Exegese Em I Coríntios - Parte Ia

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GLADSON PEREIRA DA CUNHA SILVINO DA CUNHA DIAS Exegese em I Co.11.2-16 Exegese apresentada ao Seminário Teológico Presbiteriano Rev. Denoel Nicodemos Eller atendendo as exigências da disciplina de Exegese em Cartas Paulina. Professor: Rev. Ms. José João de Paula

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Exegese sobre 1Co.11 -parte 1

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GLADSON PEREIRA DA CUNHASILVINO DA CUNHA DIAS

Exegese em I Co.11.2-16

Exegese apresentada ao Seminário Teológico

Presbiteriano Rev. Denoel Nicodemos Eller

atendendo as exigências da disciplina de Exegese

em Cartas Paulina.

Professor: Rev. Ms. José João de Paula

BELO HORIZONTE

2004

Page 2: Exegese Em I Coríntios - Parte Ia

ÍNDICE

Introdução 3

1 Texto – I Coríntios 11.2-16 4

1.1 Texto Original....................................................................................................4

2 Análise Morfológica5

3 Tradução 12

3.1 Tradução Literal..............................................................................................12

3.2 Tradução Pessoal...........................................................................................12

4 Gênero Literário 13

5 Estrutura do Contexto 16

5.1 Contexto Anterior [I Co.10.23-33; 11.1]..........................................................16

5.2 Contexto Posterior [I Co.11.17-34]..................................................................16

6 Contexto Histórico 16

6.1 Autor...............................................................................................................16

6.1.1 Evidências Internas..................................................................................17

6.1.2 Evidências Externas................................................................................18

6.2 Data e Local....................................................................................................19

6.3 Conteúdo........................................................................................................20

6.4 Propósito.........................................................................................................21

6.5 Destinatário.....................................................................................................23

Bibliografia 26

Page 3: Exegese Em I Coríntios - Parte Ia

INTRODUÇÃO

Page 4: Exegese Em I Coríntios - Parte Ia

1 TEXTO – I CORÍNTIOS 11.2-16

1.1 Texto Original1

v.2 )Epainw= de\ u(ma=j o(/ti pa/nta mou me/mnhsqe kai\, kaqw\j pare/dwka u(mi=n, ta\j parado/seij kate/xete. v.3 qe/lw de\ u(ma=j ei)de/nai o(/ti panto\j a)ndro\j h( kefalh\ o( Xristo/j e)stin, kefalh\ de\ gunaiko\j o( a)nh/r, kefalh\ de\ tou= Xristou= o( qeo/j. v.4 pa=j a)nh\r proseuxo/menoj h)\ profhteu/wn kata\ kefalh=j e)/xwn kataisxu/nei th\n kefalh\n au)tou=. v.5 pa=sa de\ gunh\ proseuxome/nh h)\ profhteu/ousa a)katakalu/pt% tv= kefalv= kataisxu/nei th\n kefalh\n au)th=j: e(\n ga/r e)stin kai\ to\ au)to\ tv= e)curhme/nv. v.6 ei) ga\r ou) katakalu/ptetai gunh/, kai\ keira/sqw: ei) de\ ai)sxro\n gunaiki\ to\ kei/rasqai h)\ cura=sqai, katakalupte/sqw. v.7 a)nh\r me\n ga\r ou)k o)fei/lei katakalu/ptesqai th\n kefalh/n ei)kw\n kai\ do/ca qeou= u(pa/rxwn: h( gunh\ de\ do/ca a)ndro/j e)stin. v.8 ou) ga/r e)stin a)nh\r e)k gunaiko/j a)lla\ gunh\ e)c a)ndro/j: v.9 kai\ ga\r ou)k e)kti/sqh a)nh\r dia\ th\n gunai=ka, a)lla\ gunh\ dia\ to\n a)/ndra. v.10 dia\ tou=to o)fei/lei h( gunh\ e)cousi/an e)/xein e)pi\ th=j kefalh=j dia\ tou\j a)gge/louj. v.11 plh\n ou)/te gunh\ xwri\j a)ndro\j ou)/te a)nh\r xwri\j gunaiko\j e)n kuri/%: v.12 w(/sper ga\r h( gunh\ e)k tou= a)ndro/j, ou(/twj kai\ o( a)nh\r dia\ th=j gunaiko/j: ta\ de\ pa/nta e)k tou= qeou=. v.13 e)n u(mi=n au)toi=j kri/nate: pre/pon e)sti\n gunai=ka a)kataka/lupton t%= qe%= proseu/xesqai; v.14 ou)de\ h( fu/sij au)th\ dida/skei u(ma=j o(/ti a)nh\r me\n e)a\n kom#= a)timi/a au)t%= e)stin, v.15 gunh\ de\ e)a\n kom#= do/ca au)tv= e)stin; o(/ti h( ko/mh a)nti\ peribolai/ou de/dotai [au)tv=]. v.16 Ei) de/ tij dokei= filo/neikoj ei)=nai, h(mei=j toiau/thn sunh/qeian ou)k e)/xomen ou)de\ ai( e)kklhsi/ai tou= qeou=.

1 SILVER MOUTAIN SOFTWARE. Bible for Windows, v.2.1, 1993. O texto utilizado neste programa está de acordo com a United Bible Society 4th Edition.

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2 ANÁLISE MORFOLÓGICA2

Palavra Análise Morfológica Raiz Tradução

V. 2

)Epainw= Verbo Presente Indicativo Ativo - 1ª Pessoa Singular e)paine/w [Eu] louvo

de\ Conjunção Pospositiva Coordenativa [indica apenas uma transição] de/ ora

u(ma=j Pronome Possessivo Acusativo Plural su/ vos

o(/ti Conjunção Subordinada Adversativa o(/ti porque

pa/nta Adjetivo Acusativo Plural Neutro pa=j todos

mou Pronome Possessivo Genitivo Singular e)gw/ de mim

me/mnhsqe Verbo Perfeito Indicativo Médio - 2ª Pessoa Plural mimnv/skomai tendes lembrado

kai\, Conjunção Coordenativa kai/ e

kaqw\j Conjunção Subordinativa kaqw/j assim como

pare/dwka Verbo Aoristo Indicativo Ativo - 1ª Pessoa Singular paradi/dwmi entreguei

u(mi=n, Pronome Possessivo Dativo Plural su/ a vós

ta\j Artigo Acusativo Feminino Plural o( as

parado/seij Substantivo Acusativo Feminino Plural para/dosij tradições

kate/xete. Verbo Presente Indicativo Ativo - 2ª Pessoa Plural kate/xw tendes mantido.

