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1 Etnografia do espaço e tempo na comunidade Linha da Cruz/MG Gabrielly Merlo de Souza 1 Resumo Dois processos territoriais fundam a comunidade rural Linha da Cruz, situada no bioma da Caatinga, norte de Minas Gerais/Brasil: as políticas de colonização do sertão mineiro promovidas pela Ruralminas em 1974, deflagrando numa corrida pela regularização de terras e loteamento de áreas devolutas; e um processo anterior à chegada da Ruralminas, sobre o qual não há registros oficiais, mas se mantém vivo na memória dos moradores antigos, trata-se da chegada de posseiros de terra na década de 1930, advindos do rastro do gado, “mito de origem” que aponta para a constituição da identidade sertaneja. Na comunidade hodierna, um novo processo econômico marca os novos tempos, trata-se da entrada da economia de biocombustíveis no modo de vida catingueiro. A partir do debate internacional em torno das energias renováveis e da necessidade do selo “combustível social” para comercialização de biodiesel pelas empresas, o governo federal, em parceria com a Petrobrás, lança o Programa Nacional de Produção de Biodiesel (PNPB) e, com isso, vem avançando sobre a “agricultura familiar”. Neste trabalho analiso os efeitos da entrada de uma nova economia (biodiesel) nos modos de vida da comunidade supracitada, sobretudo, procurando observar os processos de transformação das territorialidades e das relações sociais no mundo rural. Este trabalho foi resultado da pesquisa da conclusão do Mestrado em Antropologia Social, em parceria com o Grupo de Estudos em Temáticas Ambientais GESTA-UFMG. Palavras-chaves: Agricultura tradicional. Conflito Socioambiental. Territorialidade. Agrocombustíveis. 1. Introdução Devido aos longos períodos de seca da caatinga, o lugar se caracteriza pela intensa dispersão populacional. Dificilmente as pessoas conseguem se fixar no sertão e preferem, muitas vezes, se deslocar em busca de lugares “menos sofridos” para se viver. Este ambiente é o onde vivem os, aqui chamados, “catingueiros”, agricultores da região da caatinga e que constituem-se em suas relações socioambientais como uma das “etnicidades ecológicas” (PURAJULI, 1996) localizadas no norte de Minas Gerais 2 . 1 Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social PPGAN-UFMG. 2 Com o termo “etnicidades ecológicas”, Parajuli (1996) se refere ao fenômeno que surge na India, no início do sec. XX, de “etnização da destruição ecológica”, o qual grupos étnicos utilizam-se da rubrica da

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Etnografia do espaço e tempo na comunidade Linha da Cruz/MG

Gabrielly Merlo de Souza1

Resumo

Dois processos territoriais fundam a comunidade rural Linha da Cruz, situada no bioma da

Caatinga, norte de Minas Gerais/Brasil: as políticas de colonização do sertão mineiro

promovidas pela Ruralminas em 1974, deflagrando numa corrida pela regularização de terras e

loteamento de áreas devolutas; e um processo anterior à chegada da Ruralminas, sobre o qual

não há registros oficiais, mas se mantém vivo na memória dos moradores antigos, trata-se da

chegada de posseiros de terra na década de 1930, advindos do rastro do gado, “mito de origem”

que aponta para a constituição da identidade sertaneja. Na comunidade hodierna, um novo

processo econômico marca os novos tempos, trata-se da entrada da economia de

biocombustíveis no modo de vida catingueiro. A partir do debate internacional em torno das

energias renováveis e da necessidade do selo “combustível social” para comercialização de

biodiesel pelas empresas, o governo federal, em parceria com a Petrobrás, lança o Programa

Nacional de Produção de Biodiesel (PNPB) e, com isso, vem avançando sobre a “agricultura

familiar”. Neste trabalho analiso os efeitos da entrada de uma nova economia (biodiesel) nos

modos de vida da comunidade supracitada, sobretudo, procurando observar os processos de

transformação das territorialidades e das relações sociais no mundo rural. Este trabalho foi

resultado da pesquisa da conclusão do Mestrado em Antropologia Social, em parceria com o

Grupo de Estudos em Temáticas Ambientais – GESTA-UFMG.

Palavras-chaves: Agricultura tradicional. Conflito Socioambiental. Territorialidade.

Agrocombustíveis.

1. Introdução

Devido aos longos períodos de seca da caatinga, o lugar se caracteriza pela intensa

dispersão populacional. Dificilmente as pessoas conseguem se fixar no sertão e

preferem, muitas vezes, se deslocar em busca de lugares “menos sofridos” para se viver.

