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Centro Universitário de Brasília Instituto CEUB de Pesquisa e Desenvolvimento - ICPD FABIANA BANDEIRA DOS SANTOS A LINGUAGEM DO JORNALISMO ECONÔMICO IMPRESSO COMO DISCURSO SOCIAL Brasília 2015

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Centro Universitário de Brasília

Instituto CEUB de Pesquisa e Desenvolvimento - ICPD

FABIANA BANDEIRA DOS SANTOS

A LINGUAGEM DO JORNALISMO ECONÔMICO IMPRESSO

COMO DISCURSO SOCIAL

Brasília

2015

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FABIANA BANDEIRA DOS SANTOS

A LINGUAGEM DO JORNALISMO ECONÔMICO IMPRESSO

COMO DISCURSO SOCIAL

Trabalho apresentado ao Centro Universitário de

Brasília (UniCEUB/ICPD) como pré-requisito

para obtenção de Certificado de Conclusão de

Curso de Pós-graduação em Revisão de Texto.

Orientador: Ma. Denise Silva Macedo

Brasília

2015

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FABIANA BANDEIRA DOS SANTOS

A LINGUAGEM DO JORNALISMO ECONÔMICO IMPRESSO

COMO DISCURSO SOCIAL

Trabalho apresentado ao Centro Universitário de

Brasília (UniCEUB/ICPD) como pré-requisito

para a obtenção de Certificado de Conclusão de

Curso de Pós-graduação Lato Sensu em Revisão de

Texto.

Orientador: Profa. Ma. Denise Silva Macedo

Brasília, ___ de _____________ de ______.

Banca Examinadora

_________________________________________________

Prof. Dr. Nome completo

_________________________________________________

Prof. Dr. Nome completo

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DEDICATÓRIA

É para meu marido, Antonio Nascimento Junior, que dedico este trabalho. Hoje, meu maior

incentivador na contínua caminhada pelo crescimento acadêmico e profissional.

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AGRADECIMENTO(S)

À minha orientadora, profa. Dra. Ma. Denise Silva Macedo, pelo conhecimento e

generosidade, sem os quais este trabalho não existiria.

À minha amiga, Vanessa Oliveira, pelo apoio e contribuições nessa pesquisa.

Ao meu marido, Antonio Junior, pelo incentivo e paciência nos momentos de ausência.

E ao meu filho, Lucas Nascimento, minha maior inspiração para todas as conquistas dessa

vida.

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“a desordem monetária, que desde 1972

vem destruindo moedas nacionais e

solapando a cultura do dólar, fez da

economia o núcleo temático do

noticiário jornalístico deste final de

século, deslocando conflitos políticos

para um segundo plano”.

(Kucinski, 1996, p. 14)

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RESUMO

Este trabalho objetiva levantar as peculiaridades linguísticas e estruturais do gênero

jornalismo econômico impresso. Esse estudo do noticiário econômico escrito revela que a

produção de conteúdo promove uma série de ideologias, além de poder apresentar estrutura

textual comprometida, o que se revela por meio da revisão textual. Atualmente, em um

momento de grande crise econômica mundial, apenas uma pequena parte seleta da população

consegue entender, de forma concreta, o que ocorre no mundo econômico. A linguagem

econômica ainda é matéria privilegiada e hierarquizada. Entretanto, essa área é de extrema

importância para a sociedade porque interfere diretamente na vida cotidiana das pessoas. Na

contemporaneidade, a comunicação de massa é a principal forma de informação sobre o tema.

Em outras palavras, a maior parte da população brasileira obtém informações econômicas,

principalmente, por meio da televisão aberta, do rádio, da internet e dos jornais impressos.

Contudo, é no jornalismo impresso que a população pode encontrar abordagens mais

profundas sobre pautas relacionadas à economia. Dos grandes veículos de comunicação, o

jornalismo escrito é o que aborda, com maior profundidade, os temas sociais porque é

produzido com mais tempo e não considera o imediatismo da leitura um aspecto relevante. A

fonte do jornalismo econômico se baseia, predominantemente, em análises feitas por

renomados economistas brasileiros e por magazines internacionais. O jornalismo trabalha com

uma linguagem extremamente técnica e rebuscada, além de ter de usar, periodicamente, a

tradução, principalmente do inglês, para conseguir as informações mais importantes sobre a

temática. Portanto, partindo do pressuposto de que o jornalismo tem a função básica de

informar a realidade para a sociedade de forma clara, alcançando todos os tipos de público,

este estudo visa a analisar dez textos jornalísticos de assuntos econômicos, retirados de

renomados jornais impressos de grande circulação no país para investigar se tal intenção é

alcançada. A metodologia utilizada foi a análise das matérias de acordo com os pressupostos

da Análise do Discurso Crítica e da Revisão Textual. Assim, com este trabalho, concluiu-se

que as matérias jornalísticas econômicas caracterizam-se muito mais por suas funções

comunicativas, cognitivas e institucionais do que por suas peculiaridades linguísticas e

estruturais, as quais são objeto de estudo desta pesquisa.

Palavras-chave: Análise do Discurso. Revisão. Jornalismo Econômico. Sociedade.

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ABSTRACT

This work aims to raise the linguistic and structural peculiarities of the printed economic

journalism gender. This printed economic journalism study reveals that the content production

promotes a lot of ideologies, besides it can present compromised textual structure, which is

revealed through the textual revision. Nowadays, in a time of huge global economic crisis,

only a small select piece of the population understand, concretly, what is going on in the

economic world. The economic language is still a privileged and hierarchical matter.

However, this area is extremely important for society because it interferes directly on people's

daily life. Today, the mass media is the main information form about the subject. In other

words, most part of the brazilian population obtains economic information, mainly, through

broadcast television, radio, Internet and newspapers. Nevertheless, it is in printed journalism

that people can find deeper approaches to guidelines related to the economy. Among the

major media,written journalism is addressing, in more depth, social issues because it is

produced with more time and does not consider the reading immediacy an important aspect.

The source of economic journalism is based, predominantly, on analysis made by renowned

Brazilian economists and by international magazines. Journalism works with a highly

technical and elaborated language, and also have to use, regularly, the translation, especially

in English, to get the most important information about the subject. Therefore, assuming that

journalism has the basic function to inform clearly the reality to the society, reaching all kinds

of audiences, this study aims to analyze ten journalistc texts about economic issues, drawn

from renowned Newspapers of great circulation in the country to investigate if this intention

is achieved. The methodology used was the analysis of materials according with the

assumptions of Critical Discourse Analysis and Textual Review. Then, in this work, it was

concluded that the economic journalistic articles are more characterized by their

communicative, cognitive and institutional functions than by their linguistic and structural

peculiarities, which are a object of study of this research.

Keywords: Discourse Analysis. Review. Economic Journalism. Society.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 09

1 A ECONOMIA 11

1.1 O surgimento da economia e da linguagem econômica 11

1.2 O texto jornalístico como fonte de informação econômica 13

2 ANÁLISE DO DISCURSO 16

2.1 Teoria Social do Discurso: algumas considerações 16

2.2 Relação entre linguagem e sociedade 19

3 REVISÃO DE TEXTO 23

3.1 Revisão de texto no jornalismo econômico 23

4 MEDOLOGIA DE PESQUISA 27

4.1 Panorama geral das reportagens / O corpus / Análise de dados 27

4.2 O vocabulário 28

4.2.1 Vagueza e Ambiguidades 30

4.2.2 Metáforas 34

4.3 A gramática 39

4.4 Estrutura Textual 41

4.4.1 Neologismos no discurso 43

4.5 A ideologia marcada no jornalismo econômico 46

CONSIDERAÇÕES FINAIS 48

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 52

ANEXO A – Matéria 1 54

ANEXO B – Matéria 2 55

ANEXO C – Matéria 3 56

ANEXO D – Matéria 4 57

ANEXO E – Matéria 5 58

ANEXO F – Matéria 6 59

ANEXO G – Matéria 7 60

ANEXO H – Matéria 8 61

ANEXO I – Matéria 9 62

ANEXO J – Matéria 10 63

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INTRODUÇÃO

Poucas pessoas dizem entender sobre economia porque o assunto é considerado

complexo e de difícil assimilação frente aos assuntos da vida diária. Em geral, essa é uma

pauta restrita a especialistas, a profissionais de finanças e de governo e depende de

estatísticas, de gráficos e de fórmulas.

Atualmente, período em que o mundo passa por uma crise econômica, a pauta

econômica aparece com mais frequência nas discussões populares e nos veículos de

comunicação. Entretanto, a população, em sua maioria, costuma apenas ter opiniões imediatas

baseadas nas notícias jornalísticas que, geralmente, trazem temas relacionados ao custo de

vida, a impostos, a gastos públicos e a taxas de juros. Assim, hoje, é cada vez mais importante

se saber um pouco mais sobre economia. No entanto, será que a população consegue mesmo

entender quando os veículos de comunicação informam sobre inflação, crise do mercado

econômico, Produto Interno Bruto (PIB)?

Transmitir tais informações de forma clara para a população é o dever do

jornalismo. A meta de uma reportagem é tornar a informação mais acessível e relevante para

o leitor e abordar o assunto sob determinado ângulo, o que exige organizar tal informação de

modo que o interlocutor a interprete. A tarefa do repórter está, portanto, em conciliar três

aspectos do mesmo fenômeno: indicar o objeto, informar o que é relevante e orientar o texto

em função do ângulo de abordagem.

Este trabalho visa a pesquisar se a atual linguagem do jornalismo econômico

impresso está sendo construída de forma a cumprir sua função social, apontando quais

recursos linguísticos estão sendo utilizados para esse fim. Mais especificamente, visa a

levantar, com base em matérias de assuntos econômicos, quais recursos linguísticos são mais

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comumente usados pelo jornalismo econômico impresso e quais as consequências deles em

relação ao texto, assim avaliando se o discurso encontrado nas matérias se adequa a todo tipo

de leitor. O objetivo maior é levantar as principais características estruturais encontradas no

discurso do jornalismo econômico e também analisar como o jornalismo impresso tem

transmitido a linguagem econômica para as diversas classes da população brasileira. Tais

características e seus efeitos causais serão considerados à luz dos conceitos da Análise do

Discurso (ADC) e da Revisão Textual porque o objetivo aqui é levantar as peculiaridades

linguísticas e estruturais desse gênero textual.

