EXPANSÃO DA LEISHMANIOSE E PERDA DE BIODIVERSIDADE · A transmissão ocorre em área de...

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PROBIO II EXPANSÃO DA LEISHMANIOSE E PERDA DE BIODIVERSIDADE Drª CELESTE SOUZA LAB. DE IMUNOMODULAÇÃO E PROTOZOOLOGIA INSTITUTO OSWALDO CRUZ - RJ

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PROBIO II

EXPANSÃO DA LEISHMANIOSE EPERDA DE BIODIVERSIDADE

Drª CELESTE SOUZA LAB. DE IMUNOMODULAÇÃO E

PROTOZOOLOGIA INSTITUTO OSWALDO CRUZ - RJ

Representam um complexo de doenças que afetam o homem e outros

mamíferos;

12 milhões de pessoas infectadas no mundo e 350 milhões de

vivendo em áreas de risco;

São causadas por protozoários do gênero Leishmania e transmitidos

durante a picada de insetos do gênero Lutzomyia (Novo Mundo);

Diferentes espécies de parasitos, vetores e reservatórios estão

implicadas na epidemiologia da doença.

Leishmanioses

LEISHMANIOSE TEGUMENTAR

FORMAS CLÍNICAS

Cutânea

Mucosa e mucocutâneaCutâneo-difusa

FORMAS CLÍNICAS

Fonte: Sinan/SVS/MS

Fonte: Paes, M. 2000

LEISHMANIOSE VISCERAL

Década de 80, 20 Estados do país apresentavam casos notificados; em 2001, casos notificados em todo o Brasil.

25.000 casos/ano 17 óbitos/ano

Leishmaniose Tegumentar

Fonte: Sinan/SVS/MS

alta incidência, alta mortalidade em indivíduos não tratados e crianças desnutridas, e emergência na co-infecção pelo HIV

atinge 20 estados brasileiros 3.500 casos/ano

2007 - 2.897 casos com 183 óbitos.

Leishmaniose Visceral

Padrões Epidemiológicos

A transmissão ocorre em área de vegetação primária, zoonose de animais silvestres, que pode acometer o ser humano quando este entra em contato com o ambiente silvestre, onde esteja ocorrendo enzootia.

Padrão Silvestre

Padrão Silvestre

Ciclo de transmissão da Leishmania amazonensis em florestas primárias da Amazônia Legal (Amazonas, Para, Rondônia, Tocantins e Maranhão)

Espécies pouco antropofilicas

Fonte: Sinan/SVS/MS* Dados sujeitos a revisão.

Padrão Ocupacional e Lazer

Associado a exploração desordenada da floresta e derrubada de matas para construção de estradas, usinas hidrelétricas, instalação de povoados, extração de madeira, treinamentos militares, regiões impactadas por projetos agrícolas e ecoturismo.

Padrão Ocupacional e Lazer

Ciclo de transmissão da Leishmania guyanensis na Amazônia brasileira

Fonte: Sinan/SVS/MS

Relacionado ao processo migratório, ocupação de encostas e aglomerados em próximos a centros urbanos associados a matas secundárias ou residuais.

Padrão Rural e Periurbano

Padrão Rural e Periurbano

Souza et al, Vet. Parasitol., 128, 2005

Transmissão de Leishmania braziliensis na Serra do Mar e Maciço da Pedra

Branca/RJ (Baixada de Jacarepaguá e zona oeste )

Ambiente antrópico - domiciliação do vetor

Urbanização recente por destruição de ecótopos silvestres

Oferta outras fontes alimentares humanas e animais

Criadouros favoráveis (arborização de quintais, galinheiros, chiqueiros e acúmulo de lixo)

Presença de abrigos de animais silvestres dentro do perímetro urbano

Construção de hidrelétrica no Estado do Tocantins (2004 – 2008)

•Estudos desenvolvidos antes, durante e após o surgimento do lago;

Mudanças de comportamento de espécies de flebotomíneos:

Espécies silvestres presentes em áreas do peridomicílio (abrigos de

animais domésticos);

Presença de vetores de leishmanioses (Lu. Longipalpis e Lu. whitmani)

no intradomicílio.

(Vilela ML et al – Comunicação pessoal - Dados não publicados)

Ambiente antrópico - domiciliação do vetor

Leishmaniose Tegumentar no Brasil

dificuldades de ações de controle

Diversidade de espécies de agentes, reservatórios e vetores;

Distintos padrões de transmissão e conhecimento limitado;

Vigilância e monitoramento entomológico em áreas de produção da doença .

Lu. intermdia Lu. whitmani Lu. intermdia Lu. whitmani Lu. flaviscutellata Lu. flaviscutellata Lu. wellcomei Lu. wellcomei

Lu. umbratilis Lu. migonei Lu. umbratilis Lu. migonei Lu. complexa Lu. complexa Lu. Lu. neivaineivai

Distribuição das principais espécies de vetoras de LTA no Brasil, 2005. Fonte: SVS 2007 - com modificações.

Fonte: Sinan/SVS/MS

Fonte: SVS/MS

Leishmanioses Tegumentar Leishmania spp. de ocorrência no Brasil

Fonte: Sinan/SVS/MS

Na leishmaniose visceral o paradigma da endemia rural é substituído pela urbanização da doença

Surtos próximos a grande centros (Fortaleza - CE, Teresina - PI, Campo Grande - MS, Belo Horizonte - MG, Araçatuba e Bauru SP).

Modificações ambientaisOcupação desordenada do espaço urbanoIntrodução de hospedeiros infectadosDomiciliação do vetor e oferta de novas fontes alimentaresDisponibilidade de reservatórios zoonóticosMigrações

Expansão relacionada ao crescente processo de migração e urbanização

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MAPA DO ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL

LEGENDA• Municípios com casos de LVA

• Gasoduto Brasil/ Bolívia Figura 1

LV – Em seu avanço, acompanhou o caminho do gasoduto Brasil-Bolívia.(Antonialli, 2007)

Potencializa ainda mais o risco de extinção de espécies

silvestres;

Doenças reemergentes devido a modificações ambientais

locais intensifica o risco para a vida silvestre, devido ao

maior contato com humanos e animais domésticos.

Associação de doenças infecciosas e redução de biodiversidade

As alterações ambientais antrópicas são os principais fatores de emergência e/ou reemergência de doenças infecciosas.

A fragmentação florestal muda a composição das espécies e altera o equilíbrio parasito/hospedeiro, favorecendo a ocorrência de zoonoses que antes estavam presentes apenas no ambiente silvestre.

As conexões entre biodiversidade e doença são claras e suficientes para aumentar a urgência de esforços locais, regionais e globais de conservação dos ecossistemas naturais e da biodiversidade que eles contêm.

CONCLUSÕES