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EXCLUSÃO DIGITAL O mapa da Inclusão A cada quatro meses, um milhão de brasi- leiros entram no mun- do virtual. Mas a ex- clusão ainda é grande Paulo César Martins Marcelo Neri fez o primeiro mapeamento da inclusão digital no país erca de 150 milhões de brasileiros ainda não entraram na era digital. A estimativa faz parte do levantamento “Ma- pa da Exclusão Digital”, divulgado recentemente pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e mostra que também no mundo digital estão refletidas as desigualdades econômicas e sociais do Brasil real. Por outro lado, o anal- fabetismo digital não é um problema só do Brasil e consumiu, no ano passa- do, US$ 25,8 milhões em todo o mundo, segundo cálculos do World Economic Forum. Desse total, a maior parte - US$ 15,7 milhões - saiu da ini- ciativa privada. O restante foi dividido entre Organizações Não-Gover- namentais (ONGs), com US$ 5,2 mi- lhões e os governos, US$ 4,2 milhões. O estudo da FGV revela, baseado em dados do Censo 2000 e da Pes- quisa Nacional por Amostragem Do- miciliar (PNAD), de 2001, que apenas 12,46% dos brasileiros têm computa- dor em casa ou nas escolas. O percen- tual dos que têm acesso à Internet é ainda mais reduzido: 8,31%. O mapa C 12 SISTEMA Setembro de 2003

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O mapa daInclusãoA cada quatro meses,

um milhão de brasi-leiros entram no mun-do virtual. Mas a ex-clusão ainda é grande

Paulo César Martins

Marcelo Neri fez o primeiro mapeamento da inclusão digital no país

erca de 150 milhões debrasileiros ainda nãoentraram na era digital.A estimativa faz partedo levantamento “Ma-pa da Exclusão Digital”,divulgado recentementepela Fundação Getúlio

Vargas (FGV) e mostra que tambémno mundo digital estão refletidas asdesigualdades econômicas e sociaisdo Brasil real. Por outro lado, o anal-fabetismo digital não é um problemasó do Brasil e consumiu, no ano passa-do, US$ 25,8 milhões em todo omundo, segundo cálculos do WorldEconomic Forum. Desse total, a maiorparte - US$ 15,7 milhões - saiu da ini-ciativa privada. O restante foi divididoentre Organizações Não-Gover-namentais (ONGs), com US$ 5,2 mi-lhões e os governos, US$ 4,2 milhões.

O estudo da FGV revela, baseadoem dados do Censo 2000 e da Pes-quisa Nacional por Amostragem Do-miciliar (PNAD), de 2001, que apenas12,46% dos brasileiros têm computa-dor em casa ou nas escolas. O percen-tual dos que têm acesso à Internet éainda mais reduzido: 8,31%. O mapa

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da desigualdade digital revela ainda,segundo o coordenador do estudo,Marcelo Neri, um “apartheid digital”,já que para cada negro ou pardo comacesso aos computadores existem 3,5brancos em idêntica situação. O per-centual de pardos que têm computadorem casa é um pouco maior do que osdos negros conectados: 4,06% contra3,97%. Já entre os brancos, o índicedos que têm computador chega a15,14%. No mundo real, os pardosrepresentam 38,45% da população, osnegros 6,21% e os brancos, 53,74%.

Segundo o levantamento, entretodos os que têm computador em casa,ou nas escolas, 79,77% são brancos.Os pardos aparecem com 15,32% e osnegros, com 2,42%. Analisando osnúmeros, Neri pôde traçar o perfil dequem tem computador - ele é branco,mora na região Sudeste, tem idadeentre 40 e 50 anos, renda superior àmédia da maioria e tem pelo menos 12anos de estudo formal. Para o pesqui-sador, comparando os números levan-tados e considerando condições iguaisde renda e anos de estudo, a possibili-dade de um branco ter acesso àInternet é 167% maior do que a de umnegro.

Para agregar essa multidão de anal-fabetos digitais, Neri propõe campa-nha de doações de computadores paraa disseminação da informática, comfoco maior nos afrodescendentes, jáque são eles os mais excluídos. Osnegros incluídos na era digital só estãoà frente dos índios (3,72%), enquanto41,66% dos descendentes de orientaistêm computador em casa.