A metodologia utilizada será qualitativa e constituir-se-á da análise panorâmica de

matérias cotidianas publicadas em jornais de grande circulação do país. A base teórica estará

respalda, principalmente, nos conceitos da Teoria Social do Discurso e da Análise de Discurso

Crítica (ADC), formuladas por Norman Fairclough, e da Revisão Textual.

Este trabalho foi estruturado em quatro capítulos. No primeiro capítulo, é

apresentada uma abordagem geral sobre o surgimento e importância da economia brasileira. O

segundo capítulo proporciona uma análise teórica sobre o discurso, com foco nos efeitos da

linguagem jornalística econômica. O terceiro capítulo exibe um pequeno resumo sobre os

principais elementos da Revisão Textual que podem influenciar no discurso estudado, e o

quarto capítulo foca na metodologia de pesquisa, analisando as matérias do corpus com o

objetivo de apontar as principais características e efeitos do discurso do jornalismo econômico

para a população em geral. A última seção apresenta as considerações finais.

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1 A ECONOMIA

O estudo da economia é fundamental para entender o funcionamento de uma

sociedade nos seus aspectos capitalistas. Assim, a economia versa sobre todas as atividades

que, direta ou indiretamente, envolvem recursos, ou seja, praticamente todos os fatores

essenciais para o desenvolvimento humano, como saúde, educação, política, recursos

financeiros do Estado e demais atividades estruturais da sociedade. Por isso, o discurso

econômico é fundamental para entender todos os processos que envolvem a economia de um

país.

Na prática, os veículos de comunicação são a forma mais direita para levar essa

pauta ao conhecimento das pessoas, e o jornalismo impresso oferece informações mais

profundas em relação às questões econômicas do país e do mundo. Entretanto, as reportagens

sobre assuntos mais técnicos como a economia são, geralmente, de compreensão difícil para o

público em geral, deixando a desejar no que se refere a uma linguagem acessível, tendo em

vista a importância da pauta na vida diária da sociedade.

1.1 O surgimento da Economia e da linguagem econômica

A palavra economia vem do grego oikonomia, que significa administração da

casa, e passou a significar o estudo das maneiras de gerir os recursos, mais especificamente, a

produção e a permuta de bens e serviços. Essa área, hoje do conhecimento humano, surgiu

com a evolução das civilizações no mundo antigo, com o fornecimento de bens e serviços às

populações. O escambo foi a primeira forma de negociar, tornando o comércio essencial na

vida das populações. (O livro da Economia, 2013, p. 12)

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A Economia moderna surgiu como disciplina especifica no século XVIII,

sobretudo, com o advento da Revolução Industrial. Com o surgimento das fábricas e da

produção de bens em massa, veio uma nova era de organização econômica, a chamada

economia de mercado. O primeiro grande pensador da economia foi o escocês filósofo Adam

Smith, que publicou, em 1776, A riqueza das nações. A linha de pensamento de Smith era a

da Economia Política. Ele afirmou que o mercado é guiado por uma mão invisível, de modo

que as ações racionais de indivíduos acabam dando, à sociedade, exatamente o que ela

necessita. (O livro da Economia, 2013, p. 12 e p.13)

Na segunda metade do século XX, o centro do pensamento econômico mudou da

Europa para os EUA, que haviam se tornado a superpotência econômica dominante e

adotavam políticas cada vez mais liberais. Depois de Smith, surgiu uma nova geração de

pensadores econômicos que se concentraram apenas na economia, sem ligação com outras

áreas como Política, História, Filosofia e Antropologia. A Economia passa, então, a ter ramos

próprios da disciplina, sendo a macroeconomia e a microeconomia, atualmente, os mais

importantes.

A economia no Brasil sempre esteve ligada à elite. Podemos dizer que o

surgimento da ideia de economia nasceu da visão de Portugal em explorar nossos recursos

naturais. Assim, a economia brasileira surge com uma linguagem hierarquizada, embora,

teoricamente, voltada para os colonos. Logo no início do descobrimento do Brasil, tudo o que

se relacionava a economia estava centralizado nas mãos da monarquia.

Entretanto, atualmente, apesar de o interesse da população em geral pelo assunto

estar crescendo, o tema ainda persiste em ser mais voltado para uma parcela segmentada da

sociedade. A pauta circula com mais facilidade em rodas restritas a profissionais da economia,

de negócios, das finanças e do governo.

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1.2 O texto jornalístico como fonte de informação econômica

De acordo com Sodré (1999), a imprensa no Brasil inicia-se na fase colonial, com

a multiplicação dos textos bíblicos na Alemanha, mas foi na fase industrial que tomou

proporções desmedidas com o aparelhamento dos jornais. O surgimento da classe média, a

evolução tecnológica (a partir da Revolução Industrial) e a educação pública de massa

impulsionaram o desenvolvimento da imprensa. A comunicação de massa, por seu turno,

condensa-se por volta de 1920, logo depois da Primeira Guerra.

Na concepção de Thompson (1999), a mídia se tornou o meio mais importante

para a operação da ideologia nas sociedades modernas, além de ser meio para a produção e a

transmissão de conhecimentos, de ideias e de discursos. Sabemos que, atualmente, a mídia

desempenha um papel fundamental e relevante no cotidiano da sociedade: o de informar e,

consequentemente, de formar opinião, ou seja, os veículos de comunicação ocupam um

espaço importante na compreensão do mundo. Podemos dizer que a imprensa, por meio de

seus discursos, indica os rumos que uma sociedade pode tomar, sendo de tal força, que

influencia nossas atitudes e vidas.

Pode-se dizer que a população se informa sobre economia por meio das notícias

veiculadas pelos meios de comunicação, e no geral, tem suas opiniões baseadas em uma

reação imediata à notícia veiculada pela imprensa. Essa notícia econômica possivelmente foi

pautada por análises feitas por renomados economistas e por magazines internacionais.

Geralmente, os jornalistas, ao construir uma matéria de cunho econômico, contam com o

auxílio de fontes técnicas, internacionais e dependentes de estatísticas, gráficos e fórmulas.

Por isso, matérias de cunho econômico são, geralmente, de difícil compreensão

para o público em geral e exige, do escritor/jornalista, grande habilidade na produção de um

texto de qualidade, de linguagem acessível e com informações precisas, permitindo, ao leitor,

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analisar, com profundidade, todo o contorno do discurso ali envolvido. A elaboração de uma

matéria econômica tem de superar o léxico peculiar da área extremamente técnica, como, por

exemplo, superar os jargões do “economês”, transformando-o em uma linguagem acessível,

mas mantendo as informações técnicas necessárias para o aprofundamento da informação, de

forma a não deixar o texto vago ou impreciso.

Assim, há uma necessidade cada vez maior de compreender as pautas

econômicas que, quase sempre, estão vinculadas a outros assuntos importantes para o

desenvolvimento do país. Ou seja, direta ou indiretamente, temas como educação, saúde,

trabalho e política estão ligados às questões econômicas.

Thompson (1999, p. 345) diz:

Não podemos analisar o caráter ideológico da comunicação de massa

analisando apenas as características organizacionais das instituições da mídia

ou as características das mensagens da mídia. Ao contrário, as mensagens da

mídia devem, também, ser analisadas em relação aos contextos e processos

específicos em que elas são apropriadas pelos indivíduos que as recebem.

No entendimento de Thompson, podemos inferir que o destaque dado aos meios

de comunicação é preocupante e deve ser considerado com cautela, uma vez que eles também

representam interesses pessoais, econômicos, políticos e ideológicos. Eles não apenas

refletem opiniões, mas provocam e contribuem para a formação de visões de mundo.

Nos grandes meios de comunicação de massa – televisão, rádio, jornal impresso e

internet – o texto jornalístico se difere dos outros veículos no que diz respeito à sua produção

e consumo. O texto jornalístico não necessariamente requer leitura imediata e pode

aprofundar detalhes sobre a pauta em questão. Por isso, este trabalho analisará matérias de

jornais impressos, pois eles detêm mais informações e dados e podem ser analisados

profundamente quanto à questão do discurso. A proposta aqui é lançar um olhar para o

jornalismo econômico, entendendo-o também como resultante de um processo de produção,

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de circulação e de consumo de sentidos, considerando todas as etapas que o constituem como

interligadas que resultam na produção de discursos.

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2 ANÁLISE DO DISCURSO CRÍTICA

O foco da Análise do Discurso Crítica (ADC) não é a linguagem como estrutura

ou como ação individual, mas, sim, a linguagem como prática social. De acordo com

Fairclough (2003, p. 24) a linguagem é um elemento do social em todos os níveis: da estrutura

social, das práticas sociais e dos eventos sociais.

Textos como elementos de eventos sociais têm efeitos causais – ou seja,

acarretam mudanças (...) em nosso conhecimento (...), em nossas crenças,

atitudes, valores (...) (RESENDE, 2009, p. 23).

No que diz respeito ao jornalismo econômico, é importante refletir sobre quais os

principais efeitos do discurso desse gênero textual e quais os reflexos que ele pode ter em

relação às pessoas que se valem desses discursos por meio dos jornais.

2.1 Teoria Social do Discurso: algumas considerações

Halliday (1978. p.27) considera que os textos, simultaneamente, representam a

realidade, ordenam as relações sociais e estabelecem identidades. Pela Teoria Social do

Discurso, formulada por Fairclough, pressupõe-se que o texto jornalístico, como outros

textos, é resultante de um processo de produção, de circulação e de consumo de ideias, no

qual todas as etapas que o constituem e por ele são constituídas estão interligadas em um

processo de construção discursiva. Para Fairclough (2001, p. 91),

o discurso é uma prática, não apenas de representação do mundo, mas de

significação do mundo, constituindo e construindo o mundo em significado

(...) o discurso contribui para construir as relações sociais entre as pessoas.