Este ambiente é o onde vivem os, aqui chamados, “catingueiros”, agricultores da região

da caatinga e que constituem-se em suas relações socioambientais como uma das

“etnicidades ecológicas” (PURAJULI, 1996) localizadas no norte de Minas Gerais2.

1 Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social PPGAN-UFMG. 2 Com o termo “etnicidades ecológicas”, Parajuli (1996) se refere ao fenômeno que surge na India, no

início do sec. XX, de “etnização da destruição ecológica”, o qual grupos étnicos utilizam-se da rubrica da

2

Segundo, Filho (2005), os povos da caatinga tem sido externamente classificados,

sobretudo pelos Geraizeiros – povo tradicional que vive na região dos Gerais mineiros–,

como Catingueiros. Trata-se, portanto, de uma categoria identitária exógena – que surge

no encontro com o outro e nas relações interculturais locais. A terminologia

“catingueiros” pode ser pensada, neste sentido, como “jogo de espelhos” – identidade

contrastiva –, e, todavia, não representando a forma como os próprios catingueiros

referem-se a si mesmos.

Historicamente, os catingueiros estiveram inseridos em importantes circuitos

comerciais em torno do algodão e da mamona. Em função desta abertura ao mercado

em potencial, ao contrário de como são tratados a maioria dos povos da região, gestores

públicos, povos vizinhos, pesquisadores e moradores da região, tratam os catingueiros

como “grupo monetarizado”, ou seja, como um grupo detentor de capital. Filho (2008),

em estudo sobre os geraizeiros3, explica que catingueiros são vistos por eles como

“povo forte”, pois “fizeram dinheiro com o algodão” e algumas famílias “enricaram”,

comprando fazendas, etc.

Embora esta abertura econômica seja característica da população aqui estudada,

não se trata, no entanto, de compreender sua economia sob mesmo ethos de uma

economia de mercado, tal qual conhecemos nos sistemas capitalistas urbanos. Sobre

isto, apresentei em minha pesquisa (MERLO, 2012) alguns apontamentos que mostram

como os catingueiros, sob uma perspectiva etnoecológica, “adéquam” seu modo de vida

à demanda de um mercado industrial vigente. Contudo, a imagem dos catingueiros

como um povo com inserção econômica no Mercado, tem levado à invisibilização de

outros aspectos do seu modo de vida, bem como dos problemas e dificuldades

“ecologia” para lutar pela sua autonomia, logo, contra a exploração capitalista e o desenvolvimento

estatal. Ainda que não se articulem explicitamente aos objetivos ecológicos, o surgimento desses novos

movimentos políticos, representa, na perspectiva do autor, uma mudança de foco dentro dos movimentos

ambientalistas. Os grupos étnicos, ao reivindicarem sua autonomia, estão lutando por questões ecológicas,

já que necessitam dos recursos naturais para existir. Assim, o novo movimento ecológico lança mão de

uma abordagem nacionalista, para enfatizar, então, as diferenças étnicas e os variados modos dos grupos

interagiram com os recursos naturais. O autor considera a etnicidade central para o desenvolvimento e a

ecologia, uma vez que conflitos por recursos estão localizados, geralmente, nas áreas onde estes grupos

estão situados (Ecological Regions). 3 Geraizeiros são “agricultores que descem dos planaltos, onde estão localizados os Gerais, para

venderem seus produtos nos mercados locais. Os Gerais são os planaltos, encostas e vales das regiões

dominadas pelos Cerrados, com solos normalmente ácidos e de baixa fertilidade natural. Segundo Dayrell

(1998), Gerais não é exatamente a vegetação dos Cerrados, mas o ambiente dos Cerrados e suas diversas

formações, incluindo as formações de transição para a Caatinga e a Mata Seca (: 73)” (Filho, 2008. P. 72).

Filho (2008) explica que estes termos (geraizeiros, catingueiros, gorutubanos, etc) são recorrentes em

regiões que fazem contato entre ambientes distintos, onde são explícitas as diferenças ecossistêmicas.

3

encontradas hoje por esta população, em função das transformações nas relações

comerciais identificadas no início do século XX aos dias de hoje.

