Expressao 4 junho 2016

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ano 23/número 4 junho/2016 jornal laboratório do 4º ano de jornalismo usjt jornalismo universitário levado a sério Consumo consciente Você precisa de tudo o que querem te vender? Renan Matheus

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jornal laboratório do 4º ano de jornalismo usjt

jornalismo universitário levado a sério

Consumoconsciente

Você precisa de tudo o que querem te vender?

Renan Matheus

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Diagramação: Profa Iêda Santos2

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ReitorJosé Reinaldo Altenfelder Silva Mesquita

Vice-reitorFabrício Ghinato Mainieri

Pró-Reitor de GraduaçãoLuís Antônio Baffile Leoni

Diretor da Faculdade de LACCE Prof. Rosário Antonio D’Agostino

expedienteJornalistas ResponsáveisProfª Iêda Santos (MTB 31.113)Profª Jaqueline Lemos(MTB 657/GO)

RevisãoProf. César Zamberlam

Projeto Gráfico e SupervisãoProfª Iêda Santos

RedaçãoAlunos do JOR4AN-MCA1

ImpressãoFolha Gráfica -(11) 3224.7667

As matérias assinadas não representam, necessariamente, a opinião da Universidade.

converse com a gente: [email protected]

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e no Facebook: Expressão

CapaArte: Renan Matheus

Profa Iêda Santos e Profa Jaqueline Lemos

#fração de segundofotolegenda

Inverno quentinho

Questione-se: eu preciso disso?

#protagonista #fica a dica

#caro leitor,

Denize Moraes

Ensaio sobre a cegueira

“O medo cega... são pala-vras certas, já éramos cegos no momento em que cegámos, o medo nos cegou, o medo nos fará continuar cegos.”

De repente, parado no sinal, um motorista perde a visão. É o primeiro caso da “treva branca” que logo se espalha por uma ci-dade. Pessoas são colocadas em quarentena nos abrigos subter-râneos por ordem governamen-tal e são reduzidos a essência humana, onde reconhecem suas imperfeições, limitações da vida e percebem que a preservação da espécie depende da relação social. Somente uma mulher, conhecida como, “mulher do médico”, é capaz de enxergar e, assim, assume uma posição de líder, tenta trazer algum tipo de esperança à essas pessoas.

Escrito em 1995, cheio de metáforas e com uma reflexão profunda sobre o comporta-mento humano e da sociedade, o livro Ensaio Sobre a Cegueira, de José Saramago, nos leva a um mundo tomado por um “mal branco”, no qual a cegueira toma conta da população de uma ci-dade fazendo todos mergulha-rem nas trevas e questionarem a humanidade frente ao caos.

A professora da rede públi-ca Fátima Martins indica a obra. Ela diz que “os grandes autores nos fazem pensar e assim foi com Saramago nesse livro. Ele sempre traz, em suas obras, temas que são incisivos e que nos fazem questionar bastante sobre a vida e sobre o ser hu-mano. Ele nos leva a pensar so-bre as aflições que uma pessoa passa ao perder a visão.”

Com protagonistas anôni-mos, sem datas dos aconte-cimentos e sem dar nome á cidade onde ocorrem os fatos, Saramago deixa aberto, ao

leitor, a imaginação sobre os relatos. A ideia é que o leitor mergulhe na ficção e experi-mente cada trajetória dos per-sonagens do romance.

“É incrível como um livro escri-to há 21 anos ainda é capaz de nos dar um aspecto do mundo con-temporâneo perante a sociedade em que vivemos. Um clássico que nos proporciona múltiplas sen-sações pelos seus personagens num misto de ódio e compaixão”, comenta Fátima. “Saramago nos mostra através da historia o quan-to o ser humano ´pode ser frágil e nos traz uma reflexão sobre o abandono, a incapacidade e a fra-gilidade”, completa.

Conhecida como uma das obras mais densas do autor, Ensaio Sobre a Cegueira foi adaptado para o cinema e con-ta com a direção do brasileiro Fernando Meirelles.

José Saramago foi um escri-tor português. É conhecido por seu modo de escrita com longos parágrafos e uso nada conven-cional das virgulas e pontos. Em 1995, recebeu o Prêmio Camões pelo patrimônio e enriquecimen-to da Língua Portuguesa e, em 1998, recebeu o Prêmio Nobel de Literatura.

Carlos, no cárcere uma vocação

Taimara Paschoaletti

Em que momento da vida você descobriu sua vocação?... Recluso por sete anos, Carlos Nogueira Andrade descobriu no presídio, ajudando os ami-gos de cela.

Era 2008 quando ele co-meçou a cumprir pena e 2010 quando soube que de lá de dentro poderia concluir o en-sino médio. Paralelo ao tempo em que ele se dedicava ao es-tudo surgiu o gosto pela leitu-ra. Carlos participava dos cur-sos oferecidos pela Fundação Prof. Dr. Manoel Pedro Pimen-tel, a FUNAP, e sempre tinha em mãos um livro emprestado.

A cela era um espaço de qua-tro metros por cinco, com duas camas e menos de dois metros de circulação para 31 presos. Do alto de uma treliche, abafa-do pelo calor de uma cortina improvisada, ele buscava dimi-nuir o barulho alto da conversa dos companheiros e tentava ler. Eram quinze dias do aluguel do livro ao debate do tema propos-

to pela obra. Carlos terminava às vezes em uma semana.

Hoje egresso ele lembra que o lugar hostil e pouco favorável foi, na verdade, aquele que reve-lou uma habilidade sua até en-tão desconhecida: a de ensinar.

Em 2011 ele já tinha concluí-do os estudos e feito o Exame Na-cional do Ensino Médio para Pes-soas Privadas de Liberdade. Com a nota que conseguiu, no mesmo ano foi chamado para fazer um teste e se tornou um monitor da FUNAP, ministrando aulas para turmas de 8º e 9º ano do funda-mental, dentro da reclusão.

Ele conta que o primeiro contato “lousa-aluno” foi incrível, mas que o mais interessante era o planejamento. Lendo sempre, ele preparava o texto que seria apresentado em aula, as contas, a explicação... “Que dúvida eles terão nisso daqui?”, ele se per-guntava. Carlos estava focado e a FUNAP tinha dado o respaldo.

Mas nem tudo é tão simples quando se trata do ensino para

pessoas que, às vezes, estavam anos longe das salas de aula. Percebendo a dificuldade que alguns tinham em associar ideias (principalmente as que envolviam matemática), ele criou um método mais próxi-mo da realidade dos detentos.

“O aluno sabia responder quando eu perguntava, mas não sabia quando lia no papel. Pra explicar, desenvolvi um tipo de cotação financeira: as moedas eram ou o cigarro ou os produtos de higiene que a gente tinha e que podiam ser trocados dentro de um siste-ma. Aí eu usava isso na expli-cação: 5x3, quanto dá? ‘Não sei’... Quanto custa um maço de cigarro? ‘Cinco reais’... E quanto fica quando você com-pra três maços? Ele sabia!”.

Com o reconhecimen-to vindo da fundação e dos próprios amigos de cela, que diziam que Carlos tinha paci-ência e que explicava bem, ele começou a ter certeza de que

a sua habilidade era, de fato, uma vocação.

Em 2012 o ensino formal nas penitenciárias de São Paulo pas-sou a ser prestado por profissio-nais da Secretaria da Educação. De monitor Carlos se tornou um auxiliar, mediando a comunica-ção entre professores e alunos.

Diante da mudança, os companheiros comentavam: “Ah, professor, você podia dar essa matéria, você explicava melhor”. E Carlos sabia: a lin-guagem que eles compartilha-vam era determinante para o entendimento do conteúdo.

Hoje trabalhando como motoboy, ele se empenha em voltar às salas de aula para estudar e depois lecionar. Pre-tende conseguir uma bolsa pela nota do Enem e terminar o curso de pedagogia, que co-meçou ainda na reclusão. “Por passar pelo cárcere e hoje ter a oportunidade de mudar de vida, eu conseguiria, teria pra-zer em ajudar outras pessoas”.

Carlos, à esquerda, durante evento da Fundação Palavra Mágica

Lançado em 1995, obra traz à tona questões ainda atuais

Alunos do 4°ano de jornalismo realizaram o I Sopão do Batata no dia 15 de maio. Além de distribuírem sopa bem quentinha para os moradores em situação de rua, doaram cobertores, roupas e sapatos para ajudar os que mais necessitam a enfrentar o frio. Gabriella Zavarizzi - aluna do 4° ano de Jornalismo - Campus Butantã e Francisco Zavarizzi

Olá, caríssimo leitor!! Então, muito frio? Que tal aquecer o cére-bro com a leitura de ótimas reportagens? Você está recebendo a edição 4 do Expressão em 2016. O tema da editoria Especial tem o intuito de provocar, questionar, propor reflexões e até mesmo mudanças de com-portamento. Abordamos o conceito e algumas práticas de lowsume-rism, cuja ideia central é promover mudanças nas formas de consumo. Frequentemente somos levados a valorizar a cultura do ter, do possuir. Mas raramente nos questionamos: eu realmente preciso disso? Estou comprando algo que necessito de verdade? As práticas de consumo consciente são muito variadas e talvez você até já tenha experimentan-do algumas delas: espaços de trabalho compartilhados; economia co-laborativa; couchsurfing; moda sustentável... e tantas outras. A equipe de reportagem do Expressão foi à campo tentar compreender essas novas experiências que indicam como é possível transformar antigos hábitos em atitudes sustentáveis. E, olha só, nós descobrimos que dá para fazer isso de forma gradual, no cotidiano de cada um de nós. Vamos conhecer com isso é possível?

