Evandro Lins e Silva - Salão dos passos perdidos

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EVANDROLINSE SILVA DEPOIMENTO AOCPDOC , .... ..... --- , ... -. EOITORA NOVA fRONTEIRA SEM'AE UM BOMLIVRO -HISTORIADA ADVOCACIArda li da do no CUI1\mUI cmobjelode estudos e drpois o tla-bal ho dmesprofl!.siollaissr eXl l1 ll:nu ;\ti vl-dofOlo,1101 Jumsdosproce..sos,nos P:lICCC[Cl,sem consultar oli vro de Joo l3arbalho.Emrelao 3 origem flO1iliar de nu-nha me vou um pouco mais longe, conhco-:l melhor por ou-vi rJ ebprpria.Minhabisavch:1mavasei\fariaUmbelina Wandcdcy CavaJcantide Albuquerque. Famliatradiciol1al,no? Sim, tanto que olivro Casa-grol1dee senzala, de Gilberto Freire, registra como opovo se vingava dessas fanuli as que pre-tensiosamente deitavam imponncia, sabedoria, prestigio e no-breza, dizendo emtom de zombaria:' 'No h Wandedey que nobeba, AlbuquerquequenomintacCavalcantiqueno deva ... " Afamliade minha me muito numerosa. Meu av materno chamava-se Pedro Celso Uchoa Cavalcanti . Foi uma figura de grande prestigio intelectual no seu tempo, professor do Ginsio Pernambucano, fil logo, poliglota. Foi o tradutor de umli vro de Watjen, daBrasiliana, intituladoOdomniocolonial holands noBrasil, para o gual teve gue traduzir inclusive textos em holands.Era um homem de grande popularidade no Recife, porque lecionou dezenas de anos em vrios colgios. Por exem-plo,foiprofessordemeupaiemeuprofessornoGinsio Pernambucano, que era um colgio modelar, tal como oPedro II noRi o de Janeiro.Os grandes professores da poca ensina-vam l. .Mjnha av materna chamava-se M'aria da Conceio CavalcantideAlbuquerque.ErafilhadeMariaUmbelinae prima do marido, meu av PedroCelso. Deondeveioo0Pfodeseupai pelodireito?SeuavAuguJIO PoulinodaSiAJolambimera formadoemdireito? " oSALO005I'ASSOSI' E RDIDOS No.Noeradiplomado.Seipoucosobresuaori-gem, a no ser que crafilho de portugueses emorreu relativa-mente cedo. Quanto ?t escolha de meu pai,a mocidade daquele tempotinhacomo:l spirao,como sonho, comoprojeLOde vi(b,seradvngac!o.Eraon1"i scomum.Oumdico.Emais raramente engenheiro. Por exemplo, minha me tinha17 i(m:ios, dos quais conheci14.Eram dois advogados, trs mdicos,um form:ldo numa escola qualquer de :1dminisU':1o dagucla po-ca, que no sei bem como se chamava, dois engenheiros ... E as mulheres, de modo geraleram donas de casa, no tinham pro-fissoremunerada.Uma era freira, e as demais se casaram. Essa que era freira no usava hbito. Morava e lecionava nwn colgio eucarstico que havia noReci fe,onde professou, embora no fosse wna ordem reJjglosa.Foiprofessora de geraes e gera-es de moas no Recife. Outra irm de minha me - foi,na poca, uma surpresaimensa - sedesquitou do marido ede-pois di sso passou a trabalhar em banco. Todas elas eram muito preparadas, por influncia, talvez, do meu av, do esrudo em famlia.Todas falavamnguas.1-.finha me casou aos 17 anos e falavacorrentemente Ofrancs eoingls, oque era rarssimo naquele tempo. Af amiliade suameeramuitoIradicional e importanle 110Reci-fi JadeSei( pai sm'ao quese poderiadefinircomouma Iam/lia deseloresmdios? Nas genealogias pernambucanas, os Lins aparecem l no comeo, miJ seiscentos e poucos. Eos Barros tambm so antigos. Agora, eram gente de classe mdia, como afamlia de minhametambm:meuavmaternoeraumprofessor. Quem tinha maior destaque era minha bisav Maria Umbelina, porque foicasada com um Cavalcanti deAlbuquerque e tinha engenho. Masissotudofoiacabando.Elaficouvivamuito cedo, aos 21anos de idade, niio casou outra vez e viveu at os 99. Tanto que quando minha filhamais velha nasceu, ela ainda 26 RAIZESNOR D ESTI NAS era viva. Ela (Iuaseteve pentanetos!Casou-se com 13 anos de idade, leve quatro filhas, e essas fiJh as oei......aramuma descendcll -cia numerosssima (Iue hoje ainda exi ste espalhal.b por a.Basta di zer que s a descendncia deminha me, que era sua neta, foi de 13 fiU10S. Donal\fmiaU",bel1f1era"IIIagrandesenhomdePema",blfo. Sim.Eh!morava COI11meu avP..;Jro Cel so, seu gen-ro.E tinha um grande dominio sobre a casa.i\landava em todo mundo, influa em todas as decises, era uma pessoa de muita pet:Sonalidade. Seu paitinhairmos?Oque faziameles? Um era mdjco e dois eram bacharis em direito, ad-vogados tambm. o senhor sabecomoseu pai eSIIameseconheceram? Como se conheceram, eu no sei Recife era uma cida-depequena,eleeraestudantededireito,elaeraumajovem casadoira, deviam freqentar os mesmos circulas, dai o conhe-cimentoentre ambos e ocasamento. Tenho ainda uns cartes deledo Ararangupara da. Eles secasaram em1908 eforam / logo para o Maranho. A ODISSIA MARA..'-lH.f.,'1SE PossocitarascidadesemquemeupaifoiJuizno Maranho, e pode ser que ainda haja outras de que no me lem-bro.SeiquehouveTutia;Imperatriz- eraumacidade pequenissima, hojeuma grande cidade,um entroncamento importante; Barra do Corda; Pastos Bons; Colinas, que se cha-mava Picos naquela poca; Brejo do Anapurus; So Bernardo; So Luis Gonzaga; I tapicurumirim ...A permanncia de meu pai no Maranho durou de 1908 at 1920. Foram 12 anos percor-27 oS ALODOSPASSOSP ERDIDOS rendo essas cidades, uma verdadeira odissia. Contavam eles -minha me sobretudo - que, numa das transfernci:ls de meu p:tideumacidadeparaoutra,fi zemosunu.vi3gemde100 lguas, que 600quilmetros, cm condies tenvei". J ra-mostrs irmo'5n:l