E D I TA L D E FA L Ê N C I A - A RT. 99, §1º , D A L E I ...
f l e x i b i l i d a d Em Arquitectura - Margarida Esteves
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A N A M A R G A R I D A C O R R E I A E S T E V E S
o r i e n t a d o r P r o f . D r . J o o P a u l o C a r d i e l o s
c o - o r i e n t a d o r A r q . J o r g e C a r v a l h o
C O I M B R A O U T 2 0 1 3
d A R Q F C T U C
F L E X I B I L I D A D EEM ARQUITETURAU M C O N T R I B U T O A D I C I O N A L
P A R A A S U S T E N T A B I L I D A D E
D O A M B I E N T E C O N S T R U D O
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F L E X I B I L I D A D EEM ARQUITETURAU M C O N T R I B U T O A D I C I O N A L
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D O A M B I E N T E C O N S T R U D O
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Fazer a montagem do imaginrio em ausncia da cidade, lio dos poetas.
Simular um cenrio mais feliz obra nossa.
Herberto Helder
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AGRADECIMENTOS
Ao professor Joo Paulo Cardielos e ao professor Jorge Carvalho, pelo interesse, apoio e motivao.
Aos amigos de sempre, que, de uma maneira ou de outra, estiveram constantemente presentes.
Nomeadamente, Ins e ao Manel.
Aos amigos para sempre, que com PEDIGREE marcaram os melhores anos da minha vida.
Um especial agradecimento Lusa, Di e Joaninha, por terem sido as primeiras e por se terem
mantido ao meu lado; e, claro, Filipa, pelos quatro anos de companheirismo, cheios de histrias
difceis de serem esquecidas.
minha me, pelo amor incondicional.
Ao meu pai, pela persistncia e resistncia.
Aos meus avs, pela preocupao e carinho.
Ao meu irmo, pela amizade e presena.
Ao Lus, pela fora incessante e por nunca me deixar deriva no meu caminho.
Ao av Z, a minha Memria.
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RESUMO
Atualmente vivemos num mundo em que a repercusso da globalizao,
tecnologias de informao, migrao, incerteza e instabilidade, comeam a ditar novas
tendncias e formas arquitetnicas para o habitat. No entanto, o mercado disponibiliza,
ainda, uma escolha muito limitada no que diz respeito a novas solues dos espaos
habitacionais multifamiliares, consequentes, em parte, da compartimentao interior
limitao dimensional e espacial, provenientes do surto capitalista, impedindo a evoluo
dos utentes no seu habitat. Os modos de vida mudam e, muitas vezes, as habitaes no.
nomeadamente, social.
Este trabalho pretende alertar, numa perspetiva mais generalizada, para a
no s do arquiteto, mas tambm da sociedade, contribuindo, assim, para a dignidade,individualidade e dinamismo do habitante.
Palavras-chave:
resilincia.
Este trabalho enquadrado na Iniciativa Energia para a Sustentabilidade da Universidade de Coimbra e apoiado pelo
projeto Energy and Mobility for Sustainable Regions - EMSURE (CENTRO-07-0224-FEDER-002004).
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ABSTRACT
We live in a world where the repercussion of globalization, information
technology, migration, uncertainty and instability start inspiring new tendencies and
architectural patterns for the habitat. The market, however, offers a still limited choice
as far as new solutions for inhabitable dwellings are concerned; this is, actually, to a
distribution of uses, the multiplication of identical buildings and of the dimensional and
spacial limitation, with origins in the capitalist boom, avoiding, so, the users evolution
later, on an economic, environmental and even social unsustainability.
This work intends, in a more general perspective, to call the attention to the
society itself, contributing, thus, to the users dignity, individuality and dynamism.
Keywords: .
This work has been framed under the Initiative Energy for Sustainability of the University of Coimbra and supported by
the Energy and Mobility for Sustainable Regions - EMSURE - Project (CENTRO-07-0224-FEDER-002004).
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INTRODUO
1 FLEXIBILIDADE EM ARQUITETURA - ESPACIALIDADE
1.1
1.2
1.3
1.4
2 FLEXIBILIDADE: UM CONTRIBUTO PARA A SUSTENTABILIDADE
2.1Introduo ao tema da Sustentabilidade
2.2
2.3Longevidade da vida til dos edifcios
3 FLEXIBILIDADE E SUSTENTABILIDADE PARA UMA CIDADE RESILIENTE
3.1O caso de Portugal e a (falta de) Resilincia na Cidade
3.2 ambiental
3.3Habitar no s da Casa para dentro
CONSIDERAES FINAIS
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
FONTES DE IMAGENS
17
31
39
47
69
85
101
105
117
153
159
167
173
187
195
207
219
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IMAGILANDO...
Como ImagiLamos a Casa do Futuro? Desta vez, vamos explorar o tpico da Durabilidade e
Robustez.
ImagiLe uma Casa preparada para suportar as maiores adversidades tanto do ponto de vista
das condies exteriores, como o terreno ou o clima, como do ponto de vista das exigncias dos
adaptabilidade so princpios que imperam sem que isso, no entanto, comprometa os requisitos
em termos de durabilidade e robustez.
Imagile-se a viver no alto de uma montanha onde o Inverno e o Vero so igualmente agrestes,
podendo voc alterar facilmente as divises da Casa para acomodar amplos terraos no vero e
grandes marquises no Inverno. ImagiLe ser voc prprio a fazer essas alteraes sem que para
isso tenha que recorrer a tcnicos especializados e sem que isto ponha em causa a robustez da sua
habitao.ImagiLe ainda uma cozinha com geometria varivel, adaptvel s dimenses da famlia, as
paredes facilmente instalveis e amovveis, as ligaes e desligaes de tubagens rpidas
monobloco capaz de se deslocar na Casa, uma despensa com dimenso varivel consoante as
necessidades ..Tudo isto e muito mais com uma durabilidade e resistncia superiores das
habitaes atuais.
Muitas outras coisas lhe tero ocorrido nesta pequena viagem pelo admirvel mundo da Casa do
http://weblog.aventar.eu/casadofuturo.weblog.com.pt/index.html
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INTRODUO
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A palavra-chave que se vai desenvolvendo ao longo deste trabalho Flexibilidade,
Habitao e Sustentabilidade - que
contributo para alcanar uma Arquitetura mais Sustentvel.
O objetivoprincipal desta dissertao incentivar, principalmente os (futuros)
da forma para adequao ao pensamento e comportamento vigentes e, tambm, uma
possvel agregadora de valores multidimensionais para os moradores.
com as mesmas condies espaciais do sculo passado de modo a permitir a manifestao
Com o propsito de dar resposta a estas questes, sero abordados alguns
pressupostos, tais como a rapidez da evoluo de um habitat e os fatores da sua
transformao, as mudanas sucessivas de gosto, de necessidades, de valores, oaparecimento de novos produtos e tecnologias e o ritmo de vida, durante a fase de vida
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Fig. 1 Villa Savoye, Le Corbusier
Fig. 2 Villa Mairea, Alvar Aalto
Fig. 3 Fallingwater, Frank Lloyd Wright
Fig. 4 Farnsworth, Mies van der Rohe
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do edifcio.
normas de comportamento social e moral, provocando efeitos psicolgicos no indivduo
e na famlia, que tero repercusso, depois, na sociedade. A Casa sempre o tema central,
mais complexo e fascinante para um arquiteto. Assim foi na Villa Savoye de Corbusier, na
Villa Mairea de Aalto, na Fallingwater de Wright ou na Farnsworth de Mies, onde as ideias
questionaram os cnones da poca e escreveram a histria da arquitetura mundial. () Penso que
muito se deve ao facto de se tratar de uma abordagem essncia da existncia do ser humano, do
viver em famlia, do entrar e trabalhar sobre o espao da intimidade.1
1. Habitao
2.Dado que uma das questes fundamentais aqui presentes uma arquitetura
sustentvel, o binmio pessoa-edifcio fundamental. na habitao que se constroem
modos comportamentais
outros edifcios e na sociedade.
3. Habitao na cidadee o papel que cumpre nesse espao. O tema convida
a pensar a relao entre a qualidade do desenho espacial e a responsabilidade social num mundo
cada vez mais urbano, onde os problemas relacionados com as cidades tomam dimenses inditas
e velocidades vertiginosas.2
e agentes envolvidos na sua produo, consumo e apropriao. , tambm, certo que,
isto, devemos ter a capacidade de olhar para os edifcios de habitao, essencialmente,
podemos readapt-los e adequ-los aos tipos de vida atuais.
