ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de...

100
DO PARANÁ SERICICULTURA INOVAÇÕES NA Edição TECNOLOGIAS, MANEJO E RENTABILIDADE Organizadores Dimas Soares Jr. Edson Diogo de Almeida Oswaldo da Silva Pádua Autores Andressa Zamboni Dimas Soares Jr. Donizete Saldan Edson Diogo de Almeida Gianna Maria Círio José Yoshiro Oda Oswaldo da Silva Pádua Ruy Seiji Yamaoka

Transcript of ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de...

Page 1: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

DO PARANÁSERICICULTURA INOVAÇÕES NA

1ª EdiçãoTECNOLOGIAS, MANEJO E RENTABILIDADE

OrganizadoresDimas Soares Jr.Edson Diogo de AlmeidaOswaldo da Silva Pádua

AutoresAndressa Zamboni

Dimas Soares Jr.Donizete Saldan

Edson Diogo de AlmeidaGianna Maria Círio

José Yoshiro OdaOswaldo da Silva Pádua

Ruy Seiji Yamaoka

INO

VA

ÇÕ

ES NA

SERIC

ICU

LTUR

A D

O P

AR

AN

Á: TEC

NO

LOG

IAS, M

AN

EJO E R

ENTA

BILID

AD

E

Apoio:

Patrocinio:

Realização:

ABRASEDA - Associação Brasileira da Seda

Com uma perspectiva cada vez mais promissora, fruto do interesse e valorização do mercado internacional pela qualidade dos fios de seda brasileiros, a Sericicultura nacional retoma a produção de casulos do bicho da seda e vivência o aumento da produtividade e rentabilidade do setor. Nos últimos anos, tem apresentado crescimento constante e sustentável, constituindo-se em agente estratégico de transformação econômica e social. A Sericicultura se desenvolve de forma ambientalmente correta, socialmente ética e economicamente responsável, que fixa o homem no campo e promove a sucessão familiar rural, fortalecendo os pequenos municípios do Brasil. A obra “Inovações da Sericicultura do Paraná” oferece um panorama rico e diversificado da cultura da seda, englobando aspectos conjunturais (históricos, econômicos, estatísticos e sociais), fitossanitários e tecnológicos. Almejamos que sua leitura propicie a todos os envolvidos - direta e indiretamente - dados que incentivem o motive ainda mais o aprofundamento das pesquisas agrícolas e do desenvolvimento de inovações tecnológicas, gerando novas iniciativas que produzam o fortalecimento de toda a cadeia produtiva da seda.

Page 2: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

INOVAÇÕES NA SERICICULTURA DO PARANÁ:

TECNOLOGIAS, MANEJO E RENTABILIDADE

Dimas Soares Júnior

Edson Luiz Diogo de Almeida

Oswaldo da Silva Pádua

Orgs.

Page 3: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

GOVERNO DO PARANÁSecretaria da Agricultura e do AbastecimentoGeorge Hiraiwa – Secretário de Estado

fIAÇÃO DE SEDA BRATAC S/AShigueru Taniguti Júnior – Presidente

ABRASEDARenata Amano - Presidente

INSTITUTO AGRONôMICO DO PARANÁFlorindo Dalberto – Diretor PresidenteTiago Pellini – Diretor de Pesquisa

INSTITUTO PARANAENSE DE ASSISTêNCIA TéCNICA E ExTENSÃO RURAL

Richard Golba – Diretor PresidentePaulo Cesar Hidalgo – Diretor Técnico

REVISÃO - Mara Csiszer

PROJETO SEDA: O fIO qUE TRANSfORMA | UELSUPERVISÃO GRÁfICA - Paula NapoPROJETO GRÁfICO - Nabil Slaibi e Kevin DinizDIAGRAMAÇÃO - Kevin DinizCAPA - Nabil Slaibi

DISTRIBUIÇÃO - Fiação de Seda Bratac S/A2ª EDIÇÃO – 50 exemplares

IMPRESSO NA GRÁfICA DO INSTITUTO EMATER

Catalogação elaborada pela Divisão de Processos Técnicos da Biblioteca Central da Universidade Estadual de Londrina

Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)

Bibliotecária: Solange Gara Portello – CRB-9/1520

I58 Inovações na sericicultura do Paraná : tecnologias, manejo e rentabilidade / Dimas Soares Júnior, Edson Luiz Diogo de Almeida, Oswaldo da Silva Pádua: orgs. – Londrina : ABRASEDA : IAPAR, 2018. 103 p. : il.

Vários autores. Inclui bibliografia. ISBN 978-85-85065-00-3 1. Bicho-da-seda – Criação – Paraná. 2. Amoreira –

Manejo. 3. Solos – Fertilidade. 4. Nematoda em plantas. I. Soares Júnior, Dimas. II. Almeida, Edson Luiz Diogo de. III. Pádua, Oswaldo da Silva. IV. Associação Brasileira da Seda. V. Instituto Agronômico do Paraná.

CDU 638.2(816.2)

Page 4: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

AUTORES

Andressa Cristina Zamboni MachadoEngenheira Agrônoma

Mestre e Doutora em AgronomiaPesquisadora da Área de Proteção de Plantas do IAPAR

Dimas Soares JúniorEngenheiro Agrônomo

Mestre em AdministraçãoDoutor em Agronomia

Pesquisador da Área de Socioeconomia do IAPAR

Edson Luiz Diogo de AlmeidaEngenheiro AgrônomoMestre em Agronomia

Extensionista Rural do EMATER/PR

Gianna Maria CírioEngenheira AgrônomaMestre em Agronomia

Analista do DERAL/SEAB

João Donizete SaldanAdministrador de Empresas

Supervisor de Produção de Matéria Prima da Fiação de Seda Bratac S/A

José Yoshihiro OdaAdministrador de Empresas

Gerente de Produção da Matéria Prima da Fiação de Seda Bratac S/A

Oswaldo da Silva PáduaTécnico em Agropecuária

Extensionista Rural do EMATER/PR

Ruy Seiji YamaokaEngenheiro AgrônomoMestre em Agronomia

Pesquisador Colaborador da Área de Fitotecnia do IAPAR

Page 5: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

EqUIPE TéCNICA DE ACOMPANhAMENTO DAS

UNIDADES DE REfERêNCIAS

INSTITUTO EMATER

Alaércio Francisco da Silva - Alto PiquiriCloves José Rosa - LuizianaDonizete Augusto dos Santos - Xambrê(in memoriam)Douglas Basoni Alves - TapiraEduardo Libanori - Cruzeiro do SulEliseu Souza dos Santos - Santa Cruz do Monte Castelo / Santa MônicaFlorisval Rodrigues Calixto - IretamaGenivaldo Pestana - IvatéJorge Luiz Pereira de Oliveira - AltôniaJosé Sergio Righetti - MandaguaçuMarcos Ferreira Batista - Tuneiras D’OesteMario Nativo Bravin - Alto ParanáOswaldo da Silva Pádua - Nova Espe-rança Paulo Lavac - AltôniaReginaldo Volpato - IndianópolisSidney Galhardo - Terra BoaWilson Lopes Silva - Astorga

fIAÇÃO DE SEDA BRATAC S/A

Adilson Cesário Leite – IretamaAparecido Barbosa dos Santos - Nova EsperançaCarlos Antoniassi – AltôniaDonizeti Franzoia – IndianópolisEdson Ribeiro – AstorgaFábio José Galhardi – TapiraFrancisco Osmar dos Santos - Cruzeiro do SulFrancisco Roberto Cardoso - Alto ParanáFrancismar Cesar Sichinelli - Santa Cruz do Monte Castelo / Santa MônicaJoão Affonso Filho - Nova Esperança José Ferreira da Conceição – AltôniaLucio Faccina – AstorgaMarcos Antônio Urbano – MandaguaçuRafael da Silva Filho - Tuneiras do OesteRoberto Teixeira - Nova EsperançaSergio Cardoso – LuizianaSidney Faúne – RondonValdinei de Souza - Terra BoaVanderlei Salomão – Ivaté

Page 6: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO_________________________________________________09

PREfÁCIO_______________________________________________________11

INTRODUÇÃO____________________________________________________14

EVOLUÇÃO E CONDIÇÃO ATUAL DA SERICICULTURA NO PARANÁ

Introdução______________________________________________________21

Características, usos e obtenção______________________________________22

Participação do Brasil e do Paraná na produção de casulos do

bicho-da-seda_____________________________________________________23

Desempenho da produção de casulos no Paraná_________________________26

Preços e custos___________________________________________________29

Considerações finais_______________________________________________30

Referências_______________________________________________________32

CONDIÇÃO ATUAL E MANEJO DA fERTILIDADE DO SOLO EM AMOREIRAIS

Introdução________________________________________________________35

Características quimicas dos solos____________________________________37

Extração de nutrientes pelas plantas de amoreiras_______________________43

Aproveitamento de ramas de amoreira_________________________________44

Avaliação dos teores de nutrientes presentes nas ramas e folhas

da massa foliar produzida, nos restos das colheitas de amoreira

no campo, e nos restos da cama de criação_____________________________47

Conclusões_______________________________________________________48

Referências_______________________________________________________50

Page 7: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

OCORRêNCIA DE NEMATOÍDES EM AMOREIRAIS E PRÁTICAS DE

CONTROLE

Introdução________________________________________________________52

Nematoides em amoreira no Brasil____________________________________53

Disseminação e manejo_____________________________________________59

Conclusões_______________________________________________________66

Referências_______________________________________________________67

DESCRIÇÃO, IMPACTOS E POTENCIALIDADES DAS PRINCIPAIS

INOVAÇÕES NO MANEJO DE AMOREIRAIS E SIRGARIAS

Introdução________________________________________________________71

Inovações nos sistemas de produção de casulos verdes___________________72

Considerações finais_______________________________________________80

A RENTABILIDADE DOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO DE CASULO VERDES

Introdução________________________________________________________83

Metodologia______________________________________________________84

Análise econômicas das unidades acompanhadas________________________86

Considerações finais_______________________________________________92

Referências______________________________________________________95

ANEXO ________________________________________________________ 99

Page 8: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

A P R E S E N T A Ç Ã O

Page 9: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

APRESENTAÇÃO

UNIDADES DE REfERêNCIA

Este belo livro é o resultado de um árduo trabalho de 4

anos, que só foi possível graças aos trabalho em conjunto dos

técnicos da Emater, IAPAR e Fiação de Seda Bratac.

Após um detalhado estudo de potencialidade, foram

escolhidos 18 produtores do bicho-da-seda que serviram como

modelo para uma produção exemplar, com indicadores de

qualidade, produtividade e rentabilidade mais próximos possíveis

dos níveis ideais.

Através de acompanhamentos periódicos das equipes,

todos os 18 produtores foram muito bem orientados e cumpriram à

risca todas as instruções, provando que é perfeitamente possível

produzir com mais qualidade e maior produtividade, otimizando a

área disponível para a criação do bicho-da-seda, com os mesmos

recursos humanos, e ainda aumentando consideravelmente a

receita destes produtores.

Os trabalhos continuam e esperamos que contribua para

uma maior conscientização de todos os produtores do bicho-

da-seda, e que possamos ter, em breve, muitos produtores nos

mesmos moldes das unidades de referência.

Produtores produtivos e satisfeitos é o primeiro passo

para o sucesso da cadeia da seda!

Fiação de Seda Bratac s.a.

Shigueru Taniguti Junior

Diretor Presidente

Page 10: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

P R E f Á C I O

Page 11: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

PREfÁCIO

Com os primeiros registros de produção de casulos verdes

registrados ainda na década de 1930, foi a partir de 1970, com

a chegada das indústrias processadoras, que a Sericicultura

paranaense se consolidou como importante componente da pauta

de produção agropecuária do estado.

A organização do setor e a forte vinculação da atividade

às nossas características climáticas, edáficas e sociais levaram

o Paraná a ocupar no inicio dos anos 1980 a condição de maior

produtor brasileiro de casulos verdes, posição não abandonada

desde então.

Um dos elementos para a manutenção dessa história de

sucesso tem sido a permanente colaboração entre o Estado e

o setor privado, observada por exemplo na Câmara Técnica do

Complexo Seda, a qual, criada em 2004, é hoje um dos melhores

exemplos de articulação e parceria público - privada presente

entre as cadeias agroindustriais paranaenses, trabalhando não

somente no desenvolvimento de políticas públicas específicas,

como as Patrulhas Sericícolas, como também para aumentar

o alcance entre os sericicultores, das políticas públicas mais

amplas como o Pronaf, o Prosolos, e os Programas de Calcário e

Fósforo, de Estradas Rurais, de Microbacias, Habitação Rural, de

Irrigação Noturna entre outros.

Assim, é com grande satisfação que constatamos mais

um exemplo dessa cooperação virtuosa materializado nessa

obra, que congrega esforços da Fiação de Seda Bratac S/A e da

Secretaria da Agricultura e do Abastecimento por meio de seu

Page 12: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

Departamento de Economia Rural (DERAL) e de suas vinculadas

Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural

(EMATER/PR) e Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR).

Esse esforço conjunto permitiu oferecer nesse documento,

uma visão atualizada sobre tecnologias e inovações para o manejo

de amoreirais e sirgarias, e, ancorando-se no acompanhamento de

uma rede de unidades produtivas familiares, apontar a viabilidade

econômica da atividade nesse novo momento na qual essa se

encontra.

Sendo assim, acreditamos que esse trabalho se constitui

em importante contribuição para todos aqueles envolvidos no

Complexo Agroindustrial da Seda no Paraná, colaborando para

que se ampliem as já importantes contribuições ambientais,

econômicas e sociais que este setor vem oferecendo à sociedade

paranaense.

Desejamos a todos uma excelente leitura. Esse é um livro

que nos faz parar para pensar e literalmente nos leva a acreditar

que juntos podemos inovar nossa própria história.

George Hiraiwa

Secretário de Estado da Agricultura e do Abastecimento

Page 13: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

I N T R O D U Ç Ã O

Page 14: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

INTRODUÇÃO

Oswaldo da Silva Pádua, Edson Luiz Diogo de Almeida,

Dimas Soares Júnior

Ainda que as primeiras iniciativas para a implantação da

atividade tenham sido registradas em 1932, foi a partir do começo

dos anos 1970, com a instalação de indústrias de processamento

e o emprego de novas tecnologias produtivas, que a sericicultura

se consolidou como importante alternativa aos sistemas de

produção familiares do Paraná, levando o estado a superar a

produção paulista na safra 1985/86 quando assumiu a condição

de maior produtor nacional (WATANABE et. al., 2000), posto não

abandonando desde então.

Sua aptidão à pequenas áreas, seu caráter ambientalmente

correto - uma vez que não exige a utilização de agrotóxicos nos

tratos culturais e não gera resíduos poluentes - e o potencial

distributivo de sua cadeia produtiva - já que a renda gerada na

produção primária dinamiza as economias locais, - levaram a

atividade a estar presente em 245 dos 399 municípios do estado

na safra 1997/98.

Contudo, entre as safras 2011/12 e 2014/15, ainda que

tenha mantido a liderança incontestável na produção de casulos

verdes no país, o Paraná diminuiu sua contribuição na produção

total nacional em 6,2 pontos percentuais, resultado do aumento de

9,4% na produção brasileira, face à somente 2,0% de incremento

na produção paranaense entre as duas safras.

