Eusebio de Cesareia. História Eclesiástica

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6/10/2014 História Eclesiástica (séc. IV) | História Medieval - Prof. Dr. Ricardo da Costa http://www.ricardocosta.com/traducoes/textos/historia-eclesiastica-sec-iv 1/4 Selecione o idioma Powered by Tradutor História Eclesiástica (séc. IV) Eusébio de Cesaréia Trad.: Ricardo da COSTA (mailto:[email protected]) Prólogo Depois de ter descrito em sete livros completos a sucessão dos apóstolos , acreditamos que é um de nossos mais necessários deveres transmitir neste oitavo livro, para o conhecimento também dos que virão depois de nós, os acontecimentos de nosso próprio tempo , pois eles merecem uma exposição escrita bem pensada. E nosso relato terá seu começo a partir desse ponto. 1. Da situação anterior à perseguição de nossos dias 1. Explicar como se merecem quais e quão grandes foram, antes da perseguição de nosso tempo, a glória e a liberdade que gozou , entre todos os homens, gregos e bárbaros, a doutrina da piedade para com o Deus de todas as coisas e anunciada ao mundo por meio de Cristo, é empresa que nos transborda. 2. Contudo, uma prova disso poderia ser a acolhida dos soberanos para com os nossos , a quem inclusive eram encomendados aos governos das províncias, dispensando-lhes a angústia de ter que se sacrificar, pela grande amizade que reservavam à nossa doutrina. 3. Que necessidade há de falar dos que estavam nos palácios imperiais e dos supremos magistrados? Estes consentiam que seus familiares – esposas, filhos e criados – obrassem abertamente, com toda a liberdade, com sua palavra e conduta, no que se refere à doutrina divina, quase lhes permitindo vangloriarem-se da liberdade de sua fé. Eram considerados muito especialmente dignos de aceitação, mais ainda que seus companheiros de serviço. (...) 3. Do modo como se comportaram os que combateram na perseguição 1. Então, precisamente então, numerosíssimos dirigentes das igrejas, lutando corajosamente em meio a terríveis tormentos, ofereceram cenas de grandes combates. Contudo, foram milhares os outros que, de antemão, embotaram suas almas com a covardia, e assim facilmente se debilitaram já ao primeiro ataque. Dos restantes, cada um foi alternando diferentes espécies de tormentos: um, com seu corpo sendo lacerado com açoites; outro, castigado com as torturas insuportáveis do potro e dos ganchos de ferro, nos quais alguns já perdiam suas vidas. (...) 6. Dos mártires das casas imperiais 1. Acima de todos que alguma vez foram celebrados como admiráveis e famosos por sua valentia, tanto entre os gregos quanto entre os bárbaros, esta foi a ocasião para destacar aos divinos e excelentes mártires Doroteu e os servidores imperiais que o acompanhavam. Embora seus amos os tivessem considerados dignos da mais alta honra e no trato não os deixavam abaixo de seus próprios filhos, eles julgavam, com toda a verdade, que as injúrias, os trabalhos e os variados gêneros de morte inventados contra eles por causa de sua religião eram uma riqueza maior que a glória e o prazer dessa vida. Somente mencionaremos o fim que teve um deles e deixaremos a nossos leitores que imaginem o que aconteceu aos outros. 2. Na cidade mencionada , um deles foi conduzido publicamente diante dos imperadores já indicados ; foi ordenado que sacrificasse (sua fé) e, ao opor-se, foi mandado que fosse pendurado nu e que seu corpo fosse rasgado à força dos açoites até que, submetido, fizesse o que fosse ordenado, mesmo contra sua vontade. 3. Mas como ele se mantinha inflexível mesmo depois de padecer esses tormentos, e com os seus 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

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Selecione o idioma Powered by Tradutor

História Eclesiástica (séc. IV)Eusébio de Cesaréia

Trad.: Ricardo da COSTA (mailto:[email protected])

Prólogo

Depois de ter descrito em sete livros completos a sucessão dos apóstolos , acreditamos que é umde nossos mais necessários deveres transmitir neste oitavo livro, para o conhecimento tambémdos que virão depois de nós, os acontecimentos de nosso próprio tempo , pois eles merecem umaexposição escrita bem pensada. E nosso relato terá seu começo a partir desse ponto.

