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    'Rev Sade Pblica 2005;39(1):9-17www.fsp.usp.br/rsp

    Exposio combinada entre rudo e vibraoe seus efeitos sobre a audio detrabalhadoresCombined exposure to noise and vibration andits effects on workers hearing

    Luiz Felipe Silvaa e Ren Mendesb

    aCentro de Referncia em Sade do Trabalhador do Estado de So Paulo. So Paulo, SP, Brasil.bDepartamento de Medicina Preventiva. Faculdade de Medicina. Universidade Federal de MinasGerais. Belo Horizonte, MG, Brasil

    Baseado em tese de doutorado apresentada na Faculdade de Sade Pblica da Universidade de So Paulo, em 2002.Trabalho realizado no Departamento de Vigilncia do Centro de Referncia em Sade do Trabalhador.Apresentado no 27 Congresso Internacional de Sade Ocupacional promovido pela International Commission onOccupational Health, em fevereiro de 2003, na cidade de Foz do Iguau, Brasil .Recebido em 4/8/2003. Reapresentado em 17/5/2004. Aprovado em 31/5/2004.

    Correspondncia para/ Correspondence to:Luiz Felipe SilvaRua Conselheiro Crispiniano, 20 8 andar01037-000 So Paulo, SP, BrasilE-mail [email protected]

    DescritoresVibrao. Perda auditiva provocadapor rudo. Rudo ocupacional. Rudodos transportes. Exposioocupacional. Vibrao de corpo inteiro.

    Keywords

    Vibration. Hearing loss, noise-

    induced. Noise, occupational. Noise,

    transportation. Occupational

    exposure. Whole-body vibration.

    Resumo

    Objetivo

    Quantificar a exposio de motoristas de nibus vibrao de corpo-inteiro e aorudo, e analisar a possvel associao entre estes dois fatores de risco para a perdaauditiva induzida por rudo.Mtodos

    Trata-se de estudo transversal onde 141 motoristas de nibus se submeteram a exameaudiomtrico. O grupo de motoristas foi estratificado internamente em subgrupos deexpostos e controles, conforme antigidade na empresa. Foram avaliadas asexposies ao rudo e vibrao de corpo-inteiro (VCI). Empregou-se a tcnica de

    regresso logstica para descrever a associao entre perda auditiva induzida por rudo(PAIR) e o conjunto de variveis explanatrias.Resultados

    O nvel de exposio semanal [LEP,w

    (mdia desvio-padro)] foi de 83,61,9 dB(A)para os motoristas de nibus com motor dianteiro e de 77,01,1 dB(A) para aqueles queoperam veculos com motor traseiro. O valor mdio da acelerao da vibrao, ponderado,foi de 0,85 m/s2. O modelo mais ajustado apontou idade (44; RC=2,54; IC 95%=1,15-5,62), diabetes (RC=5,46; IC 95%=0,95-31,4) e nvel de imisso sonora (86,8 dB(A);RC=2,76; IC 95%=1,24-6,15) como variveis significantes para o desenvolvimento dePAIR. Em outro modelo analisado, a exposio VCI foi significante.Concluses

    Os nveis de VCI encontrados foram relevantes. Em veculos com motor dianteiro, a

    exposio ao rudo maior. No foi observada associao entre exposio VCI ePAIR, nem interao com a exposio ao rudo. Outro modelo sugere a associao dePAIR com VCI, recomendando anlises posteriores.

    Abstract

    Objective

    To assess the exposure of bus drivers to noise and whole-body vibration (WBV) and

    to examine the possibility of an association between these risk factors for noise-

    induced hearing loss.

    Methods

    A cross-sectional study was carried out among 141 bus drivers who underwent an

    audiometry test. This group was classified and internally stratified in subgroups of

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    INTRODUO

    Vibrao de corpo-inteiro (VCI) um estmulo fre-qentemente presente em muitas realidades de traba-lho, expondo trabalhadores em diversas operaes esituaes: indstria da construo civil (motonivela-doras, p carregadeiras, tratores de esteira); indstriado transporte (caminhes, nibus, motocicletas, ve-

    culos em geral); transporte ferrovirio (trens, metr);equipamentos industriais (ponte-rolante, empilhadei-ra); mquinas agrcolas (tratores, colheitadeiras); he-licpteros; embarcaes e veculos fora-de-estradausados em minerao.

