3 Karl Rahner: vida, pressupostos antropológicos e teológicos
Estudos Teológicos
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Estudos Teológicos
Introdução 2
Conceituação de Onisciência. 3
Argumentação Bíblica sobre a Onisciência de Deus 5
Características do conhecimento de Deus 7
Objetos do Conhecimento de Deus 8
Alcance do Conhecimento de Deus 9
Correntes de Pensamento Teológico sobre a onisciência de Deus 10
Scientia Media ou Conhecimento Parcial 10
Conclusão 13
Bibliografia 14
Textos Para Consulta 14
Introdução
Ao falarmos de Deus temos que ter em mente inicialmente que toda a racionalização que
fazemos podem no máximo identificar um vislumbre superficial de Deus, a sua
grandiosidade ultrapassa qualquer entendimento humano.
Face a isto é que dependemos da sua revelação, mas mesmo com base nela, não temos a
visão completa de Deus.
Mas mesmo assim, sabendo que pelo intelecto humano, nunca teremos mais que uma vaga
sombra da figura de Deus, somos impelidos a pensar em nosso Criador, nossa alma se
acalenta ao meditarmos na grandiosidade de Deus.
Posso até imaginar Deus sorrindo das nossas tentativas, um sorriso amoroso, como de um
pai ao ver seu filho se admirar com o mundo que o rodeia.
É com essa imagem que iniciamos nossa jornada para tentarmos entender melhor um dos
atributos de Deus : a Onisciência.
Qual o conceito de onisciência ? Deus já sabia que antes de eu nascer se aceitaria a Jesus
ou não? Deus conhece o fim de Todas as coisas? Deus sabia da queda de Adão e Eva? Deus
sabia que Jesus não seria aceito pelo seu povo ? Deus sabia que estaria fazendo um trabalho
sobre a onisciência de Deus? Até que ponto a onisciência de Deus possibilita ou não o livre
arbitro do homem? Quais correntes de pensamentos existem com relação a onisciência de
Deus?
É claro que não tenho a pretensão de responder a todos estes questionamentos, mas pelo
menos levantar um quadro geral que possa talvez deixar mais clara as perguntas.
Conceituação de Onisciência.
A onisciência de Deus é um atributo que afirma que Deus tem todo o conhecimento, ou o
conhecimento de todas as coisas, seja a do passado, as que estão acontecendo agora no
presente, ou as que, pelo conceito humano, ainda vão acontecer no futuro.
Segundo Champlin1[1] este termo vem do latim, ominis, “toda” e scire, “saber”, isto é
aquela qualidade da natureza de Deus que garante que ele sabe todas as coisas, e é um dos
principais atributos de Deus.
Heber Carlos de Campos no livro O Ser de Deus2[2] diz que Berkhof define o
conhecimento de Deus como “ aquela perfeição divina por meio da qual ele, em uma
maneira completamente singular, conhece-se a si mesmo e conhece todas as coisas
possíveis e reais em ato simplíssimo e eterno”, continua Heber3[3] :
“(...) O conhecimento de Deus tem, portanto vários nomes dependendo do objeto
conhecido. Com respeito aos fatos presentes, ele pode ser chamado simples conhecimento
ou visão; com respeito ao passado, ele pode ser chamado de memória; com respeito ao
futuro, ele pode ser chamado de presciência; com respeito à universalidade dos objetos, ele
pode ser chamado de onisciência”
Wayne Grudem em sua Teologia Sistemática afirma praticamente a mesma coisa dizendo
que “ O conhecimento de Deus pode ser definido assim : Deus conhece plenamente a si
mesmo e todas as coisas reais e possíveis num ato simples e eterno.”
Paul Tillich4[4] aprofunda um pouco esta questão quando afirma:
“ (...) O símbolo da onisciência exprime o caráter espiritual da onipotência e da
onipresença divina. Está relacionado com a estrutura sujeito-objeto da realidade e aponta
para a participação divina nesta estrutura e para a transcendência da mesma sobre ela.(...) “
1[1] Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia – R. N. Champlin – Ed. Hagnos – Vl 4 – pg 598
2[2] O ser de Deus e os seus atributos – Ed. Cultura Cristã – pg 221
3[3] Campos, 221
4[4] Teologia Sistemática -Paul Tillich - Ed.Sinodal – pg 233
Bernardo Bartmann em sua Teologia Dogmática5[5] afirma que o Concílio Vaticano teve
que definir para a Igreja Católica está doutrina, afirmando-se contra o panteísmo moderno,
para o qual “ Deus é inicialmente inconsciente, enquanto à maneira do ser vegetal e animal
tende à perfeição, até alcançar a consciência pessoal humana. Daí a definição : “Deus ...
intellectu infinitus”(s. 3, c. 1 Denz. 1782), afirmando que Deus conhece de modo
perfeitíssimo tudo que o que algum modo pode sr objeto de conhecimento: Ele é
onisciente.