De acordo com Fairclough (2001, p. 90),

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o discurso considera o uso de linguagem como forma da prática social e

não como atividade puramente individual ou reflexo de variáveis

situacionais (...) o discurso é um modo de ação, uma forma em que as

pessoas podem agir sobre o mundo e especialmente sobre os outros como

também um modo de representação.

Fairclough (2001) chama a atenção para um fator interessante ligado à ADC, que

é a tendência de se considerar a linguagem transparente, como, por exemplo, em entrevistas.

Havia uma tendência em acreditar que o conteúdo social de tais dados podia ser lido sem

atenção à própria linguagem e, acresço, ao contexto. Entretanto, segundo ele, tais mudanças e

atitudes estão mudando, os limites entre as ciências sociais estão enfraquecendo, e uma maior

diversidade de teoria e de prática vem se desenvolvendo nas disciplinas, o que alia análises

linguísticas a outros aspectos da vida social, materializando o caráter transdisciplinar da ADC.

Tais mudanças têm-se feito acompanhar por uma virada linguística na teoria social, cujo

resultado é um papel mais central conferido à linguagem nos fenômenos sociais.

Ainda de acordo com Fairclough (2001, p.31),

a abordagem crítica do conceito de discurso é moldado por relações de

poder e ideologias, bem como pelos efeitos construtivos que o discurso

exerce sobre as identidades sociais, as relações sociais e os sistemas de

conhecimento e crença.

A análise de um discurso particular como exemplo de prática discursiva focaliza

os processos de produção, de distribuição e de consumo textual. Todos esses processos são

sociais e exigem referência aos ambientes econômicos, políticos e institucionais particulares

nos quais o discurso é gerado. “Nunca se fala sobre aspectos de um texto sem referência à

produção e\ou a interpretação textual.” (FAIRCLOUGH, 2001, p. 99 e p.102)

Os textos são feitos de forma que a prática discursiva passada, condensada em

convenções, dota-se de significado potencial. O significado potencial de uma forma é

geralmente heterogêneo, um complexo de significados diversos, sobrepostos e, algumas

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vezes, contraditórios, de forma que os textos são, em geral, altamente ambivalentes e abertos

a múltiplas interpretações. Os intérpretes, geralmente, reduzem essa ambivalência potencial

mediante opção por um sentido particular, ou por um pequeno conjunto de sentidos

alternativos. (FAIRCLOUGH, 2001, p. 103). Assim, os textos apresentam resultados

variáveis de natureza tanto extradiscursiva, como discursiva, ou seja, de acordo com a ADC, é

importante abordar a linguagem em termos crítico-realista de causa e seu efeito no mundo

porque alguns textos conduzem a guerras ou à destruição de armas nucleares; outros levam as

pessoas a perder o emprego ou a obtê-lo; outros ainda modificam as atitudes, as crenças ou as

práticas das pessoas. (FAIRCLOUGH, 2001, p. 108)

Em meio a esses textos, está o texto jornalístico que, geralmente, é construído

para informar e também para balizar os leitores na tomada de decisões. Por meio do texto

jornalístico, o leitor conhece os fatos, faz julgamento e interpretação e até toma posição sobre

esses fatos. Além disso, a transmissão das informações jornalísticas pressupõe a relação da

linguagem com a realidade. Desse modo, podemos dizer que a produção de um texto

jornalístico econômico é uma atividade que decorre de um discurso e que figura nas questões

de forma e de significado, sendo aberto a várias interpretações. Podemos também considerar o

texto jornalístico como um discurso que pode mudar o contexto social.

Por veicular grandes volumes de informações e influenciar a opinião pública, é

cada vez mais necessário que o leitor passe a analisar o texto jornalístico com mais

profundidade e que o autor se valha do discurso para obter maior eficácia com seu texto no

sentido de informar. Portanto, podemos dizer que o jornalismo econômico não pode ser

pensado de forma isolada. Nele, estão envolvidos interesses econômicos, eixos de poder,

ideologias e interpretação de diversas formas. Além disso, a ordem sociolinguística de uma

sociedade pode ser estruturada ao menos parcialmente como um mercado em que os textos

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são produzidos, distribuídos e consumidos como “mercadorias” ou “indústrias culturais”,

conforme Bourdieu (1982, p. 94).

Os textos econômicos são de extrema importância, uma vez que a economia de

um país é um fator social relevante para o desenvolvimento de uma sociedade: “a desordem

monetária, que desde 1972 vem destruindo moedas nacionais e solapando a cultura do dólar,

fez da economia o núcleo temático do noticiário jornalístico deste final de século, deslocando

conflitos políticos para um segundo plano” (KUCINSKI, 1996, p. 14). Daí surge a grande

necessidade de uma parcela maior de cidadãos entenderem, de forma clara e real, o que ocorre

com a economia no mundo e, principalmente, no caso deste estudo, no Brasil.

2.2 Relação entre linguagem e sociedade

De acordo com Rodrigues (1994, p. 196):

Hoje, os novos media parecem anular as próprias distâncias, graças à

instantaneidade da difusão da informação. Não é sequer necessário hoje

deslocar-nos para entrarmos em contato com povos e culturas distantes, para

conhecermos a sua própria experiência do mundo e para estabelecermos com

eles relações intensas e permanentes; uma simples ligação às redes

telemáticas parece trazer-nos o mundo inteiro ao domicílio e pô-lo ao nosso

alcance.

Diante dos conceitos já estudados, podemos dizer que o jornalismo é produzido,

circula e é consumido sob a lógica de um mercado simbólico. Desta maneira, negocia espaço

e articula sentidos na tentativa de conquistar, para si, a condição de principal construtor da

realidade.

A questão que deve ser estudada aqui é exatamente esse conceito de realidade.

Tratando-se de texto jornalístico, devemos buscar algum aspecto que seja, pelo menos por

hipótese, verdadeiro, tendo em vista a dificuldade de se apontar, de fato, o que é realidade. É

necessário analisar a natureza dos diversos conceitos de realidade no contexto da linguagem,

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pois não se pode negar a existência dela, mas, sim, questionar como a realidade atua no

mundo constituído pelo usuário da linguagem. É senso comum dizer que a linguagem está,

sim, relacionada com a realidade. Contudo, temos de analisar se uma palavra corresponde ou

não aos fatos, tendo em vista que uma só palavra pode ter vários significados e que esses

significados podem relacionar-se com diversas outras palavras.

A área econômica, especificamente, possui uma linguagem especializada, e a

notícia precisa fazer referência aos fatos, de modo a substituir termos técnicos por expressões

de fácil compreensão. As matérias econômicas, geralmente, utilizam descrições definidas que,

na área econômica, devem ser analisadas à luz do pensamento de Bakhtin (1992). Segundo

ele, todo signo é carregado de ideologia e traz consigo uma posição axiológica do indivíduo

em relação ao que se refere. Por exemplo, dizer “negro” não é o mesmo que dizer “afro”

quando nos referimos a um indivíduo de pele escura e em contextos diferentes. Assim,

buscamos analisar o que estaria implícito nas escolhas lexicais do jornalismo econômico.

Fairclough (2001, p. 14) diz:

Minha motivação em levantar essas questões é a crença de que textos têm

consequências e efeitos sociais, políticos, cognitivos, morais e materiais, e

de que é vital compreender esses efeitos se pretendemos levantar questões

políticas e morais a respeito das sociedades contemporâneas.

Essa visão do autor pode ser relacionada ao texto jornalístico. Uma notícia nunca

é totalmente imparcial, como um retrato fiel da realidade. Isso acontece porque a notícia

depende do jornalista, da sua concepção do mundo, do seu momento histórico e de outros

fatores que alteram o seu ângulo de visão e interpretação de cada acontecimento.

O que é lido no jornal, muitas vezes, é tido como verdade. Uma versão dos fatos é

apresentada e, por vezes, é aceita pelo leitor sem questionamentos. No caso do jornalismo, são

muitas vezes as palavras que permitem, ao leitor, a criar uma opinião sobre determinado

assunto. Esse fato nos leva a refletir sobre a influência da linguagem na realidade social.

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Dessa forma, a relação entre discurso e estrutura social tem natureza dialética,

resultando do contraponto entre a determinação do discurso e sua construção social. No

primeiro caso, o discurso é reflexo de uma realidade mais profunda, no segundo, ele é

representado, de forma idealizada, como fonte social. A constituição discursiva de uma

sociedade decorre de uma prática social que está, seguramente, arraigada em estruturas sociais

concretas (materiais), e, necessariamente, é orientada para elas e não para um jogo livre de

ideias na mente dos indivíduos.

Fairclough (1995) defende o discurso como prática política e ideológica. Como

prática política, o discurso estabelece, mantém e transforma as relações de poder e as

entidades coletivas em que existem tais relações. Como prática ideológica, o discurso

constitui, naturaliza, mantém e também transforma os significados de mundo nas mais

diversas posições das relações de poder. Assim, a linguagem jornalística carrega todo o

conhecimento e as ideologias do escritor, como aponta a ADC que, em linhas gerais, traz uma

abordagem científica transdisciplinar para estudos que se ocupam de alguma forma com a

linguagem como prática social, que não apenas é constituída socialmente, como também é

constitutiva de “identidades, relações sociais e sistemas de conhecimento e crença”.

(FAIRCLOUGH, 1995, p.131)

Este estudo ilustra a preocupação em abordar a linguagem jornalística econômica

em termos crítico-realistas de causa e efeito no mundo, segundo a lógica relacional/dialética

da análise crítica porque qualquer prática, segundo Fairclough (2003), com base em Harvey

(1996), envolve ação e interação; relações sociais; pessoas (com crenças, valores, atitudes,

histórias etc.); mundo material e discurso. Assim, podemos dizer que a ADC enxerga, no

jornalismo econômico, o texto como o principal material empírico para análise, mas a

“atividade científica deve estar também comprometida com níveis mais profundos, suas

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entidades, estruturas e mecanismos (visíveis e invisíveis) que existem e operam no mundo”.

