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Universidade de São Paulo Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”

Estudos populacionais dos primatas em duas florestas nacionais do oeste do Pará, Brasil

Pérsio Scavone de Andrade

Tese apresentada para a obtenção do título de Doutor em Recursos Florestais, com opção em Conservação de Ecossistemas Florestais

Piracicaba 2007

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Pérsio Scavone de Andrade Ecólogo

Estudos populacionais dos primatas em duas florestas nacionais do oeste do

Pará, Brasil

Orientador:

Prof. Dr. HILTON THADEU ZARATE DO COUTO

Tese apresentada para a obtenção do título de Doutor em Recursos Florestais, com opção em Conservação de Ecossistemas Florestais

Piracicaba 2007

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) DIVISÃO DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO - ESALQ/USP

Andrade, Pérsio Scavone de Estudos populacionais dos primatas em duas florestas nacionais do Oeste do Pará, Brasil / Pérsio Scavone de Andrade. - - Piracicaba, 2007.

352 p. : il.

Tese (Doutorado) - - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, 2007. Bibliografia.

1. Amazônia 2. Densidade populacional 3. Ecologia animal 4. Florestas nacionais – Pará 5. Primatas I. Título

CDD 599.8

“Permitida a cópia total ou parcial deste documento, desde que citada a fonte – O autor”

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OUTRORA e AGORA

Em dias mais jovens, de manhã eu ria, De tarde chorava; agora mais velho,

Começo meus dias em dúvidas, porém Sagrado e sereno me é o seu final

Hölderlin

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Os gigantes Paraná mendigando a beira da BR-163

A memória dos krenakarore

Os gigantes Paraná, cujo território tradicional foi rasgado pela BR-163. Quem primeiro explorou e descreveu o local onde viviam - uma floresta fechada na bacia do Peixoto de Azevedo - foi o próprio Antônio Peixoto de Azevedo, explorador que avistou, ao descer o rio Tele Pires até o Tapajós, em 1819, uma concentração de grandes toras de madeiras às margens dos rios. Eram os Paraná, que não usavam canoas como meio de locomoção e desconheciam a técnica para construí-las. Em 1967 viram pela primeira vez um homem branco. Foram necessários mais cinco anos, para que finalmente, em 1973 os irmãos Villas-Bôas conseguissem fazer contato com os Paraná. Cujo hábito de montar e desmontar aldeias traduzia a firme determinação de sempre fugir dos brancos. Conheceram a “pacificação”, novas doenças, a prostituição, a morte de 90% da população e quase o extermínio. Transferidos para o Parque do Xingu, viveram lá por 20 anos, exilados, sete mudanças de aldeia, mas mantiveram o sonho de, um dia, voltar para casa. Em 1991, seis homens Paraná voltam ao Rio Peixoto de Azevedo pela primeira vez depois do contato em 1973, e constatam: “os brancos comeram nossa terra”. Em 1995, os Paraná consolidam a reocupação com a mudança definitiva de 50 pessoas para a nova aldeia no Rio Iriri (PA) Fonte: Povos Indígenas do Brasil, ISA, (1996).

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AGRADECIMENTOS A Hilton Thadeu Zarate do Couto de quem tive o privilégio de ser orientado. Pela amizade construída ao longo de anos, na sala de aula como aluno, monitor ou assistente de campo nas excursões de sua disciplina “Inventário Florestal”. Pelo incentivo durante todo o processo de construção deste estudo, pelos vários livros presenteados e pelo empréstimo da sua sala. Pela paciência em rodar o SAS dezenas de vezes. Por ter encontrado tempo para nossas profícuas discussões. Por suportar, com bom humor, minhas digressões primatológicas. Pela humildade em dizer, “Pérsio estou aprendendo primatologia com você!” e me fazer sentir tão importante. Enfim, por sua cumplicidade. João Luis F. Batista, pelo incentivo e participação no exame de qualificação.

A Eleonore Setz, minha professora durante a graduação (Ecologia, Unesp - Rio Claro), que me proporcionou a primeira oportunidade de conhecer a Floresta Amazônia como objeto de estudo, me aceitando como seu estagiário no “Projeto Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais” (AM). Onde ela me apresentou ao fascinante mundo dos primatas, dando-me a oportunidade de ingressar na carreira científica. A Paulo Vanzolini, meu professor durante o mestrado (Psicologia Experimental, USP), que sugeriu o doutorado com primatas na região do Tapajós. Pelas serpentes atropeladas e estropiadas que lhe envio e ele consegue com a ajuda prestimosa da Dra. Carolina Castro Mello, transformar aquilo em ciência. Mas pensando bem, para quem conseguiu estimar a duração da desova de uma tartaruga amazônica, durante um banho de igarapé, usando apenas os batimentos cardíacos, deve ser fácil. Exemplo, aliás, que uso para ilustrar minhas aulas e dizer aos candidatos a zoólogo que quando se é cientista, se é até debaixo d’agua. Por influência dele, também não acredito ser possível fazer zoologia de qualidade, sem sujar as pontas dos dedos. Pelos vários livros presenteados, que tanto me incentivariam, nos momentos de relaxamento durante o trabalho de campo. Pelo seu amor a Amazônia, tão bem representado no filme de André Dias, “No País das Amazonas”. Por ter orientado Márcio Ayres, que tão cedo foi percorrer outras trilhas. Pelo exemplo de humildade em responder, quando indagado sobre sua versatilidade intelectual, de cientista, médico e músico, “gênio é o Chico, que com 18 anos fez uma música irretocável, Pedro Pedreiro”; e que o “maior zoólogo brasileiro foi Alípio de Mirando Ribeiro”. A Jefferson Polizel, mestre e técnico de informática do LMQ pelas inúmeras interrupções do seu trabalho cotidiano para me ajudar. E principalmente pela digitalização dos mapas da distribuição dos primatas, transformando meus toscos desenhos pintados à lápis de cor, em mapas normalizados e de cores uniformes. Pela sua maneira alegre e prestativa de administrar o LMQ. A Gilmar Klein, analista ambiental do Ibama na Floresta Nacional de Saracá-Taquera, pela alegria dos momentos compartilhados na base de Patauá durante a coleta de dados, pelas fotografias gentilmente cedidas e pelas sugestões de alguns lugares “quentes” para observar primatas. Ao departamento de Ciências Florestais por aceitar um mestre em psicologia experiemtal entre agrônomos e engenheiros florestais.

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Aos professores: Arno Engelman, Athail Pulino, Edson Vidal, Emma Otta, Fabio Poggiani, Miguel Petrere, Paulo A. L. Machado, Paula Monteiro, Paulo Oliveira, Silvia Molina, Renate Viertler, Takeschi Sato e Weber Amaral. Além desses, existe inúmeros pessoas que fui encontrando por esta peregrinação amazônica, iniciada em 1992, como professor na FEJARI (Monte Dourado), que de alguma forma me ajudaram, às vezes com uma simples, mas preciosa informação ou o empréstimo de uma bibliografia. Os conheci durante os anos que morei em Santarém e trabalhei como professor da UFPA, ou como membro do Grupo Gestor da Flona do Tapajós. Desculpo-me, à priori, porque não me lembrarei de todos. Ângelo de Lima Francisco, Antônio Carlos Hummel, Daniel Cohenca, Domingos Rodrigues, Edna Alencar, Evandro Soares da Silva, Giovanna Palazzi, Graça Pires, Hygnens Fonseca, Sebastião Santos da Silva, Selma Melgaço, Paulo Meier Souza, Walmir Gomes, Alaor Moacir Dallàntonia Jr. (INMET) e Viviane Araújo. As Bibliotecária(o)s: Beatriz Giongo, Gláucia Criatianini, Márcia Saad, Silvio Bachetta, Vilma Zeferino. Lidia (Edusp). A Secretaria da pós-graduação: Margarete Pinese, Catarina Germuts, Marcelo da Silva, Evandro Amatrice, Raquel Schiavinatto e Rogério Naressi. Aos colegas da pós-graduação: Abílio Filho, Acásio Leite, Aline Angeli, Ana Marrici, Ana Schiling, André Ravetta, Carla Câmara, Carlos Bravo, Carolina Esteves, Daniela Medeiros, Denise Návia, Edgar Vismara, Eliza Takashiba, Francisco Rollo, Lauro Rodrigues Jr., Lílian Pinto, Lizie Lazo, Luiz Faria, Maurício Gorenstein, Milton Krieger, Mariana Andreatta, Mirrian Falótico, Melissa Oda, Otávio Campõe, Rodrigo Banhara e Silvia Kataoka. A enfermeira: Angélica Rodini (Esalq). A minha mãe, irmãos (Marcelo Scavone de Andrade e Percival Scavone de Andrade) e primas. Á CAPES

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SUMÁRIO

RESUMO ............................................................................................................................. 10

ABSTRACT .......................................................................................................................... 11

LISTA DE SIGLAS ............................................................................................................. 12

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 16

1.1 O problema teórico ........................................................................................................ 17

1.2 Objetivos e hipóteses de trabalho ................................................................................... 21

1.3 Importância dos levantamentos e justificativa ............................................................... 21

1.4 A importância do cálculo da densidade .......................................................................... 22

1.5 O conceito de população................................................................................................. 23

1.6 Densidade populacional e definições pertinentes........................................................... 24

1.7 A distribuição dos organismos no espaço ...................................................................... 28

1.8 A distribuição dos organismos no tempo ....................................................................... 29

1.9 A exploração do hábitat e seus reflexos na densidade populacional.............................. 30

1.10 Comportamento reprodutivo e densidade populacional .............................................. 37

1.11 A falácia do controle populacional com base no altruísmo.......................................... 38

1.12 Explosões populacionais ............................................................................................. 39

1.13 Os problemas práticos dos estudos observacionais por meio da análise de figuras ..... 41

2 DESENVOLVIMENTO.................................................................................................... 52

2.1 Amazônia: radiografia de uma região superlativa.......................................................... 52

2.2 Características gerais dos primatas e uma classificação mínima .................................. 58

2.3 Custos e benefícios da vida social dos primatas............................................................. 66

2.4 A primatologia de campo ............................................................................................... 67

2.5 Comunidades de primatas em diferentes biomas não-amazonicos ................................ 68

2.6 Os primeiros estudos com primatas amazônicos............................................................ 70

2.7 Estudos recentes com primatas amazônicos................................................................... 70

2.8 As comunidades de primatas da Amazônia.................................................................... 73

2.9 Competição por exploração: distribuição livre ideal..................................................... 77

2.10 Competição por meio de defesa dos recursos: a distribuição despótica....................... 78

2.11 O Estado do Pará .......................................................................................................... 80

2.12 Floresta Nacional (flonas) ............................................................................................. 82

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2.13 Os habitantes da Floresta Nacional do Tapajós............................................................82

2.14 Os habitantes da Floresta Nacional de Saracá-Taquera ...............................................89

2.15 Caracterização geral das áreas de estudo......................................................................89

2.16 A vegetação da Floresta Nacional do Tapajós..............................................................94

2.16.1 Sub-região dos altos platôs dos Rios Xingu-Tapajós ................................................95

2.17 Status de conservação da flora na FNT ........................................................................95

2.18 Pesquisas zoológicas na FNT .......................................................................................97

