Exame Do Estado Mental HENRIQUES (2)

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07/04/2015 1 EXAME DO ESTADO MENTAL – SEGUNDO HENRIQUES (2012) Prof. Renee Volpato Viaro SEMIOLOGIA PSICOPATOLÓGICA Semiologia: ciência dos signos Signo: “sinal” ou estímulo provido de significação

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Psicopatologia, exame do estado mental, resumo

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    EXAME DO ESTADO MENTAL

    SEGUNDO HENRIQUES (2012)

    Prof. Renee Volpato Viaro

    SEMIOLOGIA PSICOPATOLGICA

    Semiologia: cincia dos signos

    Signo: sinal ou estmulo provido de significao

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    SEMIOLOGIA PSICOPATOLGICA

    Em psicopatologia o signos so os sinais e sintomas dos

    transtornos mentais.

    Por ex.: uma fala acelerada na qual as ideias no se

    concatenam um sinal/sintoma de exaltao do humor

    designado arbitrariamente de mania.

    Sndromes: agrupamentos relativamente estveis e

    constantes de determinados sinais e sintomas

    Entidades nosolgicas, doenas ou transtornos: fenmenos

    mrbidos nos quais se pode identificar fatores causais,

    curso, estados terminais tpicos, mecanismos psicolgicos e

    psicopatolgicos, antecedentes e respostas tratamentos

    SEMIOLOGIA PSICOPATOLGICA

    Semiotcnica: refere-se aos procedimentos de observao

    e coleta dos sinais e sintomas, assim como de sua

    interpretao;

    Nos casos dos transtornos mentais, a semiotcnica concentra-se

    na entrevista direta com o paciente, com seus familiares e com

    as demais pessoas que com ele convivem.

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    EXAME DO ESTADO MENTAL (EEM)

    O Exame Psquico ou Exame do Estado Mental consiste na avaliao das seguintes funes (e de suas alteraes):

    Conscincia

    Ateno

    Orientao

    Tempo e Espao

    Sensopercepo

    Memria

    Afetividade

    Vontade e psicomotricidade

    Pensamento

    Linguagem

    No existem funes psquicas isoladas e alteraes psicopatolgicas desta ou daquela funo; sempre um processo total, no qual as funes esto integradas.

    EXAME DO ESTADO MENTAL: conscincia

    Conceito:

    Cs da realidade: dimenso neurobiolgica

    o estado de clareza psquica, expresso pela

    lucidez e vigilncia.

    a vida psquica em um dado momento (K.

    Jaspers).

    Ex: delirium: alterao da conscincia da realidade,

    expressa pela desorientao alopsquica (temporo-

    espacial).

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    EXAME DO ESTADO MENTAL: conscincia

    Cs do eu: dimenso psicolgica.

    Identidade Quem sou eu? Ex.: transtornos dissociativos histricos: alterao da

    conscincia do eu, expressa pela desorientao

    autopsquica.

    Cs moral: dimenso social.

    Conduta tica.

    Ex.: transtorno de personalidade antissocial (psicopatia):

    alterao da conscincia moral, expressa pela conduta

    transgressiva crnica.

    EXAME DO ESTADO MENTAL: conscincia

    Graus de clareza da conscincia (espectro):

    Vigilncia extrema em situao de perigo

    Vigilncia atenta dia-a-dia

    Devaneio ou Vigilncia relaxada desligado

    Sonolncia

    Sono superficial

    Sono profundo

    A patologia est no uso de um grau de conscincia

    quando se deveria usar outro.

    A cs perde a capacidade de mudar de um nvel a outro

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    EXAME DO ESTADO MENTAL: conscincia

    ALTERAES QUANTITATIVAS: rebaixamento da conscincia da realidade (lucidez/vigilncia) causas orgnicas.

    Turvao ou obnubilao grau leve Reduo global do nvel de conscincia.

    Sintomas: sonolncia, turvao sensorial (diminuio do grau de clareza sensrio), dficit de compreenso e concentrao, pensamento confuso e perplexidade.

    Sopor, torpor ou coma superficial grau moderado Sono mrbido; bloqueio parcial da ao espontnea; paciente

    pode reagir a estmulos sonoros intensos e dolorosos

    Coma ou coma profundo grau profundo Ausncia de qualquer indcio de conscincia e bloqueio total da

    ao espontnea e da sensibilidade

    EXAME DO ESTADO MENTAL: conscincia

    Principal sndrome associada ao rebaixamento do nvel da conscincia: Delirium

    Abarca o conjunto das sndromes confusionais agudas.

    Alterao bsica: rebaixamento do nvel de conscincia (o paciente apresenta-se sonolento, confuso e com dficit cognitivo global).

    Alteraes secundrias: iluses e alucinaes visuais e/ou tteis; ideias delirides (muitas vezes, persecutrias); ansiedade intensa; labilidade afetiva (podem ocorrer estados de perplexidade, irritao, terror ou pavor); agitao (ou lentificao) psicomotora; insnia; desorientao alopsquica.

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    EXAME DO ESTADO MENTAL: conscincia

    Diferenciar DELIRIUM de DELRIO:

    Delirium: sndrome orgnica expressa pela alterao do nvel de conscincia.

    Delrio: sintoma expresso pela alterao do juzo de realidade (pensamento).

    Alteraes qualitativas:

    Estreitamento: a reduo da extenso da conscincia ficando dirigida a um nmero reduzido de estmulos, estando nebulosos os demais.

    Estados crepusculares: estreitamento transitrio da conscincia, com a conservao de uma conduta mais ou menos coordenada. Dficit da compreenso do mundo exterior.

    Estados dissociativos:

    EXAME DO ESTADO MENTAL: conscincia

    Estados dissociativos: Amnsias histricas: ocorre perda seletiva da memria relacionada a

    eventos traumticos especficos.

    Psicoses histricas: quadros pseudo-esquizofrnicos com alucinaes e ideias delirides.

    Transe: semelhantes a estados hipnticos.

