do Capital Psicológico Percepção de Maior Nível
Resiliência Mais velhos
Eficácia Depende do trabalho a ser realizado
Esperança Não percebido diferença
Otimismo Mais novos
Fonte: coleta de dados 2016
De acordo com os resultados obtidos nas etapas quantitativa e qualitativa, podemos observar
que a estrutura hierárquica da empresa com a disposição dos cargos e o grau de instrução de
seus ocupantes reflete diretamente na disposição das dimensões de capital psicológico.
Observou-se que por ser uma empresa com estrutura bastante horizontal onde a maioria dos
cargos são operacionais com exigência de nível médio ou técnico de escolaridade, os
funcionários muitas vezes ingressam nesta empresa como porta de entrada no mercado de
59
trabalho nos cargos de recepção e call center, estas funções não fazem restrição a idade, e o
nível de escolaridade exigido é o ensino médio completo. Somados, esses cargos acomodam o
maior número de profissionais da empresa onde o estudo foi realizado, permitindo assim que
as análises comparativas por variáveis geracionais (idade), escolaridade, tempo de empresa,
sexo e cargo de liderança fossem observadas.
Os resultados deste estudo em relação a como se apresentam as dimensões Otimismo no
trabalho e Resiliência no trabalho, numa perspectiva geracional, encontram apoio em estudos
sobre gerações no mercado de trabalho. Muitos estudos sobre gerações no mercado de trabalho
apresentam que as características, hábitos, comportamentos e atitudes e vetores de motivação
se apresentam diferentemente em determinados grupos geracionais (RIBEIRO, 2015).
Os autores apontam que muitos jovens, relacionados principalmente a geração Y, estão em
busca de uma carreira brilhante que possibilite crescimento rápido dentro da organização,
afinal, é comum escutar que os jovens de hoje em dia “não vestem a camisa da empresa” e
muito menos se interessam por carreira, seu objetivo estar apenas em crescer rápido na empresa
e ganhar dinheiro.
Ribeiro (2015) também apresentou dados que apontam que esses jovens não tem intenção em
se fixar em uma única empresa, caso haja prazer no trabalho e a remuneração for compatível
com a função desempenhada, se esta não promover preenchimento, eles abandonam a empresa.
Os estudos sobre gerações clarificam que por nascerem conectados e envolvidos numa
velocidade muito grande de informações, por serem mais individualistas, defenderem suas
opiniões e priorizarem o lado pessoal em relações as questões profissionais (VELOSO, 2008),
esses jovens tendem a não lidar de uma maneira positiva com situações de adversidades. Eles
preferem trilhar outro caminho do que encarar as dificuldades impostas ao que estão
vivenciando.
Tanto nos resultados quantitativos quanto nas entrevistas com as gestoras, essa visão de menos
comprometimento e mais imediatismo dos jovens foi confirmada. Os níveis de resiliência mais
baixos em pessoas mais jovens, nos permite também associar ao que é percebido pela
entrevistada G1, que “os jovens não sabem ser contrariados” e que se o trabalho não o satisfaz
completamente, eles se lançam para outras oportunidades. Interessante ressaltar que houve
diferença no grau de resiliência dos jovens da geração Y e dos jovens da geração Z, sendo estes
últimos os menos resilientes. Isto pode indicar que por incorporar pessoas nascidas a apartir de
1978, poderá haver uma considerável diferença entre os jovens de uma uma mesma geração,
fazendo parte da geração Y tanto jovens com mais de 30 anos, que já estão com um nível de
60
maturidade de carreira mais avançada e também com diferenças em relação a vida pessoal e
familiar, onde podem estar casados e com filhos, quanto jovens com menos idade e também
solteiros, com menor grau de responsabilidade familiar. Já em relação a geração Z, o que os
difere, é que contempla uma parcela de jovens recém ingressados no mercado de trabalho e com
condições sociais diferentes, sem a responsabilidade direta por uma família.