    Efeitos adversos na coluna vertebral, devido ex-posio VCI, como lombalgia, degenerao preco-ce da regio lombar e hrnia de disco tm sido ostpicos mais recorrentes na literatura sobre o tema(Bovenzi & Zadini,4 1992; Bovenzi & Hulshof,5 1999;Bernard & Fine,2 1997).

    Uma peculiaridade da realidade de trabalho de mo-toristas de nibus urbano, a exposio constante aorudo e o conseqente risco de perda auditiva induzi-da por rudo (PAIR), sobretudo em razo da configu-rao dos veculos utilizados. Na literatura interna-cional, especificamente no tocante aos pases indus-trializados, no se verificou a existncia de qualquerpesquisa ou estudo sobre o assunto. Pesquisas queconsideram importante a exposio de motoristas denibus urbanos ao rudo, como fator de risco sade,

    se manifestam em pases dependentes ou denomina-dos em desenvolvimento (Tovalin et al,25 1991;Cordeiro et al,8 1994).

    Estudos que abordam a concomitncia dos dois fa-

    exposed and controls according to cumulative working time as bus drivers.

    Their exposure to noise and vibration was assessed. The association between noise-

    induced hearing loss (NIHL) and the set of explanatory variables was analyzed

    through logistic regression.

    Results

    The average ( standard deviation) weekly noise exposure of front-engine bus drivers

    was 83.61.9 dB(A), while rear-engine bus drivers were exposed to 77.01.1 dB(A).

    The weighted average of vibration acceleration was 0.85/m2. In the best adjusted

    model, the multivariable analysis showed that age (44; OR=2.54; 95% CI=1.15-

    5.62), diabetes (OR=5.46; 95% CI=0.95-31.4), and the level of noise emission [86.8

    dB(A); OR=2.76; 95% CI=1.24-6.15] were risk factors for NIHL. In another model

    studied, WBV exposure was significant in determining NIHL.

    Conclusions

    Bus drivers were exposed to significant WBV levels. The noise exposure was more

    pronounced in front engine than in rear-engine vehicles. No association between WBV

    exposure and NIHL was observed and no interaction was found between WBV and

    noise exposure. Further studies are required as other model indicated an association

    between WBV and NIHL.

    tores de risco, VCI e rudo, configurando assim umaexposio combinada, foram predominantementerealizados em laboratrio. Resultados dessas pesqui-sas apontam que h a possibilidade de amplificar amudana temporria de limiar de audio (MTL)(Manninen,17 1983; Manninen & Ekblom,16 1984).Pesquisas observacionais conduzidas por Pinter(1975) e Schmidt (1987), citados por Seidel23 (1993:

    594) compararam grupos de trabalhadores, com ex-posies similares ao rudo, mas distintas em relao VCI, constataram que a VCI contribuiu para o de-senvolvimento do dano permanente audio.

    Os objetivos da presente pesquisa foram: quantifi-car a exposio de motoristas de nibus vibraode corpo-inteiro (VCI) e ao rudo; e analisar a poss-vel associao entre estes dois agentes para o desen-volvimento de PAIR.

    MTODOS

    Populao de estudo

    A partir de uma amostra de motoristas de uma em-presa de transporte coletivo da cidade de So Paulo,cuja jornada de trabalho se inicia no perodo vesper-tino, definiram-se dois grupos de exposio segundotempo acumulado na empresa. O grupo intituladoexposto compreendeu 85 trabalhadores com tem-po acumulado superior ou igual a cinco anos, en-quanto o no-exposto, envolvendo 105 motoris-

    tas, com trs anos ou menos; totalizando 190 moto-ristas. A formulao deste critrio se ancorou na lite-ratura sobre o tema, pois de acordo com Silva & Cos-ta24 (1998), a PAIR apresenta-se normalmente apstrs anos de exposio, tendendo a se estabilizar de-

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    pois de um perodo de 15 anos de evoluo. O mto-do de seleo da populao de estudo se apoiou noprocesso denominado restrio (Kleinbaum et al,14

    1982). Segundo esses autores, para elucidar o proces-so, mencionam um exemplo de aplicao em sadeocupacional, asseverando que a populao de estu-

    do pode se restringir a um grupo com exposio im-portante a um fator de risco e outro sem exposio.Desta forma, eleva-se a possibilidade de se detectaruma associao, independente da dimenso da amos-tra, caso haja uma relao monotnica. Esta relaose manifesta de forma ntida no caso de exposio aorudo e desenvolvimento de PAIR.