    Despersonalizao: Sentimento de perda ou de transformao do eu, no qual h uma vivncia profunda de estranhamento e infamiliaridade consigo mesmo, associada profunda perplexidade.

    Desrealizao: a perda da relao de familiaridade com o mundo comum. O cotidiano, o familiar, torna-se estranho, incomum.

    Dissociao completa: surgem personalidades mltiplas, geralmente de carter psicodinamicamente complementar; assim, se a personalidade principal recatada e sria, a secundria (que pode ser mais de uma) provavelmente ter como caractersticas o atrevimento e a fanfarronice.

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    EXAME DO ESTADO MENTAL: conscincia

    Semiotcnica da conscincia:

    Observar pela fcies e atitude do paciente se possvel notar que ele est desperto ou sonolento.

    Observar se o paciente est perplexo, com dificuldade em apreender os estmulos ambientais.

    Lembrar que pela orientao (principalmente temporo-espacial ou alopsquica) que muitas vezes se pode avaliar o nvel de conscincia.

    Geralmente, a desorientao que ocorre devido a causas orgnicas (confusional/torporosa) ocorre primeiramente quanto ao tempo; com o rebaixamento progressivo do nvel de conscincia que o indivduo desorienta-se quanto ao espao e, s por ltimo, quanto a si mesmo.

    EXAME DO ESTADO MENTAL: ateno

    Ateno (prosexia)

    Conceito:

    a capacidade de concentrao do psiquismo frente a determinado estmulo.

    Qualidades da ateno:

    Tenacidade: a capacidade de manter a ateno voltada de modo permanente para um determinado estmulo.

    Vigilncia: ateno difusa; a capacidade de desviar a ateno para um novo estmulo.

    Formas da ateno:

    Involuntria, espontnea ou automtica.

    Voluntaria ou ativa.

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    EXAME DO ESTADO MENTAL: ateno

    Alteraes quantitativas:

    Hipoprosexia: o enfraquecimento global e acentuado da ateno.

    Episdios depressivos, intoxicao por depressores do SNC e estados dissociativos.

    Aprosexia: a ausncia, a falta completa da ateno.

    Quadros estuporosos, quadros demenciais e estados comatosos.

    Alteraes qualitativas: disprosexias

    Hipervigilncia: o aumento da vigilncia, geralmente acompanhado de hipotenacidade.

    Episdios manacos, quadros paranoides e intoxicao por psicoestimulantes.

    Hipertenacidade: o aumento da tenacidade, geralmente acompanhado de hipovigilncia.

    Paranoia e quadros obsessivos.

    EXAME DO ESTADO MENTAL: ateno

    Semiotcnica da ateno:

    Pedir ao paciente que olhe os objetos que esto no recinto

    onde se realiza a entrevista e que, logo em seguida, repita

    de cabea o que viu.

    Prova de repetio de dgitos: pede-se ao paciente que

    repita uma srie de dgitos que pronunciamos em voz alta,

    de forma pausada, evitando-se tudo o que possa distrair o

    sujeito: 2-7/ 4-9/ 5-8-2/ 6-9-4/ 6-4-3-9/ 7-2-8-6/ 4-2-7-

    3-1/ 7-5-8-3-6/ 6-1-9-4-7-3/ 3-9-2-4-8-7/ 5-9-1-7-4-2-

    8/ 4-1-7-9-3-8-6...

    O adulto sem alteraes da ateno repete de seis a sete dgitos.

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    EXAME DO ESTADO MENTAL: orientao

    Conceito a capacidade de orientar-se quanto a si mesmo e ao ambiente.

    Tipos: Autopsquica: em relao a si mesmo

    Alopsquica: em relao ao tempo e ao espao (temporal e espacial)

    Grau de complexidade da orientao segundo a ordem crescente de aquisio: Autopsquica espacial temporal

    A perda da capacidade de orientao costuma se dar na ordem inversa aquisio: Temporal espacial autopsquica

    EXAME DO ESTADO MENTAL: orientao

    Psicopatologia

    Desorientao:

    Torporosa ou confusa: desorientao por turvao da conscincia;

    incapacidade de apreenso do real de forma clara e precisa.

    Demencial: alm da perda da memria de fixao, ocorrem dficits

    de reconhecimento (agnosias) e perda global da capacidade

    cognitiva; tpica dos quadros demenciais (Parkinson, Alzheimer...).

    Delirante: num fenmeno conhecido por dupla orientao, o

    indivduo que vivencia ideias delirantes muito intensas cr com

    convico que habita o lugar de seus delrios, ao mesmo tempo em

    que reconhece corretamente onde est.

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    EXAME DO ESTADO MENTAL: orientao

    Semiotcnica da orientao (Mini-EEM)

    ORIENTAO NO TEMPO

    Em que ano ns estamos? Em que estao do ano ns estamos?

    Em que ms ns estamos? Em que dia da semana ns estamos?

    Em que dia do ms ns estamos?

    ORIENTAO NO ESPAO

    Em que Estado ns estamos? Em que cidade ns estamos? Em

    que bairro ns estamos? O que este prdio em que estamos?

    Em que andar ns estamos?

    EXAME DO ESTADO MENTAL: sensopercepo

    Sensopercepo (estesia)

    Conceito:

    o processo pelo qual os estmulos sensoriais so recebidos

    pelos rgos dos sentidos e reconhecidos (percebidos) pela

    conscincia.

    Dividida em:

    Sensao: fenmeno psquico elementar que resulta da ao

    do estmulo sobre os rgos dos sentidos (receptores).

    Percepo: a tomada de conhecimento do estmulo. A

    transformao do estmulo em fenmenos psquicos, em

    imagem sensorial.

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    EXAME DO ESTADO MENTAL: sensopercepo

    Tipos de receptores: Exteroceptivos:

    Sensoriais: visuais, auditivos, tteis, gustativos e olfativos

    Trmicos

    Dolorosos

    Interoceptivo ou cenestsicos: rgos internos (vsceras)

    Proprioceptivos ou cinestsicos: equilbrio, segmentos e movimentos do corpo

    Tipos de imagens: Sensorial ou perceptiva: apreenso cognitiva de um objeto externo

    e real, isto , localizado fora da conscincia. ntida, delimitada e estvel.