2.19 Status de conservação da fauna no estado do Pará.......................................................97

2.20 O clima da Floresta Nacional do Tapajós.....................................................................99

2.21 Os platôs da Floresta Nacional de Saracá-Taquera .......................................................99

2.21.1 Topo de Platôs ..........................................................................................................100

2.21.2 Terras baixas..............................................................................................................100

2.22 O clima da Floresta Nacional de Saracá-Taquera ........................................................102

2.23 Temperatura, precipitação e umidade relativa nas duas flonas ....................................103

2.24 Os primatas das duas áreas de estudo...........................................................................109

2.25 Aspectos gerais de dois gêneros de calitriquídeos: Callithrix e Saguinus ......................... 112

2.26 Callithrix argentata (Linnaeus, 1771)...........................................................................116

2.27 Saguinus bicolor martinsi (Thomas, 1912) ..................................................................119

2.28 Callicebus moloch (Hoffmannsegg, 1807)...................................................................124

2.29 Saimiri ustus (I. Geoffroy, 1944) ................................................................................126

2.30 Cebus apella apella (Linnaeus, 1758).........................................................................128

2.31 Pithecia pithecia chrysocephala (I.Geoffroy, 1850) ...................................................134

2.32 Chiropotes albinasus (I. Geoffroy e DEville, 1948) e Chiropotes satanas

(Humboldt, 1811) ........................................................................................................137

2.33 Alouatta discolor (Spix, 1823) e Alouatta seniculus (Humboldt, 1812) ....................142

2.34 Ateles marginatus (E. Geooffroy, 1812) e Ateles paniscus (Linneaus, 1758)............152

2.35 Grupos mistos de primatas nas duas flonas ..................................................................158

2.36 A caça e a captura para animais de estimação..............................................................158

3 MATERIAL E MÉTODOS..............................................................................................165

3.1 Três Características deste estudo....................................................................................165

3.2 Métodos ..........................................................................................................................167

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3.3 Pressuposições para a utilização do MTL ......................................................................171

3.4 O problema da largura do trajeto....................................................................................171

3.5 Número de repetições em cada trilha .............................................................................174

3.6 O protocolo.....................................................................................................................176

3.7 Sobre a coleta de dados e alguns aparelhos....................................................................177

3.8 Os testes estatísticos utilizados.......................................................................................182

3.9 O teste G .........................................................................................................................184

3.10 O inventário florestal (IV) e o método do ponto quadrante (MPQ) .............................185

4 RESULTADOS .................................................................................................................190

4.1 Introdução ......................................................................................................................190

4.2 Comparando as duas flonas entre si ...............................................................................191

4.2.1 Aspectos populacionais (número de indivíduos).........................................................195

4.2.2 Densidade populacional...............................................................................................197

4.3.1 Tamanho dos subgrupos durante as quatro atividades estudadas................................215

4.3.2 Tamanho comparativo dos grupos de primatas da comunidade de Trombetas

no baixio e no platô....................................................................................................216

4.3.3 Tamanho dos grupos de primatas da comunidade do Tapajós no hábitat mais

preservado (km 117) e nos menos preservados (km 83 e 67)....................................217

4.4.1 Altura ...........................................................................................................................218

4.4.2 Altura de detecção comparativa dos primatas nas duas comunidades ........................219

4.4.3 Altura de detecção comparativa dos primatas da comunidade do Trombetas

no baixio e no platô....................................................................................................220

4.4.4 Altura de detecção comparativa dos primatas da comunidade do Tapajós

nos dois hábitats ........................................................................................................221

4.5.1 Distância de deteçcao comparativa por espécies nas duas comunidades ....................222

4.5.2 Distância perpendicular comparativa por espécies nas duas comunidades.................224

4.6 Comparaçao por meio da ANOVA, das trilhas, das espécie nas trilhas, das

atividade e das trilhas + as atividade, em relação as variáveis dependentesna FNS-T . .226

4.7 Comparaçao por meio da ANOVA, do baixio e do platô para espécie e atividade

em relação as variáveis dependentes .............................................................................227

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4.8 Teste de comparação de frequência e proporção (teste G) para pares de espécies de cada

uma das duas comunidades, em relação as atividades (alimentação, descanso, pernoite,

e viagem) ........................................................................................................................228

4.9 Teste de comparação de frequência e proporção (teste G) do desempenho por

espécie dentro da sua respectiva comunidade em relação as quatro atividades .............236

4.10 Comparação suscinta das duas florestas.......................................................................237

DISCUSSÃO.........................................................................................................................239

5.1 As comunidades de primatas e suas respectivas florestas diferiram entre si..................239

5.2 Estudos autoecológicos x sinecológicos.........................................................................242

5.3 A separação de nicho, exemplificando com a variável dependente altura .....................242

5.4.1 A comunidade de primatas: uma análise com base nas espécies

congêneres (de flonas diferentes) ...............................................................................243

5.4.2 Os guaribas: Alouatta discolor do Tapajós e Alouatta seniculus do Trombetas .........245

5.4.3 Os macacos-aranhas: Ateles marginatus no Tapajós e Ateles paniscus no

Trombetas ..................................................................................................................247

5.4.4 Os cuxiús: Chiropotes albinasus do Tapajós e Chiropotes satanas do Trombetas ....249

5.5 O macaco-prego: Cebus apella, a mesma espécie nas duas flonas ................................251

5.6 Os primatas sem espécie congêneres..............................................................................253

5.6.1 O parauacu: Pithecia pithecia do Trombetas ..............................................................253

5.6.2 Saimiri ustus: o mico-de-cheiro do Tapajós ................................................................255

5.6.3 Callicebus moloch: o sauá do Tapajós ........................................................................257

5.7 Comparação entre os dois sagüis: Callithrix argentata, do Tapajós e o Saguinus

martinsi do Trombetas..................................................................................................259

5.8 O significado ecológico do tamanho corporal................................................................260

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................263

REFERÊNCIAS ....................................................................................................................266

APÊNDICE ...........................................................................................................................328

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RESUMO

Estudos populacionais dos primatas em duas florestas nacionais no oeste do Pará, Brasil As pessoas do senso comum repetem os equívocos dos primeiros exploradores europeus quanto ao

número de animais visíveis na Amazônia. Induzidas no passado pela grandeza do próprio bioma e incertezas do que existia além das matas ciliares, ou modernamente por programas televisivos, pressupõem a existência de grandes concentrações de animais selvagens neste bioma, semelhantes às encontradas nas planícies africanas ou no pantanal mato-grossense. No entanto, reza à lenda, que a Amazônia é ciumenta com seus bichos. Vê-los exige sacrifício e paciência do pesquisador. No presente estudo foi necessário percorrer 1.600 km, distribuídos em 17 meses entre 2005 e 2006, oitocentos quilômetros na Floresta Nacional do Tapajós (FNT) e 800 km na Floresta Nacional de Saracá-Taquera (FNS-T), ambas no estado do Pará (Brasil), para reunir detecções sobre os primatas nelas contidas que permitissem um robusto tratamento estatístico. Mesmo assim, para algumas espécies naturalmente raras, como por exemplo, Pithecia p. chrysocephala da região do Rio Trombetas, ou Ateles marginatus na região do Rio Tapajós, a freqüência de detecção ao redor de 10, para ambas as espécies, foi muito baixa para permitir inferências seguras. Considerando 40 detecções como o ideal, seria necessário então quadruplicar o esforço amostral, o que por limitações de tempo e recursos é inviável. Outras espécies descritas e observadas por residentes na região do Rio Trombetas, como Saguinus midas e Saimiri sciureus, sequer foram detectadas na floresta de terra firme. Provavelmente não suportando a competição com os primatas simpátricos do interior das florestas intactas foram compelidas a ocuparem e especializarem-se na exploração de florestas periféricas, onde seus alimentos preferidos, os insetos e frutos menores são mais abundantes. Por meio do programa SAS, foi calculado a ANOVA para testar a hipótese nula, de que não existiam diferenças populacionais entre as duas comunidades de primatas, uma vez que ambas ocorrem dentro de um mesmo bioma: floresta de terra firme do oeste da Amazônia e não estão a mais de 240 km uma da outra. Esta hipótese foi rejeitada em favor da hipótese alternativa de que as comunidades diferem entre si. Os 397 grupos de primatas detectados foram desigualmente distribuídos (130 x 267 em favor da FNS-T). Ou dito de outra forma: 1 grupo detectado a cada 6 km de caminhada no Tapajós contra 1 grupo detectado a cada 3 km no Trombetas. Os testes de Tukey e G de Sokal e Hohlf foram importantes auxiliares para facilitar o entendimento de como as duas comunidades de primatas diferiram, respondiam e se adaptavam a estrutura das respectivas florestas. Das 200 árvores amostradas em cada uma das flonas, a FNS-T apresentou 92 espécies diferentes, contra 74 na FNT. Assim o índice de Shannon e Wiener foi mais alto na região do Rio Trombetas do que na do Rio Tapajós (6,17 x 5,74 respectivamente). A cobertura do dossel também foi maior na região do Rio Trombetas quando comparado com a do Rio Tapajós (96% na FNS-T contra 88% na FNT). Estes dois índices reforçam-se mutuamente e sua interpretação sugere que a FNT vem sofrendo maiores perturbações do que a FNS-T. Considerando a colonização mais antiga e maior da população de entorno da Cuiabá-Santarém (BR-163) e o maior número de residentes dentro da FNT (10.500 pessoas), do que dentro da FNS-T (2.500 pessoas), é provável que o número tão discrepante de grupos de primatas em favor da FNS-T, reflita a maior pressão antrópica sofrida pela comunidade de primatas do Rio Tapajós. Interpretamos que as diferenças antrópicas entre as flonas (embora um epifenômeno), foram mais importantes na discrepante abundância de primatas do que as especificidades locais (na estrutura da floresta e oferta de recursos alimentares). (Figura 94, apêndice).

Palavras-chave: Amazônia; Pará; Floresta Nacional do Tapajós; Floresta Nacional de Saracá-Taquera;

Comunidade de primatas; Densidade populacional; Ecologia animal; Pressão antrópica.