v.3

qe/lw Verbo Presente Indicativo Ativo - 1ª Pessoa Singular qe/lw desejo

de\ Conjunção Adversativa Pospositiva de/ porém

u(ma=j Pronome Pessoal Acusativo Plural su/ vos

ei)de/nai Verbo Perfeito Infinitivo Ativo oi)=da ter compreendido

o(/ti Conjunção Subordinativa o(/ti que

panto\j Adjetivo Genitivo Masculino Singular pa=j de todo

a)ndro\j Substantivo Genitivo Masculino Singular a)nh/r do homem

h( Artigo Nominativo Feminino Singular o( a

kefalh\ Substantivo Nominativo Feminino Singular kefalh/ cabeça

o( Artigo Nominativo Masculino Singular o( o

Xristo/j Substantivo Nominativo Masculino Singular Xristo/j Cristo

e)stin, Verbo Presente Indicativo Ativo - 3ª Pessoa Singular ei)mi/ é

kefalh\ Substantivo Nominativo Feminino Singular kefalh/ cabeça

de\ Conjunção Adversativa Pospositiva de/ mas

gunaiko\j Substantivo Genitivo Feminino Singular gunh/ da mulher

o( Artigo Nominativo Masculino Singular o( o

a)nh/r, Substantivo Nominativo Masculino Singular a)nh/r homem

kefalh\ Substantivo Nominativo Feminino Singular kefalh/ cabeça

2 Cf. FRIBERG, Barbara, FRIBERG, Timothy, O Novo Testamento Grego Analítico, São Paulo: Edições Vida Nova,1987; SILVER MOUTAIN SOFTWARE. Bible for Windows, v.2.1, 1993; ALAND, Kurt [ed.]. The Greek New Testament 3rd Edition. Germany: United Bible Society, 1975. GINGRICH, F. Wilbur, DANKER, Frederick, Léxico do Novo Testamento Grego/Português. São Paulo: Edições Vida Nova, 2001; The Analytical Greek Lexicon. London: Samuel Bagster and Sons, Limited, 1972.

Page 6: Exegese Em I Coríntios - Parte Ia

de\ Conjunção Pospositiva Coordenativa de/ e

tou= Artigo Genitivo Masculino Singular o( do

Xristou= Substantivo Genitivo Masculino Singular Xristo/j de Cristo

o( Artigo Nominativo Masculino Singular o( o

qeo/j. Substantivo Nominativo Masculino Singular qeo/j Deus

v.4pa=j Adjetivo Nominativo Masculino Singular pa=j todo

a)nh\r Substantivo Nominativo Masculino Singular a)nh/r homem

proseuxo/menoj Verbo Nominativo Masculino Singular Presente Particípio Médio proseu/xomai que ora

h)\ Conjunção / Advérbio h)\ ou

profhteu/wn Verbo Nominativo Masculino Singular Presente Particípio Ativo profhteu/w que profetiza

kata\ Preposição com Genitivo kata/ contra

kefalh=j Substantivo Genitivo Feminino Singular kefalh/ a cabeça

e)/xwn Verbo Nominativo Masculino Singular Presente Particípio Ativo e)/xw tendo algo sobre

si3

kataisxu/nei Verbo Presente Indicativo Ativo – 3ª Pessoa Singular kataisxu/nw envergonha

th\n Artigo Acusativo Feminino Singular o( a

kefalh\n Substantivo Acusativo Feminino Singular kefalh/ cabeça

au)tou=. Pronome Demonstrativo Genitivo Masculino Singular au)to/j dele

v.5pa=sa Adjetivo Nominativo Feminino Singular pa=j toda

de\ Conjunção Adversativa Pospositiva de/ e

gunh\ Substantivo Nominativo Feminino Singular gunh/ mulher

proseuxome/nh Verbo Nominativo Feminino Singular Presente Particípio Médio proseu/xomai que ora

h)\ Conjunção Coordenativa h)/ ou

profhteu/ousa Verbo Nominativo Feminino Singular Presente Particípio Ativo profhteu/w que profetiza

a)katakalu/pt% Adjetivo Dativo Feminino Singular a)kataka/luptoj [com] descoberta

tv= Artigo Dativo Feminino Singular o( a

kefalv= Substantivo Dativo Feminino Singular kefalh/ cabeça

kataisxu/nei Verbo Presente Indicativo Ativo - 3ª Pessoa Singular kataisxu/nw envergonha

th\n Artigo Acusativo Feminino Singular o( a

kefalh\n Substantivo Acusativo Feminino Singular kefalh/ cabeça

au)th=j: Pronome Possessivo Genitivo Singular au)to/j dela

e(\n Adjetivo Nominativo Neutro Singular ei(=j um

ga/r Conjunção Pospositiva ga/r pois

e)stin Verbo Presente Indicativo Ativo - 3ª Pessoa ei)mi/ é

3 Cf. verbete e)/xw. Gingrich, F. Wilbur; Danker, Frederick W. Léxico do Novo Testamento – Grego/Português. São Paulo: Edições Vida Nova, 2001, 90

Page 7: Exegese Em I Coríntios - Parte Ia

Singularkai\ Conjunção kai/ e, como

to\ Artigo Nominativo Neutro Singular o( o

au)to\ Adjetivo Nominativo Neutro Singular au)to/j si mesmo

tv= Artigo Dativo Feminino Singular o( ao

e)curhme/nv. Verbo Dativo Feminino Singular Perfeito Particípio Passivo cura/omai tendo raspado

[seus cabelos]

v.6

ei) Conjunção [condicional sem elemento de dúvida] ei) se

ga\r Conjunção Pospositiva ga/r pois

ou) Advérbio de Negação ou) não

katakalu/ptetai Verbo Presente Indicativo Médio - 3ª Pessoa Singular katakalu/ptomai cobre-se

gunh/, Substantivo Nominativo Feminino Singular gunh/ mulher

kai\ Advérbio kai/ e [então]

keira/sqw: Verbo Aoristo Imperativo Médio - 3ª Pessoa Singular kei/rw corte [os seus

cabelos]ei) Conjunção [condicional] ei) se

de\ Conjunção Adversativa Pospositiva de/ mas

ai)sxro\n Adjetivo Nominativo Neutro Singular ai)sxro/j vergonhoso

gunaiki\ Substantivo Dativo Feminino Singular gunh/ [para a] mulher

to\ Artigo Nominativo Neutro Singular o( o

kei/rasqai Verbo Aoristo Infinitivo Médio kei/rw cortar

h)\ Conjunção h)/ ou

cura=sqai, Verbo Aoristo Infinitivo Médio cura/omai raspar

katakalupte/sqw. Verbo Presente Imperativo Médio - 3ª Pessoa Singular katakalu/ptomai [então] cubra-se

v.7a)nh\r Substantivo Nominativo Masculino Singular a)nh/r homem

me\n Conjunção me/n [sem tradução]4

ga\r Conjunção Pospositiva ga/r pois

ou)k Advérbio de Negação ou) não

o)fei/lei Verbo Presente Indicativo Ativo - 3ª Pessoa Singular o)fei/lw deve

katakalu/ptesqai Verbo Presente Infinitivo Médio katakalu/ptomai cobri

th\n Artigo Acusativo Feminino Singular o( a

kefalh/n Substantivo Acusativo Feminino Singular kefalh/ cabeça

ei)kw\n Substantivo Nominativo Feminino Singular ei)kw/n imagem

kai\ Conjunção kai/ e

do/ca Substantivo Nominativo Feminino Singular do/ca glória

qeou= Substantivo Genitivo Masculino Singular qeo/j de Deus

u(pa/rxwn: Verbo Nominativo Masculino Singular Presente Particípio Ativo u(pa/rxw estando presente