    Representativa ou mnmica: reproduo mnmica da imagem de um objeto. imprecisa, influencivel e instvel.

    EXAME DO ESTADO MENTAL: sensopercepo

    Alteraes quantitativas:

    Hiperestesia: o aumento do nmero e/ou da intensidade das sensaes.

    Enxaqueca, intoxicao por alucingenos, psicoestimulantes, estados dissociativos.

    Hipoestesia: a diminuio do numero e/ou intensidade das sensaes.

    Episdios depressivos, intoxicao por depressores do SNC.

    Anestesia: a ausncia de sensaes.

    Quadros catatnicos, estados dissociativos e comatosos.

    Analgesia: perda da sensibilidade dor, com a preservao de outras formas de sensibilidade

    Histeria (analgesia por converso) e estados estuporosos.

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    EXAME DO ESTADO MENTAL: sensopercepo

    Alteraes qualitativas:

    Iluso: a percepo deformada de um objeto real e presente. Na iluso h sempre um objeto externo real, gerador do processo de sensopercepo, mas tal percepo deformada, adulterada por fatores diversos. Ocorrem em 3 condies:

    1. Nos estados de diminuio do nvel de conscincia quando, por turvao da conscincia, a percepo torna-se imprecisa e os estmulos so percebidos de maneira deformada.

    2. Nos estados de fadiga grave (alterao da ateno).

    3. Em determinados estados afetivos, por sua intensidade acentuada, o afeto deforma o processo de sensopercepo, gerando as iluses catatmicas.

    Ataques de pnico e hipocondria.

    EXAME DO ESTADO MENTAL: sensopercepo

    Alucinao: a percepo de um objeto que no se encontra

    presente; aceita pelo juzo de realidade da pessoa.

    A representao adquire as qualidades necessrias para ser aceita

    pelo juzo de realidade como percepo. O objeto projetado no

    mundo externo (extrojeo) e possuem corporeidade (tridimensionais)

    Caractersticas:

    (1) nitidez sensorial;

    (2) projeo para o exterior;

    (3) intensidade;

    (4) impresso de realidade;

    (5) valor emocional

    Pode ser elementar (contm os elementos mais rudimentares de apenas

    um tipo de sensao: rudos) ou complexa (contm os elementos mais

    tipos de sensao ou combinaes complexas: frases)

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    EXAME DO ESTADO MENTAL: sensopercepo

    Classificadas em:

    Visual:

    Elementar: imagens simples (cores, bolas, pontos brilhantes etc.)

    Complexas: cenas complexas

    Auditivas (mais comuns):

    Elementares: rudos, zumbidos, estalidos etc.

    Complexas: palavras, frases, msicas etc.

    Tteis:

    Sensao de espetadas, choques, insetos ou pequenos animais correndo sobre a pele

    Olfativas e Gustativas (mais raras):

    Sentir o cheiro e o gosto de coisas podres, de cadveres, fezes, veneno etc.

    EXAME DO ESTADO MENTAL: sensopercepo

    Cenestsicas: Cenestesia: sensao que o indivduo tem da situao de sua existncia,

    isto , a conscincia de suas funes orgnicas e de sua corporeidade. Designa as impresses sensoriais internas do organismo (por oposio s externas).

    Alucinao cenestsica: sensaes anormais do esquema corporal: crebro encolhendo, fgado apodrecendo, cobra dentro do abdmen, etc.

    Cinestsicas, cinticas ou motoras: Cinestesia: a conscincia atravs da qual percebemos a movimentao

    espacial de nosso corpo, nossos movimentos musculares.

    Alucinaes cinestsicas: so sensaes alternadas de movimentos corporais: corpo afundando, pernas encolhendo, brao levantando, etc.

    Sinestsicas: Sinestesia: cruzamento de sensaes; combinao de sensaes diferentes

    numa s impresso.

    Alucinaes sinestsicas: alucinaes de vrias modalidades sensoriais (auditivas, visuais, tteis etc.) ao mesmo tempo

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    EXAME DO ESTADO MENTAL: sensopercepo

    Etiologia das alucinaes: suas possveis causas ainda so controversas.

    Teorias psicodinmicas: Na base das alucinaes estariam as tendncias afetivas e os desejos, sobretudo aqueles ligados aos conflitos inconscientes. O indivduo projetaria no espao externo os seus prprios desejos, temores e conflitos recalcados.

    Teoria neurobioqumica: diversas drogas podem produzir alucinaes em indivduos normais. As substncias que produzem alucinaes frequentemente esto relacionadas aos neurotransmissores serotonina, dopamina e acetilcolina. Em consequncia disso, postula-se que a alucinao em doentes mentais esteja relacionada com a hiperativao de circuitos serotoninrgicos e/ou dopaminrgicos.

    Alucinaes: so mais comum na esquizofrenia e em outros transtornos psicticos

    EXAME DO ESTADO MENTAL: sensopercepo

    Alucinose: a imagem percebida no espao objetivo externo, mas, ao contrrio das alucinaes verdadeiras, criticada pelo indivduo, que reconhece o fenmeno como patolgico.

    O indivduo mantm sua conscincia crtica

    Pseudoalucinao: distinguem-se das alucinaes verdadeiras pela ausncia de corporeidade e localizao no espao subjetivo interno, o que as torna mais semelhantes s imagens representativas do que s perceptivas.

    A crena na realidade do fenmeno a mesma observada nas alucinaes verdadeiras (sem conscincia crtica).

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    EXAME DO ESTADO MENTAL: memria (mnsia)

    Conceito:

    a capacidade de registrar, conservar, evocar e

    reconhecer estmulos e fatos j ocorridos.

    Relaciona-se com o nvel de conscincia, com a ateno e com

    o interesse afetivo.

    EXAME DO ESTADO MENTAL: memria (mnsia)

    Tipos:

    Memria imediata ou de curtssimo prazo: capacidade imediata de reteno de informaes. Tambm chamada de efmera.