Assim, para compreender este grupo, faz-se necessário ter em vista 1) o seu modo

de vida a partir da relação entre economia e etnoecologia, e 2) os seus processos de

conformação territorial que alcançam não apenas a realidade da caatinga, como de todos

os pequenos produtores em todo norte de Minas. A questão territorial nesta região está

profundamente atrelada às mudanças no modelo de desenvolvendo agrícola da região,

bem como aos processos macroeconômicos de regularização fundiária que culminaram

na expropriação de terras de centenas de famílias.

De acordo com Oliveira et all. (2011), a modernização agrícola e o assédio da

agroindústria sobre as populações do sertão, assim como das políticas de

desenvolvimento rural4, foram conduzindo a relação de “complementaridade” que

aquela população tinha com o mercado à uma relação de dependência. Ao incorporarem

pacote tecnológico considerado “moderno”, esses pequenos produtores passam a ter que

lidar com problemas como alto custo da produção e demais dificuldades relativas à

economia de mercado (OLIVEIRA, 2011).

A fim de apresentar alguns aspectos sobre a territorialidade dos moradores das

áreas de Caatinga, consagrados no modo de vida dos moradores da comunidade Linha

da Cruz, procurei compreender suas formas de convivência com o semi-árido. Neste

artigo, trago alguns apontamentos acerca do sistema do lugar (GODOI, 2008), os quais,

todavia, consagram diacríticos que possibilita pensar os moradores da comunidade

estudada na interface dos povos e comunidades tradicionais.

2. A Comunidade Linha da Cruz – MG

Em trabalho de campo no norte de Minas Gerais, para realização de uma pesquisa

que procurava investigar a inserção do Programa Nacional de Produção de Biodiesel

4 Em meados dos anos 1980, com vista a corrigir problemas causados pelas políticas verticalizadas de

reforma agrária que, todavia, conduziram à expropriação dos territórios tradicionais de centenas de

famílias camponesas, o governo federal passa a destinar para a região uma série de “programas

especiais”, de caráter assistencialista, aplicada de forma homogêneo a toda a região, com objetivo de

integrar rapidamente a agricultura do norte de Minas à economia de mercado. Filho (2008) comenta

algumas dessas políticas, entre elas o Programa de Desenvolvimento Rural Integrado do Vale do

Gorutuba – PDRI Gorutuba; o Programa de Apoio ao Pequeno Produtor Rural do Nordeste – PAPP, o

Projeto Sertanejo; Projeto de Assistência Técnica e Extensão Rural e Bem Estar Social; Projeto de

Pesquisa e Experimentação; projetos de comercialização e cooperativismo, entre outros.

4

(PNPB)5 na região, bem como seu impacto e efeito sob as populações rurais (MERLO,

2012), me deparei com uma gama variada de ruralidades, as quais, todavia,

compreendiam o quadro de identidades culturais que vinham sendo apresentadas nas

etnografias da região, como é o caso, por exemplo, do estudo feito por Dayrell (1998)

sobre os geraizeiros; os Gorutubanos, etnografados por Filho (2008); os Vazanteiros do

Rio São Francisco, pesquisados por Luz (2000), entre outros grupos. Assim chegamos a

uma comunidade rural conhecida como Linha da Cruz, localizada no semiárido, entre o

Rio Verde e São Francisco, em uma área de transição caatinga/cerrado.

Linha da Cruz está localizada no município de Matias Cardoso6, pertencente à

micro região de Januária, na Baixada São Franciscana, onde predomina a mata seca e a

caatinga.

MAPA DA MESOREGIÃO NORTE DE MINAS GERAIS

Mapa 01: Mapa Norte de Minas Gerais.

Produzido por Marina Penido, em fevereiro/2012.

5 O PNPB é uma política pública criada em 2004, no âmbito do governo federal em parceria com a

Petrobrás Biocombustíveis, para promover “sustentabilidade social”, “desenvolvimento regional” e

“geração de renda” às famílias do campo através do incentivo de produção de plantas oleaginosas

destinada aos mercados de biodiesel. 6 O município de Matias Cardoso foi administrativamente instalado em 1993. Seu território foi composto

pelo desdobramento de parte do território de Manga – município localizado do outro lado do rio São

Francisco. Os principais aglomerados populacionais que compõe o município de Matias são: Lagedão,

Lagedinho, Linha da Cruz, Praia, Lagoa Nova, Ilha da Ressaca, Porto de Matias e Rio Verde Minas -

conhecida como Gado Bravo. Tendo uma população, de acordo com o IBGE, de 2000, 8.587 habitantes

(dados extraídos do site da Prefeitura de Matias Cardoso em julho/2011).