Langston6[6] afirma que a onisciência é companheira inseparável da onipresença, que para
como para Deus na onipresença não há espaço, também na onisciência não há
desconhecido.
Hodge7[7] nos fala que segundo a teoria panteísta “(...)não há nem pode haver
conhecimento no infinito como distinto do finito. Deus só vive até onde os seres finitos
vivem; ele só pensa e sente até onde eles pensam e sentem. A onisciência é apenas a soma
ou agregação da inteligência das formas transitórias dos seres finitos. (...)”
O filósofo Espinosa fala sobre o intelecto de Deus8[8]:
“No número dos atributos colocamos precedentemente a onisciência, que é bastante certo
pertencer a Deus, visto que a ciência contém em si uma perfeição, e que Deus, isto é, o ente
supremamente perfeito, não deve estar privado de nenhuma perfeição. Portanto, a ciência
deve ser atribuída a Deus no grau supremo, de tal maneira que não pressuponha nem
implique qualquer ignorância ou privação de ciência, pois de outra maneira haveria um
imperfeição neste atributo , isto é em Deus. Donde decorre que Deus nunca teve o intelecto
em potência, nem concluiu alguma coisa por raciocínio.”
5[5] Teologia Dogmática – Bernardo Bartmann – Ed. Paulinas – Pg 213
6[6] Esboço de Teologia Sistemática – A B. Langston Ed. JUERP – pg 51
7[7] Charle Hodge – Teologia Sistemática – Ed. Hagnos – pg 297
8[8] Espinosa - Coleção Os Pensadores – Ed. Abril – Pg. 25
Como pudemos ver existem poucas variações com relação à conceituação da onisciência
de Deus, a própria conceituação panteísta citada por Bartmann e Hodge é facilmente
desmontada por um próprio filósofo panteísta, como foi Espinosa.
O conceito que Deus tem o conhecimento de todas as coisas toca os demais atributos como
onipresença e onipotência.
Argumentação Bíblica sobre a Onisciência de
Deus
Para firmarmos o conceito de onisciência de Deus passarei a citar os textos Bíblicos que
afirmam tal prerrogativa divina :
Salmos 147:5 “ Grande é o Senhor nosso e mui poderoso; o seu entendimento não se
pode medir.”
Provérbios 15:11 “O além e o abismo estão descobertos perante o SENHOR; quanto
mais o coração dos filhos dos homens!”
Isaías 46:10 “Que desde o princípio anuncio o que há de acontecer e desde a
antiguidade, as coisas que ainda não sucederam; que digo: o meu conselho permanecerá
de pé, farei toda a minha vontade;”
Hb 4.13 “ Todas as coisas estão descobertas e patentes aos olhos daquele a quem temos
que prestar contas”
Sl 139 :1,2 “ Senhor, tu me sondas e me conheces. Sabes quanto me assento e quando me
levanto; de longe penetras os meus pensamentos’
Pv. 15:3 “ Os olhos do Senhor estão em todo lugar, contemplando os maus e os bons”
Ez. 11.5 “Ó casa de Israel; porque, quanto às coisas que surgem à mente eu as conheço”
Mt 10:30 “ E, quanto a vós outros, até os cabelos todos da cabeça estão contados”
Outros textos bíblicos poderiam ainda ser citados, mas entendo que estes já comprovam o
que o próprio Deus afirma sobre o seu conhecimento. Deus afirma não apenas conhecer
nossos atos, mas até enquanto eles ainda não são potência, mas apenas em vontade de
potência, em pensamento. O entendimento, o conhecimento de Deus é tão grande que não
podemos medi-lo, o homem não pode compreender o grau da onisciência de Deus.
Após verificar a conceituação da onisciência de Deus por parte de teólogos, filósofos e o
que a própria Palavra de Deus afirma sobre o assunto, necessário um aprofundamento
maior para que possamos entender melhor este atributo intelectual de Deus. Para tanto
necessário será uma sistematização das características do conhecimento de Deus.