1. Da situação anterior à perseguição de nossos dias

1. Explicar como se merecem quais e quão grandes foram, antes da perseguição de nosso tempo, aglória e a liberdade que gozou , entre todos os homens, gregos e bárbaros, a doutrina da piedadepara com o Deus de todas as coisas e anunciada ao mundo por meio de Cristo, é empresa que nostransborda.

2. Contudo, uma prova disso poderia ser a acolhida dos soberanos para com os nossos , a queminclusive eram encomendados aos governos das províncias, dispensando-lhes a angústia de terque se sacrificar, pela grande amizade que reservavam à nossa doutrina.

3. Que necessidade há de falar dos que estavam nos palácios imperiais e dos supremosmagistrados? Estes consentiam que seus familiares – esposas, filhos e criados – obrassemabertamente, com toda a liberdade, com sua palavra e conduta, no que se refere à doutrina divina,quase lhes permitindo vangloriarem-se da liberdade de sua fé. Eram considerados muitoespecialmente dignos de aceitação, mais ainda que seus companheiros de serviço.

(...)

3. Do modo como se comportaram os que combateram na perseguição

1. Então, precisamente então, numerosíssimos dirigentes das igrejas, lutando corajosamente emmeio a terríveis tormentos, ofereceram cenas de grandes combates. Contudo, foram milhares osoutros que, de antemão, embotaram suas almas com a covardia, e assim facilmente se debilitaramjá ao primeiro ataque. Dos restantes, cada um foi alternando diferentes espécies de tormentos:um, com seu corpo sendo lacerado com açoites; outro, castigado com as torturas insuportáveis dopotro e dos ganchos de ferro, nos quais alguns já perdiam suas vidas.

(...)

6. Dos mártires das casas imperiais

1. Acima de todos que alguma vez foram celebrados como admiráveis e famosos por sua valentia,tanto entre os gregos quanto entre os bárbaros, esta foi a ocasião para destacar aos divinos eexcelentes mártires Doroteu e os servidores imperiais que o acompanhavam. Embora seus amosos tivessem considerados dignos da mais alta honra e no trato não os deixavam abaixo de seuspróprios filhos, eles julgavam, com toda a verdade, que as injúrias, os trabalhos e os variadosgêneros de morte inventados contra eles por causa de sua religião eram uma riqueza maior que aglória e o prazer dessa vida. Somente mencionaremos o fim que teve um deles e deixaremos anossos leitores que imaginem o que aconteceu aos outros.

2. Na cidade mencionada , um deles foi conduzido publicamente diante dos imperadores jáindicados ; foi ordenado que sacrificasse (sua fé) e, ao opor-se, foi mandado que fosse penduradonu e que seu corpo fosse rasgado à força dos açoites até que, submetido, fizesse o que fosseordenado, mesmo contra sua vontade.

3. Mas como ele se mantinha inflexível mesmo depois de padecer esses tormentos, e com os seus

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ossos já aparecendo, misturaram então vinagre com sal e derramaram nas partes mais dilaceradasde seu corpo. Mas ele também suportou essas dores. Então trouxeram grelhas de ferro e fogo e,como se faz com a carne comestível, o resto de seu corpo foi sendo consumido no fogo, não todode uma vez, para que não morresse logo, e sim pouco a pouco. Mesmo depois de tantospadecimentos, os que o haviam colocado na fogueira não podiam soltá-lo até que ele desse umsinal de concordar com o ordenado.

4. Mas ele foi vencedor, pois estava solidamente aferrado a seu propósito, e entregou sua alma emmeio aos tormentos. Tal foi o martírio de um dos servidores imperiais, digno realmente donome que tinha: Pedro.

5. Embora não fossem menores os tormentos dos outros , contudo, considerando as proporçõesdesse livro, os omitiremos. Somente diremos que Doroteu e Gorgônio, juntamente com muitosoutros do serviço imperial, depois de passarem por combates de todo o gênero, morreramenforcados e alcançaram o prêmio da divina vitória.

6. Nesse tempo, Antimo, que então presidia a igreja de Nicomédia, foi decapitado por seutestemunho de Cristo. E a ele se juntou uma multidão compacta de mártires quando, nessesmesmos dias e sem saber como, foi anunciado um incêndio no palácio imperial de Nicomédia. Aosuspeitar falsamente e correr a voz de que havia sido provocado pelos nossos, a uma ordemimperial, os cristãos daquele lugar, em tropel e amontoadamente, foram degolados com a espada;outros terminaram no fogo. Uma tradição diz que homens e mulheres saltavam para o fogo comum fervor divino inefável. Por sua vez, os verdugos amarravam outra parte da multidão em barcase as lançaram aos abismos do mar.

