Evolução -Deriva Continental

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Índice

Introdução pp.3

Teoria da Deriva Continental pp.4

Evidências Geográficas pp.4

Evidências Geológicas e Paleontológicas pp.5

Evidências Oceanográficas pp.7

Movimento dos Continentes pp.8

Conclusão pp.11

Webgrafia pp.12

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Introdução

Com os avanços científicos e tecnológicos o Homem parece ter

descoberto novas formas de ultrapassar os obstáculos que até há pouco tempo

se assemelhavam incontornáveis, atingindo objectivos considerados

impossíveis e que durante séculos só puderam ser sonhados pela humanidade.

Hoje em dia, os mais incríveis destinos são tidos como possíveis e as mais

loucas construções são algo palpável e não apenas teórico.

A 20 de Julho de 1969, Neil Armstrong deu um dos mais importantes

passos alguma vez dados e mostrou que a humanidade é capaz de explorar o

impensável. Desde então os avanços têm sido tantos que o que se passou há

40 anos é agora algo comum e ultrapassado. Mesmo tendo sido o primeiro

passo na Lua.

Todos os dias há novas e incríveis descobertas seja a nível astronómico,

biológico, geológico ou em qualquer outro ramo de estudo. Todos os dias os

limites são cruzados e novas metas são estabelecidas. Cada vez mais virados

para o futuro e para o exterior, ignorando o facto de que ainda há muito mais a

explorar no passado, aqui.

Em 1990 foi enviada para o espaço a sonda Magalhães. O seu principal

objectivo era traçar um mapa completo da superfície do planeta Vénus com

vista a ser possível descobrir-se mais sobre o planeta Terra. A filosofia inerente

a este acontecimento prendia-se no facto de que Vénus, o planeta mais

próximo de nós, seria também o mais parecido. Outra vantagem seria também

o facto desse planeta ter muito menos actividade geológica que a Terra, cuja

superfície é relativamente nova devido ao movimento das placas continentais,

sendo um espelho dos acontecimentos passados do nosso planeta e dos quais

não temos registos.

Assim, cruzando-nos com quem passa por nós em direcção oposta,

vamos virar-nos para trás e estudar o que se passou e continua a passar por

baixo dos nossos pés e não acima das nossas cabeças.

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Teoria da Deriva Continental

Devido à constituição do nosso planeta torna-se mais fácil ir à Lua do que

enviar uma sonda para o centro da Terra. Hoje em dia estuda-se o passado

através da observação de outros planetas. Há algumas décadas atrás, o

estudo era feito a partir de mapas do nosso próprio planeta.

Alfred Wegener, em 1912, examinando as costas dos vários continentes,

deduziu que um dia eles teriam estado todos encaixados, como peças num

puzzle. Claro que Wegener não foi o primeiro a pensar nisso. Muitos outros

antes dele terão constatado o mesmo. O que o destaca é o facto de não se ter

deixado ficar por aí, desenvolvendo a ideia o mais possível e apresentando um

conjunto de provas sólidas. Este meteorologista alemão viu a sua teoria ser

ridicularizada e recusada mas após a sua morte, esta acabou por se

estabelecer, provocando grandes alterações em várias áreas de estudo, tais

como a geologia, a geofísica, a oceanografia e a paleontologia, entre outras.

Evidências Geográficas

Como referido, tudo começou quando

Wegener observava a forma como as costas

de África e da América do Sul pareciam

encaixar. Admitiu então que há 300 milhões de

anos os continentes estariam todos

condensados num único supercontinente,

Pangeia. Há 200 milhões de anos (altura em

que terão surgido os dinossáurios) esta grande

massa continental formou fissuras que

acabaram por dividir o continente na

Gondwana (mais a sul) e na Laurásia (mais a

norte) que posteriormente deram origem a

vários outros mais pequenos pedaços de terra

que se foram afastando uns dos outros,

movendo-se em direcção aos locais que

ocupam hoje em dia.

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Figura 1. A deriva dos continentes ao longo do tempo.