A análise quantitativa apontou que o nível de otimismo entre os mais jovens, sequencialmente
geração Z e geração Y foi o mais baixo, talvez por não satisfazer ao imediatismo destas
gerações. Paralelo a esta constatação, o estudo apontou que a dimensão otimismo na empresa
estudada, se apresenta de maneira distinta entre os grupos de escolaridade de nível fundamental,
médio e superior: quanto maior o grau de escolaridade, menor o nível de otimismo. Esse
resultado pode estar relacionado ao fato da empresa dispor de grande parte de seus cargos sem
exigência de um nível maior de escolaridade e assim admitir pessoas com menos grau de
escolaridade, como é o caso do cargo de recepcionista, relatado como a maior porta de entrada
de trabalhadores na empresa, aliada a política de valorização interna, onde o investimento na
qualificação e desenvolvimento dos profissionais contribui para oportunidades de crescimento
interno e assim o nível de otimismo se apresenta em maior grau.
A entrevistada G2 relatou que trabalhadores de call center, que ingressam muito jovens no cargo
e não tem a intenção de permanecer nele por muito tempo, geralmente são jovens que estão
pagando seus estudos ou com perspectivas de concurso público. Já pessoas mais qualificadas,
ou que estão em formação em suas carreiras de interesse que exercem cargos mais complexos
e em áreas administrativas, percebem que embora sejam valorizados e tenham oportunidade de
crescimento, não há quantidades de cargos disponíveis para muitas oportunidades, além de
perceberem que a estrutura hierárquica é bastante horizontal, embora existam políticas de
valorização e retenção de talentos. A análise qualitativa, percebe os mais jovens como mais
otimistas, porém com uma visão de que se lançam para novos desafios de maneira mais
confiante.
Em relação a esperança, a análise quantitativa apontou que as mulhreses apresentam maior grau
de esperança que os homens, o que segundo Luthans (2010), permite afirmar que indivíduos
com maior grau de esperança são capazes de identificar objetivos e metas e criar caminhos e
vias para alcança-los. As gestoras entrevistadas não perceberam nehuma diferença em relação
a esta dimensão; porém pôde ser obervado que as mulheres ocupam a maioria dos cargos na
empresa, inclusive cargos de liderança.
Em relação a eficácia, destaca-se também que a aproximação com as tecnologias e a intimidade
digital das gerações mais jovens refletem diretamente nos processos de trabalho. Na etapa
61
qualitativa deste estudo, este ponto foi enfatizado tanto pela entrevistada G1, quanto pela
entrevistada G2, quando apontam que em relação a eficácia, os trabalhos com implantação de
novas tecnologias são mais facilmente dominados pelos mais jovens, que são mais conectados
e movidos a desafios se lançando em situações de mudança com maior produtividade, já os
mais velhos dominam as atividades rotineiras e correspondem melhor a estas.
Esta constatação encontra apoio na literatura, quando Dutra (2009) aponta que a geração Y já
nasceu conectada a uma rede global 24 horas por dia, o que pode representar sua intimidade
com a tecnologia e o acesso rápido as informações.
Esses dados sugerem que os jovens tem uma visão diferente do trabalho, buscando maior
equilíbrio e satisfação com a vida pessoal do que os mais velhos, que se caracterizam pela busca
da estabilidade e lealdade às empresas as quais pertencem como trabalhadores.
62
5 CONCLUSÃO
O capital psicológico apresenta-se como articulação de características pessoais que sendo
desenvolvidas no meio organizacional geram impactos positivos neste. As dimensões que
compõem o capital psicológico, Eficácia no trabalho, Resiliência no trabalho, Otimismo no
trabalho e Esperança no trabalho, se encontram em um estado psicológico chamado estado-like
de desenvolvimento, ou seja, essas dimensões podem ser aprimoradas por meio de intervenções
e sofrem influências do contexto organizacional.
Este estudo teve como objetivo analisar como se configuram as dimensões do capital
psicológico em trabalhadores de uma empresa de prestação de serviços de diagnóstico em saúde
na região metropolitana de Recife e suas relações com variáveis de geração, escolaridade,
tempo de empresa, sexo e posição de liderança e também verificar que interações o capital
psicológico pode apresentar em relação a política de gestão, valores, estios de liderança e outros
aspectos organizacionais e a percepção de gestores quanto a disposição do capital psicológico
de seus trabalhadores.