    Avaliao de exposio ao rudo

    As avaliaes se fundamentaram nos princpios es-

    tabelecidos pela Norma ISO-199912

    (1990), empregan-do-se um medidor de nvel sonoro Brel & Kjaer, mo-delo 2236, posicionado em trip, aproximadamente a10 cm da orelha direita do motorista. A partir da amos-tra de motoristas, estabelecida segundo critrios su-geridos por Leidel et al15 (1977), o valor do nvel deexposio, estabelecido pela equao 1, foi estimadocom base nos dados das medies, da extenso da jor-nada de trabalho e considerando o erro estatstico.

    Onde T representa o perodo de exposio a deter-minado nvel equivalente e T

    0o tempo critrio de 8h.

    Uma vez que a jornada semanal dos motoristas com-preende seis dias de trabalho, configurando, portanto,uma distribuio irregular no perodo, optou-se peloclculo do nvel de exposio semanal L

    EP,w, grandeza

    esta estabelecia pela diretiva da Comunidade Econ-mica Europia7 (1986) e definido pela equao 2:

    Onde (LEP,d

    )k so os valores do LEX

    para cada um dosm ou seis dias de trabalho da semana considerada.

    O procedimento de medies abrangeu 24 das 25linhas em operao na empresa. A imisso sonora (E

    A),

    concernente ao valor do nvel de exposio e tempoacumulado como motoristas na empresa, foi determi-

    nada por intermdio da equao 3 (Ishii et al,13 1992;Niosh,20 1998):

    onde:

    EA

    refere-se ao nvel de imisso de rudo pondera-do na escala A; L

    EX, o nvel de exposio semanal

    mdio calculado; T, o tempo de exposio, ou de con-duo do veculo na empresa, em anos, e T

    0represen-

    ta o perodo de um ano.

    Avaliao de exposio VCI

    A amostra dos modelos de nibus utilizados pelaempresa serviu para determinar o valor da exposi-o, seguindo o mtodo definido pela ISO-263111

    (1985). Para tanto, foi empregado um conjunto deequipamentos Brel & Kjaer constitudo por medi-dor de vibrao modelo 2231, mdulo para vibra-es de corpo modelo 2522, calibrador modelo 4294

    e acelermetro triaxial de assento modelo 4322, estedisposto na interface formada pelo motorista e o as-sento do veculo. A durao da medio de vibra-o, para cada veculo, foi de aproximadamente 30minutos. A ponderao utilizada para as aceleraesfoi a sugerida pela norma ISO-2631-111 (1985), for-necendo assim os valores ponderados em cada eixo,a saber:

    xw,

    ywe

    zw. De posse destes valores, foi

    determinada a somatria vetorial, por intermdio daequao 4:

    Diante da dificuldade em reconstituir a exposiodos motoristas vibrao a cada modelo de nibus,optou-se por uma mdia ponderada, por nmero demodelos e tempo de uso, das somatrias, conformeequao 5. O clculo inspirou-se no conceito de ace-lerao equivalente, desenvolvido por Boshuizen etal3 (1990).

    ni: = nmero de nibus;

    ti: = tempo mdio de uso na empresa em anos;

    i: = soma vetorial da acelerao em m/s2.

    Obedecendo o princpio de energia equivalente,que emprega a dependncia temporal estabelecidapela ISO-2631-111 (1985) para exposies dirias, foicalculada a dose de vibrao, por meio da equao 6:

    +=

    0

    log10

    T

    TLL AeqEX dB(A) (1)

    ( )LEP w

    L k

    k

    mEP d

    ,

    ,log ,=

    =

    101

    510

    0 1

    1

    dB(A) (2)

    +=

    0

    log10T

    TLE exA dB(A) (3)

    ( ) ( ) xw yw zw= + +

    14 14

    2 2 2

    , ,m/s2 r.m.s. (4)

    =

    =

    =

    n

    i

    ii

    n

    i

    iii

    m

    tn

    tn

    1

    1

    2

    m/s2 (5)

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    onde:

    ti = tempo (anos de trabalho de jornada integral)dirigindo um veculo i;

    i= acelerao ponderada ao longo do componen-

    te direcional predominante (z).