    Decorar um nmero de telefone para fazer uma nica chamada.

    Memria recente ou de curto prazo: capacidade de reteno das informaes por um perodo curto de tempo, desde alguns minutos at 1 h.

    Uma discusso ocorrida em aula que j foi esquecida ao se chegar em casa.

    Memria remota ou de longo prazo: capacidade de evocao das informaes e acontecimentos ocorridos no passado, geralmente meses ou anos aps o evento

    Declarativa: refere-se a fatos e eventos (em tal dia, aconteceu tal coisa)

    Procedural: refere-se a procedimentos (dirigir, escrever, andar de bicicleta, etc.)

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    EXAME DO ESTADO MENTAL: memria (mnsia)

    Lei de Ribot: O indivduo que sofre uma leso cerebral

    tende a perder os contedos da memria

    (esquecimento) na ordem e no sentido inverso que os

    adquiriu:

    1 elementos recentemente adquiridos 2 elementos mais antigos

    1 elementos mais complexos 2 elementos mais simples

    1 elementos mais estranhos 2 elementos mais familiares

    EXAME DO ESTADO MENTAL: memria (mnsia)

    Psicopatologia

    Alteraes quantitativas:

    Hipermnsia: o aumento doentio da memria. Est

    relacionada acelerao geral do psiquismo, na

    qual as representaes afluem rapidamente

    conscincia.

    Quadros manacos, estados afetivos intensos, etc.

    Amnsias: a perda da memria, seja a perda da

    capacidade de fixar novos elementos ou da capacidade de

    manter e evocar contedos mnmicos antigos

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    EXAME DO ESTADO MENTAL: memria (mnsia)

    Quanto causa:

    Amnsia Psicognica a perda seletiva da memria; o

    indivduo esquece contedos que tm valor psicolgico

    especfico (valor simblico, afetivo).

    Amnsia Orgnica a perda no-seletiva da memria, que

    segue a Lei de Ribot.

    EXAME DO ESTADO MENTAL: memria (mnsia)

    Quanto ao contedo:

    Amnsia antergrada perda da capacidade de fixao de elementos mnmicos a partir do momento do trauma cerebral; influencia apenas o registro de impresses novas, no afetando as anteriormente gravadas. Leses cerebrais agudas ou crnicas.

    Amnsia retrgrada perda da capacidade de evocar elementos mnmicos anteriores ao trauma (ou doena); influencia apenas a evocao de impresses antigas, no afetando a fixao de novas impresses. Quadros dissociativos histricos.

    Amnsia retroantergrada dficit de fixao e evocao de fatos ocorridos tanto antes quanto depois do trauma ou da doena; Tpica dos quadros demenciais (Parkinson, Alzheimer etc.).

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    EXAME DO ESTADO MENTAL: memria (mnsia)

    Alteraes qualitativas (paramnsias):

    Consistem na deformao do processo de evocao de

    contedos mnmicos previamente fixados; o indivduo tem uma

    lembrana deformada que no corresponde

    sensopercepo original.

    EXAME DO ESTADO MENTAL: memria (mnsia)

    Iluses mnmicas: h a distoro de um ncleo verdadeiro

    da memria

    Esquizofrenia, parania, histeria grave e transtornos da

    personalidade.

    Alucinao mnmica: so falsas lembranas criadas pelo

    indivduo, que as cr reais

    Esquizofrenia e outros transtornos psicticos

    Fabulao ou Confabulao: so falsas lembranas criadas

    pelo indivduo visando a suprir uma lacuna em sua memria

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    EXAME DO ESTADO MENTAL: memria (mnsia)

    Dj-v: sensao falsa de j ter visto algo com o

    qual ainda no se est familiarizado.

    Jamais-v: sensao falsa de desconhecer algo com

    o qual j se est devidamente familiarizado.

    Dependem do contexto e da frequncia com que

    acontecem para serem considerados patolgicos.

    Normais especialmente em situao de cansao.

    EXAME DO ESTADO MENTAL: afetividade (timia)

    Conceito: Termo genrico usado para designar os elementos da vida

    afetiva

    Emoo e Paixo: estados afetivos sbitos, de grande intensidade, que se acompanham de alteraes corporais; as emoes tm uma durao mais curta do que as paixes.

    Sentimento: quando comparado s emoes e s paixes, um estado afetivo mais estvel e menos intenso, sem alteraes corporais, resultante de maior processamento cognitivo.

    Humor: constitui o estado basal e fundamental, que se caracteriza por ser difuso, isto , no relacionado a um objeto especfico, e por ser, em geral, persistente e no-reativo; oscila entre os plos da alegria, tristeza, irritabilidade e ansiedade.

    Eutimia: condio afetiva normal.

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    EXAME DO ESTADO MENTAL: afetividade (timia)

    Alteraes do humor:

    Humor Alegre (euforia ou alegria patolgica): humor morbidamente exagerado no qual predomina um estado de alegria intensa (sensaes de satisfao plena e potncia), desproporcional s circunstncias; como consequncia, h uma acelerao de todas as funes psquicas. Quadros manacos e hipomanacos.

    Humor Triste (distimia ou tristeza patolgica): humor morbidamente rebaixado no qual predomina um estado de tristeza profunda e imotivada, que se acompanha de lentificao e inibio de todos os processos psquicos. Quadros depressivos.

    EXAME DO ESTADO MENTAL: afetividade (timia)

    Humor Irritado (disforia ou irritabilidade patolgica): representa uma predisposio excessiva ao desgosto e ira. Os enfermos manifestam impacincia, irritabilidade, hiper-reao desagradvel, hostil e, eventualmente, agressiva a determinados estmulos ambientais (mesmo leves) e intolerncia a rudos. Quadros manacos, depressivos e ansiosos.

    Humor Ansioso (angstia ou ansiedade): estado de humor desconfortvel, uma apreenso negativa em relao ao futuro, uma inquietao interna desagradvel, no associado a objetos ou situaes especficos (como nas fobias) e sem justificativa real Inclui manifestaes somticas (taquicardia, tenso muscular, sudorese,

    etc.) e psquicas (apreenso, inquietao, desconforto, etc.).