5

A maior parte da população de Matias está concentrada na zona rural, havendo

4.848 habitantes nesta área para 3.739 na zona urbana. Suas principais atividades

econômicas são o comércio varejista, fruticultura irrigada, pecuária, bovinocultura e

produção de grãos. O município, portanto, contempla uma extensa área rural, formada

por pequenos vilarejos e comunidades, entre os quais destaco o Quilombo de Lapinha e

os vanzanteiros da Comunidade de Pau Preto7.

A criação do Assentamento Rural, Linha da Cruz, foi parte do contexto que

deflagrado no Brasil, a partir dos anos 1960, em torno do desenvolvimento agrícola e

colonização do norte de Minas. Sua formação acompanhou o processo de formação pela

Ruralminas de assentamentos rurais, que consistiu na venda de terras por preços baixos,

atraindo agricultores de várias regiões para determinadas áreas do sertão mineiro. O

programa de colonização do sertão prometia progresso e riqueza para os agricultores.

Em particular, na comunidade Linha da Cruz, este processo se sucedeu através da venda

ou doação de terras para agricultores, então, “sem terras”, vindos, especialmente das

regiões de Jaíba, Porteirinha8 e Gerais. A formação do assentamento consistiu na

abertura de quatro ruas entrecortadas paralelamente por entre a “mata seca”, em área

“devoluta” do Estado.

No entanto, a área definida para o assentamento já havia sido ocupada desde 1930

por posseiros de terras (MERLO 2012). Até a década de 1970, estes conformaram no

lugar moradias e viviam em regime livre de divisão territorial, ou seja, sem divisão

formal de propriedade. Seu sistema produtivo era baseado nas soltas. O gado era

colocado na capoeira e depois transferido para o mato. De 1975 em diante, a situação

do sítio camponês foi alterada com o surgimento das pastagens plantadas, as soltas

passam a ser privatizadas pela propriedade e pela pecuária extensiva.

A terra, antes ocupada pelos posseiros, foi transformada em vários loteamentos de

25 ha para formação do assentamento rural. A área definida pela Ruralminas foi aquela

cujo abastecimento de água era bastante precário, em função da distância dos rios,

7 Sobre essas comunidades, consultar o estudo de Anaya (2012) sobre os “Vazanteiros em Movimento”.

8 Através da pesquisas de campo, dos relatos orais de moradores e de conversas com pesquisadores que

trabalham na região, Merlo (2012) considerou a possibilidade dos moradores da Linha da Cruz terem sido

moradores de Cachoeirinha, envolvidos no conflito em função da perda de suas terras para fazendeiros

(Santos, 1985).

6

furados9 e lajedos

10 (depósitos naturais de água de chuva). Já no entorno daquela mesma

área, uma vasta extensão de terra foi concedida pela Ruralminas à agricultores com

capacidade empresarial e potencialidade de implementação de pacote tecnológico e

investimento em pecuária extensiva.

Antes de ser chamada Linha da Cruz, a área era conhecida como Linha C, pois,

para este assentamento, foram feitos ao todo quatro linhas (ruas), as quais foram

denominadas Linhas A, B, C e D. Nos dias atuais, entretanto, apenas as linhas C e D

possuem moradores. A Linha da Cruz, ou Linha C, é uma rua reta, com cerca de 8 km

de extensão, onde hoje residem, de acordo com os moradores, cerca de 50 famílias.

Em seu aspecto físico, a comunidade é caracterizada por dois pontos principais: a

“parte alta”, mais povoada e próxima à estrada que liga Matias Cardoso à cidade de

Gado Bravo; e a “parte baixa”, conhecida pelos moradores como Sertão Antigo – parte

mais adentro, culminando numa Fazenda. Ao longo de toda a Linha, hoje, se observa a

presença de roças de mamona que tomam quase toda a paisagem, além de pequenas

áreas de pasto para criação de gado. As residências são em grande maioria de alvenaria

e os quintais sempre cobertos por árvores frutíferas.

As duas partes que conformam a comunidade Linha da Cruz, apontam para pelo

menos dois processos territoriais que conformaram o modo como a comunidade hoje se

configura. Trata-se do projeto de reforma agrária da Ruralminas, ocorrido em 1974, que

deflagrou em uma intensa corrida pela regularização de terras e loteamento de áreas

devolutas; e do processo de “apossamento” do território11

, anterior à chegada da

Ruralminas, sobre o qual não há registros oficiais, mas se mantém vivo na memória dos

moradores antigos.