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ABSTRACT

Population study of primates in two national forests in western State of Pará, Brazil

Common sense people have repeated the mistakes of early European explorers as to the

number of observable animals in the Amazon region. In the past based, on the greatness of the biome itself and uncertainties as to what existed beyond the riparian forests, or nowadays, through television shows, they assume the existence of great concentrations of wild animals in such biome, likewise those found in African plains or in the Mato Grosso pantanal. However, the Amazon region is said to be ‘jealous’ about its animals. Observing them requires the researcher’s sacrifice and patience. At this study, one had to traverse 1,600 km in 17 months between 2005 and 2006, eight hundred kilometers within the Tapajós National Forest (FNT) and 800 km within the Saracá-Taquera National Forest (FNS-T), both in the state of Pará (Brazil), to gather detections of the primates therein allowing a solid statistical treatment. Even so, for some naturally rare species, such as Pithecia p. chrysocephala of the Trombetas river region, or Ateles marginatus, at the Tapajós river region, the frequency of detection nearing 10 for both species was too low for accurate inferences. Considering 40 detections as the ideal number, the sampling effort would be four-fold, which is not viable due to time and resource limitations. Other species described and observed for the Trombetas river region, as Saguinus midas and Saimiri sciureus, were not even detected at the upland forest. Probably succumbing to the competition with sympatric primates of inner intact forests, they were compelled to occupying and specializing in exploring peripheral forests, where their favorite foods – insects and small fruit – are abundant. By means of SAS software, the ANOVA was calculated to test the null hypothesis, that there were no population differences between both primate communities, since both occur within the same biome – upland forest of western Amazon and are no more than 240 km apart. This hypothesis was rejected in favor of an alternative hypothesis that the communities differ from one another. The 397 primate groups detected were unequally distributed (130 x 267 favoring the FNS-T). In other words, 1 group detected every 6 km of trekking at the Tapajós region versus 1 group detected every 3 km at the Trombetas region. The Tukey’s test and G-test of Sokal and Hohlf were important tools in facilitating the understanding of how the two primate communities differed, responded and adapted to the structure of the respective forests. Out of 200 trees sampled in each forest, the FNS-T presented 92 different species, versus 74 at the FNT. This way, the Shannon-Wiener index was higher at the Trobetas river region than at the Tapajós river region (6.17 x 5.74 respectively). Also the canopy was higher at the Trombetas river region in comparison with that of the Tapajós river region (96% at the FNS-T versus 88% at the FNT). Both indexes are mutually reinforced, suggesting that the FNT has undergone more disturbances than the FNS-T. Considering the older and larger colonization of the population neighboring the Cuiabá-Santarém highway (BR-163) and the larger number of residents within the FNT (10,500 people), than within the FNS-T (2,500 people), such discrepant number of primate groups in the FNS-T is likely to reflect the higher anthropic pressure suffered by the primate community of the Tapajós river region. The anthropic differences between the forests, although an epiphenomenon, are interpreted as more important at the discrepant abundance of primates than the local specificities (on the forest structures and food resource supply). Keywords: Amazon, Tapajós national forest, Saracá-Taquera national forest, Primate community, Population density, Animal ecology, Anthropic pressure.

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LISTA DAS SIGLAS

AIMEX = Associação das Indústrias Exportadoras de Madeira do Estado do Pará.

ACTH = Hormônio produzido pelo lobo anterior da hipófise, que atua sobre o córtex das supra-

renais, estimulando-as nas suas função endócrina de produção dos corticosteróides.

Estes últimos atingindo certa concentração no sangue circulante, bloqueiam, por

mecanismos de feedback negativo, a produção de ACTH hipofisário. Destarte, os níveis

de ACTH e de corticosteróides na circulação se mantêm dentro dos padrões normais

(SOARES, 1993).

ANOVA = Análise de variância

APA = Área de Proteção Ambiental

BNDS = Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

BR- 163 = Cuiabá-Santarém, rodovia federal que atravessa dois estados, MT e PA; a FNT

localiza-se a sua margem

CI = Conservation International

CITES = abreviatura de Convention on International Trade in Endangered Species of Wild Fauna

and Flora (convenção internacional sobre o comércio de pantas e animais silvestres)

CPRM = Centro de Produção Recursos Minerais

CONAMA = Conselho Nacional do Meio Ambiente

CPATU = Centro de Pesquisa Agropecuário do Trópico Úmido/Embrapa

DETER = O sistema DETER (Detecção de Desmatamento em Tempo Real) utiliza sensores com

alta freqüência de observação para reduzir as limitações da cobertura de nuvens

DHP = Diâmetro a Altura do Peito

DNPM = Departamento Nacional de Produção Mineral

DRT = Diagnóstico Rural Participativo

EIA = Estudos de Impacto Ambiental

EMBRAPA = Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias

FBCN = Fundação Brasileira para Conservação da Natureza

FLOTA = Floresta Estadual

FNT = Floresta Nacional de Tapajós (PA)

FNS-T = Floresta Nacional de Saracá-Taquera (PA)

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FUNAI = Fundação Nacional do Índio

FFT = Fundação Floresta Tropical

FUNBIO = Fundo Brasileiro para a Biodiversidade

GIS = Geographic Information System

GTA = Grupo de Trabalho Amazônico

GTA = Deustche Gesselschaft für Technishce Zusammenarbeit

IB = Instituto Butantã

IBC = Ilha de Barro Colorado (Panamá)

IBDF = Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal

IBGE = Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IBAMA = Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis, substituto do IBDF

IDH = Índice de Desenvolvimento Humano

IMAZON = Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia

INCRA = Instituto Nacional de Reforma Agrária

INPA = Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia

IPAM = Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia

INPE = Instituto de Pesquisas Espaciais (São Jose dos Campos/SP)

IPEA = Instituto de Pesquisa Econômico Aplicada

IPEF = Instituto de Estudos e Pesquisas Florestais

ITTO = International Tropical Timber Organization

IUCN = União Internacional para a Conservação da Natureza

8º BEC = Oitavo Batalhão de Engenharia e Construção (Santarém/PA)

MAPA = Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento

MRN = Mineração Rio do Norte

MTL = Método dos Trajetos Lineares

MPEG = Museu Paraense Emílio Goeldi

MPQ = Método de Ponto Quadrante

MZUSP = Museu de Zoologia da USP

OMM = Organização Muldial de Metereologia

PARNA = Parque Nacional da Amazônia (Itaituba/PA)

PDBFF = Projeto Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais (Manaus)

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15

PIN = Projeto de Integração Nacional

PM = Plano de Manejo

PT = Porto Trombetas

PTT = “Platform Trasmitter Terminal” são tranmissores de dados do sistema ARGOS

que podem ser miniaturizados até 15 g.

PROMANEJO = Programa de Apoio ao Manejo Florestal da Amazônia

PPG-7 = Programa Piloto para Proteção das Florestas Tropicais – Grupo dos Sete

RESEX = Reserva Extrativista

SECTAM = Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente (PA)

SNUC = Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza

SPI = Serviço de Proteção ao Índio, órgão substituído pela FUNAI

SUDAM = Superintendência para o Desenvolvimento da Amazônia.

RADAMBRASIL = Projeto de levantamento e mapeamento de recursos naturais do Brasil, solo, geologia, geomorfologia, vegetação e uso da terra, utilizando como base imagens geradas por radar. Desenvolvido pelo governo brasileiro durante as décadas de 70 e 80

REBIO = Reserva Biológica

RENCTAS = Rede Nacional Contra o Tráfico de Animais Silvestres

RIMA = Relatório de Impacto Ambiental

RPPN = Reserva Particular do Patrimônio Natural.

SIVAM = Sistema de Vigilância da Amazônia

SUFRAMA = Superintendência da Zona Franca de Manaus (AM)

TBI = Teoria de Biogeografia de Ilhas

TI = Terras Indígenas

TRP = Teoria dos Refúgios Pleistocênicos

UC = Unidade de Conservação

UHT = Usina Hidroelétrica de Tucuruí

UICN = União Internacional para Conservação da Natureza

WWF = World Wildlife Fund

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16

1 INTRODUÇÃO A ecologia é o estudo da distribuição e abundância de plantas e animais e suas interações

com o ambiente, portanto, ela requer dados do mundo real (KREBS, 1989). Seu caráter empírico

nos impele a irmos além do quadro negro, do zoológico, ou das simulações computacionais,

principalmente no Brasil, um dos seis paises megadiversos do planeta e possuidor da maior

floresta tropical do mundo.

A lógica do método científico começa com a formulação de uma hipótese testável. E o

desenho experimental é a maneira pela qual uma hipótese é mais eficientemente testada e seu

principal propósito é fornecer um resultado inequívoco diante de fatores obscuros (CAUGHLEY

; GUNN, 1995)

A hipótese deste estudo é: um mesmo esforço amostral (800 km de trajetos lineares

contando grupos de primatas) se realizado dentro de um mesmo bioma, floresta tropical de terra

firme em um mesmo tipo de Unidade de Conservação, Floresta Nacional (eqüidistantes

aproximadamente 240 km de barco entre si), deveriam apresentar densidades populacionais

semelhantes. Mesmo que suas comunidades de primatas apresentassem a maioria de suas

espécies congêneres e estivessem localizadas uma ao norte (Floresta Nacional de Saracá-

Taquera) e outra ao sul (Floresta Nacional do Tapajós), do rio Amazonas.

Esse estudo, como muitos outros de ecologia de populações requerem estimativas de

densidade populacional (D) ou tamanho dos grupos animais (N). A estimativa desses parâmetros

variam no tempo e no espaço, tanto quanto as espécies dentro das comunidades, a proporção

entre os sexos e classes de idade. A dinâmica populacional, e, portanto, estes parâmetros,

freqüentemente dependem dos fatores ambientais. A amostragem baseada na distância pode ser

uma via de acesso efetiva para estimar D e N (BUCKLAND et al., 2001). Densidade (D) e

tamanho populacional (N) estão relacionados de acordo com a relação N = D.A, onde A é o

tamanho da área de estudo. Assim, a atenção pode ser focalizada sobre a densidade, como neste

estudo. Se por um lado a contagem de animais arborícolas é dificultada pela visibilidade através

da folhagem ela é, por outro lado, facilitada por três características quase universais dos primatas

neotropicais. Eles são (1ª) animais sociais e seus deslocamentos são intermediados por

vocalizações, sendo assim, eles (2ª) deslocam-se como uma unidade, e boa parte destes

deslocamentos dá-se em (3ª) fila indiana. Existe uma vantagem evolutiva nisso, o animal que

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17

segue na dianteira reitera aos que vem atrás a segurança dos galhos. Além disso, o relevo

relativamente plano da Amazônia torna o trabalho mais fácil do que na Mata Atlântica, por

exemplo.

Sem o conhecimento do tamanho da população e sua densidade não é possível pensar em

um manejo eficaz. O manejo busca um, entre quatro objetivos possíveis: (1º) o aumento

populacional, caso a espécie esteja em extinção (e.g, o Leonthopitecus rosalia, mico-leão-

dourado endêmico da Mata Atlântica fluminense ou Cebus apella xanthosternus, o macaco

prego-do-peito-amarelo, endêmico da Mata Atlântica do sudeste da Bahia); (2º) a diminuição

populacional, caso a espécie represente uma praga (e.g, os coelhos introduzidos na Austrália);

(3º) o aumento populacional para fins comerciais (e.g, avestruz para fornecer carne exótica para

restaurantes especializados e suas penas para a indústria de espanadores e fantasias de carnaval)

e (4º) monitoramento: comparar a “saúde ambiental” de hábitat sob suspeição de ameaças

antrópica presentes ou eminentes em dois momentos distintos no tempo. Por exemplo, como

evoluiu a comunidade de primatas da Floresta Nacional do Tapajós (FNT) entre o estudo de

Ayres e Milton (1981) e o presente estudo. Não existem dados disponíveis sobre a população

humana do entorno da BR-163 (ainda sem pavimentação por ocasião daquele estudo de 1981),

mas provavelmente a pressão antrópica era menor. Atualmente, 24 anos depois, com uma parte

da BR-163 já pavimentada, acreditasse que a população do entorno exerça uma pressão muito

maior que em 1981.

1.1 O problema teórico

Os ecólogos têm devotado atenção especial à questão do que determina o número de

espécies nas comunidades e se existem forças que as organizam em uma estrutura previsível. A

Teoria de Biogeografia de Ilhas (TBI) (MACARTHUR ; WILSON, 1976) sugere que o número

de espécies numa região será determinado pelo equilíbrio entre a taxa de extinção e a taxa de

imigração de novas espécies. Existe evidência de que as taxas de extinção são maiores em áreas

menores, que suportam populações menores, do que em grandes áreas. É possível abstrair duas

características importantes desse modelo (1ª) à distância ao continente mais próximo afeta

basicamente a taxa de imigração; e (2ª) o tamanho da ilha afeta basicamente a taxa de extinção.