4 Cf. a informação contida no verbete me/n. Ibid.,

Page 8: Exegese Em I Coríntios - Parte Ia

h( Artigo Nominativo Feminino Singular o( a

gunh\ Substantivo Nominativo Feminino Singular gunh/ mulher

de\ Conjunção Adversativa Pospositiva de/ mas

do/ca Substantivo Nominativo Feminino Singular do/ca glória

a)ndro/j Substantivo Genitivo Masculino Singular a)nh/r do homem

e)stin. Verbo Presente Indicativo Ativo - 3ª Pessoa Singular ei)mi/ é

v.8ou) Advérbio ou) não

ga/r Conjunção Pospositiva ga/r pois

e)stin Verbo Presente Indicativo Ativo - 3ª Pessoa Singular ei)mi/ é

a)nh\r Substantivo Nominativo Masculino Singular a)nh/r homem

e)k Preposição e)k de [tem a sua origem em]

gunaiko/j Substantivo Genitivo Feminino Singular gunh/ mulher

a)lla\ Conjunção a)lla/ mas

gunh\ Substantivo Nominativo Feminino Singular gunh/ mulher

e)c Preposição e)k de [tem a sua origem em]

a)ndro/j: Substantivo Genitivo Masculino Singular a)nh/r homem

v.9kai\ Advérbio kai/ semelhantemente

ga\r Conjunção Pospositiva ga/r pois

ou)k Advérbio ou) não

e)kti/sqh Verbo Aoristo Indicativo Passivo - 3ª Pessoa Singular kti/zw foi criado

a)nh\r Substantivo Nominativo Masculino Singular a)nh/r homem

dia\ Preposição dia/ por causa de

th\n Artigo Acusativo Feminino Singular o( a

gunai=ka, Substantivo Acusativo Feminino Singular gunh/ mulher

a)lla\ Conjunção a)lla/ mas

gunh\ Substantivo Nominativo Feminino Singular gunh/ mulher

dia\ Preposição dia/ por causa de

to\n Artigo Acusativo Masculino Singular o( o

a)/ndra. Substantivo Acusativo Masculino Singular a)nh/r homem

v.10 dia\ Preposição dia/ por causa de

tou=to Pronome Demonstrativo Acusativo Neutro Singular ou(=toj este

o)fei/lei Verbo Presente Indicativo Ativo - 3ª Pessoa Singular o)fei/lw deve

h( Artigo Nominativo Feminino Singular o( a

gunh\ Substantivo Nominativo Feminino Singular gunh/ mulher

e)cousi/an5 Substantivo Acusativo Feminino Singular e)cousi/a sinal de

5 Existe também a possibilidadede textual em alguns manuscritos de kalluma kai ecousian [trad. véu e sinal de autoridade], determinando, portanto, o uso do elemento “véu”, que até entào não fora usado explicitamente.

Page 9: Exegese Em I Coríntios - Parte Ia

autoridade, véue)/xein Verbo Presente Infinitivo Ativo e)/xw ter

e)pi\ Preposição e)pi/ sobre

th=j Artigo Genitivo Feminino Singular o( a

kefalh=j Substantivo Genitivo Feminino Singular kefalh/ cabeça

dia\ Preposição dia/ por causa de

tou\j Artigo Acusativo Masculino Plural o( os

a)gge/louj. Substantivo Acusativo Masculino Plural a)/ggeloj anjos

v.11

plh\n Conjunção plh/n além disso, todavia

ou)/te Conjunção ou)/te nem, e não

gunh\ Substantivo Nominativo Feminino Singular gunh/ mulher

xwri\j Preposição xwri/j separado, a parte

a)ndro\j Substantivo Genitivo Masculino Singular a)nh/r do homem

ou)/te Conjunção ou)/te nem

a)nh\r Substantivo Nominativo Masculino Singular a)nh/r homem

xwri\j Preposição xwri/j separado, a parte

gunaiko\j Substantivo Genitivo Feminino Singular gunh/ da mulher

e)n Preposição e)n em

kuri/%: Substantivo Dativo Masculino Singular ku/rioj Senhor

v.12w(/sper Conjunção w(/sper assim como

ga\r Conjunção ga/r porque, então

h( Artigo Nominativo Feminino Singular o( a

gunh\ Substantivo Nominativo Feminino Singular gunh/ mulher

e)k Preposição e)k de dentro de, provém de

tou= Artigo Genitivo Masculino Singular o( o

a)ndro/j, Substantivo Genitivo Masculino Singular a)nh/r homem

ou(/twj Advérbio ou(/tw deste modo

kai\ Advérbio kai/ também

o( Artigo Nominativo Masculino Singular o( o

a)nh\r Substantivo Nominativo Masculino Singular a)nh/r homem

dia\ Preposição dia/ através de, por meio de,

th=j Artigo Genitivo Feminino Singular o( a

gunaiko/j: Substantivo Genitivo Feminino Singular gunh/ mulher

ta\ Artigo Nominativo Neutro Plural o( este

de\ Conjunção de/ mas, além do mais

pa/nta Adjetivo Nominativo Neutro Plural pa=j todos, todas as coisas

e)k Preposição e)k provêm

tou= Artigo Genitivo Masculino Singular o( de

qeou=. Substantivo Genitivo Masculino Singular qeo/j Deus

v.13

Page 10: Exegese Em I Coríntios - Parte Ia

e)n Preposição e)n em, por

u(mi=n Pronome Possessivo Dativo Plural su/ a vós, para vós

au)toi=j Pronome Possessivo Dativo Plural au)to/j de si mesmos

kri/nate: Verbo Aoristo Imperativo Ativo - 2ª Pessoa Plural kri/nw julgai

pre/pon Verbo Nominativo Neutro Singular Presente Particípio Ativo pre/pei ser apropriado,

conveniente

e)sti\n Verbo Presente Indicativo Ativo - 3ª Pessoa Singular ei)mi/ ser, estar

gunai=ka Substantivo Acusativo Feminino Singular gunh/ mulher

a)kataka/lupton Adjetivo Acusativo Feminino Singular a)kataka/luptoj sem véu, descoberta

t%= Artigo Dativo Masculino Singular o( a

qe%= Substantivo Dativo Masculino Singular qeo/j Deus

proseu/xesqai; Verbo Presente Infinitivo Médio proseu/xomai orar?

v.14ou)de\ Advérbio ou)de/ também não

h( Artigo Nominativo Feminino Singular o( a

fu/sij Substantivo Nominativo Feminino Singular fu/sij natureza

au)th\ Pronome Possessivo Nominativo Feminino Singular au)to/j de si mesma

dida/skei Verbo Presente Indicativo Ativo - 3ª Pessoa Singular dida/skw ensina

u(ma=j Pronome Possessivo Acusativo Plural su/ vos

o(/ti Conjunção o(/ti que

a)nh\r Substantivo Nominativo Masculino Singular a)nh/r homem

me\n Conjunção me/n de fato

e)a\n Conjunção e)a/n se

kom#= Verbo Presente Subjuntivo Ativo – 3ª Pessoa Singular koma/w

deixar o cabelo crescer, ter o cabelo comprido

a)timi/a Substantivo Nominativo Feminino Singular a)timi/a desonra

au)t%= Pronome Possessivo Dativo Masculino Singular au)to/j para ele mesmo

e)stin, Verbo Presente Indicativo Ativo - 3ª Pessoa Singular ei)mi/ é?