Tal resultado, decorrente da conjuntura do mercado

Page 15: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

internacional associada a aspectos econômicos, demográficos

e sociais internos, resultou na redução de 38,4% na área das

amoreiras destinadas à alimentação das lagartas de bicho da

seda, de 20,0% do número de sericicultores e de 25,2% no número

de barracões destinados à atividade. Saliente-se que a redução

na produção somente não foi mais drástica devido ao incremento

de 47,3% na produtividade média observada no mesmo período

(CÍRIO, 2016).

Consolidou-se assim, um cenário em que se tornou

ainda mais premente para os sericicultores, a necessidade de

adoção de tecnologias que permitissem não somente melhorar

a eficiência técnica como também a gestão de suas unidades

produtivas, visando suprir informações para a tomada de decisões

e o aperfeiçoamento dos processos, com vistas a garantir a

permanência na atividade.

Para dar suporte a tais mudanças e, em alinhamento com

as diretrizes institucionais do Instituto Paranaense de Assistência

Técnica e Extensão Rural (EMATER/PR), a equipe de Assistência

Técnica e Extensão Rural (ATER) em sericicultura mobiliza-se para

a adoção da estratégia de implantação de unidades referenciais,

visando a construção de referências técnicas e econômicas que

permitam melhor qualificar as ações de difusão e transferência de

tecnologias tradicionalmente realizadas, constituindo assim uma

rede de unidades produtivas voltadas à inovação.

Tal Rede, definida como sendo

“...um conjunto de propriedades

representativas de determinado sistema de produção familiar, que após processo de otimização visando ampliação de sua

Page 16: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

eficiência e sustentabilidade, conduzido por agricultores e técnicos, servem como referência técnica e econômica para as outras unidades por elas representadas.” (MIRANDA e DOLIVEIRA, 2005).

tem por objetivos complementares: i) levantar demandas de

pesquisa a partir de diagnósticos nas propriedades; ii) realizar

testes, ajustes e validação de tecnologias; iii) ofertar tecnologias e

ou atividades que ampliem a eficiência dos sistemas de produção;

iv) disponibilizar informações e propor métodos para orientar os

agricultores na gestão da propriedade rural; iv) servir como polo

de difusão e capacitação de técnicos e agricultores; e v) subsidiar

formulação de políticas de promoção da agricultura familiar.

Implementada pela EMATER/PR e pelo Instituto Agronômico

do Paraná (IAPAR) em outros sistemas de produção desde o ano

de 1998, esta estratégia é particularmente potencializada no setor

sericícola, pela parceria que une, nessa condição específica,

a ATER e a pesquisa agropecuária públicas com a iniciativa

privada, por meio da Fiação de Seda Bratac S/A, que por meio da

parceria firmada em 2014 participa ativamente da constituição da

Rede, mobilizando para tanto sua equipe de agentes de apoio à

sericicultura.

Assim, foram selecionadas na safra 2014/2015, 18

unidades produtivas localizadas em 14 diferentes municípios

da Macrorregião Noroeste, responsável por 60% da produção

estadual, onde se encontram 1.008 produtores distribuídos em 77

municípios (CÍRIO, 2018), as quais recebem acompanhamento

técnico e econômico específico da equipe da EMATER/PR em

parceria com os profissionais da Bratac. A Figura 1 apresenta

Page 17: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

a localização das unidades de referências acompanhadas nas

safras 2016/2017 e 2017/2018.1

figura 1. Localização das Unidades de Referências da Rede em Sericicultura acompanhadas nas safras 2016/2017 e 2017/2018.

fonte: LASE/IAPAR a partir de dados da pesquisa.

Completados quatro anos do acompanhamento destas

unidades, foi possível identificar as diferenças nos resultados obtidos

por meio das inovações introduzidas por ajustes nos processos

produtivos ou por novos produtos como máquinas e equipamentos,

os quais possibilitaram também a redução da penosidade do

trabalho, resultando em níveis de produtividade 64% superiores à

média estadual no período de análise.

Com a estabilidade de preços e a alta demanda de fios de

1 A cada safra foram acompanhadas 18 unidades produtivas, totalizando 21 unidades acompanhadas ao longo do período em decorrência de mudanças na composição do grupo com pode ser visto na página 97.

Page 18: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

qualidade - característica presente no produto brasileiro e que o

diferencia no mercado internacional - a obtenção de maiores índices

de produtividades pode resultar no aumento do rendimento das

famílias dedicadas à sericicultura no estado, com respostas positivas

nos setores de produtos e serviços dos pequenos municípios

paranaenses e na atração de novas gerações de produtores,

viabilizando processos de sucessão familiar, gerando emprego e

renda no campo e impactando positivamente a qualidade de vida e o

desenvolvimento regional.

Tendo por objetivo, apresentar alguns dos resultados obtidos

nos trabalhos desenvolvidos no âmbito da Rede de Unidades de

Referências em Sericicultura, essa publicação organiza-se em cinco

capítulos além dessa introdução.

No primeiro, Gianna Maria Círio (Departamento de Economia

Rural da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento) discute a

evolução e a condição atual da sericicultura no Paraná,

detalhando aspectos conjunturais sumariamente aqui abordados.

Nos capítulos seguintes, dois importantes temas para o manejo

de amoreirais: A condição atual e o manejo da fertilidade dos

solos e A ocorrência de nematoides e práticas de controle,

são discutidos respectivamente por Ruy Seiji Yamaoka e Andressa

Cristina Zamboni Machado, pesquisadores do IAPAR.

Os impactos e potencialidades das principais inovações

no manejo de amoreirais e sirgarias, tema apresentado por José

Yoshihiro Oda da Fiação de Seda Bratac S/A, apresenta a descrição

de algumas das novas tecnologias de produtos e processos voltadas

para a sericicultura.

Finalmente, o capítulo preparado por Edson Luiz Diogo de

Page 19: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

Almeida, Oswaldo da Silva Pádua (EMATER/PR), Dimas Soares

Júnior (IAPAR) e João Donizete Saldan (Fiação de Seda Bratac S/A)

apresenta dados referentes à Rentabilidade dos sistemas de

produção de casulos verdes, obtidos a partir do acompanhamento

das unidades de referências nas quatro últimas safras (2014/15,

2015/16, 2016/17 e 2017/18).

REfERêNCIAS

CIRIO, G. M. Sericultura no Estado do Paraná Safra

2015/16 – Relatório Takii. Governo do Paraná. Secretaria de Estado

da Agricultura e do Abastecimento. Departamento de Economia

Rural. Disponível em: http://www.agricultura.pr.gov.br/arquivos/File/

deral/.../2017/Sericicultura_2016_17.pdf. Acesso em 08 mar. 16.

MIRANDA, Márcio; DOLIVEIRA, Diniz Dias. Redes de

Referências: Um dispositivo de pesquisa & desenvolvimento para

apoiar a promoção da agricultura familiar paranaense. In: Conselho

Nacional dos Sistemas Estaduais de Pesquisa Agropecuária

(ed.). Redes de Referências: Um dispositivo de pesquisa &

desenvolvimento para apoiar a promoção da agricultura

familiar. Campinas, 2005. p.9-19.

WATANABE, J. K.; YAMAOKA, R. S.; BARONI, S. A. Cadeia

produtiva da seda: Diagnósticos e demandas atuais. Londrina:

IAPAR, 2000. 129 p.

Page 20: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

C A P Í T U L O U M

E v o l u ç ã o e C o n d i ç ã o A t u a l d aS e r i c i c u l t u r a n o P a r a n á

Gianna Maria Cirio

Page 21: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

EVOLUÇÃO E CONDIÇÃO ATUAL DA

SERICICULTURA NO PARANÁ

Gianna Maria Cirio

INTRODUÇÃO

A criação de bicho-da-seda denomina-se sericicultura.

O bicho-da-seda é originário da China e vem sendo criado pelo

homem para obtenção de fios de seda há cerca de 5.000 anos.

Da China, o inseto foi introduzido no Japão, Turquestão, na Ásia

Central e Grécia. Em 1740, o bicho-da-seda passou a ser criado

na Espanha, França, Itália e Áustria.

No território brasileiro a introdução da sericicultura

ocorreu em 1848, no estado do Rio de Janeiro e, em 1922, na

cidade de Campinas/SP - onde foi criada a Indústria de Seda

Nacional S.A. A partir da década de 1930, a sericicultura tornou-

se uma importante atividade para a agroindústria brasileira e,

atualmente, o estado do Paraná é o maior produtor nacional de

casulos verdes de bicho-da-seda (BRENNER, 2010).

A atividade tem início com o cultivo da amoreira (Morus

sp.)12, passa pelo recebimento dos ovos - fornecidos pelas

indústrias da espécie adequada para a produção de fios

denominada Bombyx mori L. (Lepidoptera: Bombycidae) - e se

completa com a criação destas lagartas em galpões denominados

sirgarias. É desenvolvida no campo, principalmente pelos

agricultores familiares, constituindo uma atividade integrada

entre os produtores e indústrias.

A sericicultura é uma alternativa de geração de renda

1 “Amoreira”, ”amora”, “cultivo da amoreira”, “cultivo da amora”, serão utilizados como sinônimos ao longo desse livro sempre em referência à Morus sp.

Page 22: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

para muitos produtores do meio rural e está presente em cerca

de 40 países, nas últimas décadas, a produção de fios de seda

e a indústria têxtil a ela vinculada vem apresentando intensa

transformação.

CARACTERÍSTICAS, USOS E OBTENÇÃO

A seda é uma fibra proteica usada na indústria têxtil, sendo

uma matéria prima de alto custo, e altamente valorizada devido

aos seus atributos únicos em caimento, brilho, leveza, maciez

e resistência, além de caraterísticas químicas e físicas como:

pH neutro, elasticidade, ausência de eletricidade estática, alta

capacidade de absorção. Somadas, suas características tornam

seu uso confortável como tecido, principalmente em camisas,

vestidos, blusas, gravatas, xales, luvas, assim como para tecidos

de decoração, cortinas, estofados e almofadas, podendo também

ser utilizada para fins eletrônicos, aeronáuticos e na medicina.

A fibra de seda natural é um filamento contínuo da

proteína, produzido pelas lagartas de certos tipos de mariposas.

As lagartas expelem, através das glândulas, o líquido da seda (a

fibroína) envolvido por uma goma (a sericina) que se solidifica

imediatamente quando em contato com o ar.

Estima-se que a produção de seda corresponda a menos

de 0,2% das fibras têxteis e é considerada como uma fibra

ecológica, por ser obtida a partir dos casulos de bicho-da-seda

produzidos por tecnologias amigas do ambiente que envolvem

pequenas quantidades de fertilizantes e sem uso de inseticidas.

O Brasil é o único produtor de fio de seda em escala

comercial no Ocidente e o Paraná, a partir da década de 1980,

Page 23: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

tornou-se o principal produtor nacional de casulos do bicho-

da-seda, segundo dados da Secretaria da Agricultura e do

Abastecimento que, por meio de seu Departamento de Economia

Rural (DERAL) acompanha o desempenho da atividade desde a

safra de 1985/86 até hoje.

PARTICIPAÇÃO DO BRASIL E DO PARANÁ NA

PRODUÇÃO DE CASULOS DO BIChO-DA-SEDA

No Brasil, a sericicultura em escala comercial teve início

no estado de São Paulo e apresentou um desempenho crescente

até seu auge na década de 1980 e início dos anos 1990. Ainda

hoje é desenvolvida no estado, embora com menos sericicultores.

No Paraná, a atividade chegou no final da década de

1950, mas foi no início da década de 1980 que o estado se tornou

o maior produtor nacional, respondendo por 53% da produção de

casulos e, desde de meados da década de 1990 até o presente,

responde por cerca de 90% da produção brasileira (Figura 1).

Page 24: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

figura 1. Produção brasileira e paranaense de casulos do bicho-da-seda, em

toneladas. ano-1 - 1986 a 2016.

fonte: IBGE, SEAB, BRATAC - Elaboração SEAB/DERAL.

O auge da produção de seda no Brasil e no Paraná foi

obtido na safra 1986/87 quando o mercado interno consumia cerca

de 500 toneladas por ano. No início de 1990, com a abertura das

importações, o mercado interno encolheu para 50 toneladas/ano

e nesta época, muitas tecelagens fecharam suas portas para dar

lugar aos tecidos importados da Coréia do Sul e da China que

entraram no país.

Nos anos 1990, a produção de casulos no Brasil distribuía-

se nos estados do Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Santa

Catarina, Minas Gerais, Goiás, Rio Grande do Sul, Espírito Santo,

Rio Grande do Norte e Roraima e na atividade fabril estavam as

empresas: Bratac, Kanebo-Fujimura, Cocamar, Kobes, Shoei e

Cooperseda (BRATAC, 2018).

Page 25: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

A partir da segunda metade dos anos 1990, teve início

uma queda na atividade em decorrência de fatores conjunturais

tais como a sobrevalorização cambial - quando mais de 95%

da produção era destinada ao mercado externo; gerando a

necessidade de reorganização da cadeia produtiva devido a

fatores estruturais - destacando-se as baixas rentabilidades do

setor primário, produtividade e qualidade dos casulos; o monopólio

de material genético do bicho-da-seda; a baixa produtividade

e qualidade do amoreiral; as doenças do bicho-da-seda e as

dificuldades na administração da propriedade/atividade. Alguns

destes entraves podem ser atribuídos ao desenvolvimento da

atividade, predominantemente, em pequenas propriedades rurais

onde os produtores estão envolvidos em outras atividades, tanto

pecuárias como agrícolas (BARBOSA, 2018).

Em 1996 e 1997 teve início o declínio da atividade e a

consequente desativação e saída das diferentes empresas que

formavam o complexo da seda. Encerraram suas atividades as

empresas: Shoei e Kobes do Brasil (filial da Kobe Kiito do Japão)

- que era uma das maiores indústrias de fiação de seda do país

(CORNÉLIO, 2003) e também a Cooperseda - complexo formado

por 11 cooperativas entre as quais a Cotriguaçu (Cascavel), a qual

chegou à etapa final de desativação das unidades (PEGORARO,

1997), Coopagro (Toledo), Copagra (Nova Londrina) e Cocamar

(Maringá).

Em 2006, ocorreu queda na produção e no consumo

interno além da redução de exportação para o Japão em 60%.

Devido a forte concorrência chinesa somada à desvalorização

do dólar frente ao real, a Cocamar suspendeu a atividade de

Page 26: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

industrialização de casulos de seda transferindo o processamento

da matéria-prima para a Bratac e continuou apenas com o apoio

técnico aos 460 sericicultores cooperados. Já em 2010, a Fujimura

do Brasil S.A. também encerrou suas atividades, permanecendo

no setor fabril, apenas a Fiação de Seda Bratac S.A23.

Entre os motivos que fizeram com que as empresas saíssem

do mercado, destacam-se: baixo incentivo governamental,

condições do câmbio desfavorável às exportações, diminuição

contínua de matéria-prima devido ao êxodo rural e os altos custos

para manter as fábricas operando com ociosidade (ROSA, 2005).

Atualmente, a produção brasileira de fios de seda é voltada

para a exportação, principalmente para países do continente

asiático e europeu, como Japão, França e Itália e, além do

Paraná, a sericicultura é encontrada, com menor expressão, nos

estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul.