2.1. Imbricamento temporal e territorialidades

Antes da transformação do espaço em assentamento rural, os moradores da região

relatam que aquele lugar era “um sertão só”, formado por áreas de capoeirões – carrasco

9 A agricultura de furado, também conhecida pelo grupo, foi muito utilizada quando tinham acesso às

áreas próximas aos lajedos. Nos tempos pós-chuva, os lajedos ficavam cheio d’água e isto propiciava a

formação de lavouras, até que o período de seca impedisse essas formações hídricas. 10

Na atualidade os catingueiros não detêm mais terras com presença dessas formações geológicas, as

quais encontram-se hoje em grande parte dentro de grandes fazendas e em desuso. 11

Segundo os moradores, esse primeiro processo de ocupação do sertão se deu com a chegada de

posseiros na década de 1930, advindos do rastro do gado – narrativa que remonta a história de ocupação

do sertão. A designação Sertão Antigo, utilizada pelos moradores para se referirem à parte baixa da Linha,

não apenas faz referência a um lugar, como também a um tempo.

7

e mata seca. As famílias que residiam naquela área, desde 1930, foram desbravando a

mata, constituindo roças e pastagens para criação de gado à solta – trata-se de uma

forma de ocupação que caracteriza a “posse de terra” (PAOLIELLO, 1998). Em

trabalho de campo, observou-se que, pelo menos, três gerações de famílias dos

primeiros posseiros residem naquele local até os dias de hoje, muito embora, tenham

sofrido a redução de seu território tradicionalmente ocupado para conformação do

assentamento.

A família de Dona Maria e Seu Vicente é a mais antiga da Linha da Cruz. Eles

contam que foi o tio de Dona Maria o primeiro a chegar à região, atraído pelo rastro do

gado. Sua vinda levou à chegada de parentes que também se estabeleceram por entre

aquelas terras, entre a mata. Até a chegada da Ruralminas, essas famílias viviam em um

regime comum de ocupação da terra, combinando domínios de usufruto comum e regras

de apropriação individual.

A história de como chegaram àquela área é relatada por Dona Maria:

Olha, um irmão do meu avô (...) descobriu esse sertão aqui. Sumiu um

bronco de gado dele e ele pensou, não tinha lugar pra procurar, veio pra

cá, o gado entrou aqui cá no sertão... tinha as lagoa, gado e onça... mas diz que era uma caveira de gado em cima da outra... quando foi um dia de tarde lá em Lajedinho... tinha um pastozão lá em frente da fazenda, esse

gado pipocou... “ah o gado! ah o gado!”. No outro dia eles panhou os trabalhador dele, panhou as armas e os cachorro e se invocou no rastro do gado (...). A descoberta desse sertão foi assim... Aí, nesse tempo ele foi lá

no Rio Verde e falou “ah lá não pode ficar sem morador não...”, foi buscar

nas fazenda da região... aí o pai vinha mais minha mãe, “to indo pro sertão”...

- Seu irmão que veio procurar o gado no sertão era dono de fazenda?

Não era fazenda não, moça... [naquele tempo] pegava a navalha e fazia

sua moradia... era terra de fartura grande... era do Governo... falava que

era terra do governo... – em um tom desconfiado, ela continua – terra do governo nada, era terra de Deus... não era terra do governo... veio é tirar

dos coitadinho, né? (Entrevista realizada em maio/2011, Linha da

Cruz/MG)

Com o processo de “divisão de terras” posto pelos programas governamentais e

ocorrido em várias regiões do Sertão Mineiro, em diferentes momentos, afetou o

sistema de ocupação tradicional daquele território, caracterizado, principalmente, pelos

“campos abertos”, conhecidos como “solta”, “larga” ou “largueza” (RIBEIROS, 2005).

Com a expansão da pecuária, mecanização da agricultura e implementação de

monoculturas, este sistema de ocupação baseado no manejo de gado na solta ficou

8

comprometido, uma vez que a divisão de terras, como mostra Godoi (1998), vem

fragmentar e individualizar não só a terra, mas o lugar de cada um no seio do grupo.

Muito recorrente na fala dos moradores é a constatação de que a divisão de terra foi

instituída de fora pra dentro.

