Exercícios para o teste O Velho e o Mar (2)

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O Velho e o Mar Sentiu-se de novo a desmaiar, mas segurou no grande peixe com quanta força pôde. "Mexi-o, pen-sou. Talvez que desta vez o apanhe. Puxem, mãos. Aguentem, pernas. Cabeça, não me falhes. Não me falhes. Nunca me falhaste. Desta vez, apanho-o". Mas, quando empregou a fundo o seu esforço, começando muito antes de o peixe estar ao pé do barco, aquele voltou-se, endireitou-se, e nadou para longe. - Peixe! - disse o velho. - Peixe! Seja como for, tu vais morrer. Precisas também de me matar? "Assim não se consegue nada", pensou. A boca, muito seca, não o deixava falar, mas não podia chegar à água. "Já não aguento muitas mais voltas. Sim, aguentas, disse consigo. Aguentas como nunca". Na volta seguinte, quase o apanhou. Mas mais uma vez o peixe se endireitou e nadou devagar para longe. "Tu estás a matar-me, peixe, pensou o velho. Mas tens todo o

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O Velho e o Mar

Sentiu-se de novo a desmaiar, mas segurou no grande peixe com quanta força pôde. "Mexi-o, pen-sou. Talvez que desta vez o apanhe. Puxem, mãos. Aguentem, pernas. Cabeça, não me falhes. Não me falhes. Nunca me falhaste. Desta vez, apanho-o".Mas, quando empregou a fundo o seu esforço, começando muito antes de o peixe estar ao pé do barco, aquele voltou-se, endireitou-se, e nadou para longe.- Peixe! - disse o velho. - Peixe! Seja como for, tu vais morrer. Precisas também de me matar?"Assim não se consegue nada", pensou. A boca, muito seca, não o deixava falar, mas não podia chegar à água. "Já não aguento muitas mais voltas. Sim, aguentas, disse consigo. Aguentas como nunca".Na volta seguinte, quase o apanhou. Mas mais uma vez o peixe se endireitou e nadou devagar para longe."Tu estás a matar-me, peixe, pensou o velho. Mas tens todo o direito. Nunca vi uma coisa maior, ou mais bela, ou mais serena ou mais nobre do que tu, meu irmão. Vem e mata-me. Não quero saber qual de nós mata"."Agora estás tu a perder a cabeça, pensou. E não deves perder a cabeça. Não a percas, e aprende a sofrer como um homem. Ou como um peixe".

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- Reanima-te, cabeça - disse numa voz que mal ouvia. - Reanima-te.Duas vezes mais aconteceu o mesmo."Não sei", pensou o velho. Estivera a ponto de sentir-se morrer, de cada vez. "Não sei. Mas torno a tentar".Tornou a tentar, e sentiu-se esmorecer, quando voltou o peixe. O peixe endireitou-se, e afastou-se outra vez, lentamente, com a grande cauda balouçando no ar."Torno a tentar", prometeu o velho a si próprio, embora nem sentisse as mãos e ape¬nas visse por lampejos.Tentou de novo, e foi o mesmo. "Pois é", pensou, e sentia-se desfalecer, antes de prin¬cipiar; "hei-de tornar a tentar".Convocou toda a sua dor, quanto lhe restava de forças, e o seu orgulho perdido, e tudo lançou contra a agonia do peixe, e o peixe veio rente à borda e nadou mansamente junto à borda, com o nariz quase roçando o costado do barco, e começou a passar-lhe por baixo, longo, fundo, largo, prateado, listrado de púrpura, interminável nas águas.O velho largou a linha, calcou-a com o pé, levantou o arpão ao alto e fê-lo descer, com toda a for-ça que tinha e mais força que no momento invocou, pelo flanco do peixe aden¬tro, mesmo por trás da grande barbatana peitoral que alta se erguia no ar à altura do peito do homem. Sentiu o ferro entrar e debruçou-se sobre ele e fê-lo entrar mais e car¬regou depois com o seu peso em cima.

Ernest Hemingway, O Velho e o Mar

Assinala com V ou F as afirmações que julgues verdadeiras ou falsas.

1.0 velho pescador falava:a) consigo mesmo;b) corn os outros pescadores;c) com o seu amigo Manolin.

2. O velho pescador estava interessado:a) em ver a grandeza do peixe;b) em evitar a perseguição do peixe;c) em pescar o peixe.

3. Ao ver o peixe, o velho pescador ficou:a) admirado com o seu tamanho;b) admirado com a sua beleza;c) desiludido com a sua fealdade.

4. O velho pescador viveu um drama. Esse drama era:a) matar o peixe;b) não conseguir matar o peixe;c) temer que o peixe o matasse.

5. O velho pescador teve sorte porque:

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a) o peixe se deixou apanhar facilmente;b) o arpão entrou no sitio certo do peixe;c) o peixe não era assim tão grande e perigoso.

