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FACULDADE ALFREDO NASSER INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO CURSO DE PEDAGOGIA A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DA EDUCAÇÃO INFANTIL: um estudo introdutório Rocelita Pereira Alves Gonçalves APARECIDA DE GOIÂNIA 2010

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FACULDADE ALFREDO NASSER INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO

CURSO DE PEDAGOGIA

A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DA EDUCAÇÃO INFANTIL: um estudo introdutório

Rocelita Pereira Alves Gonçalves

APARECIDA DE GOIÂNIA 2010

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ROCELITA PEREIRA ALVES GONÇALVES

A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DA EDUCAÇÃO INFANTIL: um estudo introdutório

Artigo apresentado ao Instituto Superior de Educação da Faculdade Alfredo Nasser, sob orientação da professora Ms. Fernanda Franco Rocha, como parte dos requisitos para a conclusão do curso de Pedagogia.

APARECIDA DE GOIÂNIA 2010

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FOLHA DE AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DO TRABALHO

A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DA EDUCAÇÃO INFANTIL: um estudo introdutório

Aparecida de Goiânia ___ de dezembro de 2010.

EXAMINADORES

Orientadora - Prof.(a) Ms. Fernanda Franco Rocha - Nota:___ / 70

Primeiro examinador - Prof.(a) Ms. ----- - Nota:___ / 70

Segundo examinador - Prof.(a) ----- - Nota:___ / 70

Média parcial - Avaliação da produção do Trabalho: ___ / 70

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A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DA EDUCAÇÃO INFANTIL: um estudo introdutório

Rocelita Pereira Alves Gonçalves1

Resumo: Esse trabalho, intitulado: A formação do professor da educação infantil: um estudo introdutório, buscou-se analisar a formação do professor da educação infantil. Objetivando fazer um resgate histórico a respeito da inserção do professor da educação infantil no Brasil; analisar a LDB nº 9394/96 a respeito da garantia da formação do professor da educação infantil e estudar a formação acadêmica do professor da infância no século XX. Por isso, esse estudo optou por realizar uma pesquisa bibliográfica, utilizando os seguintes autores: Amorim (2007), Kishimoto (2005), Nascimento (2005) e também a LDB nº 9394/96. No primeiro momento, essa pesquisa se propõe a estudar o histórico da inserção do professor da educação infantil no Brasil, posteriormente abordou a formação do professor da infância no século XX, e por último teceu-se as considerações finais. Palavras-Chave: Educação Infantil. Formação. Professor.

INTRODUÇÃO

Com base em pesquisas bibliográficas este artigo, denominado “A formação

do professor da educação infantil: um estudo introdutório”, propõe-se mostrar como

acontece à aquisição da formação do professor da educação infantil no Brasil, desde

séculos anteriores até os dias atuais. O que se espera do professor é que ele trilhe

seus próprios caminhos para assim adquirir confiança em sua atuação, buscando

com insistência o reconhecimento de teorias relacionadas ao ensino, para construir

uma prática pedagógica satisfatória, apropriando-se de um conhecimento amplo

para que possa inovar suas experiências profissionais.

O professor precisa estar cercado de ferramentas para a compreensão e a

realização da comunicação que são também chaves para novos saberes. O ser

humano cumpre o seu papel de cidadão na sociedade e consegue aprender

qualquer assunto e reproduzir qualquer tipo de conhecimento. Para que transcorra

da melhor maneira possível e para que o professor da educação infantil alcance sua

realização, a prática de sala de aula acontece em um ambiente que estimule a

interação entre professor e aluno, aluno e professor.

Mais do que objeto do conhecimento, uma formação profissional eficiente e

satisfatória é o objetivo pelo qual professores, especialmente os professores de

educação infantil, se esforçam para conquistar o reconhecimento profissional. A

1 Acadêmica concluinte do Curso de Pedagogia 2010/2, sob orientação da Profª Ms. Fernanda Franco

Rocha.

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história da inserção do professor da educação infantil no Brasil passou por diversas

fases, no passado a infância não era considerada no currículo educacional, pois a

criança das famílias menos favorecidas não recebia nenhum estímulo intelectual,

quer dizer que quase não existia profissional da educação infantil para instruir as

crianças.

Mediante essa questão essa pesquisa se propõe a analisar a formação do

professor da educação infantil, objetivando resgatar historicamente a inserção do

professor da educação infantil no Brasil; analisar a LDB nº 9394/96 a respeito da

garantia da formação do professor da infância, e também estudar a formação

acadêmica do professor da infância no século XX.

Por isso, o trabalho encontra-se estruturado em dois momentos distintos,

porém interligados. Primeiro, faz-se o resgate histórico da inserção do professor da

educação infantil no Brasil. Em seguida, aborda-se a formação do professor da

infância no século XX, e por último, tece as considerações finais.

HISTÓRICO DA INSERÇÃO DO PROFESSOR DA EDUCAÇÃO INFANTIL NO BRASIL

Este estudo situa-se no campo da educação infantil e este tópico destaca

atuação do professor em relação à criança pequena, por meio de mecanismos de

flexibilização da diversidade existente, nos quais é necessário haver uma integração

de conhecimentos, uma preparação com a formação acadêmica, ética, ampliação da

qualidade e capacidade para o exercício da educação no Brasil desde tempos atrás

até os dias de hoje.

Para Oliveira (2002), a história da inserção do professor na educação infantil

passou por diversas fases. Em meados do século XVIII, surgiram, na França,

comunidades para cuidar das crianças pobres, enquanto seus pais trabalhavam, as

mulheres dessas comunidades ensinavam seus filhos a ler a bíblia e a tricotar. A

preocupação era com o cuidar, com a paciência e o afeto em relação à criança, pois

não havia profissionais capacitados para esse tipo de trabalho, então as crianças

eram zeladas por pessoas despreparadas e que só sabiam cuidar como se fossem

filhos, um modelo familiar, não havia nenhum tipo de remuneração, nem um lugar

adequado para realizar as atividades, as pessoas que cuidavam das crianças eram

voluntárias que prestavam seus serviços.