DESEMPENhO DA PRODUÇÃO DE CASULOS NO

PARANÁ

Observando-se os dados da atividade na safra 1985/86,

constata-se que a produção foi de aproximadamente seis mil

toneladas de casulos, em uma área de 22,4 mil hectares de

amoreiras e envolveu 2225 sericicultores (Figura 2). Na safra

1992/93, a sericicultura alcançou o seu auge no Paraná, ocupando

44 mil hectares de amoreiras e 8350 sericicultores, distribuídos

em 220 municípios. Naquela safra, a produção total foi de 14 mil

toneladas de casulos e, representou 74,4 % do total brasileiro de 2 A Fiação de Seda Bratac é uma empresa de capital 100% nacional e a atualmente a única fiação em operação no Brasil, que trabalha com fios de seda tendo como principal meta manter a qualidade e ainda aumentar a produtividade por agricultor e com isso atender os mercados mais exigentes.

Page 27: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

19 mil toneladas, correspondendo a um crescimento em produção

de cerca de 60% e de 50% em área com relação ao primeiro período

(ABRASEDA, 2009). Foram ocupados, naquela safra recorde,

mais de dez mil barracões ou sirgarias, com uma produção média

maior que 1,6 tonelada/sericicultor, uma produtividade de cerca

de 0,3 tonelada/hectare e uma área média perto de 5,2 hectare/

sericicultor.

figura 2. Área de amoreiras (ha), produção de casulos verdes (t) e número de

sericicultores. Paraná. Safras 1985/86 a 2016/17.

fonte: IBGE, SEAB, BRATAC - Elaboração SEAB/DERAL.

Apresentando continuas reduções até a safra 2014/15,

quando chegou ao seu limite inferior, a redução da atividade

estancou-se com a área cultivada de 3.731 ha de amoreiras,

produção de 2.430 t de casulos verdes e 1790 sericicultores na

atividade. Considerando-se a maior safra do período, verificada

em 1992/93, tais números representam 8,5% da área plantada;

17% da produção obtida e 21% do número de sericicultores na

atividade.

Page 28: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

Em relação a área média de amoreira por sericicultor

(Figura 3), nos anos 1985/86 representava cerca de 10 hectares,

reduzida a 5,2 hectares em 1994/95, a 2 ha em 2006/07,

alcançando 2,09 ha na safra 2016/2017. Nestas safras foram

obtidas as seguintes produtividades: 267 kg.ha -1; 335 kg.ha -1;

560 kg.ha -1e 622 kg.ha de amora -1. A maior produtividade média

obtida foi 651 kg.ha -1 na safra 2014/15 que comparada com a de

1985/86 de 267 kg.ha -1 representou um incremento de 143%. A

redução das áreas por sericicultor e a busca pelo aumento da

produtividade estão presentes na atividade até os dias atuais.

Estima-se que a atividade gere um emprego direto para

cada hectare plantado, representando hoje perto de 4.000

empregos diretos e igual quantidade de empregos indiretos no

Paraná.

figura 3. Área média de amoreira (em ha) e produção média por sericicultor (em

toneladas). Safras 1985/86 a 2016/17.

fonte: IBGE, SEAB, BRATAC - Elaboração SEAB/DERAL

Page 29: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

PREÇOS E CUSTOS

O preço por quilograma de casulos é pesquisado

mensalmente pelo Departamento de Economia Rural (DERAL) e

convertido em dólares pelo preço comercial de compra do dia 15

(ou subsequente) de cada mês, consistindo nos preços médios

nominais mensais recebidos pelos agricultores (Figura 4).

figura 4. Preços em reais e dólares por quilo de casulos do bicho-da-seda. Período de 1995 a 2017.

fonte: DERAL - SEAB/PR.

Em 2017, a média de preço por kg de casulos do bicho-da-

seda foi R$ 17,70 (US$ 6,68), porém, na prática, os sericicultores

ainda recebem prêmio por qualidade, o qual não foi considerado

nestes valores.

Já em relação aos custos de produção estimados pela

CONAB para o plantio convencional e com alta tecnologia, para

uma produtividade de 525 kg, verificou-se que, em 2014, o custo

de mão de obra no plantio convencional correspondeu a 42%

Page 30: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

dos custos totais e para alta tecnologia cerca de 30% dos custos

(CONAB, 2017).

CONSIDERAÇÕES fINAIS

A criação do bicho-da-seda como exploração comercial de

casulos é afetada por diferentes fatores, alguns em consonância

com a produção agropecuária de modo geral, outros específicos

da atividade, bem como fatores variáveis não controláveis e

imprevisíveis relacionados, por exemplo, as condições climáticas,

a oscilação econômica, a cotação do dólar, entre outros.

A produção mundial de casulos é dominada pela Ásia, no

entanto, a produção brasileira, e consequentemente do Paraná, é

bem conceituada devido à alta qualidade do produto, atendendo

nichos específicos de mercado, enquanto que China e Índia

produzem em larga escala.

A atividade apresenta vantagens tais como: baixo risco;

cultivo em pequenas áreas; baixo capital de giro; produção voltada

para o mercado internacional e cultura correta, limpa, viavelmente

econômica e justa. Os criadores têm garantia de venda porque a

atividade é mantida pelo sistema de integração com a indústria

que fornece as lagartas para criação e mudas de amoreiras e

adquire os casulos, com pagamento à vista. No Paraná, diferentes

instituições atendem aos aspectos da produção de casulos como

as organizações públicas de extensão rural e pesquisa (EMATER,

IAPAR, Universidades), as quais atuam integradas e voltadas

para melhor atender o desenvolvimento do segmento sericícola34.3 O setor organiza-se em torno da Câmara Técnica do Complexo da Seda (CTCS) do Estado do Paraná, criada pelo Decreto Estadual no 2544 de 04/02/2004 com o objetivo de propor ações voltadas para a consecução do desenvolvimento do complexo da seda, constituindo-se em um espaço de discussão, em caráter multissetorial, das questões mais relevantes para o setor, Neste contexto a Câmara reúne agentes de diferentes segmentos

Page 31: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

A sericicultura é reconhecida como atividade dependente

de mão de obra e, no auge de sua presença no estado do Paraná,

chegou a envolver mais de 14 mil produtores. No entanto, a

redução da mão de obra disponível no meio rural reduziu as

áreas de cultivo de amoreiras, a produção de casulos e o número

de sericultores na atividade e hoje, a atividade sericícola que

anteriormente demandava grandes áreas cultivadas e apresentava

baixos índices de produtividade, visa aumentar os níveis de

produtividade por hectare, o que tem atraído novos agricultores e

jovens para atividade.

A modernização da sericicultura traz novas oportunidades

de geração de renda. Observa-se então, a partir de meados

da década de 2010, uma necessária revisão da atividade com

a introdução de inovações tecnológicas que permitem, além da

adoção de máquinas e equipamentos para a redução do esforço

físico e dependência de mão de obra, também a modernização

do setor com a inserção de práticas agrícolas de uso corrente

em outras culturas, tais como: correção e adubação do solo;

uso de cultivares de amoreiras melhorados; espaçamentos

adequados para a mecanização do corte de amoreira; podas

corretas e irrigação. A adequação dos barracões/sirgarias quanto

a mecanização - incluindo sistemas de roldanas para elevação

de bosques acopladas em tratores; novas máquinas peladeiras

de casulos; elevação da altura das camas de criação; cortinas de

proteção, etc. também podem aumentar a eficiência do trabalho

reduzindo o trabalho braçal45. desde a produção, industrialização, pesquisa, assistência técnica e também fornecedores de insumos e serviços ligados a Sericicultura. Atualmente está em sua 56ª. reunião ordinária e, entre seus diversos compromissos está a organização do Encontro Estadual de Sericicultores, atualmente em sua 35ª edição.

4 Tais inovações estão detalhadas no capítulo 4 desse livro (p.75).

Page 32: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

REfERêNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE FIAÇÕES DE SEDA

(ABRASSEDA). Dados Estatísticos da ABRASSEDA e

mundial. 28 set. 2009. Acesso em: 03 mai. 2018.

BARBOSA, M.Z. - Aspectos das cadeias produtivas da

seda e do sisal no Brasil – ftp://ftp.sp.gov.br/ftpiea/publicacoes/

seto1-0406.pdf. Acesso em: 03 mai. 2018.

BRATAC. Empresa. Disponível em: http://www.bratac.com.

br/bratac/pt/index.php Acesso em: 03 mai. 2018.

BRENNER, A.P. Análise da Conjuntura Agropecuária

Safra 2010/2011. Governo do Paraná. Secretaria de Estado

da Agricultura e do Abastecimento. Departamento de Economia

Rural.

CIRIO, G. M. Sericultura no Estado do Paraná Safra

2015/16 – Relatório Takii. Governo do Paraná. Secretaria de

Estado da Agricultura e do Abastecimento. Departamento de

Economia Rural. Disponível em: http://www.agricultura.pr.gov.br/

arquivos/File/deral/.../2017/Sericicultura_2016_17.pdf.

CONAB. Custos de produção, período de 2014 a

2017.CONAB/DIGEM/SUINF/GECUP. Acesso em: 15 mai. 2018.

Page 33: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

CORNÉLIO, R. C. Maior parte da produção vai para

outros países. O Estado de São Paulo. São Paulo, 24 ago. 2003.

Disponível em: https://www.jcnet.com.br/editorias_

noticias.php?codigo=25146&ano=2003&p=. Acesso em: 03 mai.

2018.

PEGORARO, P. Liquidação da Cooperseda chega à

fase mais difícil. folha de Londrina. Londrina, 02 ago 1997.

Economia e Negócios. Disponível em https://www.folhadelondrina.

com.br/economia/liquidacao-da-cooperseda-chega-a-fase-mais-

dificil-34024.html. Acesso em: 02 mai. 2018.

ROSA, G. O. Estudo de caso sobre a implantação do

sistema de manutenção produtiva total na indústria de fios

de seda Cocamar, no período de 2004 a 2005. 2005. 117f.

Monografia (Graduação em Engenharia da Produção) – Centro

de Ciências Tecnológicas, Universidade Estadual de Maringá,

Maringá. 2005.

Page 34: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

C A P Í T U L O D O I S

C o n d i ç ã o a t u a l e m a n e j o d a f e r t i l i d a d e d o s o l o e m a m o r e i r a i s

Ruy Seiji Yamaoka

Page 35: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

CONDIÇÃO ATUAL E MANEJO DA

fERTILIDADE DO SOLO EM AMOREIRAIS

Ruy Seiji Yamaoka

INTRODUÇÃO

O sucesso da produção sericícola depende principalmente

da quantidade e qualidade da folha de amoreira, o seu principal

alimento. Portanto é muito importante que se conheça a planta

profundamente quanto aos seus cuidados e exigências, para que

se realize o seu cultivo dentro do padrão mínimo necessário.

Para implantação do amoreiral é necessário que se

observem os fatores ambientais limitantes ao seu desenvolvimento,

tais como temperatura, umidade relativa do ar, precipitação, solo

e topografia, entre outros.

Quanto ao solo, o tripé fertilidade, nutrição e adubação é

fundamental para o sucesso da produção de folhas de amoreiras.

Para tanto é importante que se conheça bem a relação entre a

composição química do solo e as necessidades nutricionais das

plantas, visando definir níveis de adubação para obtenção de boa

produtividade em padrões economicamente viáveis.

O solo para amoreira, fisicamente, deve possuir boa

profundidade para permitir um bom desenvolvimento do sistema

radicular; alto teor de matéria orgânica (5 a 10%); textura média

com menos de 35% de argila e argilosa entre 35 e 60% de argila;

saturação de base em torno de 60%; pH entre 6,2 e 6,8; umidade

em torno de 25% e boa fertilidade (ZANETTI, 2018). Devem ser

evitados plantios em solos estéreis, ácidos, alagadiços e rasos. No

Page 36: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

aspecto de fertilidade do solo é importante que se conheçam os

nutrientes disponíveis para absorção pelas plantas e eventuais

necessidades de correção antes da implantação das lavouras e

de reposição durante o cultivo.

As plantas, como todo ser vivo, necessitam de água e

de diferentes moléculas orgânicas para sua sobrevivência. Os

elementos que compõem a água (H2O) e qualquer molécula

orgânica (C. O, H) tem obviamente sua essencialidade comprovada.

Esses elementos são absorvidos pelas plantas a partir da água

absorvida pelas raízes e do CO2 absorvido via fotossíntese.

Além desses três elementos não minerais (que compõe

cerca de 90% da matéria seca), as plantas são constituídas

por mais seis elementos que são exigidos em quantidades,

denominados de macronutrientes: nitrogênio (N), fósforo (P),

enxofre (S), potássio (K), cálcio (Ca) e magnésio (Mg). Já entre

os micronutrientes que são exigidos em quantidades inferiores

temos: ferro (Fe), manganês (Mn), zinco (Zn), cobre (Cu), boro

(B), molibdênio (Mo), e cloro (Cl).

A adubação, que consiste no fornecimento de adubos/

fertilizantes ao solo ou às plantas, de modo a recuperar ou

conservar a sua fertilidade, suprindo a carência de nutrientes para

proporcionar condições ao pleno desenvolvimento das plantas,

deverá ser realizada com base na disponibilidade de nutrientes

no solo e na necessidade que as plantas apresentam para o seu

desenvolvimento e produção.

No cultivo da amoreira, uma questão importante que se

associa diretamente à produção de massa foliar e extração de

nutrientes é o desperdício que ocorre durante a colheita, pois as

Page 37: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

partes mais velhas do ramo não são aproveitadas para alimentação

das lagartas. Essa sobra, além de consumir energia para sua

produção, proporciona consumo significativo de nutrientes.

Entretanto em termos nutricionais esta sobra não corresponde

a perdas, pois em seu manejo, através de roçada, é distribuída

novamente ao solo.

O presente estudo teve a finalidade de observar as reais

condições do solo das áreas de amoreira nas Unidades de

Referências da Rede em Sericicultura na Região Noroeste do

Paraná, a extração dos nutrientes nestas condições e confrontar

posteriormente os níveis de adubações que tem sido executados,

além de dimensionar as perdas nas colheitas.

CARACTERÍSTICAS qUÍMICAS DOS SOLOS

Para avaliar o potencial produtivo dos solos das Unidades

de Referências em Sericicultura foram coletadas, na safra

2016/17, amostras de solos em duas profundidades (0 a 20 cm e

20 a 40 cm). Os resultados das análises estão consolidados na

Tabela 1.

A interpretação dos resultados baseou-se no “Manual

de Adubação e Calagem para o Estado do Paraná” publicado

recentemente pelo Núcleo Paranaense da Sociedade Brasileira

de Ciência do Solo, trabalho que envolveu um grupo de 73

autores. De cunho aplicado, o manual traz desde informações

básicas e orientações sobre a obtenção de dados e critérios para

adubação e calagem, até orientações para a definição de doses

e estratégias de aplicação de corretivos de solo e nutrientes

para maioria das espécies comercialmente cultivadas no estado

Page 38: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

(SBCS/NEPAR, 2017).