“Não basta ensinar, mas tambémfinanciar a compra dos micros. Paraisso, deveriam ser criadas linhas demicrocrédito para a aquisição de ter-minais. Outra ação seria o incentivo adoação de computadores, já que ovalor de revenda é baixíssimo”, afir-ma, lembrando a Lei de Moore queinforma que a cada 18 meses os com-putadores dobram de capacidade,

MAPAS DA INCLUSÃO DIGITAL

Municípios

Municípios do Estado do Rio de Janeiro

Subdistritos do Estado do Rio de Janeiro

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ficam mais baratos, o que deixa umterminal usado com ainda menor valorde revenda.

Apesar da multidão de desconecta-dos, o Mapa da Exclusão Digital mos-trou que o processo de inclusão éveloz: a cada quatro meses um milhãode pessoas passam para o grupo dosincluídos. A partir dessa constatação, aFGV estima que a comunidade deincluídos subiu de 17,3 milhões em2000 para 26,7 milhões em março pas-sado. O problema que tira o sono dosespecialistas é o que fazer com os res-tantes 149,4 milhões de excluídos.

Rodrigo Baggio, presidente do Co-mitê para Democratização da In-formática, acredita que é necessárioinvestir em programas de inclusão di-gital nas periferias, onde os traficantesrecrutam jovens sem emprego e espe-rança. Neri concorda lembrando quenestes locais há energia elétrica e tele-fone. O problema é a falta de compu-tadores e instrutores.

A exclusão, lembra o pesquisador,“ao afetar a capacidade de aprendiza-do e a disseminação de informações,gera conseqüências em todos os cam-pos da vida do indivíduo”.

“Não imagino uma campanha para

que cada casa tenha um computador,mas doações para escolas, centroscomunitários, igrejas. Enfim, paralocais onde se possa fazer a dissemi-nação da informação e da cidadania.Uma política de compra maciça decomputadores pelo governo tem queser bem pensada, até porque os com-putadores ficam ultrapassados muitorapidamente”, informa Neri.

Para Ivanir Corgozinho, sociólogoe consultor para o uso e incorporaçãode novas tecnologias de informação ecomunicação, “não basta ter acesso atecnologia. A inclusão digital implicaem se saber usar de forma eficiente osrecursos e colocá-los a serviço daspessoas e das comunidades. Tão im-portante quando o acesso é a educaçãopara o acesso e a criação de soluçõesflexíveis para as pessoas”.

Atento ao problema e ainda para oalto grau de analfabetismo real, oSenac Rio está desenvolvendo o pro-grama Letramento Digital, uma so-lução de conhecimento destinada aanalfabetos e aos não-letrados, queobjetiva um significativo avanço nascompetências de ler e escrever, ne-cessárias ao desenvolvimento da cida-dania e ao desempenho profissional.

A proposta busca, ao mesmotempo, a inclusão digital tornando osparticipantes aptos à navegação e autilização de comandos fundamentaisde seus principais aplicativos, espe-cialmente o editor de texto.

Para os especialistas, o Brasil temcondições, caso haja vontade políticados governos, das organizações dasociedade civil e dos empresários, derapidamente fazer a inclusão digital.

Isso porque até o brasileiro maishumilde tem, mesmo sem saber, aces-so à rede de computadores ao acionarum caixa automático, ao receber aaposentadoria pelo cartão magnético,ou quando exercita o direito de votonas urnas eletrônicas.

Para o governo, dar condições deinclusão às camadas mais carentes, étambém uma forma de economizarporque, quanto mais gente estiverconectada, mais fácil será falar com apopulação e com menos burocracia.

“Tecnologicamente, é muito fáciltransformar o cartão do Bolsa Escola,por exemplo, num cartão para omicrocrédito”, afirma Neri.