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Na altura acreditava-se que há milhões de anos atrás teriam existido

pontes continentais que cruzavam os oceanos, possibilitando a travessia dos

seres entre diferentes pontos do globo terrestre. Essas pontes teriam cedido

devido ao arrefecimento e contracção da Terra acabando por se afundar no

oceano. Para o alemão, como os continentes são constituídos por rochas

menos densas que o basalto vulcânico que forma o fundo do mar, flutuariam no

manto como icebergs na água. Wegener acreditava que se as pontes

continentais tivessem realmente existido, devido às diferenças de densidade,

teriam vindo à superfície.

Refutada então a hipótese das pontes continentais e visto que as provas

fósseis e geológicas mostravam que os continentes teriam estado unidos, a

única alternativa lógica era que teriam sido parte integrante de um

supercontinente antes de se começarem a afastar.

Outra evidência da teoria de Wegener prendia-se com as cadeias

montanhosas. Segundo a teoria do arrefecimento e contracção do planeta

Terra, as cadeias montanhosas formavam-se na crosta terrestre como rugas na

pele de uma maçã seca. Se isto fosse verdade teriam de estar espalhadas

equitativamente pela superfície terrestre, o que não acontece. As cadeias

montanhosas existem em bandas e, como notou Wegener, na costa dos

continentes. Com base nessas observações o cientista afirmou que tais

cadeias se formavam devido ao movimento dos continentes e ao seu embate

uns contra os outros. Por exemplo, o choque da Índia com a Ásia deu origem

aos Himalaias.

Hoje em dia sabemos que não são os continentes que se movem, mas

sim as placas nos quais eles assentam, e que se encontram sobre uma

camada líquida viscosa formada de material rochoso fundido em condições de

grande pressão e temperatura. Nos locais onde as placas colidem formam-se,

como referido, cadeias montanhosas. Onde as placas se afastam o espaço é

preenchido por magma que irrompe até à superfície dando origem a lava.

Surgem desta forma zonas de rifte em que novo material está constantemente

a ser formado. Os riftes encontram-se no fundo dos oceanos.

Evidências Paleontológicas e Geológicas

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Ficou intrigado, também, com o facto de existirem fósseis únicos das

mesmas espécies animais e vegetais em lugares completamente dispares do

planeta, separados por oceanos, como por exemplo, os fósseis de Glassopteris

(plantas), Mesosaurus, Lystrossaurus e Cynognathus (animais). Wegener não

acreditava que os seres tivessem atravessado tão longas distâncias por

qualquer meio de locomoção conhecido. Apenas se as distâncias a percorrer

fossem menores tal dispersão seria possível. A única hipótese era os

continentes estarem mais próximos.

Figura 2. O registo fóssil como evidência paleontológica.

Mesmo hoje em dia os mamíferos de Madagáscar são muito parecidos

com os da Índia mas são completamente diferentes dos de África, que está

mais perto.

Como a sua teoria indicava que as pontes continentais nunca teriam

existido, os defensores da existência das pontes foram extremamente hostis

em relação ao meteorologista e à sua teoria, já que para a aceitarem teriam de

admitir que tudo o que sabiam até então estava errado. O alemão viu-se assim

obrigado a apresentar mais provas acerca do que afirmava.

A descoberta de fósseis de Glassopteris na Antárctica mostrava que o

continente teria estado mais próximo do equador. Mas não eram os únicos.

Apenas provavam que a maioria dos continentes teria tido climas diferentes

dos actuais. Por exemplo, em África, encontrou depósitos glaciais. Em muitos

outros locais encontrou formações geológicas de clima frio onde hoje existem

climas tropicais ou semi-tropicais. Esses continentes teriam constituído a

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Gondwana, situada mais a sul do equador. É por isso que os continentes hoje

em dia mais a norte não têm marcas de glaciações: estariam sobre o equador.

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Evidências Oceanográficas

Só em 1950 com a análise do fundo oceânico a teoria de Wegener foi

aceite. A 200 quilómetros da costa as evidências de que os continentes

encaixavam eram ainda maiores.