Sem perder a vibe dos questionamentos, na editoria Educação, trazemos dados de uma pesquisa na área de pedagogia que aponta as formas como as crianças negras são preteridas no ambiente esco-lar. A pesquisa aborda ainda algumas possibilidades de reverter esse cenário de racismo nas escolas. Já em Vida Digital, mergulhamos no fascínio da codificação de informações, ou seja, da criptografia. Afinal, o que é a criptografia? Ela realmente garante a privacidade das mensagens entre os usuários? Na editoria Artes, vamos embarcar no Circular Turismo – sightseeing. São ônibus especiais que fazem circuitos turísticos pela cidade de São Paulo. A novidade está fun-cionando desde março e tem agradado os amantes da metrópole. A partir da compra do ingresso para o Circular, o passageiro passa a ter o direito de entrar em locais como o Museu de Arte Moderna, o Museu do Futebol, o Museu Afro Brasil e tantos outros espaços turísticos. Por fim, vamos chegando ao Esporte&Lazer com mais reportagem sobre bikes. Desta vez, abordamos as relações entre o uso das bicicletas no cotidiano e os principais benefícios físicos e mentais para os ciclistas. Quem faz uso frequente da magrela, ganha qualidade de vida e reduz a tensão do estresse.

E, então, muitos assuntos interessantes, não é mesmo!? Boa leitura e aproveite todas as informações que o Expressão oferece para você.

Page 3: Expressao 4 junho 2016

Diagramação e Revisão da página: 3

ano 23 |no4 | junho/2016 Educação

Caroline Beraldo, Debora Brito, Monise Cardoso

Segundo pesquisa realizada pela pedagoga Ellen de Lima Souza, na sua dissertação de mestrado feita na UFSCar, alunos negros são preteridos no ambiente escolarMonise Cardoso

Criado em junho de 2015, o Abraço Cultural nasceu para aju-dar. Fundado por voluntários liga-dos a plataforma Atados, iniciativa disponibiliza cursos de idiomas com professores nativos da língua, estimulando o empreendedorismo por meio de um método inovador de ensino e troca de experiências culturais com as comunidades va-lorizando as diferenças.

Hoje o Projeto Abraço Cultu-ral tem três unidades, duas em São Paulo e uma no Rio de Janeiro. Os idiomas ensinados na escola são o francês, inglês, espanhol e árabe. As aulas regulares são dadas duas vezes por semana e são intercala-das com workshops de tradições, que podem envolver culinária, dança, literatura, cinema, curio-sidades, política e as histórias de um país tema da semana.

A haitiana Geneviéne Chem-bim 32 anos, é uma das profes-soras do projeto. Ela foi educa-dora no Haiti antes de chegar ao

Brasil em 2015. Mãe de garoto de 12 anos, que mora no Estados Unidos com a pai, Geneviéne leciona francês no Abraço Cul-tural em São Paulo. “Claro que como humanos sempre precisa-mos de mais, mas o Abraço Cul-tural faz um bom trabalho por nós refugiados. E os alunos me ajudam a não sentir a pressão de ser uma refugiada ”.

Para Mari Garbeline, Coorde-nadora Geral do Abraço Cultual, o “principal objetivo é promover a troca de experiências, valorização pessoal e cultural de refugiados residentes no Brasil e, ao mesmo tempo, possibilitar aos alunos do curso o aprendizado de idiomas, a quebra de barreiras e a vivência de aspectos culturais e festivos de outros países. E embora exista muito preconceito no Brasil quan-do se trata de refugiados, seja pela cor, religião ou costumes, nossos cursos tiveram bastante aceitação do público. Em cinco edições, já

tivemos mais de 400 alunos inte-ressados na nossa troca cultural”.

Hoje, o maior obstáculo do projeto e conseguir recursos finan-ceiros suficientes para ajudar mais refugiados. Quem quiser pode ajudar o Abraço Cultural através de doações para os projetos de reinserção social, geração de ren-da e na ampliação de suas vagas ou ser um voluntário por meio da plataforma Atados.

Braços que acolhem o mundoComo a educação e a cultura geram renda para refugiados em São Paulo e Rio de Janeiro

Debora Britto

Pense no padrão tradicional de educação. Agora reflita como ele pode ser atrativo, ou não, para a permanência do aluno em sala de aula. A resposta não vem pronta, mas existem medidas paliativas em curso, em diversas unidades e regiões da cidade. Como na Escola Estadual Julia Macedo Pantoja, de Beatriz Oli-veira da Silva, de 16 anos. “Meu professor propôs um projeto, ao qual o aluno desenvolve e pensa em atividades a serem realiza-das na escola, por nós mesmos, fazendo o estudante se sentir parte do ambiente de aula”.

Para Márcia Regina Paulino, professora e inspetora na rede pública, uma solução adotada pela unidade escolar em que tra-balha foi a inclusão de atividades extracurriculares no plano de en-sino dos jovens e adolescentes. “A implementação de danças, cursos como o uso correto do solo e artes circenses tem aju-dado no interesse do aluno para

com a escola, tivemos uma de-sistência bem menor do que nos anos interiores”.

Existem várias propostas como “Ballet nas escolas”, do vereador Eduardo Tuma (PSDB), “Hortas Escolares Comunitárias”, do vereador David Soares (PSD), “Artes Cênicas nas escolas”, do ve-reador Laércio Benko (PHS) e “Música nas escolas”. Esta última já foi aprovada na rede municipal de São Paulo, e foi proposta pelo vereador Paulo Reis (PT). “O objetivo da Lei não é formar músicos, mas de-senvolver a criatividade, a sen-sibilidade e a integração dos alunos. A educação musical poderá representar, em nossas escolas, um grande salto de qualidade, rumo a uma educa-ção mais humana, colaborando para o desenvolvimento motor, físico e mental”.

As iniciativas podem ser im-plementadas de duas maneiras.

A primeira como matéria devi-damente fixada no plano curri-cular, outra como atividade fora do horário de aula. Ambas de-vem garantir a permanência do educando na escola, já que para a realização da segunda ele deve estar matriculado e com boa frequência. Medida necessária, pois o conceito tem o objetivo de conciliar o ensino tradicional com o extra e não tratá-los como coisas distintas.

Especulações são necessá-rias, a curto prazo, os dados de escolas que aderiram semelhantes projetos apresentam melhoria nas participações e envolvimento dos alunos, até onde as atividades ex-tracurriculares são a solução não se pode afirmar, porém, medidas devem ser tomadas para estimu-lar o interesse da permanência, até que cada individuo entenda por si a necessidade da educação, diferentemente do processo que tem sido realizado atualmente nas unidades escolares.

Caroline Beraldo

Ensino além da sala de aulaMais que educar, as escolas precisam se reinventar para manter o aluno interessado

Arquivo pessoal

Como lidar com o

racismona educação

Existe racismo dentro das escolas, e ele começa na educação infantil. Isso

é que afirma Ellen de Lima Souza, mestre e doutoranda do Programa de Pós-graduação em Educação da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos) e diretora do Itesa (Instituto de Tecnologia, Especia-lização e Aprimoramento Profis-sional). Em sua dissertação de mestrado, a pedagoga estudou como as crianças negras são vis-tas pelos docentes que lecionam na primeira etapa da formação educacional. Para isso, procu-rou professores que já haviam sido premiados por práticas em busca de uma educação para a igualdade.

Segundo Ellen, é possível per-ceber três principais visões desses docentes em relação aos alunos: a primeira é o papel do piedoso que assume postura paternalista. A se-gunda é o sentimento de expecta-tiva, o professor espera do aluno uma atitude combativa e militante que responda aos ataques racistas. E existe ainda aqueles que não enxergam o racismo, e acreditam que o país vive a plenitude uma democracia racial, tratam as crian-ças negras com indiferença e as punem com mais frequência do que as brancas.

Nas pesquisas em campo, a pedagoga encontrou o racismo se mostrando de maneira bastan-te agressiva nas escolas: “mui-tos professores não escolhem as crianças negras para ocuparem papéis de protagonistas nas ati-vidades culturais, os papéis são sempre de subalternidade”, afir-ma. A pesquisadora disse tam-bém ser comum crianças não negras se recusando a sentar ao lado de negros e não selecionan-do as crianças negras para parti-ciparem das brincadeiras.

Depois da família, a escola costuma ser o segundo grupo social apresentado às crianças, e é ali que ela irá passar a sociali-zar, apresentar o que já aprendeu e absorver informações novas. Neste momento, segundo Ellen, é que os pequenos ficam mais expostos ao racismo. A pesqui-sadora explica que assim como aprendemos que jogar papel no chão é errado, também podemos aprender a ter atitudes racistas, pois aquilo que é comportamen-tal, é ensinado“As pessoas não esperam que crianças sejam ra-cistas, mas elas são, isso porque reproduzem o que aprendem com os adultos”, esclarece.

Para mudar esta realidade, ela propõe que os professores as-

sumam um lugar de protagonis-mo em sala de aula, de geradores de conhecimento, para assim, trabalharem a autonomia, a inde-pendência e a autoestima desses alunos discriminados. “Na mi-nha dissertação, sugiro que os educadores criem metodologias didáticas que favoreçam o ensino da igualdade. Ali dentro da sala de aula, é ele quem garante direi-tos, quem tem papel principal e social”, pontua.