Diversas iniciativas estão em anda-mento no Governo Federal para pro-mover a inclusão digital. Muitas são

Especialistasdefendem mais investimentosnas periferias

E mais campanhas de doações de terminais de com

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anteriores à II Oficina de InclusãoDigital e do III e-Gov. Fórum, realiza-dos, em Brasília, com o propósito deunir especialistas para debaterem ainclusão, sem sobreposição de iniciati-vas, tempo e recursos. Uma das pro-postas é a possível implantação detelecentros em municípios atendidospelo programa Fome Zero.

Outra é a criação, pelo ComitêExecutivo do Governo Eletrônico, daCâmara Técnica de Inclusão Digital, oórgão encarregado de coordenar asações dos ministérios, empresas eautarquias de modo a evitar duplicida-de e maximizar resultados. O debatesobre a inclusão é aberto no fórumwww.inclusaodigital.org.br.

Lideranças do Comitê para aDemocratização da Informática (CDIforam convidadas a participar damaioria dos 15 grupos de trabalho daII Oficina, onde puderam constatarque muitas das premissas básicas dotrabalho nas Escolas de Informática eCidadania (EICs) em nada diferemdaquelas propostas para os telecen-tros.

Ambas, partem do princípio de quea inclusão digital e a produção deconhecimento são fundamentais para

o desenvolvimento econômico, cultu-ral, político e social do país. E de queas parcerias serão determinantes para oenvolvimento da sociedade nos proje-tos de inclusão digital.

As EICs são a parte visível de umsonho do seu criador, Rodrigo Baggio.Há oito anos, ele sonhou com a possi-bilidade de os menos favorecidos se-rem resgatados pela sociedade e idea-lizou o CDI para promover a inclusãodigital, usando a tecnologia da infor-mação como ferramenta para o cida-dão, com o objetivo de transformar oindivíduo e promover o desenvolvi-mento comunitário.

Os CDIs se espalharam por 19 esta-dos - com 770 escolas informais, emcentros comunitários - e por 12 países.

Todos são formados por voluntá-rios, que, além de transmitirem conhe-cimento, fazem campanha para doa-ções de computadores, consertam mi-cros e capacitam educadores, acompa-nhando resultados e criando redesentre essas escolas.

Segundo Baggio, mais de 425 milpessoas de baixa ren-da já foram aten-didas e cerca de 1500 transformadasem educadoras, gerando empregos.

“Usamos a tecnologia como instru-

mento de transformação de vida edesenvolvimento da comunidade.Trabalhamos com pessoas da própriacomunidade, somos bem aceitos egeramos empregos”, afirma Baggio.

Segundo dados do CDI, com a doa-ção de apenas dez computadores épossível criar uma escola de informá-tica apta a atender cem pessoas caren-tes por mês. As doações podem ser fei-tas desde que o computador seja um486 DX ou com configuração su-perior. No Rio, as comunidades caren-tes do Morro Dona Marta, Mangueira,Rocinha e Cidade de Deus, entre ou-tras, já foram beneficiadas.

Anualmente, com o apoio daCâmara de Comércio Americana, oCDI promove a campanha Mega-Ajuda, com o objetivo de coletar com-putadores, que são distribuídos portodo o país.

Os números pesquisados pelo CDIindicam que 65% dos que procuram asECIs têm entre 10 e 18 anos, 65% sãonegros, 63% estão sem empregos e56% são mulheres.

Noventa por cento disseram que oscursos superaram suas expectativas e87% informaram que melhoraram devida após passarem por uma ECI.

omputadores para escolas e centros comunitários

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maior parte dos investimentos públi-cos em informatização devem ir paraessas instituições. Segundo ele, ogoverno tem recursos para expandir ainformatização escolar.

Ele se refere ao Fundo de Uni-versalização dos Serviços das Teleco-municações (Fust), formado por 1%do faturamento das empresas de tele-comunicações. Parte desse dinheiro,segundo ele, deveria ser gasto na com-pra de computadores para escolas. JáRodrigo Baggio, irritado pelo conti-genciamento das verbas do Fust, dizque há uma “fustração”. Para ele, ogoverno deveria reunir a sociedade,levantar o que cada setor está fazendoem termos de inclusão digital e cida-dania e coordenar essas ações.