Falemos de casas: entre o Norte e o Sul. 2 Ibidem
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sustentabilidade.
associada a uma versatilidade do espao da habitao, de forma a responder e a adequar-
usos desse espao.
Primeiro que tudo, habitao e habitar vm de uma s palavra latina - habere(ter/ haver)
3o que sugere a potencialidade de moldarmos
intimidade e certezas, se bem que momentneas, uma vez que essas certezas se alteram
com cada vez mais rapidez.
A pertinnciado tema surge, assim, pelo facto de as redes de comunicao, cada
vez mais instantneas e globais, trazerem para a realidade dos nossos dias uma enorme
quantidade de informao, atravs da qual somos constantemente estimulados e que
ao encontro de devolver ao utente um espao domstico mais dinmico, capaz de abrigar
habitao que evolua com o dia-a-dia de cada indivduo, adaptvel a um sem nmero
de situaes, originando uma maneira de habitar de carcter progressivamente mais
na realidade, uma obsesso que pertence a um discurso puramente arquitetnico.
familiar constituem o nico recurso disponvel para a construo da cidade. Neste
que satisfaa as suas condies e, se possvel, que concretize o sonho.
Ambiente Construdo, 11(2)
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cada vez mais indispensvel repensar os processos e mtodos que so usados
possveis utilizadores futuros desse cenrio. Assim, prolonga-se o perodo de vida desse
espao construdo, isto , aumenta-se o ciclo de vida do edifcio, prevenindo futuros
desperdcios.
de recursos.
A metodologia que permitiu conformar este presente trabalho teve como
momento de partida uma procura e seleo de informao de forma a encontrar
e sustentabilidadese interligam e se assumem como uma resposta plausvel para a nossa
que pretendia para esta dissertao, continuou atravs da consulta de obras relativas ao
naturalmente, em funo da pertinncia e reas de interesse.
Optmos por um estudo mais terico (porque senti necessidade de o fazer
Depois de ter compreendido que a sustentabilidade no se foca em apenas contedos
habitacionais responde, maioritariamente, a uma sustentabilidade social. Depois de
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Apesar de nos termos baseado em vrios autores com perspetivas distintas
para a redao desta dissertao, importante realar dois que abordam a temtica da
assim que for necessrio. Stewart Brand defende que os edifcios devem ser contnuos no
tempo e que, quando esses so construdos comeam apenas um captulo da sua histria;
Herman Hertzberger salienta, ainda, um fator importante, que a identidadedo indivduo
e do espao em si, relatada tambm na continuidade do edifcio ao longo do tempo.
com a habitao e os modos de vida, bem como as suas evolues e as necessidades do
indivduo e das famlias, que devem ser asseguradas dentro dos espaos habitacionais.
prticas sustentveis que se devem ter em conta, sendo que na obra de Tirone e Nunes
e Jeremy Till que suscitou mais interesse, dada a anlise histrica feita para perceber
contemporneos para depreender que devemos continuar a lidar com esta problemtica,
O trabalho apresentar uma estrutura composta por trs captulos, em que
(como veremos).
Depois desta introduo, podemos, de uma forma sucinta, concluir que este
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arquitetnico estarem a mudar continuamente, dado que a sociedade est cada vez mais
das nossas habitaes, o espao urbano e o pblico, aquele que percorremos quando nos
deslocamos de um lugar para outro, so espaos instveis e profundamente dinmicos,
por causa da velocidade atual das transformaes. A vida contempornea muda muito
mais rapidamente do que os edifcios que a abrigam. uma acelerao constante,
incessante, sem obstculos e, consequentemente, quanto maiores so os estmulos que
a evoluo da sociedade, impondo limites que inibem o surgimento de novas ideias,
mudanas, invenes e adaptaes espontneas a novas formas de conhecimento e de
uma arquitetura mais sustentvel, de forma a facilitar, no s a longevidade do edifcio,
mas essencialmente, propiciar a relao Pessoa-Casa, com as suas vertentes econmicas,
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CAPTULO 1
FLEXIBILIDADE EM ARQUITETURA -ESPACIALIDADE
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A arquitetura o meio mais simples de articular tempo e espao, de modular a realidade,
de fazer sonhar. No se trata somente de articulao e de modulao plsticas, expresso
desejos humanos e do progresso na realizao desses desejos. A arquitetura de amanh
meio de conhecimento e um meio de agir. O complexo arquitetnico ser passvel de
seus habitantes.
nos edifcios de habitao e as vantagens que proporciona aos respetivos utentes. Ser
bem como os seus componentes. No primeiro ponto -
modernista e a atual
A Habitao: sonho e psicologia -
ser disposta a importncia em haver espaos adaptveis numa habitao, segundo uma
perspetiva psquica, evidenciando o facto de que se no for possvel um ambiente sensvel
e estimulante, o comportamento do indivduo ter consequncias, tanto no seu modo
Participao do utente | Processo de projeto- referir a importncia do arquiteto e dos seus
continu-lo. Reala-se, desta forma, a importncia da participao do utente, ao longo
seguimento ao encadeamento desta dissertao.
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como ponto de partida deste presente trabalho.
alteraes
de longo prazo
e o ambiente - e alteraes de curto prazo- aquelas que possibilitam multiusos espaciais,
de forma direta e instantnea.
imprevisveis do futuro e as transformaes dos hbitos e preferncias individuais da
A habitao
voltil, sujeita a uma variedade completa de mudanas cclicas, no-cclicas e tendncias, e se no
capaz de responder a estas mudanas, ela torna-se no melhor dos casos, insatisfatria, no pior,
obsolescente.1
primeira eventual questo que esta dissertao pode levantar porqu
que procura a estabilidade, retratada pelo que permanente e sedentrio; do outro,
a que busca o movimento, referenciado no nomadismo e migrao. A resoluo desta
dicotomia encontra-se entre as atuais preocupaes dos arquitetos em torno do tema da
de qualidade bsica, mas adequada, no seu habitat. No entanto, a conscincia desse facto
no , ainda, completamente evidente, consequente do mercado promotor habitacional
e, principalmente, da maioria dos arquitetos e das nossas escolas de arquitetura estarem
demasiado presas a conceitos funcionais e restritos para a resoluo destes problemas.
respostas aos mais variados propsitos espaciais e modos de vida, de forma a suportar
uma diversidade de atividades, ao encontro de costumes e prticas diferenciadas. A
1 Schneider, T. & Till, J. (2007).Flexible housing
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mantendo a habitao constante e ativa. Para alm disso, aumenta as possibilidades
arquitetnica residencial e estendendo a performance do edifcio ao longo da vida til
da habitao, ao mesmo tempo que possibilita que o edifcio construa a sua prpria
identidade, passando a fazer parte da Memria do local.
A possibilidade de desenvolvimento e melhoramento do equipamento
socioeconmico, administrativo e cultural.
futuro em termos de custo a longo prazo, de sustentabilidade, de longevidade e da
capacidade de incorporao de novas tecnologias. Pode resumir-se numa mudana do
durabilidade e dinamismo do edifcio.
se para as temticas da pr-fabricao, modulao e para questes tcnicas relacionadas,
na habitao e acabando na cidade.
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autores em diversos campos do conhecimento, e tem vrias interpretaes. Num
primeiro momento o conceito sugere, quase imediatamente, movimentoe mudana-
uma associao muito simplista - podendo acrescentar-se que algo que, ao mover-se,
1
provavelmente ser descrito como
.2
liberdade,
liberdade de escolha entre opes existentes ou a criao
3
inicial ou conceptual
1 Ibidem 3 Hamdi, N. (1991).
1.1
DEFINIO DE FLEXIBILIDADE
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Fig. 5
evolutiva para Cabo Verde, 1989. Arq.
Antnio Baptista Coelho e Antnio ReisCabrita
Fig. 6 MOBILIDADE. Mountain Dwellings, 2008.
BIG
Fig. 7 ELASTICIDADE. Lego Towers, 2006. BIG
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411 . F L E X I B I L I D A D E E M A R Q U I T E T U R A - E S P A C I A L I D A D E
permanente ou contnua
evoluo, elasticidade, adaptabilidade, polivalncia, participao, entre outros.