II 

1. Verificando a grandeza do peixe, em quem confiou o pescador para o vencer?O Pescador confiou em si próprio e nas suas capacidades. 1.1. Transcreve os elementos textuais que comprovam a tua resposta.«"hei-de tornar a tentar".Convocou toda a sua dor, quanto lhe restava de forças, e o seu orgulho perdido…»2. Faz a caracterização do peixe.O peixe era grande, magnânimo, belo e persistente na sua luta pela vida.

3. A luta entre o pescador e o peixe pode considerar-se um pequeno drama.3.1. No que diz respeito apenas ao pescador, em que consiste esse drama?O drama consiste em não conseguir apanhar o peixe.3.2. E na relação do pescador com o peixe ?Na relação pescador-peixe, o drama consiste em matar ou morrer. A luta constante entre presa e caçador (ou peixe e pescador) e na dualidade vida de morte.4. O pescador trata o peixe com uma atitude de superioridade ou com uma atitude de fraternidade? Fraternidade.4.1. Encontra as palavras que demonstram a tua afirmação. "Tu estás a matar-me, peixe, pensou o velho. Mas tens todo o direito. Nunca vi uma coisa maior, ou mais bela, ou mais serena ou mais nobre do que tu, meu irmão. Vem e mata-me. Não quero saber qual de nós mata".

5. No texto, repete-se cinco vezes o verbo "tentai".?5.1. Identifica o objectivo dessa repetição. Esta repetição parece salientar o esforço e a persistência do pescador na concretização do seu objectivo, mesmo quando se vê a falhar.

6. "Convocou toda a sua dor, quanto lhe restava de forças, e o seu orgulho perdido."6.1. Explica o sentido desta afirmação. A afirmação realça todos os sentimentos vividos naquela luta pelo pescador, e a invocação destes sentimentos na luta pelo seu objectivo. Uniu a dor, a força e o orgulho perdido como uma alavanca para uma nova tentativa.6.2. Das três realidades mencionadas, qual te parece a mais forte? Porquê? A dor. A dor do pescador é física e psicológica. Física pois o seu corpo velho via-se esgotado pela luta com o peixe e psicológica pois via-se a falhar repetitivamente na tarefa que havia feito vezes e vezes sem conta. Além disso o resultado da dor é a soma do esgotamento das suas forças (físico) mais o orgulho perdido (psicológico).

7. Comprova que este texto se insere no género narrativo.Há no texto elementos característicos do género narrativo. Primeiro a existência de um narrador, depois de personagens, espaço, tempo e acção. (Comprovar com elementos textuais.)

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8. Paralelamente à luta entre o pescador e o peixe, podemos falar da luta entre o homem e o mar.8.1. Comprova esta afirmação através de um episódio de Os Lusíadas.Esta questão pode avançar-se pois a obra Camoniana ainda não foi abordada.

III 

1. "Mais uma vez o peixe se endireitou e nadou devagar para longe."1.1. Classifica esta frase quanto ao tipo e à forma. A frase é declarativa de tipo afirmativo.1.2. Divide as suas orações. Mais uma vez o peixe se endireitou/ e nadou para longe1.3. Classifica essas orações, indicando a relação que se estabelece entre elas.Orações coordenadas copulativas. 2. Completa as frases:a) Se o pescador __(desistir), não teria conseguido o objectivo. desistisseb) Quando nós ___ (querer) chegar ao fim dum trabalho importante, teremos de enfrentar as ____ e nunca desistir. Queremos/ adversidades (ou sinónimo)c) Embora ______ (poder) ter problemas, a força de _vence sempre.possamos/ vontade (ou sinónimo)

3. "Não a percas, e aprende a sofrer como um homem."3.1. Explica o sentido da frase transcrita.A frase enuncia um diálogo interno do pescador. Uma ordem que ele dá a si próprio para que o lado racional vença o emocional.

3.2. Indica a figura de estilo nela presente. Comparação (como um homem).

4. "Puxem, mãos. Aguentem, pernas. Cabeça, não me falhes."4.1. Refere as figuras de estilo presentes nestas frases. A figura de estilo é o vocativo e a personificação.4.2. Explica o sentido dessas figuras. O pescador fala para as partes do seu corpo como membros de uma mesma equipa, sendo ele o elo de ligação, o “treinador” dessa equipa, encarregado de incentivar os seus elementos na luta pelo objectivo.

IV

"Não há bem que sempre dure. Quem me dera que tivesse sido um sonho, que eu não tivesse pescado o peixe e estivesse sozinho na cama, em cima dos jornais."- Mas o homem não foi feito para a derrota - disse. - Um homem pode ser destruído, mas não derrotado.

Ernest Hemingway, O Velho e o Mar

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Com base na leitura deste excerto, propomos-te dois temas. Escolhe aquele que mais te interessar e desenvolve-o num texto bem estruturado.

Tema A: A importância do sonho para todos e, de forma especial, para os jovens.Tema B: Querer é poder. Ninguém foi feito para a derrota.Resposta Livre