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Portanto, as crianças não recebiam estímulo que favorecesse o seu

desenvolvimento intelectual. Tinham também as “criadeiras”, mulheres que

“cuidavam” das crianças pobres em troca de dinheiro, as “fazedoras de anjos”, pela

alta mortalidade infantil em conseqüência da falta de higiene, e pela precariedade

dos locais onde essas crianças eram expostas.

De acordo com Amorim, no século XIX, com a Revolução Industrial, surgem,

então, novos mecanismos para o desenvolvimento da educação da criança e do

adolescente. Não foi algo muito rápido, mas neste momento a criança começou a

ser valorizada, já que, no passado, era tratada como um adulto em miniatura, com

tarefas a fazer e não havia nenhuma esperança de crescimento intelectual, já que

nem eram levadas em consideração.

O delineamento da história da educação infantil por pesquisadores de muitos países tem evidenciado que a concepção de infância é uma construção histórica e social, coexistindo em um mesmo momento múltiplas idéias de criança e de desenvolvimento infantil. Essas idéias, perpassadas por quadros ideológicos em debate a cada momento, constituem importante mediador das práticas educacionais com crianças até 6 anos de idade na família e fora dela.(OLIVEIRA, 2002, p.57).

Os pioneiros da educação pré-escolar como, Comênio, Rosseau, Pestalozzi,

Decroly, Froebel e Montessori, por meio de suas pesquisas, descobriram formas de

educar sem punições, eles concluíram que cada criança tinha uma necessidade

própria e diversas características que precisavam ser trabalhadas, com uma

elaboração de propostas de atividades nas escolas que fossem benéficas para seu

desenvolvimento.

Tais idéias deram um caminho a ser seguido pelas escolas e pelos

educadores de crianças pequenas. Comênio afirmava que, o aluno é a cópia do

professor, e que, com a utilização dos jogos e das brincadeiras, irá ajudar no seu

desenvolvimento. Para Rosseau, a criança é como um todo (sujeito que é capaz de

se desenvolver), a educação começa de dentro para fora, com a aprendizagem

encaixando-se em cada fase da criança.

Para Pestalozzi, os trabalhos manuais e intelectuais, em geral, são muito

valorizados na educação popular, a educação humana é baseada na natureza

espiritual e física da criança; Decroly, o trabalho com crianças não pode ser uma

simples cópia, é necessário que estimule o seu pensamento por meio de questões

que a fazem pensar; Froebel, a criança é como uma planta em fase de formação,

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que exige cuidados para que cresça saudável; Montessori, não valorizava o

tradicional, por isso foi percussora da Nova Escola e dizia que somos capazes de

educar a nós mesmos, se nos dar condições.

A apropriação das teorias desses autores pelas instituições de educação infantil envolveu um longo processo. Seus modelos pedagógicos, inicialmente voltados para atender populações socialmente desfavorecidas, gradativamente, foram sendo utilizados para orientar escolas e outras instituições que atendiam os filhos de alguns segmentos da classe média e alta em vários países. Muito contribuiu para isso a modificação dos princípios advogados para a educação fundamental, que passaram a admitir a importância da observação e da pesquisa científica do desenvolvimento infantil, além da elaboração de material educativo a ser usado livremente pelas crianças. (OLIVEIRA, 2002, p. 69).

Em 1924, educadores interessados no Movimento das Escolas Novas

fundaram a Associação Brasileira de Educação conhecida com o ABE, por Heitor

Lyra da Silva, no Rio de janeiro, sem fins lucrativos e em defesa dos Direitos da

Pessoa Humana, um órgão ligado ao Ministério da Justiça. É uma instituição que

tem por finalidade congregar educadores, professores, pessoas físicas e jurídicas

que se interessam no estudo e debate de assuntos ligados à educação e à cultura,

do processo de aprendizagem e ensino, do desenvolvimento cognitivo, da influência

de tecnologias na educação, e todos os assuntos que possam apoiar o processo de

formação de crianças e jovens.

Para garantir à criança o educar em estabelecimento adequado, a legislação

criou a Reforma do Ensino Primário e Secundário – Lei 5.692/71 “Os sistemas

velarão para que as crianças de idade inferior a sete anos recebam educação em

escolas maternais, jardins-de-infância ou instituições equivalentes”. (OLIVEIRA,

2002, p.108).

Dessa forma, a educação infantil como direito se configura em uma conquista

a partir de muitas e longas lutas na história da sociedade brasileira.

Em 1975, quando da realização do primeiro Diagnóstico Nacional da Educação Pré-escolar, feito pelo MEC, passando por 1979 - Ano Internacional da Criança-, pela Constituinte de 1988, pelo Estatuto da criança e do adolescente de 1990, até a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996, trata-se da conquista de uma visão das crianças enquanto cidadãos de direitos, inclusive o direito à educação infantil. (KRAMER, 2005, p.118).

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No final dos anos 80, ocorreram algumas mudanças no atendimento das

crianças pequenas, as autoridades perceberam a necessidade de ter um profissional

para assumir a função do ensinar, assim o professor foi inserido nas creches e pré-

escolas. A Constituição Federal de 1988 (Art. 208; inciso IV) estabelece: é direito da

criança de zero a cinco anos de idade e dever do Estado o atendimento a infância.

A LDB nº 9394/96, determina no artigo 9º, respectivamente que cabe a união,

a elaboração do plano, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os

municípios, em sintonia com a Declaração Mundial sobre Educação2 para todos.