v.15gunh\ Substantivo Nominativo Feminino Singular gunh/ mulher

de\ Conjunção de/ mas

e)a\n Conjunção e)a/n se

kom#= Verbo Presente Subjuntivo Ativo - 3ª Pessoa Singular koma/w

deixar o cabelo crescer, ter o cabelo comprido

do/ca Substantivo Nominativo Feminino Singular do/ca glória

au)tv= Pronome Possessivo Dativo Feminino Singular au)to/j para ela, a ela

e)stin; Verbo Presente Indicativo Ativo - 3ª Pessoa Singular ei)mi/ é

o(/ti Conjunção o(/ti porque

h( Artigo Nominativo Feminino Singular o( o

ko/mh Substantivo Nominativo Feminino Singular ko/mh cabelo

Page 11: Exegese Em I Coríntios - Parte Ia

a)nti\ Preposição a)nti/ em lugar de

peribolai/ou Substantivo Genitivo Neutro Singular peribo/laion manto, véu

de/dotai Verbo Imperativo Indicativo Passivo – 3ª Pessoa Singular di/dwmi foi dado

[au)tv=]. Pronome Possessivo Dativo Feminino Singular au)to/j a ela

v.16Ei) Conjunção ei) se

de/ Conjunção de/ mas

tij Pronome Interrogativo Nominativo Masculino Singular ti\j alguém

dokei= Verbo Presente Indicativo Ativo - 3ª Pessoa Singular doke/w pensar, supor

filo/neikoj Adijetivo Nominativo Masculino Singular filo/neikoj contencioso

ei)=nai, Verbo Presente Infinitivo Ativo ei)mi/ ser

h(mei=j Pronome Possessivo Plural Neutro e)gw/ nós

toiau/thn Pronome demonstrativo Acusativo Feminino Singular toiou=toj como esse

sunh/qeian Substantivo Acusativo Feminino Singular sunh/qeia costume

ou)k Advérbio ou) não

e)/xomen Verbo Presente Indicativo Ativo – 1ª Pessoa Plural e)/xw temos

ou)de\ Conjunção ou)de/ também não

ai( Artigo Neutro Feminino Plural o( as

e)kklhsi/ai Substantivo Neutro Feminino Plural e)kklhsi/aigrejas, assembléias de cristãos

tou= Artigo Genitivo Masculino Singular o( de

qeou=. Substantivo Genitivo Masculino Singular qeo/j Deus

Page 12: Exegese Em I Coríntios - Parte Ia

3 TRADUÇÃO

3.1 Tradução Literal2 [Eu] louvo ora vos porque todos de mim tendes lembrado e assim como entreguei a

vós as tradições tendes mantido. 3 desejo porém vos ter compreendido que de todo

do homem a cabeça o Cristo é cabeça mas da mulher o homem cabeça e do de

Cristo o Deus. 4 todo homem que ora ou que profetiza contra a cabeça tendo algo

sobre si envergonha a cabeça dele. 5 toda e mulher que ora ou que profetiza [com]

descoberta a cabeça envergonha a cabeça dela um pois é e, como o si mesmo ao

tendo raspado [seus cabelos]. 6 se pois não cobre-se mulher e [então] corte [os seus

cabelos] se mas vergonhoso [para a] mulher o cortar ou raspar [então] cubra-se. 7

homem pois não deve cobri a cabeça imagem e glória de Deus estando presente a

mulher mas glória do homem é. 8 não pois é homem de [tem a sua origem em] mulher mas mulher de [tem a sua

origem em] homem. 9 semelhantemente pois não foi criado homem por causa de a

mulher mas mulher por causa de o homem. 10 por causa de este deve a mulher sinal

de autoridade [véu] ter sobre a cabeça por causa de os anjos 11 além disso [todavia]

nem [e não] mulher separado [a parte] do homem nem homem separado [a parte]

da mulher em Senhor 12 assim como porque [então] a mulher de dentro de [provém

de] o homem deste modo também o homem através de [por meio de] a mulher este

mas [além do mais] todos [todas as coisas] provêm de Deus 13 em, por a vós [para

vós] de si mesmos julgai ser apropriado [conveniente] ser [estar] mulher sem véu

[descoberta] a Deus orar? 14 também não a natureza de si mesma ensina vos que

homem de fato se deixar o cabelo crescer [ter o cabelo comprido] desonra para ele

mesmo é? 15 mulher mas se deixar o cabelo crescer [ter o cabelo comprido] glória

para ela [a ela] é porque o cabelo em lugar de manto [véu] foi dado a ela. 16 se mas

alguém pensar contencioso ser nós como esse costume não temos também não as

igrejas [assembléias de cristãos] de Deus.

3.2 Tradução Pessoal2 Ora, [eu] os louvo, porque todos [vocês] têm-se lembrado de mim e, assim como

lhes entreguei as tradições, [assim também] vocês as têm mantido. 3 Desejo, porém,

[que] vocês tenham compreendido que Cristo é o cabeça de todo homem, mas [que]

o cabeça da mulher é o homem, e o cabeça de Cristo é Deus. 4 Todo homem que,

enquanto ora ou profetiza mantém algo sobre a sua cabeça, envergonha o cabeça

Page 13: Exegese Em I Coríntios - Parte Ia

dele; 5 e toda mulher que, enquanto ora ou profetiza [com] a cabeça descoberta,

envergonha o cabeça dela, pois é como se tivesse raspado [o seu próprio cabelo]. 6

Se, pois, a mulher não se cobre, [então, que] corte [os seus cabelos], mas, se [for]

vergonhoso [para a] mulher cortá-los ou raspá-los, [então], que se cubra. 7 O

homem, pois, não deve cobrir a cabeça, pois nele está presente a imagem e a glória

de Deus, mas, [quanto] a mulher, [nela está a glória] do homem. 8 Pois o homem não

tem sua origem na mulher, mas a mulher é que tem sua origem no homem, 9 pois,

semelhantemente, o homem não foi criado por causa da mulher, mas a mulher foi

criada por causa do homem. 10 por causa disso e por causa dos anjos, a mulher

deve ter um sinal de autoridade sobre a sua cabeça. 11 além disso, no Senhor, a

mulher não é independente do homem nem o homem independente da mulher. 12pois assim como a mulher veio do homem, assim também o homem é nascido da

mulher, além do mais todas as coisas provêm de Deus. 13Julgai, por vocês mesmos,

se é conveniente a mulher orar a Deus estando [com a cabeça] descoberta? 14Também, a natureza, de si mesma, não ensina à vocês que se um homem deixar o

cabelo crescer traz desonra para ele mesmo, 15mas se a mulher deixar o cabelo

crescer isso é glória para ela? [Por isso] o cabelo foi lhe dado em lugar do véu. 16Mas, se alguém quer pensar contenciosamente, esse não é nosso costume, não o

temos, nem as igrejas de Deus.

4 GÊNERO LITERÁRIO

A definição de um gênero literário é de fundamental importância para o auxílio

de uma correta interpretação bíblica, o qual é o objetivo maior de uma exegese. Isto

porque, de certo modo, ele determinará o modo como o autor deverá escrever e

dispor o seu trabalho. Isto é verdade para qualquer gênero literário, inclusive em

relação as epistolas, grupo como o qual estaremos trabalhando.

Quando referimos a epistolas, estamos falando que aproximadamente oitenta

por cento do Novo Testamento é formado por epístolas das mais diversas. Das vinte

e uma epistolas do Novo Testamento, três são de João, duas são de Pedro, uma de

Judas, uma de Tiago, uma é de autor desconhecido e as treze restantes, a maior

parte delas, são de autoria paulina, das quais nos dignamos a estudar o seu primeiro

documento escrito aos Coríntios. Mas, quando nos referimos a este documento

paulino, estamos falando de epistolas ou de cartas?