Entende-se por mobilidade
as atividades dirias, mediante elementos de encerramento fceis de deslocar, de correr
ou de encolher. Para Arnheim, a progresso do visitante pode ser to essencial para o projeto
de um edifcio, como uma sequncia meldica o para a msica 4; da que a arquitetura, mais
relao das vrias divises.
A evoluo
ou removendo compartimentos.
A elasticidade
evoluo simples da superfcie habitvel da habitao. () Criao
de marquises, encerramento de talheiros e de estufas, converso habitacional de stos e caves
desafogadas, () desenvolvimento de estdios ou de quartos com acessos autnomos, que podem
ser mais ou menos ligados a fogos normais contguos, proporcionando variados tipos de usos.5
adaptabilidade
equivocadas e, no discurso arquitetnico, tm sido alvo de vrias descries. No entanto,
ser nessa corrente que este presente trabalho se ir basear.
Segundo Rabeneck, Sheppard e Town6
tcnicas construtivas e com a posio de espaos de servio no desenho da habitao;
enquanto que uma habitao adaptvel lida com a organizao interna das unidades
habitacionais, devendo proporcionar uma mnima predeterminao dos padres de
pensamento a longo prazo no desenho arquitetnico
4 Muga, H. (2006). Psicologia da arquitectura 5 Coelho, A. (1993)Anlise e avaliao da qualidade arquitetnica residencial
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FLEXIBILIDADE ADAPTA ILIDADE
ANDREW RABENECK,DAVID SHEPPARD,
PETER TOWN
ADRIAN FORTY
STEVEN GROK
TATJANA SCHNEIDER,JEREMY TILL
HERMANHERTZBERGER
GERARD MACCREANOR
1973/1974
A flexibilidade prfuncionalismo
As tentativas falhadacriticadas por alega
para uma falcia dacontr
A habitao flexveoferecer escolhaO conceito de flexitcnica construti
servi
posta em oposio aofeito medida.s da flexibilidade soamente remeteremliberdade atravs doolo.l deve ser capaz de
personalizao.ilidade lida com a
a e distribuio deos
Adaptabilidade na hunidades habitacio
facilmente altercircunst
A adaptabilidade estplaneamento e di
edifcio, incluindivises e as rel
abitao refere-se aais que podem serdas consoante asncias. relacionada com ostribuio de umo o tamanho dases entre elas.
2000
A incorporao ddesenho, iludiu os
possibilidade de projsobre o edifcio no fut
em que seriam os reA confuso no signifiadvm de dois papi
tem servido para expde modo a torna-lo vi
ser utilizada para resis
a flexibilidade noarquitectos com aectar o seu controloro, para l do perodo
sponsveis por ele.cado de flexibilidadecontraditrios: ela
ndir o funcionalismo,vel e tem vindo atir ao funcionalismo.
-
1992
A flexibilidadechama a ateno
para a capacidadede responder a
vrias disposiesfsicas possveis.
A adaptabilidadechama a ateno
para acapacidade de
responder adiferentes usossociais.
2007
A flexibilidade nahabitao alcanada
alterando a matrizfsica do edifcio
Flexibilidade:diferentes arranjos
fsicos espaciais
A adaptabilidadeem habitao
alcanada atravsdo desenho de
divises ouunidades que
podem serutilizadas de
diversasmaneiras.
Adaptabilidade:diferentes usos
sociais(polivalncia)
1991
No desenho flexvelno existe uma
soluo nica,prefervel a todas asoutras; Hertzbergeravana com outro
conceito, apolivalncia.
Polivalncia
1998
A flexibilidade umaleva ao] colapso do es
conven
A flexibilidade no ide mudanas intermi
com a frmula
A flexibilidade incl
ideia desenhada [queuema de distribuioional.
mplica a necessidadeveis nem a ruptura
convencional.
i a adaptabilidade.
A adaptabilidadediferente de encar
que diz respeito te multifunci
uma maneiraar a flexibilidade,ransfuncionalidadeonalidade.
Fig. 8
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431 . F L E X I B I L I D A D E E M A R Q U I T E T U R A - E S P A C I A L I D A D E
enquanto a adaptabilidade se
alcana atravs da conceo de quartos ou unidades que possam ser usados de vrias maneiras,
atravs do modo como as salas so organizadas, os padres de circulao e a designao das salas...
estendendo-as, ou deslizando ou dobrando paredes e mveis.7
Pode concluir-se, entretanto, que a maioria destes autores alegam que
Herman Hertzberger, introduz o termo polivalncia. A polivalncia refere-
se a uma forma esttica, isto , uma forma que se preste a diversos usos sem que ela
prpria tenha que sofrer mudanas fsicas, de maneira a que
produzir uma soluo tima.8
uma recusa das suas responsabilidades. Acrescenta que nem a neutralidade (falta de
comprometimento tolervel para todos, perfeita para ningum-,
perfeita
- mas para quem?- podem produzir uma soluo adequada. A responsabilidade de uma
soluo encontra-se, sim, num espao polivalente, no qual cada um se pode relacionar,
e a neutralidade consiste na ausncia de identidade.9
de pesquisa recentes argumentam, como o fazem Monique Eleb Vidal, Anne-Marie
e multifuncionalidade de espaos, atravs de parmetros que aludem, em qualquer
situao, a uma articulao estratgica entre a utilizao, a tcnica e o espao.
7 Schneider, T. & Till, J. (2007). Flexible housing 8 Hertzberger, H. (1996). Lies de arquitectura 9 Ibidem
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451 . F L E X I B I L I D A D E E M A R Q U I T E T U R A - E S P A C I A L I D A D E
.10A conceo
do espao.
De acordo com Maccreanor, o edifcio adaptvel tanto pode ser transfuncional
habitvel para rea de trabalho, da rea de trabalho para rea de lazer ou mesmo como
um contentor para vrios usos ao mesmo tempo. Maccreanor relaciona a adaptabilidade
ofeream aos utilizadores, com estilos de vida distintos, liberdade de escolha, isto ,
11
e estudada e, por isso, tambm bastante controversa. Desta forma, foi necessrio
da dissertao, a estabelecida por Gerard Maccreanor. A adaptabilidade uma
que estas ltimas requerem mudanas fsicas no espao, enquanto a adaptabilidade se
11 Ibidem
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H coisas que podem ser substitudas, e forosamente sero substitudas, mas pergunto-me se os
edifcios sero substitudos... No, acho que deveramos ser sensatos. No preciso construir para
durar milnios, como as pirmides, mas um edifcio deveria viver tanto quanto seja possvel. No
h nenhuma razo para faz-lo simplesmente provisrio. Nesse caso, dever-se-ia montar barracas!1
razes para a demolio parcial ou total de muitos edifcios habitacionais. John Ruskin 2
todos os edifcios so potencialmente imortais, mas que muitos deles duram apenas
metade de uma vida humana.3Se a habitao no tiver a capacidade de integrar a mudana, esta acaba por ser
o ser humano, esto relacionadas com a velocidade das mudanas, com parmetros
1 Mies cit. por Jorge, L. (2012). Estratgias de Flexibilidade na arquitetura residencial multifamiliar(Dissertao de Doutoramento). 2 Foi poeta, desenhista e um escritor lembrado mais pelo seu trabalho como crtico de arte e crtico social britnico. (1819-1900)3 Ruskin cit. por Brand, S. (1994). How buildings learn: What happens after theyre built
FLEXIBILIDADE E INFLEXIBILIDADE:DE UMA VISO MODERNISTA ATUAL
1.2
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identidade. Para alm disso, h mais dois fatores essenciais que contribuem para um
possibilidade de nos apropriarmos do nosso habitat, os resultados sero o anonimato, o
desinteresse e, frequentemente, o abandono e o vandalismo.
campo tecnolgico, cultural, social e econmico, decorrem pelo facto de as diretrizes que
regem a produo habitacional (multifamiliar, essencialmente) contempornea serem,
nomeadamente, as mesmas que as do incio do sculo XX.
sculo XIX. A Revoluo Industrial e a consequente migrao das pessoas, em grande
escala, para as cidades, tendo em vista a crescente necessidade de alimentar as fbricas
com uma grande quantidade de trabalhadores; a evoluo tecnolgica nos processos de
trabalho e respetiva mecanizao de atividades, que antes eram produzidas de forma
que mobilizaram arquitetos de todo o mundo em busca de condies dignas para as
camadas populacionais. O Movimento Moderno surgiu, assim, da necessidade de reajuste
da Arte com a evoluo das cincias e da tcnica, tal como dos modos e sistemas de produo.4Foi,
ento, nestas circunstncias que as ideias de Arquitetura Funcionalista e do conceito de
industrializao e produo em srie surgiram.