(BHASKAR, 1989, p.12). Para Fairclough (2003, p.14),

A análise textual é inevitavelmente seletiva: em toda análise, escolhemos

responder a determinadas questões sobre eventos sociais e textos, e não a

outras questões possíveis. Há sempre motivações particulares na escolha de

certas questões sobre textos e não outras. [...] Não existe análise ‘objetiva’

de um texto, pois não é possível descrever simplesmente ‘o que está lá’ sem

a participação ‘tendenciosa’ da ‘subjetividade’ do analista. [...] nossa

capacidade de saber ‘o que está lá’ é inevitavelmente limitada e parcial, e a

questão que procuramos responder deriva necessariamente de motivações

particulares.

Nesse sentido, a revisão de texto pode ser uma grande aliada no correto entendimento do

leitor.

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3 REVISÃO DE TEXTO

É comum nos depararmos com erros encontrados nos jornais periódicos. Deslizes

gramaticais, parágrafos incompletos, frases sem sentido e incoerências aparecem todos os dias

e poderiam ser evitados com uma boa revisão textual, cuja função, além de procurar falhas

gramaticais ou da norma culta, também é dar sentido ao que é dito. Porém, por mais que a

estrutura jornalística ofereça a possibilidade da revisão, não é o que sempre ocorre nas

redações. Muitos textos são produzidos de forma impensada pelo jornalista ou de forma

acelerada em função da urgência na publicação.

A linguagem jornalística deveria ser uma preocupação constante das pessoas

envolvidas em tais meios de comunicação, pois o objetivo dos jornais, além de simplesmente

informar, é oferecer informação acessível, eficiente e crível. Essas características são obtidas

por meio de um texto de qualidade, com coerência e clareza dos dados. Uma notícia mal

elaborada pode ter consequências nem sempre positivas, por conta de um erro de informação,

de uma frase mal colocada ou de uma expressão mal utilizada.

3.1 Revisão de texto no jornalismo econômico

O jornalismo econômico, com sua linguagem rebuscada, em um primeiro momento,

parece soar com perfeição, mas, geralmente, apresenta um discurso incompreensível para a

maioria dos leitores. A revisão de texto pode ser uma grande aliada no objetivo de trazer

clareza a esse gênero textual, por exemplo, identificando termos complexos ou palavras

confusas e abstratas que são recorrentes no jornalismo econômico e que acabam prejudicando

a mensagem em vez de esclarecê-la.

A tarefa de revisar um texto, além de corrigir regras gramaticais, é tornar sua

mensagem entendível e convincente para os seus leitores. Esse trabalho do revisor exige

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tempo e disciplina, ações pouco valorizadas nas redações jornalísticas. De acordo com Malta

(2000, p. 15):

a ausência do revisor na retaguarda das redações, aliada à rapidez de

veiculação das notícias são as responsáveis pelos 1absurdos que

encontramos diariamente nos jornais’.

Estabelecendo um diálogo entre a ADC e a Revisão Textual, retomo Fairclough

(2001) que, na análise textual, adota sete itens a serem observados em duas dimensões

distintas. A primeira dimensão é o texto, no qual a análise pode ser organizada em quatro

itens: vocabulário, gramática, coesão e estrutura textual. A segunda dimensão é a análise da

prática discursiva, composta por três partes: a força dos enunciados, a coerência e a

intertextualidade dos textos.

A análise do vocabulário refere-se à significação de palavras (aspectos políticos e

ideológicos do léxico), ao sentido das palavras e às metáforas utilizadas. Na acepção geral do

termo, gramática refere-se ao conjunto de regras de uma língua. Segundo Perini (2007, p.

21), "descrever as formas da língua (isto é, fonologia, morfologia e sintaxe) e explicitar o

relacionamento dessas formas com o significado que veiculam (semântica) são os objetivos de

qualquer gramática". Além disso, na gramática, são observados os modelos e as estruturas das

orações, atentando-se para a construção de identidades sociais, de relações sociais e de

conhecimento e crença.

A função da coesão é mostrar de que forma as orações e os períodos estão interligados

no texto. De acordo com Fairclough (2001), a coesão deve ser interpretada como parte do

processo de construção textual. A estrutura textual aborda o planejamento do texto. O modo

como os elementos são combinados pode contribuir para a construção do eu ou de identidades

sociais. A força dos enunciados depende dos tipos de fala por eles constituídos. O contexto é

importante para se interpretar a força de um enunciado. A coerência retrata o sentido do

texto. Fairclough (2001, p. 171) diz:

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os textos postulam sujeitos intérpretes e implicitamente estabelecem

posições interpretativas para eles que são ‘capazes’ de usar suposições de

sua experiência anterior, para fazer conexões entre os diversos elementos

intertextuais de um texto e gerar interpretações coerentes. Não se deve

entender com isso que os intérpretes sempre resolvam plenamente as

contradições de textos.

A intertextualidade analisa as relações de um texto considerando outros que lhe

são recorrentes.

Para os fins deste estudo, importa analisar os itens que mais interferem no

discurso do jornalismo econômico: o vocabulário, a gramática e a estrutura textual/coerência.

É comum encontramos, no jornalismo econômico, erros ou falhas no uso ou na estrutura

desses itens linguísticos, os quais afetam diretamente o entendimento da linguagem

econômica pelos leitores.

Levando-se em conta a relevância das pautas econômicas para a sociedade, os

jornais deveriam se preocupar mais em oferecer informações claras, detalhadas e corretas,

respeitando todos os tipos de leitores. Por isso, seria muito importante o trabalho do revisor

nos textos de matérias econômicas. Esse cuidado da revisão textual em diminuir a quantidade

de erros gramaticais ou ortográficos e em dar sentido e coerência ao texto é fundamental e

indica maior preocupação com a transmissão da notícia e, principalmente, com o

entendimento do leitor.

Podemos considerar o jornalismo o principal elo de comunicação entre a economia e a

população. Por isso, as empresas jornalísticas, bem como os jornalistas deveriam ter mais

consciência de que trabalham com informação de massa e que a qualidade de um texto está

indissociavelmente ligada ao correto e respeitoso uso da língua. Assim, a presença de

revisores nas redações seria uma forma de manter a qualidade do texto, facilitando o

entendimento das matérias.

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Além disso, em qualquer gênero textual, a revisão de texto deve, inclusive, aparar os

traços ideológicos impregnados na maioria das matérias, ou seja, o revisor tem de considerar

também questões ideológicas, pois o que o jornalismo veicula tem impacto direto na forma

como o mundo é visto e entendido. De acordo com Thompson (1995, p. 76): “Estudar a

ideologia é estudar as maneiras como o sentido serve para estabelecer e sustentar relações de

dominação”. Assim a revisão de texto deve ter uma visão crítica, levando em consideração os

aspectos gramaticais escritos, a construção de sentido e seus efeitos discursivos no contexto

social.

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4 MEDOLOGIA DE PESQUISA

A metodologia utilizada no presente trabalho será qualitativa e constituir-se-á da

análise de dez reportagens econômicas de renomados jornais do país. O objetivo é apontar as

características linguísticas que mais se sobressaem nesse gênero textual. Essa é uma tarefa

necessária para situar o universo do discurso do jornalismo econômico em relação às

abordagens teóricas desenvolvidas ao longo dos capítulos anteriores.

Os conceitos da Teoria Social do Discurso e da Análise de Discurso Crítica (ADC),

formuladas por Norman Fairclough, e da Revisão Textual compõem a principal base teórica

deste trabalho, pois essas áreas se propõem a analisar, de forma crítica, a estrutura, o discurso,

o poder e o controle que se manifestam por meio da linguagem desse gênero textual. Ou seja,

a proposta da pesquisa descrita acima é fundamental para a análise dos efeitos do discurso

econômico sob o ângulo de seus leitores.

Assim, o exame das matérias foi indicando a possibilidade de se identificar os três

principais traços que interferem mais fortemente no gênero textual aqui estudado. São eles: o

vocabulário, a gramática e a estrutura textual/coerência.

4.1 Panorama geral das reportagens / O corpus/ Análise de dados

A economia sempre exerceu um papel importante em todas as sociedades, sendo

imprescindível no desenvolvimento mundial, além de estar em permanente ebulição,

tornando-se palco de grande dinamismo lexical. Para investigar os efeitos causais desses

textos, o corpus deste estudo é constituído de dez matérias econômicas retiradas dos jornais

impressos: Correio Brasiliense, O Globo e Valor Econômico. A escolha desses veículos se

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deu em função de serem jornais de grande circulação na capital do país, de público intenso e

de conceito em termos de economia, respectivamente.

As matérias escolhidas foram retiradas entre os meses de julho e outubro de 2014,

três meses que antecederam as eleições no país. O período foi escolhido por se tratar de um

momento no qual a população parecia mais preocupada com o futuro econômico do país em

ano de eleições. Além disso, todos os textos são de domingo, uma vez que os jornais

impressos apresentam notícias mais completas nos cadernos especiais de fim de semana. Esta

pesquisa buscou aproximar-se o mais profundamente da análise empírica desses textos

jornalísticos, com a finalidade de questionar as consequências do discurso do texto econômico

sob o ângulo do leitor.

4.2 O vocabulário

O vocabulário do jornalismo econômico é marcado pelo conhecido “economês”,

uma linguagem praticada nos jornais que estabelece processos comunicacionais com base em

termos como “superávit primário”, “curva de juros”, “contratos de câmbio”, “ações”,

“derivativos”, “títulos públicos”, “dívida pública”, entre outros termos técnicos e palavras

estrangeiras como swap, rating e commodities.

Esse vocabulário está visivelmente ligado a aspectos políticos e ideológicos, o que

significa dizer que o jornalismo surgiu com o desenvolvimento das relações capitalistas, no

bojo da cultura de massa, e expressa, hegemonicamente, uma série de ideologias que

contornam a questão capitalista do jornalismo, ou seja, o capitalismo produziu a necessidade

de um gênero de informação (jornalismo) - por meio do qual também reproduz as bases

econômicas e ideológicas do sistema.

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Com base nas premissas teóricas estudadas, percebemos claramente que a

atividade jornalística propriamente dita anda paralelamente aos interesses econômicos

políticos e ideológicos tanto das empresas de comunicação, como dos jornalistas. Entretanto,

as questões capitalistas, políticas ou ideológicos não necessariamente são sinônimos de

manipulação ou de alienação. Ao contrário, elas podem oferecer amplas possibilidades de

uma apreensão viva e crítica da realidade social.