Em sua pesquisa, Percepções de Infância de Crianças Negras por Professoras de Educação In-fantil, realizada em 2012, Ellen também discorre sobre três con-ceitos da mitologia Iorubá que poderiam ser adotados em sala: as perspectivas da ancestralidade, da corporalidade e da oralidade, princípios que ajudam as crianças negras e também as não negras a desenvolverem suas identidades, intelecto e emoções de formas variadas. Essas três perspectivas também dão a ideia de pertenci-mento étnico, e valorizam a cul-tura negra. “Alguns pais podem se mostrar contrários a esse tipo de ensino, nesses casos, a justiça pode entrar em cena, pois o ensino de cultura afro-brasileira é lei. E a escola pública é de todas as crian-ças, das brancas às indígenas”.

Você pode ajudar com doações:

Associação Abraço Cultural CNPJ: 23.656.821/0001-86

Banco Itaú Ag: 0185

C/C: 26115-3

O projeto também aceita doações de material físico.

Informações: [email protected]

Monise C

ardoso

Thiago Nebuloni

Claudine Melo faz palestra para refugiados em evento de integração social no Abraço Cultural

Crianças se divertem em projeto paralelo de leitura na escola, proposto pela professora Márcia Paulino

Via de regra, depois do círculo familiar, a escola é o segundo ambiente de socialização infantil

Page 4: Expressao 4 junho 2016

Diagramação e Revisão da página: Matheus Narcizo, Marcos Pacanaro, Taís Cruz, Victória Durães, Taimara Paschoaletti4

ano 23 |no 4 | junho/2016especial

Vivemos para trabalhar e trabalhamos para comprar. De acordo com a publicidade, o consumo nos traz felicidade. Em 2030, a depressão será a doença mais comum no mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Será que este sistema deu certo? Somos incentivados a consumir a todo

instante: é essa lógica que o movimento lowsumerism, ou consumo equilibrado, questiona e visa modificar.

Nomeado pela agência de tendências em comportamento Box 1824, o estudo põe em xeque hábitos consumistas e incentiva a sair da compra pela compra, para ficar na moda ou preencher vazios pessoais. “Há anos percebemos que os caminhos mapeados em pesquisas para clientes se relacionavam com a redução do excesso. A iniciativa de desenvolver o estudo do lowsumerism partiu dessa percepção de que é impossível falar de

futuro e inovação sem abordar o consumo consciente”, conta Eduardo Biz, pesquisador da agência e um dos envolvidos no estudo sobre o movimento.

Aderir a essa tendência é entender que pequenas atitudes podem causar um grande impacto, e que hábitos individuais interferem no coletivo. “A mudança começou quando me tornei vegetariana, aos 11 anos. Li bastante

sobre o tema e tomei consciência de que minha alimentação podia ser menos impactante. Esse assunto logo me levou a

outros e percebi que a gente não precisa de tudo que a mídia e a propaganda dizem que precisamos”,

relata Fernanda Cannalonga, colunista de moda sustentável e estilo de vida consciente.

Existe vida além do consumo?Em um mundo no qual comprar tornou-se a única transcendência possível, o movimento do consumo equilibrado busca possibilidades de estilos de vida contracorrentes

Victória Durães

Lowsumerism

Alugar a sua casa a um desconhecido por uns dias ou pegar carona com alguém que você nunca viu na vida. Parece uma ideia maluca, não é mesmo? Mas, com a popularização de aplicativos que facilitam a troca de serviços, isso se tornou uma alternativa econômica já usada no mundo todo.

A Economia Colaborativa se baseia em dar uma nova função ao que está sem uso ou pode ser melhor aproveitado e útil para outra pessoa. Por isso, um dos seus lemas é “você não precisa de uma furadeira, mas sim, de um buraco na parede”. Ou seja, se eu tenho algo, como uma furadeira, que não preciso no momento e outra pessoa está precisando dela, por que não compartilhar?

A tecnologia, nesse casso, desempenha o papel fundamental de conectar essas pessoas com necessidades e interesses comuns. Esse encontro acontece principalmente por meio de aplicativos e redes sociais. Hoje, há uma grande variedade de ferramentas disponíveis para realizar essa troca.

Segundo o professor Ladislau Dowbor, “a facilidade de estar conectado a milhares de pessoas no mundo faz com que a produção passe a funcionar por demanda, de forma mais inteligente e criativa. Assim, só o que é necessário será fornecido”.

“A conectividade também facilita a desintermediação. Por exemplo, pequenos agricultores que vendiam seus produtos a preços muito baixos a atravessadores que repassavam esses mesmos

produtos por um valor bem mais alto. Ou seja, os consumidores acabavam pagando muito e o agricultor recebendo pouco. Agora, produtores e clientes podem se conectar diretamente. Nesse sentido, eu acho que estamos mundo o capitalismo”, conclui.

Ainda não é possível definir exatamente quando esse modo de se relacionar coletivatmente nasceu, entretanto, observa-se que em um cenário de crise econômica, o escambo volta a ser uma opção para suprir as necessidades.

“A economia colaborativa vem tendo grande ascensão por conta da crise desde 2018. E se ela continuar se estendendo, é possível que esse comportamento se espalhe mais, por uma questão de sobrevivência, e talvez uma mudança nos hábitos dos jovens. Eu não acredito que gere uma mudança nos mais velhos, que já estão acostumados com o sistema de consumo que a gente tem. No meu ponto de vista, pela dificuldade que os jovens enfrentam na crise, esse comportamento tende a crescer pela facilidade de comunicação da era digital”, afirma Manfred Back, professor de economia da Universidade São Judas Tadeu.

Afirmar que esse é o futuro da economia mundial, apesar de já ter conquistado o mercado e lucros expressivos, é um pouco arriscado. Porém, já ficou claro que essas ações são reflexos da geração digital, em busca diferentes formas de se relacionar com o mundo.

Melhor compartilhar do que possuirNasce uma nova forma de consumo: consciente, sustentável e mais democrática

Taís Cruz

Coworking quebra paradigma de corporações tradicionaisEspaços físicos compartilhados surgem como saída para profissionais independentes

Matheus Narcizo

O programador de uma multinacional que divide o mesmo ambiente com a assessora de um circo. A advogada autônoma que passa o dia ao lado do presidente de uma empresa de serviços. De imediato, a ideia de profissionais de ramos diferentes trabalhando juntos pode parecer estranha, mas o fato é que os espaços tradicionais de trabalho têm feito cada vez menos sentido para empreendedores dos quatro cantos do mundo.

Popularmente chamado de coworking (trabalho compartilhado, em português), o modelo de serviço surgiu em 2005, a partir da experiência do engenheiro norte-americano Brad Neuberg, que abriu seu apartamento para a atuação conjunta. A ideia era básica e acabou viralizando rapidamente: “profissionais sem casa”, de áreas diferentes, trabalhando num mesmo local, ao mesmo tempo. Quebrando o paradigma de corporações tradicionais, ele deu inicio à teoria de que não existem mais lugares fixos para a labuta.

No Brasil, já são 238 espaços compartilhados (segundo o site Coworking Map, responsável por mapear empresas de coworking em mais de cem países), noventa e cinco apenas em São Paulo. Sem dinheiro para investir, os trabalhadores brasileiros do novo século podem ter seus escritórios instantâneos – que contam com acesso a serviços de telefone, internet, endereço comercial e sala de reunião – por preços que variam de R$ 40,00 a 150,00 (diária) e de R$ 600,00 a 1500,00 (mensal).

“O coworking prova que não é preciso ter um espaço físico para ter sucesso. A relação com outros profissionais também se torna muito importante na interação de trabalhos, já que é possível influenciar e ter o seu serviço influenciado de forma produtiva”, é o que diz Rafael Junior, presidente da SkyOffice, empresa de escritórios virtuais.

Mais do que a vantagem física do coworking, o designer e pesquisador do tema, Fernando Aguirre, acredita que o trabalho compartilhado pode ser considerado uma forma de levar a vida de modo mais sustentável e saudável. “Este modo de trabalhar é uma tentativa de fugir da velocidade das grandes empresas e da solidão do home office. Coworking é sobre pessoas, não cadeiras”.

O Preto Café, cafeteria da Zona Oeste de São Paulo, traz uma inovação: Você paga o quanto quiser. Seus criadores e sócios, como o Maurício Alcântara, fazem parte de uma nova onda que começa a crescer dentro do meio comercial urbano.

Exibindo, dentro do estabelecimento, um quadro com os valores da compra dos grãos de café, dos recursos humanos, do aluguel do espaço, entre outras despesas, decidem apostar na transparência dos seus gastos e confiar na clientela. No cardápio, não há valores e, quem paga, pode deixar uma nota e pegar o quanto desejar de troco.

“Nós apostamos na liberdade da pessoa, que escolhe seu critério de definição de preço, sem limitações prévias. É um comércio comum: ainda se estabelecem as relações de troca de produto e circulação

de dinheiro. A diferença é que não visamos o máximo lucro infinito e ainda sim mantemos o ambiente premium”, diz Maurício, justificando o porquê de se começar um negócio com a nova temática.

Ele diz também que o sucesso, já que a arrecadação superou os gastos em todos os meses, se deu ao fato de que trouxeram uma proposta ousada – ao invés de serem “só mais um café moderninho da Vila Madalena”, e que o público respondeu de forma muito positiva durante todos os meses de funcionamento da cafeteria. O Preto Café está em fase de reinauguração e vai se mudar para o centro da cidade ainda este ano.

Maurício revela também que a inicativa gerou reações em outros comerciantes. A Oak Haus, por exemplo, cervejaria situada

próxima ao metrô Faria Lima, participou de eventos culturais e gastronômicos junto com o Café, também com o mesmo modelo de pague quanto quiser.

Julia Rosemberg, uma das sócias da casa, aprova o novo sistema e diz que isso gera uma relação muito diferente com o consumidor, baseada principalmente na confiança. Ela revela que na Oak, a comanda é entregue aos clientes para que eles sejam responsáveis por anotarem seus pedidos e que os clientes costumam pagar valores justos por eles.