4 Choay, F. & Merlin, P. (1996) Dictionnaire de lurbanisme et de lamgement.
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Fig. 9
Fig. 10
modulao
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um sculo a acreditar que podiam realmente antecipar a funo de um edifcio. Sullivan
a forma, a expresso exterior, o desenho, ou o quer que escolhamos de um edifcio,
devia, segundo a prpria natureza das coisas, seguir a funo desse edifcio, e que, onde a funo
no mudasse, a forma tambm no mudaria.5
As regras do funcionalismo, com as suas questes de linguagem a nvel de
transparncia das funes, foram muito bem representadas pela obra do arquiteto
Herman Hertzberger censurou a arquitetura funcionalista, as solues
implementar as aes do indivduo no espao. A arquitetura de limites difusos uma
separabilidade e lgica6- fazendo uma tabua rasado passado, das heranas histricas e das
tradies, Joo Mendes Ribeiro declara que ser-se contemporneo, hoje, recriar o passado.
Esta uma das caractersticas que se distancia da ideia modernista Hoje, no h
uma ideia de rutura, antes pelo contrrio, h uma tentativa de relao de sntese entre passado e
presente. Esta interpretao do passado tema contemporneo.7
avano tecnolgico e cultural. Tudo deveria ser feito e repensado de maneira a enfatizar
5 Sullivan cit. por Brand, S. (1994). How buildings learn: What happens after theyre built a arquitetura pr em ordem. Pr em ordem o qu? Funes e objetos. No entanto, 7 Ribeiro, J. (2011) Casa da Escrita em Coimbra player
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Fig. 11 Arquitetura funcionalista.
Rigidez, edifcio-tipo,
Drrenberg, Gross-Siedlung.
1930
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as potencialidades do futuro, que teria como base a instituio da mquina8como uma
9
determinaram uma tendncia para a rigidez dos edifcios, bem como o afastamento do
nos espaos habitacionais, por ns caracterizada, est aqui evidenciada.
progressista,foi obrigado a penhorar a prpria liberdade, condenado a viver conforme as normas
implacveis da tradio.10Posto isto, gerou-se uma crise na arquitetura no incio do sculo
no uma crise de alojamentos ou uma carncia de moradias: a crise do prprio sentido de
habitar enquanto modo fundamental, atravs do qual produzimos a nossa identidade, promovemos
o nosso hbito, fazemos o pensamento e esprito apresentarem-se no mundo e tomamos posse da
nossa vida, da nossa histria e do nosso destino.11Esta ideia pode ser comprovada quando Le
a arquitetura
atual ocupa-se da Casa vulgar e corrente para homens normais e correntes. Ela abandona os
palcios. Eis um sinal dos tempos.12
de ser a sociedade e a sua constante evoluo a promoverem a mudana e progresso
de analisar, prever, ordenar e determinar o futuro, incluindo comportamentos e relaes
seu ponto de vista, deveria desvincular-se desse passado, criando assim o seu prprio estilo.10 Jorge, L. (2012). Estratgias de Flexibilidade na arquitetura residencial multifamiliar(Dissertao de Doutoramento). Faculdade de 11 Ibidem 12 Corbusier cit. por Pereira, M. (2009). Da arquitectura teoria e o universo da teoria da arquitectura em Portugal na primeira metadedo sculo XX(Dissertao de Doutoramento em Teoria da Arquitectura). Faculdade de Arquitectura da Universidade Tcnica de
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Fig. 12 Modulor
homem-tipo. A modernidadefoi responsvel
pelo desenvolvimento de uma sociedade na qual
os indivduos estavam condenados a tarefas
e a deveres institucionalizados, condenados a
uma ordem rigidamente controlada, montona,
regular, repetitiva e previsvel
Fig. 13 Revista do CIAM de 1929
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de dissertao, no Movimento Moderno, ao honrar-se o facto de o homem individual e a
se a hiptese de qualquer variao de comportamentos, necessidades ou simples mudana
13
Partindo do princpio de que as necessidades do Homem seriam padronizadas,
A arquitetura racionalista devia substituir qualquer precipitao, intuio, improvisao (...)
pela sistematicidade, pelos clculos precisos e pelos materiais produzidos em srie.14E aqui, mais
Nem tudo foi negativo nesta fase modernista. Apesar do que alguns arquitetos
modernos desenvolveram ter-se transformado numa arquitetura estandardizada em
salientar a preocupao e inteno da melhoria de qualidade de vida das populaes.
que iriam refutar o quadro imposto pela reduo dos padres construtivos e dimensionais
do incio do sculo XX.
O segundo congresso CIAM, decorrido em Frankfurt, em 1929, denominado Die
15 foi um momento crucial para a introduo das
standarde como resposta
incio do sculo.16 ser a panaceia
13 A maioria dos arquitetos modernistas abandonaram a conceo do Homem com caractersticas individuais, renegando oprimordial papel entre o Homem/ Natureza/ edifcio.14 Montaner, J. (2001)A modernidade superada: arquitectura, arte e pensamento do sculo XX standard
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Fig. 14 Cozinha de Frankfurt, CIAM 1929, existenzminimum.Planta.
Fig. 15 Cozinha de Frankfurt.
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para curar todos os males da arquitetura. 17Se tivesse que haver menos espao, por razes
e situaes de mudana. Mas, uma vez mais, o arquiteto holands Herman Hertzberger
a neutralidade consiste apenas na
ausncia de identidade, isto , na falta de traos caractersticos. O problema da mudana no
tanto uma questo de ter de adaptar e mudar traos caractersticos, mas de, antes de tudo, possuir
esses traos caractersticos! 18
Com esta idealizao imposta por Hertzberger, abrimos aqui um espao para
os autores. Apesar de, com este trabalho, tentarmos demonstrar as qualidades e
com consequncias no modo de habitar a Casa, na liberdade do prprio habitante, na
longevidade do edifcio habitacional, entre outros que sero retratados, h diversos autores
da adaptabilidade/ polivalncia - o que para este trabalho, e no nosso entendimento,
para indicar as suas crenas. E, para isso, a arquitetura tem que tomar decises e impor
limitaes, sendo que
19
vez mais, ao encontro da rigidez, da rotulao dos espaos por parte do arquiteto e da
limitao da capacidade de mudana dentro das unidades habitacionais, incentivando o
habitante a abandonar o espao, a partir do momento em que esse no corresponder mais
17 Hertzberger, H. (1996). Lies de arquitectura 18 Ibidem19 Ibidem
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Fig. 16 Na planta de Mies Van der Rohe
para o bloco de apartamentos em
Weienhofsiedlung, Estugarda
(1927), o esqueleto da estrutura
do edifcio e o sistema de painis
com um metro de largura como
divises internas permitia o
a corresponder a diferentes
situaes e vivncias. Estas plantas
representam a organizao do
outros arquitetos, consoante
as necessidades dos habitantes.
Ho-o-denJapons. Vista interior.
Fig. 17 Ho-o-denJapons. Vista interior.
Fig. 18 Ho-o-denJapons. Vista interior.
Fig. 19 Ho-o-denJapons. Planta.
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deste captulo.
desgnio positivo para a conceo do habitat, importante referir o papel do arquiteto
arquitetura. O arquiteto adotou a planta livre, permitida por uma estrutura que seria a
inseparveis. Sem a coluna vertebral, a planta no seria livre, mas catica e, portanto,
conturbada. com base nestes pressupostos que Mies desenvolveu toda a sua obra, sendo
ainda seguido, nos seus princpios, por arquitetos da atualidade.