Esta teoria se popularizou porque foi aplicada a áreas continentais que sofreram algum tipo de

isolamento. Uma aplicação recente da TBI pode ser vista nos fragmentos florestais. Tais

Page 19: Estudos populacionais dos primatas em duas florestas nacionais do ...

18

fragmentos comportam-se, em muitos aspectos, como ilhas. É verdade que animais florestais,

principalmente, aqueles residentes em florestas próximos a aglomerados humanos, como os da

Mata Atlântica, vivem a cada dia, mais e mais num mundo aos pedaços. No entanto, para alguns

autores (e.g. PIRES, et al., 2006) a analogia utilizada pela TBI parece ser ingênua. Para outros,

(e.g. NEWMARK., 1987) ela não pode ser generalizada. Porque as relações espécie áreas

serviam muito bem para alguns taxa e algumas escalas, servindo até para prever extinções que

efetivamente ocorriam dentro de reservas. Além disso, sabemos hoje, que a analogia é imprópria

porque ao contrário das ilhas, os fragmentos encolhem devido aos efeitos de borda; e que a

matriz, ao contrário do mar é uma barreira seletiva, e não absoluta. Essas contradições entre a

TBI e as observações empíricas da fragmentação florestal conduziu a biologia da conservação

para a Teoria Metapopulacional (TM). A TM (LEVINS, 1969, 1970) não sepultou a TBI, que

teve sua importância para o planejamento de reservas naturais, no entanto, a abordagem

metapopulacional explica melhor como as espécies poderiam persistir numa paisagem onde os

fragmentos estavam separados por um filtro seletivo.

É improvável que as comunidades contenham um conjunto aleatório de espécies que por

acaso a invadiram. Pelo contrário, parece que as interações entre espécies permitem que algumas

combinações persistam no tempo, enquanto outras são excluídas (FUTUYMA, 1993). Uma

segunda teoria pertinente à abundância e diferenciação de comunidades amazônicas é a Teoria

dos Refúgios Pleistocênicos (TRP). As premissas básicas desta teoria – formulada por Haffer

(1969), Vanzolini (1970, 1973) e Ab’Saber (1977a, b) – asseguram que, diante das glaciações

ocorridas ao longo dos últimos cem mil anos, as florestas tropicais sofreram alterações periódicas

em sua extensão e distribuição. As mudanças climáticas provocadas pelas glaciações teriam

resultado em ciclos alternados de expansão e coalescência das florestas. Nos períodos mais

secos, a floresta foi reduzida a pequenos núcleos, mais ou menos isolados, onde o baixo índice

pluviométrico não impediu a sobrevivência desse tipo de vegetação. Os organismos que

dependiam das florestas teriam, portanto, se isolado, várias vezes nessas “ilhas” ou “refúgios”

em passado geológico recente. Nos períodos em que a fase de contração foi suficientemente

longa, o processo de diferenciação genética levou populações à divergência até o nível de

espécie ou subespécies. Acredita-se que uma parcela significativa da biodiversidade, hoje

existente na Amazônia, ou mesmo na Mata Atlântica, foi produzida por esse processo. Por meio

dos padrões de distribuição de alguns grupos de animais e plantas, podem-se localizar

Page 20: Estudos populacionais dos primatas em duas florestas nacionais do ...

19

geograficamente as prováveis áreas de refúgios, geralmente caracterizadas por alto endemismo.

(FIGURA 1). Na década de 1970, um grupo de técnicos baseou-se nesta teoria para estabelecer

várias unidades de conservação na Amazônia. O resultado foi um mapa para protegê-la. Houve

quem considerasse o mapa inviável pelo excesso de áreas prioritárias (cerca de 20 % do território

nacional), outros, pela falta delas. A primeira crítica baseia-se no princípio equivocado de que os

ecólogos querem manter a Amazônia inacessível a qualquer atividade humana. A criação de

Áreas de Proteção Ambiental (APA), Florestas Nacionais (Flonas) e Reservas Extrativistas

(RESEX), a despeito de inúmeros problemas, são um bom exemplo de como se pode utilizar

racionalmente a floresta (RYLANDS, 1990). A maioria dos geomorfólogos e paleoclimatólogos

atuais concordam que o clima e as principais associações bióticas de plantas e animais flutuaram

repentinamente em um escala mundial durante o Pleistoceno. O resultado foram algumas

mudanças na composição de espécies dos biomas. Por exemplo, há alguns anos atrás os

ornitólogos pensavam que a maioria das espécies de aves datavam do Plioceno, com idades de

vários milhões de anos, atualmente, a maioria deles aceita que a especiação foi muito mais rápida

durante o Pleistoceno, sobretudo entre as aves menores, com capacidade de dispersão limitada –

características igualmente aplicáveis a muitos outros vertebrados (HAFFER 1969;

MITTERMEIER et al., 1992a ; VANZOLINI 1972, 1992). Conclui-se, portanto, que a

distribuição e abundância dos primatas da Amazônia é determinado por um conjunto complexo

de fatores: biogeográficos, ambientais, históricos e humanos. Portanto, a estimativa populacional

dos primatas é resultado de uma combinação de fatores. A saber: (1) fatores intrínsecos de cada

espécie componente da comunidade primatológica (tipo de dieta. migração, emigração, tamanho

dos grupos sociais, sistema de acasalamento, parâmetros reprodutivos, história do grupos etc.);

(2) fatores biogeográfico e ecológicos (tipo de distribuição espaço-temporal dos alimentos e sua

abundância, competição intra e interespecífica de espécies silvestres, predação, patógenos etc.) e

(3) fatores antrópicos (histórico de colonização da área de estudo, queimadas, desmatamento,

caça, e competição, predação e patógenos de espécies animais e vegetais exóticas ou

introduzidas pelo homem).

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20

Figura 1 – Efeito das mudanças climáticas no Pleistoceno, propostas para os vertebrados de floresta da planície amazônica. A linha preta mostra a área dentro da qual imagina-se que as florestas fragmentaram-se. Dentro desta região, aves (áreas pretas) e lagartos (áreas sombreadas) teriam sido isoladas nas florestas remanescentes. As setas indicam as rotas postuladas de reinvasão quando as florestas retornaram. Fonte: VANZOLINI (1973) e POUGH et al., (1993).

Page 22: Estudos populacionais dos primatas em duas florestas nacionais do ...

21

1.2 Objetivos e hipóteses de trabalho

Este trabalho comparou a primatofauma em dois sítios da região oeste do Pará. Segundo

Cox (1978), o estudo comparativo de comunidades, sejam elas vegetais ou animais, engloba

proficuamente três conjuntos de categorias: (1ª) Características das Espécies Presentes. Os

padrões das adaptações morfológicas e comportamentais, e a estrutura da população,

apresentadas pelos membros das espécies nos diferentes sistemas podem diferir. Estas diferenças

podem refletir diferentes condições do hábitat, diferentes mecanismos básicos de partição de

recursos dentro da comunidade, ou diferenças nos estágios de sucessão florestal. (2ª) Número de

Espécies Presentes. Fatores tais como grau de heterogeneidade ambiental, estabilidade das

condições físicas, constância e nível da produção primária, grau de isolamento geográfico,

abundância de predadores, e a “longevidade” do ambiente podem influenciar a diversidade das

espécies presentes e (3ª) Distribuição dos Indivíduos entre Espécies. As diferenças nas

freqüências das espécies raras e comuns podem ser relacionadas com os mecanismos de divisão

dos recursos entre os membros da comunidade. Nossas hipóteses de trabalho foram: H0 = Não

existe diferença significativa na densidade da primatofauna das duas áreas de estudo. H1 = Existe

diferença entre as densidades populacionais das duas comunidades de primatas e ela é decorrente

da maior abundância de frutos em uma das duas áreas. H2 = Existe diferença entre as densidades

populacionais das duas comunidades de primatas e ela é decorrente da maior pressão antrópica

em uma das duas áreas.

1.3 Importância dos levantamentos e justificativa

Inventários completos de áreas escolhidas são possíveis e desejáveis (LEWINSOHN,

2001; VIVO, 1998). Eles devem ser incentivados porque servem a um propósito imprescindível:

a avaliação da biodiversidade. O projeto para monitoramento da biodiversidade continental

necessita coletar dados para: (1˚) avaliar os níveis populacionais das espécies e a intensidade da

variação de tais níveis; (2˚) avaliar o quão efetivo é nosso sistema de unidades de conservação,

incluindo a avaliação do grau de isolamento das reservas como função das características dos

ambientes fora destas e a mobilidade das espécies; (3˚) caracterizar as distribuições geográficas

potenciais de cada espécie e monitorar a intensidade de variação temporal em tais distribuições;

(4˚) avaliar a variabilidade genética das espécies e a rapidez de sua variação (CERQUEIRA,

1994). Tais características são à base dos indicadores para o estado da diversidade a cada

momento no tempo e devido às fortes pressões antrópica é aconselhável que os inventários de

Page 23: Estudos populacionais dos primatas em duas florestas nacionais do ...

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biodiversidade sejam realizados logo e o intervalo entre os monitoramentos não seja muito

longo. Kageyama et al., (2001) salientam a importância das áreas protegidas para a conservação

da biodiversidade: (...) se definida com premissas básicas corretas, à escolha. de reservas com florestas primárias bem representativas para estudos genético-ecológicos visando à conservação, pode apontar direções essenciais para o entendimento da biodiversidade de nossas florestas tropicais. Portanto, o uso dos conceitos ecológicos mais fundamentais, sobretudo aqueles que afetam a estrutura genética das espécies arbóreas, será essencial para a avaliação e efetividade dessa área experimental como um centro para estudos da biodiversidade.

A despeito de seu enfoque genético-arbóreo, isto não invalida sua relevância para estudos

faunísticos.

Para Plumptre e Box (2006) contar primatas é um instrumento útil para a conservação por

vários motivos. Ele fornece: (1°) a linha base da densidade ou o número total de indivíduos que

pose ser monitorado no futuro; (2°) uma informação da importância dos diferentes ambientes

para a conservação; (3º) uma informação das mudanças no número de indivíduos quando se

compara as estimativas anteriores; e (4º) uma informação sobre as espécies ameaçadas se a

estimativa for executada com freqüência suficiente.