Ao ser inserido nos estabelecimentos de ensino, o professor não teve uma

preparação adequada para transmitir conhecimentos, e o que agravava muito é o

fato de que nas creches havia pessoas leigas sem formação científica, o que

prejudicou ainda mais o aprendizado das crianças. A presença da mulher era

marcante na educação infantil, haja vista que mudou pouca coisa até os dias de

hoje.

Conforme Oliveira (2002), a formação do professor é de extrema importância,

embora o mercado de trabalho esteja bastante saturado, precisa-se ainda de

profissionais qualificados e competentes. Esta formação depende muito de cada um,

o empenho faz parte dos objetivos a serem seguidos pelo profissional que gosta do

que faz e fazendo com ousadia e criatividade, que só poderá ter sucesso no

contexto dessa diversidade existente nos estabelecimentos de ensino.

Há diversas maneiras de educar em países do mundo inteiro, cada um

trabalha de maneira específica para atender as necessidades de melhoria, neste

caso, das crianças. No Brasil, o professor da educação infantil precisa de formação

profissional em nível médio e superior, como dispõe a Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional – LDB nº 9394-96, Art. 62:

A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação, admitida, como formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nas quatro primeiras séries do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade Normal.

A formação e o aperfeiçoamento do profissional trarão benefícios para atuar

tanto na rede pública quanto na privada. O professor ousado e criativo pode

2 Declaração Mundial sobre Educação – Há mais de quarenta anos, as nações do mundo afirmaram

na Declaração Universal dos Direitos Humanos que “toda pessoa tem direito à educação.”

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participar dos acontecimentos que se passa na escola, assim, com essa interação,

ele poderá crescer e melhorar a cada dia, zelando pela aprendizagem e

desenvolvimento da criança que são alguns dos motivos de sua formação.

Para ter retorno, é preciso buscar uma formação completa, que não seja em

curto prazo e sim em tempo integral, de modo que consiga conciliar seus afazeres

com a profissão.

De acordo com Oliveira (2002), orientações legais aprovadas pelo Conselho

Nacional de Educação (particularmente a Resolução CNE/CP nº 2/99 e o parecer

CNE/CEB nº 1/99, que tratam da formação de professores para educação infantil e

as séries iniciais do ensino fundamental em nível médio e também a Resolução

CNE/CP nº 1/99 e o parecer CNE/CES nº 970/99, que tratam daquela formação em

nível superior) e pelos Conselhos Estaduais de Educação estabelecem condições

para a formulação de cursos de formação inicial.

O professor de educação infantil precisa de uma sólida formação básica. Não apenas no sentido da formação profissional, advinda dos cursos de magistério e pedagogia, mas naquela formação básica a que todos têm direito. São necessários conhecimentos de história, de filosofia, de antropologia que ofereçam aos professores os alicerces básicos e sólidos para que possam construir compreender e confrontar ideologias, uma vez que o mundo educacional é calçado em representações ideológicas. (CRAIDY, 2001, p.45).

O professor da educação infantil precisa se especializar e também ter

experiências do cotidiano, não só teoria, mas também prática, isto é, a formação

acadêmica juntamente com a atuação em sala de aula trarão diferentes perspectivas

na sua aprendizagem e, consequentemente, esta experiência será transmitida para

criança. O profissional deverá ter certo domínio dos conhecimentos científicos e

básicos que serão necessários para o trabalho com a criança, e isso irá implicar em

todas as áreas de sua vida. Com ética e competência, a interação com seus alunos

nos acontecimentos voltados para aprendizagem; ter controle emocional para

conduzir e resolver conflitos; confiar na sua capacidade de superar problemas que

estão, ou não, ao seu alcance, fará com que o profissional tenha segurança para

conduzir seu trabalho com seus educandos, pais e demais colegas de trabalho.

Uma boa formação adquirida pelo profissional da educação pode proporcionar

e internalizar a criança como um cidadão com direitos e deveres. É claro que

também é preciso levar em consideração a sua fase de desenvolvimento,

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respeitando estas fases, nesse sentido o professor tem um papel fundamental na

construção e na formação do caráter das crianças, pois a educação infantil é a base

que irá dar suporte para a formação contínua destes menores. Portanto, essa

primeira etapa da educação básica será o alicerce para sustentar as barreiras que

cada um terá de passar e, nesta trajetória escolar, a criança terá maior condição e

maturidade para superar as dificuldades das fases seguintes do ensino. E isso

depende muito do professor, pois ele será o mediador entre a aprendizagem e o

desenvolvimento da criança.

O profissional da educação infantil precisa ter uma visão ampla do seu papel

social na construção e na formação de pessoas críticas, ele é um instrumento que

irá conduzir e facilitar o ensinar, pois foi preparado para tal e cada um é levado a

realizar uma leitura de sua atuação, para rever onde há falhas e no que é preciso

mudar, fazendo com que os alunos sejam preparados intelectual e moralmente para

assumir sua posição e opiniões na sociedade. Dessa maneira a função social do

educador é orientar e conscientizar seus educandos sobre a diversidade cultural que

existe como também saber fazer valer os seus direitos e que essas crianças façam

parte de uma sociedade mais digna, que, no futuro, sejam cooperativos para o

crescimento do nosso país.

A profissionalização do educador infantil, todavia, não está ligada simplesmente à formação, mas ocorre também com a experiência, com a aprendizagem cotidiana, com as interações construídas com diferentes atores e que conduzem a formas de intervenção em situações específicas. Não é um caminho a ser trilhado individualmente, mas um processo grupal de aperfeiçoamento que continua por todo o período de atuação do profissional. (OLIVEIRA, 2002, p. 30).

De acordo com Palhares e Martinez (2005), o educar é uma tarefa que, está

muito em discussão, pois a criança pequena precisa de estímulos para querer

aprender e isto tem como referência a experiência concreta propiciada pelo

professor em sala de aula.