A crise do funcionalismo motivou o interesse dos arquitetos pela psicologia.
e para qualquer lugar, a arquitetura orgnica, lanada por Frank Lloyd Wright, prope
uma Casa diferente para cada Homem e para cada local. Todavia, se no funcionalismo
o Homem se esqueceu de si prprio, no organicismo esqueceu-se dos outros Homens.
unio entre a arquitetura e a vida, considera o Homem como ser individual e como ser
social.
errada. Em 1910, o arquiteto decretou que toda a arquitetura, digna de seu nome, ser, daqui
para a frente, cada vez mais orgnica.20O arquiteto visitou o Japo, pela primeira vez, em
ou as aspiraes de cada cliente individual. Mas, na realidade, os edifcios residenciais de
20 Wright cit. por Brand, S. (1994). How buildings learn: What happens after theyre built.
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Fig. 20 Planta tipo de uma das torres de apartamentos em Lake
Shore Drive, Chicago (1948-1951). Planta livre, ncleo
central de servio e zonas habitveis livres, sem
compartimentao.
Fig. 21 Schrder Huis
na altura da arquitetura modernista. Atravs da
mobilidade dos painis, possvel criar diferentes
espaos e, consequentemente, usos distintos
conforme as necessidades do utilizador. A primeira
planta descreve como a habitao pode ser usada
durante o dia, criando um nico espao contnuo,
uma nica sala e a segunda planta representa como
os espaos se podem articular durante a noite.
Fig. 22 Maison Loucheurs. Le Corbusier props um espao que
mobilirio e de painis. O arquitetou levou esta ideia
conforme as necessidades do utilizador duranteum percurso dirio. A rea central da Casa serve de
sala de comum durante o dia e pode transformar-
se em diversas sries de espaos durante a noite.
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Frank Lloyd Wright, to desenhados que eram, no podiam ser alterados, acabando por
uma certa crtica e com a ironia que lhe caracterstica, referiu que viver numa das suas
casas ser administrador de um museu de Frank Lloyd Wright; nem pensem em alterar qualquer
na ideia, mortas nascena.21
intocvel.
do Modernismo, comearam a ser reveladas algumas iniciativas, no intuito de promover
estrutura familiar. Os grandes mestres modernos, que eternizaram a planta livre (Mies,
Wright) e os interiores adaptveis (Rietveld e Le Corbusier) formam o percurso de uma
moderno por meio da arquitetura. A modernidade, na sua dialtica foi capaz, por um lado,
de condenar o usurio a uma vida rotineira e programada, mas por outro, foi tambm
capaz de fornecer valiosos indcios que o libertariam da implacvel rotina escravizadora.
anos 30) encontra-se uma tenso entre a realidade e a sua retrica, tenso essa que
necessidades das habitaes mnimas e, por outro, a uma posio mais polmica que
do Modernismo tendem a favorecer as abordagens mais fortes e mais deterministas da
22
A conscincia, cada vez maior, de que faltava uma correspondncia entre os
valores do arquiteto e as necessidades e costumes dos habitantes levou a uma srie de
surgiu um novo fenmeno no mundo da arquitetura, em que se comeou a perceber que
21 Brand, S. (1994). How buildings learn: What happens after theyre built. 22 Schneider, T. & Till, J. (2007). Flexible housing
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Fig. 23 Living 1990
grupoArchigram
um espao habitvel sem limites rgidos,
permitido por uma tecnologia avanada
para o momento, composto por uma srie
de robots mveis,que realizam a maioria
das tarefas domsticas. De uma forma
nada convencional, retratado neste
esquema o uso do espao para o decorrerde um dia.
Fig. 24 Plug-in-city
Fig. 25 Living Pod
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nem todas as sociedades podiam ser medidas segundo os mesmos padres e se aceitou
a pluralidade e diversidade cultural. Nesta altura, Nuno Portas descrevia no seu livro
inter-relao espao-necessidade tal como se defende pela
sua contribuio decisiva para um novo conceito de arquitetura funcional, a nvel superior, pe
igualmente uma questo de difcil sada: a da acelerao das mudanas que, por via das aquisies
da tcnica, da promoo social, das comunicaes de massa, etc, se operam incessantemente nos
contedos programticos das funes arquitetnicas ou territoriais. Por outras palavras: como
defender uma esttica da adeso ao que movedio, fugaz e rapidamente posto em causa por fatores
extrnsecos, emergentes e criadores de novas necessidades funcionais?23Esta questo obriga a
arquitetura a introduzir uma certa relatividade nos contedos e funes na sua prtica
disciplinar, desde que metodologicamente controlados. Esta postura metodolgica
considerava que os fatores declaradamente provisrios determinavam a adoo de
solues evolutivas que previam as deslocaes e mutaes funcionais.
Os arquitetos que formaram o Team X (dcada de 50) e que eram divergentes
da arquitetura que, at ento, se praticava, defendiam que seria necessrio dinamizar
a arquitetura funcionalista e as suas inter-relaes com o espao; precisar-se-ia da
habitat e as suas relaes, sendo que a inteno fundamental do Team X seria questionar
a validade dos princpios universais a partir da noo de que o homem se organizaria
criar vnculos sociais e de apreender o espao a partir dos seus prprios valores culturais.
social.
nova gerao de arquitetos espalhada por Paris, Londres, Amesterdo, Viena, Florena,
menos ingnuos, irnicos ou delirantes, para uma nova civilizao ldica e tecnolgica.
Com a evoluo surpreendente da tcnica quer dos materiais quer da comunicao, foi
permitido pensar numa refundao radical do habitat humano ao concentrar as atenes
destas propostas visionrias na autonomia da ao individual e na interao mental e
sensorial com o ambiente envolvente. Estas propostas radicais subentendem por isso tanto
um novo indivduo atmico, um ser existencialmente autnomo e nmada, como um novo habitat
23 Portas, N. (2008).A arq uit ect ura par a h oj e; seg uid o de Evo lu o da arqui tec tur a mod ern a em Por tug al
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modernista, ao interrogar, de forma radical, as condies dessa altura, desenvolvendo
em todos os nveis da sociedade e em todos os nveis da mercadoria, a estabilidade da realidade est
a ser posta em causa por uma mudana crescente dos nossos hbitos, portanto, consequentemente
dos nossos habitats.25
conceber megaestruturas tecnolgicas dinmicas e mutveis. Deste modo, os Archigram
(Plug-in City) e em modelos habitacionais unitrios reprodutveis (Living-Pod, Gaskett
Homes). Se, por um lado, o sistema estrutural pensado tendo em conta que todo o meio urbano
pode ser programado e estruturado para a mudana, por outro, os mdulos habitacionais
apresentam-se formalmente diferenciados, embora subentendendo uma mesma preocupao com
a pr-fabricao e o equipamento tcnico.26Os Archigram caminhavam, cada vez mais, para
uma radical desmaterializao da arquitetura e, neste sentido, comearam a desenvolver
transportveis para um novo ser nmada urbano (Cushicle, Suitaloon).
A ps-modernidade voltou a abrir espao para uma srie de situaes interessantes que
no podemos desprezar: temos que ter espao para a nossa inveno e esse espao no pode ser
limitado, muito menos por barreiras ticas, que foram aquelas que o moderno, na sua nsia de
abafar as questes de sobre-representao estilstica do sculo XIX, ao tornar o passado terra
queimada, e criando um novo modelo, acabou por institucionalizar.27A poca que atravessamos,
esteretipo residencial. necessrio uma transformao efetiva no modo da conceo
do habitat, combatendo a padronizao e a repetio, caractersticas que no pertencem
ocupa.
24 Arq.a (2008). Habitar Colectivo, n57 25 Peter Cook, em Arq.a (2008). Habitar Colectivo, n57:10-1126 Arq.a (2008). Habitar Colectivo, n57:10-1127 Jornal Arquitetos (2006). Programa, n 222
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671 . F L E X I B I L I D A D E E M A R Q U I T E T U R A - E S P A C I A L I D A D E
provocou uma crescente desintegrao entre o homem e o seu habitat, consequente dos
modernista era criar, ento, uma arquitetura funcionalista - em que cada funo teria o
seu lugar -, limpa e econmica. Menos dinheiro para a construo, mais glria para o arquiteto.
Todos ganham, exceto os utentes.28
O mercado imobilirio atual continua a basear-se nestes parmetros como
mais as questes econmicas (o mnimo da habitao mnima) do que propriamente
trabalho, apesar de ter precedentes nesta altura modernista, a sua conceo o oposto
se a ele, ao longo do tempo, com o intuito de proporcionar uma maior longevidade do
edifcio.