Page 14: Exegese Em I Coríntios - Parte Ia

Este tem sido nos últimos anos, graças a Adolf Deissmann e sua definição

que divide em dois grupos distintos epistolas e cartas, um tema de controvérsia nos

meios acadêmicos. Para Deissmann, “as epistolas são peças de literatura pública

cuidadosamente redigidas”, enquanto as cartas “são comunicações particulares

redigidas sem maior preocupação”.6 A partir destas definições a primeira grande

pergunta que precisamos fazer para estabelecer o gênero literário dos textos

paulinos é: Existe alguma diferença entre carta e epistola como afirma Deissmann?

Kümmel parece entender que há relevância na afirmação de Deissmann. Ele

diz que existem vinte e um escritos neotestamentários que têm a forma epistolar,

mas que nem todos são realmente cartas7. Neste argumento, ele exclui a epistola

aos Hebreus, a de Tiago, a segunda e a terceira de João e Apocalipse, que começa

seguindo o padrão epistolar8, mas após alguns capítulos, assume definitivamente o

gênero apocalíptico. Contudo, ele fecha qualquer argumento dizendo que o modelo

seguido por Paulo está mais próximo de documentos epistolares orientais ou

judaicos9.

De fato, confirma Guthrie, que Paulo, embora tendo capacidade de usar a

língua grega (At.27.31), tinha certos problemas que originava algumas dificuldades

de entendimento e interpretação, por sua linguagem não ser orientada pela cultura

helênica, mas pela necessidade dos leitores10, isto é, conforme o necessário ele

adaptava o estilo epistolar. Guthrie, por conseguinte, parece aceitar que mesmo

havendo uma diferença estilística, Paulo não se conformava com nenhum deles,

mas unia ambos num só estilo, criando um novo meio literário capaz prestar um

grande serviço à Igreja e ao Reino.11

6 DEISSMANN, Adolf. Prolegomena to the Biblical letters and epistoles. apud. CARSON, D. A., Moo, Douglas J. e MORRIS, Leon. Introdução ao Novo Testamento. São Paulo: Edições Vida Nova, 2001

7 KÜMMEL, Werner George. Introdução ao Novo Testamento. São Paulo: Edições Paulinas, 1982. 316-317

8 Segundo a maioria dos autores uma epistola é composta de: (a) uma saudação e a indicação o nome o remetente e o destinatário; (b) ação de graças e oração; (c) assunto principal; (d) conclusão composta de uma mensagem de saudação e votos de felicidade em nome de alguém. Cf. KÜMMEL. Introdução ao NT. 317; GUTHRIE, Donald. New Testament Introduction. London: Inter-Varsity Press, 1970

9 KÜMMEL. Introdução ao NT. 31710 GUTHRIE, Donald. New Testament Introduction. London: Inter-Varsity Press, 1970. 38911 Ibid., 387

Page 15: Exegese Em I Coríntios - Parte Ia

Contudo, a grande maioria hoje entende que é impossível estabelecer

qualquer distinção entre cartas particulares ou públicas,12 mesmo que seja a

distinção entre cartas mais ou menos privada como faz W. G. Doty.13 É uma tentativa

ingrata fazer alguma distinção entre os “modelos”, portanto, falar em carta ou

epistola é se apropriar de sinônimos. Porém, para fins metodológicos estaremos

empregando o termo epistola aos coríntios no corpo deste trabalho, para nos referir

a I Coríntios.

Respondendo, então, esta primeira questão uma outra surge: por que Paulo e

a grande maioria dos escritores neotestamentários utilizaram este estilo literário?

Dr. Carson responde isto de uma forma bem direta, porém dupla. Segundo

ele, o primeiro motivo foi a que a expansão missionária trouxe um rápido

crescimento para a Igreja, o que gerou a necessidade de um meio de comunicação

para unir as igrejas distantes e as cartas foram o meio óbvio,14 conclui Carson.

O segundo motivo seria o sentimento de proximidade15. Paulo e as demais

pessoas do seu tempo, como também num passado mais próximo de nós,

consideravam as cartas como um meio à distância, se fazerem pessoalmente

presentes,16 desta forma, ele podia se fazer presente às igrejas, atendendo

perfeitamente as necessidades das mesmas, pastorenado assim seus rebanhos,

mesmo à distância. Por isso, não é de se estranhar aspectos da personalidade e do

estado de espírito de certos textos paulinos: a sua consternação, em II Coríntios, a

sua expectativa em ser martirizado, II Timóteo, etc.

Portanto, o uso de um modelo epistolar deve-se a necessidade da igreja

nascente de cumprir o seu mandato missionário, edificando e instruindo os crentes e

levando avante a mensagem do evangelho, ainda, para o cuidado pastoral e para a

defesa da “nova” fé, que se espalhara por todo o mundo conhecido.17 Logo, isto

justifica e explica qualquer uso deste gênero literário por parte dos escritores do

Novo Testamento, incluindo mais profícuo deles, Paulo.

12 CARSON, D. A., MOO, Douglas J. e MORRIS, Leon. Introdução ao Novo Testamento. São Paulo: Edições Vida Nova, 2001. 262

13 DOTY, W.G. The Classification of Epistolary Literature, Em: The Catholic Biblical Quarterly, nº31. 1969. 183-184

14 CARSON, MOO, MORRIS. Introdução ao Novo Testamento, 26115 Ibid., 26116 Ibid., 26217 KÜMMEL. Introdução ao NT. 319

Page 16: Exegese Em I Coríntios - Parte Ia

5 ESTRUTURA DO CONTEXTO

A partir da leitura e análise do contexto anterior e posterior da passagem em

estudo, chegamos à seguinte estrutura contextual:

5.1 Contexto Anterior [I Co.10.23-33; 11.1]

I. Todos os interesses do cristão devem contribuir para o bem do próximo - [v.23-30]

II. Todos os interesses do cristão devem glorificar a Deus – [v.31-32]

III.Todos os interesses do cristão devem visar a salvação do próximo – [v.33; 11.1]

5.2 Contexto Posterior [I Co.11.17-34]

I. A condenação dos interesses particulares – [v.17-22]

II. O exemplo de Cristo em buscar os interesses dos outros – [v.23-26]

III.A exortação a verdadeira unidade – [v.33-34]

6 CONTEXTO HISTÓRICO

Como já temos trabalhado a algum tempo, para uma boa compreensão de

uma passagem das Escrituras e para a sua correta interpretação, temos que

considerar o fato de que o texto bíblico está condicionado dentro de um contexto

histórico que proveu um ambiente no qual ele seria desenvolvido, de sorte que ele

traz consigo alguns deste elementos, os quais não foram desprezados por Deus no

ato da revelação e, portanto, não devem ser desprezados por nós no ato da

interpretação. Vejamos o que o contexto histórico desta epistola tem a nos dizer:

6.1 Autor

A autoria de um documento tem muito a dizer a respeito do próprio

documento. As características do autor, sua realidade, seu pensamento, sua

teologia tudo isso foi usado pelo Espírito Santo e encontram-se em cada sentença

por ele escrita. Deus respeitou a personalidade de cada um dos seus “amanuenses”

ao revelar-se de forma escrita. Portanto, esta personalidade preservada, de algum

modo pode nos auxiliar neste tipo de trabalho.

Identificar a autoria deste documento chamado epistola aos coríntios,

portanto, demonstrará a veracidade e a confiabilidade deste documento como

palavra de Deus revelada por intermédio do apóstolo Paulo. nisto concordamos com

o Dr. Guthrie18 quando ele diz que antes de tratar os escritos paulinos sob uma ótica 18 GUTHRIE. New Testament Introduction, 386.