A empresa é bastante consolidada no mercado, com 28 anos de existência, conta com quase 300
trabalhadores e mais 60 médicos prestadores de serviço. Participaram do estudo 207
trabalhadores distribuídos em 5 diferentes unidades de atendimento. Os médicos prestadores de
serviço não participaram deste estudo. O perfil predominante dos participantes foi de 66,2%
jovens das gerações Y e Z, 78,8% do sexo feminino, 72,5% com ensino médio completo, 91,8%
não ocupam cargos de liderança e 49,3% tem mais de 3 anos de empresa.
A metodologia utilizada foi mista sequencial, ou seja, uma etapa quantitativa, onde foi aplicado
a escala do Inventário de Capital Psicológico no Trabalho e seus dados analisados, seguida por
uma etapa qualitativa, onde foram realizadas entrevistas por pauta com a gestão da empresa
para aprofundar questões de políticas e práticas que podem interferir no capital psicológico e
também a percepção de diferenças da disposição do capital psicológico entre os recortes
apresentados na etapa quantitativa.
Os achados apontaram para uma profunda interação entre a estrutura da empresa e os perfis dos
cargos da mesma, a política de gestão aplicada e seus valores com algumas variáveis da
população em relação a como se configura o capital psicológico.
Resiliência e Otimismo foram as dimensões que mais apresentaram distinções em relação aos
participantes, sendo os mais jovens menos resilientes, este dado foi observado também nas falas
das gestoras quando identificam que os mais jovens não sabem ser contrariados; a dimensão
63
otimismo apresentou-se também de maneira que quanto mais jovem menos otimista. Esta
dimensão também se apresentou em um maior nível entre o grupo de menor grau de
escolaridade, este dado pode refletir a possibilidade de pessoas ingressarem na empresa a partir
do ensino médio em cargos com maior número de trabalhadores, como a recepção, aliada a
política de valorização da ‘prata da casa”, onde a empresa qualifica os profissionais para
assumirem outras funções de qualificação mais técnica.
A percepção das gestoras entrevistadas sobre o capital psicológico dos trabalhadores, revelou
que as mesmas corroboram com os resultados quantitativos em relação a dimensão resiliência
apresentar-se em menor grau em pessoas mais jovens.
Observaram também que para eficácia no trabalho, a natureza do trabalho é um aspecto
influenciador junto com a geração em que o trabalhador faz parte, já que entendem que se o
trabalho exigir maior grau de intimidade com tecnologias ou em processos de mudanças, os
mais jovens correspondem melhor; já para trabalhos rotineiros os mais velhos apresentam
melhores resultados. Alinhado a essas constatações, observaram também que
comprometimento e envolvimento são mais característicos em pessoas mais velhas e
produtividade e rapidez mais característico em pessoas mais novas.
A etapa quantitativa apontou maior grau da dimensão esperança no trabalho em mulheres, já as
gestoras entrevistadas não identificaram esta diferença.
O conhecimento das configurações das dimensões do capital psicológico e suas interações com
as variáveis estudadas, poderá ajudar as empresas, e mais especificamente a gestão de pessoas
a promover políticas mais assertivas e adequadas. Neste sentido, políticas e práticas que gerem
o florescimento do capital psicológico, principalmente relacionadas a gerações Y e Z; um
melhor alinhamento entre perfis e cargos nas equipes de trabalho além de poderem investir em
treinamentos específicos para este fim, de acordo com as necessidades de seus trabalhadores.
Assim, o desenvolvimento do capital psicológico poderá gerar melhores resultados a partir de
pessoas desenvolvidas para superarem situações adversas com otimismo realista, gerando vias
de ações necessárias para o alcance de objetivos e com maior propensão a domínio e êxito das
atribuições.
