Explanans São as razões/justificações explicativas do...

18
MODELO NOMOLÒGICO-DEDUTIVO O que é uma explicação científica ? Estrutura básica de uma explicação Explanans São as razões/justificações explicativas do facto Explanandum O facto a seu explicado QUESTÃO O que é que deve contar ( incluir-se) como justificação Resposta do Modelo Dedutivo-Nomológico de Hempel-Oppenheim Este modelo estabelece as condições para que uma justificação/explicação científica seja aceite.

Transcript of Explanans São as razões/justificações explicativas do...

MODELO NOMOLÒGICO-DEDUTIVO

O que é uma explicação científica ?

Estrutura básica de uma explicação

Explanans São as razões/justificações explicativas do facto

Explanandum O facto a seu explicado

QUESTÃO

O que é que deve contar ( incluir-se) como justificação

Resposta do Modelo Dedutivo-Nomológico de Hempel-Oppenheim

Este modelo estabelece as condições para que uma justificação/explicação científica seja aceite.

Exemplos:

-Porque é que este pedaço de cobre dilatou? – Porque foi aquecido. – E depois? – Bom, o cobre dilata quando é aquecido.

Porque é que Sócrates morreu?

Porque era homem

E daí?

Os homens são mortais

1ª ideia importante Estrutura da explicação

Segundo este modelo, as explicações científicas de acontecimentos têm a estrutura formal de um argumento dedutivo válido cuja conclusão é o explanandum e cujas premissas são o explanans., e em que o explanandum é consequência lógica do explanans. Explanans

. Premissas

.

.___________ Explanandum Conclusão

Os argumento válidos implícitos nos diálogos anteriores são estes:

-Porque é que este pedaço de cobre dilatou? – Porque foi aquecido. – E depois? – Bom, o cobre dilata quando é aquecido.

Porque é que Sócrates morreu?

Porque era homem

E daí?

Os homens são mortais

FORMA DEDUTIVA DOS RACIOCÍNIOS

1.Todos os pedaços de cobre que são aquecidos dilatam.

1.Todos os homens são mortais Explanans

2.Este pedaço de cobre foi aquecido.

2.Sócrates é homem

Explanandum Este pedaço de cobre dilatou Sócrates é mortal

2ª ideia importante

Conteúdo do explanans

1) C1, C2…..Cn ( conditio)

EXPLANANS

2) L1, L1….Ln ( lex)

_______________________________ 3) E (Factum)

O explanans de uma explicação científica deve indicar duas coisas:

a) Uma proposição que exprime uma regularidade ou lei da natureza b) Uma proposição que descreve condições iniciais. ( vários aspetos da situação que se verificava antes ou na altura da ocorrência do

acontecimento a explicar)

Nos nossos exemplos:

A proposição 1 exprime uma lei da natureza A proposição 2 especifica as condições iniciais

1.Todos os pedaços de cobre que são aquecidos dilatam.

1.Todos os homens são mortais Explanans

2.Este pedaço de cobre foi aquecido.

2.Sócrates é homem

Explanandum Este pedaço de cobre dilatou Sócrates é mortal

Segundo o modelo dedutivo-nomológico o que é então uma explicação científica de um acontecimento?

RESPOSTA: Explicar um acontecimento é mostrar que, em virtude de certas regularidades/eis da natureza, este tinha de ocorrer ou era muito provável que ocorresse, dada a realização de certas condições iniciais. Explicar cientificamente um acontecimento, é apresentá-lo como um caso particular de algumas dessas leis, isso faz-nos perceber por que ocorreu esse acontecimento. Explicar um acontecimento é «cobri-lo com leis» através de um argumento válido.

Um Explanandum (E) segue-se logicamente de um antecedente (C1….Cn), sob leis determinadas (L1….Ln):

L1

(C1,C2…) →E

Características do Explanans

1. Relevância explicativa: deve fornecer razões adequadas/plausíveis para o facto a ser explicado

2. Não ter limitações espácio-temporais: deve-se aplicar de igual modo independentemente do tempo e do espaço

3. Suportar condicionais contra factuais (condicionais não realizados): explicar outros possíveis fenómenos semelhantes

Exemplo de explanans sem relevância explicativa

1.Todo o metal exposto à humidade oxida

2.Houve recentemente um número elevado de acidentes onde este pedaço de metal foi encontrado.

______________________________________________________________________

3.Este pedaço de metal vai oxidar

Exemplo de explanans com limitações espácio-temporais

1.Todo o metal exposto à humidade no concelho do Seixal oxida

2.Este pedaço de cobre está exposto à humidade no concelho do Seixal

_________________________________________________________

3.Este pedaço de metal vai oxidar

Exemplo de um explanans que não apoia um condicional contra factual

1.Todos os carros do João são Opel

2.Temos aqui um carro ( marca Renault )

____________________________________________________________

3.Se este carro ( de marca Renault por exemplo) fosse do João seria um Opel

Exemplo de um explanans que apoia um condicional contra factual

1.Todo o metal exposto à humidade oxida

2.Temos aqui um pedaço de metal

3.Se este pedaço de metal fosse exposto à humidade oxidar-se-ia

Explicações de Leis: Porque é que o cobre dilata quando é aquecido? O que acontece quando o EXPLANANDUM é uma LEI CIENTÍFICA? Explicar uma lei é inferi-la de leis mais gerais ( mostrando que esta é um caso específico de uma lei mais englobante ou profunda.)