“Acreditamos que podemos criar uma relação de confiança com o nosso consumidor, uma relação mais próxima e, de uma maneira muito humilde, insidir numa sociedade menos voltada ao consumismo e mais voltada às trocas”, revela.

“Pagar o quanto quiser” já é possível em SPEstabelecimentos visam criar relacionamento mais leve e fiel com a clientela

Marcos Pacanaro

Arquivo pessoal

Profissionais do SkyOffice reunidos para trabalho

Preto Café, na região de Pinheiros, confia em seus clientes para que escolham o quanto pagar

Rafaela Netto

Lilia

ne V

ieira

o custo x benefício

prefira alimentos

é sempre maior que o dos transgênicos

orgânicos

Evite a chamadaFast Fashion

aqueles modelos que você

irá usar na próxima estaçãoprovavelmente não

=

A TECNOLOGIAÉ IMPORTANTE,NÓSSABEMOS. MAS...

VOCÊ NÃO PRECISA TROCARDE CELULAR A CADA TRÊS

MESES.PORQUE NÃO TRÊS ANOS?

Guia base da prática sustentável

Iniciativas como o movimento biker e a economia colaborativa mostram o crescimento do consumo equilibrado a partir de microtendências que seguem a máxima “menos é mais”. “Tem gente por todo esse mundo já praticando uma vida desacelerada, que consome localmente, planta o que come etc. Acredito que um jeito de disseminar [o movimento] é através da inspiração e das boas conversas. As pessoas precisam enxergar que é possível, que elas não vão perder nada na vida. Ao contrário, vão ganhar”, explica Fernanda.

Falar da redução do consumo é questionar também as desigual-dades sociais e o poder da mídia. As classes mais pobres operam na lógica da escassez de bens, buscando alternativas como trocas e doações. Entretanto, almejam um aumento na renda para consumir mais e alcançar um status simbólico de riqueza e poder, que são atribuídos aos objetos de consumo pelas propagandas veiculadas nos meios de comunicação, que associam qualidade de vida com poder de compra.

Alta produção de lixo, degradação do meio ambiente, esgota-mento dos recursos naturais, extinção de outras espécies causadas pelo ser humano, exploração do homem pelo homem para garantir lucros e rendimentos às indústrias. Se o padrão de consumo atual continuar até 2050 serão necessárias duas Terras para suprir as ne-cessidades da sociedade contemporânea.

Movimentos como o hippie e o punk foram vanguardas que contribuíram para a disseminação de um estilo de vida minima-lista, mostrando que as ideias do lowsumerism existem há séculos – ainda que, atualmente, a tecnologia e suas redes de mobiliza-ção tornem o contato entre pessoas de diferentes círculos sociais mais fácil. Historicamente, períodos de crise como o vivenciado hoje são favoráveis à inovação. Será que as iniciativas emergentes nos últimos anos ganharão adeptos e transformarão a indústria e o modo de consumo?

Page 5: Expressao 4 junho 2016

Diagramação e Revisão da página: 5

ano 22 |no 4| junho/2016 especial

Viajar não é apenas viver em hotelMovimento que surgiu na internet ajuda pessoas a conhecerem outros lugares, a viver os costumes locais e as experiências cotidianas com moradores

Ingrid Pap

Viajar, conhecer outras culturas e pessoas é o sonho de muita gente. A parte importante disso é a troca de experiência, idiomas e costumes. Dados do Ministério do Turismo apontam que cerca de 94% dos brasileiros viajaram no último ano e, dentro disso, sete, foram para lazer. São pessoas que estão dispostas a serem acolhidas e pessoas que acolhem. A viagem perde o posto de protagonista e passa a ser apenas um detalhe.

O Movimento CouchSurfing (Dormindo no Sofá, em tradução literal) tem como base oferecer o seu “sofá” e a sua hospedagem a um viajante, de graça ou em troca de favores pré combinados.

Trocar conhecimento e ajudar o próximo é algo importante e sem preço que pague.

“Tive uma experiência que foi mágica, eles me ajudaram a reformar a casa, uma troca linda. Eram três pessoas que conheci no festival de jazz em Ilhabela, onde moro. Estavam sem grana e perdidos, senti no meu coração e os acolhi”, relata Juliana Rodrigues, moradora de Ilhabela e participa do movimento há oito anos.

Existem sites que facilitam a busca por hospedagem. O mais conhecido é o CouchSurfing.com.br, criado em 2012, que tem mais de 1 milhão de membros em 180 países. A

viagem pelo Couchsurfing não é algo que busca a economia. A base do projeto é interação entre diferentes pessoas com intenção de experiências em ser guia e ser guiado por pessoas comuns que vivem na cidade e a conhecem.

“Fui para o estado de MG (Ouro Preto e Belo Horizonte), ES (Vitória, Vila Velha, Guarapari) e RJ (capital). Procuro algo a mais, como um tempero local, gosto de ver as gírias das pessoas locais, ver o estilo de vida, sentir suas energias, ver o que pode acrescentar na minha vida”, conta Mirella Arruda, 19 anos, moradora de Londrina, PR, membro do grupo.

Moda consciente alcança

olhares atentosUm novo jeito para o brasileiro rechear o armário com responsabilidade

Já imaginou usando uma calça ou jaqueta de uma pessoa que você nunca viu? Pois bem, pode começar a pensar nesta ideia que já vem ganhando espaço entre as mulheres. Com a alta dos preços estampados nas etiquetas e as transformações que acontecem a todo instante no mundo fashion, consumidores estão, aos poucos, refletindo sobre esse universo consumista e apostando em trajes mais em conta ou garimpando guarda-roupas de amigos ou familiares.

“Há três anos comecei a frequentar brechós. An-tes, comprava em shopping e seguia esse consumismo inconsciente, porém ,com a maturidade, passei a ques-tionar o meu comportamento, visto que na vida, tenho uma postura mais simples devido ao meu estilo musi-cal que é o Reggae. Que planeja uma vida sem muitos gastos e luxuria, mas, ainda assim, vivendo bem e com charme”, comenta Mirielle de Souza Santos.

Com o pensamento voltado para a conscientização do planeta e revendo certos posicionamentos frente a essas ações, a artesã relata ainda que as mudanças não foram apenas nos vestuários. “Esse olhar crítico me fez abrir a mente para um mundo ecológico e reciclável e, com isso, passei a produzir acessórios artesanais. Na rua, chamamos de “biojóia”, porque vem da natureza como a semente “lágrimas de nossa senhora” e a transformamos em arte. Só para deixar ciente que não retiramos nada que possa prejudicá-la. A idade contribui para uma visão ampla sobre aquilo que você vive e acredita. Não podemos ficar só naquele quadrado imposto pela mídia”, finaliza.

Ainda que lentamente, aspectos que envolvam o meio ambiente e consumo consciente estão sendo inseridos gradualmente no cotidiano das pessoas de forma a adotarem roupas de segunda mão ou customizando as que não servem mais dando outra aparência sem deixar de estar na “moda”.

Rebeca do Vale

Redes sociais transformam o elo entre usuários e a cultura de acessoPráticas econômicas por meio de trocas ganham mais adeptos e espaços na web

Yury Ferrero

A internet tem sido campo de transformações na sociedade contemporânea. A partir dela estão surgindo projetos que estimulam a cultura de consumo consciente, resgatando a ideia de economia por escambo. Uma forma alternativa de consumir de maneira inteligente e sustentável.

A fim de aproveitar o potencial da web, um número cada vez maior de pessoas utiliza plataformas com esse intuito. No Facebook, por exemplo, é possível encontrar variados grupos de interesse específico para trocas e, inclusive, a partir dele, realizar interligação com outros sites.

“A conexão alterou a comunicação entre pessoas. A interatividade é estabelecida de um jeito mais horizontal agora. Isso permitiu fazer coisas que não eram possíveis antes e promover ações coletivas e colaborativas sem que fossem voltadas ao mercado”, diz Sérgio Amadeu, Doutor em Ciência Política e pesquisador de cibercultura.

Dois bons exemplos à questão são os sites Tem Açúcar? e Bliive. Ambos oferecem uma

plataforma a ser explorada para achar quem deseja aquilo que você dispõe.

Na primeira, a relação se dá comunitariamente. Nela, você identifica em seu bairro as pessoas mais próximas e o que elas estão precisando por meio de uma lista de pedidos. É possível ainda ver o histórico de empréstimos e quais processos de troca ou doação já foram concluídos.

Já na Bliive, é possível ir um pouco além de uma ligação acerca de interesses materiais. Como? Com uma lógica de economia informacional. Atuante em mais de 100 países, tudo o que você sabe é ofertado neste espaço. Em troca do seu conhecimento e tempo livre, soma-se o período dedicado a um banco de horas. Deste modo, se acumulam e efetuam outras transações baseadas em experiências ou serviços prestados.

“É uma abertura que propicia opções às novas gerações que vão cultuar esse mundo. Isto deve mudar a nossa relação social com o ambiente e com o outro”, indica Matitza Rebouças, usuária assídua e embaixadora pela rede social Bliive.

Em uma de suas viagens realizadas pelo CouschSurfing, Mirela aproveita a vista de Minas Gerais

Arquivo pessoal

Vem cá, você sabe o que é sentir fome?Comer não é somente desejar algo gostoso, mas, sim, necessitar de algo

Luana Felix

Você já parou para pensar se realmente sentiu fome hoje? Aliás, o que é fome para você? É ter vontade de comer algo ou sentir o estômago doer e “conversar”? Como saber se queremos comer algo ou se precisamos comer aquilo? Dúvidas, dúvidas e mais dúvidas... comer não é somente desejar algo gostoso, mas, sim, necessitar de algo.