Page 17: Exegese Em I Coríntios - Parte Ia

crítica e metodológica é preciso conhecer a personalidade deste grande homem de

Deus. É necessário, portanto, a observação e avaliação de outros elementos que

possam sinalizar com mais eficiência os detalhes a favor da autoria paulina da

primeira epistola aos coríntios.

6.1.1 Evidências Internas

Diferentemente de outras obras do Novo Testamento, é preciso ter em mente

que a epistola ao coríntios é universalmente aceita pela cristandade como sendo de

autoria paulina. Embora haja algumas considerações sobre acréscimos ou pequenas

interpolações, a autenticidade desta obra não foi questionada nem mesmo pelos

críticos da Escola de Tübingen.19

Para eles, a maior evidência da autoria paulina deste documento é a posição

antijudaizante (possivelmente em I Co.1.10-30) que Paulo assume em algumas de

suas epistolas, inclusive nesta. Assim os scholars de Tübingen, admitiam que

somente sob este ponto-de-vista é que algum documento que reivindique a autoria

paulina deva ser aceito como tal.20 Contudo, esta não é a maior evidência do texto

em favor da autoria paulina desta epistola.

Seguindo a metodologia epistolar, Paulo inicia a epistola aos coríntios com a

saudação, na qual ele se identifica [gr. Pau=loj klhto\j a)po/stoloj

Xristou= )Ihsou= dia\ qelh/matoj qeou=]. Não é encontrada nenhuma variante

desta saudação em outros manuscritos21, o que pode como indicação de

unanimidade do reconhecimento da redação deste texto, não havendo qualquer

necessidade de acréscimo por parte dos copistas.

Outra evidência interna é o próprio pedido de instruções sobre questões como

casamento e divórcio, alimentos oferecidos a ídolos, dons espirituais, dentre outras

mais, que a própria igreja de Corinto havia feito a Paulo (I Co.7.1-25;8.1;12.1;16.1),

além do pedido de que Apolo os fosse visitar (I Co.16.12). O apóstolo estava, então,

diante de um grande desafio, uma grande tarefa e esta longa carta aos Coríntios foi

uma tentativa de resolver e tratar cada uma das questões referidas a ele.22

19 KÜMMEL. Introdução ao NT. 32020 Ibid., 32021 Cf. aparato crítico: ALAND. The Greek New Testament - 3rd Edition, 578..22 Bíblia de Estudo de Genebra. São Paulo e Barueri: Editora Cultura Cristã e Sociedade Bíblica

do Brasil, 2001. 1343.

Page 18: Exegese Em I Coríntios - Parte Ia

Outra evidência quanto a autoria paulina desta epistola é a saudação final

escrita de próprio punho por Paulo, o que, naquela época, era o costume bastante

usual. Mesmo no caso de uso de amanuense (Rm.16.22), como era característico

de Paulo, não deixava de marcá-las com sua saudação (1 Co 16.21). Esta prática

tinha a finalidade de autenticar a autoria de um determinado documento. Assim,

“quando as epístolas [paulinas] eram lidas em voz alta, era somente desta maneira

que a comunidade podia ficar sabendo que esta adição era do próprio punho de

Paulo”23 e, consequentemente, reconhecer a sua autoria.

6.1.2 Evidências Externas

As evidências externas que encontramos acerca da autoria paulina da

epistola aos coríntios são restritos basicamente aos escritos da era patrística,

mesmo porque é neste período que encontramos os testemunhos acerca dos

escritos do Novo Testamento.

Kümmel afirma que este é um dos poucos documentos cuja a autoria não é

contestada, mesmo nos meios críticos. Acrescenta-se a isso o fato que a epistola

aos coríntios era claramente conhecida nos dois primeiros séculos, o que pode ser

confirmado pelos escritos de Clemente de Roma e Inácio de Antioquia.24

Carson também considera o testemunhos destes pais apostólicos como

suficientes para afirmar a autoria paulina de Coríntios. Porém, podemos encontrar

referência às duas epístolas de Paulo aos coríntios no Cânon de Muratori, que é o

documento mais antigo que se tem a respeito do cânon bíblico do Novo Testamento,

por ter sido escrito por volta do ano 150 [A.D.], uma vez que cita o nome de Pio,

bispo de Roma de 143 à 155 [A.D.].25

O autor deste cânon demonstra que a igreja de seus dias reconhecia a

existência de sete cartas paulinas, i.e., as que constam atualmente em nosso cânon,

e declarando falsas as cartas aos Laodicenses e aos Alexandrinos e, ainda,

confirmando a autenticidade da segunda epistola aos coríntios.26

23 Ibid., 32124 1 Clem.37.5; 47.1-3;49.5. Inácio: Ef.16.1-3; 18.1; Rm.5.1, Filad.3.3. Cf. KÜMMEL. Introdução ao

NT. 354; CARSON, MOO, MORRIS. Introdução ao Novo Testamento, 31625 Cânon de Muratori. Dinponível em: <http://www.geocities.com/Athens/Aegean. htm> Acesso

em: 11 de junho de 200226 Ibid.

Page 19: Exegese Em I Coríntios - Parte Ia

De fato, como mencionamos anteriormente, nunca houve problema alguma

para a aceitação canônica da epístola aos coríntios,27 nem mesmo a tão

controvertida Escola de Tübingen, que ainda reconhece como legítimos outros

documentos paulinos,28 foi capaz de negar Paulo como a autor deste documento.

Isto, segundo eles, porque é possível perceber características antijudaizantes, uma

marca da teologia paulina.29 Talvez esta seja a maior “evidência externa” moderna a

favor de Paulo.

6.2 Data e Local

Chegar a uma data segura para a redação de livros do Novo Testamento não

é algo fácil, como bem sugeriu Carson.30 A existência, entretanto, de certas

evidências internas acerca tanto da data como do local no texto da epistola aos

coríntios facilita a datação e a localização da redação deste documento.

Carson atrela a data de redação deste documento à ascensão de Gálio ao

proconsulado da Acáia [cerca de 51 A.D.], perante o qual o próprio Paulo

compareceu perante o qual o próprio Paulo compareceu, levado por uma turba de

judeus [At.18.12-17]. Após a sua liberação, ele permaneceu um período em

Coríntios, indo depois para a Síria e permanecendo cerca de dois anos e meio em

Éfeso.

Considerando que a ascensão de Gálio se deu por volta de junho de 51A.D. e

acrescentando a esta data cerca mais ou menos 3 anos, encontramos uma data

aproximada entre 54 e 55 A.D.31, período que coincide com a permanência em Éfeso

que é o lugar onde Paulo estava enquanto escrevia esta epistola (I Co.16.8). Não

havendo, portanto, nenhum problema também com a datação e definição do local da

redação desta epistola. Paulo, diferentemente de outros autores do NT, teve alguns

cuidados de dar-nos muitas evidências suas em seus escritos.