Essas orientações proporcionam máximas produções física

ou de interesse - considerando também os aspectos econômicos

- e sendo utilizadas as seguintes classes de interpretação para

os diferentes elementos analisados:

− Muito baixo: teor que proporciona até 40% da produção máxima;

− Baixo: teor que proporciona de 40% a 70% da produção máxima;

− Médio: teor que proporciona de 70% a 90% da produção máxima;

− Alto: teor que proporciona de 90% a 100% da produção máxima;

− Muito alto: teor que pode proporcionar limitação de produção; e

− Condição a evitar: teor que pode proporcionar decréscimo

de produção, por desequilíbrio nutricional ou toxidez pelo

excesso do nutriente, e risco de contaminação ambiental.

Nas Tabelas 2 a 5 são apresentados os níveis de

interpretação de atributos químicos do solo de acordo com

resultados de pesquisas existentes no Paraná. Confrontando os

valores destas tabelas com os resultados das análises dos solos

das Unidades de Referências apresentados na Tabela 1, verifica-

se que os solos destas unidades produtivas se encontram em

condições privilegiadas, conforme as análises apresentadas na

Tabela 6, como detalhamos a seguir:

− pH: todos os solos estão com níveis acima do médio que é de

5,6;

− Al: todos os solos apresentam teor de alumínio baixo (7%) a

muito baixo (93%);

− Ca: 7% com teor muito baixo, 27% médio a alto e 60% alto e

7% muito alto;

Page 39: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

− Mg: 7% das unidades com teor baixo, 67% médio, 7% alto e

20% muito alto;

− K: 13% com níveis baixos, 47% médio e 40% entre médio a

muito alto;

− P: 20% das áreas com níveis muito baixo a médio, 40% muito

alto e 40% em condições elevadíssimas as quais devem ser

evitadas;

Page 40: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

Ta

be

la 1. R

esu

ltad

os d

as a

lises d

e so

los d

as U

nid

ad

es d

e R

efe

rên

cias e

m S

ericicu

ltura

, 0-2

0cm

e 2

0-4

0cm

. Sa

fra 2

01

6/1

7.

fo

nte

: Da

do

s da

pe

squ

isa (IA

PA

R/ L

ab

ora

tório

de

So

los).

Page 41: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

Ta

be

la 2

. In

terp

reta

ção

pa

ra p

arâ

me

tro

s q

uím

ico

s d

o s

olo

pa

ra o

est

ad

o d

o P

ara

.

a m

: S

atu

raçã

o p

or

Al+

3

b V

: S

atu

raçã

o p

or

ba

ses

c C

TC

: C

ap

aci

da

de

de

tro

cas

cáti

on

sd C

O:

Ca

rbo

no

. P

ara

tra

nsf

orm

açã

o e

m m

até

ria

org

ân

ica

, m

ult

iplic

ar

po

r 1

,72

4e M

O:

Ma

téri

a o

rgâ

nic

af

on

te:

ext

raíd

o d

e S

BC

S/N

EP

AR

(2

01

7,

p.8

2).

Ta

be

la 3

. In

terp

reta

ção

pa

ra o

sfo

ro e

po

táss

io d

isp

on

íve

l no

so

lo (

ext

raíd

o p

or

Me

hlic

h-1

) p

ara

o e

sta

do

do

Pa

ran

á.

fo

nte

: e

xtra

ído

de

SB

CS

/NE

PA

R (

20

17

, p

.83

).

MO

e

Page 42: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

Tabela 4. Interpretação para enxofre e alguns micronutrientes disponíveis no

solo para o estado do Paraná.

fonte: extraído de SBCS/NEPAR (2017, p.84).

Tabela 5. Condição da fertilidade do solo nas Unidades de Referências em

Sericicultura, comparativamente aos padrões definidos para o estado do Paraná,

segundo a SBCS/NEPAR. Safra 2016/2017. Em %.

fonte: Dados da pesquisa (IAPAR/ Laboratório de Solos).

± V%: 20% da área com saturação de bases de baixo a médio e

80% de alto a muito alto;

± C: Níveis de carbono variando de 33% baixo, 33% médio e

33% de alto a muito alto;

± MO: bastante variado, desde baixo (33%), médio (27%), alto

(27%) e muito alto (13%);

± CTC: 93% das áreas estão com Capacidade de Troca de

Cátions de muito baixo a alto;

± CTCE: 93% das áreas estão com Capacidade de Troca de

Cátions Efetivas variando de médio e muito alto e 7% muito

baixo; e

± M: a saturação por alumínio em condições muito baixa (87%

Page 43: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

das áreas) e o restante13% no nível médio.

Verifica-se, portanto, que os solos onde estão instaladas

as Unidades de Referências em Sericicultura não apresentam

grandes problemas químicos que possam interferir no

desenvolvimento do amoreiral.

ExTRAÇÃO DE NUTRIENTES PELAS PLANTAS DE

AMOREIRAS

O conhecimento da extração de nutrientes pelas plantas

de amoreira é fundamental para cálculo de reposição necessária

para uma boa condição de produção de folhas.

Para tanto foram coletadas em algumas das unidades, as

10 primeiras folhas do ápice do caule, amostrando 30 folhas cada

unidade; separadas as folhas por posição, sendo então pesadas,

secadas, trituradas e analisadas quimicamente no laboratório. Na

Tabela 6 estão apresentados os teores de macro e micronutrientes

presentes nas 10 primeiras folhas dos ramos dos amoreirais das

Unidades de Referências na safra 2016/17.

Os resultados desta safra mostram a mesma tendência

apontada no trabalho realizado por Pavan (2003) na safra

2002/2003: teores de N, P, K, Cu e Zn em níveis maiores nas

folhas mais novas; de Ca, B e Mn em níveis maiores nas folhas

mais velhas e o de Mg praticamente sem alteração. Contudo,

comparando os totais de nutrientes extraídas pelas 10 primeiras

folhas na safra 2016/17, podemos observar uma extração muito

menor de nitrogênio (392,58 g/kg de massa seca), níveis superiores

de extração para o K, Ca, Mg, Cu, B e Mn, e níveis similares para

P e Zn. Esse nível inferior de N pode estar refletindo na menor

produção e na qualidade dos casulos.

Page 44: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

APROVEITAMENTO DE RAMAS DE AMOREIRA

O corte de ramas de amoreira está associado a diversos

fatores que interferem no desenvolvimento vegetativo das plantas,

destacando-se o clima (temperatura, precipitação, luminosidade,

etc.), a nutrição e fertilidade, o manejo do amoreiral e a data de

disponibilidade de lagartas pelas empresas, fatores esses que

definem a época de criadas das lagartas e, consequentemente, a

data de colheitas das folhas de amoreira.

Tabela 6. Resultados das análises de nutrientes presentes nas 10 primeiras

folhas dos ramos dos amoreirais das áreas de Unidades de Referências em

Sericicultura. Safra 2016/17.

fonte: Dados da pesquisa (IAPAR/ Laboratório de Solos)

Na Tabela 7 estão apresentados os resultados de

amostragens de produção de massa verde (ramas e folhas), a

parte não aproveitada na colheita de ramas para alimentação das

Page 45: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

lagartas e o índice de perdas que ocorreu no campo a cada corte de

amoreira, na safra 2016/17.

A produção de massa verde, representada por ramas e folhas,

teve a sua média de 33,19 Kg em 10 metros de linhas, com variação

de 17,8 a 53,0 Kg, conforme a localização e a época de colheita.

Considerando um espaçamento de 1,50 metros nas entrelinhas,

tais números corresponderiam a uma produção média de 22,1 t.ha-

1 de massa verde de amoreira, valor um pouco acima da média

considerada por Pavan (2003) que foi de 18,0 t. ha-1 (PAVAN, 2003).

De toda a massa verde produzida, em média 50,06% correspondem

às folhas, parte importante para alimentação das lagartas.

Em toda colheita realizada por sericicultores normalmente

ocorre que parte das plantas que não são aproveitadas (parte do

caule sem folhas e parte das folhas muito velhas para alimentação

das lagartas), seja deixada no campo para posterior manejo com

roçada. Em função desta prática do manejo de resto cultural, os

nutrientes consumidos para produção desta parte das plantas não

são perdidos, pois são reaproveitadas para novas brotações.

Os resultados apresentados na Tabela 7, mostram ainda um

volume médio de 10,02 Kg por metro linear de amoreira, que não

é aproveitado, representando 30,35% de massa verde. Tal volume

pode ser considerado um desperdício, uma vez que consome

energia e nutrientes para sua produção. Dessa massa verde que

fica no campo, apesar de percentual de folhas menor, (30,87%)

poderiam ser melhor aproveitadas através de melhoria no manejo

do amoreiral e do planejamento das atividades da sericicultura.

Page 46: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

Ta

be

la 7

. Pro

du

ção

de

ma

ssa ve

rde

e so

bra

s de

colh

eita

(ram

as e

folh

as) e

pe

rcen

tag

em

de

pe

rda

s, ob

serva

da

s em

10

me

tros

de

linh

as d

e a

mo

reira

na

s Un

ida

de

s de

Re

ferê

ncia

s em

Se

ricicultu

ra, e

m d

ifere

nte

s ép

oca

s de

corte

, varie

da

de

s e lo

calid

ad

es.

Sa

fra 2

01

6/1

7.

fo

nte

: Da

do

s da

pe

squ

isa (IA

PA

R/ L

ab

ora

tório

de

So

los).

Page 47: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

AVALIAÇÃO DOS TEORES DE NUTRIENTES

PRESENTES NAS RAMAS E fOLhAS DA MASSA

fOLIAR PRODUzIDA, NOS RESTOS DAS

COLhEITAS DE AMOREIRA NO CAMPO E NOS

RESTOS DA CAMA DE CRIAÇÃO

Por ocasião das colheitas de amoreira, em diferentes

localidades e épocas, foram realizadas também amostragens de

ramas e de folhas de amoreira em massa verde total produzida,

de restos das colheitas no campo e dos restos da cama de criação

(constituídas de ramas, um pouco de folhas não consumidas,

fezes das lagartas e de cal aplicado nas lagartas para prevenção

de doenças), para análise química de macro e micronutrientes.

Na Tabela 8 são apresentados os resultados médios dos teores

presentes na massa verde e resíduo úmido das condições

relatadas.

Tabela 8. Teores de nutrientes extraídos pelas ramas e folhas da massa foliar

total produzida, nos restos das colheitas no campo e nos resíduos da cama de

criação nas Unidades de Referências em Sericicultura. Safra 2016/17.

fonte: Dados da pesquisa (IAPAR/Laboratório de Solos).

Tanto as ramas como as folhas são compostos de todos

elementos essenciais e necessitam de 6,36 kg de N, 0,93 kg de P,

Page 48: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

7,67 kg de K, 4,69 kg de Ca, e 1,18 kg de Mg (macronutrientes),

e 1,73 g de Cu, 6,80 g de Zn, 10,22 g de B e 27,68 g de Mn

(micronutrientes) para produção de uma tonelada de massa

verde. As folhas, parte importante para alimentação das lagartas,

também se encontram com todos os nutrientes mais ou menos

semelhante aos ramos.

As análises realizadas em restos de colheita no campo e

nos restos da cama de criação mostram quantidades significativas

de todos os nutrientes que podem ser reaproveitadas. A roçada

que é realizada para rebaixar as touceiras permite deixar toda

massa na superfície, cujo nutrientes poderão ser reaproveitados,

reduzindo níveis de necessidade de adubação.

Já no resto da cama de criação existem nutrientes nas

seguintes quantidades por toneladas de material úmido, isto

é, na forma que se encontra no barracão: (N, 8,53 kg, P–1,49

kg, K–12,89 kg, Ca–14,66 kg, Mg–5,24 kg, Cu–1,80 g, Zn–8,79

g, B-18,91 g e Mn-51,85 g) O grande desafio é encontrar uma

maneira de distribuí-la no campo para melhor aproveitamento dos

nutrientes existentes.

CONCLUSÕES

Com base nos resultados obtidos e analisados podemos

concluir que:

− Os agricultores colaboradores das Unidades de Referências

em Sericicultura são produtores que já utilizam inovações

tecnológicas que permitem atingir produtividades médias de

casulos verdes por ha superiores àquelas observadas no

estado (1.042 kg.ha-1 frente a 635 kg.ha-1)16.

1 Os resultados técnicos observados nas unidades de referências estão detalha-damente apresentados no capítulo 5.

Page 49: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

− Os solos nas 15 unidades analisadas não apresentam grandes

limitações químicas que possam comprometer a produção de

amoreira.

− Para a produção de ramas de amoreira são consumidos energia

e nutrientes. Os teores de N, P, K, Cu e Zn apresentam-se em

maior quantidade nas folhas mais novas, enquanto os níveis

de Ca, B e Mn são maiores nas folhas mais velhas e o de

Mg tem praticamente os mesmos níveis em todas as folhas.

O teor mais baixo de N observado pode estar refletindo na

menor produção de casulos.

− A produção de massa verde representada por ramas e folhas

teve a sua média de 33,15 Kg em 10 metros de linhas, com

variação de 17,8 a 53,0 Kg, conforme a localização e a época

de colheita. Considerando um espaçamento de 1,50 metros

nas entrelinhas de amoreira representaria uma produção

média de 22,1 t.ha -1 de massa verde por hectare de amoreira,

um pouco acima da média considerada por Pavan (2003) que

foi de 18,0 t.ha-1

− De toda essa massa verde produzida, em média 50,06%

representam as folhas, parte importante para alimentação das

lagartas.

− A produção média de massa verde das unidades foi de 22,1

t.ha-1. Desse volume total, em função da altura de corte das

ramas (somente a parte que é utilizada para alimentação),

em média 30,35% ficam no campo. Todo esse volume - que

pode ser considerado um desperdício - aliado a medidas

para redução de perdas são fundamentais para o aumento de

produtividade de casulos por unidade de área.

Page 50: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

− A análise de nutrientes existentes nas ramas (caule e folhas)

revela boa nutrição em função das tecnologias que os

sericicultores das unidades já utilizam. Considerando a riqueza

de nutrientes presentes no resto da cama de criação deveriam

ser definidas estratégias para viabilizar a sua aplicação no

campo.

O presente estudo poderá ser complementado nas

próximas safras para que possam ser definidos os parâmetros

para adubação do amoreiral.

REfERêNCIAS

PAVAN M. A. Adubação para amoreira com base nas

análises de dolo e foliar e extração de nutrientes. IAPAR,

Londrina, 2003 (apostila) 28p.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIÊNCIA DO SOLO. Núcleo

Estadual Paraná. SBCS/NEPAR. Manual de adubação e

calagem para o estado do Paraná. Curitiba, 2017. 482p.

ZANETTI, R. Cultura da amoreira. DEN/UFLA, Lavras/

MG, 2018. 10p.

Page 51: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

C A P Í T U L O T R ê S

O c o r r ê n c i a d e n e m a t o í d e s e m a m o r e i r a i s e p r á t i c a s d e c o n t r o l e

Andressa Cristina Zamboni Machado

Page 52: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

O CO R R ê N C I A D E N E M ATO I D E S E M

AMOREIRAIS E PRÁTICAS DE CONTROLE

Andressa Cristina Zamboni Machado

INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, os fitonematoides tornaram-se motivo

de grande preocupação para a agricultura brasileira, seja pela sua

ampla distribuição geográfica, pois ocorrem em praticamente todas

as regiões de importância agrícola no país, mas, principalmente,

pela grande capacidade de causar perdas de produtividade em

culturas como soja, algodão, feijão, café, entre outras.