A fome é uma conscientização alimentar que surge quando o ser humano passa a perceber seu corpo e mente, sem fazer julgamento ou críticas a si próprios. É uma experiência que envolve todos os sentidos, e não é uma dieta, algo restrito com um objetivo, é desfrutar de momento em momento essa experiência e aprender a se alimentar corretamente.

Optar pelo hábito de comer adequadamente e saudavelmente é querer mudar o modo como se alimenta e vive o hoje, é deixar o passado para trás. São possibilidade de escolhas entre equilíbrio ao comer e beber, e além de tudo, uma redescoberta de si, é o viver de coisas na-turais e simples.

Para a empresária e autora do blog “Nos-so Mundo Orgânico”, Bianca Pulice, consumir consciente gera crescimento pessoal e é benéfico. “Quando praticamos, trazemos mais consciência, conhecimento, respeito a todos os seres vivos, e inclusive saúde, porque ao nos conscientizarmos de nosso consumo vamos com certeza escolher produtos mais saudáveis, e que prejudiquem me-nos o meio ambiente”, diz a blogueira.

E para quem não sabe ou nunca tenha ouvido fa-lar, a fome não é algo único, ela é dividida em sete tipos, fome visual, olfativa, gustativa, estomacal, ce-lular, emocional e mental, e mais: é necessário que se alimente essas fomes, mas é preciso saber se é fome ou se é uma vontade criada pela nossa gula.

Alimentar-se conscientemente e saber comer não é se limitar a uma dieta, não é proibir alimen-tos, nem limitar qualquer comida, mas, sim, criar um espaço de escolhas, e quebrar um padrão. É preciso tomar ciência e pará-lo, e criar uma pausa entre pensamento e ação, permitir uma quebra no automático, sabendo que quanto mais quebrado, mais reforçado o ato é.

Luana Felix

Mercado na região do Grande ABC investe em produtos orgânicos e sustentáveis para seus clientes

“Trabalho no brechó ‘Irmã Sheila’ há sete anos e de uns três anos para cá o movimento aumentou muito. Tenho clientes de vários gostos e que costumam trazem as roupas a cada seis meses e em ótimo estado. Os preços variam muito, mas nada comparado com as lojas dos centros comerciais. A peça mais cara aqui sai por R$100,00”, menciona a vendedora Maria de Lourdes.

Rebeca do Vale

Mirielle no brechó que frequenta perto de sua casa

A lógica do consumo desenfrea-do interfere nas relações interpes-soais, com o meio ambiente e ou-tros seres que coabitam o planeta Terra. Gostou do assunto? Vá além com esses documentários, leituras, sites e aplicativos. Comece a inse-rir essas práticas no seu cotidiano!

PONTO ELETRÕNICOpontoeletronico.me/lowsumerism/A página é uma plataforma da Box1824 que traz artigos e reflexões sobre diversos assuntos, dentre eles, o lowsumerism.

OBSOLÊNCIA PROGRAMADA Disponível no youtubeMostra como as indústrias têm criado produtos com qualidade inferior e prazo de validade, para incentivar e alimentar o ciclo vicioso do consumismo.

COWSPIRACYDisponível na NetflixExplica, por meio de pesquisas e dados, os danos causados ao meio ambiente pela indústria agropecuária.

BLIIVEbliive.comÉ uma rede de compartilhamento de experiências por meio de troca de horas. Uma maneira de subtrair a moeda de uma equação de sociedade mais sustentabilidade.

COUCHSURFINGcouchsurfing.comSite que conecta quem está viajando e precisa de um sofá com quem tem um espaço sobrando em casa para receber pessoas por alguns dias.

SKY OFFICEskyoffice.com.brPlataforma de escritório virtual, na qual os interessados podem alugar serviços como sala de reunião, atendimento telefônico, entre outros.

COWORKING MAPcoworkingmap.orgSite que mapeia empresas de coworking em mais de cem países, inclusive o Brasil.

TEM AÇÚCAR?temacucar.comÉ uma plataforma online de empréstimos entre vizinhos: ao se cadastrar no site, ele aponta os moradores da sua região que fazem parte dessa rede e, a partir daí, vocês podem pedir coisas emprestadas ou doadas e se ajudar mutuamente.

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Luana Félix, Rebeca do Vale, Ingrid Pap, Yury Ferrero, Mayumi Kavazuro

Page 6: Expressao 4 junho 2016

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ano 23 |no4 | junho/2016vida digitalComo

A codificação de informações passou a ser imprescindível para uma comunicação segura

criptografiaa

Kaique Santos

garante a sua privacidadeCertamente você já ouviu di-

zer que as crianças de hoje em dia estão nascendo com o celular na mão. Esta é a geração touch scre-en, ou seja, os jovens que possuem habilidades precoces para usar os smartphones, tablets e entre ou-tros recursos, seja para estudar, conversar com os amigos no Face-book, gravar um vídeo no Youtube etc. Com uma gama de aparelhos e gadgets à disposição, a juventu-de do século XXI enxerga outras perspectivas a partir do digital, do online e das relações virtuais.

Marc Prensky, especialista em tecnologia e educação criou os termos “nativos digitais” e “imigrantes digitais”. O primei-ro refere-se aos que nasceram na era dos videogames, celulares e hoje adaptam-se facilmente ao digital. Esse grupo refere-se aos nascidos a partir de 1990, pes-soas que vivem constantemen-te ligadas ao mundo virtual – a geração touch screen. A segunda categoria faz menção aos que vieram ao mundo antes do boom da internet, e que hoje estão se adaptando, ainda, aos novos re-cursos tecnológicos.

Segundo Luiz Moraes, dire-tor executivo de uma escola que desenvolve atividades ligadas à neurociência, a tecnologia mu-dou a forma do cérebro em pro-cessar as informações. “Por re-ceber mais dados através de uma tela de computador do que por meio impresso, o cérebro mudou a forma de processar essas infor-mações, e talvez esteja, inclusi-

ve, remapeando os seus circuitos neurais. Logo, os jovens estão perdendo o foco em textos lon-gos, já que estão acostumados a navegar através de vários peda-ços de informação na internet”.

A juventude da geração tou-ch screen é exigente, dinâmica e autodidata. Tais características aliadas à dependência do digital os estimulam a novas formas de aprendizado e forçam o mercado de trabalho a adaptar-se ao novo perfil dessa geração. Os touch screen, ainda, possuem a cobiça para gerir a sua própria start-up, a partir da disponibilidade das redes sociais e de diversas pla-taformas as quais eles possuem conhecimento e forte domínio, mesmo antes de atingir os 18 anos de idade. Os canais no Youtube, por exemplo, estão sendo grandes portais para os jovens mostrarem o seu trabalho, seja por meio de músicas ou vídeos de bate-papo e dicas com o público. A Era da Informação, enfim!

Moraes ainda aponta que de-terminados jogos de smartpho-nes, principalmente os de ação, podem ser úteis para melhorar algumas habilidades de atenção e visão, já que, naturalmente, exi-gem o treino de tais competên-cias. “Estes jogos ajudam a me-lhorar a capacidade do jovem em encontrar uma resposta, mesmo com poucas evidências. Porém, eu enfatizo que é importante con-trolar o excesso e não deixar os efeitos negativos da tecnologia tomarem conta do cérebro”

A geração touchEra tecnológica muda o comportamento da juventude e adapta à nova realidade de interação digital

Alline Carvalho

Felipe Mascari

Eduardo Nemer

A busca por meios que asse-gurem a privacidade das men-sagens é cada vez mais intensa. Muito associada à linguagem digital, a criptografia é um estu-do antigo de técnicas que podem ser utilizadas para tornar uma mensagem legível apenas para o seu receptor. Nos dias de hoje, sua importância e eficácia têm resultados tão positivos que re-centemente o WhatsApp passou a criptografar as conversas e as chamadas de voz dos usuários “de ponta a ponta”.

Ao contrário do que geral-mente se imagina, a criptografia não é uma questão inerentemente relacionada às tecnologias digi-tais. Desde a antiguidade, diver-sos povos, como egípcios, gre-gos e romanos usavam técnicas de cifragem para se comunicar sem que outros descobrissem.

“Existem centenas de formas de criptografia, mas didaticamen-te, é como se você criasse com-binações em que a letra A, por exemplo, será trocada por @b, então sempre que tiver a com-binação @b o programa que irá descriptografar a mensagem e entenderá que @b quer dizer A”,

esclarece o desenvolvedor do site Catraca Livre, Rodrigo Godoy.

Foi no Século XX que a codi-ficação de mensagens ga-nhou complexidade técnica. O matemático e criptoanalista, Alan Turing (falecido em 1954), foi um dos nomes mais influen-tes da época no desenvolvimento dos estudos da ciência da com-putação e da formalização do conceito de algoritmos. Para se ter ideia, Turing foi responsável pela quebra do sistema de codifi-cação da Alemanha durante a Se-gunda Guerra, o que possibilitou, depois, a vitória dos Aliados.

Hoje em dia, os algoritmos são os grandes responsáveis pela codificação das informações nos computadores, por meio de cripto-grafias de algoritmos simétricos e assimétricos.A codificação simétri-ca é quando o emissor e o receptor da informação possuem a mesma chave, que tem a capacidade de codificar ou de traduzir mensagens. Essa é uma técnica mais simples e usada no envio de e-mails, por exemplo. Já a assimétrica, utiliza duas chaves, a pública e a privada, e a única capaz de traduzir a infor-mação é a chave privada. Esse é o

procedimento aplicado às senhas de cartão de crédito, por exemplo.