Hoje, sob o mesmo espaço dos tempos das soltas, está conformada a comunidade

Linha da Cruz que, para os moradores mais antigos, representa o fim das “soltas” e

início do sistema de cercamento. Diante disso, observa-se a relação não tão harmônica

entre a origem dos moradores e o lugar onde vivem hoje, uma vez que esta relação foi,

todavia, mediada por um processo de divisão de terras que impõe uma nova relação com

o lugar.

Sobre esse ponto é importante destacar o fato de que o parcelamento da terra

implica na impossibilidade, tanto do grupo que já habitava aquele espaço como

daqueles que ali foram assentados, de reproduzir seu modo de vida da forma como o

faziam antigamente. Este fato pode ser observado pela forma como se referem às

mudanças e dificuldades que enfrentam hoje com a roça. Ao falarem dos dias de hoje,

em comparação à imagem que fazem do passado, costumam dizer que agora a chuva

ficou longe.

“Ah, antigamente vivia das coisinhas que vinha da terra sequeira, que quando não chovia, guardava, né? Hoje eu acho tudo difícil... Antes chovia bastante, até março, abril... chovia muito. As coisas durava até chegar as

outras águas... Agora não tem mais, as chuvas agora ficou longe... Tem

um bucado de gente aqui na Linha que tem condições de viver, [pois] planta assim, na terra sequeira. Quando chove, eu planto, mas não

conheço muito... Quando chega água da chuva, faz a terra primeiro, no lugar que o gado come... mas quem tem gado é mais meu sogro, nós não temos gado não... ele é mais remediado que nós, né? Ele tem o gadinho

dele... de dois anos pra cá nós está na situação difícil...” (Entrevista com

Rita, moradora da Linha da Cruz – MG, realizada em maio/2011).

O conceito de territorialização, no sentido posto por João Pacheco de Oliveira

(2004), se tornou importante para compreensão da realidade social em questão, uma vez

que associa um movimento político-administrativo às transformações no território e à

territorialidade dos grupos sociais. Também atrelado à perspectiva histórica e territorial,

Little (2002) acrescenta que não é apenas a apropriação do território por parte de um

grupo que irá consagrar a diversidade de expressões culturais, mas sim a forma como

tais grupos se apropriam dos recursos naturais e os ressignificam. Um dos aspectos

dessa territorialidade é, portanto, a “cosmografia” que o autor define como sendo “os

9

saberes ambientais, ideologias e identidades – coletivamente criados e historicamente

situados – que um grupo social utiliza para estabelecer e manter seu território”

(LITTLE, 2002, p.04).

A relação que um determinado grupo estabelece com o lugar, numa perspectiva

antropológica, ultrapassa a ideia de ordenamento espacial racionalizado como posto

pelo conceito tradicional de “território”. Little (2002) mostra que um traço fundamental

da territorialidade humana é o fato dela ser constituída de “múltiplas expressões”, ou

seja, das particularidades socioculturais do território ou dos “múltiplos territórios

sociais” (LITTLE, 2002).

“A expressão dessa territorialidade, então, não reside na figura de leis ou

títulos, mas se mantém viva nos bastidores da memória coletiva que

incorpora dimensões simbólicas e identitárias na relação do grupo com sua

área, o que dá profundidade e consistência temporal ao território (Little,

1994)” (LITTLE, 2002, p.11).

Os moradores do Sertão Antigo desenvolveram um conjunto de saberes e de

técnicas para sobrevivência no sertão que se observa, ainda, nos dias de hoje. A aridez

das áreas de caatinga, geralmente vista pela agronomia convencional como marcada

pela sua adversidade climática e improdutividade das culturas, tomou outro sentido para

aqueles moradores. Reunindo um conjunto de estratégias produtivas e saberes que

envolvem conhecimentos dos ciclos das chuvas e da seca, os catingueiros tem guiado o

cultivo das espécies agrícolas. O uso desses conhecimentos integrou o que os

agricultores hoje chamam de agricultura em terra sequeira, bem como de uma

economia de aprovisionamento12

(SAHLINS, 1970) que por décadas garantiu a

subsistência das famílias do sertão.

3. Catingueiros no Norte de Minas

Dos tempos do Sertão Antigo ao tempo da Linha da Cruz, pode-se dizer que pelo

menos cinco destinos principais do seu sistema produtivo funcionam em interação com

o ambiente da Caatinga, entre os quais, destaquei: armazenagem/despesa de água e de

12

Em sua definição sistema produtivo camponês, Sahlins explica que“(...) a produção doméstica não é

descrita exatamente como produção para uso, isto é, para o consumo direto. As famílias também podem

produzir para troca, assim conseguindo indiretamente o que precisam” (SAHLINS, 1970, p. 118).