O levantamento do CDI vai aoencontro com o realizado pela FGV: apolítica da inclusão digital tem a carados jovens. “Basta ver a facilidadecom que eles aprendem a mexer noscomputadores. Ao mesmo tempo, asprincipais preocupações dos brasilei-ros estão relacionadas com a violênciae o desemprego. Por isso, é importanteinvestir nos jovens e capacitá-los paraque não sejam atraídos pelo tráfico. Osmiseráveis querem mais do que políti-cas miseráveis. Eles apreciam o que ébom e moderno, muito além da imagi-nação da elite”, afirma Marcelo Neri.

O mapa não tem apenas más notícias.Ele mostra o avanço da informatização nasescolas: o número de estudantes do ensinofundamental matriculados em escolas comcomputador subiu de 10,8% em 1997 para23,9% em 2001.

Em melhor situação estão os alu-nos do ensino médio: 55,9%, em2001, freqüentavam colégios comlaboratório de informática contra29,1% em 1997. Segundo o levanta-mento, São Paulo é o estado que maisavançou na informatização: o número

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Escolas começam aser informatizadas

de escolas com computador subiu de16,3% em 1977 para 49,7% em 2001.O Rio que, em 1997, era o líder(22,2%) passou para a terceira coloca-ção (34,4%) atrás do Paraná (37,2%).

Os estados com os menores percen-tuais de alunos freqüentando escolascom computador são Tocantins(7,8%), Maranhão (8%), Paraíba(8,6%), Pará (8,7%) e Piauí (8,8%). OMaranhão e o Tocantins já estavam nofim do ranking em 1997, só que comum percentual ainda menor: 1,9% e2,6%, respectivamente.

Para o Centro de Pesquisas Sociais,da FGV, a escola é o principal canalde acesso ao computador para jovens ecrianças. Por isso, Marcelo Neri, quecoordenou o trabalho, afirma que a

São Paulo e Paraná superamo Rio de Janeiro emnúmero de escolascom computadoresinstalados

Boa notícia: cresce o número de escolas com terminais de computador

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“O governo não pode querer rein-ventar a roda. Isso gera problemas dedescontinuidade. Tenho esperança deque o novo governo promova essaação de integração, até porque os pro-blemas sociais são gigantescos”, afir-ma Baggio, elogiando o ministro daEducação, Cristovam Buarque, quetenta implantar o Pro-Info, o programade informatização nas escolas.

O programa deverá ganhar impulsodepois, que, em agosto, o Tribunal deContas da União, a pedido do ministrodas Comunicações, Miro Teixeira,decidiu liberar R$ 2 bilhões do Fustpara a compra de 320 mil computa-dores para as escolas. O dinheiro esta-va retido devido a um impasse sobre asregras de sua utilização. O Mapa da

Exclusão Digital mostrou também queo computador, além de ferramentapara a inclusão social, também ajudaa melhorar o rendimento dos estu-dantes: um aluno da 8ª série do ensinofundamental que utiliza computadortem desempenho 17,7% superior emprovas de matemática em relação aosque não usam terminais.

Outra pesquisa, Retrato da Escola3, realizada pela Confederação Na-cional dos Trabalhadores em Educa-ção (CNTE), aponta que quase 50%dos que atuam em educação básicanão tem acesso a computadores e ainternet. A maioria revelou que temensino superior (38,7%) ou superiorcom especialização (27,6%). Já 22,8%têm o ensino médio.

Especialistas defendem a doação de computadores para centros comunitários

Dos brasileiros têmacesso a computa-

dores em casa

OS NÚMEROS

12,46%

Têm acesso à Internet8,31%

Têm nível superiorincompleto29,6%

Dos aposentados têmacesso a computador23%

São mulheres52,11%

São homens47,89%

Dos que têm com-putador vivem em

áreas urbanas97,24%

Estão na área rural1,55%

Dos que têm computador são da

raça amarela41,66%

São negros4%

São índios3,72%

A mais é a possibilidadede um branco ter acesso

ao computador em relação a umnegro

167%

São brancos15,14%

Estão conectados àInternet10,64%

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Ensino a distância Segundo o estudo da CNTE, o edu-

cador não consegue acompanhar a ve-locidade das inovações tecnológicaspor falta de dinheiro e de políticas deformação continuada. Pesa também obaixo número de computadores ins-talados nas escolas. Quando a escolaconsegue um, ele é locado no setoradministrativo, o que impede a in-clusão digital de professores e alunos.