    Transtornos de ansiedade

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    EXAME DO ESTADO MENTAL: afetividade (timia)

    Puerilismo ou puerilidade: o humor se caracteriza por

    seu aspecto tolo, infantil, simplrio, regredido. O

    indivduo ri ou chora por motivos banais, sua vida

    afetiva superficial, ausente de afetos consistentes e

    duradouros.

    Esquizofrenias, quadros demenciais e retardo mental.

    EXAME DO ESTADO MENTAL: afetividade (timia)

    Alteraes das emoes e sentimentos:

    Apatia (afeto embotado ou indiferena afetiva): trata-

    se da vivncia subjetiva de uma indiferena afetiva;

    o paciente torna-se hiporreativo, um tanto-fez-

    quanto-tanto-faz para tudo na vida.

    Quadros depressivos.

    Geralmente acompanhada de anedonia.

    Anedonia: perda da capacidade de sentir satisfao e prazer pelas

    coisas que antes traziam felicidade.

    Quadros depressivos.

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    EXAME DO ESTADO MENTAL: afetividade (timia)

    Labilidade afetiva ou instabilidade afetiva: dificuldade no controle dos afetos; ocorrem mudanas freqentes e bruscas, que so imotivadas e inesperadas; os afetos atingem grande intensidade, mas so de curta durao, oscilando entre os diversos plos

    Ex.: o humor do paciente passa direto da alegria para a tristeza, logo aps retorna para a alegria e, a seguir, passa para a irritabilidade.

    Paratimia: incongruncia entre o afeto expresso e a situao vivenciada/verbalizada. O sujeito tem uma resposta oposta ao que a situao exige. Ex., o paciente conta, rindo, que foi torturado na noite anterior.

    Reflete uma desarmonia profunda entre a afetividade e o pensamento

    Esquizofrenia e retardo mental.

    EXAME DO ESTADO MENTAL: afetividade (timia)

    Fobia: consiste no temor patolgico, que escapa razo e resiste a qualquer espcie de objeo; as reaes do indivduo fbico so desproporcionais e incompatveis com as possibilidades de perigo real oferecidas pelos objetos ou situaes desencadeantes, que podem ser as mais variadas possveis. Tem objeto especfico

    Pnico: mximo de ansiedade que algum pode experimentar. No pnico a ansiedade atinge um grau em que o indivduo tem medo de morrer ou de perder o controle e enlouquecer. As crises tm incio sbito, duram alguns minutos e tendem a

    repetir-se com periodicidade varivel

    Geralmente, no se identifica um fator desencadeante

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    23

    EXAME DO ESTADO MENTAL: vontade e

    psicomotricidade

    Conceito: motivao para ao voluntria; intimamente

    relacionada esfera afetiva

    -bulia = vontade

    Alteraes:

    Hipobulia/Abulia: diminuio/abolio da ao

    voluntria; geralmente associam-se apatia (indiferena

    afetiva), fadigabilidade e dificuldade de tomar

    decises

    Quadros depressivos graves

    EXAME DO ESTADO MENTAL: vontade e

    psicomotricidade

    Negativismo: a recusa interao, ao dilogo e

    cooperao com outrem; o indivduo se ope a toda

    tentativa de relacionamento interpessoal

    Negativismo Ativo: o indivduo faz o oposto ao que lhe

    solicitado.

    Negativismo Passivo: o indivduo recusa-se a fazer o que lhe

    solicitado

    Obedincia Automtica: o oposto do negativismo; revela

    perda de autonomia e da atividade voluntria.

  • 07/04/2015

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    EXAME DO ESTADO MENTAL: vontade e

    psicomotricidade

    Fenmenos em eco:

    Ecopraxia: repetio automtica e involuntria pelo indivduo

    dos ltimos atos de seu interlocutor

    Ecolalia: das suas ltimas palavras ou slabas

    Ecomimia: dos ltimos gestos

    Ecografia: da escrita

    Esquizofrenia catatnica e quadros psicorgnicos.

    EXAME DO ESTADO MENTAL: vontade e

    psicomotricidade

    Compulso: ato indesejvel (egodistnico) e repetitivo, que

    o sujeito realiza para alm do seu controle voluntrio.

    A realizao do ato traz alvio e tambm desconforto

    subjetivo, gerando um ciclo vicioso.

    Diversos tipos: compulses sexuais, alimentares, agressivas,

    drogas, etc.

    TOC, transtornos alimentares, etc.

  • 07/04/2015

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    EXAME DO ESTADO MENTAL: vontade e

    psicomotricidade

    Psicomotricidade: diz respeito execuo da ao voluntria

    Alteraes:

    Agitao psicomotora ou hiperatividade: acelerao e exaltao de toda atividade motora do indivduo (ligada ao taquipsiquismo)

    Associa-se hostilidade e heteroagressividade

    Mania, episdios esquizofrnicos agudos, deficientes mentais, sndromes demenciais

    Lentificao psicomotora ou hipoatividade: desacelerao/inibio de toda atividade motora do indivduo (ligada ao bradipsiquismo)

    Quadros depressivos.

    EXAME DO ESTADO MENTAL: vontade e

    psicomotricidade

    Estupor: o estado de imobilidade. Implica a perda de toda

    atividade espontnea (comunicao verbal, no-verbal,

    mmica, olhar, gesticulao e marcha); o indivduo restringe-se

    ao leito.

    Pode ser de natureza esquizofrnica (estupor catatnico),

    depressiva (estupor depressivo), neurolgica (estupor orgnico) ou

    histrica (estupor dissociativo);

    Catatonia: forma de esquizofrenia que se caracteriza pela alternncia de

    perodos de passividade e de excitao repentina.

    Dissociao: forma de estreitamento da conscincia do eu nas quais ocorre

    a desintegrao da identidade de si mais ou menos acentuada (que inclui

    amnsias histricas, transe, despersonalizao, desrealizao e at

    personalidades mltiplas).