28 Brand, S. (1994). How buildings learn: What happens after theyre built.
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A Potica do Espao preocupa-se com os elementos psicolgicos que esto por trs das formas
imagens simples revelam um estado psquico. A casa, mais do que a paisagem, um estado
psquico, escreve ele. Quando o ambiente j no proporciona um ambiente sensvel e estimulante
para as nossas fantasias, o nosso comportamento torna-se spero e agressivo.1
identidade e memria, da conscincia e inconsciente, dos restos de comportamento
biologicamente motivados, e reaes e valores culturalmente condicionados. Quo real
tudo se torna concreto no mundo do esprito, quando um objeto, uma simples porta, pode oferecer
imagens de hesitao, tentao, desejo, segurana, acolhimento e respeito, escreve Bachelard.2
consegue integrar a mudana, forando as pessoas a moverem-se quando as suas
contnua da habitao, que, por sua vez, cria habitao desprovida de personalidade,
o que diminui, depois, a capacidade dos indivduos e das famlias para fazer quaisquer
alteraes -
nossa mente.
1 Pallasmaa, J. (2005). Encounters: architectural essays 2 Ibidem
1.3
A HABITAO: SONHO E PSICOLOGIA
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Fig. 26 Caricatura
da arquitetura multifamiliar.
necessrio uma nova atitude e uma
mudana no pensamento de conceber
a habitao.
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Cada indivduo tem uma personalidade nica e reage, no s de maneira diferente
satisfao de habitabilidade que um lugar nos transmite.
A Casa tem um grau de elevada importncia no quadro do modo de vida, que acaba
as aspiraes
formadas ao longo de uma trajetria de vida apontam para a necessidade da posse da casa, pelo que
esta se interioriza como projeto de vida em funo do qual se organizam estratgias conducentes
sua concretizao.3A partir dos anos 30 do sculo XX, Jean Piaget4desenvolveu a mais
importante teoria do desenvolvimento cognitivo, em que o funcionamento intelectual,
no seu aspeto dinmico, caracterizado pelo processo de assimilao
organismo) e de acomodao
ao mundo.5Na verdade, o ser humano adapta-se a qualquer situao, mas o Homem de
possuir as melhores tecnologias e redes do mundo, com vontade de viver um quotidiano
num mundo mais amplo e diverso e, para satisfazer esses sonhos, no se pode restringir
a sua realidade.A casa deve ser pensada e desenhada para o homem. A arquitetura precisa de
interagir com os seus utilizadores, avaliando sempre a adaptao sociedade.6H uma imagem
de sonho e de nostalgia que est por trs da transformao da estrutura social, mas, o que
familiar constituem o nico recurso disponvel para a construo da cidade. Neste
que satisfaa as suas condies e, se possvel, que concretize o sonho.
so interpretaes coletivas dos desejos individuais de uma multido elaboradas por um pequeno
3 Sociedade e Territrio (1998). Mudana social e formas de habitar,n25|26 considerado um dos mais importantes pensadores do sculo XX. Defendeu uma abordagem interdisciplinar para a investigao pensamento humano. (1896-1980) (wikipdia)5 Muga, H. (2006). Psicologia da arquitectura
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grupo.7
para si, ningum ser capaz de inventar, para os outros, a habitao perfeita. Nem na
poca em que as pessoas construam as suas prprias Casas eram livres, dado que toda a
cada um condenado a ser como ele quer que os outros o vejam - este o preo
que o indivduo tem de pagar sociedade para pertencer a ela, e desse modo ele ao mesmo tempo
possuidor e possudo por padres coletivos de comportamento.8No entanto, cada um tem uma
de desenvolvimento futuro.
() enquanto modelo a que se aspira e, depois, enquanto modelo concretizado.9 Encontrando
caractersticas do espao da habitao, d-se uma contribuio decisiva ao conceito
que uma arquitetura espacialmente errada tende a provocar na vida pessoal ou de relao, na
programaticamente desejadas.10
para as famlias, como pode ainda acelerar um processo de intolerabilidade da vida
7 Hertzberger. p. 1588 Ibidem9 Sociedade e Territrio (1998). Mudana social e formas de habitar,n25|26 10 Portas, N. (2008).A arquitectura para hoje ; seguido de Evoluo da arquitectura moderna em Portugal
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Fig. 27 Interior de apartamento em Fukuoka,
atravs de painis e armrios moviveis,
conforme as atividades e necessidades
dos utentes
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quotidiana e marcar, irremediavelmente, espritos to submissos e vulnerveis como
relaes - demasiadas ou demasiado intensas para o seu contedo interior - implicar
sobre as causas de perturbaes psicolgicas das crianas, em meios operrios, que
contrrio das outras classes. Portanto, evidencia-se a necessidade de construir fogos que
possam responder a esta tendncia que, em vez de estrangular, deve estimular.
A privatizao generalizada das sociedades contemporneas parece ser um
um habitar cristalizado nas cidades em modelos banalizados e convencionais. Perante a
em virtude das redues de programa, conduziu a uma pobreza espacial insustentvel,
atualmente, a habitao
deve ser entendida como um lugar prximo do desejo e da versatilidade, da qualidade de vida e
da fantasia sugestiva do lazer, do bem-estar e do conhecimento, em vez da habitual serenidade
ou previsibilidade do espao concebido apenas como mera necessidade social ou aparncia. Em
suma, a nova habitao tem que ser concebida atravs da diversidade e pluralidade, em vez de pela
homogeneidade e coletividade. Um espao multi-ativo e interativo.11
acompanhar o processo de vida do habitante, independentemente das circunstncias e,
aquela que incapaz de acompanhar um crescimento e mudana torna-se um fracasso.
deveria fornecer ao habitante uma interdependncia contnua; ou, se uma habitao
outro lado (habitao evolutiva); ou ainda se as circunstncias econmicas ou familiares
12
11 Arq.a (2008). Habitar Colectivo, n57 12 Schneider, T. & Till, J. (2007). Flexible housing.
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Fig. 28 Interior de apartamento
em Fukuoka, Japo,
espacial, atravs de
painis e armrios
moviveis, conforme as
atividades e necessidades
dos utentes
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que ver com elasticidade da Casa, aludindo que, em primeiro lugar, preciso a rea para
as funes essenciais que se desenrolam numa habitao, tomadas num sentido fsico
da famlia, tanto para possibilitar as distncias psicolgicas necessrias entre as pessoas
e o seu isolamento, como para abrigar a reunio dos membros sem constrangimento.
Mas poder proceder-se a uma demarcao de reas sem comparar as exigncias presentes com a
previso de evoluo13das necessidades dentro do perodo atribudo de durao da casa14Qual
do habitat so praticamente fatais. A morfologia da planta e a capacidade da Casa se
adaptar so dois aspetos que se devem ter em conta na noo de custo social, uma vez
rendimento do trabalho ou no equilbrio da educao da vida social. O desenvolvimento
de uma habitao humanizada, com o sentido de um habitar positivamente marcado pelo
bsica numa sociedade que vise um futuro com um empenho solidrio e cultural.
comunho social mais ou menos alargada/ intimidade.15O facto mais importante no habitat
de um homem a possibilidade de escolha contnua entre a vida coletiva e a liberdade do controlo
social; entre a solido e a companhia, entre o fechado e o aberto; o rudo e o silncio.16O acesso (dos
A apropriao tem relaes muito fortes com a adaptabilidade e, quando as
individualismo combatido para se promover a importncia do grupo, como acontece
13 Por evoluo entende-se a evoluo numrica da famlia, a sua evoluo social e a evoluo efetiva e espiritual da mesma14 Portas, N. (2004).A habitao social: proposta para a metodologia da sua arquitectura 15 Paul-Levy & Segaud (1998) Anthropologie de lEspace. Em Sociedade e Territrio. Mudana social e formas de habitar,n25|26 16 Quaroni cit. por Portas, N. (2004).A habitao social: proposta para a metodologia da sua arquitectura
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limitada. Outro molde so as residncias comuns, tanto de estudantes como de idosos,
e as adaptarem aos seus usos e modos de vida.