Segundo pesquisas recentes da Embrapa e da Aprosoja,

os danos provocados por nematoides podem chegar a alarmantes

R$ 35 bilhões por ano (MACHADO, 2015). Esse parasita ainda

é desconhecido por muitos produtores e não tem recebido a

importância devida. Isso se deve, em grande parte, à dificuldade

no reconhecimento dessas espécies a campo, que é feita através

da observação do sistema radicular, que pode ou não apresentar

sintomas típicos da presença desses organismos. A melhor forma

de identificar o problema, portanto, seria a amostragem da área

suspeita e envio das amostras a laboratório especializado para

identificação e quantificação da(s) espécie(s) presente(s) na

área.

Em levantamento recente realizado em cultivos de amoreira

no estado do Paraná, foram identificados alguns gêneros de

nematoides, entre eles Meloidogyne, um dos principais patógenos

da agricultura brasileira em plantas sintomáticas. Tal detecção

Page 53: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

desencadeou estudos a respeito da reação de cultivares ou

porta-enxertos aos principais nematoides encontrados no estado,

além do manejo dessas espécies em pomares em formação ou

produção, objetivando-se evitar ou reduzir as possíveis perdas

causadas pelos nematoides.

NEMATOIDES EM AMOREIRAS NO BRASIL

A amoreira pode ser parasitada por diversas espécies

de nematoides, sendo as mais comuns Meloidogyne spp.,

Pratylenchus spp. e Xiphinema spp. Outras espécies associadas

a essa frutífera incluem Helicotylenchus exallus, Criconemella

informis, Paratylenchus sp., Psilenchus hilarulus, Filenchus

sp., Tylenchorhynchus sp., Aphelenchus sp., Gracilacus sp.,

Rotylenchulus reniformis e Rotylenchus unisexus (QIAO, 2011;

YOUSSEF; EL-NAGDI, 2005; KATALAN-GATEVA, 1980), todas,

entretanto, de menor importância para as condições brasileiras.

Em relação aos nematoides de importância econômica

para a agricultura brasileira, os gêneros Pratylenchus spp. e

Meloidogyne spp. assumem papel relevante. A presença de

M. incognita em amoreira já foi relatada no Paquistão, China e

Irã (QIAO, 2011; ESFAHANI & AHMADI, 2010; YOUSSEF & EL-

NAGDI, 2005), além da região Noroeste do Paraná (SILVA; PIZA;

CARNEIRO, 1992) e no estado de São Paulo (GOMES, 2018). No

Brasil, são relatadas ainda as espécies M. hapla e M. enterolobii,

associadas a galhas radiculares em amoreira no estado de São

Paulo (ROSSI, 2002; GOMES, 2018; PAES-TAKAHASHI et al.,

2015).

Os sintomas dos nematoides de galhas, Meloidogyne sp.,

Page 54: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

em amoreira incluem a presença de engrossamentos radiculares

característicos, conhecidos por galhas radiculares (Figura 1),

típicos desse grupo de nematoides, e, como consequência da

menor absorção de água e nutrientes em função da presença das

galhas, sintomas de depauperamento da parte aérea podem ser

visualizados, como amarelecimento e queda de folhas, queda de

produção de frutos, podendo levar a planta à morte (Figura 2).

Para as espécies de Pratylenchus, duas delas são mais

comuns na cultura da amora, P. penetrans e P. vulnus. Ambas

as espécies ocorrem de maneira restrita no Brasil, sendo que

P. vulnus já foi assinalado em pessegueiros, framboeseiras, e

cafeeiros no país (MONTEIRO; LORDELLO, 1976; ROSSI et al.

2000; KUBO, 2002). Em levantamento nematológico realizado no

Rio Grande do Sul verificou-se ainda a presença de P. zeae e P.

jordanensis em raízes de amoreira preta cv. Tupy (GOMES, 2018).

Entretanto, de maneira geral, não há informação relacionada à

patogenicidade e à resistência genética a diferentes espécies de

Pratylenchus na cultura da amoreira.

figura 1. Galhas radiculares causadas pelo parasitismo de Meloidogyne enterolobi em amoreira cultivar Miúra.

Page 55: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

Os sintomas de Pratylenchus spp. são diferentes

daqueles causados pelos nematoides das galhas, ou seja, não

há a formação de galhas, apenas escurecimento do sistema

radicular, devido ao modo de parasitismo desses nematoides

(Figura 3). Tal escurecimento radicular pode ser facilmente

confundido com a presença de fungos de solo, que também

causam sintomas semelhantes, com apodrecimento das raízes.

Em função da destruição do sistema radicular, os mesmos

sintomas de depauperamento da parte aérea são visualizados na

presença de Pratylenchus spp. (Figura 2).

figura 2. Sintomas da presença de nematoides em lavoura de amoreira no estado

do Paraná. (Foto: Ruy S. Yamaoka).

Page 56: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

figura 3. Lesões radiculares causadas pelo parasitismo de Pratylenchus jaehni em citros (A e B) e café (C). (Fotos: A e B = Anderson S. Campos e Jaime Maia dos Santos; C = Santino Aleandro da Silva).

Em levantamento recente realizado nas Unidades de

Referências em Sericicultura abrangendo as principais regiões

produtoras de amoreira para produção de casulos de bicho-da-

seda, com as amostras analisadas no Laboratório de Nematologia

do IAPAR, foram encontradas duas espécies de nematoides de

galhas em raízes: M. incognita e M. javanica, além de terem

sido identificadas as espécies Helicotylenchus dihystera e

Paratylenchus sp. (Quadro 1). Para as duas últimas espécies,

não existem relatos de sintomas ou perdas ocasionadas na cultura

da amora. A primeira apresenta ampla distribuição em nosso

país, parasitando vários hospedeiros, enquanto que a segunda,

apesar de já ter sido relatada parasitando a cultura da amora, é

de ocorrência mais restrita, não havendo informações a respeito

de sua relação com a cultura no Brasil.

Em função dos resultados obtidos no levantamento

Page 57: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

nematológico realizado nas lavouras de amoreira do estado do

Paraná, estudos foram realizados, em condições de casa de

vegetação, para verificar a reação da cultivar Miúra, uma das

principais utilizadas no estado, aos nematoides de galhas que

ocorrem nas regiões agrícolas do Paraná.

quadro 1. Lista de municípios do estado do Paraná, quantidade de amostras

coletadas e espécies de nematoides identificadas nas Unidades de Referências

em Sericicultura. Safra 2016/17.

fonte: Dados da pesquisa (IAPAR/Laboratório de Nematologia).

Os nematoides avaliados foram M. incognita e M. javanica,

devido à ocorrência de ambos nas amostras analisadas, além de

M. paranaensis e M. enterolobii, importantes, respectivamente,

para café e frutíferas, como a goiabeira. Os resultados mostraram

que a cultivar Miúra multiplicou M. javanica, M. enterolobii e M.

paranaensis, mas se mostrou resistente a M. incognita (Tabela 1).

Page 58: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

Tabela 1. Reação de amoreira cv. Miúra aos nematoides Meloidogyne incogni-

ta, M. javanica, M. enterolobii e M. paranaensis, baseada no fator de reprodu-

ção dos nematoides (FR). Ensaio conduzido em casa de vegetação no Instituto

Agronômico do Paraná, Londrina, PR.

1FR indica a capacidade de multiplicação dos nematoides, ou seja, indica quantas

vezes a população aumentou ou diminuiu durante o período experimental. 2R =

resistente; S = suscetível.

fonte: Dados da pesquisa (IAPAR/Laboratório de Nematologia).

A reação de amoreira à M. incognita é controversa,

com resultados de resistência e suscetibilidade encontrados na

literatura. Aparentemente existe diferença na reação entre as

cultivares, mas também pode existir especialização do nematoide

em nível de raças fisiológicas, com reação contrastante nessa

espécie vegetal. De qualquer forma, o ensaio conduzido pelo

Instituto Agronômico do Paraná foi repetido, para confirmação

dos resultados e a reação de resistência da cultivar Miúra foi

confirmada, o que representa opção interessante para o cultivo

de amoreira em áreas infestadas por esse nematoide.

Entretanto, em se tratando das outras espécies de

nematoides das galhas avaliadas, a cultivar Miúra apresentou-

se como suscetível, devendo ser evitada em áreas infestadas

por esses nematoides. Vale salientar que as três espécies são

consideradas bastante agressivas para seus hospedeiros e que,

inclusive, pode ocorrer morte de plantas na presença desses

Page 59: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

nematoides. Portanto, em áreas infestadas por M. javanica, M.

paranaensis ou M. enterolobii, o cultivo de amoreira deve ser

evitado, até que se tenham informações a respeito de cultivares

ou porta-enxertos com resistência.

DISSEMINAÇÃO E MANEJO

A principal forma de disseminação de nematoides em

lavouras perenes frutíferas, como a amoreira, é através de

mudas infectadas. Apesar dos esforços dos órgãos legais para

impedir o trânsito e entrada de mudas infectadas por nematoides

e outras pragas em áreas indenes, ainda falta a conscientização

por parte dos produtores a respeito do problema causado por

esses patógenos. É dever do produtor exigir mudas sadias, com

certificado fitossanitário de origem, para impedir a entrada de

nematoides em sua lavoura, pois, uma vez infestada a área, sua

erradicação é praticamente impossível.

Para salientar o papel das mudas na disseminação de

nematoides em lavouras de amoreira, Paes-Takahashi et al.

(2015) relataram que, em duas interceptações realizadas em

caminhões ambulantes no estado de São Paulo pela equipe

da Defesa Agropecuária, mudas de amoreira com sintomas de

galhas nas raízes, típicas do parasitismo de Meloidogyne spp.,

foram encontradas. A partir de análise bioquímica realizada por

laboratório de Nematologia especializado, constatou-se que as

mudas estavam infectadas por M. enterolobii, uma das espécies

de nematoides de galhas mais agressivas à frutíferas em nosso

país, como goiabeira, aceroleira, entre outras.

Além das mudas infectadas, o maquinário agrícola

Page 60: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

utilizado nas operações dentro da lavoura também apresenta

papel importante na disseminação de nematoides dentro e entre

lavouras diferentes. Se o mesmo maquinário for utilizado por vários

produtores de uma mesma região e um deles tiver a presença de

nematoides em sua lavoura, o risco desses serem disseminados

para outras lavouras é grande. Além disso, como a distribuição

dos nematoides na lavoura é irregular, nem todos os talhões

podem apresentar o patógeno - ou podem apresentar diferentes

níveis de infestação - e o uso de maquinário agrícola dentro da

lavoura pode aumentar a distribuição desses patógenos. Isso

porque o solo aderido nas partes do implemento agrícola, como

o rodado, leva consigo grande quantidade de ovos e juvenis dos

nematoides, que vão sendo depositados no decorrer do trajeto

percorrido pelo maquinário.

Nesse sentido, o ideal é lavar o maquinário agrícola a cada

talhão ou propriedade em que foi utilizado, para somente após

esse procedimento ser utilizado em outro local. Na impossibilidade

de realizar tal procedimento, deve-se, pelo menos, deixar a área

infestada por nematoides para ser trabalhada ao final do processo,

quando as demais áreas com menor infestação ou isentas da

presença desses patógenos já tenham sido trabalhadas.

Além desses cuidados, outro fator deve ser levado em

consideração. O parasitismo desses nematoides em plantas

daninhas que ocorrem na lavoura, bem como em culturas

utilizadas em consórcio com a amoreira, é um fator agravante,

uma vez que tais plantas podem aumentar consideravelmente

as populações dos nematoides no solo, aumentando o prejuízo

à cultura principal. Portanto, o conhecimento prévio acerca da

Page 61: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

reação de plantas que serão cultivadas na área de amoreira é

de suma importância para garantir o sucesso da lavoura e evitar

maiores danos.

Dessa forma, cultivo em fuste da amoreira, ou seja, aquele

em que se forma um arbusto ou árvore, técnica de cultivo difundida

pela Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA),

geralmente consorciado com outros cultivos, deve ser visualizado

com cautela em áreas infestadas por nematoides. A amoreira,

nesse sistema de cultivo, pode ser consorciada com o coco, com

a cultura do chá ou mesmo do café, que proporcionam sombra

para as amoreiras, fornecendo quantidade considerável de folha

para a criação do bicho-da-seda e alimentação de animais, além

de produzir ramos que podem ser podados e utilizados como

fonte de lenha (Globo Rural, 2014).

Em algumas regiões do Estado do Paraná, aptas para a

produção de café, a consorciação do mesmo com amoreiras pode

ser opção para os produtores, mas as principais variedades de

café são bastante suscetíveis a M. incognita e M. paranaensis,

duas espécies que também parasitam a cultura da amoreira.

Nesse caso, o incremento populacional gerado pelo cultivo de

duas espécies de plantas suscetíveis aos nematoides pode levar

a perdas significativas em ambas as culturas, além de reduzir sua

longevidade.

Além das espécies utilizadas em consorciação com a

amoreira, é possível também, especialmente em pequenas

propriedades, o plantio de culturas anuais entre as linhas da

amoreira, visando o uso mais racional do solo. Isso permite a

subsistência e até a geração de renda adicional para o produtor,

Page 62: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

com consequente redução dos custos de implantação da lavoura.

Entretanto, o plantio de culturas anuais em áreas infestadas

por nematoides é impraticável, pois culturas como feijão,

abóbora, milho, feijão azuki, hortaliças, adubos verdes etc. são

hospedeiras dos nematoides que acometem a cultura da amoreira,

podendo causar um aumento populacional desses patógenos e,

consequentemente, incrementar os danos à cultura principal.

Para o adequado manejo dos nematoides, algumas

espécies vegetais podem ser cultivadas quando da renovação

da lavoura ou nas entrelinhas das plantas instaladas, visando

a redução populacional desses patógenos. Entre os adubos

verdes, as crotalárias são as mais estudadas para o manejo

dos nematoides e têm mostrado possibilidades práticas de

utilização nos sistemas de produção de cultivos perenes. Entre

elas, a Crotalaria spectabilis destaca-se pela quantidade de

resultados positivos para o manejo de M. incognita, M. javanica

e P. brachyurus (Figura 4A) (CALEGARI; MACHADO, 2013).

Outra espécie de crotalária, a C. breviflora, apresenta a mesma

característica de resistência aos nematoides citados, porém sua

utilização em cultivos perenes é facilitada pelo reduzido porte

das plantas (Figura 4B). Algumas cultivares de feijão guandu,

como o ‘Anão IAPAR 43’, também apresentam resistência aos

nematoides citados e podem ser utilizadas nas entrelinhas dos

cultivos de amoreira (Figura 4C) (MACHADO, 2017).

Page 63: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

figura 4. Crotalaria spectabilis (A), C. breviflora (B) e guandu anão (C) (Fotos:

Piraí Sementes).