64
5.1 Recomendações gerenciais
Especificamente, o desenvolvimento de recursos humanos pode ser capaz de facilitar líderes
organizacionais e os seus colaboradores para se tornarem mais resistentes ao aumento da
adversidade, mais eficientes em começar o trabalho feito, mais otimistas sobre o futuro, e mais
esperançosos para determinar planos e caminhos alternativos para realizar objetivos, gerando
significativas melhorias no desempenho organizacional (LUTHANS, AVEY, AVOLIO e
PETERSON, 2010). As organizações em geral, buscam pelo desenvolvimento e melhoria do
desempenho de seus trabalhadores porque sabem que há uma relação direta entre o desempenho
individual e grupal com os resultados almejados pelas empresas.
O investimento em meios para aprimorar o capital psicológico dos trabalhadores apresenta-se
como uma alternativa de efetivar a melhoria do desempenho organizacional, através de políticas
e práticas organizacionais, principalmente as que se referem a Gestão de Pessoas, e também de
investimentos em treinamentos específicos de cunho ao desenvolvimento individual e grupal,
conforme sugerido por Luthans et al. (2006, 2010) e colaboradores, na elaboração e execução
do Inventário para Intervenção em Capital Psicológico. Nele, é trabalhado o aprimoramento das
quatro dimensões do capital psicológico individualmente, já que se encontram em estado-like
de desenvolvimento, porém com resultados que repercutem uma nas outras por se tratar de um
núcleo em sinergia.
A empresa estudada se apresenta com uma cultura bastante fortalecida, em que os valores dos
fundadores permeiam as relações e os processos de trabalho; apesar de não serem
explicitamente expostos, eles se propagam naturalmente. Em relação a um maior
amadurecimento do capital psicológico de seus trabalhadores, seria indicado a efetivação de
políticas e práticas melhores apresentadas com determinação de responsáveis por ações e
propostas iniciadas para garantir sua continuidade. A identificação dos níveis das dimensões do
capital psicológico pôde ser claramente entendida pela estruturação da empresa e seu modelo
de gestão.
Para ser aprimorado, indica-se trabalhos de mapeamento de potencialidades junto as equipes
para desenvolvimento de alta-performance proporcionando que as dimensões de capital
psicológico sejam trabalhadas. Esse trabalho poderia ser realizado inicialmente com os líderes
e em seguida por equipes e funções.
Algumas práticas já em andamento parecem ser assertivas, como por exemplo a prática de
mesclar pessoas de diferentes gerações em uma mesma equipe. Porém precisa ser mapeado que
65
ganhos a equipe terá e deixar consciente para seus membros e para a gestão esta
complementaridade.
Um aspecto a ser observado no relato das gestoras entrevistadas, é que as políticas e as
expectativas comportamentais satisfatórias para a gestão estão mais fortemente associadas a
pessoas de gerações mais antigas, parecendo ser uma dificuldade lidar com os aspectos
comportamentais e motivacionais dos mais jovens das gerações Y e Z. Estudos apontam que
esta percepção está sendo comum entre as empresas e que a consequente lacuna em dispor de
políticas de Gestão de Pessoas para melhor atender a essas dificuldades com os jovens é uma
realidade a ser trabalhada (RIBEIRO, 2015; VELOSO, et al. 2008).
5.2 Recomendações de pesquisas futuras
No Brasil, os estudos com o tema Capital Psicológico são pouco convertidos em prática, há
uma escassez de achados neste sentido inclusive em referências de outros países. Para ampliar
os estudos contemplando Capital Psicológico, e aprofundar os impactos deste nas organizações,
seria interessante estudos práticos de intervenções voltadas para desenvolvimento das
dimensões do capital psicológico e consequente mensuração de seus resultados nas
organizações.
O inventário para uma micro-intervenção elaborado por Luthans e colaboradores em 2006 onde
foi operacionalizado o desenvolvimento de cada uma das dimensões de Capital Psicológico, foi
colocado em prática em um estudo realizado em 2010, com resultados bastante positivos. Este
inventário poderá ser utilizado como referência para futuras pesquisas e interveções.
66
REFERÊNCIAS
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APÊNDICE A
INVENTÁRIO DO CAPITAL PSICOLÓGICO NO TRABALHO – ICPT – 25
INDIQUE NAS FRASES A SEGUIR O QUANTO VOCÊ CONCORDA OU DISCORDA DELAS. Dê suas respostas anotando, nos quadros após cada frase, aquele número (de 1 a 5) que melhor represente sua resposta.