10

alimentos (reserva), o roçado (gasto/renda e alimentação dos animais), criação de

animais (renda/poupança) e a venda (renda/comércio de matéria prima industrial).

Armazenagem/despesa:

Em função das limitações com a agricultura, devido às secas constantes, práticas

de estocagem de alimentos foram e ainda são muito comuns no cotidiano da Linha da

Cruz. A armazenagem se define como sendo uma prática que visa manter produtos,

alimentos e água, guardados por certo período de tempo, de modo a serem consumidos

pela família, ao longo do ano, no dia a dia. Nos tempos em que a produção na lavoura

“é muita”, o alimento excedente, aquele que não foi utilizado pra despesa (gasto), pode

ser, invariavelmente, vendido, passando, portanto, da reserva/consumo para o negócio.

Armazenar é uma forma de poupança e nessa prática está subentendido que o produto

armazenado pode ser destinado tanto ao negócio, quanto ao autoconsumo.

O roçado:

Devido às limitações climáticas, o agricultor daquela região necessita de domínio

do plantio em terra sequeira. Esta, dentre suas técnicas, consiste no conhecimento da

variedade de espécies mais resistentes à seca, tais como: milho, feijões, sorgo,

mandioca, melancia, abóbora, quiabo, mamona, capim. Consagrando-se como uma

prática tradicional da Caatinga, as atividades de auto-abastecimento familiar, mescladas

às de caráter comercial, constituem o sistema produtivo da região desde o século XVIII

(OLIVEIRA et al., 2011).

O trabalho agrícola é feito através da prática de “molhação” (MELO, 2006) que

consiste na irrigação manual da lavoura. Seu Mariano, morador da Linha da Cruz, conta

que aprendeu com seu pai a escolher a melhor terra para plantar sua lavoura. Ainda que

a região favoreça mais os produtos resistentes à seca, ele conta que os antigos

desenvolveram formas de organizar a produção no terreno a partir de um sistema que

ele classifica como “terra alta” e “terra baixa” que tornava possível o plantio de arroz

que necessita de mais água que outros produtos. Umas das estratégias, portanto,

adotadas pelos agricultores tem sido o aproveitamento dos “declives” do solo.

Quando o plantio era bom, costumava-se anotar no calendário a data precisa da

colheita, assim como o horário. O conhecimento de um calendário de chuvas e da lua,

por exemplo, são parte do que muitos autores reconhecem como compondo o “saber

cosmológico” para a atividade agrícola de grupos tradicionais – em contraponto ao

11

saber técnico. Essa importante noção tem ampla ressonância na literatura antropológica,

que compreende uma forma de conhecer baseada, em geral, na noção que camponeses e

povos tradicionais possuem de “equilíbrio da natureza” (WOORTMANN, 2009).

“A lógica simbólica da lavoura camponesa expressa, destarte, uma ética de

equilíbrio, na medida em que cria condições para o sustento da família e

em que é feita uma perspectiva ‘étno-ecológica’ que envolve o cuidado

com a natureza – a ‘natureza de Deus’ – desde a mata e as nascentes de

água até a terra. Respeitando a natureza, o camponês estará respeitando

Deus” (WOORTMANN, 2009, p. 122-123).

Observou-se, também, a prática de marcar a área de plantio, ou seja, riscar o chão

de modo a garantir o espaçamento da plantação de forma manual e intuitiva. Esta

prática representa uma relação com o mundo que pressupõe ainda uma percepção

corpórea do ambiente (INGOLD, 2000), ou seja, a “natureza não é um objeto que deve

ser socializado, mas o sujeito de uma relação social” (DESCOLA, 2000, p.152),

enquanto que no pensamento moderno a relação com a natureza só faz sentido por

mediação técnica, ou seja, através de uso de terminologias especializadas (DESCOLA,

2000).

Outra prática comum entre os pequenos agricultores é o consorciamento de

culturas. Esta técnica consiste no plantio diversificado de vários produtos numa mesma

terra, com o cuidado necessário que cada planta precisa em relação ao espaçamento

entre elas, incidência do sol, tempo de colheita, etc.