Durante a segunda guerra mundial, graças aos avanços tecnológicos,

através de submarinos e outros instrumentos como os sonares, o estudo dos

fundos oceânicos pode ser aprofundado. Descobriu-se que as placas

oceânicas eram basálticas e a sua espessura era fina. Encontravam-se sobre a

astenosfera que, sendo mais densa que a placa oceânica e continental mas

menos que a mesosfera, permitia o movimento das placas. Surgiu uma teoria

segundo a qual nas dorsais oceânicas existiria formação de crosta oceânica.

Como a placa deslizaria paralelamente ao rifte iria colidir com placas

continentais que, sendo mais rígidas, iram fazer com que a placa oceânica

sofresse subducção. A placa oceânica sofre assim um princípio de convecção:

forma-se no seu ponto de origem, arrefece, torna-se mais densa e sofre

subducção. Esta teoria apenas foi aceite quando bem fundamentada e, para

isso, utilizou dados do paleomagnetismo.

O paleomagnetismo é o magnetismo fóssil evidenciado por certas rochas

que podem registar e manter as características do campo magnético terrestre

no momento da sua formação. Essas características são interpretadas pela

análise da orientação dos cristais das rochas.

A lava emitida pelos vulcões contém ferro na sua composição química.

Com o arrefecimento da lava, inicia-se a cristalização seguida de solidificação.

Os pequenos minerais adquirem polaridade e dispõem-se em linhas paralelas

às linhas de força magnética. Estas rochas registam o magnetismo que existia

aquando da sua formação. Se estas não forem reaquecidas, a magnetização é

permanente e estável.

O campo magnético terrestre é definido num determinado ponto da

superfície pela intensidade do campo e pela sua direcção. Com o decorrer do

tempo, o campo magnético terrestre foi submetido a inversões. Denomina-se

polaridade normal a polaridade verificada actualmente em que o Norte

geográfico coincide com o Norte magnético e polaridade inversa a polaridade

contrária à verificada actualmente.

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Os sedimentos marinhos constituem um registo mais completo das

inversões de polaridade do campo magnético terrestre, na medida em que a

sedimentação é um processo geológico ininterrupto, enquanto que os

acontecimentos vulcânicos são intermitentes e a possibilidade de coincidência

de ocorrência da inversão do campo magnético com o momento de formação

das rochas é pequena. A existência de faixas da crosta com anomalias

positivas e negativas são uma consequência da inversão de polaridade do

campo magnético terrestre. Apresentam-se nos mapas segundo linhas

paralelas e simétricas em relação ao centro emissor de lavas (o rifte).

O paleomagnetismo veio comprovar que a formação de crosta oceânica

ocorre simultaneamente para ambos os lados do rifte, isto porque o

paleomagnetismo se manifesta segundo bandas paralelas e simétricas, com

determinada polaridade, a partir do rifte. Assim fica comprovado que cada

banda simétrica foi outrora a zona de rifte, comprovando a movimentação dos

continentes, como afirmava Wegener na sua teoria.

Movimento dos Continentes

A maior dificuldade de Wegener foi indicar a força que movimentava os

continentes. Sugeriu a força de centrifugação causada pela rotação da Terra e

a força das ondas das marés provocadas pela força gravitacional. Os críticos

destas opções realçaram o facto de que a deriva iria quebrar e distorcer os

continentes de tal forma que hoje em dia não seriam nada do que teriam sido

originalmente. Além disso as forças mencionadas não teriam poder suficiente

para mover os continentes. O próprio Wegener não estava confiante quanto às

opções expostas.

Sabemos hoje que estava muito errado no que toca ao movimento dos

continentes como icebergs. Em vez disso, tanto os continentes como o fundo

oceânico (ou seja, a camada mais superficial da Terra) formam placas sólidas

que flutuam na astenosfera, uma camada rochosa que se comporta como um

liquido viscoso mais quente. As forças das correntes de convecção são

suficientes para deslocar as placas. Estas correntes ocorrem na astenosfera e

são provocadas pelas diferenças de temperatura. O magma movimenta-se

desta forma. O mais quente sobe, chega ao pé da crosta, arrefece, torna-se

mais denso e desce.