O que define o grau de segu-rança de uma criptografia é a sua quantidade de bits - menor unida-de de informação a ser transmiti-da, ou armazenada, com impulsos elétricos negativos ou positivos representados por 0 e 1. Uma cha-ve básica é formada por de 8 bits e tem a capacidade de gerar 256 combinações diferentes. Segundo reportagem do site Olhar Digital, de 17 de fevereiro de 2013, no ano de 1996, era necessária uma chave de 90 bits para proteger as comunicações até 2016. As cha-ves usadas atualmente, de 128 bits, são 275 milhões de vezes mais difíceis de serem quebradas do que uma de 90.

“A criptografia pode continuar crescendo indefinidamente, mes-mo que não tenha nenhuma gran-de inovação. Os filmes de pessoas conectando cabos em cofres e de-codificando as senhas, será cada vez mais difícil de acontecer. Será muito mais fácil pedir a senha ou descobrir pelos métodos de en-genharia social do que com um cabo”, diz o diretor de tecnologia do Grupo WTW, Kanneth Correa.

Você sabia que além da como-didade, o ato de compra via web ainda pode lhe gerar lucro? É isso mesmo. Através de um sistema chamado cashback (dinheiro de volta), você realiza suas compras e ainda recebe parte da quantia paga.

O site serve como um redire-cionador que leva o usuário ao por-tal de compras padrão das lojas. O lucro do cashback vem da comis-são paga pela loja à ferramenta, e é parte deste pagamento que retorna ao bolso do consumidor.

Cada loja que opera o siste-ma de troco estabelece a taxa de administração que, na realidade, é o lucro que receberá na ope-ração. Existem alguns sites que cobram pelos serviços de resgate ou utilização do troco, porém a maioria não o faz já que pretende atrair novos clientes e por ser um mercado ainda em expansão ain-da não há grande concorrência.

Algumas empresas buscam fazer fidelidade com seus clien-tes oferecendo algumas formas de recompensas como descontos cumulativos, pontos, produtos e serviços e agora com o troco online. O valor que o consumi-dor pode receber fica entre 3% e 11%. Após a compra, a quantia em reais fica disponível ao com-prador para transferência para a conta bancária. Ao atingir R$ 20 de “bônus”, o valor é automatica-mente depositado.

“Eu já cheguei a ganhar R$ 70. Não é algo que se permita viver disso, mas com certeza é um atrativo na hora da compra”, conta Erika Ribeiro, analista co-mercial e usuária de um dos sites.

No Brasil, a ferramenta ainda não possui tantos adeptos, mas a tendência é que com o cresci-mento do e-commerce, o cashba-ck ganhe destaque. Uma vez que colocará fim aquelas desculpas do empresário de que está sem moedas para o troco.

Jamil Ahmad Abou Hassan, professor de Direito Eletrônico, fala um pouco mais sobre o as-sunto: “ao que parece, o movi-mento de troco online é crescen-te, e, frequentemente, utilizado pelos mais jovens, já que esse público é mais afeito às novas tecnologias”, afirma.

O e-commerce é um dos se-tores que vêm em considerável crescente, e tende a ser ainda maior com a facilidade que o em-preendedor encontra em lançar sua loja on-line e a abrangência que se pode ter se comparado às lojas físicas.

Um recente exemplo da alta do segmento é o Natal de 2015 que registrou crescimento de 37% comparado com o mesmo período de 2013, segundo in-formação da E-bit, empresa es-pecializada em informações do comércio eletrônico.

Prática de e-commerce permite que consumidor adquira parte de valor gasto em compra virtual

Cashback,dinheiro

A Fifa aprovou o uso ex-perimental da tecnologia do replay no futebol. Enquanto a entidade internacional decide quais torneios serão as cobaias para o teste, que inicia no se-gundo semestre deste ano, o tema é debatido com polêmica pela sociedade.

Para o especialista em tec-nologia e esportes, Lucas Ivo-glo Castro, o assunto mexe com o fanatismo dos torcedo-res, entretanto, é necessário analisar os termos técnicos para avaliar a implementação da inteligência artificial no meio esportivo.

O sistema de revisão do lance funcionará de forma prática, com um assistente que terá acesso aos vídeos. Caso o árbitro tenha dúvida de alguma jogada, ele pedirá que o auxiliar assista a jogada e assinale se o juiz cometeu algum erro.

O recurso do replay só poderá ser utilizado em qua-tro situações: caso um gol

seja anotado; na marcação de uma penalidade; numa expul-são e para a identificação de um determinado atleta.

Expressão: Como você avalia a adesão desta tecnolo-gia no futebol?

Lucas: O principal be-nefício é que teremos me-nos lances com erros do juiz. Todos saberão que o resultado será correto. Po-rém, há um malefício, que é a tendência de confiarmos demais na tecnologia e pou-co questioná-la.

Expressão: Há o argu-mento de que a tecnologia pode tornar o futebol mais justo. Isso é possível?

Lucas: Acredito que o ter-mo mais correto seria ‘torná--lo menos aleatório’. A justiça no futebol depende da isenção do árbitro versus a isenção da tecnologia. A tecnologia pode trazer mais imparcialidade nos erros humanos, mas é ne-cessário analisar o quão preci-sa ela é.

Expressão: Outros espor-tes aderiram o uso da tecno-logia. Por que ainda há uma resistência desse instrumento no futebol?

Lucas: Apenas por con-servadorismo, o que não ne-cessariamente é ruim.

Expressão: Na sua aná-lise, o futebol brasileiro possui estrutura para im-plantar a tecnologia?

Lucas: Na teoria, sim. Na prática, não. Porque mal con-seguimos administrar o país politicamente, principalmen-te, na nossa entidade esporti-va, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Então, não vejo capacidade de aderirmos a tecnologia no futebol na-cional. É só ver a tecnologia da linha do gol que nem colo-caram no Brasil. Outro ponto que torna difícil são os cam-peonatos de menor expres-são. É fácil discutir isso com as novas arenas, mas poucos pensam nos estádios antigos que nem iluminação possuem.

Especialista avalia que mudança pode trazer mais justiça, mas questiona: "podemos confiarmos demais na tecnologia sem questiona-la?"

Leomar Duarte

Futebol, uma tecnologia

de voltaO cenário competitivo dos ga-

mes vem crescendo nos últimos anos e alavancando o mercado de esportes eletrônicos que, ape-sar de desenvolvido em outros países, continua sendo novidade aqui. Gabriel Bohm dos Santos é uma das estrelas do eSport no país e vem ganhando espaço em campeonatos nacionais e mun-diais com sua equipe, a paiN Gaming, no League of Legends (LoL). Jogador profissional des-de janeiro de 2011, seu time foi o que melhor representou o Brasil no exterior em 2015.

"Tranquei meus estudos quando me mudei para a Ga-ming House em São Paulo, pois não havia a possibilidade de conciliar as duas coisas. Não me arrependo de ter tomado essa decisão, afinal posso voltar a es-tudar quando tiver vontade, mas jogar profissionalmente é algo momentâneo", explica Gabriel Bohm que ficou conhecido pelo apelido de “Kami”, fonema ja-ponês cujo principal significado é “Deus”.

Gabriel é gaúcho, mas cresceu em Florianópolis (SC) e mora em São Paulo desde 2013. O jovem, de apenas 20 anos, ficou mundialmen-te famoso entre fãs e jogadores de LoL, jogo em que os competidores assumem o papel de criaturas má-gicas e se enfrentam em batalhas online, num ambiente que mistura elementos medievais e fantásticos. Os praticantes deste tipo de esporte são pessoas normais que optaram por se dedicar ao seu jogo favorito de forma profissional.

Cyberatletas

Kaique Santos

Segurança e privacidade são as palavras de ordem no mundo digital hoje em dia

Kaique Santos, Eduardo Nemer

Page 7: Expressao 4 junho 2016

Diagramação e Revisão da página: 7

ano 23 |no4 | junho/2016 artes

Essa é a oportunidade para moradores de São Paulo conhecerem a própria cidade

Taine Santos

A nova atração de São PauloÔnibus turístico chega à capital paulista

Ele é o novo amor dos tu-ristas que querem aproveitar ao máximo um fim de semana em SP de forma confortável e segu-ra. Batizado de Circular Turis-mo Sightseeing, o novo projeto funciona todos os dias, ainda em fase de experimental.

Projetado para receber a todos os amantes das belezas da cidade o ônibus tem capacidade para até 60 pessoas admirarem a vista panorâ-mica. Assim que o passageiro che-ga é fornecido um mapa com in-formações dos principais atrativos localizados no entorno das paradas.

Os ingressos custam R$ 40 e são vendidos no próprio veículo, que é equipado com tablets, wi-fi e sistema de som que repassa informações dos locais visitados aos passagei-ros por um rastreio de GPS, a locução é feita em três idiomas: português, inglês e espanhol, o que torna a viagem ainda mais interessante. Quando a reporta-gem do Expressão fez o passeio detectou algumas interferências durante a narração, o que acaba confundindo os turistas.

O ônibus que é comanda-do apenas por mulheres, per-mite que o usuário embarque e desembarque quantas vezes quiser, ao longo de 24 horas, proporcionando às pessoas a possibilidade de fazer um pas-seio mais extenso pelo local. E para que estes passageiros pros-sigam viagem, devem aguardar

outro veículo menor passar para que possam terminar o trajeto.