Leis derivadas ( JUSTIFICAÇÃO DE FACTOS)

Leis fundamentais ( JUSTIFICAÇÃO DE OUTRAS LEIS)

1Todos os pedaços de cobre que são aquecidos dilatam.

1Todos os metais que são aquecidos dilatam.

2. Este pedaço de cobre foi aquecido.

2. Todos os pedaços de cobre são metais

3. Logo, este pedaço de cobre dilatou. 3. Logo, todos os pedaços de cobre que são aquecidos dilatam

Leis da natureza Deterministas

Universais: aplicam-se a todos os objetos de uma certa categoria A sua validade não está limitada a qualquer lugar ou momento no tempo Têm a forma «Todo o F é G». não especifica qualquer probabilidade. São dedutivamente válidas já que a verdade das premissas ( explanans)

torna certa a verdade da conclusão ( explanandum )

Estatísticas

Não são universais ( não se aplicam a todos mas a uma percentagem)

Apresentam algumas restrições espácio-temporais Têm a forma «Os F têm uma probabilidade de 90% de serem G». São indutivamente válidos, já que a verdade das premissas

(explanans) torna muito provável a verdade da conclusão ( explanandum )

Exemplo

Queremos explicar o facto de o João ter recuperado de uma certa infecção na quinta-feira. No Hospital de Almada 1. Cerca de 90% dos doentes do hospital, infectados com estreptococos, recuperam em 24 horas depois de lhes terem administrado penicilina. 2. O João tinha uma infecção de estreptococos e administraram-lhe penicilina na quarta-feira. __________________________________________ 3. Logo, o João recuperou da infecção de estreptococos na quinta-feira.

Explicação = previsão

segundo este modelo há uma simetria entre Explicação e Previsão

Explicação

Tempos verbais ( passado/presente): de duduzimos que E tinha de ocorrer

Conhecemos à partida o acontecimento indicado na conclusão

Indicia que o que aconteceu tinha de mesmo de ocorrer com base em certas condições e leis

Previsão

Tempo verbal ( futuro): deduzimos que E irá ocorrer

Não conhecemos à partida o acontecimento indicado na conclusão

Indica o que esperar que aconteça com base em leis e condições iniciais

Exemplo Exemplo 3. Este pedaço de cobre está dilatado __________________________________________________________ 1. Todos os pedaços de cobre que são aquecidos dilatam.

2. Este pedaço de cobre foi aquecido

1. Todos os pedaços de cobre que são aquecidos dilatam.

2. Este pedaço de cobre está a ser aquecido. _________________________________________ 3. Logo, este pedaço de cobre dilatará.

Objecções ao modelo Nomológico-dedutivo

1ª objecção

1. A luz viaja em linha reta 2. A inclinação dos raios de Sol é x e o

comprimento da sombra é z _______________________________________

3. O mastro tem w de altura

Este cálculo responde adequadamente à questão: Por que é que o mastro tem w de altura ? Não, porque a causa da altura do mastro não é o cálculo que se fez da sua altura

2ª objecção

1.Sempre que os barómetros registam uma descida abrupta da pressão atmosférica, ocorre uma tempestade dentro de horas 2. Este barómetro registou, há algumas horas,

uma descida abruta da pressão atmosférica. _______________________________________ 3. Logo, deve estar a ocorrer uma tempestade

Este argumento responde adequadamente à questão: Por que é se irá ocorrer uma tempestade ? Não, porque os barómetros não causam as tempestades

1.Todos os homens que tomam a pílula não engravidam 2. O João tem tomado a pílula _______________________________________

3. O João não engravida

Este argumento responde adequadamente à questão: Por que é que o João não engravida? Não, porque o tomar a pílula não é a causa dos homens não engravidarem

1.Os casais humanos quando têm ciúmes, matam o parceiro 2.O José está com ciúmes da Mariana e do Pedro ______________________________________ O José vai matar a Mariana e/ou o Pedro

Este argumento responde adequadamente à questão: Por que é que o José poderá matar a Mariana e/ou o Pedro? Não, porque os seres humanos podem matar por outras razões e porque nem todas as pessoas que sentem ciúmes reagem matando aqueles de quem têm ou que lhes causam os ciúmes

Outros modelos de explicação científica

Modelo causal

Mecanicista

Explicar = indicar as causas de um fenómeno. Indicar informação apropriada sobre a cadeia de acontecimentos que levaram à sua ocorrência

Exemplo Explicar a formação de uma tempestade é indicar a cadeia de eventos relevantes ( descida da pressão atmosférica, aumento que levaram à sua ocorrência

Modelo causal

Teleológico/genético ( telos = fim

Genos= origem)

Explicar = indicar os fins pretendidos com a ação e/ou o que esteve na sua origem

Exemplo Explicar uma ação como atentado terrorista implica descobrir as finalidades (intenções) pretendidas dos terroristas. Mas explicar essas mesmas finalidades implica remeter para os motivos – desejos, crenças – dos terroristas como suas causas.