    Questionrio

    A amostra de 141 motoristas foi submetida ava-liao audiolgica e respondeu a questionrio emuso no Centro de Referncia em Sade do Trabalha-

    dor do Estado de So Paulo (CEREST-SP), paraanamnese no ambulatrio de fonoaudiologia, commodificaes particulares para atender os interessesda pesquisa. As informaes contempladas no pron-turio da entrevista foram as seguintes: identificaoda empresa e do trabalhador; atividade na empresa;tempo na funo que exerce e jornada de trabalho;tempo de trabalho (em anos) em cada modelo de ni-bus analisado; extenso da exposio prvia ao ru-do e vibrao de corpo inteiro; antecedentes pes-soais (incluindo os otolgicos, cirurgias otolgicas,traumatismos cranianos, doenas que eventualmentepodem acometer o aparelho auditivo, uso de drogasototxicas, hipertenso, diabetes mellitus, e tabagis-mo); antecedentes familiares de perdas auditivas; his-trico sobre servio militar.

    Avaliao audiolgica

    Os exames foram realizados, com o devido repousoacstico, por fonoaudilogas do CEREST, com au-dimetro MA-18 (Maico) e (SD25 V) calibrado(Niosh,20 1998). O critrio adotado para a classifica-

    o das audiometrias foi o proposto por Merluzzi etal,18 (1979), cuja classificao normal conferida aosujeito com limiar auditivo igual ou inferior a 25 dBNA (ANSI S3.6,1 1969) para cada freqncia conside-rada. Os casos de PAIR esto localizados nos grupos1, 2, 3, 4 e 5, indicados conforme a gravidade comohipoacusia de primeiro, segundo, terceiro, quarto equinto grau respectivamente. Perda auditiva catego-rizada por rudo e outra causa, e somente por outrascausas acomodam-se nos grupos seis e sete respecti-vamente. Pela forma da pesquisa, trabalhadores in-

    cludos nesses ltimos dois grupos foram excludosdo estudo.

    Dos 190 trabalhadores definidos para compor aamostra, foram encaminhados, pela empresa, 182 mo-

    toristas, dos quais excluram-se 31 por no se ajusta-rem aos critrios de tempo de empresa. Dos 151 rema-nescentes, um foi excludo por suspeita de perfura-o da membrana timpnica, um por obstruo docanal auditivo por cera e oito por pertencerem aosgrupos de classificao seis ou sete. Assim, totalizou-

    se uma populao de 141 motoristas, sendo 74(52,5%) do grupo com tempo de motorista na empre-sa inferior ou igual a trs anos e 67 (47,5%) com cin-co anos ou mais.

    Anlise dos dados

    Para descrever a associao entre varivel depen-dente e o conjunto de variveis explanatrias ou pre-ditivas utilizou-se a tcnica de regresso logsticamultivariada no condicional com auxlio do pro-

    grama de computador MULTLR19

    (1989). A variveldependente no estudo foi do tipo dicotmica e repre-sentada por PAIR (traado audiomtrico sugestivo dePAIR) ou audio normal. A fim de se encontrar omodelo mais ajustado foi aplicada o mtodo progres-sivo passo a passo (stepwise forward) incluindo asvariveis por ordem decrescente de significncia. Naconstruo do modelo multivariado, anlises univa-riadas foram conduzidas, empregando como critriopara entrada no processo de modelagem, um valor de

    p

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    posio semanal mdio, para os motoristas de nibuscom motor na dianteira, foi de 83,61,9 dB(A). Nocaso de nibus com motor traseiro, o valor da exposi-o semanal foi de 77,01,1 dB(A).

    Os valores da exposio VCI, somatria dos nveis

    da acelerao ponderada em freqncia, para os seismodelos de nibus, oscilaram entre 0,74 e 1,09 m/s2,registrando-se valor mdio ponderado de 0,85 m/s2.