H um momento na vida dos indivduos em que esses esto disponveis para
Eu
comeo a pensar e a falar do meu quarto. frustrante ser forado a viver num espao que no se
possa reconhecer ou marcar como o seu territrio pessoal. O lar mnimo de uma criana ou de um
primitivo a mascote ou o dolo pessoal, que d uma sensao de segurana e normalidade17A
a um espao, maior a probabilidade dos seus comportamentos serem estimulados ao
longo desse mesmo tempo. A habitao tem a competncia de desenvolver (ou no) as
capacidades dos seus habitantes e tem que ver, sobretudo, com esta potencialidade de
possamos enraizar, tanto uma componente necessria de segurana fsica, como uma
Por vezes, os diferentes modos de apropriao podem ter tendncia para se
maior diversidade e nmero de utentes. H que ter em conta, portanto, que a liberdade
sem utilizao estritamente determinada.
diversidade e individualidade ao invs da homogeneidade e coletividade. Indesejveis so
aquelas habitaes cuja imagtica est to controlada que no so possveis quaisquer mudanas
introduzidas pelos seus habitantes. Tais habitaes so um fracasso. E o mesmo se aplica s
habitaes que no oferecem sugestes para os nossos sonhos.18
17 Pallasmaa, J. (2005).Encounters: architectural essays Mudana social e formas de habitar,n25|26146
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Fig. 29 Planta 4 PisoFig. 30 Planta 3 Piso
Fig. 31 Vista do alado Norte
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Habitaes em Fukuoka, Japo. Steven Holl, 1989-91
Do espao articulado ao silncio do espao vazio.19
Nexus World, localizado em Fukuoka, no Japo, um
com os espaos habitacionais. O sucesso da proposta est relacionado com aspetos
e adaptabilidade do interior das habitaes esto inseridos atravs da utilizao de
biombos, portas deslizantes (fusumaeshoji), mas levados a uma dimenso contempornea.
de cada unidade habitacional, constituindo unidades capazes de responder diariamente
cio e as atividades sazonais, evidenciando, assim, a participao do utente como uma
Casa pelos habitantes est aqui inerente, sendo facilitada
Os espaos podem ser alterados diariamente ou episodicamente, atravs, por
se vai desenvolvendo ao longo dos tempos (com a adio ou subtrao de quartos para
acomodar crianas ou parentes) . Para Steven Holl, a condio mais importante do espao
articulado o aproveitamento total do espao.
As pessoas que viviam nos apartamentos haviam-se conhecido ao mostrar as
diferentes possibilidades interiores das suas habitaes, formando uma comunidade e,
todos os meses, davam festas nos espaos comunitrios do telhado.
habitao, com uma propenso ao melhor aproveitamento do espao fsico no dia-a-dia,
uma estratgia que assume a condio inquieta e imprevisvel das relaes familiares
dos comportamentos e da natureza individual, no estrangulando nem restringindo
a capacidade necessria da mudana, nas diversas fases de vida do utente. Antes pelo
Nestas unidades habitacionais, o processo de assimilao pelo indivduo foi mais facilitado,
ao transformar a sua Casa num espao nico e diferente do dos outros, enfatizando a
19 Steven Holl
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usufruir, e promove, sim, a capacidade da aprendizagem do uso do espao, que contra a
um mediador entre a indiferena de uma simples unidade habitacional, igual a tantas
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Fig. 32 Capa do livro How buildings learn, de Stewart
Brand. Esta imagem retrata o mesmo edifcio em
tempos diferentes e realidades diferentes (1857 e
1993), o que mostra a sua perenizao atravs da
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Devem ser criados espaos convertveis que permitam mltiplas maneiras de uso e movimento
() Cada forma a breve imagem glida de um processo. Por isso, o edifcio o momento da
.1
completamente as noes de formas estveis e intemporais e ver, pelo contrrio, os
A debilidade e as incertezas que nos rodeiam conduzem-nos a uma nova dimenso
uma referncia segura ou uma envolvente protetora, mas uma situao incompleta.
e momentos, uma vez que esse edifcio deve ser feito para perdurar no tempo, reagir e
readaptar-se a novos usos e sucessivos utilizadores. Da o autor defender que um edifcio
no algo que se acabe, mas sim algo que se comea.A pea arquitetnica uma obra aberta
variados.2
1 Lissitzky cit. por Schneider, T. & Till, J. (2007). Flexible housing. 2 Almeida, P. cit. por Muga, H. (2006). Psicologia da arquitectura
UNFINISHED BUILDINGSPARTICIPAO DO UTENTE
1.4
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Fig. 33 U House, Toyo Ito (1976). O arquiteto fez esta
habitao para a irm, depois do seu cunhado
ter falecido. A forma remete para uma
introverso, em relao ao mundo. A irm do
arquiteto e as suas duas sobrinhas viveram l
durante alguns anos, como smbolo do luto
pela perda familiar. Depois disso, a casa foi
o facto das habitaes na cultura oriental,
pertencerem apenas a uma famlia e com um
s propsito.
Fig. 34 . Plano para edifcios
mais versteis (Brand, 1995). O Scenario
Planningcontribui para um edifcio mais
verstil. O edifcio aqui tratado mais como
uma estratgia, em vez de um plano.
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mais do que um propsito; que tenha a possibilidade de representar tantos papis quanto
possvel em benefcios dos diversos utentes. Por conseguinte, cada utente ser capaz de
seu ambiente familiar, uma vez que uma mesma forma pode invocar imagens diferentes em
tornar capazes de fazer coisas que possam adaptar-se melhor a mais situaes.3
constatvel uma divergncia de paradigmas. Enquanto que no Ocidente o que se pretende
a sua Casa e quando h alguma alterao no modo familiar, a Casa entra em rutura, ao
adaptabilidade que tem que ver com os utilizadores sucessivos, sendo que o edifcio,
tempo, remetendo para uma efetiva continuao de mudanas.
Scenario-buffered building um mtodo que admite
capacidade de crescimento na evoluo do uso dos espaos e na escolha de materiais, que
com o tempo possam ser adaptados facilmente.4
Winstson Churchill5
no carter e ao humana. Os edifcios regulam o curso das nossas vidas .6Este argumento de
3 Hertzberger, H. (1996). Lies de arquitectura 4 Brand, S. (1994). How buildings learn: What happens after theyre built 5 Poltico conservador e estadista britnico, historiador, escritor e artista. Foi primeiro ministro do Reino Unido durante aSegunda Guerra Mundial. (1874- 1965)6 Brand, S. (1994). How buildings learn: What happens after theyre built
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Fig. 35 A continual house
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forma perpetuamente.7
A forma fechada evitada antes que possa tomar forma. O perfecionismo no permitido,
pois poderia limitar os processos mais ativos muito cedo.8 Finalizar nunca concluir e, na
David Owen escreveu que cada casa um trabalho em desenvolvimento (work
in progress)
gradualmente pelas pessoas que a ocupam ao longo dos tempos, nas sucessivas fases de
adaptao.9
John Habraken vai mais alm, e argumenta que a moradia no deve ser desenhada nem
pr-determinada, mas sim concebida a partir da ao humana, como resultado de um
processo - o processo de habitar.
De tudo quanto foi dito, poderamos concluir que s nos resta projetar cpsulas nuas, to
antienfticas e neutras quanto possvel, para permitir aos moradores o mximo de liberdade para
tal grau de liberdade no ir resultar numa espcie de paralisia, pois, embora se apresentem muitas
possibilidades de escolha, torna-se virtualmente impossvel chegar a uma deciso, quanto mais
melhor delas - o excesso pode ser to ruim quanto a extrema limitao .10
defender uma arquitetura aberta, em que o arquiteto entra com um papel meramente
8 Pehnt (1987) cit. por Jorge, L. (2012). Estratgias de Flexibilidade na arquitetura residencial multifamiliar (Dissertao de adequado, das funes d habitao ainda sediadas provisoriamente em determinados espaos com outros usos preponderantes. 2. 10 Hertzberger, H. (1996). Lies de arquitectura
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Fig. 36 Moradias Diagoon, de Herman Hertzberger. (1971) Tipologias
Fig. 37 Moradias Diagoon
possam decidir como dividir o seu espao - onde querem dormir, onde querem comer,etc. Quando as circunstncias familiares mudam, a habitao pode ser adaptada para
visto como uma moldura provisria que deve ser preenchida. O esqueleto um meio-
As galerias internas que atravessam toda a sala de estar, podem ser mobiladas de acordo
com os gostos dos membros da famlia, constituem a rea de convivncia da famlia como
comunidade de pessoas. No h nenhuma diviso estrita entre as reas de estar e de
dormir. Cada membro da famlia tem a sua prpria parte da Casa - a ampla sala de estar
comunitria.