1.4 A importância do cálculo da densidade

Segundo Neville et al., (1988) o cálculo da densidade populacional pode ser usado para

quatro propósitos. (1º) Ele pode testemunhar a conveniência de uma espécie estudada ocupar um

hábitat particular; (2º) ele pode (através da estimação da “capacidade suporte”), de vez em

quando, predizer o equilíbrio populacional máximo dessa espécie; (3º) ele pode indicar através da

sua variação no tempo as alterações nas condições de uma área; (4º) ele pode ser usado (se

suficientemente preciso) para predizer a população total de uma espécie em uma grande área (e.g.

fazendo um censo por meio de trajetos), como no presente estudo. No entanto, existem inúmeros

problemas com a precisão ou significado do cálculo da densidade populacional. Se ele for

produto de um levantamento rápido, ele pode ser muito dependente das mudanças de posição dos

primatas e da representatividade da porção do hábitat levantado. Se ele for resultado de um

hábitat particular, sua extensão é que se torna problemática; este problema é aumentado quando

consideramos que os efeitos das alterações antrópicas nos hábitat podem ser tão sutis quanto à

variação na pressão de caça. O cálculo da densidade populacional também e muito dependente

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23

quer da porção da área que foi excluída, por não ser representativa do hábitat geral, quer da área

que foi analisada. Assim, Rudran (1979) obteve duas estimativas diferentes da densidade

populacional para Alouatta seniculus em Hato Masaguaral, Venezuela. Por excluir diferentes

porções da área composta por vários ambientes terrestres estas duas estimativas diferiram

consideravelmente (118 versus 150 guaribas por km²).

1.5 O conceito de população

Darwin introduziu o pensamento populacional em biologia de maneira um tanto casual, e

levou-se muito tempo até que se percebesse que este é um conceito inteiramente diferente do

pensamento tipológico tradicional nas ciências físicas (MAYR, 2005). Desde os tempos dos

pitagóricos e de Platão, o conceito geral de diversidade do mundo enfatizava sua invariância e

estabilidade. Esse ponto de vista é chamado tipologia, ou essencialismo (MAYR, 2007).

O Pensamento populacional e populações não são leis, e sim conceitos. Uma das

diferenças mais fundamentais entre biologia e as chamadas ciências exatas é que nelas as teorias

são usualmente baseadas em conceitos. Exemplos de conceito que se tornaram bases importantes

de teoria em vários ramos da biologia são território, escolha da fêmea, seleção sexual, recurso e

isolamento geográfico. E mesmo que alguns deles possam ser enunciados (em seu primeiro

sentido, ainda que equivocado), eles são algo inteiramente diverso das leis naturais newtonianas.

A filosofia européia, ao longo de todos os séculos, foi incapaz de libertar-se da camisa-

de-força do essencialismo platônico. Para Platão (geômetra), o mundo variado dos fenômenos,

analogamente as formas das figuras geométricas, nada mais era do que o reflexo de um número

limitado de formas fixas e mutáveis, eidos (como ele as chamava), ou essências, como foram

chamados pelos tomistas na Idade Média.

Refutada a tipologia, Darwin introduziu, além do pensamento populacional, a

historicidade na ciência. A biologia evolutiva, ao contrário da física e da química, é uma ciência

histórica. O evolucionismo tenta explicar eventos que já ocorreram. Leis e experimentos não são

técnicas apropriadas para a explicação de tais eventos e processos. Em vez disso, é preciso

construir uma narrativa histórica, que consiste em uma reconstrução experimental de um cenário

particular que tenha levado aos eventos que se está tentando explicar (MAYR, 1998, 2007).

Populações não são meramente conglomerados de indivíduos. Pelo contrário, populações

são sistemas coordenados (embora em graus diferentes) as quais possuem uma entidade maior do

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que a soma dos indivíduos que a compõem. Nos modelos mais simples de evolução, a população

é composta por um número infinito de indivíduos, e cada um deles tem a mesma probabilidade

de se cruzar com outro. O termo genético para descrever esta situação é panmixia. A observação

corriqueira mostra que esta é uma abstração conveniente mas inverossímil. Toda população tem

um tamanho determinado e subdivisões internas. Há quase sempre uma passagem de indivíduos

ou grupos de uma população para outra (migração) e a constituição desses migrantes depende de

fatores relacionados com a distribuição geográfica das populações envolvidas. O fato de que as

populações são finitas, assim como o tamanho da prole, introduz um elemento estocástico na

evolução, na forma de flutuações ao acaso na freqüência de fatores genéticos de uma geração

para outra. O conjunto desses fenômenos é agrupado sob o termo de deriva genética. Quanto

menor o tamanho da população e mais isolada ela estiver, maior será o efeito deste fator

evolucionário (SALSANO, 1988).

1.6 Densidade populacional e definições pertinentes

Os ecólogos definem o número de indivíduos por unidade de área como a densidade da

população. A densidade tem duas implicações importantes em ecologia. A primeira surge da

dificuldade prática de estimar os tamanhos de populações inteiras, distribuídas sobre grandes

áreas. Em tais situações, o pesquisador assume que a densidade e os atributos que são observados

dentro de uma pequena área amostral espelham os da população como um todo. O tamanho da

população local pode ser medido por contagem direta de todos os indivíduos, por amostragem de

partes da população, ou utilizando-se de quaisquer dos métodos indiretos (RICKLEFS, 1996).

Contar animais arborícolas não é uma tarefa fácil. Não se trata apenas de dificuldades intrínsecas

de visualização no meio da folhagem; mas as questões de distribuição espaço-temporal de

primatas (e seus alimentos) explorando um mundo heterogêneo. Quando lemos, por exemplo,

duas cabeças de gado por ha. ou três peixes por metro cúbico de água é plenamente

compreensível, porque os bois não utilizam o estrato vertical e peixes vivem imersos em um

mundo tridimensional. Mas quando escrevemos seis primatas por ha., induzimos o leitor a pensar

em um mundo bidimensional, quando sabemos que é tridimensional. Na verdade, no universo

revelado por Einstein, a vida é quadridimensional – as três dimensões do espaço mais o tempo. A

seta do tempo, muitas vezes negligenciada nos estudos ecológicos precisa ser considerada. A

vida do pesquisador é um piscar de olhos no tempo geológico; os primatas estão na floresta

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amazônica há mais de 1000 anos, então os primatólogos entram na floresta estudam o

comportamento de determinada espécie por apenas um ano e acham que sabem algo sobre seu

mundo. Generalizam seu comportamento, fazendo extrapolações, que nada mais são do que

adivinhação. Quando o trabalho de campo recai sobre anos atípicos, como neste, precisamos ser

mais cautelosos ainda. Nossos dois anos de estudos coincidiram com uma seca (2005) não vista á

sessenta anos em Santarém e em 2006 um dilúvio fustigou a região. Se pudéssemos dialogar com

o tempo, perguntaríamos se a cheia de 2006 teve relação com a seca do ano anterior! (FIGURAS

28 a 34).

Como se não bastasse uma seca dantesca e chuvas torrenciais, na região oeste do Pará

ocorre, mais ou menos dois meses de seca, menos de 60 mm mensais entre os meses de agosto e

outubro. Tal clima recebe na classificação de Köppen as letras Ami, ou submetaxérico

(RADAMBRASIL, 1976), que significa entre 1 a 20 dias secos (FIGURA 35).

Diante de uma estiagem, geralmente associada a escassez alimentar (McNAB, 1978), por

exemplo, vislumbra que um animal responda de uma entre duas maneiras possíveis: (1ª) expandir

a dieta para incluir itens de menor qualidade, comumente mostrando um decréscimo de tempo de

procura ou viagem (“baixo custo - baixo retorno”), ou (2ª) viajar mais, com um custo energético

superior, para obter a quantidade de dieta normalmente requerida (“alto custo - alto retorno”).

Nestes casos o deslocamento diário seria alterado, isto sugere a importância de trabalhos em

longo prazo, para realmente conhecermos a biologia de uma espécie, no caso supracitado,

especificamente a determinação da área de vida.

Mesmo se referindo a outro bioma, o cerrado, (ALHO, 1994), também expressa essa

percepção temporal e afirma que “espaço não é o único fator ecológico importante. Essa

complexa associação poliespecífica, chamada comunidade ecológica, é dinâmica, em função do

tempo. Assim, a história evolutiva do Cerrado influencia a presente distribuição da fauna e seus

hábitats”.

A população é definida como um grupo de organismos, usualmente da mesma espécie,

que ocupa uma área definida durante um tempo específico. Uma população tem características

não possuídas pelos indivíduos. Por exemplo, uma população tem densidade, definida como um

determinado número de indivíduos por unidade de área ou volume (ROBINSON ; BOLEN,

1989). Sob o ponto de vista da estrutura espacial das populações a densidade representa uma das

três propriedades principais, junto com a distribuição e a dispersão.

Page 27: Estudos populacionais dos primatas em duas florestas nacionais do ...

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A distribuição de uma população descreve a sua abrangência geográfica e ecológica, a

qual é determinada primordialmente pela presença ou ausência de hábitat adequado (RICKLEFS,

1996). No apêndice é apresentado a distribuição geográfica de cada espécie incluída neste estudo,

no entanto, sua distriluicao além da Amazônia Legal não foi representada. Considerada todas as

populações de primatas do planeta, independente da espécie, percebesse que a grande maioria

delas apresenta uma distribuição inter-tropical. Ou seja, distribuem-se entre o Trópico de Câncer

e o Trópico de Capricórnio, onde as flutuações diárias na temperatura máxima, entre o dia e a

noite, excede a média das mudanças de temperatura entre as estações. Apesar disso, algumas

espécies adaptaram-se ao rigor climático das baixas temperaturas de áreas temperadas (Sul da

África, Nepal e Japão, FIGURA 7), mas estes casos são exceções (FLEAGLE,1988; RICHARD,

1985).

A dispersão é o movimento de um indivíduo proveniente do seu lugar de nascimento

para um lugar onde ele tem a oportunidade de reproduzir-se. Dispersão não deve ser confundido

com migração (movimento para dentro ou para fora da área de vida de um animal entre o inverno

e o verão), ou com movimentos locais (dentro da área de vida da espécie) (CAUGLEY ;

SINCLAR, 1994a). Em resumo: a distribuicao ou difusão é a área ocupada por uma população ou

uma espécie. A distribuicão é o padrão de espaçamento dos animais dentro dela (aleatória,

agregada, ou uniforme), enquanto que a dispersão, migração, e os movimentos locais são ações

que modificam a distribuição da espécie. A distribuição é um estado; enquanto que a dispersão,

migração e movimentos locais são processos. A borda da distribuição é o ponto no qual, em

média, um individuo é mal sucedido para deixar descendentes. Sua posição espacial dentro de sua

área de vida reflete um conjunto de características como: susceptibilidade aos intempéries

climáticos, substrato, suprimento alimentar, hábitat, predadores e patógenos. Os fatores limitantes

podem frequentemente condicionar a densidade das populações dentro da sua área de vida

(CAUGLEY ; SINCLAR, 1994b).

Bateman (1950), citado por Mayr, (1977) afirma que as curvas de dispersão raramente

são normais; em verdade, a maioria das populações animais parece estar composta por três

classes de indivíduos: (1ª) os que se distribuem lentamente e ao acaso, como objetos inanimados;

(2ª) os que tem uma tendência para permanecer onde se encontram (filopatria1); e (3ª) os que

� 1 Filopatria é a tendência de um animal permanescer em certos lugares ou no mínimo retornar para alimentação ou descanso (WILSON, 1975).

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27

viajam distâncias maiores do que se poderia supor. As classes (2ª) e (3ª), que são responsáveis

pela curtose e assimetria das curvas de dispersão, são manifestações de fatores intrínsecos.

Alguns destes fatores intrínsecos facilitam a transposição de barreiras, outros a reforçam. A

capacidade de um grupo de animais de especiar depende, em grande parte, da forca relativa

desses dois grupos opostos de fatores.