Como não poderia deixar de ser, a educação fica empobrecida, se temos

professores pouco qualificados, sem nenhuma perspectiva e nenhum estímulo para

atuar na sua profissão, bem como pais ausentes ou pouco participativos com a

aprendizagem de suas crianças, isto significa que consequências referentes a esta

falta de interesse entre as partes poderá refletir no presente e no futuro desse aluno

em relação a sua formação, então é preciso haver um diálogo entre as partes

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interessadas, um entendimento para que se chegue a uma conclusão que seja o

melhor para as crianças. Se pais e professores trabalharem em conjunto com o

objetivo de melhorar a educação essa parceria só trará benefícios para todos.

A inserção do professor na educação infantil foi e é pautada por diferentes

fases no Brasil. No passado o professor não precisava de uma formação acadêmica,

bastava completar o normal (magistério), mas hoje a necessidade e a exigência é

que tenha uma formação acadêmica especializada, graduações, cursos extras ou

formação continuada para exercer a profissão em um país com tanta desigualdade

social e profissional. A trajetória vivida por milhares de professores, com seus

anseios, com a falta de reconhecimento por parte dos governantes e não

governantes, sem estímulo, como poderá este profissional levar a diante uma função

tão poderosa que é a de formar caráter das crianças? Não sabemos até quando

teremos profissionais interessados a levar adiante este legado.

Para Nascimento (2005), o Ministério da Educação e Cultura – MEC colocou

o perfil do professor da educação infantil e séries iniciais como alvo de suas

pesquisas, sendo que a formação desse profissional deve ser completa a fim de

desenvolver competências para uma formação acadêmica eficiente no sentido de

está melhor preparado para trabalhar com a diversidade existente nas escolas bem

como saber educar em diversas áreas do conhecimento com o intuito de

aperfeiçoar em suas habilidades e competências. O educador deve dialogar com os

colegas de profissão nas trocas de experiências do cotidiano escolar; estimular a

participação da família de seus filhos na escola. Portanto, essas ações podem

propiciar inovação em seus conhecimentos de modo que satisfaça as necessidades

de seu trabalho como educador. No entanto, os professores têm muitas dificuldades

para realizar seu trabalho pedagógico por falta de suporte e apoio para aprimorar

seus conhecimentos.

Vygotsky (1984) propõe que, o desenvolvimento do sujeito ocorre a partir das

interações com o meio social em que vive, já que as formas psicológicas mais

complexas emergem da vida social. Pois o ser humano nasce em culturas

diferentes, tem uma interpretação de mundo diferente, de modo que com o convívio

criam-se hábitos resultantes da interação das diferentes maneiras de pensar e agir

desses sujeitos. Portanto, o conceito da zona de desenvolvimento proximal

transforma as informações recebidas de acordo com conhecimentos adquiridos.

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Para ensinar a turma toda, parte-se do fato de que os alunos sempre sabem alguma coisa, de que todo educando pode aprender, mas no tempo e do jeito que lhe é próprio. Além do mais, é fundamental que o professor nutra uma elevada expectativa em relação à capacidade de progredir dos alunos e que não desista nunca de buscar meios para ajudá-los a vencer os obstáculos escolares. (MANTOAN, 2003, p.70).

A criança se desenvolve em um processo de interação com o outro, ou seja,

com a família, com o professor e com seus colegas. Essa ralação entre esses

sujeitos tem um papel fundamental na aprendizagem dos mesmos, em especial,

desses menores. Para que, a criança construa seu próprio conhecimento, o

professor, além de mediador, deve, constantemente, incentivar e estimular seus

alunos, criando situações que exigem o envolvimento de todos. O que permite que o

professor tenha a sensibilidade de entender e respeitar as limitações e dificuldades

de cada um e por isso ele é o maior colaborador na construção e na formação do

caráter e aprendizagem da criança, como uma pessoa que irá crescer e ser um

membro da sociedade com conhecimentos para conduzir todas as fases da sua

vida.

Assim, o educador deve conhecer não só teorias sobre como cada criança reage e modifica sua forma de sentir, pensar, falar e construir coisas, mas também o potencial de aprendizagem presente em cada atividade realizada na instituição de educação infantil. Deve também refletir sobre o valor dessa experiência enquanto recurso necessário para o domínio de competências consideradas básicas para todas as crianças terem sucesso em sua inserção em uma sociedade concreta. (OLIVEIRA, 2002, p.124).

Para Pereira (2002), o pedagogo que se empenha em fazer um trabalho digno

e ético foi e sempre será importante na vida de todos, ele se prepara para exercer a

função de repassar conhecimento e isto é uma arte que vem desde os primórdios

até os dias atuais, entretanto, na atualidade, há uma maior exigência para a

capacitação profissional, cada vez mais o professor precisa se atualizar para se

inserir no mercado de trabalho que procura pessoas qualificadas para garantir uma

aprendizagem eficiente.

No passado não muito distante, a educação brasileira não dispunha de

recursos que se tem agora, como: o computador, a internet, e o acesso aos livros

para classes menos favorecidas. Mesmo assim, o método da aprendizagem

tradicional ainda é aplicado nas instituições de ensino, aquelas imposições

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detalhadas na maneira de ensinar e o método de decorar estão no cotidiano dos

alunos, já que os recursos enviados para a educação ainda são insuficientes para

atender toda a demanda neste contexto educacional. Isto é histórico.

O estudo da educação e da pedagogia é imprescindível ao conhecimento da educação atual, pois esta é um produto histórico e não invenção exclusiva do nosso tempo. A educação presente é, com efeito, fase do passado e preparação do futuro. É como um corte transversal que se fizesse no interminável envolver histórico da educação. (PEREIRA, 2002, p.18).