27 CARSON, MOO, MORRIS. Introdução ao Novo Testamento, 31628 KÜMMEL. Introdução ao NT. 320. Cf. Kümmel: F.C. Baur e Tübingen reconheciam as

chamadas “Gosse Briefe ” [grandes cartas], i.e., Gálatas, I e II Coríntios, Romanos.29 Ibid., 32030 CARSON, MOO, MORRIS. Introdução ao Novo Testamento, 21731 Ibid., 315. Cf. Kümmel. Introdução ao NT, 359-360

Page 20: Exegese Em I Coríntios - Parte Ia

6.3 Conteúdo32

Podemos sintetizar e esboçar todo o conteúdo da epistola aos coríntios de

acordo com o esquema que se segue:

I. INTRODUÇÃO [I CO.1.1-9]

(a) Saudações [I CO.1.1-3]

(b) Ação de Graças [I CO.1.4-9]

II. DESORDENS RELATADAS A PAULO [I CO.1.10 - 6.20]

(a) o espírito de divisão [I Co.1.10 – 4.21]

i. a estima supervalorizada de pregadores [I CO.1.13;3.17]

ii. combate a arrogância humana [I CO.3.18 – 4.1-13]

(b) o problema de pecados morais [I Co.5.1-13 e 6.12-20]

(c) apelação aos tribunais [I Co.6.1-11]

III. PROBLEMAS LEVANTADOS PELOS CORÍNTIOS [I CO.7.1 - 15.58]

(a) o casamento [I Co.7.1-40]

(b) carnes sacrificadas a ídolos [I Co.8.1 – 11.1]

(c) desordens na adoração pública [I Co.11.2-34]

i. o uso do véu [I Co.11.2-11]

ii. a Ceia do Senhor [I Co.11.12-34]

(d) dons espirituais [I Co.12.1 – 14.40]

i. o uso do véu [I Co.11.2-11]

ii. o amor é o principal dom [I Co.11.2-11]

(e) ressurreição [I Co.15.1-58]33

i. a ressurreição de Cristo [I Co.15.1-11]

ii. as conseqüências de se negar a ressurreição de Cristo [I Co.15.12-19]

iii. as conseqüências da ressurreição de Cristo [I Co.15.20.28]

iv. argumentos da experiência cristã [I Co.15. 29-34]

v. o corpo ressuscitado revelado na natureza e Escrituras [I Co.15.35-49]

vi. a vitória sobre a morte [I Co.15.50-58]

IV. CONCLUSÃO [I CO.16.1-24]

32 Este esquema está primariamente baseado em Guthrie, sendo apliado por meio do acréscimo de material de outros autores que estão sendo consultados, de modo a tornar mais abrangente este esboço do conteúdo. Cf. GUTHRIE. New Testament Introduction, 443-446; Kümmel. Introdução ao NT, 347; MORRIS, Leon. Introdução e Comentário – Série Cultura Bíblica. São Paulo: Edições Vida Nova e Editora Mundo Cristão, 1992. 24-26

33 Este é o único capítulo de caráter teológico desta epistola.

Page 21: Exegese Em I Coríntios - Parte Ia

(a) a coleta para os necessitados [I Co.16.1-4]

(b) os planos de Paulo [I Co.16.5-9]

(c) Timóteo e Apolo [I Co.16.10-12]

(d) Exortação [I Co.16.13-18]

(e) Saudações finais [I Co.16.19-24]

6.4 Propósito

Quando trabalhamos a epistola de Paulo ao Coríntios não podemos falar em

um único propósito, mas em propósitos, por existir pelo menos dois em todo o

escopo dela. Para o Dr. Fee, a epistola aos coríntios é responder a situação que

havia instalado na Igreja de Corinto no intervalo de aproximadamente três anos,

entre a partida de Paulo, por volta de 51-52 A.D., e a redação da primeira epistola,

54-55 A.D.34 Para ele, como para os demais autores consultados, a identificação do

da causa é um elemento intrínseco ao conteúdo texto epistolar.35

Paulo dignou-se a responder, primeiramente as informações que lhe foram

transmitidas por pessoas ligadas a casa Cloe [1 Co.1.11]. Estas notícias chegaram a

Paulo separadamente do questionário oficial, que lhe fora enviado pela igreja. Tais

revelações acerca de inquietantes irregularidades na conduta dos crentes de

Corinto, que estavam tornado a ruptura com a sociedade pagã tão indefinida quanto

possível [ver. Conteúdo]. Kümmel parece sarcástico quando afirma que o perfil da

comunidade traçado pelos da casa Cloe não era favorável aos coríntios36. Essa

questão causou tanto efeito a Paulo, que ele gastou seis capítulos tratando dela

antes de sequer tocar nas questões sobre as quais lhe tinham escrito.37

Nesta primeira etapa, temos que considerar a preocupação de Paulo quanto

as divisões que existiam dentro da igreja. Paulo estava fortemente preocupado com

estas discórdias e cisões dentro da comunidade [1 Co.1.12]. Estas divisões, ao que

parece, surgiram não da presença de vários mestres itinerantes que por ali

passavam, mas, segundo Kümmel, é fruto de uma simpatia sem razão aparente de

ser que alguns membros da comunidade sentiam por determinado apóstolo ou 34 FEE, Gordon. The New Internacional Commentary on the New Testament – The First

Epistle to the Corithians. Grand Rapids: Wm. Eerdmans Publishing Co., 1987. 535 Ibid., 5; KÜMMEL. Introdução ao NT. 351; CARSON, MOO, MORRIS. Introdução ao Novo

Testamento.36 KÜMMEL. Introdução ao NT. 35037 MORRIS, Leon. 1 Coríntios - Introdução e Comentário. São Paulo: Edições Vida Nova e

Editora Mundo Cristão, 1992. 19

Page 22: Exegese Em I Coríntios - Parte Ia

pregador,38 que neste caso, parece surgir mediante o ato do batismo ministrado por

um destes líderes.

Isso adquire sentido quando observamos a afirmação de Paulo, quando o

mesmo afirma que a ninguém batizou, para que este indivíduo dissesse que fora

batizado em nome do Apóstolo [1 Co.1.14-15]. Deduz-se que os coríntios admitiam

um sentido místico no batismo, que os unia com aquele que os havia batizado,

podendo estabelecer algumas características deste grupo mediante uma análise do

seu ícone, como faz Dr. Kümmel.39 Porém, o Dr. Fee demonstra que as divisões

tinham mais um aspecto socioeconômico [cf. 1Co.11.17-34], do que realmente

teológico, embora, este último argumento não seja de todo negado por ele.40

Temos que considerar ainda os outros elementos do relatório dado pelos de

Cloe. Além da questão sectária, Paulo teve que tratar ainda questões como o

incesto [1 Co.5.1], que a igreja não estava considerando como passível de correção,

provavelmente porque achavam difícil odiar o sensualismo anteriormente

considerado divino.41

A existência de um espírito contencioso entre os coríntios era outro problema

a ser tratado, porque era motivo de escândalo para a cidade ver que os da Igreja

resolviam os seus problemas diante da autoridades da cidade [1 Co.6.1-11]. Paulo

questiona seriamente esta prática: Não há, porventura, nem ao menos um sábio

entre vós, que possa julgar no meio da irmandade? [1 Co.6.5]. Este foi o

questionamento de Paulo, após demonstrar que seria a responsabilidade da igreja

julgar o mundo [1 Co.6.2-4]. Somos obrigados, portanto, a concordar como Dr.