Além das leguminosas, outras plantas podem ser utilizadas,

como as aveias, uma vez que resultados de pesquisas indicam

que algumas cultivares de aveia branca, como a IPR Afrodite, são

resistentes aos nematoides de galhas M. incognita, M. javanica,

M. paranaensis e M. enterolobii. (http://www.iapar.br/arquivos/

File/Sementes_e_Mudas /ipr_afrodite.pdf). As duas primeiras

espécies são bastante importantes em lavouras de soja e milho

em todo o país, além de parasitarem uma gama de hospedeiros,

incluindo a amoreira, enquanto M. paranaensis é problema

Page 64: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

sério e limitante em áreas cafeeiras, principalmente no estado

do Paraná e, a última espécie, M. enterolobii, causa sérios

prejuízos a culturas frutíferas, especialmente goiabeiras. No

caso de lavouras perenes, a aveia IPR Afrodite poderia ser ótima

opção para cultivo na entrelinha, reduzindo consideravelmente a

população dos nematoides.

Outras opções para o manejo de nematoides incluem, ainda,

a utilização de nematicidas químicos e biológicos (MACHADO,

2017). Na cultura da amoreira, a aplicação de nematicidas

químicos ainda não é recomendada, uma vez que não existem

nematicidas registrados para a cultura (AGROFIT, 2018). Em

relação aos nematicidas biológicos, muitos deles são registrados

para um alvo específico, ou seja, para a espécie de nematoide

em questão, independente da cultura, o que proporciona opção

de utilização em culturas não contempladas pelos registros

de nematicidas químicos. A maioria deles apresenta registro

para Meloidogyne spp., justamente as principais espécies de

nematoides que ocorrem em amoreirais no estado do Paraná.

Os fungos também têm se destacado como agentes

potenciais para controle biológico, seguidos das bactérias.

Parasitam ovos, predam juvenis e adultos, produzem substâncias

tóxicas aos nematoides ou ainda apresentam efeito desorientador

de nematoides pela transformação de exsudatos radiculares, como

observado em relação à bactéria Bacillus firmus. A experiência

adquirida nos trabalhos com produtos biológicos realizados

em casa de vegetação no Instituto Agronômico do Paraná, em

culturas diversas, mostra que alguns microrganismos têm uma

eficiência de redução da multiplicação dos nematoides de, pelo

Page 65: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

menos, 60%. Entretanto, os experimentos de campo mostram

grande variação nos resultados quanto à redução populacional

dos nematoides no solo. Isso ocorre porque os microrganismos

utilizados como agentes de controle biológico ainda são bastante

dependentes das condições edafoclimáticas que ocorrem na

lavoura, independente da tecnologia de aplicação adotada.

Em cultivos perenes, a utilização de nematicidas biológicos

se dá de duas maneiras: a primeira, na implantação da lavoura,

onde é aplicado diretamente na cova de plantio, ou então, após

implantação da lavoura, em pulverização ao redor do colo das

plantas, seguindo-se a linha de plantio. Entretanto, para que

o produtor possa usufruir de todos os benefícios da utilização

de um agente de controle biológico como aliado no manejo de

nematoides, é necessária a adoção de uma série de ferramentas

complementares de manejo, de modo a criar condições favoráveis

para que o microrganismo seja efetivo. Um agente de controle

biológico aplicado em solo extremamente pobre, degradado, sob

condições climáticas adversas, como veranicos, provavelmente

não conseguirá atuar de maneira adequada. O aumento da

matéria orgânica no solo é essencial para o sucesso do agente

microbiano e a rotação de culturas e/ou a utilização de plantas

de cobertura vegetal, como citado anteriormente, promovem um

microclima bastante favorável para que o controle biológico tenha

efetividade. Portanto, para que consigamos obter os benefícios do

controle biológico, necessariamente deve-se seguir os preceitos

do manejo integrado de nematoides, ou seja, a adoção de duas

ou mais ferramentas de maneira integrada e adequadamente

planejada, principalmente no que diz respeito à cobertura vegetal

do solo.

Page 66: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

CONCLUSÕES

Considerando-se a grande importância que os nematoides

têm assumido na agricultura brasileira e a dificuldade de controlar

tais patógenos, a necessidade de realizar análises nematológicas

fica evidente, uma vez que, para a adoção de qualquer das medidas

de manejo acima descritas, é imprescindível uma identificação

correta das espécies presentes na lavoura, possibilitando melhor

direcionamento na adoção de medidas de manejo, como rotação

de culturas e o plantio de variedades resistentes. A recomendação

específica para coleta de amostras nematológicas em culturas

perenes é que esta deve ser realizada na projeção da saia da

cultura, limpando-se a camada superficial do solo e tomando-se

o cuidado de coletar solo juntamente com raízes secundárias -

mais finas e superficiais - uma vez que as raízes mais grossas

não apresentam nematoides em quantidade e qualidade para as

análises.

O agricultor deve informar-se com a assistência técnica em

sua região qual a melhor opção para o envio de suas amostras,

pois existem vários laboratórios de nematologia aptos a realizar

tais análises. De posse dos resultados, o agricultor deve procurar

por um especialista no assunto em cooperativas, institutos de

pesquisa ou universidades para que ele obtenha informações

confiáveis e eficientes para o adequado manejo do nematoide

presente em sua lavoura. Com a união dos esforços entre o

agricultor, a extensão rural e o nematologista, poderemos conviver

com o problema que os nematoides representam, evitando

prejuízos e gastos desnecessários por parte do agricultor com

ferramentas de manejo inadequadas.

Page 67: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

REfERêNCIAS

A G R O F I T: S I S T E M A D E A G R O T Ó X I C O S

FITOSSANITÁRIOS. Ministério da Agricultura, Pecuária e

Abastecimento - Coordenação-Geral de Agrotóxicos e Afins/

DFIA/DAS, 2018. Disponível em: http://extranet.agricultura.gov.

br/ agrofit_cons/principal_agrofit_cons. Acesso em 02 abr.18

CALEGARI, A.; MACHADO, A.C.Z. Efeito das crotalárias

no controle de nematoides. Revista Campo e Negócios, p. 64 -

65, julho 2013.

ESFAHANI, M.N.; AHMADI, A. Field observations on the

reaction of medicinal plants to root-knot nematodes in Isfahan,

Iran. International Journal of Nematology, v. 20, n. 1, p. 107-

112, 2010.

GLOBO RURAL, 2014. Cultivo de amoreira pode re-

volucionar a produção do bicho da seda. Disponível em:

ht tp : / / rev is tag loborura l .g lobo .com/Rev is ta /Common/0 , ,EMI

346002-18078,00-CULTIVO+DE+AMOREIRA+PODE+REVOLU-

CIONAR+ A+ PRODUCAO+DO+BICHODASEDA.html. Acesso em

19 fev.18

GOMES, C.B. Nematoides fitoparasitas. In: Árvore do Co-

nhecimento: Amoreira. Disponível em http://www.agencia.cnptia.

embrapa.br/gestor/amoreira/arvore/ CONT000ggtku91902wx5ok-

Page 68: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

05vadr13a7ge8s.html. Acesso em 02 abr.18

KATALAN-GATEVA, S. Plant-parasitic nematodes from

the families Longidoridae and Hoplolaimidae in the rhizosphere

of fruit trees in south-western Bulgaria. Helminthologia, n. 10, p.

29-37, 1980.

KUBO, R.K. Ocorrência de Pratylenchus spp. em

cafezais do Estado de São Paulo e efeito de Pratylenchus

coffeae no crescimento e fotossíntese de Coffea arabica.

Tese (Doutorado), Universidade Estadual Paulista, Faculdade de

Ciências Agronômicas, Botucatu, SP, 2002, 101 p. Disponível

em https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/105435/

kubo_rk_dr_botfca.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em 02

abr.18

MACHADO, A.C.Z. Praga custa R$ 35 bilhões ao

agronegócio brasileiro. Revista Agrícola, p. 12 - 13, nov. 2015.

MACHADO, A.C.Z. Nematoides: saiba como identificar e

manejar este inimigo oculto. Revista Agrícola, p. 34-37, março

2017.

MONTEIRO, A. R.; LORDELLO, L.G.E. Nematoides

parasitos associados à framboesa no Brasil. Revista de

Agricultura, v. 51, n. 2, p. 122, 1976.

PAES-TAKAHASHI, V.S.; SOARES, P.L.M.; CARNEIRO,

Page 69: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

F.A.; FERREIRA, R.J.; ALMEIDA, E.J.; SANTOS, J.M. Detecção

de Meloidogyne enterolobii em mudas de amoreira (Morus nigra

L.). Ciência Rural, v. 45, n. 5, p. 757-759, 2015.

QIAO, L. Remove from marked records investigations on

mulberry parasitic nematodes in Guangxi. Journal of Southern

Agriculture, v. 42, n. 11, p. 1344-1349, 2011.

ROSSI, C.E. Levantamento, reprodução e

patogenicidade de nematoides a fruteiras de clima

subtropical e temperado. Tese (Doutorado), ESALQ:

Piracicaba, São Paulo, 2002. 114 p.

ROSSI, C.E., CALDARI Jr., P., MONTEIRO, A.R. Ocurrence

of Pratylenchus vulnus on rose in Minas Gerais State, Brazil.

Arquivos do Instituto Biológico, v.67, n.1, p.147-148, 2000.

SILVA, J.F.V.; PIZZA, S.; CARNEIRO, R.G. Ocorrência de

Paecilomyces lilacinus parasitando ovos de Meloidogyne sp. em

amoreira no noroeste do Paraná. Nematologia Brasileira, v.

16, n. 1/2, p. 84, 1992.

YOUSSEF, M.M.A.; EL-NAGDI, W.M.A. Cellular alterations

in b lack mulber ry roo ts fo l low ing in fec t ion by Melo idogyne

incogni ta and Rotylenchulus reni formis. Pakistan Journal of

Nematology, v. 23, n. 2, p. 297-303, 2005.

Page 70: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

C A P Í T U L O q U A T R O

D e s c r i ç ã o , i m p a c t o s e p o t e n c i a l i d a d e s d a s p r i n c i p a i s i n o v a ç õ e s n o m a n e j o d e a m o r e i r a i s e s i r g a r i a s

José Yoshihiro Oda

Page 71: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

DESCRIÇÃO, IMPACTOS E POTENCIALIDADES

DAS PRINCIPAIS INOVAÇÕES NO MANEJO DE

AMOREIRAIS E SIRGARIAS

José Yoshihiro Oda

INTRODUÇÃO

A sericicultura tem sido marcada nos últimos anos pela

oferta de um conjunto de tecnologias capazes de reduzir o tempo

e o esforço físico demandados nas operações, com reflexos

positivos na produtividade, na renda e na qualidade de vida dos

sericicultores.

Cada vez mais presentes no ambiente produtivo, tais

tecnologias se traduzem em inovações, as quais tem se mostrado

serem capazes também de ampliar a atratividade da atividade e

consequentemente, no contexto do estrato da agricultura familiar

no qual essa se encontra inserida, aumentar as oportunidades de

sucessão nas unidades produtivas com a permanência dos jovens

no campo, colocando-se como alternativa viável para a geração

de emprego e renda para sistemas de produção familiares.

Nesse sentido são apresentadas aqui uma série de

inovações possíveis de serem implementadas na atividade

sericícola, descrevendo-se o impacto dessas sob a perspectiva

da penosidade do trabalho17 e demanda de mão de obra.

1 Compreendida aqui como a(s) característica(s) presentes na execução de diferentes atividades as quais, embora não causem danos efetivos à saúde do trabalhador, tornam o trabalho fisicamente mais desgastante.

Page 72: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

INOVAÇÕES NOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO DE CASULOS

VERDES

ADOÇÃO DE CULTIVARES APROPRIADOS E DE

TECNOLOGIAS DE PLANTIO

As cultivares mais recomendadas pela Fiação de Seda

Bratac S/A (Bratac) são a Tailandesa e a Thaichi (Figura 1), as

quais apresentam boa quantidade de massa, bom pegamento e

rápido crescimento. O plantio deve ser feito preferencialmente

de março a junho, utilizando estacas fornecidas pela Bratac, as

quais precisam estar maduras para o plantio.

Assim que o produtor recebe as mudas deve cortar

as estacas com cerca de 30 cm de comprimento e mantê-las

submersas em água por no máximo 24 horas para melhorar a

capacidade de pegamento. Já o espaçamento entre linhas deve

ser regulado de acordo com o manejo: manual cerca de 1,30

metro, com trator 1,50 metro, mantendo o espaçamento entre

mudas em cerca de 30 cm. Atenção deve ser dada também para

a posição das gemas, as quais devem ser mantidas para cima e

as ramas bem fixadas no solo, evitando a formação de bolsões de

ar.

Após o plantio a lavoura deve ser mantida limpa, tomando

cuidado para não abalar as estacas (ramas). Quando a planta

estiver com cerca de 30 cm de altura realiza-se a primeira poda

a 5 cm do solo, para aumentar a quantidade de ramas. Após 20

dias da poda, orienta-se a realização de uma adubação química,

utilizando-se preferencialmente a formulação 20-05-20.

Page 73: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

figura 1. Cultivares recomendada para plantio, Taichi (a) e Tailandesa (b).

fonte: Fiação de Seda Bratac S/A.

IRRIGAÇÃO DOS AMOREIRAIS

Sistemas de irrigação por aspersão (Figura 2) e

gotejamento já estão presentes nos amoreirais, reduzindo os

impactos negativos dos períodos de estiagem. Sua viabilidade

econômica torna-se mais efetiva em sistemas diversificados

e para a sua implantação é imprescindível a realização de um

projeto técnico por profissionais especializados.

figura 2. Amoreiral irrigado por sistema de aspersão.

Page 74: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

fonte: Fiação de Seda Bratac S/A.

ELEVAÇÃO DAS CAMAS DE CRIAÇÃO

Mesmo reconhecendo que o sistema tradicional de

camas construídas ao nível do piso da sirgaria mantém suas

características de baixo custo, facilidade de limpeza e de

remoção dos restos da cama de criação, a elevação das camas

tem oferecido vantagens consideráveis como a diminuição da

penosidade por meio da redução do esforço na coluna, a maior

facilidade na distribuição das lagartas e para o abastecimento de

folhas, além do aumento do espaço para criação (Figura 3).

figura 3. Tipos de cama de criação, no chão (a) e elevado (b).

fonte: Fiação de Seda Bratac S/A e EMATER/PR.

UTILIzAÇÃO DE CARRINhO DE TRANSPORTE DE

AMOREIRA NO BARRACÃO

A utilização do carrinho de transporte (Figura 4) possibilita

a redução do trabalho e do esforço dispendidos em uma das

operações de maior demanda de tempo na atividade, a alimentação

das lagartas.

Considerando um barracão com 18 metros de comprimento,

Page 75: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

três camas de criação e três caixas de lagartas por criada, estima-

se que na 5ª idade larval, a utilização do carrinho reduza em

7.400 metros a distância percorrida dentro do barracão, além de

não necessitar transportar manualmente os feixes de amoreira.

figura 4. Modelos de carrinhos utilizados.

fonte: Fiação de Seda Bratac S/A.

AUTOMAÇÃO DA SUBIDA DOS BOSqUES

Quando as lagartas iniciam o processo de produção de fios,

os bosques são colocados sobre as camas para que as mesmas

possam começar a desenvolver seus casulos. O tradicional

sistema de manuseio manual dos bosques conta hoje com quatro

alternativas que facilitam a execução da operação: sistema

semiautomático com manuseio total da cama e acionamento

dos bosques com auxílio de uma manivela; sistema com uso do

martelete; e sistemas motorizados, com motor elétrico adaptado

ou com motor elétrico integrado (Figura 5).

