LEITURAS DE STUART HALL EM CENÁRIOS AMAZÔNICOS STUART HALL …
EXEMPLO DE FICHAMENTO - HALL, Stuart. a Identidade Em Questão
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1FICHAMENTO
HALL, Stuart. A identidade em questão. In: A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro:
DP&A, 2006. p. 7-22.
O posicionamento do autor frente à própria pesquisa: “Como ocorre com muitos outros fenômenos
sociais, é impossível oferecer afirmações conclusivas ou fazer julgamentos seguros sobre as alegações e
proposições teóricas que estão sendo apresentadas” (p. 9).
As categorias trabalhadas:
1. Cultura: os valores, os sentidos e os símbolos que interiorizamos para viver, tornando-os “parte de
nós”.
2. Identidade: conceito demasiadamente complexo; com tendências recentes e ambíguas dentro da
comunidade sociológica contemporânea. São as diferentes “posições de sujeito” para os indivíduos.
3. Identidade cultural: “[...] aqueles aspectos de nossas identidades que surgem de nosso
“pertencimento” a culturas étnicas, raciais, linguísticas, religiosas, e, acima de tudo, nacionais” (p. 8).
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4. Sociedades tradicionais: O passado é venerado e os símbolos são valorizados porque contêm e
perpetuam a experiência do passado. A tradição é um meio de continuidade do passado, presente e futuro,
estruturada por práticas sociais recorrentes.
5. Modernidade: Fornece sólidas localizações como indivíduos sociais. “Estabiliza tantos os sujeitos
quanto os mundos culturais que eles habitam, tornando ambos reciprocamente mais unificados e
predizíveis” (p. 12).
6. Indivíduo moderno: sujeito unificado, integrado. Identidade estável, fixa, essencial e permanente.
7. Pós-modernidade / Modernidade tardia: Globalização. Sociedades de mudança constante, rápida e
permanente. Experiência de convivência com a mudança abrangente e contínua. São caracterizadas pela
“diferença”, atravessadas por diferentes divisões e antagonismo sociais. Uma forma altamente reflexiva
de vida: tradução das práticas sociais, que “são constantemente examinadas e reformadas à luz das
informações recebidas sobre aquelas próprias práticas, alterando, assim, constitutivamente, seu caráter”
(p. 15 apud GIDDENS, 1990, p. 37-38).
* Obs.: São mudanças estruturais e institucionais. Sobre o ritmo e o alcance de tais mudanças: ver “o
desalojamento do sistema social” que, segundo Giddens, é “a extração das relações sociais dos seus
contextos de interação e sua reetruturação ao longo de escalas indefinidas de espaço-tempo” (p. 15-16
apud GIDDENS, 1990, p. 21).
8. Sujeito Pós-Moderno: “Pós” qualquer concepção essencialista ou fixa de identidade. “Composto não
de uma única, mas de várias identidades, algumas vezes contraditórias ou não-resolvidas” (p. 12). “O
próprio processo de identificação, através do qual nos projetamos em nossas identidades culturais,
tornou-se mais provisório, variável e problemático” (p. 12). A identidade torna-se uma “celebração
móvel”: “formada e transformada continuamente em relação às formas pelas quais somos representados
ou interpelados nos sistemas culturais que nos rodeiam” (p. 13).
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2FICHAMENTO
9. Stuart Hall apresenta três definições de identidade, segundo o olhar do:
a) Sujeito do Iluminismo,
b) Sujeito sociológico,
c) Sujeito pós-moderno.
a. sujeito do Iluminismo: Concepção individualista. A identidade de uma pessoa é o centro essencial do
eu. “Indivíduo totalmente centrado, unificado, dotado das capacidades da razão, de consciência, e de
ação, cujo ‘centro’ consistia num núcleo interior, que emergia pela primeira vez quando o sujeito nascia
e com ele se desenvolvia, ainda que permanecendo essencialmente o mesmo – contínuo ou ‘idêntico’ a
ele – ao longo da existência do indivíduo” (p. 11).
b. sujeito sociológico (sujeito moderno): Concepção interativa da identidade e do eu. O sujeito ainda
tem um núcleo ou essência interior = “eu real”. Mas este é formado no diálogo contínuo com os mundos
culturais “exteriores”. A consciência de que o núcleo interior do sujeito não era autônomo e auto-
suficiente, mas era formado na relação com outras pessoas do mundo que ele/ela habitava. A identidade
costura o sujeito à estrutura.
c. sujeito pós-moderno (Ver item 8 acima): Assume identidades diferentes em diferentes momentos,
identidades que não são unificadas ao redor de um “eu” coerente. “À medida em que os sistemas de
significação e representação cultural se multiplicam, somos confrontados por uma multiplicidade
desconcertante e cambiante de identidades possíveis” (p. 13)
Obs.: Atualmente, a “narrativa do eu” é uma fantasia na qual nos fazemos crer que temos uma identidade
unificada desde o nascimento até a morte.
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10. Crise de identidade na pós-modernidade ou “pluralização” de identidades: deslocamento;
fragmentação; descentração. “A identidade somente se torna uma questão quando está em crise, quando
algo que se supões como fixo, coerente e estável é deslocado pela experiência da dúvida e da incerteza”
(HALL, 2006, p. 9 Apud MERCER, 1990, p. 43).
a. Duplo deslocamento: perda de um “sentido de si” estável. Duplo: descentração dos indivíduos tanto
de seu lugar no mundo social e cultural quanto de si mesmos. O deslocamento provoca a articulação
parcial das identidades: desarticula as identidades estáveis do passado, mas também abre a possibilidade
de novas articulações, de criação de novas identidades e de produção de novos sujeitos.
b. Fragmentação das “paisagens culturais de classe, gênero, sexualidade, etnia, raça e nacionalidade”
(p. 9).
c. “Descentração”: O centro da estrutura é deslocado, não sendo substituído por outro, mas por uma
pluralidade de centros de poder.
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11. O jogo das identidades: São as questões de classe social, raça e racismo, machismo e sexismo
Versus feminismo, liberalismo Versus conservadorismo, etc. Possui alguns elementos importantes:
a. As identidades são contraditórias, rivais e deslocam-se mutuamente.
b. As contradições ocorrem Fora – na sociedade, atravessando grupos políticos – e Dentro da cabeça das
pessoas.
3FICHAMENTO
c. Nenhuma identidade singular ou mestra pode alinhar todas as diferentes identidades, na qual se
pudesse, de forma segura, basear uma política.
d. A identidade muda de acordo com a forma como o sujeito é interpelado ou representado. Mas essa
mudança não é automática, e sim politizada, pela política de diferença.
e. A diferença acima comentada advém da “emergência de novas identidades, pertencentes à nova base
política definida pelos movimentos sociais: o feminismo, as lutas negras, os movimentos de libertação
nacional, os movimentos antinucleares e ecológicos” (p. 21 apud MERCER, 1990) e, além destas, as lutas
decoloniais, atualmente.
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12. Por que a questão da classe social não mais é suficiente para ler as identidades?
“As pessoas não identificam mais seus interesses sociais exclusivamente em termos de classe; a classe
não pode servir como um dispositivo discursivo ou uma categoria mobilizadora através da qual todos os
variados interesses e todas as variadas identidades das pessoas possam ser reconciliadas e
representadas” (p. 20-21).