O vocabulário como significação de palavras (aspectos políticos e ideológicos do

léxico), segundo Lage (1997), indica a existência de uma tensão entre as determinações

ideológicas e manipulatórias do jornalismo e as potencialidades técnicas que ele desperta, em

consonância com as necessidades de informação colocadas pela sociedade moderna. Garcia

(2006, p. 175) analisa o vocabulário quanto ao sentido das palavras. Segundo ele,

a importância do vocabulário é que, se apenas o conhecimento de palavras

não é suficiente para a expressão do pensamento, torna-se igualmente estulto

presumir que basta estudar gramática para poder falar e escrever

satisfatoriamente (...) Não obstante, quase todos nós por vício, tradição ou

comodismo, achamos mais fácil e mais simples dar e mandar decorar mil e

uma regrinhas gramaticais malsinadas e inúteis, que não vão muito além do

mínimo indispensável ao manejo correto da língua. O que acontece é que

não sobra tempo para o resto - e infelizmente é nesse resto que está o

essencial.

Garcia diz ainda (2006, p. 176):

A linguagem ideal seria aquela em que cada palavra (significante) designa

ou aponta apenas uma coisa, corresponde a uma só ideia ou conceito, tivesse

um só sentido (significado). Como tal não ocorre em nenhuma língua

conhecida, as palavras são, por natureza, enganosas, porque polissêmicas ou

plurivalentes (...) O que determina o valor das palavras é o contexto.

Além disso, entender o sentido expresso no discurso do jornalismo econômico

requer, entre outras habilidades, conhecimentos linguísticos capazes de diferenciar recorrentes

vaguezas e ambiguidades encontradas nos textos econômicos. A interpretação depreende-se

de uma série de fatores nos quais a familiaridade estabelecida pelo contato assíduo com a

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leitura surge como fator preponderante. À medida que nos tornamos leitores praticantes,

paulatinamente, desenvolvemos nossa capacidade de desvendar o sentido estabelecido em

meio às entrelinhas textuais.

De acordo com Garcia (2006, p. 8), no que se refere ao vocabulário:

o mais importante é a escolha da palavra exata, de sentido específico (...)

portanto, quanto mais variado e ativo é o vocabulário disponível, tanto mais

claro, tanto mais profundo, e acurado é o processo mental da reflexão.

O autor analisa que a existência de similitudes no mundo objetivo, a incapacidade

de abstração, a pobreza relativa do vocabulário disponível em contraste com a riqueza e a

numerosidade das ideias a transmitir e ainda, o prazer estético da caracterização pitoresca

constituem as motivações da metáfora, que interfere substancialmente o sentido do texto.

4.2.1 Vagueza e Ambiguidade

Para uma parte dos leitores, o que se lê em um jornal pode parecer completo e

esclarecedor, mas, ao analisar mais profundamente um texto, podemos perceber que os termos

ali postos podem confundir, iludir, enganar e persuadir o leitor. Ou seja, podemos concluir

que aquilo que não é óbvio (como a vagueza e a ambiguidade) favorece a manipulacão ou, no

minímo, a dúvida ou a incompreenção.

No caso dos textos analisados, foi possível encontrar mais o uso de

ambiguidades referenciais, e não sintáticas, uma vez que esta é constantemente evitada por ser

considerada erro gramatical. Além disso, encontramos casos de duplo sentido, além de casos

recorrentes de vagueza, referentes à incompletude das sentenças.

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Figura 1 – Ofensa sem sentido

Fonte: (O Globo, 12/10/14, p. 33).

Como exemplo da ambiguidade podemos citar o trecho acima da matéria de

número 1, parágrafo 1 (matéria completa no anexo): “Não haveria política social que

funcionasse sem a vitória sobre a hiperinflação, e ela foi derrotada por economistas que são

do PSDB ou se identificam com o partido. (O GLOBO, 2014, p. 33).

O pronome “ela” tanto pode significar a política social, como a hiperinflação. Daí

a ambiguidade, pois remete a mais de um significado. Verificamos que a ambiguidade, neste

caso, interfere na transmissão da informação de forma a modificar o fato ocorrido. A sentença

que se apresenta abre possibilidade a duas interpretações. Importante ressaltar que, quando se

trata de resolver uma ambiguidade lexical, o mais importante é que o fenômeno deve ser

relacionado à sentença em que a palavra ocorre e ao contexto em que o enunciado se insere,

dando ao leitor a possibilidade de entender o que exatamente se quer dizer.

A vagueza é uma tarefa difícil de definir em um texto devido às várias

concepções que lhe é dada. De acordo com Frege (1978, p. 65), a definição de um conceito

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tem de ser completa; tem de determinar, de modo não ambíguo, o que exatamente ele é ou o

quer dizer.

Para ele, em todo caso, a existência de vagueza na linguagem é vista como um

defeito. “Um conceito que não é definido de modo exato é algo a que erradamente se chama

um conceito”. Ou seja, a vagueza ocorre quando existem casos nebulosos em que a aplicação

do termo não é conclusiva por falta de evidência (a evidência empírica não pode ser

encontrada ou as evidências linguísticas são insuficientes, em função do modo de aquisição e

de uso da linguagem).

Na análise dos dados deste trabalho, a vagueza foi analisada principalmente

dentro do conceito de Russell (1923), que não distingue termos vagos e termos ambíguos,

uma vez que uma expressão ambígua, intuitivamente, é uma expressão “equívoca” (com mais

de um sentido). A teoria de Russell considera que todo termo de um sistema de representação

deve manter uma relação unívoca com os termos do sistema representado. O conceito de

vagueza, recobrindo o vago e o ambíguo, explica-se pelo pressuposto da homologia entre as

estruturas lógicas e os fatos que elas representam. Uma estrutura lógica deve representar

apenas um estado de coisas. Essa relação de um-a-um entre o sistema de representação e o

sistema representado obedece ao postulado da determinação do sentido. Segundo Russell,

quando uma expressão não se refere a apenas um fato do mundo, mas a um conjunto de fatos,

ela é vaga.

Entretanto, outros autores como Black (1937), Quine (1960) e Fine (1975)

tentaram diferenciar vago de ambíguo, estabelecendo, de um ponto de vista lógico, diferenças

entre esses dois conceitos. Eles definem as seguintes diferenças principais:

a) a ambiguidade é um acidente, a vagueza é intrínseca à linguagem. É um acaso

da evolução linguística que “manga” signifique ora uma fruta, ora uma parte de uma peça de

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vestuário. Por outro lado, a vagueza é inerente às línguas naturais, em função das condições

de percepção e de conceptualização.

b) a ambiguidade envolve apenas um certo número de palavras, ao passo que a

vagueza atinge (potencialmente) todas as expressões. Porém, nem todas as palavras são

afetadas da mesma forma pela vagueza. Existem graus de vagueza.

c) a ambiguidade pode ser eliminada por um processo finito de desambiguização,

ao passo que a vagueza indica os modos de tomar uma expressão vaga mais precisa.

Tanto a vagueza, quanto a ambiguidade podem acarretar incoerências.

Figura 2 – Mercados se ajustam a um cenário menos otimista

Fonte: (Valor Econômico, 17/10/14, A11)

Como exemplo da vagueza podemos citar o trecho acima da matéria de número

2, parágrafo 1 (matéria completa no anexo): “Após uma calmaria de meses, os mercados

financeiros iniciaram mais uma etapa de ajuste de preços dos ativos, cuja profundidade e

duração são, por natureza, incertas.” (VALOR ECONÔMICO, 2014, A11).

Todo o parágrafo está vago. Podemos nos perguntar, por exemplo, quantos meses

duraram a calmaria? O que significa o preço dos ativos? Porque a profundidade e a duração

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dos preços dos ativos são incertas? Diante de todas essas incertezas, temos aqui vários termos

vagos que deixam entrever inúmeras interpretações e dúvidas.

4.2.2 Metáforas

A maioria dos jornalistas busca uma prática textual que fuja da superficialidade e

que humanize os fatos objetivos, buscando meios para que o leitor, já em um primeiro

momento, interesse-se e se identifique com o que está no texto. Por isso, os jornalistas de

matérias econômicas, recorrentemente, utilizam-se de metáforas para tentar aproximar o texto

da realidade do leitor.

Lage (1997) afirma que a linguagem jornalística ideal deve conciliar comunicação

eficiente com aceitação social. Conforme o autor, no jornalismo impresso, a linguagem

utilizada deve ser um denominador comum para que todos os leitores possam compreender o

que o jornalista diz. Tanto o menos letrado quanto o mais culto deve compreender a

linguagem utilizada porque é crucial que a notícia seja entendida pelo leitor. Como o jornal é

direcionando para pessoas de todas as classes sociais e de todos os níveis de escolaridade, sua

escolha de palavras deve ser criteriosa e se aproximar do popular. Para tanto, as figuras de

linguagem são bastante úteis.

Segundo Bastos (1997), as figuras de linguagem são recursos utilizados para

imprimir mais força, vivacidade e colorido ao pensamento. Ou seja, representam recursos não

convencionais que o falante ou escritor cria para dar maior expressividade à sua mensagem.

As metáforas, por exemplo, são utilizadas para expressar ideias que seriam difíceis de serem

explicadas de forma literal. Necchi (2007), por sua vez, aponta alguns recursos característicos

do jornalismo, como a profunda observação, a imersão na história a ser contada, a fartura de

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detalhes e de descrições, textos com traços autorais, reprodução de diálogos e uso de

metáforas.

Nas matérias analisadas, buscou-se perceber quais as implicações que o uso

metafórico pode ter para os textos econômicos, uma vez que, hoje, o uso da metaforização

tornou-se tão corriqueiro que, durante a leitura, não percebemos as construções metafóricas,

muito menos os efeitos delas, principalmente, no contexto da análise econômica. Por isso, há

que se estudar em que medida essa ampliação de uso de metáforas é utilizada e se beneficia

ou se prejudica o mais interessado no resultado final de todo esse processo, no caso, o leitor.