Felipe Nascimento, publici-tário, diz que esta foi uma óti-ma sacada da Prefeitura para estimular o interesse na cultura da cidade nos próprios paulista-nos e visitantes. Ele completa dizendo que: “Todo o investi-mento em tecnologia e conforto neste veículo, mostra que além

de ciclo faixas, o Prefeito Ha-ddad também gosta de apreciar os monumentos históricos. O que falta é mais divulgação des-te projeto na mídia para que as pessoas saibam que os R$ 40 se-rão bem investidos. Muita gen-te confunde com uma simples lotação, mas realmente vale a pena conhecer”, completa.

No percurso estão as seguin-

tes paradas: Mercado Municipal, República, Pacaembu, Paulista--Masp, Ibirapuera, Centro Cultu-ral São Paulo, Pateo do Collegio e Theatro Municipal. Os bilhetes dão direito a visitas gratuitas ao Catavento Cultural, Catavento Educacional, Museu de Arte Mo-derna (MAM), Museu Afro Brasil, Museu de Arte Sacra, Museu do Futebol e Pinacoteca do Estado.

- Ingresso:aR$ 40 e dura 24 horas.

-Saídas de segunda a sábado às 9h, às 12h40 e às 16h; aos domingos e feriados, às 10h, às 13h40 e às 17h a partir da Praça da República.

- Paradas: Mercado Municipal, República, Pacaembu, Paulista--Masp, Ibirapuera, Cen-tro Cultual São Pau-lo, Pateo do Collegio e Theatro Municipal.

A arte retrô surge nos anos 1940, com o boom da publici-dade no mundo. Nesse período era comum criar um estilo de arte que pudesse ser usado tam-bém como produto, uma forma de mercantilizá-la.

Fato é que o retrô é o uso de uma arte já fixada no mercado com uma espécie de “repagi-nação”, visando a renovação e trazer o antigo para os dias de hoje. Parecido ao que acontece com a pop art, com a diferença que um e outro buscam referên-cias em diferentes tempos.

“A arte retrô, assim como a pop art, surgiu como forma de massificação, aonde exis-tiu a necessidade de produzir itens em grande escala com informação de arte. O retrô, em sua interpretação lúdica, traz a releitura do que existiu em outras décadas, seja na ar-quitetura, decoração e moda. Essa repaginação do que já existe, comercialmente falan-do, é muito positiva, pois traz o apelo de memória afetiva do que já se viveu no passado, o que influencia muito na compra de produtos”, diz Thatiana Tho-maz Leone, formada em moda.

A busca por esse tipo de arte é considerável, já que conta com uma gama de produtos bem extensa. Muitos produtos conti-nuam com a mesma aparência externa, com a diferença de

sua configuração interna, mais moderna e com mais utilidades. Um rádio com um estilo antigo, mais “quadradão” e com fun-ções como relógio, AM, FM, despertador e até mesmo com funções relacionadas com a in-ternet pode ser encontrado em lojas de shoppings.

“Busco sempre que possí-vel um tom de arte mais antigo, um retrô, quando vou aplicar nas ideias de onde eu trabalho. Gosto desse estilo por ele ser vivo até hoje. Quando algo é de qualidade não se perde no tem-po, ele fica para sempre. Mes-mo que renovados ou repagina-do”, explica Stephanie Galvão Vilela, formada em moda.

Outro ponto a se destacar é a música. Passamos por muitos períodos musicais: Jazz, Blues, Rock n’ Roll, Pop, Punk, Grun-ge. No Brasil, além de todos esses: Sertanejo, Samba, Forró, Rap, Funk, entre outros.

A verdade é que os mais an-tigos como Jazz, Blues e Rock n’ Roll tem grandes adeptos dos clássicos, e sendo assim, muitos músicos fazem sua carreira ins-pirada nesses estilos musicais, mas com elementos mais atu-ais. É o caso da banda Vintage Trouble, que hoje toca o blues que fez sucesso nos anos 1940, em músicas atuais, e usando o retrô até em seus clipes em pre-to e branco.

De volta para o futuroComo o passado continua vivo nos dias de hoje

Yuri Cavichioli

Taine Santos

Yuri Cavichioli

Taine Santos

Pessoas com distúrbios encontram saída em novas terapias

Tainá Carvalho

As maravilhas da regeneração artística

De acordo com a OMS (Or-ganização Mundial da Saúde), os transtornos mentais afetam mais de 400 milhões de pesso-as em todo o mundo. No Brasil, esse número chega a 23 milhões de pessoas, sendo que 5 milhões tem níveis moderados ou graves dessas doenças. Pessoas diag-nosticadas com algum tipo de doença mental, desde os tem-pos mais antigos, são vítimas de preconceito. Com o tempo, o estigma diminuiu fazendo com que pessoas que possuem esses transtornos pudessem cada vez mais procurarem especialistas.

A arteterapia é um tratamen-to que se utiliza de arte para materializar os sentimentos. Ela vem ganhando importância como método terapêutico de reabilitação da saúde mental. Esse tipo de terapia estimula o crescimento interior, fazendo com que o paciente se conheça e consiga se abrir para novos horizontes. Essa técnica não se preocupa com estética, e deve ser feita da forma mais espon-tânea possível. Os pacientes se expressam através de pinturas, colagens, desenhos, sons, músi-cas, entre outros.

A arteterapia pode ser consi-derada uma terapia promissora? O psicólogo Rodrigo Jorge Sales esclarece: “Não é só importan-te para as pessoas que possuem esses transtornos, ela é também um instrumento que faz parte da nossa cultura. Especificamen-te, a respeito de pacientes com

Para facilitar o embarque e desembarque, foi desenvolvido o aplicativo Moovit, que possi-bilita acompanhar a localização do ônibus em tempo real, com a previsão dos horários de che-gada em cada um dos pontos. O app está disponível na Google Play, App Store e Loja Windo-ws. Já o Coletivo somente no sistema Android.

Turista no centro de SP

transtornos mentais, a arteterapia foi inserida no processo de reabi-litação desses participantes após a reforma psiquiátrica.

A arte se torna importantem todo processo de expressão, o paciente com distúrbio mental tem dificuldade nesse âmbito, e se expressar através da arte pode ser um fator importante para sua melhora”.

Por ser transformadora, o método pode ser praticado da infância até a terceira idade, proporcionando a reconciliação de conflitos emocionais e de-senvolvimento pessoal. “Fazer uma atividade artística com a possibilidade de expressão pode contar um pouco a respeito do mundo dos seus aspectos emo-cionais”, conclui o psicólogo.

A terapia da arte já é consi-derada como funcional desde a reforma psiquiátrica, mas preci-sa ser ministrada corretamente, como explica a psiquiatra Taisa Mosa. “A ideia da arte como forma de tratamento é interes-sante, o paciente pode trabalhar suas emoções de uma forma que talvez não fosse possível com a psicoterapia, ou outros métodos, mas é muito importante que o paciente seja avaliado e que seja constatado que essa forma de terapia é a mais apropriada para o seu quadro, sendo assim o pa-ciente pode ser acompanhado por profissionais, psicólogos e psiquiatras, podendo agregar ao tratamento a terapia convencio-nal e medicamentos”.

A arte que curaTainá Carvalho

A arte não tem idade

Impasse diante do incentivo à cultura

A produção de um livro au-tobiográfico trouxe à tona nova-mente uma discussão, a arreca-dação de incentivo financeiro através da Lei Rouanet. Neste caso, a obra trataria sobre a vida da cantora Claudia Leitte e seria distribuído de forma gratuita. O caso não é o primeiro, outros ar-tistas já se beneficiaram com o incentivo. Mas afinal, o que é a Lei Rouanet?

Somente no ano de 2015, a Lei Federal de Incentivo à Cultura, (Lei 8.313/1991 de 23 de dezembro de 1991) apro-vou 5.407 projetos através do Programa Nacional de Apoio à Cultura (Pronac). Isso equivale à cifra de mais de R$ 5 bilhões, previamente autorizados a fazer a captação dos recursos através do Incentivo Fiscal (Renúncia Fiscal), que é uma contribui-ção voltada a projetos de ordem cultural, feito por pessoas físi-cas e jurídicas.

Como funciona o mecanis-mo? A lei em questão define que pessoas, jurídicas e físicas, tenham um abatimento direto no I.R (Imposto de Renda) res-pectitivamente de até 6% e 4%, contanto que apoiem financeira-mente projetos voltados à cultu-ra produzidos no país.

“Se olharmos a distribui-ção, vamos ver que a discussão vai além da lei em si, devemos aprofundá-la para o aumento da verba à cultura, pra necessaria-mente ampliar sua forma de atu-

ação, não somente no resultado, no evento, no show, aonde as empresas decidem qual forma de cultura patrocinar”, explana Paulo Faria, dramaturgo e dire-tor da companhia de teatro Pes-soal do Faroeste.

Porém, também em feve-reiro, após uma análise, o TCU (Tribunal de Contas da União) determinou que projetos com fins lucrativos não têm direito aos incentivos que a lei propõe. A decisão do TCU veio depois averiguar irregularidades aos incentivos fiscais destinados ao festival “Rock In Rio” do ano de 2011.

“O maior problema, é a questão de que empresas patro-cinam apenas eventos de grande porte que podem oferecer uma visibilidade muito maior á mar-ca, assim, a empresa economiza em divulgação, por exemplo, como patrocinar o cantor Luan Santana, isso é bem ruim”, ex-plica Daiane Baumgartner, atriz e coordenadora geral da compa-nhia de teatro Da Sombra.

Há quem conteste a for-ma como é feita essa captação e para quem é destinado este apoio, no caso do livro da can-tora, a solicitação era de R$ 540 mil, porém foi autorizada pelo MinC (Ministério da Cultura) a arrecadação de apenas R$ 360 mil. Logo após a polêmica que ganhou as redes sociais em fe-vereiro, Claudia Leite desistiu do projeto.