(...)

7. Dos mártires egípcios da Fenícia

1. Pelo menos nós conhecemos os que dentre eles, brilharam na Palestina. Inclusive conhecemosos que se sobressaíram em Tiro na Cilicia. Vendo-os, quem não se pasmará com os inumeráveisaçoites e com a resistência dos que suportaram estes atletas da religião verdadeiramentereligiosos? E depois dos açoites, o combate com as feras devoradoras de homens, os ataques deleopardos, de ursos de diferentes espécies, de javalis e touros queimados com ferro candente:como não ficar pasmo com a admirável paciência daquelas nobres pessoas frente a cada umadessas feras?

2. Nós também nos encontramos presentes a estes acontecimentos e observamos como o poderdivino de Nosso Jesus Cristo Salvador, de quem eles davam testemunho, se fazia presente e semostrava claramente aos mártires: as feras devoradoras de homens tardaram muito tempo ematrever-se a tocar e até a se aproximar dos corpos dos amigos de Deus, enquanto se lançavamcontra os outros que as incitavam de fora. Sem dúvida, os santos atletas foram os únicos que demodo algum foram tocados, apesar de se encontrarem de pé, desnudos e fazerem gestos com asmãos, provocando-as contra eles mesmos. Inclusive quando elas avançavam contra eles,novamente retrocediam, como se estivessem sendo rechaçadas por uma força divina.

(...)

8. Dos mártires do Egito

Assim foi também a luta dos egípcios que em Tiro salvaram publicamente seus combates pelareligião.

Mas dentre eles se poderia admirar aqueles que sofreram o martírio em sua pátria , ondehomens, mulheres e crianças, em um número incalculável, depreciando a existência passageira,suportaram, pelo ensino de Nosso Salvador, diferentes gêneros de mortes: uns foram jogados aofogo, depois dos ganchos de ferro, dos potros, dos açoites crudelíssimos e de infinitos e variadostormentos que nos fazem estremecer somente ao ouvi-los; outros, o mar os tragou; outrosofereciam valentemente suas próprias cabeças aos que as cortavam; outros, inclusive, morriam nomeio das torturas; outros, a fome os consumiu, e outros, por sua vez, foram crucificados, unscomo era de costume aos malfeitores, e outros ainda pior, cravados ao contrário, com a cabeçapara baixo e deixados com vida até que pereciam de fome sobre o mesmo patíbulo.

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9. Dos mártires de Tebaida

1. Mas os ultrajes e dores que os mártires de Tebaida suportaram ultrapassam qualquer descrição.Eles tinham seus corpos todos dilacerados com cacos de louça ao invés de ganchos de ferro, issoaté perderem a vida; as mulheres eram atadas por um pé e suspensas no ar por máquinas, com acabeça para baixo e os corpos inteiramente nus, oferecendo a todos os olhares um dos espetáculosmais vergonhosos, o mais cruel e desumano de todos.

2. Outros, por sua vez, eram mortos amarrados a árvores e galhos. Com máquinas, juntavam osgalhos mais robustos e esticavam em cada um deles as pernas dos mártires, deixando que osgalhos voltassem à sua posição natural. Assim, eles inventaram o esquartejamento instantâneodaqueles contra quem faziam tais coisas.

3. Tudo isso era perpetrado não por poucos dias ou por uma breve temporada, mas por um longoespaço de anos inteiros, morrendo às vezes mais de dez pessoas, às vezes mais de vinte; em outrasocasiões, não menos de trinta, e uma vez até cerca de sessenta; e ainda houve uma vez em que,em um só dia, foram dadas à morte cem homens, com seus filhinhos e suas mulheres, condenadosa vários e sucessivos castigos.

4. Nós mesmos, encontrando-nos no lugar dos fatos, vimos muitos sofrer em massa e em um sódia; uns, a decapitação, outros, o suplício do fogo até que o ferro perdesse o fio e se partisse empedaços por puro desgaste por causa da força com que matavam, enquanto os mesmos assassinosse revezavam por cansaço.

Notas

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VII 32, 32.

Isto é, a perseguição de Diocleciano. O texto não é esquemático: há lacunas, imprecisões, desordensarbitrárias, etc. Apesar disso, segundo os especialistas (Sommerville, Keresztes, Davies), há certosparalelismos entre os lamentos do salmista em Salmos 88, 40-46 e os acontecimentos narrados ao longodo capítulo.