Fiorin (2008, p.71) define metáfora como “o emprego de uma palavra concreta

para exprimir uma noção abstrata, na ausência de qualquer elemento que introduz

formalmente uma comparação”.

De acordo com Lakoff e Johnson (1980, p. 45):

A metáfora é, para a maioria das pessoas, um recurso da imaginação poética e

um ornamento retórico – é mais uma questão de linguagem extraordinária do

que de linguagem ordinária. Mais do que isso, a metáfora é usualmente vista

como uma característica restrita à linguagem, uma questão mais de palavras

do que de pensamento ou ação. Por essa razão, a maioria das pessoas acha

que pode viver perfeitamente bem sem a metáfora. Nós descobrimos, ao

contrário, que a metáfora está infiltrada na vida cotidiana, não somente na

linguagem, mas também no pensamento e na ação. Nosso sistema conceptual

ordinário, em termos do qual não só pensamos, mas também agimos, é

fundamentalmente metafórico por natureza.

Para a Teoria da Metáfora Conceptual (TMC), o uso da metaforização tem o

intuito de facilitar a compreensão de conceitos abstratos ou complexos, que são mais bem

compreendidos em termos de domínios concretos. A TMC também deslocou a metáfora do

âmbito da linguagem para âmbito do pensamento. “Outrora se tomava a metáfora apenas

como uma função estilística, ornamental, mas ela não significa apenas trocar palavras, como

figura de linguagem, é um recurso cognitivo” (VENEZA, 2010, p. 6), que necessita da

ativação de conhecimentos para ser compreendida. Fiorin (2008, p. 86), por seu turno,

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defende que a metáfora é um procedimento de construção do sentido, pois os tópicos do texto

“vão se encadeando metaforicamente”.

O foco deste trabalho nas consequências do uso de metáforas nos textos do

jornalismo econômico se justifica por motivos sociais e metodológicos. Importante ressaltar

que algumas expressões metafóricas foram incorporadas há tanto tempo pela linguagem

comum e mesmo pelo léxico oficial que perderam grande parte de seu impacto de novidade

semântica, de reorganização criativa do pensamento. Em contraste, há aquelas em que o uso

da terminologia científica ainda produz um choque semântico consciente, gerando novas

percepções, analogias e mudanças conceituais.

Figura 3 – Hora de reencontrar a rota do crescimento

Fonte: (Correio Braziliense, 19/10/14, p.12)

Como exemplos de metáforas, podemos citar os trechos da matéria acima de

número 3, parágrafo 1 (matéria completa no anexo): “Houve épocas em que o crescimento

econômico do Brasil fazia inveja a todos (...) a economia encolheu (..) o recuo brasileiro foi

menor (...) o avanço já foi todo corroído. (CORREIO BRAZILIENSE, 2014, p.12)

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A metáfora, conforme Passos e Fonseca (2011), constitui uma ferramenta

eficiente para a transmissão de informações e para a codificação do conhecimento cultural.

Nesse sentido, as metáforas possibilitam a compreensão da informação extraída por

complexos processos de experiências partilhadas culturalmente, uma forma da mídia para

ampliar, semanticamente, o ato comunicativo e fazer valer seu discurso.

Para Lage (1997), as metáforas têm lugar cativo na linguagem jornalística, pois

desempenham o papel importante de transformar assuntos de cunho científico em uma

linguagem simples e acessível. Coimbra (1999) afirma que as restrições de tempo e de espaço

levam o redator à necessidade de utilizar uma linguagem acessível ao público para comunicar

ideias complexas. Com base nessas afirmações e nos resultados obtidos, é possível, então,

concluir que o trabalho jornalístico, em seu fazer, tem a preocupação de conceituar

metaforicamente a vida cotidiana, nos textos direcionados a seu público.

Entretanto, algumas metáforas analisadas neste trabalho são difusoras de

vocabulário científico. O uso dessas metáforas científicas pelos jornalistas, muitas vezes,

podem produzir um resultado ambíguo ou de imprecisão.

De acordo com as palavras de Nilce Sant’Anna (2000, p. 102):

Digamos apenas que as metáforas têm o poder de apresentar as ideias

concreta e sinteticamente, podendo não só intensificar como dissimular os

fatos. Na atribuição de juízos de valor ela se presta admiravelmente ao

exagero, quer na exaltação, quer na depreciação, e tem um papel importante

na expressão da ironia. A não ser na linguagem científica [...], ela está em

todos os usos da linguagem, com os mais variados graus de expressividade e

impacto. E mesmo as metáforas mais pobres, mais desgastadas, sempre

indicam que o falante tenta dar às suas palavras um mínimo de emoção e

vivacidade.

No caso das metáforas científicas, por um lado, haverá uma difusão de certo

vocabulário que poderia facilitar a aprendizagem informal de certos conceitos. Por outro, o

uso metafórico implica que o sentido técnico não está sendo necessariamente respeitado. Ou

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seja, embora o uso metafórico contribua para que um termo científico seja mais usado ou

conhecido pela população, também contribui para que tais termos sejam usados de forma

equivocada no contexto técnico. Os sentidos metafóricos poderiam interferir com a

aprendizagem ou a fixação do sentido técnico do termo no contexto da aprendizagem formal.

Exemplo, na matéria 3: “Com a taxa de investimento a 17%, a gente não vai

crescer a 5%. A gente precisa aumentar isso, é uma das nossas grandes preocupações”.

(CORREIO BRAZILIENSE, 2014, p.12)

O caso da frase acima seria, então, um exemplo tanto do efeito facilitador, como

de interferência produzido por metáforas cotidianas. Ou seja, um termo técnico pode ser

construído com base em termos totalmente coloquiais, o qual, neste caso, terá um sentido

técnico. “A economia não vai melhorar” foi substituído de forma coloquial para “a gente não

vai crescer”.

O uso de metáforas é extremamente comum em quase todos os tipos de

linguagens. Todos nós usamos metáforas, não apenas como recurso expressivo, para tornar

nosso discurso mais comunicativo ou claro, mas, sim, porque o pensamento e o ato da

cognição são profundamente metafóricos.

Com a análise das matérias, foi possível perceber que as metáforas agem

mentalmente e, na essência, são construções argumentativas. Entretanto, explicá-las é bastante

complexo, pois é preciso buscar o sentido que o jornalista/escritor quis conceber. No caso do

jornalismo econômico, também foi possível identificar que as metáforas são construções

argumentativas porque as construções metafóricas encontradas pretendem persuadir ou

argumentar em favor da nova definição da expressão, originando encadeamentos

argumentativos que lhe dão sentido. A análise do corpus demonstrou que a ocorrência

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metafórica no jornalismo econômico é ampla e significativa e que tem como principal

funcionalidade estruturar um conceito em termos de outro, com o intuito de facilitar a

compreensão do leitor. Essa funcionalidade justifica-se pelo expressivo uso das metáforas

estruturais no objeto de análise.

Diante do exposto, é preciso estar atento às metáforas tanto em nossa fala, quanto

na nossa escrita. Torná-las visíveis e criticá-las é importante, uma vez que elas também

podem confundir, constranger, limitar e enganar nossos pensamentos.

4.3 A gramática

Nas matérias analisadas, foram poucos os erros gramaticais identificados. Os

jornalistas, em geral, apresentaram muito cuidado nas questões ortográficas. Os mais

recorrentes foram problemas relacionados à coesão e à coerência textuais, que representam

outro problema em relação ao sentido do discurso.

Toda mensagem deve ser inteligível, diz Cohen (Structure du langage poétique, p.

105-6). Garcia (2006, p. 33) defende que cada qual é livre para dizer o que quer, mas sob a

condição de ser compreendido por aquele a quem se dirige. Linguagem é comunicação e nada

é comunicado se o discurso não é compreendido.

a ausência de gramaticalidade muito precária significa ausência de

inteligibilidade. Mas a simples gramaticalidade, o simples fato de algumas

palavras se entrosarem segundo a sintaxe de uma língua para tentar

comunicação não é condição suficiente para lhes garantir inteligibilidade”

(GARCIA, 2006, p. 34).

Garcia (2006, p. 35) conclui ainda que não basta que a frase seja gramatical para

ser inteligível. Importa ainda que ela preencha outras condições, apresente outras

características, entre as quais, sobressaem as que apontamos a seguir com propósito

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exclusivamente didático. Importa, enfim, que ela, além da condição de gramaticalidade:

1. Exclua duplicidade de informação (ambiguidades léxicas).

2. Exclua tautologias nulificadoras de significado, inclusive as que resultam da

ignorância da significação de determinada palavra.

3. Exclua incongruências (incompatibilidades, impertinências, incoerência)

semânticas.

A maior parte das matérias analisadas está em conformidade com as regras

gramaticais, mas partes delas não são inteligíveis, como, por exemplo, a matéria de número

4 (matéria completa no anexo):

Após dois trimestres seguidos de queda da atividade, o Instituto Brasileiro de Economia da

Fundação Getúlio Vargas (Ibre-FGV) avalia que o maior número de dias úteis e a base de

comparação muito baixa vão favorecer o crescimento no terceiro trimestre, mas não o

suficiente para recolocar o Produto Interno Bruto (PIB) em trajetória positiva, devido a

entraves estruturais. (VALOR ECONÔMICO, 2014, A4)

Apesar de o jornalista não ter cometido nenhum erro gramatical, o texto não

oferece comunicação eficiente, nem inteligibilidade, devido à falta de compreensão do que se

quer dizer.

Figura 4 – Ibre prevê estagnação no terceiro trimestre

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4.4 Estrutura textual

Segundo Garcia (2006, p.287), em geral, escrevemos à medida que as ideias nos

vão surgindo. Contudo, como nosso raciocínio nem sempre é lógico, ocorrem lapsos, hiatos e

deslocamentos extremamente prejudiciais à clareza do texto. Para evitar esse inconveniente,

torna-se necessário planejar o desenvolvimento das ideias, pondo-as em uma ordem adequada

ao propósito da comunicação.