A preocupação com desenvolvimento nos primeiros anos escolares não é

única e exclusiva das autoridades, mas também da sociedade, das ONG’S como

UNICEF - Fundo das Nações Unidas para a Infância, que trabalha com os governos

nacionais e organizações locais em programas de desenvolvimento em longo prazo

nos setores da saúde, educação, nutrição, água e saneamento e também em

situações de emergência, ajudar a dar resposta às suas necessidades básicas e

contribuir para o seu pleno desenvolvimento.

Houve uma melhoria significativa na preparação dos profissionais que atuam

na educação infantil, ainda existem grandes possibilidades para educação dar certo,

isto requer capacidade e competência de cada professor, em exercer sua função

com profissionalismo, dedicação, inovação e criatividade.

O professor de educação infantil deve buscar uma formação sólida,

embasada não somente nos conhecimentos pedagógicos, mas também em outras

áreas do conhecimento, para oferecer uma aprendizagem de qualidade e completa.

Isso faz com que os educandos construam alicerces para desenvolver suas idéias,

sejam compreendidos e aceitos em todos os lugares, sendo assim, o compromisso

do professor, com a educação e a emancipação de seus educandos, acontece de

forma integral.

A prática educativa, pelo contrário, é algo muito sério. Lidamos com gente, com crianças, adolescentes ou adultos. Participamos de sua formação. Ajudamo-los ou os prejudicamos nesta busca. Estamos intrinsecamente a eles ligados no seu processo de conhecimento. Podemos concorrer com nossa incompetência, má preparação, irresponsabilidade, para o seu fracasso. Mas podemos, também, com nossa responsabilidade, preparo científico e gosto do ensino, com nossa seriedade e testemunho de luta contra injustiças, contribuir para que os educandos vão se tornando presenças marcantes no mundo. (FREIRE, 1997, p.32).

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O professor da educação infantil deve se posicionar de modo democrático,

tratar todos com igualdade, impedir exclusão social dentro e fora da escola, ajudar a

criança a ampliar desde cedo sua relação com o saber, incentivar o domínio de

diferentes tipos de linguagens, valores culturais, padrões estéticos e éticos, para que

se torne um adulto melhor preparado, que seja crítico, e que tenha sempre vontade

de estar adquirindo conhecimento através da leitura, isso é educar.

A FORMAÇÃO ACADÊMICA DO PROFESSOR DA INFÂNCIA NO SÉCULO XX

O objetivo deste tópico é discorrer entre os níveis e as modalidades de

ensino, relacionando a formação do professor da infância juntamente com as

políticas educacionais existentes.

Conforme Kishimoto (2005), desde tempos atrás, vem-se discutindo a

formação do profissional da educação. O professor da educação infantil representa o

início da vida escolar da criança, por isso este profissional é capaz de perceber as

peculiaridades e separar a metodologia de acordo com a idade do aluno, para que o

educar se integre na prática pedagógica.

O professor da educação infantil precisa se aprofundar nas questões da

metodologia apropriada a crianças de zero a seis anos de idade, pois esta fase da

vida a criança é única, ela irá ter uma base para passar por outras fases, isto é, o

ensino fundamental, ensino médio, graduações e assim sucessivamente. Portanto, a

criança que tem uma educação de qualidade conseguirá se destacar futuramente,

não será aquela criança apática, sem ação, pois a primeira fase da educação, no

caso a educação infantil é o alicerce para a construção de uma autonomia, e isso

será mérito do professor, conseguir transformações por meio do conhecimento.

Kishimoto (2005) ressalta que, é preciso reconhecer que a educação infantil é

uma fase da educação, e o ensino fundamental é outra, o planejamento deve ser

diferenciado e, portanto, vê-se a importância de o professor ser melhor instruído

neste aspecto no sentido de saber diferenciar uma modalidade da outra, e que o

curso de Pedagogia construísse projetos para separar e para melhorar o

entendimento destas práticas pedagógicas.

A formação curricular do professor não permite este tipo de diferenciação,

entre educação infantil e ensino fundamental, estes desencontros evidenciam muitas

dificuldades no processo de aprendizagem do aluno. No sentido de que a

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metodologia utilizada deveria ser específica para cada fase da educação, pois

quando o acadêmico está se interagindo com conhecimento na instituição de ensino

superior não é separado uma fase da outra.

A tradição verbalista dos cursos de formação de professores coloca o aluno em formação em contato com livros, no interior da universidade ou cursos de formação, mas pouco se vai à realidade, às escolas, para observar e aprender no contexto como se processa a relação ensino/aprendizagem ou, como dizem Oliveira Formosinho e Formosinho (2001), para partilhar desse processo de formação em contexto. Perde-se a oportunidade de compreender que o projeto curricular é parte integrante do projeto educativo da escola em ação. (KISHIMOTO, 2005, p.109).

O profissional precisa ter um equilíbrio entre seus conhecimentos adquiridos

no curso de Pedagogia, e no que será resgatado através do conhecimento de

mundo, nisto poderá ocorrer alguns desencontros. O professor deve refletir na sua

formação e carreira profissional para não agir valorizando mais o senso comum ou o

cientifico, o interessante seria mediar as duas experiências e, nessa perspectiva,

estabelecer conexão entre saberes adquiridos ao longo das experiências de sua

atuação profissional.

A formação do profissional da educação é pautada pela tradição, na qual não

é permitido modernizar, avançar, sendo que, algumas matérias fazem parte de

outras, pois faz parte da história, do passado, e que vem se arrastando até aos dias

atuais. Se no curso de Pedagogia existisse um plano curricular para cada nível, para

que, cada nível fizesse melhor e com mais dedicação o que escolher, tudo ficaria

resolvido em matéria de aprendizagem.

Se a Constituição de 1988 e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996 são marcos históricos, conceituais e simbólicos, no sentido de ver à criança como sujeito de direitos e propor a igualdade de oportunidades para uma educação de qualidade, é preciso analisar como tais significados são transformados em ações com visibilidade, para que não fiquemos a mercê de subterfúgios retóricos, com idealizações da criança e aspirações para a educação infantil. (KISHIMOTO, 2005, p.113).