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Figura 3. Constituição do planeta Terra.

O planeta Terra é constituído por camadas. À superfície temos a crosta

terrestre com uma espessura de 40 quilómetros na zona continental e 7 nos

fundos oceânicos. Esta camada é formada por rochas menos densas do que as

que se encontram por baixo, logo flutua no magma. A crosta está apoiada em

placas tectónicas, formadas pela camada externa do magma endurecido. O

manto é a camada que surge de seguida e é formado por magma a 2000 ºC

submetido a altas pressões, mantendo-se líquido. No interior do planeta temos

o núcleo. O núcleo interno é sólido e constituído essencialmente por ferro. O

núcleo externo é líquido e gira a uma velocidade maior do que a da rotação da

Terra. É esse movimento que cria o campo magnético terrestre que protege o

planeta da maioria das radiações solares a que está sujeito.

Tudo o que sabemos hoje da constituição da Terra e do seu

comportamento geológico tem por base a teoria da deriva continental de

Wegener.

Hoje em dia há quem afirme que temos informação e mecanismos

tecnológicos e científicos suficientes para prever onde os continentes vão estar

dentro de alguns milhões de anos. Alguns defendem que daqui a 250 milhões

de anos vamos ter uma Pangea Ultima. O oceano Atlântico só vai tocar

algumas zonas da América do Norte e de África. O norte do Brasil vai fazer

fronteira com a actual África do Sul. A Antárctica vai subir. O Saara vai estar

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onde hoje é a Gronelândia. A Europa estará onde hoje é o Pólo Norte. O

Pacífico vai ser o maior oceano e vai conter quase toda a água salgada do

mundo enquanto que o Índico vai dar origem a apenas dois pequenos lagos de

água salgada semelhantes ao mar Morto.

Muitas destas hipóteses são consideradas teorias loucas tal como a teoria

de Wegener foi vista há algumas décadas atrás. O comportamento das placas

tectónicas é demasiado imprevisível para termos certezas quanto ao futuro.

Ainda para mais um tão afastado. A Pangeia só se dividiu há 200 milhões de

anos. Até acontecer algo daqui a 250 milhões de anos ainda há muito caminho

a percorrer.

Daqui a 250 milhões de anos pode já nem existir planeta Terra…

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Conclusão

A teoria de Wegener não foi logo aceite porque deitava por terra muitas

das bases fundamentais da paleontologia e física da altura. As novas ideias só

foram totalmente aceites muito recentemente, quando as evidências físicas

eram demasiado explícitas para serem ignoradas. A teoria só foi aceite pois

resolvia muitos problemas de diferentes áreas de estudo, colmatando lacunas

que as anteriores teorias não conseguiam explicar.

Wegener teve um papel de extrema importância no facto de conseguir

entrelaçar conhecimentos de várias áreas e assim mostrar que os diferentes

ramos de estudo das ciências não podem ser vistos em isolado mas que todos

os acontecimentos devem ser vistos como acontecimentos complexos e

amplos, que envolvem e necessitam de um estudo aprofundado e alargado de

vários ângulos. Só dessa forma um dia poderemos perceber melhor o nosso

planeta.

Desde 1930 os cientistas já exploraram os fundos oceânicos, descobriram

novas formas de datação paleontológica, foram um pouco mais fundo no

estudo da crosta do planeta e adquiriram conhecimentos muito mais avançados

em relação ao que se sabia nessa década. Apesar de tudo, as bases em que

se apoia a teoria de Wegener continuam válidas e a cada nova descoberta

tornam-se um pouco mais sólidas.

Vivemos num planeta geologicamente activo e tendo por base o estudo do

movimento das placas podemos um dia conseguir prever a ocorrência de

sismos e erupções vulcânicas.

Se Wegener não tivesse lutado pelas suas crenças hoje em dia ainda

acreditaríamos que os continentes são estáticos e os seres cruzaram o globo

cruzando pontes continentais.

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Webgrafia

www.nature.com

super.abril.uol.com.br

www.nasa.gov

geology.com

www.gsajournals.org

www.iscid.org

www.usgs.gov

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