Ainda de acordo com Garcia, a correção gramatical é, sem dúvida, uma das mais

importantes qualidades do estilo, mas nem sempre a mais importante: uma composição pode

estar absolutamente correta do ponto de vista gramatical e revelar-se absolutamente

inapropriada. Os defeitos mais graves em um texto decorrem menos dos deslizes gramaticais

que das falhas de estruturação da frase, da incoerência das ideias, da falta de unidade, da

ausência de realce.

A coesão, a coerência e o encadeamento de ideias é que garantem um texto claro

objetivo e compreensível. O ideal é que todas as suas partes estejam interligadas e o conjunto

consiga mostrar ao leitor uma informação consistente, objetiva e clara, que dão fluência e

lógica ao texto. A coesão é uma articulação entre as várias partes do texto, um processo que

permite que se recuperem tanto termos já referidos em outras frases, quanto em outras

sequências textuais. Essa articulação é chamada de rede de relações, que responde pelo

sentido geral do texto. Assim, as marcas coesivas permitem ao leitor se orientar pelo caminho

da leitura, facilitando-lhe a compreensão geral do texto e das ideias nele contidas.

A coerência textual é uma exigência de estabelecer sentido ao texto, de investir

na progressão de ideias e no desenvolvimento de raciocínio lógico, ou seja, a coerência

textual permite construir uma unidade semântica que construa um texto progressivo e sem

contradições, um texto que traga informações compatíveis com os dados da realidade e com o

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leitor a quem ele se destina. Diretamente relacionado à coerência textual, está o

encadeamento lógico de ideias, que garante, ao texto, clareza e adequação de termos e de

ideias, garantindo uma progressão na leitura.

Em algumas matérias analisadas, também foi possível encontrar falta de

coerência entre as ideias, dificultando obter unidade de clareza na informação. No exemplo

da matéria 5 (matéria completa no anexo), é possível encontrar um texto com toda a sua

estrutura imprecisa, demonstrando tanto falta de coesão, como de coerência, além de ausência

de lógica nas ideias. Cito os três primeiros parágrafos do texto:

Os mercados de capitais estão ‘mais ou menos certos’ sobre os rumos da política monetária

americana, ao prever uma elevação dos juros por volta de meados do ano que vem, mas a

Federal Reserve vai se guiar pelos dados econômicos, reiterou na quinta-feira o vice-

presidente da instituição Stanley Fischer. Se os números forem diferentes do que projetado

pelo Fed, o Banco Central Americano dirá coisas diferentes, afirmou ele, ao participar de um

debate sobre a economia global. ‘Não é complicado’.

Questionado sobre qual a sua definição de ‘tempo considerável’, Fischer disse, não sem

ironia, que é algo ‘entre dois meses a um ano’. Em sua primeira entrevista coletiva como

presidente do Fed, Janet Yellen afirmou que, para ela, ‘um tempo considerável’ significa algo

‘como seis meses’. Na época isso foi considerado uma gafe por vários analistas, por Yellen

ter sido específica. O Fed tem dito em seus documentos que os juros vão continuar inalterados

por um ‘tempo considerável’ depois de encerrar o processo de compra de ativos, o que deve

ocorrer depois de outubro.

Fisher afirmou ainda que a alta de juros do EUA deve ocorrer de modo relativamente lento.”

(VALOR ECONÔMICO, 2014, p. C1)

A matéria mostra-se bastante vaga, sem linhas argumentativas, nem recursos

conectivos que possibilite mais lógica e clareza ao texto. O encadeamento das ideias é

ineficiente. Durante toda a leitura do texto, é difícil chegar a uma conclusão do que se quer

dizer. Percebe-se que há imprecisão na estrutura inteira do texto e que sua ideia principal está

totalmente obscura por uma linguagem desconexa e extremamente técnica. Há dificuldade de

entendimento em quase todos os parágrafos.

É importante ressaltar que o parágrafo é de fundamental importância na

composição da estrutura textual. No caso do jornalismo, o primeiro parágrafo da matéria vai

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determinar a continuidade ou não da leitura pelo leitor. É no primeiro parágrafo que o fato

mais relevante deve estar centrado, contextualizado e posto de forma entendível, caso

contrário, há grande possibilidade de o leitor, automaticamente, desinteressar-se pelo texto.

Garcia (2006, p. 220) explica que a unidade de composição do parágrafo deve ser

“suficientemente ampla para conter um processo completo de raciocínio e suficientemente

curta para nos permitir a análise dos componentes desse processo, na medida em que

contribuem para a tarefa da comunicação”.

Neste estudo, foi possível identificar, em todas as matérias, algum problema

textual, muitos deles já no primeiro parágrafo. Esses problemas acabam causando, no leitor,

um sentimento de frustração diante da a leitura.

4.4.1 Neologismos no discurso do jornalismo econômico

Na análise, também foi possível evidenciar a presença constante de neologismos.

O neologismo é uma função importante na linguagem de especialidade, no caso, da economia,

de se criar, recorrentemente, novas palavras devido à abundância de novas atividades e

conceitos relacionados à área. Em outras palavras, as unidades neológicas respondem à

necessidade de nomear novas realidades (objetos, conceitos, processos) anteriormente

inexistentes. Para Preti (1998, p. 119),

O léxico [em comparação com a sintaxe] melhor se presta a mostrar as

transformações sociais de uma comunidade e se constitui na parte menos

conservadora de uma língua. Vocábulos que surgem e desaparecem, num

processo contínuo e natural de neologia e obsolescência, são o reflexo mais

perfeito das mudanças sociais.

No caso das matérias econômicas, pode verificar-se que a maioria das unidades

neológicas é constituída por estrangeirismos ou por empréstimos. Essa importação de palavras

merece alguma reflexão por trazer problemas em relação ao léxico. Muitos dos neologismos

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encontrados são estrangeirismos do inglês. Podemos intuir que um dos motivadores é a

importância da economia americana para o restante do mundo, bem como a consolidação

crescente do inglês como língua global. Ou seja, podemos dizer que as potências detentoras

de maior poder divulgam, exportam e impõem sua língua aos países de menor potencial

econômico. Entretanto, alguns estudiosos da língua não consideram o estrangeirismo ou

mesmo o empréstimo com naturalidade, nem como soberania político-econômica. Faraco

(2004) confere ao estrangeirismo uma suspeita de identidade alienígena, carregada de valores

simbólicos relacionados aos falantes da língua que origina o empréstimo.

Durante muito tempo, o termo “estrangeiro” foi considerado um vício de

linguagem, um fator de empobrecimento linguístico. Essa noção ainda resiste.

Palavra ou expressão de origem cujo uso é um dos erros contra a

vernaculidade da nossa língua, e só poderá ser aceito se não existir na língua

portuguesa um vocábulo que traduza essa mesma ideia. (ROCHA, 1997,

p.22)

De acordo com Bechara (2001, p. 599):

De modo geral, os estrangeirismos léxicos repartem-se em dois grupos: os

que se assimilam de tal maneira à língua que os recebe que só são

identificados como empréstimos pelas pessoas que lhe conhecem a história

[...] mas há os que facilmente mostram não ser prata de casa, e se apresentam

na vestimenta estrangeira [...] ou se mascaram de vernáculos [...] o termo

empréstimo abarca essas duas noções e se aplica tanto aos estrangeirismos

léxicos quanto aos sintáticos e semânticos.

Neste estudo, trabalhamos o neologismo por empréstimo, que se refere ao termo

advindo de outra língua sendo utilizado frequentemente pelos usuários da língua importadora.

O emprego frequente de um determinado termo estrangeiro é um dos critérios que fazem com

que esse estrangeirismo evolua para o empréstimo. Se, ao ser importada, uma palavra passa a

ser muito veiculada pela imprensa e muita utilizada nos atos de fala, o falante da língua

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importadora passa a não mais senti-la como externa à sua língua, começando a vê-la como

palavra integrante do seu acervo lexical. Assim, classificaremos como estrangeirismos todas

as unidades que ainda não sofreram adaptação ao português, ou seja, são registradas em sua

forma original, e empréstimos linguísticos aquelas que já estão adaptadas ao nosso sistema,

seja por adaptação fonológica, seja por adaptação morfológica ou semântica, não causando,

assim, estranhamento em relação à palavra.

Figura 5 – Câmbio pode ajudar dívida pública

Fonte: (Valor Econômico, 17/10/14 pg. C12)

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Como exemplos de estrangeirismos podemos citar os termos seguintes identificados:

- Swap [cambial] e Rating [agências]. (Matéria 6 - Valor Econômico, 17/10/14,

p. C12)

- Fed [Federal Reserve], Dow Jones [índice], Yeld [retorno]. (Matéria 5 - Valor

Econômico, 10/10/14, p. C1)

- Commodities [mercadoria]. (Matéria 7- O Globo, 26/10/2014.)

- Superávit [primário]. (Matéria 8 - O Globo, 26/10/2014, p. 61)

- Hedge [cambial] (Matéria 9 – Valor Econômico, 17/10/2014, p. C12)

Esses termos estrangeiros são usados como comunicação entre especialistas da

área econômica e utilizados para a circulação de conhecimento desse campo e nesse sentido,

conclui-se, que o jornalismo econômico ainda não encontrou palavras brasileiras que

produzam exatamente o mesmo sentindo e grau de equivalência para essas expressões

estrangeiras. Além disso, esses termos são tidos como facilitadores de uma

linguagem/comunicação internacional que se aplica a várias línguas.

4.5 A ideologia marcada no jornalismo econômico

No geral, o discurso do jornalismo econômico não preenche os requisitos de

neutralidade, de imparcialidade e de objetividade tão adotados pelos jornalistas, mas

demonstra, sim, projetos de poder e é intensamente marcado por ideologias. Bourdieu (1987,

p. 1997) considera o universo do jornalismo um campo que está sob pressão do campo

econômico por intermédio do índice de audiência ou, no caso dos jornais, da venda dos

exemplares por meio de assinaturas e em bancas. Esse campo, muito fortemente sujeito às

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pressões comerciais, exerce, ele próprio, uma pressão sobre todos os outros campos como

estrutura.