A criança é um ser que tem uma boa percepção, ela aprende com o ambiente

em que convive, sendo assim, a maneira com qual o currículo tradicional é

estabelecido para esta fase da educação não é a mais apropriada, pois valorizar os

conhecimentos adquiridos dos educandos e os recursos do cotidiano como o brincar

serão conquistas benéficas para o processo de aprendizagem dos mesmos. A

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formação do professor deixa passar partes importantes para a construção da

aprendizagem, no qual o brincar é uma parte importante na prática educacional em

sala de aula.

De acordo com Kishimoto (2005), a formação do profissional da educação

tem um mesmo plano curricular para todos os níveis de ensino, portanto, o curso

para ter reconhecimento e ser eficiente precisa separar cada nível, para que não se

perca a solidez necessária para uma boa aprendizagem.

Diante de desafios e dificuldades é que se alcançará às oportunidades de

expor valores inerentes ao ser humano, com justiça, igualdade e solidariedade.

Nesse sentido, compreender qual é o papel, enquanto educadores, bem como, qual

a melhor forma de desempenhar esse papel de professor.

A formação superior não pode representar apenas um diploma, pois o saber

que se concentra através de estudos feitos após quatro anos de academia quase

não é levado em consideração por parte das instituições de ensino do nível básico,

pois são subordinados a fazer o que a instituição quer, o tradicional. Mas tudo isso é

um desafio para os professores, é esforçar-se na reflexão crítica e fazer com que a

prática do tradicional perca as forças para o novo.

O professor da educação infantil e séries iniciais do ensino fundamental são

malabaristas por conseguir administrar os níveis de ensino e, em cada nível, há uma

modalidade específica. Ele tem que planejar a sua aula de acordo com o nível e,

muitas das vezes, o profissional trabalha em dois turnos, um turno na educação

infantil e outro no ensino fundamental. Isso quer dizer que irá precisar planejar suas

aulas com a mesma estrutura para ambas as fases da educação. Dessa forma, a

sobrecarga de tarefas proporciona a ineficiência do planejamento e da ação, pois a

educação infantil é um nível e o ensino fundamental é outro. Pois, o professor da

educação infantil tem que atuar na educação infantil, mas o que prevalece com a

metodologia para a educação infantil hoje nas escolas é o modelo do ensino

fundamental.

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Outra razão para justificar a inadequação da natureza dos cursos de formação é a polivalência, do professor de educação infantil. Se professores da educação infantil e séries iniciais do ensino fundamental são polivalentes, monodocentes, a estrutura da formação disciplinar não tem lógica. Deve-se pensar em outra modalidade de formação que respeite a organização da área da infância, uma pedagogia da infância com novos pressupostos e formas alternativas de organização curricular. No Brasil, a pedagogia da infância, apesar de assumir a especificidade da educação infantil e das séries iniciais do ensino fundamental, não atingiu a estrutura curricular, que permaneceu inalterada, sem dispor de supervisão e coordenação próprias em cada nível de ensino. Prevalece, a parte específica o currículo de formação profissional, o modelo do ensino fundamental, com o predomínio de organização disciplinar estruturada por conteúdos. (KISHIMOTO, 2005, p.113).

A formação do profissional da educação terá que ser continuada, pois ter

conhecimento é sinônimo de uma boa referência para um profissional de qualidade,

se aprimorando em sua área de trabalho, consequentemente, irá melhorar a prática

pedagógica. Em parceria com os profissionais da educação, os pais podem

favorecer a inserção social e escolar de seus filhos. Para que isso aconteça é

necessário que cada envolvido nessa difícil tarefa desempenhe o seu papel sem

medir esforços.

Para ser um professor é preciso saber ensinar, mas também gostar de

aprender, desse modo terá que se aprofundar e estudar mais, são atitudes que

devem fazer parte do seu cotidiano e, incansavelmente, buscar desafios para se

manter atualizado. O respeito e a ética trilham o caminho de suas ações, do cuidar e

educar. É preciso se atualizar para enfrentar o mercado de trabalho e repassar um

conhecimento de qualidade aos seus alunos.

Segundo Amorim (2007), a formação do profissional da educação no século

XX tem como finalidade se desvencilhar do modelo histórico que está arraigado na

profissão, o que causa danos na maneira de ensinar e, consequentemente, na

maneira de aprender do aluno, pois esta “dependência” nas atividades do professor

está ligada ao passado e, mesmo com tantas mudanças no cenário mundial, a

sociedade pouco se preocupou com relação à educação, apesar dos profissionais

docentes se esforçarem, esta visão de que a educação é algo sem compromisso,

lento e que não tem avaliação crítica não é verdadeira. Pode haver alguns

professores que não acreditam nessas mudanças, mas é a minoria, muitos teóricos

da educação e estudiosos trabalham para mudar esta visão deturpada da educação

no Brasil.

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Ensinar é profissão que envolve certa tarefa, certa militância, certa especificidade no seu cumprimento enquanto ser tia é viver em uma relação de parentesco. Ser professora implica assumir uma profissão enquanto não se é tia por profissão. (FREIRE, 1997, p. 09 apud AMORIM, 2007).

O conceito de tia é um símbolo que foi criado pelas primeiras instituições de

ensino, que trouxe desde tempos remotos, quando as crianças eram cuidadas por

mulheres que não tinham nenhuma qualificação para ensinar só para cuidar, então

ficou esta denominação arcaica que se carrega até os dias atuais.

É bem verdade que a infância estava sendo descoberta nesse momento no velho mundo, resultado da transformação nas relações entre indivíduo e grupo, o que ensejava o nascimento de novas formas de efetividade e a própria “afirmação do sentimento da infância” na qual Igreja e Estado tiveram um papel fundamental. (DEL PRIORI, 2002, p.58 apud AMORIM, 2007).