Especialistas reunidos na II Oficinade Inclusão Digital e no III e-GovFórum apontaram a educação a distân-cia como uma das maneiras deinclusão social e capacitação dos pro-fessores. A Rede Nacional de Ensino ePesquisa (RNP), que tem foco nacomunidade acadêmica, orientadapelos ministérios da Ciência e Tec-nologia e Educação, é uma das insti-tuições que participa desse processode inclusão digital.

“Apresentamos, em Brasília, umaproposta de criação de redes comuni-tárias que tem um forte caráter social.É uma proposta que colabora para auniversalização de acesso. O modeloprevê a união de universidades, esco-las, hospitais e empresas em redes de

(Impa) treina professores utilizandotecnologia de videoconferência porInternet avançada.

Este ano, a RNP transmitiu para 11estados o segundo módulo do Cursode Aperfeiçoamento para Professoresde Matemática do Ensino Médio, pro-movido pelo Impa.

“O ensino a distância pode ser umaferramenta de promoção da inclusãodigital. Uma das causas da exclusão éa falta de capacitação dos professoresna sociedade da informação. A redepode ser usada para treinar tanto osprofessores quanto os alunos.

O curso é realizado gratuitamentepelo Impa desde 1991 e beneficiou,este ano, mais de mil professores dematemática, que interagiram comrenomados especialistas, tirando dúvi-das e praticando exercícios”, afirmaVinícius.

De acordo com o coordenador doprograma, o professor Elon Lages Li-ma, a maior parte dos professores queassistiu ao curso remotamente é de ci-dades carentes do interior e, por isso,tem grande interesse em ouvir profis-sionais mais experientes. �

telecomunicações para construção ecusteio, em forma de condomínio, deuma rede de fibras ópticas para usocomum, empregando tecnologia decomunicação de redes locais (Ether-net). O retorno do investimento ocor-re entre seis e 12 meses. A tecnologiaempregada (ethernet sobre as fibrasópticas) e o modelo de custeio emcondomínio reduzem custos e envol-vem a participação de diversas insti-tuições. Isso favorece a ampliação doacesso à rede de uma larga camada dapopulação, além de permitir o uso deaplicações impossíveis com redesconvencionais”, afirma Marcus Vi-nícius, da RNP.

A educação a distância, segundoele, já está desenvolvida no RioGrande do Sul e no Rio, onde o Ins-tituto de Matemática Pura e Aplicada

Ferramenta eficazpara melhorar acapacitação de

alunos e professores

Número de computadores por escolasNúmero de Educação Infantil Ensino Fundamental Ensino Médiocomputadores Pública Particular Pública Particular Pública Particular0 87,70% 36,00% 63,80% 23,50% 56,20% 22,20%1 1,30% 1,70% 1,40% 1,10% 0,90% 1,30%2 0,60% 2,40% 0,40% 0,50% 0,40% 0,90%3 0,40% 1,20% 0,90% 1,00% 1,80% 1,40%4 1,00% 3,30% 2,40% 1,30% 1,50% 2,30%5 1,50% 2,80% 13,60% 2,90% 9,40% 1,10%6 1,40% 2,60% 1,00% 2,10% 2,30% 1,40%7 0,20% 1,60% 0,70% 1,50% 0,60% 1,30%8 0,20% 3,00% 0,60% 2,50% 1,20% 1,80%9 0,20% 1,20% 0,30% 1,20% 0,20% 0,70%10 1,80% 3,90% 3,90% 6,60% 7,70% 5,20%mais de 10 3,70% 40,30% 11,00% 55,80% 17,80% 60,40%Total 100,00% 100,00% 100,00% 100,00% 100,00% 100,00%

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