Wellington Soares

Como funciona o mecanismo da Lei Rouanet

O governo como o mecenas moderno

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Taine Santos, Tainá Carvalho, Wellington Soares, Yuri Cavichioli

Page 8: Expressao 4 junho 2016

Diagramação e Revisão da página: 8

ano 23 |no 4 | junho/2016esporte & lazer

BikesRevolução das

BikesBikes

Permita-se conviver no universo das bikes. Carros e bicicletas: é possível locomover-se em harmonia

Como as magrelas podem melhorar sua qualidade de vidaMauro Miguel

Quando pensamos no que-sito locomoção em Sampa, é o clássico automóvel que nos vem à cabeça de imediato. Afinal, se não quisermos usar o transporte público, como chegaremos ao trabalho ou em qualquer outro local? Os ci-clistas respondem!

“Uso a magrela todos os dias para ir ao trabalho e vol-tar. A principal mudança que isso me trouxe foi uma redu-ção no stress. Meu emprego é bem maçante e o fato de aban-donar o transporte convencio-nal, seja público ou carro, para usar a bike e percorrer de 14 a 25 quilômetros diários, me deu mais tempo para respirar, pensar e lidar melhor com meu dia”, relata Felipe Paciullo, es-tudante de jornalismo e produ-tor de conteúdo para a web.

Os benefícios de usar uma bike em vez de um veículo motorizado são concentra-dos, principalmente, na saúde. Adotar essa prática todos os dias proporciona atividade fí-sica regular, que controla do-enças cardíacas, além de pro-porcionar queima de calorias e ganhos de massa muscular. Ou

seja, andar de bicicleta regu-larmente aumenta nosso tempo de vida, o que é especialmente importante para idosos.

Como relatado por Pa-ciullo, o humor dos ciclistas é mais relaxado se comparado ao dos motoristas. Tudo isso porque quem está de bike não fica parado em trânsito, julgan-do como os outros dirigem e, frequentemente, xingando-os.

“É importante ressaltar que, para que os benefícios da bike sejam evidenciados, mante-nhamos um ritmo adequado de prática do exercício. Seguir um cronograma de três saídas para pedalar por semana é uma óti-ma maneira de começar. Só não podemos exagerar na distância percorrida, para evitar exaus-tão”, explica José Luís Teixei-ra, professor de Educação Fí-sica da Escola Técnica Aprígio Gonzaga, na zona leste de SP.

Os motoristas, na contramão dos ciclistas, estão confinados ao ambiente fechado do carro, que por sua vez está preso ao caos do trânsito. Levar duas ho-ras a mais para chegar em casa irrita qualquer um, ainda mais se você tiver trabalhado mui-

to para ter um carro e perceber que, quando o fluxo de veículos para, você é obrigado a ficar pa-rado dentro de algo que, em te-oria, serviria para te locomover mais rápido no dia a dia.

Ainda no quesito trânsito de carros versus fluxo de ciclistas, os donos das magrelas preocu-pam-se menos com assaltos. Por incrível que pareça, é muito mais raro um ciclista ser rou-bado enquanto pedala, afinal, ele está quase sempre em mo-vimento. Além disso, os bandi-dos enxergam alguém que esteja de carro como uma pessoa com melhor condição social, que va-lha mais a pena roubar.

Ou seja, trocar o “carango” por uma bicicleta influencia sua rotina de diversas maneiras. Seja no campo da saúde, da praticida-de ou da segurança, as bikes es-tão dando um show em relação aos outros meios de transporte. Só não esqueça do capacete, jo-elheiras e também os sinalizado-res luminosos, para ser notado pelos carros durante a noite e evitar acidentes. Tá esperando o que para começar a economizar tempo, dinheiro e ainda investir num corpo saudável?

Mauro Miguel

Lucas Lucena

Na Vila Carrão, zona Les-te de São Paulo, a Associação Okinawa organiza jogos de Gateball no Clube Vila Man-chester, em campos de terra batida, pratica-se o esporte fundado no sul do Japão, e que chegou a São Paulo há 35 anos, em Pindorama, bairro de Mogi das Cruzes.

Às terças e quintas, por volta das 20hs, praticantes profissio-nais ministram aulas gratuitas aos interessados em aprender as regras da modalidade, ainda é pouco conhecida dos brasilei-

ros, fazendo com que os novos alunos sejam treinados para competir em nome das associa-ções locais.

Com espaços cedidos pela Prefeitura, os jogadores e res-ponsáveis, que atualmente são majoritariamente pessoas de 3ª idade, cuidam do local, pre-servando a estrutura para que possam realizar as atividades de treinamentos e torneios.

Fora das competições e das aulas, jogos recreativos são or-ganizados todos os dias e nos mais diversos horários. Contu-

do, nesses jogos amistosos, pou-cos são aqueles que falam e en-tendem português. Ali, a língua japonesa predomina.

Sérgio Kyotaka é um dos responsáveis pelo lugar, ele diz que, apesar do apoio da prefei-tura, alguns jogadores mais anti-gos dificultavam a participação de novos atletas. “A Associa-ção Kyoyu já jogava aqui. Eles achavam que nós não iríamos respeitar o espaço deles e em-bargavam qualquer reforma que tentássemos fazer, ou nos im-pediam de praticar, foi só com

o tempo, e com muito respeito, que nos autorizaram”, detalha.

Ao falar sobre a modalidade, ele comenta que é uma versão reduzida do verdadeiro gateball praticado no Japão, que deman-da um espaço maior. Além disso, destaca as características do es-porte, que necessita da utilização de estratégias e raciocínio lógico, pois, o físico, diz, brincando, já não o acompanha mais.

Um dos poucos organizado-res sem ascendência oriental, Sei-der Araújo afirma que o principal destaque do esporte é o respeito.

“O próprio jogo estabelece uma hierarquia, a disciplina é extre-mamente valorizada e a conside-ração com os mais velhos é de suma importância nesse meio. É o segredo de uma boa relação com os jogadores japoneses”, relata.

As competições entre as as-sociações são realizadas uma vez por mês, aos sábados, quando, por volta das seis da manhã, os orga-nizadores se reúnem e preparam o local para sediar os jogos, que costumam durar horas. A equipe vencedora leva como prêmio de-zenas de pacotes de arroz japonês.

Lucas Souza

Com jogos recreativos e torneios, modalidade cresce entre os jovensComunidade japonesa organiza jogos de gateball

Lucas Lucena

ServiçosGateball Associação Okinawa http://aovc.com.br/ Tel. (11) 2296-1120Clube Vila ManchesterPraça Haroldo Daltro, Vila Carrão – São Paulo 20:00 – 22:00Aberto a todos os públicos Entrada gratuita

A essência do futebol amador na comunidadeNa Zona Norte de São Paulo, uma comunidade inteira mostra o verdadeiro sentimento que a várzea representa e traz no coração o orgulho de ser Nove de Julho

Domingo ensolarado de sol, e o clima no bairro da Casa Verde, zona norte da capital, é de muita festa. Pois é dia de jogo do Nove de Julho. Time com 62 anos de história, tradição e bola no pé, que mostra, a cada fim de semana, o verdadeiro orgulho de fazer parte do futebol amador. A agremiação não é apenas um simples time, pois, dentro da comunidade, uma mobilização toma cada um dos moradores em busca de estar aon-de for para acompanhar a equipe.

Lurdes Silva, ou só Dona Lur-des para os habitantes da comuni-dade, tem 82 anos e acompanha o Nove de Julho desde sua funda-ção em 1954. Ela é, literalmente,

uma torcedora símbolo da equipe. “Acompanho o time desde quando ele foi criado, nasci aqui na Casa Verde então a equipe representa muito para mim, onde eles estive-rem, estarei junto”, comenta a ilus-tre torcedora.

“Somos Nove de Julho dos pés à cabeça, acompanhamos o time sempre. Essa comunidade precisa disso, os jogos nos fins de semana nos unem de tal maneira que chega até emocionar, cada um aqui con-tribui com alguma coisa e é nessa união que conquistamos espaço no futebol de várzea”, diz o presidente da entidade Carlinhos Brasa.

Quando o dia amanhece, os tor-cedores preparam suas bandeiras,

as animadoras de torcida se vestem com suas melhores roupas, e as-sim como no futebol profissional o Nove de Julho dispõe de massagis-tas e até nutricionistas, que são mo-radores da Casa Verde e também querem seu nome escrito na história do clube. Campeão da Copa Kaiser, principal torneio da categoria aqui em São Paulo, em 2014

“Quando vamos jogar longe, como foi na final do ano de 2014, alugamos um ônibus da própria Prefeitura para levar nossos jo-gadores e torcedores que desde a saída não deixam de gritar e apoiar nosso time. Nas ruas por onde passamos é uma algazarra tremenda, chama muita a aten-

ção de quem passa por perto e é exatamente assim que deve ser, a voz do povo tem que ser ouvi-da”, enfatiza Carlinhos Brasa.

E todo este esforço é recom-pensado. Depois das partidas, há sempre um grande churrasco, com muito pagode, cerveja e, principal-mente, união entre a comunidade. “Este povo é diferenciado, tenho orgulho de ser presidente do Nove de Julho, pois estas comemorações também têm a mão dos moradores da Casa Verde. Cada um traz uma coisinha , uma salada ou até mesmo a carne, mas, independentemente disso, o que vale mesmo é saber que estamos no meio de uma gran-de família”, afirma o dirigente.

Aos vencedores, o arroz japonês. Alimento tem grande valor para aqueles que participam dos jogosPartidas são realizadas em campos de terra batida. Organização e respeito são primordiais nesse meio

Lucas Souza

Mauro Miguel, Lucas Lucena, Lucas Souza