Este termo tia assim carinhosamente tratado pelas crianças em relação às

professoras é histórico, essa tradição vem passando de geração a geração. Mas

este tratamento não é condizente com o contexto atual, pois a formação dos

profissionais, atualmente, tem uma visão mais aguçada do conhecimento sabe que

está maneira de tratar o professor está um tanto quanto ultrapassada, já que tia é

uma pessoa da família, e não o professor que está a serviço de ensinar. Portanto, o

termo tia é algo que está enraizado na maioria das instituições de ensino do país, o

que prejudica o reconhecimento social pelo profissional da educação, de modo que

nas outras profissões não existe o termo tia.

No primeiro tópico deste artigo, aborda-se um pouco do histórico do professor

da educação infantil no Brasil em relação ao método tradicional de ensinar como

também a propostas ultrapassadas e insuficientes para assistir as crianças de hoje.

Mas esse método ainda persiste, fazendo com que a influência sobre a sociedade

seja algo que perdure. Entretanto, é necessário entender o passado das instituições

para refletir e discutir sobre o profissionalismo do educador, sendo que a capacidade

e a habilidade de cada um foram adquiridas por meio do conhecimento.

O profissional da educação como qualquer outro precisa lutar pelos seus

direitos, conquistar seu espaço em uma profissão tão difícil e precária. Lutar significa

ter um ideal a conquistar e para o professor este ideal é ser reconhecido pelo

esforço do trabalho e do estudo que lhe é exigido ao longo de sua carreira.

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Para Amorim (2007), existem contradições em relação ao estudante que se

forma no curso de Pedagogia no sentido que este tem um propósito de se formar

para educar, de ser um bom professor, todavia, quando o profissional encontra uma

realidade diferente de muito do que se discutiu e refletiu enquanto acadêmico. Sua

realização profissional pós-curso adquire, de certo modo, uma desilusão e

desconforto no exercício da profissão.

Diante dos obstáculos do cotidiano, as boas experiências e os resultados

satisfatórios se devem ao professor que participa e se compromete com o processo

de ensino-aprendizagem. Elaborando propostas e atividades com o objetivo de

aprimorar as capacidades e habilidades de seus educandos.

A relação do passado e presente para o professor significa que pouco foi

mudado, pois a sociedade não muda em relação à educação, e faz do profissional

um enclausurado atrapalhando os seus interesses e suas necessidades de um ideal

que seja valorizado.

A recuperação do sentido de nosso ofício de mestre não passará por desprezar a função de ensinar, mas reinterpretá-la na tradição mais secular, no ofício de ensinar a ser humanos. Podemos aprender a ler, escrever sozinhos, podemos aprender geografia e a contar sozinhos, porém não aprendemos a ser humanos sem a relação e o convívio com outros humanos que tenham aprendido essa difícil tarefa. Que nos ensinem essas artes, que se proponham e planejem didaticamente essas artes. Que sejam pedagogos, mestres desse humano ofício. (ARROYO, 2002, p.54 apud AMORIM, 2007).

A atuação do profissional da educação infantil é complexa, pois exige uma

preparação para ensinar estes menores, este preparo consiste em oferecer a cada

criança ideais que os guiem como valores, ética e convívio com o outro para terem

um envolvimento com a aprendizagem. O professor precisa também ter suas

convicções e fazer valer suas idéias seu ponto de vista para que as ações

pedagógicas tenham sustentação. Com essa mudança, o desenvolvimento da

profissão tornar-se-á evidente e os projetos terão êxito. O profissional precisa

dedicar-se também à sua carreira, não deixando jamais de adquirir conhecimento,

para se atualizar e para desempenhar melhor suas funções.

De acordo com Amorim (2007), os governantes faziam com que a educação

tivesse limites, com o intuito de deixar os alunos adquirir um “conhecimento” que

fosse apenas para alienação, ou seja, submissão. Essa questão perpassa pelos dias

atuais, esta herança do passado traz conseqüências graves para o sistema

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educacional atual, não só para os alunos, mas também para os professores. E tudo

isto provém de uma política que foi e será feita por classes dominantes.

As políticas públicas mostram que, em se tratando de criança, ainda deixam

muito a desejar em relação à educação, por isso o governo impõe maneiras de

“sanar” esses problemas das classes menos favorecidas com algumas

compensações que não poderão jamais substituir a educação. Esta maneira do

governo de ver a educação e de solucionar os problemas tem apenas provocado

mais problemas para a sociedade, independentemente da classe social, como bolsa

escola, bolsa família. Se, em vez de dar estes “benefícios”, o governo repassasse

essa verba para as instituições de educação, talvez houvesse uma melhora

significativa na educação brasileira aos olhos da sociedade e, consequentemente,

dos alunos. Poderiam implantar novos programas dentro das instituições, como

jogos, cursos profissionalizantes, e outras soluções que dependem de recursos e

verbas.

Para que o Brasil se torne um país de primeiro mundo e deixe de ficar no fim

do ranking mundial das pesquisas por uma educação de baixa qualidade é

necessário investir mais e melhor para sair deste patamar de classificação.

Quando se questiona o próprio sentido da escola, sua função social e a natureza da atividade educativa (como conseqüências das transformações e das mudanças radicais tanto no panorama político e econômico como no terreno dos valores, das idéias e dos costumes que compõem a cultura, ou as culturas da comunidade social), nós docentes, aparecemos sem iniciativa, isolados ou deslocados pela avassaladora força dos fatos, pela vertiginosa sucessão de acontecimentos que tornaram obsoletos nossos conteúdos e nossas práticas. Como não podia ser de outra maneira, nós, docentes, vivemos no olho do furacão da inegável situação de crise social, econômica, política e cultural que vive nosso meio no final desse milênio. (PÉREZ GÓMEZ, 2001, p.11 apud AMORIM, 2007).