A despeito das diferenças no espaçamento encontradas nas várias espécies de primatas

incluídas no presente estudo, por exemplo, mais espalhadas para o gênero Cebus e Ateles e mais

coesa para Callicebus e Alouatta, foi considerado que o padrão de distribuição dos primatas

estudados foi agregado, ou seja, formaram grupos discretos, por três razões: (1º) pela natureza

social de todos os primatas (CHARLES-DOMINIQUE, 1971); (2°) pela tendência dos filhotes

em permanecerem próximo de seus pais, inclusive as únicas associações estáveis são aquelas

entre as fêmeas e suas crias (TERBORGH, 1986) e (3º) pela distribuição agregada do principal

alimento dos primatas, os frutos.

Uma população apresenta várias outras características que a fazem aumentar ou diminuir

em tamanho, e, portanto alteram a densidade, e.g. natalidade, mortalidade, emigração, imigração,

estrutura etária, taxa de crescimento etc., mas como elas não foram estimadas neste estudo, não

serão definidas.

Um fator que aumenta a mortalidade ou reduz a taxa de nascimento quando uma

população torna-se mais densa é conhecido como um fator dependente da densidade. Isto é, se

a probabilidade de um indivíduo nascer ou sobreviver é diminuída quando o número de animais

numa população torna-se maior, o fator dependente da densidade atua para restringir o

crescimento populacional. Tais fatores incluem: suprimento alimentar, predação, doenças e

comportamento territorial. Existem poucos fatores independentes da densidade, e eles são

principalmente relacionados às intempéries do clima, tais como: frio, chuva e enchentes

(ROBINSON ; BOLEN, 1989). Usualmente as populações das porções centrais da distribuição

geográfica da espécie são limitadas por fatores dependentes da densidade. Próximo da periferia

do território, contudo, onde o hábitat pode ser marginal e onde as flutuações climáticas podem

exceder a tolerância de quase todos os animais da população, os fatores independentes da

densidade podem controlar o número de indivíduos (KREBS, 1989). A despeito de toda

controvérsia que esta dicotomia gerou, sobre qual dos dois tipos de fatores seria mais importante

para o controle populacional; o ponto de vista mais comum atualmente é que a maioria das

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28

populações experimenta crescimento tanto independente quanto dependente da densidade em

épocas diferentes de sua história de vida (FUTUYMA, 1993).

1.7 A distribuição dos organismos no espaço

Há tempos os ecólogos tem estudado a distribuição espacial das espécies. Ela é

importante porque sua partilha no plano vertical é uma maneira de evitar a competição (DAJOZ,

2005). Sob uma escala macro estes estudos são reconhecidos como biogeográficos, e

frequentemente ocupam-se em avaliar o significado evolucionário desta distribuição ou a

radiação adaptativa de um grupo em particular. Sob uma escala menor eles tem colecionados

dados faunísticos, que são essencialmente listas que ocorrem dentro de uma hábitat pré-

determinado. Sobre esta escala o estudo das distribuição local da espécie exige uma compreensão

da regulação do número populacional. A distribuição de pequena escala deve ser referida como

um padrão, que não é uma característica estática da população, mas pelo contrário,

essencialmente dinâmica. Portanto, o padrão é uma medida em um determinado momento do

tempo e se for repetidamente medido poderá ser encontrado variações, que demonstram a

existência de progressão ecológica ou um processo cíclico (USHER, 1973a). Utilizando-se do

conceito de padrão de um dos construtores da ecologia, Hutchinson (1953), foi distinguido cinco

5 tipos de padrões, a saber: (1º) A distribuição espacial dos organismos e seus efeitos sobre o

ambiente podem ser determinado por fatores externos, tais como: gradientes de luminosidade,

temperatura, umidade, salinidade, altitude, pressão, direções (correntes marítimas ou eólicas),

etc. Distribuições espaciais influenciadas desta maneira foram chamados de padrões vetoriais;

(2º) a distribuição pode ser determinada pela continuidade genética, por exemplo, filhotes que

permanecem próximo dos pais, determinando um padrão reprodutivo; (3º) a distribuição

espacial pode ser de tipos variados, conduzindo a um gradiente que tem num dos extremos,

espalhado e no outro agregado, produzindo um padrão social; (4º) a distribuição pode ser

determinada por interação entre espécie em competição ou associação levando a um padrão de

interação ativa; (5 ) e por fim, a distribuição pode depender de forças aleatórias produzindo um

padrão estocástico.

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29

1.8 A distribuição dos organismos no tempo

Comunidades também estão sujeitas a processos temporais. Apesar do termo “diurno” ser

frequentemente utilizado para denotar ritmos de duração de 24 horas, a utilização da palavra

“circadiano” é vantajosa em relação a diurno, porque ela não induz a pensar em dia como o

oposto da noite. Este item é um adaptação dos estudos de Danilevsky e colaboradores (citado por

USHER, 1973b) utilizados para descrever os ritmos circadianos observados em artrópodes

terrestres. Para primatas, alguns deles foram aproveitados, a saber: (1°) locomotor, a mobilidade

geral do animal. A grande maioria dos primatas neotropicais aproveitam as 12 horas de luz de

uma maneira muito desigual. Por exemplo, macacos-pregos (Cebus) são muito ativos logo que o

dia amanhece e continuam se deslocando, as vezes freneticamente em busca de comida, até o

crepúsculo ou quase escuridão, são onívoros e apresentam alto metabolismo. Semelhantemente,

os frugívoros típicos como, macacos-aranha (Ateles), ou os especialista em sementes como os

cuxiús (Chiropotes), apresentam um padrão semelhante a Cebus, e percorrem longas distâncias

em busca de frutos de alta qualidade (maduros). Por outro lado os guaribas, acordam bem mais

tarde, principalmente se está “frio” ou chuviscando, são os primatas neotropicais mais folhívoros

e apresentam uma letargia típica em conseqüência da intoxicação gerada pelos compostos

secundários presente nas folhas. Os parauacus procuram as dormidas ao redor das 15 horas e as

16 entram nos cipoal das árvores altas e médias para dormirem. Sem falar no macaco-da-noite

(Aotus), inativo durante o dia, embora exista relatos de seu avistamento no crepúsculo. Tais

idiossincrásias na maneira de explorar seu ambiente enquanto iluminado, pode interferir na

estimativa populacional. Por exemplo, se o pesquisador, entrar tarde na floresta e sair cedo,

provavelmente subestimará a quantidade de Cebus, Chiropotes e Ateles presentes na área; (2°)

reprodutivo, a maioria dos primatas apresentam reprodução sazonal, de modo que, os

comportamentos associados a reprodução, incluindo cópula, gestação e cuidado parental podem

interferir na contagem dos animais. Por exemplo, pela raridade que é ver cópula em algumas

espécies de primatas neotropicais, deduz-se que ela deve ser feita com certo cuidado, uma vez

que ela torna o casal mais vulnerável a predação. As fêmeas gestantes tendem a ter um

comportamento mais discreto durante este período. Se o estudo de contagem for de curto-prazo,

menos de um ano, a abundância das espécies envolvidas em reprodução podem ser subestimadas,

(3°) metabólicas em relação a alimentação. De uma maneira geral os primatas são mais ativos, e

portanto, mais prováveis de serem detectados, no inicio da manhã e no final da tarde. Isto não

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30

ocorre gratuitamente, estes horários correspondem a seus horários preferidos de alimentação.

Sabido também, e até recomendado pelos médicos aos humanos, a sesta, descanso entre as 11 e

13 horas (horário em que sol é mais forte) é também universal entre os primatas não-humanos.

Sabendo disso, neste estudo tentou-se, na medida do possível, não percorrer as trilhas nestas duas

horas. Na verdade, o pesquisador escolheu o cumprimento das trilhas a serem abertas ou

aproveitadas; o tempo gasto para se chegar no seu inicio da trilha saindo do acampamento e

administrou a velocidade da marcha, entre 1 e 2 quilômetros por hora, para chegar no final da

trilha por volta do meio dia. Assim, o pesquisador também teria a oportunidade de se alimentar e

fazer sua sesta. Desta maneira, dando tempo para que a constelação de grupos de primatas da

área se modificasse, ou pelo menos fosse o mais diferente possível da ida.

1.9 A exploração do hábitat e seus reflexos na densidade populacional

É consenso entre os autores que o suprimento alimentar constitui-se no fator dependente

da densidade mais importante para a maioria das espécies. A exploração de um mundo mutante

como o das florestas tropicais exige de seus habitantes muitas escolhas. Algumas vezes esta

“escolha” assume uma forma evolutiva (RICKEFS, 1996) e a maioria delas implica em custos e

benefícios. No caso da alimentação dos primatas estas escolhas incluem: valor energético,

concentração de proteínas e açúcar, nutrientes específicos, sais minerais, digestibilidade de

diferentes fontes de proteína, proporção de fibras e a minimização dos compostos secundários.

Dadas às necessidades de uma dieta balanceada o primata deve ingerir diversos tipos de itens,

mas fora isto, ele precisa resolver o problema de maximizar o ganho energético liquido após

todos os custos e benefícios de alimentação serem equilibrados (SETZ, 1993).

O tamanho da área necessária para assegurar um suprimento equilibrado de alimentos

depende no mínimo de cinco fatores: (1°) o tipo de dieta, (2°) a qualidade nutricional do alimento

em um hábitat particular, (3°) sua distribuição no tempo e no espaço, (4°) o número de animais

que forrageiam juntos e (5°) o tamanho da espécie. Estes fatores influenciam inúmeras variáveis

inter-relacionadas, em particular a densidade total na qual os animais vivem, o tamanho de sua

área de vida e o comprimento do percurso diário do grupo. Essencialmente, quanto melhor a

qualidade do alimento e mais densamente eles estiveram distribuídos e menores os animais que

dependem deles, mais alta poderá ser a densidade dos animais, maior o tamanho dos grupos

forrageadores, menor á área de vida e menor os percursos diários que eles requerem para

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assegurar que todos os membros do grupo, obtenham todo o alimento que necessitam (DUNBAR,

1988).

(1) Tamanho da área de vida (Frugivoros x Folhívoros). De uma maneira geral, frugívoros

requerem áreas de vida maiores para um determinado tamanho de grupo do que folhívoros dentro

de um mesmo hábitat, principalmente porque frutos são distribuídos mais manchadamente do que

folhas. Isto se reflete numa maior densidade populacional para os primatas folhívoros como uma

regra geral. Os babuínos geladas, um folhívoro pastador, por exemplo, mantiveram densidades

três vezes maiores do que os babuínos verdes (frugívoros) em um mesmo hábitat, um vale etíope

(82 indivíduos por km² x 26 indivíduos por km², respectivamente). Os babuínos geladas também

percorreram jornadas diárias menores (630 m x 1210 m) e viveram em grupos de tamanho

médios muito maiores que os babuínos verdes (60 x 20) (DUNBAR ; DUNBAR, 1974).

Para ilustrar quantitativamente estas diferenças populacionais entre folhívoros versus

frugívoros, com um exemplo brasileiro, foi organizado os dados dos primatas resgatados por

ocasião do alagamento da Usina Hidrelétrica de Tucuruí (PA), Mascarenhas e Porto (1988). Os

27.007 macacos simpátricos resgatados foram distribuídos conforme a TABELA 1.

Tabela 1- Primatas Resgatados da Usina Hidrelétrica de Tucurui, Rio Tocantins (PA) 1984-1985.