Morris que a epistola aos coríntios é primeiramente uma obra que visa à reforma do

comportamento daquela Igreja.42

A partir do capítulo sete, Paulo se propõe a responder alguns

questionamentos que lhe fora enviados pela Igreja de Corinto, por via de Estéfanas,

Fortunato e Acaico, que ao que parece também levaram algum tipo de suprimento

38 KÜMMEL. Introdução ao NT. 35139 Kümmel faz a seguinte relação: i. os de Cefas, eram representantes de um cristianismo judaico;

ii. os de Apolo, eram aqueles que admitiam um cristianismo mais intelectualizado; iii. os de Paulo, aqueles que defendiam o evangelho segundo o que havia sido entregue pelo apóstolo; iv. os de Cristo, grupo difícil de definir, também chamados os espirituais [gr. pneumatikoj]. Cf. KÜMMEL. Introdução ao Novo Testamento. 351-352.

40 FEE. The First Epistle to the Corithians. 541 PULLAN. L. The Books of the New Testament. op. cit. MORRIS. 1 Coríntios. 1942 MORRIS. 1 Coríntios. 19

Page 23: Exegese Em I Coríntios - Parte Ia

financeiro para o apóstolo [1 Co.16.15-16]. O teor destas questões sugerem uma

certa discordância do evangelho e dos ensinamentos de Paulo, como uma forma da

Igreja confrontar os ensinos e até mesmo as imposições feitas pelo apóstolo quando

este se encontrava em Corinto.43

Deste modo, a tarefa de Paulo teria um aspecto de reassumir a sua

autoridade em frente as insinuações das questões que colocava em cheque seu

apostolado. Dr. Fee vai dizer que Paulo enfrentou uma dupla dificuldade ao redigir

esta epistola, por um lado, justamente por conta desta oposição. Paulo teria que

demonstrar a sua autoridade sem danificar a imagem de servo que ele deixou como

exemplo para os futuros líderes da Igreja (1Co.3.5-9;4.1-5, especialmente 4.14-21).44

E por outro lado, Paulo teria que convencer dos erros e mudar a perspectiva

teológica daquela Igreja, corrigindo, portanto as práticas e os pensamentos deles em

relação ao evangelho paulino.45

Por fim, o apóstolo Paulo parece ter desejado relembrar algo daquilo que ele

havia ensinado (1Co.15.1) e, novamente transmitiu algum ensinamento a respeito da

ressurreição dos mortos, sendo segundo alguns o único capítulo evidentemente

teológico de toda a epistola aos coríntios.

De forma mais sintética, então, podemos dizer que o propósito de Paulo ao

escrever esta epístola era endireitar as desordens que os coríntios estavam

encarando superficialmente, responder as questões que foram levantadas pela

comunidade e ministrar um ensino doutrinário sobre a ressurreição.

6.5 Destinatário

Se não há dúvida quanto ao remetente também não há quanto ao

destinatário. Se a introdução desta epístola não é criticada e, portanto, é

considerada como legítima, temos que considerar que Paulo, quando escreveu esta

epistola, tinha em mente a Igreja que se encontrava na pomposa cidade de Corinto,

como ele próprio indica: à igreja de Deus que está em Corinto [gr. $` tv=

e)kklhsi/# tou= qeou= tv= ou)/sv e)n].

Segundo os historiadores, Corinto não apenas ocupava uma posição ideal

para controlar o comércio entre o norte e o sul, como era também um elo terrestre

43 FEE. The First Epistle to the Corithians, 744 Ibid., 745 Não entender por evangelho paulino, um outro evangelho diferente do de Cristo, mas este

mesmo evangelho apresentado nos padrões do apótolo dos gentios.

Gladson Perira da Cunha, 03/01/-1,
Encontrar utilidade para esta citação.
Page 24: Exegese Em I Coríntios - Parte Ia

indispensável entre o leste e o oeste,46 além de suas várias rotas marítimas que

convergiam para os seus portos,47 sendo um ponto de parada natural para as várias

rotas comerciais de Roma para o Oriente, sendo também o lugar onde elas se

encontravam.48

A cidade de Corinto, rica e antiga, foi destruída pelo romano L. Mummius

Achaicus, em 146 a.C. Porém, um século mais tarde, Júlio César fundou a cidade

novamente, dessa vez como colônia romana. Corinto cresceu, tornado-se muito

prospera e rica, e, a partir de 29 A.D., foi escolhida como sede proconsular e capital

da província senatorial da Acaia”.49 Rapidamente, então, a nova cidade de Corinto

reconquistou sua grandeza anterior.

Em sua nova população coloridamente misturada, florescia o sincretismo

religioso, devido a cidade atrair muitos homens de muitas raças orientais, havia ali,

gregos, judeus, e, em sua maioria, romanos, havendo então, sem dúvida, não

poucos soldados aposentados.

Corinto nunca foi conhecida pela sua influência nas artes ou na filosofia,

porém se tornou famosa por seu vícios e, particularmente, pela sua licenciosidade.50

A licenciosidade da velha Corinto fora proverbial, e a confusão de raças que agora

envolvia a nova Corinto, apressaria o processo pelo qual ela também viesse a

adquirir também uma reputação doentia. Acrescenta-se a isso o fato de Corinto ter

sido o centro de adoração a deusa Afrodite, cujo o culto era constituído de muitas

práticas imorais.51

Segundo A. M. Hunter no período neotestamentário, na mente popular,

Corinto sugeria cultura e cortesãs. Palavras coríntias era uma expressão que

implicava em pretensões a filosofia e letras, e corintianizar era uma forma polida de

dizer em grego ir para o diabo.52 Acorintiar podia ter o sentido de fornicar e moça

coríntia era uma maneira de se referir a uma prostituta.53 Portanto, é possível

46 CARSON, MOO, MORRIS. Introdução ao Novo Testamento, 29147 GUTHRIE. New Testament Introduction, 42148 MORRIS. 1 Coríntios, 1149 CARSON, MOO, MORRIS. Introdução ao Novo Testamento, 29250 GUTHRIE. New Testament Introduction, 42151 Ibid., 42152 MORRIS. 1 Coríntios, 1253 CARSON, MOO, MORRIS. Introdução ao Novo Testamento, 292

Page 25: Exegese Em I Coríntios - Parte Ia

percebemos que a sociedade de Corinto era intensamente influenciada por uma

cultura, que girava em torno da sensualidade e seus prazeres.

Segundo Dr. Morris, os habitantes de Corinto eram pronunciadamente

propensos a satisfazer os seus desejos, fossem de que espécie fossem. E, citando

Von Dobschütz, acrescenta:

O ideal dos coríntios era o atrevido desenvolvimento do indivíduo. O negociante que conseguia lucro por todo e qualquer meio, o amante de prazeres que se entregava a toda luxúria, o atleta acerado para todos os exercícios corporais e orgulhoso de usa força física, são os verdadeiros tipos coríntios, num mundo em que o homem não reconhecia nenhum superior e nenhuma lei, senão os seus desejos.54

Corinto, era um lugar muito cosmopolita. Uma cidade que não se pode negar

sua importância, a qual estava intelectualmente viva, materialmente viva, porém

moralmente corrupta. É inevitável, numa sociedade como esta, que os pobres

fossem desprezados ou desconsiderados pelas classes mais ricas.55

É neste contexto sociocultural que se encontrava a Igreja dos coríntios, aliás,

é numa mesma atmosfera de frouxidão moral e de orgulho intelectual, que esta

igreja se tornava problemática, como um reflexo da cultura onde ela estava inserida.

54 Ibid, 1255 Ibid, 292. O episódio da Ceia do Senhor é um bom exemplo de desejo egoísta influenciando a

comunidade cristã daquela cidade (1 Co.11.17-22).

Page 26: Exegese Em I Coríntios - Parte Ia

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