Page 76: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

figura 5. Diferentes alternativas para manuseio dos bosques: manual (a), semiautomática com auxílio de manivela (b), com utilização do martelete (c), com motor elétrico adaptado (c), com motor elétrico original (e).

fonte: Fiação de Seda Bratac S/A.

Qualquerdasnovasalternativasreduzapenosidadedaoperação,apresentando,contudo,ganhosdiferenciadosnorendimentooperacional.

Page 77: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

A título de exemplo, o Quadro 1 abaixo detalha como se observa aeconomia demais de 16 horas com a operação de emboscamento detrêscaixasdelagartas.Aopçãopelaimplantaçãodeumououtrosistemadeveconsiderarotamanhodobarracãoeacapacidadedeinvestimentodoagricultor.

quadro 1. Comparativo do tempo gasto na operação de emboscamento com a

utilização do sistema manual 1 a 1 e do sistema motorizado1.

AUTOMAÇÃO DA COLhEITA DOS CASULOS

Com os casulos prontos devem-se iniciar as operações

de colheita e limpeza, que consistem em retirar os casulos dos

bosques e eliminar os primeiros fios produzidos pelo bicho-da-

seda antes da formação do casulo, a chamada anafaia.

Tais operações, antes realizadas independentemente e

com dois equipamentos distintos, pode hoje ser efetuada com uma

máquina peladeira modificada (Figura 6) que combina a colheita

e limpeza em um único dispositivo, proporcionando a economia

de cerca de nove horas e 45 minutos para o processamento da

produção dos casulos obtidos em três caixas de lagartas.

Page 78: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

figura 6. Equipamentos para os sistemas tradicional (a) e modificado (b) de

limpeza dos casulos.

fonte: Fiação de Seda Bratac S/A.

COLhEITA MECANIzADA DA AMOREIRA

Page 79: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

A colheita deve ser feita nos horários mais frescos do

dia e o corte pode ser feito manualmente ou com trator (Figura

7). No armazenamento deve-se ter cuidado para manter o

ambiente bem úmido e as amoreiras acomodadas soltas e em pé.

Considerando os aspectos associados à biologia da lagarta, as

variações climáticas e ao rendimento operacional, torna-se uma

das operações mais complexas da atividade.

Predomina hoje o tradicional sistema de corte manual com a

utilização do “ferrinho”, mas já se encontram disponíveis no mercado

máquinas especialmente desenvolvidas para a mecanização

da operação, as quais oferecem uma economia de até 25 horas,

quando considerada a quantidade de amoreiras a serem colhidas

para a produção de três caixas de lagartas (Quadro 2).

quadro 2. Descrição e comparativo do tempo gasto na operação de colheita com

a utilização do sistema manual com “ferrinho” e mecanizada1.

1Considerando a produção para três caixas de lagartas, 40.000 lagartas/caixa, 120.000 lagartas no total; consumo de 50 g de amora/lagarta, 6.000 kg de amora no total; 20 kg/feixe de amora, 300 feixes consumidos.

fonte: Fiação de Seda Bratac S/A.

figura 7. Operações na colheita manual (a) e mecanizada de amoreiras (b).

Page 80: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

fonte: Fiação de Seda Bratac S/A.

CONSIDERAÇÕES fINAIS

Foram descritas aqui sete inovações em processos

produtivos da sericicultura, as quais, do plantio à colheita da

amoreira, da preparação das camas de criação à colheita de

casulos, são capazes de diminuir em muito a penosidade do

trabalho, elevar o rendimento operacional e a rentabilidade da

atividade.

Três dessas inovações, associadas a operações críticas

no que diz respeito à demanda operacional: emboscamento,

colheita de amora e de casulos, podem representar uma

economia cerca de 51 horas de trabalho na produção de uma

criada de três caixas de lagartas - quantidade mais frequente na

sericicultura paranaense - representando assim maior tempo livre

e/ou disponível para outras atividades presentes em sistemas de

produção diversificados.

Contudo, para que esse conjunto de inovações esteja

presente em um número cada vez maior de propriedades

Page 81: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

sericícolas, faz-se necessário um esforço articulado de todos os

segmentos que compõem a cadeia produtiva, incluindo aí o Estado

e suas instituições de pesquisa e desenvolvimento, no sentido

de promover políticas públicas de apoio ao setor, facilitando o

acesso à tais inovações.

Nesse sentido, a implantação das chamadas “patrulhas

sericícolas”28, ação da Secretaria de Estado da Agricultura e

do Abastecimento concebida no âmbito da Câmara Técnica do

Complexo da Seda do Estado do Paraná, as quais tem permitido

otimizar diferentes operações na condução da atividade, é

um exemplo de como podem ser gestadas políticas públicas

adequadas, inovação e desenvolvimento do setor.

2 Conjunto composto por um trator com potência de 65 cv, uma carreta, uma

roçadeira, uma corrente de ferro, um distribuidor de calcário, um subsolador e uma

máquinas de tirar casulos. O Anexo 1 apresenta a relação de “Patrulhas Sericícolas”

disponibilizadas no Paraná.

Page 82: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

C A P Í T U L O C I N C O

A r e n t a b i l i d a d e d o s s i s t e m a s d e p r o d u ç ã o d e c a s u l o s v e r d e s

Edson Luiz Diogo de Almeida, Dimas Soares Júnior,

Oswaldo da Silva Pádua João Donizete Saldan

Page 83: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

A RENTABILIDADE DOS SISTEMAS DE

PRODUÇÃO DE CASULO VERDES

Edson Luiz Diogo de Almeida, Dimas Soares Júnior,

Oswaldo da Silva Pádua, João Donizete Saldan

INTRODUÇÃO

Ainda que as inovações apresentadas no capítulo anterior

sejam apropriadas para a melhoria da produção e produtividade

do sistema produtivo, a gestão dos fatores de produção é condição

de fundamental importância para a rentabilidade da atividade

sericícola.

A introdução de conceitos de gestão e análise de

resultados é essencial para a profissionalização e crescimento dos

produtores envolvidos, bem como aos técnicos e outros setores

da cadeia produtiva da seda, pois proporciona o entendimento do

funcionamento da produção, possibilita que resultados possam

ser atingidos mais rapidamente, incentiva a busca de inovações

e a implementação de boas práticas de gestão nas propriedades

envolvidas com a atividade.

Entretanto, mesmo que os primeiros estudos para a

gestão na sericicultura tenham sido propostos ainda nos anos

1980 (SOUZA, 1982), os diagnósticos da atividade no Paraná têm

sido focados em aspectos tecnológicos (ATAÍDE, 2007; LUCENA

et al., 2008; ATAÍDE et al. 2010) e as análises econômicas

realizadas com dados secundários (PANUCCI-FILHO; CHIAU;

Page 84: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

PACHECO, 2011) ou baseadas em estudos de casos individuais

(NASCIMENTO; ESPEJO; PANUCCI-FILHO, 2010), tornando

oportunos trabalhos de maior abrangência que envolvam a coleta

de dados nas condições de solo, clima e disponibilidade de meios

de produção das unidades produtivas familiares, predominantes

na sericicultura estadual.

Nesse sentido, o presente estudo analisa um conjunto de

indicadores técnicos e econômicos obtidos a partir do trabalho

de acompanhamento de unidades referenciais conduzido pelo

Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural

(EMATER/PR), com o suporte das Redes de Referências para

a Agricultura Familiar, projeto de pesquisa e desenvolvimento

desenvolvido pela EMATER/PR e IAPAR, em parceria, para o

sistema de produção sericícola, com a Fiação de Seda Bratac

S/A (BRATAC).

METODOLOGIA

O acompanhamento das unidades e a coleta dos dados

foi realizado por profissionais da EMATER/PR e da BRATAC,

sendo os registros dos custos obtidos junto aos produtores e a

empresa integradora, uma vez que ela é a fornecedora exclusiva

das principais matérias primas e equipamentos utilizados19.

Os dados analisados correspondem as safras

2014/2015, 2015/2016, 2016/2017 e 2017/2018, envolvendo 21

sericicultores210distribuídos por 16 municípios de cinco das sete 1 A relação da equipe técnica envolvida pode ser vista na página 04. A descrição das transações recorrentes entre a indústria e sericicultores está presente em Soares Júnior (1998).2 A cada safra foram acompanhadas 18 unidades produtivas, totalizando 21 unidades acompanhadas ao longo do período em decorrência de mudanças na composição do grupo, como pode ser observado no Quadro 1. O mapa com a localização das unidades acompanhadas na safra 2017/2018 encontra-se na página 20.

Page 85: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

principais regiões produtoras do estado.

O cálculo dos indicadores para a realização da análise

econômica, obedeceu aos seguintes procedimentos:

- Custo Operacional Efetivo (COE): Desembo lsos

com a aquisição de insumos e serviços + mão de obra extra

familiar permanente e temporária + desembolsos com conservação

e reparos + taxas e impostos pagos + despesas com terceiros

(assistência técnica, seguro, recepção, limpeza, secagem,

energia, frete, aluguéis, etc.).

- Custo Operacional Total (COT): COE + depreciações

- Margem Bruta Efetiva (MEB): Receita bruta – COE

- Margem Bruta Operacional (MBO): Receita bruta – COT

Uma vez que a mão de obra familiar não foi remunerada

no cálculo da margem bruta operacional, estimou-se a sua

remuneração em salários mínimos mensais311, por meio da

divisão do valor correspondente da margem bruta operacional

pela área da amoreira (em ha), dividindo-se o valor então obtido

pelo salário mínimo nacional vigente nos anos de 2015 a 2018,

respectivamente de R$ 788,00, R$ 880,00, R$ 937,00 e R$ 954,00

mensais:

- Remuneração da mão de obra familiar (RMOf):

MBO / Área de amoreira (em ha) / Salário mínimo nacional

3 Ainda que sejam desenvolvidas entre oito a noves criadas por ano, optou-se por calcular o valor em salários mínimos mensais no sentido de facilitar as análises comparativas.

Page 86: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

vigente / 12

ANÁLISE TéCNICA E ECONôMICA DAS UNIDADES

PRODUTIVAS ACOMPANhADAS

O Quadro 1 a seguir apresenta a relação das unidades

produtivas acompanhadas e a média observada nas quatro

safras de análise para alguns parâmetros técnicos da atividade

sericícola.

Observa-se que a área média de amoreira é de 2,97 ha e a

moda calculada foi de 2,0 ha. Onze das unidades acompanhadas

obtiveram produtividade abaixo de 1.000 kg de casulos verde.

ha de amoreira-1, dez unidades obtiveram produtividade acima

de 1.000 kg de casulos verde. ha de amoreira -1 e apenas uma

dessas obteve produtividade acima de 1.500 kg de casulos verde.

ha de amoreira-1. De toda sorte, todas alcançaram resultados que

ultrapassam em muito a produtividade média estadual, a qual no

período em questão alcançou 635 kg de casulos verde ha. de

amoreira-1 , com valores em média 64% superiores, sendo que,

em quatro unidades a produtividade observada foi mais que duas

vezes superior à média do estado (Figura 1).

Page 87: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

2014

/15

2015

/16

2016

/17

2017

/18

kg c

asul

os 1

a A.

caix

as d

e la

gart

as-1

kg c

asul

os 1

a A.

ha a

mor

a-1

1Al

to P

aran

áX

XX

X3,

202.

944

5,2

568

931

2Al

toni

aX

XX

X3,

232.

675

4,7

579

828

3As

torg

aX

XX

X7,

136.

254

10,0

681

877

4As

torg

aX

XX

X1,

952.

861

5,8

493

1.47

15

Cru

zeiro

do

Sul

XX

XX

3,63

3.62

16,

258

299

86

Indi

anóp

olis

XX

XX

2,55

2.13

94,

152

183

97

Ireta

ma

XX

XX

2,00

1.67

33,

252

483

68

Ireta

ma

XX

XX

3,13

2.55

95,

348

982

29

Ivat

éX

XX

X2,

102.

138

3,9

554

1.01

810

Luizi

ana

XX

XX

2,00

2.11

54,

053

21.

058

11M

anda

guaç

uX

XX

X2,

283.

015

5,3

567

1.30

912

Nova

Esp

eran

çaX

1,90

1.51

73,

050

179

913

Nova

Esp

eran

çaX

X4,

205.

111

8,3

620

1.21

714

Nova

Esp

eran

çaX

X1,

901.

991

3,3

613

1.04

815

Nova

Esp

eran

çaX

X1,

801.

643

3,0

542

913

16Sa

nta

Môn

ica

XX

2,82

3.16

15,

755

71.

121

17St

a. C

ruz

Mon

te C

aste

loX

XX

X3,

312.

855

5,7

505

883

18Ta

pira

XX

XX

1,96

3.07

04,

568

91.

567

19Te

rra

Boa

XX

X1,

701.

657

2,9

582

975

20Tu

neira

s do

Oes

teX

XX

X6,

406.

424

12,0

534

1.00

421

Xam

brê

XX

XX

3,13

3.94

57,

255

41.

374

2,97

3.01

85,

456

11.

042

2,00

2,09

635

Para

ná1

Prod

utiv

idad

e m

édia

Méd

iaM

oda

Cód

igo

da

unid

ade

Mun

icíp

ioÁ

rea

méd

ia d

e am

ora

Prod

ução

m

édia

de

casu

los

1a A.

(k

g.cr

iada

-1)

Nº m

édio

de

caix

as d

e la

gart

as.n

o de

cria

das-1

SAFR

AS

AC

OM

PAN

HA

DA

S

qu

ad

ro

1.

Re

laçã

o d

as

un

ida

de

s d

e r

efe

rên

cia

s a

com

pa

nh

ad

as

e p

arâ

me

tro

s té

cnic

os

dio

s o

bse

rva

do

s n

a a

tivi

da

de

seri

cíco

la.

Sa

fra

s 2

01

4/1

5,

20

15

/16

, 2

01

6/1

7 e

20

17

/18

.

1D

ad

os

dio

s d

o e

sta

do

do

Pa

ran

á c

on

sid

era

nd

o a

s q

ua

tro

sa

fra

s e

m a

lise

. (F

on

te:

CÍR

IO,

20

18

).

fo

nte

: D

ad

os

da

pe

squ

isa

.

Page 88: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

figura 1. Área de amoreira (ha) e produtividade de casulos verdes (kg.ha de

amoreira-1) nas unidades de referências acompanhadas. Resultados médios das

safras 2014/2015 a 2017/20181.

1PR:Dados médios do estado do Paraná considerando as quatro safras em análise.

(Fonte: CÍRIO, 2018).

fonte: Dados da pesquisa.

O Quadro 2 apresenta a síntese dos indicadores econômi-

cos médios calculados para cada uma das unidades produtivas

nas quatro safras acompanhadas.

Page 89: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

RB

2C

OE2

CO

T2,3

MB

E2M

BO

2R

MO

F2

(R$.

ha d

e am

ora-1

)(R

$.ha

de

amor

a-1)

(R$.

ha d

e am

ora-1

)(R

$.ha

de

amor

a-1)

(R$.

ha d

e am

ora-1

)

(em

SM

2

men

sal.h

a de

am

ora-1

)1

Alto

Par

aná

18,7

618

.107

5.94

58.

812

12.1

629.

294

0,82

2Al

toni

a18

,57

16.4

664.

246

5.74

112

.220

10.7

250,

953

Asto

rga

19,1

217

.454

4.07

76.