Primatas Quantidade Resgatada % Guilda Alimentar Alouatta belzebul 19. 496 72.19 Folhívoro/Frugívoro Cebus apella 2.580 9.55 Onívoro Saimiri sciureus 1.747 6.47 Onívoro Saguinus midas 1.073 3.97 Insetívoro/Gomívoro Callicebus moloch 941 3.38 Onívoro Aotus infulatus 627 2.32 Onívoro Chiropotes satanas 543 2.01 Predador de Sementes

Fonte: Mascarenhas et al. (1988)

A comparação quantitativa dos dados de captura para os dois primatas mais discrepantes,

em termos alimentares, da TABELA 1, ou seja, o mais folhívoro, Alouatta belzebul com o mais

frugívoro, Chiropotes satanas (19.496 = 72 % versus 543 = 2 %, respectivamente), confirma a

regra geral da maior densidade para os primeiros em relação aos últimos. No entanto, em regiões

onde a caça é intensa, primatas frugívoros-folhívoros podem ser mais abundantes que os

folhívoros-frugívoros, foi o que ocorreu em Roraima. O levantamento dos primatas da ilha de

Maracá (NUNES et al., 1988) revelou que o Ateles belzebuth era mais abundante que Alouatta

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seniculus (que vinha em 2º lugar). Depois de estudar o conteúdo estomacal de alguns indivíduos,

os autores concluíram que esta desproporção se deveu a adaptação dos macacos-aranha ao maior

consumo de folhas quando comparado às outras espécies congêneres da região amazônica e a caça

mais intensa sobre os guaribas. Acrescentasse que por serem mais letárgicos que os macacos-

aranha, os guaribas, uma vez encontrados, seriam um alvo mais fácil, além disso, sua potente

vocalização matutina denuncia sua presença na área, o que acaba facilitando a tarefa dos

caçadores.

Os sistemas digestivos representam uma surpreendente adaptação trófica nos primatas

folhívoros. O intestino dos Colobos (um primata africano da família Colobinae) e o caecum dos

Indridae (prossímios de Madagáscar) e Alouattinae (primatas neotropicais) são altamente

especializados como câmara de fermentação. Eles abrigam microrganismos simbiontes que

degradam a celulose recalcitrante das folhas maduras (BAUCHOP ; MARTUCCI, 1968).

Considerando que as folhas são muito mais abundantes do que as flores e frutos, os primatas

folhívoros têm à sua disposição um estoque maior do que os primatas não-folhívoros.

Conseqüentemente, primatas folhívoros ocorrem em densidade maior do que os primatas não-

folhívoros, quando eles são simpátricos (STRUHSEKER, 1975).

A FIGURA 2 correlaciona como os principais itens alimentares dos primatas variam (alto

ou baixo) para quatro dos seus mais importantes atributos intrínsecos (qualidade, conteúdo de

proteínas, abundância, e agregação).

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Estas tendências gerais são confirmadas pelos estudos mais detalhados de espécies

particulares. Colobus badius, por exemplo, é um especialista, que se alimenta de brotos, frutas e

flores. O alimento apresenta-se disperso em mosaicos e esta espécie perambula por uma grande

área de vida de aproximadamente 70 ha. Seu congênere, Colobus guereza é um folhívoro

generalista (se alimenta de folhas em qualquer estágio de maturação). Seu suprimento alimentar é

denso, distribuído equitativamente e sua área de vida é de apenas 15 ha. (CLUTTON-BROCK,

1977a).

(2) Dentro das classes dietéticas, a qualidade do hábitat é provavelmente o fator mais

importante que influencia a densidade populacional e o tamanho da área de vida. Dois aspectos

sobre ele devem ser ressaltados: (1º) a produtividade primária bruta (a quantidade total de

vegetação produzida por ano) e (2º) a qualidade nutricional da forragem. Ambas são

determinadas pelas características fundamentais do clima, ainda assim, outros fatores tais como a

profundidade do lençol freático e a natureza química dos solos desempenham um papel

importante. A precipitação anual, contudo, tem se mostrado um indicador confiável da produção

Qualidade

Conteúdo de proteínas

Abundância

Agrupamento (mancha)

CASCA FOLHAS FLORES FRUTOS SEMENTES GOMAS INVERTEBRADOS

Figura 2- Variação de alguns atributos dos alimentos dos primatas. A largura da faixa é correlacionada com o item alimentar. Enfileirado, na parte superior da figura ao longo de um espectro de valor que varia de baixo a alto. Fonte: Temerin et al., (1984)

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34

primária anual de um hábitat. A melhor estimativa é atualmente dada pela evapotranspiração

(uma mistura do índice de precipitação, temperatura e umidade), mas considerando que ela

envolve a medida de mais variáveis ela é freqüentemente mais difícil de ser determinada para um

dado sítio. Na verdade, a precipitação sozinha é uma boa indicadora da produtividade, portanto,

isto significa que é possível usá-la como uma base para comparação entre hábitats, especialmente

quando se tem vários hábitats que se diferenciam muito na quantidade de chuva. Comparação

entre hábitats que se diferenciam apenas ligeiramente na precipitação e comparações entre micro-

hábitats dentro de uma mesma área geral deve, claro, requerer análises refinadas, usualmente em

termos da produtividade atual do hábitat ou das inúmeras árvores alimentares disponíveis ou um

índice desta ponderada pelo tamanho e/ou produtividade da área.

Comparações com base em análises deste tipo têm demonstrado que a densidade populacional

declina quando os hábitats tornam-se progressivamente empobrecidos. Inversamente, grupos de

tamanho similares necessitaram de áreas maiores em hábitats de baixa qualidade do que em

hábitats ricos. Dados provenientes de babuínos mostraram que a área requerida para suportar um

individuo (tamanho da área per capita) aumentou com o declínio da qualidade do hábitat (39 ha

para savanas ou desertos, 26 ha para mata secundária, 5 ha para mata de galeria e 3 ha para

floresta primária) Dunbar e Dunbar (1974). Uma demonstração particularmente clara disto é dada

pelas mudanças que ocorreram na população de babuínos (Papio cynocephalus) de Amboseli: em

1963, o principal grupo estudado era composto por 40 animais e utilizou uma área de vida de

aproximadamente 17 km² (ALTMAN ; ALTMAN, 1970); mas em 1975, quando a precipitação

anual diminuiu para 1/3 do normal e a qualidade do hábitat notavelmente se deteriorou como

resultado de outras mudanças macro-climáticas, o grupo (agora apenas com pouco mais de 48

animais) usou uma área de vida de 40 km² (POST, 1978).

Terborg e Stern (1987) descobriram que as fontes de néctar (Combretum e Quararibea),

eram praticamente o único recurso disponível a Saguinus fuscicollis de Cocha Cashu (Peru) no

período de maior escassez alimentar, sendo o fator determinante de áreas de vida de mais de 100

ha. Por outro lado, a mesma espécie em outro sítio peruano, Rio Pacaya, que teve acesso a fontes

naturais de exsudados, utilizou uma área de apenas 16 ha (SOINI, 1987).

Um estudo ilustrativo das possíveis correlações existente entre a qualidade do hábitat

(maior tamanho = mais alimento) e a primatofauna foi realizado por Hirsch (1995). Ele estudou

os primatas da bacia do Rio Doce (MG), avaliando a qualidade do hábitat de 14 fragmentos

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florestais, selecionados por sua proximidade ao Parque Estadual do Rio Doce e da Estação

Biológica de Caratinga. Setenta por cento dos fragmentos localizavam-se em fazendas de gado,

todos com evidências de perturbações decorrentes de corte seletivo de madeira, lavoura e fogo.

Estes fragmentos remanescentes apresentaram tamanho médio de 175 ha. Apesar dos distúrbios

verificados, surpreendentemente, quase todos os fragmentos possuíam, no mínimo três espécies

de primatas, das oito nativas da região de estudo. Apesar disso, a densidade das populações

demonstrou correlações significativas com a qualidade do hábitat, mensurados por dezenas de

variáveis ambientais, tais como: altura da mata, estratificação, grau de conectividade, biomassa

florestal, diversidade botânica, etc. Além disso, as densidades dos primatas foram

correlacionadas positivamente com o tamanho do fragmento.

(3) Distribuição dos alimentos no tempo e no espaço

Apesar de sua aparência estável, em comparação com as florestas temperadas, as florestas

tropicais sofrem mudanças sazonais significativas, ligadas principalmente ao ciclo de

precipitação. Na grande maioria dos sítios, a época de maior abundância coincide com o período

de maior precipitação, mesmo para os frutos, apesar da grande variedade de estratégias de

frutificação. É justamente nesta época, quando a competição inter-especifica aumenta, que

aparecem de forma mais clara as especializações ecológicas e a utilização de recursos

“alternativos” de cada gênero e/ou espécie de primata (FERRARI, 1995).

A simples categorização dos primatas com base no recurso alimentar preferível: frugívoros,

folhívoros e insetívoros pode encobrir muitas diferenças sutis nos tipos de alimentos consumidos

por eles, e os diferentes problemas que eles têm de superar para obter uma dieta balanceada dia

após dia. Por exemplo, folhas novas e maduras apresentam muitas diferenças químicas, de textura

e composição nutricional e podem estar disponíveis durante diferentes estações do ano. Alguns

frutos apresentam-se em grandes agrupamentos; outros mais espalhados em pequenas

quantidades, mas por uma área maior. Insetos voadores são caçados diferentemente de insetos

cavadores. Além disso, alimentos tais como gomas, sementes e néctar, que são importantes nas

dietas de muitos primatas e frequentemente requerem adaptações únicas, não são facilmente

encaixadas em nenhuma das três categorias (FLEAGLE, 1988). Sem contar a fenologia particular

das gomas e néctar. As gomas, por exemplo, constituem 50 % da alimentação dos calitriquídeos

na estação seca¸ principalmente nas espécies que habitam o cerrado, pois os calitriquídeos de

mata utilizam menos este recurso (COIMBRA-FILHO, 1972).

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36

As estações do ano, oscilações climáticas e variações ambientais, causam diferenças na

disponibilidade de alimentos e, portanto, produzem também modificações nos padrões de

atividade dos grupos. Diante de um período de escassez alimentar (verão), por exemplo, espera-

se que um grupo de primatas responda de uma entre duas maneiras possíveis: (1ª) expandir a

dieta para incluir itens de menor qualidade, comumente mostrando um decréscimo de tempo de

procura ou viagem ou (2ª) viajar mais, com um custo energético superior, para obter a quantidade

de dieta normalmente requerida MacNab (1980).

(4) e (5). Tamanho do corpo. Independentemente da preferência por frutos, folhas ou insetos

o tamanho do corpo, por si só, é uma variável importante da densidade populacional. Para

Terborgh (1983) o tamanho do corpo é a característica mais importante na estruturação das

comunidades de primatas do Novo Mundo. Ele acarreta fortes implicações para diversas

características ecológicas e comportamentais, tais como: dieta, repertório de técnicas de

forrageamento, estratégias anti-predação, locomoção e seletividade de hábitat. Mais diretamente,

o tamanho do corpo determina o requerimento metabólico diário, e associado a ele, a necessária

área de vida para suportar o grupo, e especialmente a biomassa que pode ser alcançada pela

espécie.