1 Discordo
totalmente
2 Discordo
3 Nem concordo, nem discordo
4 Concordo
5 Concordo totalmente
Itens Discordo totalmete
Concordo totalmente
1 2 3 4 5 1.Sou capaz de resolver problemas no meu trabalho 2. Eu espero ter conhecimento suficiente para crescer no trabalho.
3. Eu posso encontrar muitas maneiras de realizar meus sonhos no trabalho.
4. Fico mais forte após enfrentar demissão no trabalho.
5. Sou capaz de cumprir as obrigações do meu trabalho.
6. Eu acredito que tudo dará certo comigo no meu trabalho
7. Fico mais forte após enfrentar mudanças no meu trabalho.
8. Eu espero ter energia suficiente para ser bem-sucedido no trabalho
9. Sou capaz de dominar a tecnologia no meu trabalho.
10. Fico mais forte após enfrentar desafios no meu trabalho.
11. Eu acredito que dias melhores virão no meu trabalho.
12. Fico mais forte após enfrentar perdas no meu trabalho.
13. Eu espero ter experiência suficiente para me sair bem no trabalho.
14. Eu posso achar formas para mostrar ao meu chefe que faço bem feito o meu trabalho.
15. Fico mais forte após enfrentar dificuldades no trabalho.
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16. Sou capaz de dominar os procedimentos novos que surgem no meu trabalho.
17. Eu acredito que coisas boas acontecerão comigo no meu trabalho.
Itens Concordo Discordo totalmente totalmente 1 2 3 4 5
18. Eu espero ter planos para meu futuro no trabalho.
19. Eu posso descobrir caminhos para atingir meus objetivos no trabalho.
20. Sou capaz de realizar tarefas complexas no meu trabalho.
21. Eu posso pensar em muitas maneiras de resolver um problema no trabalho.
22. Fico mais forte após enfrentar intrigas no trabalho.
23. Sou capaz de ser criativo no meu trabalho.
24. Eu acredito que o amanhã será melhor no meu trabalho.
25. Fico mais forte após enfrentar inveja no trabalho.
Sexo M F
Idade --------- anos
Formação completa:
Ens. Fundamental Ens. Médio Ens. Superior
Cargo / Função: Tempo de empresa Até 1 ano De 1 a 3 anos Mais de 3 anos
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APÊNDICE B
ENTREVISTAS POR PAUTA G1:
Roteiro básico da entrevista por pauta com Coordenadora Operacional
1. Questionar sobre estilo de gestão aplicada e incentivada na empresa (se aplica o que é valorizado?)
2. Missão, visão valores. Principais valores vivenciados 3. Estilo de liderança incentivado e como chegam aos cargos de liderança (falar de seu
caso particular) 4. Questionar sobre Políticas e práticas de RH Questionar sobre a percepção acerca da
influência das práticas de gestão e de liderança sobre o desenvolvimento individual e profissional dos trabalhadores (incluindo dimensões do capital psicológico)
5. Questionar sobre possível percepção de diferenças entre os mais jovens e os mais velhos em relação ao trabalho. Se positivo, em relação a que?
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APÊNDICE C
ENTREVISTAS POR PAUTA G2:
Roteiro básico da entrevista por pauta com Diretora Administrativa Financeira
1. Questionar sobre a fundação da empresa – histórico. 2. Questionar sobre a estrutura física e hierárquica. 3. Questionar sobre estilo de gestão aplicada e incentivada na empresa (se aplica o que é
valorizado?) 4. Missão, visão valores. Principais valores vivenciados 5. Estilo de liderança incentivado e como chegam aos cargos de liderança 6. Questionar sobre Políticas e práticas de RH. 7. Questionar sobre a percepção acerca da influência das práticas de gestão e de liderança
sobre o desenvolvimento individual e profissional dos trabalhadores (incluindo dimensões do capital psicológico)
8. Questionar sobre possível percepção de diferenças entre os mais jovens e os mais velhos em relação ao trabalho. Se positivo, em relação a que?