  • 07/04/2015

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    EXAME DO ESTADO MENTAL: vontade e

    psicomotricidade

    Catalepsia: acentuado exagero do tnus postural

    (rigidez muscular) com reduo acentuada da

    atividade global do organismo.

    Flexibilidade crea: o paciente torna-se modelvel

    por outra pessoa, como se ele fosse de cera.

    A catalepsia e a flexibilidade cercea so sintomas

    frequentes na esquizofrenia catatnica.

    EXAME DO ESTADO MENTAL: vontade e

    psicomotricidade

    Estereotipias motoras: a repetio constante de

    certos movimentos. Pode ser:

    Tiques: atos motores, coordenados, repetitivos e

    intermitentes.

    Maneirismo: tipo de estereotipia motora caracterizada

    por movimentos bizarros, mais amplos e complexos que o

    tique.

    Converso: h o surgimento abrupto de sintomas fsicos

    (paralisias, anestesias, parestesia, cegueira etc.) de

    origem psicognica; trata-se do sintoma principal da

    histeria.

  • 07/04/2015

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    EXAME DO ESTADO MENTAL: vontade e

    psicomotricidade

    Hipopragmatismo e apragmatismo (do grego pragma

    = ao): a dificuldade ou a incapacidade de

    realizar aes voluntrias e psicomotoras

    minimamente complexas (cuidado pessoal, tarefas

    domsticas etc.)

    Incapacidade para iniciar ou manter atividades dirigidas a um

    determinado objetivo.

    Associa-se hipobulia, apatia e desorganizao psquica

    geral

    Psicoses crnicas

    EXAME DO ESTADO MENTAL: pensamento

    Conceito: a capacidade de elaborar, associar e criticar ideias. Traduz

    a aptido de elaborar conceitos, articul-los em juzos e construir raciocnios de modo a solucionar problemas

    Constitudo de: Ideia: toda experincia psquica que implique em

    conhecimento. Representa a unidade estrutural do pensamento

    Conceitos: so relaes entre ideias, construindo significados; expressam-se por palavras.

    Juzos: so as relaes entre conceitos; expressam-se por frases ou proposies

    Raciocnio: consiste no encadeamento lgico dos juzos

  • 07/04/2015

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    EXAME DO ESTADO MENTAL: pensamento

    Raciocnio

    Juzo

    Conceito

    Ideia

    EXAME DO ESTADO MENTAL: pensamento

    Alteraes

    Quanto ao modo de produo, o pensamento pode ser:

    Lgico: baseado na realidade e nos estmulos externos. Segue a lgica formal e a razo.

    Mgico, derresta ou autista: baseado na imaginao e em estmulos internos. Volta-se para os prprios desejos em detrimento da realidade. No segue a logica formal nem a razo, isto , no respeita os indicativos da realidade nem os princpios da racionalidade da cultura na qual o indivduo se insere.

    Ex.: se eu tocar nas roupas de uma prostituta ficarei contaminado; se eu repetir a palavra santo 50 vezes impedirei que meu pai morra; se eu somar os mltiplos de 3 indefinidamente impedirei que minha av adoea TOC

    Constitui a base da magia e das supersties.

    Tambm acontece em esquizofrenias e na histeria.

  • 07/04/2015

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    EXAME DO ESTADO MENTAL: pensamento

    Juzo crtico ou juzo de realidade: a capacidade de

    distinguir entre um estmulo interno e outro externo, de

    avaliar quando um pensamento lgico ou mgico, entre

    o que real e o que fantasia/desejo.

    Toda pessoa possui pensamentos lgicos e mgicos, ambos

    fazem parte da dinmica normal. O estado patolgico

    no se refere presena de pensamentos mgicos, mas

    falha do juzo de realidade em discernir os pensamentos

    mgicos dos lgicos.

    EXAME DO ESTADO MENTAL: pensamento

    Quanto ao curso:

    Acelerao do pensamento ou taquipsiquismo: trata-se do fluir acelerado do pensamento, uma ideia sucedendo a outra rapidamente

    Fala muito rpido (taquilalia)

    Quadros manacos, intoxicao por psicoestimulantes (cocana, anfetamina, cafena), etc.

    Inibio do pensamento ou bradipsiquismo: representa a diminuio na velocidade associativa no pensamento. Fluir lento e esforoso do pensamento; h uma latncia entre as perguntas formuladas e as respostas emitidas;

    Fala de vagar (bradilalia)

    Depresses graves, em intoxicaes por substancias sedativas como o lcool, etc.

  • 07/04/2015

    30

    EXAME DO ESTADO MENTAL: pensamento

    Fuga de ideias: variao rpida e incessante de tema, com preservao da coerncia do relato e da lgica associativa as associaes entre ideias, muitas vezes, se do por assonncia (rimas) ou aliterao (repetio de consoantes); O pensamento facilmente desviado por estmulos externos;

    O indivduo torna-se incapaz de concluir um raciocnio e as ideias-alvo se atropelam umas s outras;

    Associa-se acelerao do pensamento

    Quadros manacos

    Prolixidade: minuciosidade excessiva do pensamento, no havendo diferenciao entre o essencial (ideia-alvo) e o secundrio. Caracteriza-se pela incapacidade de sntese e pelas longas digresses. Circunstancialidade: ideia-alvo atingida

    Tangencialidade: ideia-alvo no atingida

    Leses cerebrais, epilepsia, TOC, etc.

    EXAME DO ESTADO MENTAL: pensamento

    Pensamento vago: caracteriza-se pelo afrouxamento dos

    enlaces associativos entre ideias, sem que ocorra o

    empobrecimento do pensamento

    Esquizofrenia ou demncia (incio)

    Bloqueio ou interceptao: a interrupo brusca do fluxo

    do pensamento sem nenhum motivo aparente. O indivduo

    pode alegar que seu pensamento foi roubado.