382

13.3

7711

.073

0,98

4As

torg

a17

,95

27.1

878.

149

11.2

5519

.038

15.9

321,

415

Cru

zeiro

do

Sul

19,2

320

.572

5.80

18.

304

14.7

7012

.268

1,09

6In

dian

ópol

is18

,71

16.3

395.

918

8.22

410

.421

8.11

50,

727

Ireta

ma

18,4

216

.119

3.91

45.

061

12.2

0511

.058

0,98

8Ire

tam

a18

,10

15.2

604.

119

5.72

211

.141

9.53

70,

859

Ivat

é18

,47

19.2

586.

586

8.32

212

.672

10.9

360,

9710

Luizi

ana

19,1

621

.379

6.17

29.

038

15.2

0712

.341

1,09

11M

anda

guaç

u19

,02

26.7

637.

206

10.6

4519

.557

16.1

181,

4312

Nova

Esp

eran

ça19

,54

15.8

373.

454

6.48

412

.383

9.35

20,

8513

Nova

Esp

eran

ça17

,96

23.5

064.

838

6.92

118

.668

16.5

841,

4914

Nova

Esp

eran

ça20

,87

22.4

494.

711

9.11

817

.737

13.3

301,

1615

Nova

Esp

eran

ça11

,94

16.8

714.

665

7.30

212

.205

9.56

90,

8616

Sant

a M

ônic

a19

,83

22.9

226.

736

10.4

2616

.187

12.4

961,

0917

Sta.

Cru

z M

onte

Cas

telo

17,3

315

.798

4.97

47.

799

10.8

247.

999

0,71

18Ta

pira

19,1

631

.407

7.71

111

.304

23.6

9620

.102

1,78

19Te

rra

Boa

19,4

419

.892

4.55

46.

846

15.3

3813

.045

1,15

20Tu

neira

s do

Oes

te18

,87

19.5

834.

743

6.35

714

.841

13.2

261,

1721

Xam

brê

19,3

127

.618

6.93

99.

092

20.6

7918

.526

1,65

18,5

620

.514

5.49

88.

055

15.0

1612

.458

1,10

Méd

ia

Preç

o ca

sulo

s 1a A

(R

$.kg

-1)

Cód

igo

da

unid

ade

Mun

icíp

io

qu

ad

ro 2

. In

dic

ad

ore

s e

con

ôm

ico

s d

a a

tivi

da

de

se

ricí

cola

na

s u

nid

ad

es

de

re

ferê

nci

as

aco

mp

an

ha

da

s. R

esu

lta

do

s m

éd

ios

da

s

safr

as

20

14

/20

15

a 2

01

7/2

01

8.

Page 90: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

1 Valores em R$ deflacionados para abril/2018 pelo Índice Geral de Preços –

Disponibilidade Interna (IGP-DI) da Fundação Getúlio Varga (FGV).2 RB: Receita Bruta; COE: Custo Operacional Efetivo; COT: Custo Operacional

Total; MEB: Margem Bruta Efetiva; MBO: Margem Bruta Operacional; RMOF:

Remuneração da mão de obra familiar; SM: Salário Mínimo Nacional.3 No cálculo do Custo Operacional Total (COT) não se considerou a remuneração

da mão de obra familiar.

fonte: Dados da pesquisa.

O cálculo da receita bruta levou em consideração a

média de preço recebido pelo casulo de primeira, os prêmios por

qualidade e valores de casulos outros entregues pelos produtores.

A média geral de preço recebido pelo casulo de primeira (casulos

1ªA) ficou em R$ 18,56 (Figura 2), sendo que o menor e o maior

valor médio recebidos foram de R$ 17,47 na safra 2015/2016 e

R$ 19,94 na safra 2017/2018.

figura 2. Preço médio do casulo verde 1ª A recebido nas unidades de referências acompanhadas. Resultados médios das safras 2014/2015 a 2017/2018. (em R$.kg -1) 1.

1 Valores em R$ deflacionados para abril/2018 pelo Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) da Fundação Getúlio Varga (FGV).fonte: Dados da pesquisa.

Page 91: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

A receita bruta média por hectare nas unidades

acompanhadas foi de R$ 20.513,61 e o custo operacional efetivo

médio por hectare foi de R$ 5.497,90, proporcionando uma

margem bruta efetiva de RS 15.015,71 (Figura 3).

figura 3. Receita bruta total, custo operacional efetivo e margem bruta efetiva calculadas para as unidades de referências acompanhadas. Resultados médios das safras 2014/2015 a 2017/2018. (em R$.ha -1)1.

1 Valores em R$ deflacionados para abril/2018 pelo Índice Geral de Preços –

Disponibilidade Interna (IGP-DI) da Fundação Getúlio Varga (FGV).

fonte: Dados da pesquisa.

Considerando o custo operacional total por hectare de

R$ 8.055,13, a margem bruta operacional por hectare na média

das unidades acompanhadas chegou a R$ 12.458,48 alcançando

uma amplitude de R$ 12.103,59 (Figura 4), a qual suscita a

possibilidade de ajustes para ampliação da rentabilidade no

universo de sericicultores do estado.

Page 92: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

figura 4. Receita bruta total, custo operacional total e margem bruta operacional

calculadas nas unidades de referências acompanhadas. Resultados médios das

safras 2014/2015 a 2017/2018. (em R$.ha -1)1.

1 Valores em R$ deflacionados para abril/2018 pelo Índice Geral de Preços –

Disponibilidade Interna (IGP-DI) da Fundação Getúlio Varga (FGV).

fonte: Dados da pesquisa.

Fazendo-se a conversão dos valores da margem bruta

operacional nas unidades acompanhadas, pode-se concluir que,

em média, estes produtores obtiveram 1,10 salários mínimos

mensais. ha de amoreira-1 (Figura 5).

CONSIDERAÇÕES fINAIS

Nestes quatro anos de acompanhamento foi possível

Page 93: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

identificar a diferença de resultados obtidos nestas unidades,

nas quais alguns produtores, com pequenos ajustes e cuidados

na criação, atingiram produtividades superiores a 1.500 kg de

casulos. ha de amoreira-1, enquanto a média de produtividade

paranaense no mesmo período foi de 635 kg casulos. ha de

amoreira-1.

Ao encontro dos resultados observados por Sabbag,

Nicodemo e Oliveira (2013), o presente estudo permite afirmar

que a sericicultura remunera os demais custos de produção e

deixa margem para a remuneração da mão de obra familiar.

Como a atividade ocupa em torno de um equivalente-homem por

ha de amoreira, considerando os resultados médios, seriam 1,10

salários mínimos mensais por pessoa, sendo que em 11 das 18

unidades produtivas acompanhadas a remuneração foi superior

a um salário mínimo. Tal valor pode ser considerado aceitável

quando considerado o custo de oportunidade da mão de obra

rural nas regiões estudadas, a presença de outras atividades

na unidade produtiva - ampliando as receitas - e a pauta de

outras oportunidades de empreendimento para os sericicultores

acompanhados.

figura 5. Remuneração da mão de obra familiar em salários mínimos mensais calculada para as unidades de referências acompanhadas. Resultados médios das

safras 2014/2015 a 2017/2018. (em salários mínimos mensais. ha de amoreira-1).

Page 94: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

fonte: Dados da pesquisa.

Considerando as possibilidades de inovações que podem

ser implantadas no sistema produtivo (colhedora mecanizada de

amoreiras, climatização de barracões, automatização de subida

e descida de bosques, colhedora de casulos, camas suspensas,

carrinhos para distribuição de ramas, sistema mecanizado

de limpeza da cama de criação, controle de luminosidade,

temperatura e alimentação no barracão, etc.), existe a perspectiva

da necessária redução da penosidade do trabalho em aspectos

como aqueles apontados por Pinto, Murofose e Carvalho (2015),

aumentando a eficiência da mão de obra e disponibilizando tempo

para outras atividades no sistema produtivo.

Ao encontro do observado por Silva e Hespanhol (2009),

conclui-se ainda que a atividade pode aumentar a atratividade para

a sucessão familiar, favorecendo a permanência dos jovens no

campo com qualidade de vida para as famílias; contribuir também

para a preservação do ambiente rural, dada a sua condição de

não utilização de agroquímicos e servir como fonte de incremento

da renda e permanência dos sistemas de produção familiares.

Complementarmente, a articulação público-privado

concretizada para a implantação e acompanhamento da Rede de

Unidades de Referências em Sericicultura permitiu uma intensa

troca de experiências nos quatro anos de execução do trabalho,

com a realização de 144 visitas técnicas, 72 tardes de campo com

Page 95: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

a presença de 1.200 produtores e quatro encontros estaduais

com a presença de aproximadamente 1.400 agricultores em cada

um destes.

Contudo, é importante considerar que toda atividade

está sujeita aos processos políticos e econômicos que podem

alterar as condições encontradas nestas últimas safras, o que

sugere a necessidade da continuidade de estudos como o aqui

apresentado, bem como de análises que incorporem as condições

de risco, utilizando para tanto bases de dados constituídas em

projetos de pesquisa como o que propiciou o presente trabalho.

REfERêNCIAS

ATAÍDE, L. T. Diagnóstico da atividade sericícola

na base territorial do Paraná centro e identificação de

gargalos tecnológicos. 2007. 130 f. Dissertação (Mestrado

em Agronomia) – Programa de Pós-graduação em Agronomia,

Centro de Ciências Agrárias, Universidade Estadual de Londrina,

Londrina, 2007.

ATAÍDE, L. T.; YAMAOKA, R.S.; VASCONCELLOS,

M.E.C.; SOUZA, J. R. P. Caracterização do grau tecnológico dos

sericicultores no território Paraná Centro. Ciência Rural, Santa

Maria, v. 40, n. 11, p. 2375-2380, 2010.

IBGE. Sistema IBGE de Recuperação Automática -

SIDRA. Disponível em:

< h t t p : / / w w w. s i d r a . i b g e . g o v. b r / b d a / t a b e l a / l i s t a b l .

Page 96: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

asp?c=74&z=t&o=24>. Acesso em: 03 mar. 2016.

CIRIO, G. M. Sericultura no Estado do Paraná Safra

2015/16 – Relatório Takii. Governo do Paraná. Secretaria de

Estado da Agricultura e do Abastecimento. Departamento de

Economia Rural. Disponível em:

h t t p : / / w w w . a g r i c u l t u r a . p r . g o v . b r / a r q u i v o s / F i l e /

deral/.../2017/Sericicultura_2016_17.pdf. Acesso em 07 mai.2018

LUCENA, E. S. et al. Diagnóstico da sericicultura durante

as safras 2001/2002 e 2002/2003 na região de Umuarama, PR.

Boletim de Indústria Animal, v. 65, n. 2, p. 173-182, 2008.

NASCIMENTO, C.; ESPEJO, M. M. S. B.; PANUCCI-

FILHO, L. A análise custo-volume-lucro em meio à gestão do

processo produtivo na sericicultura: estudo de caso. Custos e

Agronegócio, v. 6, n. 2, p. 131-162, 2010. Disponível em:

< h t t p : / / w w w. c u s t o s e a g r o n e g o c i o o n l i n e . c o m . b r /

numero2v6/sericultura.pdf>. Acesso em 18 mar. 2016.

PANUCCI-FILHO, L.; CHIAU, A. V.; PACHECO, V. O custo

da sericicultura: a produção de casulos de bicho-da-seda no

Paraná. Revista em Agronegócio e Meio Ambiente, Maringá,

v. 4, n. 1, p. 37-55, 2011.

PINTO, N. F.; MUROFUSE, N. T.; CARVALHO, M. Processo

e cargas de trabalho e a saúde dos trabalhadores na sericicultura:

uma revisão. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional,

Page 97: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

v. 40, n. 132, p. 237-247, 2015.

SABBAG, O. J.; NICODEMO, D.; OLIVEIRA, J. E. M.

Custos e viabilidade econômica da produção de casulos do

bicho-da-seda. Pesquisa Agropecuária Tropical, Goiânia,

v. 43, n. 2, p. 187-194, 2013. http://dx.doi. org/10.1590/S1983-

40632013000200004.

SILVA, D. O.; HESPANHOL, R. A. M. A produção rural

familiar em Jacarezinho/PR: estratégias de reprodução e

submissão ao capital. Campo-Território: revista de geografia

agrária, v. 4, n. 7, p. 185-200, 2009.

SOARES JUNIOR, D. Relações contratuais no sistema

agroindustrial da seda: Uma análise a partir da nova economia

das instituições. In: III SemeAd, 1998, São Paulo. Anais... São

Paulo: EAD/FEA/USP, out. 1998.

SOUZA, B. F. A contribuição das relações entre

custo-volume-lucro na sericicultura da região de Marília:

um caso brasileiro. 1982. 150f. Dissertação (Mestrado em

Administração) - Escola de Administração de Empresas de São

Paulo da Fundação Getúlio Vargas, São Paulo, 1982.

Page 98: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

A N E x O

Page 99: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

Anexo 1. Relação das “Patrulhas Sericícolas” disponibilizadas pela Secretaria de

Agricultura e do Abastecimento em municípios sericícolas paranaenses.

fonte: Câmara Técnica do Complexo da Seda do Estado do Paraná.

Page 100: ExTENSÃO RURAL - Paraná...paranaense se consolidou como importante componente da pauta de produção agropecuária do estado. A organização do setor e a forte vinculação da atividade

DO PARANÁSERICICULTURA INOVAÇÕES NA

1ª EdiçãoTECNOLOGIAS, MANEJO E RENTABILIDADE

OrganizadoresDimas Soares Jr.Edson Diogo de AlmeidaOswaldo da Silva Pádua

AutoresAndressa Zamboni

Dimas Soares Jr.Donizete Saldan

Edson Diogo de AlmeidaGianna Maria Círio

José Yoshiro OdaOswaldo da Silva Pádua

Ruy Seiji Yamaoka

INO

VA

ÇÕ

ES NA

SERIC

ICU

LTUR

A D

O P

AR

AN

Á: TEC

NO

LOG

IAS, M

AN

EJO E R

ENTA

BILID

AD

E

Apoio:

Patrocinio:

Realização:

ABRASEDA - Associação Brasileira da Seda

Com uma perspectiva cada vez mais promissora, fruto do interesse e valorização do mercado internacional pela qualidade dos fios de seda brasileiros, a Sericicultura nacional retoma a produção de casulos do bicho da seda e vivência o aumento da produtividade e rentabilidade do setor. Nos últimos anos, tem apresentado crescimento constante e sustentável, constituindo-se em agente estratégico de transformação econômica e social. A Sericicultura se desenvolve de forma ambientalmente correta, socialmente ética e economicamente responsável, que fixa o homem no campo e promove a sucessão familiar rural, fortalecendo os pequenos municípios do Brasil. A obra “Inovações da Sericicultura do Paraná” oferece um panorama rico e diversificado da cultura da seda, englobando aspectos conjunturais (históricos, econômicos, estatísticos e sociais), fitossanitários e tecnológicos. Almejamos que sua leitura propicie a todos os envolvidos - direta e indiretamente - dados que incentivem o motive ainda mais o aprofundamento das pesquisas agrícolas e do desenvolvimento de inovações tecnológicas, gerando novas iniciativas que produzam o fortalecimento de toda a cadeia produtiva da seda.