O professor da educação infantil juntamente com a instituição em que

trabalha deverá criar meios para que as crianças possam interagir e socializar,

levando em consideração que nenhuma criança é igual a outra, também saber

trabalhar a diversidade existente, estabelecendo normas para fins de socialização

com valores e idéias compartilhadas por todos, como corretos e verdadeiros.

O profissional da educação irá fazer uma mediação entre criança e

conhecimento, reorganizando idéias para que a aprendizagem seja completa. A

competência exige esforço, mas é possível dominar esta função quando é

prazerosa. Portanto, comprometer-se com o bem estar e o desenvolvimento integral

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da criança tem um preço, gostar do que faz e fazer com prazer, o que trará bons

resultados.

A construção da aprendizagem para as crianças requer habilidades, pois ela

chega à instituição com um saber do senso comum e o professor é responsável por

esta transformação entre o novo e o velho. Assim a criança pode entender esse

processo por meio dos recursos próprios disponíveis, assim o professor poderá

ampliar o seu conhecimento e o da criança, com novas informações adquiridas

neste contexto.

Segundo Amorim (2007), a aprendizagem é um processo de construção de

significados, em que o professor irá buscar recursos para que a criança compreenda

o objetivo do contexto existente e se aproprie dele. O conhecimento exige uma

reorganização constante, em que a criança traz hipóteses e o professor

problematiza com a intenção de esclarecer e fazer com que ela entenda.

A reflexão do professor não poderá ser apenas como um técnico seguindo

teóricos como uma técnica de ensino, mas trazer para seu campo de trabalho novas

perspectivas, o mais próximo da sua realidade, questionando erros e acertos para

tanto chegar a uma conclusão adequada a situação educacional.

Teoria e prática andam juntas, portanto, quando o professor se apropria da

teoria é preciso também apropriar-se da prática, um exemplo: o acadêmico de

pedagogia precisa auxiliar um professor, estagiar para entender a sua profissão isto

é a relação da teoria com a prática para que a eficácia seja completa.

A educação infantil é uma fase da educação que precisa ser respeitada como

todas as outras, mas com uma significativa diferença, os estudantes são menores e

são mais dependentes da atenção do professor, porque o que esta em questão é a

formação do caráter de futuro cidadãos. Portanto, o profissional para ensinar a

criança precisa estar habilitado com graduação em curso superior. Apesar da

formação do professor e de suas graduações, o reconhecimento social e econômico

continua baixo e com condições de trabalho bastante precárias.

Para Amorim (2007), o governo começou a exigir que o professor tivesse

graduação para ensinar na educação infantil apenas no século XX. Mas a

valorização do profissional não aconteceu em século nenhum. O curso de pedagogia

ficou ridicularizado pela política existente, com aspectos do curso de que a profissão

não exige características sólidas de conhecimento, que mesmo qualquer um que só

esteja pensando em remuneração possa ensinar sem responsabilidade que a

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profissão requer, e isto desvaloriza a classe de profissionais, pois deveria haver

normas para combater esta traição, sendo assim a classe ficaria unida, e teria uma

visão melhor dos professores perante a sociedade e consequentemente da

educação.

Valorizar o profissional da educação é um serviço a ser feito por todos que

estão ligados à educação e pela sociedade. Pois estudar ano após ano em uma

faculdade para ser desvalorizado é uma injustiça sem tamanho, o compromisso que

o professor tem com os alunos e com a sociedade é algo sólido para a construção

de saberes, então é preciso procurar valorizar os avanços e as conquistas destes

bravos e incansáveis mestres.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste trabalho foram apresentados estudos bibliográficos realizados desde

século XVIII até os dias atuais. Foi abordado neste contexto observando-se as

grandes e diferentes fases em que passou a educação e, consequentemente, a

formação do professor da educação infantil.

Pode-se perceber a evolução histórica da educação a partir do

assistencialismo, no início era arraigado o preconceito, pois achavam que só as

mulheres que não tinham nenhum tipo de preparo poderiam ensinar as crianças e

com isso a educação era prejudicada, mas com passar dos anos esta concepção foi

mudando. Na atualidade, é preciso que o professor seja formado e que tenha

graduações para exercer o ofício de educar.

No que tange a educação, pode-se afirmar que, apesar de certas conquistas,

principalmente com a aprovação da LDB nº 9394/96, não foram resolvidos

problemas existentes que, historicamente, se arrastam com o passar dos anos, tais

como: falta de verbas e recursos para as escolas, professores despreparados e com

isso, consequentemente, atrasos em todas as áreas da educação são evidentes. A

desvalorização do professor de educação infantil perpassa as esferas: institucional,

social e salarial demonstrando o histórico de descaso com a formação do professor.

Observa-se então, que a formação do professor ainda é complexa e a

educação também, por tantos problemas existenciais. Diante das políticas públicas

atuais que contemplam a formação dos docentes para esse nível de ensino,

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constatou-se que existem distorções entre o que se propõe, e o que realmente se

efetiva na prática.

Espera-se que esta pesquisa possa contribuir para a investigação de futuros

acadêmicos, que tenham como foco a formação do professor da educação infantil.

Abstract: This article, titled: Teacher education in early childhood education: an introductory study, we attempted to analyze the formation of teacher education. Aiming to make a historical review regarding the inclusion of early childhood education teacher in Brazil, analyzing the LDB nº 9394/96 concerning the assurance of teacher training in early childhood education, and the academic study of teacher's childhood in the twentieth century. Therefore, this study chose to conduct a literature search using the following authors: Amorim (2007), Kishimoto (2005), Nascimento (2005) and also the LDB No 9394/96. At first, this research aims to examine the history of the introduction of early childhood education teacher in Brazil, later addressed the education of teachers of children in the twentieth century, and finally made up the final remarks. Keywords: Early Childhood Education. Training. Teacher.

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