Características do conhecimento de Deus
A fim de abranger as características do conhecimento de Deus citarei um resumo destas
características encontradas no livro de Heber Carlos de Campos9[9], uma vez que está de
acordo com vários tratados de Teologia10[10] e apresenta seus termos de forma clara e
concisa:
O conhecimento de Deus é indubitavelmente Abrangente no sentidos de que Conhece
todas as circunstâncias, tudo e todos. Conhece a si mesmo, e todas as suas criaturas, e como
9[9] Campos, pg 221 - 233
10[10] P. Ex ver : Teologia Dogmática – Bernardo Bartmann, Ed. Paulinas; Wayne Grudem – Teologia Sistemática, Ed. Vida Nova; Charle Hodge – Teologia Sistemática – Ed. Hagnos
vimos anteriormente todos os seus pensamentos, seu entendimento transcende a todo o
entendimento e a todas as mentes. Seu conhecimento é Exaustivo, de forma simplista
podemos dizer que Deus conhece tudo de tudo, ou seja não conhece algo parcialmente.
Infinito, Deus conhece exaustivamente tudo o que criou que é algo infinito, mas conhece
muito mais do que isso seu conhecimento transcende a sua própria criação. Seu
conhecimento é Arquitípico, ou seja Deus conheceu o universo como ele existiu em sua
própria e eterna idéia, antes que viesse a existir como realidade finita no tempo e no espaço.
Ou seja podemos afirmar que o universo é perfeitamente a representação da idéia que Deus
tinha dele, antes de o criar.
O conhecimento de Deus é Intuitivo, ou seja Deus não usa instrumentos para conhecer
alguma coisa, seu conhecimento é inato, Deus não possui um conhecimento a posteriori ,
aqui cabe as palavras de Espinosa, que já relatamos: “Portanto, a ciência deve ser atribuída
a Deus no grau supremo, de tal maneira que não pressuponha nem implique qualquer
ignorância ou privação de ciência (..) “ Deus não adquire qualquer conhecimento, Ele já
tem e sempre teve todo o conhecimento. É Simultâneo, Deus é atemporal não está sujeito
ao tempo que ele próprio criou, desta forma Deus não vê os fatos pouco a pouco no tempo
em que estão acontecendo, mas os vê, ou os conhece em sua totalidade. É um conhecimento
Livre e Necessário, livre porque assim é a vontade de Deus, Ele determinou e assim
acontece, é necessário porque o conhecimento é essencial em Deus, não depende de um
decreto seu.
Objetos do Conhecimento de Deus
Segundo Hodge os teólogos fazem várias distinções concernentes aos objetos do
conhecimento divino:
“ Dizem que Deus conhece a si próprio e todas as coisas fora Dele. (...) Deus conhece a si mesmo pela
necessidade de sua natureza; mas como tudo fora dele depende, para existência ou ocorrência, da sua
vontade, seu conhecimento de cada coisa como ocorrência atual esta adstrito a sua vontade, e neste sentido é
livre. Sendo que a criação não era necessária dependia da vontade de Deus se o universo como objeto de
conhecimento existiria ou não. (...) Sendo a causa de todas as coisas, Deus conhece tudo conhecer a si
próprio; todas as coisas possíveis, pelo conhecimento de seu poder; e todas as coisas reais pelo conhecimento
de seu propósitos pessoais.”
Já Heber Carlos de Campos11[11] faz uma distinção maior e também de forma mais didática
separa-os conforme abaixo:
A abrangência do conhecimento de Deus possibilita que ele conheça todos os motivos
imaginados, ou seja Deus não somente se conhecer e como Hodge afirma, por conhecer-se
e sendo a causa de todas as coisas conhece todas as coisas possíveis, mas também todo o
interior do homem, penetrando no seu interior. Afirma ainda Heber que para Deus não há
ações escondidas, e isto fica claro em Hb 4.13 “ Todas as coisas estão descobertas e
patentes aos olhos daquele a quem temos que prestar contas”.
E ainda que Deus conhece as coisas que poderiam ter acontecido, aqui apresenta-se a
variável condicional se, isto é segundo Heber Deus sabe o que aconteceria mesmo sob
outras circunstâncias. Este conhecimento também é chamado de “conhecimento das coisas
possíveis”. Heber continua :
“Jesus Demostra esse conhecimento ao fazer a seguinte afirmação nas cidades
judaicas que haviam ouvido suas palavras e visto seu sinais maravilhosos:
Mt. 11.21 – “Ai de ti, Corazim! Ai de ti Betsaida! Porque se em Tiro e
em Sidom se tivessem operado os milagres que em vós se fizeram, há
muito que elas se teriam arrependido com pano de saco e cinza.”
