Exame da disciplina A Cultura do Israel Bíblico
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Transcript of Exame da disciplina A Cultura do Israel Bíblico
São Paulo, 4 de julho de 2012
Fernando Carvalho Tabone
Publicidade e Propaganda – ECA
NºUSP 6805440
Prova da disciplina Cultura do Israel Bíblico I
Questões
1. Analise o conceito bíblico de zera‘ (semente, sêmen, descendência) e suas
implicações na formação do Israel bíblico.
2. Discorra sobre o processo da formação de linhagem e sub-linhagem nos
episódios que envolvem Taré e Abraão, Abraão e Ló, Jacó e Esaú.
3. Como a Bíblia Hebraica descreve as origens de Israel?
Respostas
1. O zera é uma relação de consanguinidade que representa o conceito
de linhagem na cultura do Israel Bíblico. Além da relação do sêmen, este
conceito está também relacionado à questão de propriedade territorial. Abraão
dá início a uma nova linhagem ao decidir sair do seu local de origem, conforme
orientação de Deus, partindo para uma nova região na qual deveria começar
também uma nova linhagem. O zera também está em grande parte restrito ao
homem, pois seria do homem a origem do sêmen, configurando assim o
conceito de patrilinhagem, que é extremamente presente na organização social
do Israel Bíblico. É recorrente no antigo testamento bíblico a referência a
linhagem a partir do homem, dizendo este é filho deste, que é filho deste, etc,
predominando também a importância do primogênito. A própria orientação de
Deus a Abraão a cerca da circuncisão é uma referência ao zera, pois seria
como um sinal no órgão do homem que dá origem ao sêmen, à semente que
dará sequência a linhagem.
2. Abraão ao sair do território pertencente ao seu pai Taré não seria
mais herdeiro das terras de seu pai e portanto também deixaria de ser
perpetuador de seu zera, daí a aliança com Deus tratar de um novo zera, que
herdaria a nova terra à qual Abrão estava sendo direcionado.
Já a divisão de Abraão e de Ló, por outro lado, não implica na criação de uma
nova linhagem, mas de uma sublinhagem. Ló sai do território de Abraão devido
as condições da terra que não suporta mais a quantidade de gado e bens dos
dois, partindo para uma outra terra, em direção oposta a Abraão, onde as
condições territoriais e físicas permitiriam o desenvolvimento de uma nova
sublinhagem. Abraão chega a chamar Ló de “irmão” e age para resgatá-lo, o
que pode indicar que não houve o rompimento completo e a criação de uma
nova linhagem, mas apenas divisão dessa linhagem.
Já entre Jacó e Esaú o que ocorre é a “transferência” do direito da
primogenitura de Esaú para Jacó. Esaú “vende” a Jacó sua posição de
primogênito por troca de comida, e portanto entrega seu direito a herança e a
perpetuar o zera de Isaque. A linhagem de Esaú será uma sublinhagem que
não será zera‘ de Isaque. Diferentemente do que ocorre no episódio de Abraão
e Taré, em que a patrilinhagem é rompida para que se instaure uma nova
linhagem, nos episódios de Abraão e Ló e Jacó e Esaú a patrilinhagem é
mantida, mas surge a partir dela uma nova sublinhagem, iniciada por Ló e por
Esaú.
3. A bíblia hebraica reconhece não só Israel como um povo de origem
mistas como também a ideia de que os povos da região são povos irmãos.
Desde o relato pós dilúvio tem-se a ideia que os três filhos de Noé deram
origem a todos os povos da terra, mas as origens dos israelitas estão
supostamente na descendência de Sem: o povo arameu se forma a partir de
Naor, irmão de Abraão; da sublinhagem formada a partir de Ló descendem os
moabitas e amonitas; Ismael, apesar de não perpetuar o zera de Abraão como
seu meio-irmão Isaque, toma uma mulher egípcia e dá origem às doze tribos
dos ismaelitas; os filhos de Quetura, também de Abraão, formam os povos do
norte, inclusive os midianitas; Esaú, irmão gêmeo do patriarca de Israel Jacó,
casa-se com uma ismaelita, dando origem aos edomitas. Os israelitas são o
povo da linhagem principal de Abraão, enquanto os outros povos têm suas
origens nas sublinhagens e em linhagens aparentadas.