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burocrtico ou com obrigaes mnimas, como o desenho de uma estrutura e respetiva
espaos com qualidade e de maneira a serem o mais funcionais possvel. O arquiteto entra
como uma ferramenta essencial na programao dos respetivos espaos, devendo esses
sua manuteno, e menos em acabamentos. Um bom edifcio submete-se a progressivas
mudanas at alcanar uma nova adaptao e , assim, consumado por uma progresso
um desperdcio fazer qualquer
coisa apenas por uma razo.11
Este processo da permanente continuao do edifcio transforma os ocupantes
em aprendizes ativos e moldveis, em vez de vtimas passivas.
Peter Hbner acrescenta tambm que
terminada.12
dos utilizadores com a arquitetura, permitindo decises e mudanas, apropriaes e
Tanto Stewart Brand como Peter Hbner apresentam questes relacionadas com
mtodos que vo contra uma arquitetura dita cristalizada e terminada, o que nos suscitou
personalizao dos modos de habitar.
participao do utente, ao intervir no espao
de interveno estaro sempre relacionadas com a etapa de vida em que o habitante se
encontra. Na verdade, no s as pessoas que habitam um mesmo espao so diferentes,
como tambm elas prprias mudam, e a sua forma de viver transforma-se, evoluindo
para novos ritmos dirios. A relao do Homem com o espao em que vive , portanto,
as suas necessidades culturais, sociais e individuais. E o habitante quem melhor pode
11 Brand, S. (1994). How buildings learn: What happens after theyre built
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Fig. 38
o concurso Proyecto Piloto 1
vivienda PREVI, em Lima, no Peru
.Volumetria da casa, respectiva
evoluo e aumento de habitantes.
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elas e mais ateno lhes daremos. A participao a fonte do apetite e autoalimenta-se para
aprofundar e aumentar o compromisso do indivduo com a ampliao dos seus prprios contextos.
Foi reconhecido pelos nossos psiclogos que o apetite a fonte de motivao, no a fome.13Acredita-
vontade prpria de cada pessoa participar na sua habitao e na respetiva conceo.
Coderch14 sentia que a fora de uma habitao estava ligada ao conhecimento
sentido.
de papel(Prof Lcia Mascar). Efetivamente, ele comea por a, mas, para poder ser um
no tem a obrigao de prever todas as mudanas possveis no ncleo de um habitat,
grandes interferncias na economia e na qualidade de vida dos habitantes
liberdade quotidiana e a segurana.15As condies de conforto mudam, tendo em conta
espaos, nomeadamente nos edifcios residenciais, dado que, na sua esmagadora maioria,
so desenhados para mais do que um utilizador.
no dia em que entreguei um dos projetos do conjunto gerou-se
motoras. Tive de fazer outro projeto e, quando o entreguei, esse regulamento j tinha sido anulado
13 Johnson cit. por Allen, E. (1978). 14 Arquiteto espanhol que pertenceu ao que se pode designar como uma segunda gerao de modernistas, em que as ideias da 15 Tirone, L. (2007).
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porque, no intervalo, houve eleies.16); mas, na verdade, essas normas no vo mudar se no
se quebrarem os esteretipos aos quais nos fomos acomodando ao longo do tempo.
Antes da ocupao, o edifcio habitacional deve oferecer ao futuro utente uma
variedade de diferentes layouts para escolha e, tal facto, deve estar representado na
unidades habitacionais devem permitir aos usurios fazer as mudanas de acordo com os
para acomodar um nmero de usos atravs da sua dimenso e organizao, estabelecidas
de que todos os espaos devem acomodar a mudana que possa ir ao encontro tanto das
necessidades atuais como futuras dos habitantes, bairros e cidades.
Uma vez que nem sempre se conhece o futuro habitante, apenas que pode pertencer
a um estrato socioeconmico e a uma regio conhecidos, importante privilegiar, numa
viso prospetiva, as necessidades da maioria das pessoas, a sua totalidade, o universo
que inclui cada pessoa como um ente nico e incomparvel, principalmente no que se
de arquitetura ao estabelecer uma relao com a realidade concreta e a sua prospetiva.
imaterial ilimitado, onde todos os aspetos so equacionados e hierarquizados com uma
referncia transdisciplinar que se submete a uma ideia de estruturao de espao e
forma. Os conceitos, os princpios e os procedimentos desenvolvidos pelas e entre as
Numa conversa entre professores e alunos, decorrida neste Departamento de
Arquitetura, no mbito do lanamento de uma edio da revista NU, o prof. Antnio
Bettencourt fez referncia ao gegrafo Jorge Gaspar, uma vez que defendia que os
as geraes que vm a seguir vo reconhec-los como tal e tero vontade de atuar sobre
consequncias no s a nvel do impacte ambiental, mas na constituio da memria das
16 Arq.a (2008). Habitar Colectivo, n58
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Fig. 39
Evoluo feita pelos seus moradores, consoante as suas
necessidades
Fig. 40 Casas multifamiliares e Hipercasa. Nesta ltima, a
habitao torna-se num resultado de valor, no s na
capacidade de uma famlia atender a necessidade de ter
uma Casa, mas tambm no potencial de a usar para gerar
receitas e fortalecer, assim, as economias familiares.
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e no processo de composio do edifcio. De facto, esta problemtica interdisciplinar;
muitas vezes, pela vontade de compreender estes fenmenos, o arquiteto comea a lidar
da problemtica que lhe compete e a no ter to presente o sentido de responsabilidade, que esse
sim, s o arquiteto consegue assumir, e apenas o arquiteto tem a formao para dar um contributo
quanto a isso: fazer bons edifcios.
Proyecto Piloto 1 vivienda PREVI,em Lima, Peru. (Concurso)
Proyecto Piloto 1
vivienda PREVI
das propostas e o tempo, que levou a diferentes intervenes de auto-gesto.
O plano geral consistia inicialmente na construo de 1.500 habitaes segundo
perfaziam um total de 467 unidades habitacionais. Neste processo participaram 13
equipas peruanas e 13 equipas internacionais, incluindo nomes como James Stirling
habitao econmica, impe certas restries que entram em crise quando o habitante
presso, colocada pelo utente para tentar superar a escassez inicial, requer a compreenso
da habitao como parte de um processo dinmico.
numa primeira fase, e de oito a dez pessoas numa segunda.
A interseo das histrias da famlia com a transformao da habitao revela
um ponto crucial do processo de evoluo. Este padro de evoluo o mecanismo pelo
qual cada famlia ir satisfazer requisitos que variam com o tempo e a idade dos seus
membros.
As virtudes da proposta tm que ver com as alteraes e adies bem-vindas,
para o ganho capital inicial da famlia. Articular a relao entre vazios e espaos
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Fig. 41 James Stirling. Proyecto Piloto 1 vivienda PREVI, em Lima, no Peru
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rgidos preenchem as condies de segurana da habitabilidade em diferentes fases do
crescimento do grupo familiar.
A fase inicial (fase-zero) deve comear, portanto, como um processo que favorece
a economia, a rede social interna e a adio de outras unidades consoante o decorrer do
tempo e as necessidades envolvidas.
De uma forma sucinta, e como remate deste captulo, pode concluir-se que h
Uma Casa um processo que comea nas mos do arquiteto, mas que deve
ser continuada pelo habitante, ao longo do tempo - cenrio com maior probabilidade
edifcio deve ser concebido para perdurar no tempo e ir construindo uma histria feita
pelas pessoas, atravs do processo de habitar. Esta continuidade oferecida aos habitantes,
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CAPTULO 2
FLEXIBILIDADE: UM CONTRIBUTOPARA A SUSTENTABILIDADE
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quanto arquitetura sustentvel, poder dizer-se simplesmente que estamos no caminhopara a sustentabilidade
Com este captulo pretendemos ir mais alm no que concerne ao tema da
espaos habitacionais no apenas uma estratgia que possibilita opes de escolha ao
utente para adaptar a sua Casa aos seus modos de vida, ao longo do tempo, o que por si s
na sua essncia, para