Nascido em Cesaréia da Palestina em 265 e educado na escola do douto Pânfilo, Eusébio recebeu umasólida formação intelectual, sobretudo histórica. Eleito bispo de sua cidade, foi o homem mais erudito doseu tempo. Escreveu muitas obras de teologia, exegese, apologética, mas a sua obra mais importante foia História Eclesiástica, em 10 volumes, fruto de 25 anos de pesquisa histórica, contínua e apaixonada.Eusébio narra, nos 7 primeiros livros, a história da Igreja, das origens até 303. Os livros 8º e 9º referem-seà perseguição iniciada por Diocleciano em 303 e concluída no ocidente em 308, tendo continuado nooriente com Galério, até o Edito de Tolerância (311) e à morte de Maximino (313). O livro 10º descreve aretomada da Igreja até à vitória de Constantino sobre Licínio e a unificação do Império (323). Antes dessaobra, Eusébio tinha recolhido e transcrito na Coleção dos Antigos Mártires uma vasta documentação (atosdos processos de mártires, paixões, apologias, testemunhos de indivíduos e comunidades) sobre osmártires anteriores à perseguição de Diocleciano; o livro foi perdido, mas Eusébio tinha retomado o temaem parte na História Eclesiástica. Poupado pela perseguição de Diocleciano (303-311), Eusébio foi delatestemunha de importância excepcional, porque viu pessoalmente a destruição de igrejas, as fogueiras delivros sagrados e muitas cenas selvagens de martírio na Palestina, na Fenícia e até na distante Tebaida doEgito, deixando-nos de tudo, uma comovente memória de grande valor histórico. Apesar de suas lacunase erros, a História Eclesiástica continua “a obra histórica mais conhecida e digna de fé e, muitas vezes, aúnica fonte supérstite de informação” (PENNA, Angelo, Enciclopedia Cattolica, Vaticano, 1950, vol. V, p.842-854). Ver Internet: As catacumbas cristãs de Roma. Nossa tradução foi feita a partir do textoEUSÉBIO DE CESÁREA. Historia Eclesiástica II. Texto bilíngüe (version española, introduccion y notas deArgimiro Velasco-Delgado). Madrid: Biblioteca de Autores Cristianos, 1997.

Secularização de palavras neotestamentárias. Eusébio esvazia-as de seu significado escatológico original elhes dá um sentido de “escatologia realizada”.

A retórica faz com que Eusébio exagere a boa disposição dos imperadores, “esquecendo” o que disse antesde Aureliano e seus predecessores.

Provavelmente ele se refere à esposa de Dicleciano, Prisca, e a sua filha Valéria, esposa de Galério, asquais, segundo Lactâncio (De mort. Pers. 15, 1), eram cristãs, embora seguramente não passassem decatecúmenas.

Cavalo de madeira no qual se torturavam os acusados ou condenados.