Jesus sabia o que aconteceria naquelas cidades gentílicas se os milagres
acontecessem lá. Era algo perfeitamente possível, mas não aconteceu porque não foi
propósito divino, mas Deus tem conhecimento da possibilidade,”12[12]
11[11] Campos, pg 233 - 225
Na item de teorias alternativas para a onisciência e o livre arbitro veremos como este ponto
se encaixa na Sciencia Media Divina, ou Conhecimento Parcial.
Alcance do Conhecimento de Deus
Podemos dividir basicamente o alcance do conhecimento de Deus em sendo de todo o
passado, o presente e o futuro.
Heber13[13] chama também o conhecimento de assuntos passados de “memória” afirmando
que Deus jamais tem apagado de sua mente qualquer evento ou personagem do passado.
Porém prefiro a definição que ele da na continuidade afirmando que ele conhece como se
elas estivessem acontecendo agora, uma vez que Deus é atemporal, isto é está fora do
tempo, significa dizer que para Deus o passado, o presente e o futuro, estão acontecendo no
mesmo momento, ou no mesmo instante.
Como já vimos anteriormente Deus não conhece somente os atos ou as criaturas mas
também as suas intenções ou desejos mesmo que nunca os façam.
Correntes de Pensamento Teológico sobre a
onisciência de Deus
12[12] Campos, pg 225
13[13] Campos, pg 226
Scientia Media ou Conhecimento Parcial
O fato da pré-ciência de Deus dentro da onisciência divina do ponto de vista de algumas
correntes de pensamento teológico esbarra no livre arbitro do homem.
A Scientia Media é uma argumentação teológica que tenta conciliar não só o atributo da
onisciência mas também o da onipotência de Deus com o livre arbítrio humano.
Não entrarei aqui no debate entre o livre arbítrio e o determinismo ou eleição divina, uma
vez que não é o objeto do trabalho e seria necessário uma profundidade muito maior do que
aqui nos propomos, mas objetivamos explanar o pensamento alternativo e o meu
entendimento sobre ele.
Bartmann14[14]nos fornece uma boa explicação teológica e histórica sobre as formas de
pensamento teológico da onisciência:
“(...)O meio em que Deus conhece as ações livres. - Aqui também as ações livres
exigem exame á parte. Conhece-as Deus desde a eternidade, antes que sejam
realizadas. Costuma-se indagar de como isso acontece, isto é, de que modo Deus as
preconhece. Uma verdadeira dificuldade salta logo à vista ao pensar-se que a
vontade é livre, que os motivos exteriores não a constringem à ação mas que apesar
da inclinação interna e dos motivos prementes, ela se determina livremente. O
homem mesmo não sabe, com antecedência, como em certas circunstâncias se
decidirá. Como poderá outro sabe-lo? Como obter a certeza absoluta quanto à
escolha real futura? Uma certeza provável e conjecturável não conviria ao ser
perfeito de Deus e o faria depender do acontecimento criado.
Na solução deste problema opõem-se a cérebres Escolas designada pelo nomes de
Tomismo e Molinismo. (...) O Tomismo: O teólogo dominicano Bañez (m. 1604)
passa geralmente por fundador deste sistema, mas a Escola o faz remontar a S.
14[14] Bartmann, pg 223
Tomás. O sistema parte da vontade de Deus que, em decretos eternos imutáveis,
livres, fixou precedentemente a que atos livres o ser racional será movido no
futuro.. (...)
O Molinismo. Fundado pelo jesuíta espanhol Molina (m. 1600), que parte da
ciência de Deus ( o seu conhecimento). Segundo este sistema, a ultima explicação
não se pode encontrar na vontade divina, pois a liberdade não poderia existir com os
decretos físicos, e porque, com relação às ações más, tais decretos são
inconcebíveis, pois fariam de Deus autor do pecado. Compre antes crê, que Deus
pré-conhece com certeza as ações livres mediante a ciência média. (...)”
Esta teoria tenta conjugar a onisciência de Deus com o livre arbitro humano e podemos
talvez resumi-la conforme segue:
Deus tem o conhecimento de todas as nossas n possibilidades de decisão em um dado
momento x, e por conseguinte todas os seus reflexos espalhados pela nossa vida, e de toda a
humanidade até o fim dos tempos.
Graficamente podemos representar da seguinte forma:
DD
Momento XFimFimFimFimFimFim
Escala de tempohojeFuturoPassadoFim
O momento X é o tempo hoje focado, a letra D é cada decisão, para cada decisão existem n
opções, para simplificarmos consideramos apenas duas possibilidades para cada decisão,
do ponto de vista humano apenas podemos ver o momento x, no máximo podemos tentar
prever a conseqüência imediatamente seguinte.