Podemos dizer que, além das ideologias pessoais do jornalista e das empresas de

comunicação, o discurso econômico também está amplamente marcado pelo modelo

neoliberal, chamado também de ortodoxo, o qual é defendido pela maioria dos economistas e

financistas econômicos. Esse modelo neoliberal apresenta-se socialmente por meio de um

discurso de bases racionais, afirmado com base em modelos estatístico-matemáticos segundo

os quais o estado é ineficiente, improdutivo, gastador e corrupto.

Kucinski (2000) aponta como principais traços permanentes da ideologia do

jornalismo econômico a escolha do capital e seu processo de acumulação como objeto central

de preocupação – e não do homem –, o otimismo noticioso e o descaso com questões

estruturais. Essa escolha decorre da ideologia de livre mercado em suas várias manifestações,

desde o marginalismo até o neoliberalismo.

No que diz respeito à linguagem, muitas vezes, os repórteres preferem ligar o gravador

a debater uma linguagem que, no geral, não compreendem. Como resultado, o conteúdo

noticioso passa a ser o relatório do “economês”, que a fonte-cientista defende. Uma fonte que

ouse criticar o modelo econômico predominante (neoliberal/ortodoxo) é estigmatizada por

seus pares como retrógrada e obsoleta (BATISTA, 2004, p. 8).

Em termos práticos, os economistas e financistas neoliberais abastecem, diariamente,

os jornalistas com estudos de cunho técnico, recheados de números, de gráficos e de

projeções, sempre seguidos de comentários e de interpretações. Daí um discurso

profundamente ideológico e revestido de léxicos técnicos, como exemplifica, os termos

citados da matéria 10 do anexo, como: “ajuste sazonal”, “Produto Interno Bruto”, “recessão

técnica”, “estagnação da economia”, “sinais de volatilidade”, “baixo crescimento”, “trajetória

declinante”, entre outros termos do “economês”.

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CONSIDERACÕES FINAIS

A linguagem jornalística econômica foi estudada, nesta pesquisa, no âmbito dos

pressupostos da ADC e da Revisão Textual, com a finalidade de entender como está

estruturado atualmente o discurso desse gênero textual. As análises e os comentários em cada

um dos capítulos anteriores pretendem-se suficientes para ilustrar em que medida o objetivo –

investigar as peculiaridades linguísticas e estruturais do gênero jornalismo econômico

impresso – foi atingido. Por meio da Revisão Textual, foi possível identificar que o conteúdo

do jornalismo econômico imprime uma série de falhas relativas à norma culta e forte

ideologia neoliberal em seu discurso.

Assim, mais do que conclusões definitivas sobre resultados, buscamos resumir os

principais pontos abordados, apresentando considerações críticas sobre alguns aspectos que

compõem a linguagem do jornalismo econômico, foco deste estudo. Espera-se, com isso, que

este estudo possa, em primeiro lugar, indicar a necessidade de se repensar a linguagem desse

gênero textual porque, diante das teorias estudadas e das análises alcançadas, foi possível

concluir que a linguagem é um dos maiores problemas do jornalismo econômico, visto que

ele deve se dirigir a dois públicos distintos: os especialistas e a população em geral.

Há um paradoxo nessa missão do jornalismo econômico: certo descontentamento

por parte do público segmentado, que vê as matérias, muitas vezes, como superficiais; e

inacessibilidade por parte da população em geral, que se sente prejudicada pela linguagem

complicada e inevitavelmente técnica usada no discurso econômico. O que se defende neste

trabalho é que existe uma grande diferença entre o texto jornalístico de assuntos cotidianos

em contraposição ao jornalismo de especialidade. Ou seja, o jornalista de pautas econômicas

na construção de seu discurso deve empregar termos e estruturas bem diferentes das palavras

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e das construções usadas no jornalismo de pautas habituais como saúde, educação, transporte

entre outras.

No caso do jornalismo econômico, a dissonância entre os discursos pode causar

frustação para o leitor, tendo em vista a linguagem árdua do texto econômico. Termos

estranhos e desconhecidos, o excesso de números e de gráficos encontrados constantemente

nas matérias econômicas, muitas vezes, dificultam uma comunicação simples, clara e direta.

A informação econômica é, a todos, fundamental para a tomada de decisão tanto em níveis

individuais, quanto coletivos. Porém, a especificidade dos temas e a forma como são

abordados fazem com que a maioria dos leitores descarte as páginas ou os cadernos de

economia dos jornais simplesmente porque não veem relação com seus cotidianos. Assim,

podemos observar, nas matérias analisadas, a necessidade de se repensar a estrutura dessa

linguagem, pois, para compreendê-la em sua essência, é necessário um ensino especializado.

Podemos dizer que a forma como atualmente o texto econômico é construído

inviabiliza o acesso à leitura por pessoas leigas, voltando-se, principalmente, para um grupo

que designamos de “elite intelectual”. O léxico encontrado nesses discursos, em sua maioria,

conta com um volume de conhecimentos ou de expressões que um auditório geral não parece

dominar. O jornalismo econômico não tem um entendimento automático e precisa ser mais

trabalhado pelo escritor, o qual deve se valer de palavras-chaves para tornar a leitura mais

amena e compreensível para todos os públicos de leitores.

Nesse contexto, a revisão de texto seria a melhor forma de corrigir essas falhas.

De acordo com Garcia (2006, p. 6), comunicação é pensar, é encontrar ideias, coordená-las,

concatená-las e expressá-las de maneira eficaz, isto é, de maneira clara, coerente e enfática.

Ainda de acordo com esse autor, há diversos processos que variam conforme a natureza do

assunto e a finalidade da exposição, mas, qualquer que seja ele, a preocupação maior do

jornalista deve ser sempre a de fundamentar, de maneira clara e convincente, as ideias que

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defende ou expõe. Por exemplo, apesar da generalidade, da vagueza, da ambiguidade, entre

outras formas de indeterminação serem consideradas inerentes à linguagem natural, é preciso

evitá-las nos textos econômicos ou ao menos descobrir meios que as organizem no texto de

forma que não sejam percebidas pelo leitor e nem atinjam a essência e a clareza do discurso.

Entretanto, tendo em vista as várias atividades do jornalista – estudar a pauta,

ouvir a fonte e escrever a matéria em um prazo curto – a função da revisão deveria ser de um

profissional revisor, mais apto a se afastar da pessoalidade do texto, atuando com foco

somente na estrutura e discurso da matéria. Na prática, a revisão poderia atuar, por exemplo,

na clareza dos textos, explicando os termos desconhecidos do discurso popular, mas

necessários ao contexto, usando, por exemplo, apostos explicativos, expressões coloquiais ou

palavras menos especializadas.

As descrições definidas são recursos que também podem trazer mais proximidade

do texto à realidade do leitor. Lyons (1980, p. 149) diz que:

o termo ‘descrição definida’ liga-se ao fato de podermos identificar um

referente, não só nomeando-o, mas também fornecendo ao leitor uma

descrição suficientemente pormenorizada, no contexto de enunciação

particular, que permita distingui-lo de todos os outros indivíduos no universo

do discurso.

Pode-se dizer que a descrição definida entra justamente em ação quando um termo,

palavra ou nome não é capaz de fazê-lo. Por exemplo, referencial do tipo “sistema financeiro

nacional” tem referente abstrato porque não se encontra com facilidade no mundo físico.

Logo, deve ser trazido ao concreto no texto não destinado a especialistas. Segundo Rouchota

(1994, p. 465),

o conteúdo descritivo de uma descrição indefinida usada referencialmente

não apenas ajuda o ouvinte (leitor) a encontrar o referente pretendido, mas

também ajuda o ouvinte (leitor) a organizar o contexto em que o falante

(escritor) pretende que seu enunciado seja interpretado e assim dá margem a

efeitos contextuais que uma forma diferente de referir não teria atingido tão

economicamente.

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A revisão textual na abordagem de questões econômicas também pode selecionar

conhecimentos relevantes que reduzam as incertezas dos leitores; pois é preciso referir-se à

realidade econômica a fim de subsidiar o leitor com os conhecimentos necessários para fazer

seus julgamentos e tomar suas decisões. Os textos jornalísticos econômicos têm

consequências sociais e de ordem ideológicas, e a atuação do revisor na construção desse

discurso pode ter um papel importantíssimo nos efeitos do entendimento e das atitudes da

população no que diz respeito a questões econômicas.

Para Kato (1993, p.84):

A preocupação com a compreensão deve fazer o escritor esforçar-se para

tomar seu texto legível, transparente, enquanto a preocupação com o

efeito leva o escritor a ser atraente, interessante. Porém, o insucesso em

uma dessas metas, por parte do escritor, afeta a legibilidade do texto, pois

tanto o texto obscuro quanto o desinteressante prejudicam igualmente a

leitura...

Assim, produzir uma matéria econômica funcional é um trabalho árduo para o

jornalista. O autor precisa definir o que é relevante, relacioná-la ao que o leitor já domina sem

deixar a informação cair na superficialidade, trazendo informações novas e despertando o

interesse do leitor por todo o discurso ali posto. É possível concluir, portanto, que a

linguagem do jornalismo econômico pode ser aperfeiçoada, buscando-se, para isso, técnicas

da revisão de texto capazes de construir enunciados teóricos com discurso fundamentado e

acessível para a população em geral.

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comunicação de massa. Petrópolis: Vozes, 1995.

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ANEXO A - MATÉRIA 1

(O Globo, 12/10/14, p. 33).

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ANEXO B - MATÉRIA 2

(Valor Econômico, 17/10/14, A11)

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ANEXO C - MATÉRIA 3

(Correio Braziliense, 19/10/14, p.12)

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ANEXO D - MATÉRIA 4

(Valor Econômico, 24/10/14, A4)

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ANEXO E - MATÉRIA 5

(Valor Econômico, 10/10/2014, p.C1)

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ANEXO F - MATÉRIA 6

(Valor Econômico, 17/10/14 pg. C12)

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ANEXO G - MATÉRIA 7

(O Globo, 26/10/2014)

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ANEXO H - MATÉRIA 8

(O Globo, 26/10/2014, p. 61)

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ANEXO I - MATÉRIA 9

(Valor Econômico, 17/10/2014, C12)

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ANEXO J - MATÉRIA 10

(Valor Econômico, 17/10/2014, A3)

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