    Esquizofrenia

  • 07/04/2015

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    EXAME DO ESTADO MENTAL: pensamento

    Confuso ou incoerncia: incoerncia do pensamento (mostra-se confuso, contraditrio e ilgico), causada por turvao da conscincia, lanando o indivduo num estado de perplexidade e impotncia

    Delirium

    Desagregao: perda dos enlaces associativos entre ideias que culmina numa incoerncia radical do pensamento; este no segue minimamente a lgica; o discurso incoerente, fragmentado e, muitas vezes, ininteligvel, nada comunicando ao interlocutor Esquizofrenia

    EXAME DO ESTADO MENTAL: pensamento

    Quanto ao contedo:

    Ideias fbicas: representam medos irracionais.

    Fobias especificas, fobia social e agorafobia.

    Ideias hipocondracas: a ideia persistente de estar

    acometido de doena grave ou o medo de ter

    doena grave baseado na interpretao errnea de

    sinais ou sintomas fsicos.

    Hipocondria, esquizofrenia e episdios depressivos.

  • 07/04/2015

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    EXAME DO ESTADO MENTAL: pensamento

    Pensamento obsessivo, obsesso ou ideias fixas: ideias repetitivas, no desejadas, no compreendidas e que no podem ser rechaadas pela pessoa. Trata-se da perseverao monotemtica de um pensamento que se impe conscincia do sujeito contra a sua vontade (egodistnico) e do qual ele no consegue se livrar.

    Exs: pensar de forma repetida na morte de uma pessoa querida, pensar que contraiu alguma doena ou que pode contra-la a qualquer momento etc.;

    Causam mal-estar e ansiedade.

    comum associar-se a atos compulsivos.

    TOC, episdios depressivos, quadros esquizofrnicos, etc.

    EXAME DO ESTADO MENTAL: pensamento

    Pensamento demencial: trata-se do empobrecimento parcial

    (no-linear) do pensamento que ocorre no incio das

    sndromes demenciais; com o desenvolvimento da doena,

    pode evoluir para o concretismo.

    Pensamento concreto ou concretismo: anttese do pensamento

    abstrato; expressa intuies e conceitos concretos, numa

    referncia imediata ao sensorialmente percebido

    (pensamento analgico, primitivo)

    Ex.: interpretar literalmente metforas;

    Deficincias intelectuais graves, quadros avanados de demncia

    e esquizofrenia crnica.

  • 07/04/2015

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    EXAME DO ESTADO MENTAL: pensamento

    Pensamento derresta ou autista: anttese do pensamento

    realista; manifesta-se sob a forma de devaneio; volta-se

    para os prprios desejos em detrimento da realidade; o

    pensar no obedece s leis da lgica e, nos casos mais

    acentuados, tudo transcorre como se o indivduo estivesse

    submerso num verdadeiro estado onrico

    Constitui a base para o desenvolvimento do delrio nas

    esquizofrenias; pode ocorrer tambm na histeria.

    EXAME DO ESTADO MENTAL: pensamento

    Delrio ou ideia delirante: ideia ou conjunto de ideias falsas aceitas pelo juzo de realidade do indivduo. Do latim delirare: de = fora; liros = sulcos; lavrar fora do sulco; sair do eixo

    Caractersticas:

    Convico: o paciente apresenta uma certeza praticamente absoluta no contedo de seu juzo (convico inabalvel).

    Irredutibilidade: praticamente impossvel sua modificao pela experincia objetiva, mesmo pela prova de realidade mais cabal (no-suscetvel influncia).

    Tendncia difuso: caso confrontado com a realidade, o indivduo sa pela tangente por meio de uma justificativa/explicao para ser delrio

    Falta de conscincia do transtorno (o indivduo no reconhece que se trata de um produto doentio)

    uma produo associal, idiossincrtica em relao ao grupo cultural do paciente (no confundir com crenas culturalmente sancionadas).

  • 07/04/2015

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    EXAME DO ESTADO MENTAL: pensamento

    Alguns autores afirmam que as religies so uma espcie de

    delrio socialmente institudo que, embora socialmente aceito,

    continua tendo uma estrutura delirante. Freud, por exemplo,

    afirma que as religies so um delrio de massa, pois nelas

    acontece um remodelamento delirante da realidade

    empreendido por um considervel nmero de pessoas, isto ,

    um remodelamento da realidade feito com base nos desejos

    inconscientes de um grupo de indivduos: As religies da

    humanidade devem ser classificadas entre os delrios de massa

    desse tipo. desnecessrio dizer que todo aquele que partilha

    um delrio jamais o reconhece como tal. (FREUD, 1930).

    EXAME DO ESTADO MENTAL: pensamento

    Classificaes:

    Segundo a origem:

    Delrios primrios: ideias delirantes verdadeiras

    Decorre de uma:

    Percepo delirante: associao fortuita entre uma percepo

    e um juzo que se impe como revelao ao sujeito

    Representao delirante: recordaes (contedos mnmicos

    verdadeiros) ganham significados fantasiosos

    Cognio delirante: o indivduo intui o delrio repentinamente

    pois capta de forma imediata (revelao) um novo sentido

    nas coisas, prescindindo de dados perceptivos e

    representativos.

  • 07/04/2015

    35

    EXAME DO ESTADO MENTAL: pensamento

    Delrios secundrios: ideias delirides

    Diferentemente do delrio, esta psicologicamente

    compreensvel, isto , origina-se a partir de outras

    manifestaes psicopatolgicas primrias, como

    alteraes do humor, da sensopercepo, da

    conscincia, da memria etc.

    Ex.: ideias de culpa na depresso, ideias de grandeza

    na mania, etc.

    EXAME DO ESTADO MENTAL: pensamento

    Segundo a estrutura:

    Simples: so monotemticos (contedo persecutrio ou

    mstico-religioso ou ertico etc.)

    Complexos: so multitemticos

    Sistematizados: h uma maior coerncia interna entre as

    ideias, uma maior organizao e consistncia. Encontra-se

    uma rede de argumentaes lgicas e compreensveis. O

    delirante com ideias de perseguio capaz de dizer quem

    o persegue, como e por qu.

    No sistematizados: so fragmentrios, caticos,

    desarticulados e sem concatenao.