Deus enxerga todo o quadro, todas as conseqüências que uma decisão pode acarretar, em
cada possibilidade que uma decisão pode levar e suas conseqüências até o fim, seja qual
fim for, fim de um problema, fim de uma vida, fim dos tempos etc..., a única coisa que
Deus não pode ter certeza é qual a decisão que o homem vai toma, pois com seu pleno
poder e sua independente vontade Deus desejo que o homem tivesse o livre arbitro.
Deus pode ter conhecimento de todas as possibilidades de um acontecimento (conforme já
citado no tópico Objetos do Conhecimento de Deus) e utilizaremos novamente o texto
bíblico em Mt. 11.21 :
Mt. 11.21 – “Ai de ti, Corazim! Ai de ti Betsaida! Porque se em Tiro e
em Sidom se tivessem operado os milagres que em vós se fizeram, há
muito que elas se teriam arrependido com pano de saco e cinza.”
Jesus tinha o conhecimento do que poderia ter acontecido se os eventos históricos fossem diferentes em Tiro e em Sidom, e isto não seria como se tivessem ocorrido?
O que conta é o fato histórico ou o desejo do coração ?
Claro que podemos argumentar que o texto de Mateus é apenas comparativo, não
significando que realmente ocorreria, mas a linha de argumentação que se abre é de fato
interessante.
Existem muitas argumentações a favor e contra a scientia media, alguns teólogos afirmam
que fere a perfeição divina, uma vez que Deus não teria conhecimento total da ação humana,
outros conforme já citamos que é a decorrência do livre arbítrio do homem. Outras correntes
acabam em decorrência do entendimento de um conhecimento médio divino, afirmando que
Deus está em um “processo de conhecimento” uma vez que uma decisão do homem
diferente da expectativa de Deus geraria um fato novo para Deus.
Conclusão
Esta pequena explanação sobre a onisciência de Deus, nos mostra quão amplo e infinito é a
tentativa de conhecermos um pouco de Deus. Muitas vezes em nossa finitude tentamos
explicar o infinito, o vaso tentando explicar o artesão. Mas se o fazemos é porque nos
sentimos maravilhados com sua criação, porque sentimo-nos impelidos a Deus de tal forma
que queremos saber mais e mais a seu respeito.
E este tema está longe de ser exaurido, as modernas correntes teológicas e filosóficas nos
apresentam uma gama de sugestões muito grande, algumas como a Scientia Media que
necessitam de um aprofundamento maior para conciliarmos alguns pontos incômodos,
outras que nos incomodam mas que também devem ser objeto de conhecimento como a pré-
destinação, mas independente do resultado de conclusão que chegarmos uma coisa só
devemos ter em mente “Deus é Deus”, e sua vontade é soberana seja eleger alguns ou de
não ter o conhecimento total da decisão humana, devemos saber que seja qual for o “modelo
da onisciência de Deus “ assim o é porque Ele é Deus.
Bibliografia
BARTMANN, Bernardo ; Teologia Dogmática - 1ª edição – 1964 – Ed. Paulinas – São Paulo; SP.
HODGE, Charles; Teologia Sistemática – 1ª edição – 2001 – Ed. Hagnos – São Paulo; SP
LANGSTON, A B.; Esboço de Teologia Sistemática – 6ª edição – 1980 – JUERP – Rio de Janeiro; RJ.
GRUDEM, Wayne; Teologia Sistemática – 1ª edição – 1999 – Ed. Vida Nova - São Paulo; SP
CHAMPLIN, R. N. ; Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia - 5ª edição – 2001 – Ed. Hagnos – São Paulo; SP.
TILLICH, Paul; Teologia Sistemática - 1ª edição - 1984 – Ed. Sinodal – Ed. Paulinas – São Paulo; SP
CAMPOS, Heber Carlos de; O ser de Deus e os seus atributos – 2ª edição – 2002 – Ed. Cultura Cristã – São Paulo; SP
Textos Para Consulta
Livros
GEISLER, Norman – Eleitos, mas Livres – 1ª edição – 1999 – Ed. Vida – São Paulo; SP
SPROUL, R.C.; Sola Gratia, A controvérsia sobre o livre arbítrio na história -
Editora Cultura Cristã – São Paulo; SP
Internet
http://www.leaderu.com/offices/billcraig/menus/
http://www.essenciadafe.com.br/especial_livre2.html
Revista
Scientific American - Tempo - edição nrº 5 - outubro de 2002