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http://www.ricardocosta.com/textos/Nascido%20em%20Cesar%E9ia%20da%20Palestina%20em%20265%20e%20educado%20na%20escola%20do%20douto%20P%E2nfilo,%20Eus%E9bio%20recebeu%20uma%20s%F3lida%20forma%E7%E3o%20intelectual,%20sobretudo%20hist%F3rica.%20Eleito%20bispo%20de%20sua%20cidade,%20foi%20o%20homem%20mais%20erudito%20do%20seu%20tempo.%20Escreveu%20muitas%20obras%20de%20teologia,%20exegese,%20apolog%E9tica,%20mas%20a%20sua%20obra%20mais%20importante%20foi%20a%20Hist%F3ria%20Eclesi%E1stica,%20em%2010%20volumes,%20fruto%20de%2025%20anos%20de%20pesquisa%20hist%F3rica,%20cont%EDnua%20e%20apaixonada.%20Eus%E9bio%20narra,%20nos%207%20primeiros%20livros,%20a%20hist%F3ria%20da%20Igreja,%20das%20origens%20at%E9%20303.%20Os%20livros%208%BA%20e%209%BA%20referem-se%20%E0%20persegui%E7%E3o%20iniciada%20por%20Diocleciano%20em%20303%20e%20conclu%EDda%20no%20ocidente%20em%20308,%20tendo%20continuado%20no%20oriente%20com%20Gal%E9rio,%20at%E9%20o%20Edito%20de%20Toler%E2ncia%20(311)%20e%20%E0%20morte%20de%20Maximino%20(313).%20O%20livro%2010%BA%20descreve%20a%20retomada%20da%20Igreja%20at%E9%20%E0%20vit%F3ria%20de%20Constantino%20sobre%20Lic%EDnio%20e%20a%20unifica%E7%E3o%20do%20Imp%E9rio%20(323).%20Antes%20dessa%20obra,%20Eus%E9bio%20tinha%20recolhido%20e%20transcrito%20na%20Cole%E7%E3o%20dos%20Antigos%20M%E1rtires%20uma%20vasta%20documenta%E7%E3o%20(atos%20dos%20processos%20de%20m%E1rtires,%20paix%F5es,%20apologias,%20testemunhos%20de%20indiv%EDduos%20e%20comunidades)%20sobre%20os%20m%E1rtires%20anteriores%20%E0%20persegui%E7%E3o%20de%20Diocleciano;%20o%20livro%20foi%20perdido,%20mas%20Eus%E9bio%20tinha%20retomado%20o%20tema%20em%20parte%20na%20Hist%F3ria%20Eclesi%E1stica.%20Poupado%20pela%20persegui%E7%E3o%20de%20Diocleciano%20(303-311),%20Eus%E9bio%20foi%20dela%20testemunha%20de%20import%E2ncia%20excepcional,%20porque%20viu%20pessoalmente%20a%20destrui%E7%E3o%20de%20igrejas,%20as%20fogueiras%20de%20livros%20sagrados%20e%20muitas%20cenas%20selvagens%20de%20mart%EDrio%20na%20Palestina,%20na%20Fen%EDcia%20e%20at%E9%20na%20distante%20Tebaida%20do%20Egito,%20deixando-nos%20de%20tudo,%20uma%20comovente%20mem%F3ria%20de%20grande%20valor%20hist%F3rico.%20Apesar%20de%20suas%20lacunas%20e%20erros,%20a%20Hist%F3ria%20Eclesi%E1stica%20continua%20%93a%20obra%20hist%F3rica%20mais%20conhecida%20e%20digna%20de%20f%E9%20e,%20muitas%20vezes,%20a%20%FAnica%20fonte%20sup%E9rstite%20de%20informa%E7%E3o%94%20(PENNA,%20Angelo,%20Enciclopedia%20Cattolica,%20Vaticano,%201950,%20vol.%20V,%20p.%20842-854).%20Ver%20Internet:%20As%20catacumbas%20crist%E3s%20de%20Roma,%20http://www.catacombe.roma.it/br/ricerche/ricerca12.html
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É Lactâncio (op. cit., 13) quem descreve como morreu esse cristão. Eusébio diz que foi o primeiro a morrere silencia o nome dos que o seguiram sem que se saibam suas razões.

Heb 11, 26.

Nicomédia.

De nome Pedro.

Diocleciano e César Galério.

Segundo Lactâncio (op. cit., 21,7), o suplício do fogo lento foi pela primeira vez autorizado por Galériocontra os cristãos.

Isto é, ele morreu sem ter sido condenado à morte; o primeiro edito não autorizava este extremo. Osmartiriólogos o comemoram no dia 12 de março.

Isto é, os demais servidores imperiais e companheiros de Pedro.

A festa de Santo Antimo é celebrada no ocidente no dia 17 de abril. No Martiriólogo Sírio seu nomeaparece no dia 24 de abril.

Constantino se encontrava então presente em Nicomédia. Disse posteriormente (em sua Oratio adsanctorum coetum, 25) que um raio provocou o incêndio. Eusébio destaca aqui os falsos rumores queacusavam os cristãos. Lactâncio (op. cit., 14) afirma que Galério, insatisfeito com o teor do edito, provocouo incêndio para acusar os cristãos e forçar Diocleciano a persegui-los sangrentamente, que conseguiusomente depois de provocar outro incêndio, quinze dias depois – Constantino e Eusébio só mencionamum – fato que acabou com a resistência do primeiro augusto.

Nessa perseguição muitos foram os mártires afogados, como se verá adiante.

O norte do Egito, por oposição a Tebaida, distrito do sul.

Cidade do Egito, situada a cerca de 740 km ao sul de Cairo, famosa pelos templos de Karnac e de Luxor.Foi capital do Egito durante o Novo Império. Tebaida era uma das três divisões administrativas do AntigoEgito, também chamada de Alto Egito, e Tebas era sua capital. Tornou-se célebre como berço e centro deirradiação da vida eremítica nos séculos IV e V.

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