  • 07/04/2015

    36

    EXAME DO ESTADO MENTAL: pensamento

    Bizarros: contedo impossvel; ex.: ter sido abduzido por

    vnis.

    No bizarros: contedo possvel, porm improvvel; ex.:

    ter sido envenenado pelo vizinho.

    Segundo o curso:

    Agudos: surgem abruptamente e tendem a desaparecer

    em pouco tempo; associam-se a transtornos da

    conscincia.

    Crnicos: surgem paulatinamente e tendem a persistir por

    mais tempo.

    EXAME DO ESTADO MENTAL: pensamento

    Temticas mais comuns:

    De perseguio ou persecutrio (de reivindicao ou

    querelante, de influncia etc.);

    De grandeza ou megalomania (de auto-referncia, de

    inveno ou descoberta, genealgico, de redeno ou

    salvacionista, mstico-religioso etc.);

    Sexuais (de cimes, ertico, etc.);

    Autodepreciativos ou de runa (de culpa ou auto-

    acusao, somtico ou hipocondraco, de negao ou

    niilista etc.);

  • 07/04/2015

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    EXAME DO ESTADO MENTAL: pensamento

    Na paranoia ou transtorno delirante, geralmente o delrio simples, no-bizarro, sistematizado e auto-referente (de grandeza).

    Na esquizofrenia, manifesta-se usualmente como complexo, bizarro, no sistematizado, podendo ser primrio (intuitivo) ou secundrio ( atividade alucinatria) Em ambas as enfermidades, os delrios tendem a ser crnicos.

    Nas psicoses afetivas, geralmente o delrio secundrio e humor congruente; assim, nas depresses tende a predominar delrios de runa e na mania, delrios de grandeza.

    *No confundir: Delrio e Delirium

    EXAME DO ESTADO MENTAL: linguagem

    Conceito:

    o conjunto de sinais convencionais utilizados para se

    expressar, sendo fundamental na elaborao e expresso

    do pensamento

    Tipos:

    Oral

    Escrita

    Mimica

  • 07/04/2015

    38

    EXAME DO ESTADO MENTAL: linguagem

    Psicopatologia (oral)

    Dislogias: sem alteraes orgnicas demonstrveis

    (proveniente de transtorno psicopatolgico)

    Demais: com alteraes orgnicas (leso neuronal)

    EXAME DO ESTADO MENTAL: linguagem

    Alteras decorrentes de causas orgnicas:

    Afasia: a perda da linguagem por incapacidade

    de compreender e/ou utilizar os smbolos verbais.

    Afasia motora: compreende, mas no fala.

    Afasia sensorial: no compreende, mas fala.

    Afasia total: no compreende e no fala.

  • 07/04/2015

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    EXAME DO ESTADO MENTAL: linguagem

    Disartria: a incapacidade de articular

    corretamente as palavras, devido ao dficit motor

    do aparelho fonador.

    Intoxicao aguda por depressores do SNC (ingesto de

    lcool)

    Dislalia: omisso, substituio ou deformao de

    fonemas.

    Cebolinha, da Turma da Mnica.

    Retardo mental

    EXAME DO ESTADO MENTAL: linguagem

    Disfonia: uma alterao da fala produzida pela alterao da sonoridade das palavras (resulta numa espcie de rouquido)

    Afonia: forma mais acentuada de disfonia, na qual o indivduo no consegue emitir nenhum som ou palavra

    Ocorre por disfuno do aparelho fonador ou por defeito da respirao durante a fala

    Disfemia: emisso hesitante e intermitente de um fonema.

    Gagueira

    Pode ser orgnica ou psicognica.

  • 07/04/2015

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    EXAME DO ESTADO MENTAL: linguagem

    Dislogias: alteraes associadas a transtornos mentais

    Taquilalia ou taquifasia: o aumento da velocidade na expresso das palavras; associa-se acelerao do pensamento Episdios manacos, hipomanacos e estados de ansiedade

    aguda.

    Bradilalia ou bradifasia: a diminuio da velocidade na expresso das palavras; associa-se inibio do pensamento Estados depressivos.

    Alogia: a pobreza no discurso. Esquizofrenia.

    EXAME DO ESTADO MENTAL: linguagem

    Mutismo: ausncia de fala; implica necessariamente

    a impossibilidade psquica, mas no fsica de

    expresso verbal.

    Estados estuporosos, quadros esquizofrnicos

    Estereotipias verbais: repeties verbais automticas.

    Ecolalia: repetio automtica, involuntria, da ltima ou

    ltimas palavras da frase.

    Verbigerao: repetio incessante e montona de

    palavras, sem sentido comunitativo (similar a uma reza)

  • 07/04/2015

    41

    EXAME DO ESTADO MENTAL: linguagem

    Pararresposta: resposta sistematicamente

    inadequada pergunta. O indivduo responde s

    perguntas que lhe so dirigidas de modo

    completamente disparatado com relao ao

    contedo que lhe foi perguntado.

    No birra nem m vontade.

    Esquizofrenia.

    EXAME DO ESTADO MENTAL: linguagem

    A linguagem na esquizofrenia:

    Neologismo: criao de novos vocbulos com

    significado particular ou alterao radical do

    significado de palavras j existentes.

    Quando cria novas palavras: neologismo ativo

    Quando altera o significado de palavras j existentes:

    neologismo passivo

    Esquizofrenia

  • 07/04/2015

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    EXAME DO ESTADO MENTAL: linguagem

    Jargonofasia ou esquizofasia: produo de palavras sem lgica, pela justaposio arbitrria e incompleta de elementos verbais. Em sua forma extrema, a linguagem se apresenta como uma salada de palavras, em que o paciente emprega neologismos e palavras conhecidas transfiguradas, tornando seu discurso completamente incompreensvel.

    Esquizofrenia.

    Glossolalia: como se o paciente falasse outra lngua; ele produz sons guturais e ininteligveis, mantendo a entonao de uma fala.

    Esquizofrenia

    Referncia

    HENRIQUES, R. P. Psicopatologia Crtica: guia didtico

    para estudantes e profissionais. So Cristvo: Editora

    UFS, 2012.