A variedade de culturas na lavoura também é identificada pelos agricultores mais

antigos como uma prática comum na região: “você não pode apostar o tudo numa

cultura só, cada cultura que vem na nossa região é pra ajudar” (João Damascena,

morador da Linha da Cruz/MG), e explica sua esposa Eliene, “quando uma coisa dá

errada, a outra dá certo”. Essa lógica expressa uma estratégia camponesa concreta, a

cautela. A diversidade de produção, além de proteger a família em períodos de crise,

contribui também para reduzir a incidência de insetos na lavoura, fazendo com que o

pequeno produtor não necessite recorrer aos “pacotes tecnológicos”, como vem sido

imposto a eles pela lógica da racionalidade ecológica e do agronegócio13

.

Esse valor que os agricultores mais antigos da Linha da Cruz expressam sugere

uma relação humanizada com a terra, uma vez que é ela quem “pede” o que vai ser

13

De acordo com Porto- Gonçalves (2004), “nesse mundo comandado pela lógica da economia mercantil,

vivemos entre o ‘desde que’ ou o ‘como se’, ou seja, o ambiente deve ser preservado desde que seja

compatibilizado com a lógica do lucro e seus efeitos são ‘como se’ fossem outras substâncias cujo

conhecimento já estivesse razoavelmente estabelecido” (p. 240).

12

plantado e para isso deve ser “bem tratada”.14 Assim, se “a terra não tá produzindo (...)

vou dar uns tempos pra ver se ela melhora”. Essa relação com a terra revela que o sítio

camponês não é concedido como uma extensão uniforme e que a diversidade e

disponibilidade dos solos e dos produtos constituem fatores com os quais o agricultor

deve lidar e não intervir.

A criação de gado:

A importância da criação para aquele grupo era constantemente reforçada em suas

falas e no cotidiano. Uma parte do que é produzido na roça tem como destino alimentar

os animais domésticos e também o gado. Portanto, o trabalho agrícola não atende

unicamente aos membros da família, mas também aos animais domésticos. O valor

dado ao gado é expresso, principalmente, no trabalho que é dedicado ao seu cuidado e

sustento no cotidiano.

Renda/Mercado:

Tradicionalmente, os catingueiros têm travado relações comerciais como uma

estratégia que lhes permite renda extra para comprar os produtos “de precisão” da

família, muitas vezes insuficientes, devido às grandes dificuldades com a agricultura.

Ainda assim, nos tempos do Sertão Antigo, os produtos para renda, sempre que

possível, eram plantados junto aos produtos para o gasto – avuados por entre a roça,

como diziam. Na lógica dos pequenos produtores, o alimento só costumava ser vendido

quando a produção fosse “boa” (grande).

Se em um tempo passado o comércio teve um papel importante, garantindo a

renda que faltava nos tempos de seca extrema para compra dos produtos de precisão, a

mamona (matéria prima industrial) era produção secundária para o catingueiro. Hoje,

com a entrada do Programa de Biodiesel a partir da mamona, sua produção tem

substituído outras práticas produtivas locais e, consequentemente, gerado dependência

econômica e dívidas.

4. Considerações Finais

14 Relação que pode ser remetida àquela analisada por Ingold entre povos caçadores e coletores, em que

os animais objetos/sujeitos da caça se oferecem aos caçadores (INGOLD, 2000).

13

Para fins deste artigo, foi apresentada a comunidade Linha da Cruz que, situada

em área de caatinga, apresenta, como constitutivo de seus sistemas produtivos, uma

diversidade de estratégias produtivas, entre as quais, a venda em pequena escala de

matérias primas para os mercados industriais, somado ao plantio para o autoconsumo

familiar e a criação de gado, expressa a forma como os moradores com o bioma da

caatinga, tradicionalmente, interagiam com o lugar, bem como constituíra sua

territorialidade atrelada aos processos políticos regionais.

Procurando, lançar um olhar sobre os tempos atuais, apresentei a forma como o

sistema de produção tradicional, adequado aos modos de vida na Caantiga, encontra-se

hoje ameaçado pelas políticas públicas voltadas para a agricultura familiar na região.

Observa-se que o uso das terras na forma de monoculturas de biodiesel (plantação de

soja, cana-de-açúcar, mamona, girassol), além de contradizer os modos de vida das

populações tradicionais, tem, sobretudo, gerado impactos negativos sobre seu sistema

reprodutivo, uma vez que o formato de produção agrícola, voltado para agronegócio,

mostra-se incompatível com os modos de produção tradicionais, voltados para a

diversificação da produção e na lógica de equilíbrio com o ambiente em que vivem

(WOORTMAN, 2009).

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