    A avaliao audiolgica desses motoristas revelouprevalncia de PAIR de 46% no grupo consideradocomo exposto e de 24% no definido como no ex-posto. A diferena entre as duas taxas observadas foiconsiderada estatisticamente significante (p

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    Outra anlise foi realizada excluindo-se da amos-tra os com tempo de empresa acumulado superior a15 anos. Neste cenrio, a varivel correspondente dose de VCI (dose) foi mantida como contnua, cate-gorizando as variveis referentes idade, nvel deimisso sonora (Ea),com outros pontos de corte.

    A anlise univariada, a partir deste critrio, produ-ziu os seguintes valores, expostos na Tabela 3.

    Adotando o mesmo critrio descrito anteriormentepara a construo do modelo, o resultado alcanadose apresenta na Tabela 4.

    Portanto, a aplicao deste modelo gera a seguinteequao:

    onde g(x) igual a:

    As notaes da equao acima apresentam corres-pondem a: I2: idade 35/- 43 anos; I3: idade 43 anos;D: dose; E

    A2: exposio ao rudo 86,6/- 90,8 dB(A);

    EA3: exposio ao rudo 90,8 dB(A); DIA: histrico

    de diabetes.

    Observa-se que o coeficiente do terceiro estrato[E

    A90,8 dB(A)] da varivel nvel de exposio ao

    rudo negativo, gerando uma razo de chances de0,44, ou seja, apresentando efeito de proteo.

    Algumas circunstncias de exposio vinculadasao modelo anteriormente desenvolvido so apresen-tadas na Figura. De modo deliberado, as situaesque envolvem o terceiro estrato do nvel de exposi-o ao rudo no foram contempladas no grfico,devido ao paradoxo citado, fruto de vis de seleo.As notaes aplicadas so as mesmas utilizadas naexpresso acima.

    Na Figura observa-se o comportamento da proba-bilidade de ocorrncia de PAIR segundo o incremen-to da dose de vibrao. A primeira curva, por exem-

    Tabela 3 - Razes de chances no ajustadas, e respectivos intervalos de confiana (IC 95%) e o valores de p para as variveisexplanatrias para a ocorrncia de perda auditiva induzida por rudo.

    Varivel preditora Razo de chances Intervalo de confi ana p(95%)

    Exposio 0,0106No-exposto 1,0 - -Exposto 2,61 1,24-5,49

    Idade (anos) 0,0003

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    plo, corresponde a uma caracterstica de exposio VCI, a um nvel de imisso de rudo inferior a 86,6dB(A), sem histrico de diabetes e idade abaixo de35 anos. Nessa circunstncia, com valor da dose devibrao de 10 m2/s4 anos, ou 13,84 anos de exposi-

    o, a probabilidade de PAIR seria de 52%.

    DISCUSSO

    Os resultados encontrados sustentam que o postode trabalho de motorista de nibus, sobretudo na-queles com motor dianteiro, comportam risco de de-senvolvimento de PAIR, em virtude dos nveis deexposio ao rudo. A comparao das mdias dosnveis sonoros equivalentes ponderados na escala A(L

    Aeq) entre os dois grupos de veculos mostrou que o

    uso de veculos com motor localizado na seo tra-seira uma opo racional, pois apresenta valor sig-nificativamente inferior ao veculo com motor dian-teiro. Apesar de os nveis de exposio ao rudo re-gistrados, correspondentes a jornada de oito horas,

    no serem de muito relevo, foram suficien-tes para produzir valores importantes de pre-valncia de PAIR na populao estudada. Osdados obtidos, tanto resultantes da avalia-o ambiental como da audiolgica, apon-tam para a necessidade de um programa de

    conservao auditiva.

    Os valores elevados da exposio VCIobservados revelaram situaes expressi-vas de risco, medida que superam emmuito o limite de tolerncia para oito ho-ras estabelecido pela ISO-263111 (1985),que de 0,63 m/s2. Logo, so notrias ainadequao do posto de trabalho e a im-portncia de intervenes ergonmicas.Medidas de preveno devem ser implan-

    tadas, como a seleo de veculos dotadosde suspenso mais adequada do chassi, bemcomo para o assento, manuteno sistem-tica e apropriada das partes dos veculosrelevantes e reestruturao da caractersti-ca do pavimento das ruas.

    A aplicao da regresso logstica, cujafinalidade foi a de avaliar simultaneamenteos fatores de risco para PAIR, identificou, pormeio do modelo mais ajustado, trs vari-veis com associao significante (p