O tamanho da área de vida de um grupo também é determinado pelo requerimento

energético total do grupo (principalmente em função da biomassa total do grupo). Inúmeros

estudos têm demonstrado que, dentro da Ordem Primates como um todo, o tamanho da área de

vida é correlacionado ou com a biomassa do grupo (CLUTTON-BROCK-HARVEY, 1977a,

1977b; MILTON ; MAY, 1976;) ou com o peso metabólico do grupo (HARVEY-CLUTTON-

BROCK, 1981). Dentro da espécie os requerimentos metabólicos se mantêm constante, assim o

tamanho da área de vida pode ser considerado uma simples função do tamanho do grupo. Isto foi

confirmado para populações de guaribas (FROEHLICH ; THORINGTON, 1982 a,b) e vários

outros primatas cercopitecóides. O tamanho da área de vida também pode ser influenciado pela

densidade da população local, especialmente em áreas onde os primatas não podem emigrar

facilmente para encontrar novos territórios. Em tais circunstâncias, o tamanho da área de vida

pode se comportar semelhantemente a um disco elástico e comprimir-se pela pressão dos grupos

ao redor dela. Onde a densidade da população é baixa, os animais podem ser hábeis para expandir

sua área de vida ou contrair-se em resposta a mudança do tamanho do grupo, mas em populações

com densidade alta ela pode comprimir-se para um tamanho mínimo que possa suportar o grupo.

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A compressão da área de vida desta forma é mais provável de ocorrer dentro de fragmentos

florestais onde os animais teriam que atravessar grande extensão de áreas abertas para alcançar

novas áreas de floresta. Os custos da migração (e.g. risco de predação) podem ser tão altos que os

animais sejam compelidos a permanecer onde estão e tolerar as condições comprimidas

(DUNBAR, 1988). Entre os colobus preto-e-branco, Colobus guereza, (um folhívoro típico da

África, grosso modo um equivalente ecológico dos guaribas sul-americanos), vários estudos

registraram grandes territórios (tipicamente 15 a 20 ha) cujas áreas, grandes blocos de floresta

onde as densidades são baixas, correlacionaram-se fortemente com o tamanho do grupo (e.g.

MARLER, 1969); contrariamente, vários outros estudos com a mesma espécie registraram grupos

vivendo em pequenos territórios (tipicamente de 2 ha) cujas áreas, tenderam a permanecer fixas a

despeito das mudanças no tamanho dos grupos. Isto foi constatado em pequenos blocos de

floresta onde as densidades eram altas (DUNBAR ; DUNBAR, 1974c).

1.10 Comportamento reprodutivo e densidade populacional

Segundo a teoria da homeostase populacional de Wynne-Edwards, além de fatores

endócrinos, fatores controladores devem atuar no sentido de manter a densidade populacional

dentro de certos limites. Um dos pressupostos básicos desta teoria advém do fato de que animais

que vivem em um ambiente onde há superpopulação reduzem a taxa de procriação até que a

densidade populacional atinja um nível estável. Como as flutuações em torno deste patamar são

pequenas, acredita-se que os fatores ou elementos controladores atuem de maneira homeostática,

ou seja, a fim de equilibrar o sistema eles tornam-se mais fortes à medida que a população

aumenta, e mais fracos à medida que a população diminui. Em vista disto, tem-se sugerido a

existência de uma espécie de sensor de densidade populacional que funcionaria à semelhança de

um termostato que regula um sistema de aquecimento em um nível adequado. O sensor de

densidade ajusta o sistema de controle automático por meio de respostas neuroendócrinas

apropriadas determinando, assim, um nível de comportamento reprodutivo compatível com a

sobrevivência da espécie. O nível adequado de operação do sistema é provavelmente o resultado

de fatores evolucionários que atuam sobre o pool gênico.

Uma demonstração clara de existência deste sistema de controle foi obtida por J.J.

Christian em um experimento em que foram colocados grupos de 40 camundongos em uma única

gaiola. As fêmeas tiveram uma completa supressão dos ciclos estrais. Quando o número de

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animais por gaiola era reduzido a dez, a concepção voltava a ocorrer, mas o número de filhotes

nascidos era menor que nos grupos-controle (três a quatro animais por gaiola). Além disso, os

animais apresentaram uma redução da secreção de andrógenos e na formação de

espermatozóides, bem como um retardo na puberdade. Sabe-se que a superpopulação gera um

estresse que induz a pituitária a liberar grandes quantidades de ACTH. O ACTH estimula o

córtex adrenal a produzir glicocorticóides. O excesso de glicocorticóides circulantes promove

uma redução da secreção de gonadotrofinas e o concomitante declínio da atividade das gônadas.

Em função disto, admite-se que a redução homeostática no tamanho da população provocada pela

alta densidade populacional seja o resultado da diminuição da fertilidade associada a outros

fatores que levam a um aumento da mortalidade (BRANDÃO,1995).

Segundo Wynne-Edwards (1964, 1972), os estímulos que sinalizam o estresse de alta

densidade populacional resultam da interação social e, particularmente, de atividades

competitivas pela ocupação de territórios e pelo estabelecimento de hierarquias. Este autor

acrescenta ainda que, a organização social deva ser capaz de fornecer os estímulos necessários

que funcionem como elementos de feedback para o sistema homeostático. Cabe ao macho a

execução de comportamentos que sinalizam à comunidade os problemas decorrentes da

densidade populacional e a reação adequada aos sinais recebidos. A fêmea, por outro lado, está

encarregada da reprodução. Seu tempo é muito precioso para ser gasto com competição sexual.

Aceitando este papel, o macho, melhor adaptado à luta pela sobrevivência, assegura uma divisão

mais eficiente do trabalho entre os sexos. Fatores genéticos também desempenham um papel

importante na resposta dos animais ao estresse populacional. Apenas para citar um exemplo, ratos

selvagens apresentam taxas de mortalidade muito mais altas em face da superpopulação que os

ratos albinos superprotegidos criados em laboratórios (BRANDÃO,1995).

1.11 A falácia do controle populacional com base no autruísmo

Dados sugerem que em muitas espécies, indivíduos dispersam-se de tal modo que a

competição por recursos se torne menos crítica do que se todos os indivíduos se concentrassem

dentro de uma área com recursos abundantemente temporários. Wynne-Edwards (1962) sugeriu

que a densidade pode ser controlada por emigração ou pelo não acasalamento dos indivíduos tal

que a população local permanecesse próxima do ótimo. Esta visão, isto é, de que a seleção natural

atua sobre o grupo de indivíduos como uma unidade, implica que alguns indivíduos (i.e. aqueles

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39

que emigraram ou abstiveram-se de acasalar) atuaram contra seus próprios interesses para o

beneficio do grupo. No geral, é improvável que a seleção de grupo seja importante em muitas

circunstâncias porque ela é suscetível à invasão de indivíduos impostores. Se um indivíduo extra

se recusasse a emigrar e permanecesse para acasalar, seus genes poderiam ser perpetuados mais

efetivamente do que aqueles de seus colegas que foram para outro lugar. É pertinente relembrar

o conselho do filósofo britânico Guilherme de Occam (1290-1350), conhecido como “navalha de

Occam”, ou seja, quando existem várias hipóteses para tentar explicar um fenômeno escolhe-se a

hipótese mais simples. Visto desta maneira, parece mais profícuo tentar explicar o

comportamento daquele indivíduo que emigrou em termos da seleção individual que atuou a

favor de seus próprios interesses: talvez aquele que emigrou contraísse custos se tentasse ficar

não compatíveis com aqueles prováveis ganhos advindos da tentativa de acasalar-se e fez melhor

mudando-se para outro lugar. Ainda que existam algumas circunstâncias nas quais a seleção de

grupo possa operar, é melhor buscar pela vantagem adaptativa em nível individual (HINDE,

1983).

1.12 Explosões populacionais

É provável que a proliferação de animais faça parte do inconsciente coletivo do mundo

judaico-cristão. Segundo a Bíblia, (Êxodo, Cap. 7 a 12), Deus teria enviado dez pragas para

libertar os judeus do Egito, quatro delas representaram explosões populacionais de animais

indesejáveis (rãs, piolhos, moscas e gafanhotos). Modernamente as explosões populacionais,

sejam elas de animais ou seres humanos, fazem parte da história das ciências biológicas e das

preocupações da ecologia aplicada. Darwin foi influenciado pela obra de um economista e pastor

anglicano, Thomas Malthus (1766-1834). Em Um ensaio sobre o princípio da população, como

ela afeta a melhoria futura da sociedade (1803). Tal obra sugere um crescimento humano

segundo uma PG e dos alimentos segundo uma PA e a conseqüência disto: escassez alimentar e

morte. No entanto, a fertilidade humana foi uma preocupação dos pensadores sociais, durante

muitas gerações, e Malthus não proferiu nenhuma originalidade nesta questão (MAYR, 1998).

Digno de nota é o fenômeno norte-americano conhecido como “baby boom”, crescimento

populacional entre meados da década de 40 e final dos anos 70. Mais precisamente em 1947,

depois do final da II Guerra Mundial. As pessoas estavam felizes e trataram logo de cumprir o

mais agradável preceito bíblico: “crescei e multiplicai-vos” (KORMONDY ; BROWN, 2002).

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O exemplo animal mais dramático de explosão populacional é dada pela introdução de

uma espécie exótica na Austrália2 no século XIX, o coelho europeu (Oryctolagus cuniculus). Em

1859, 12 casais foram soltos num rancho em Victoria para proporcionar esporte a caçadores.

Apenas seis anos depois, a população tinha crescido tanto que em apenas uma caçada foram

mortos 20 mil coelhos. As centenas de milhões de coelhos distribuídos por quase todo o

continente destruíram grandes áreas de vegetação e pastos e ameaçaram a produção de lã. O

governo australiano tentou controlá-los com predadores, venenos e outros controles químicos,

todos sem sucesso. Depois de inúmeras pesquisas a solução parecia ser um vírus aparentado da

varíola, Myxomatosis cuniculi, popularmente conhecido como mixoma (YUILL, 1972),

descoberta em populações de coelhos aparentados da América do Sul. O mixoma foi introduzido

localmente em Victoria e produzia câncer de pele. Uma epidemia de mixomatose eclodiu e

espalhou-se rapidamente. O vírus foi transmitido principalmente por mosquitos. A primeira

epidemia matou 99,8 % dos coelhos, a segunda 90 % e a terceira eliminou entre 40 a 60 % sendo

que a população de coelhos voltou a crescer e contínua sendo um problema de saúde pública até

hoje (RICKLEFS, 1996).

Para citar um exemplo no Brasil, um empresário paranaense trouxe o caramujo africano

(Achatina fulica) há cerca de 15 anos, ele pretendia criá-lo para substituir o escargot na

gastronomia, mas descobriu que não havia mercado e os animais foram abandonados.

Atualmente ele está sendo caçado em 11 estados, do Rio Grande do Sul ao Rio Grande do Norte,

do Pára ao Amazonas. Segundo o André Debert (biólogo do Ibama), o contato com a secreção do

� 2 Durante o Cenozóico, a geografia e as faunas do mundo modificaram-se e assumiram suas características atuais, neste período as massas de terra do planeta estiveram mais separadas do que em qualquer momento anterior ou posterior (POUGH et al, 1993), inclusive a Austrália, que no Paleozóico ocupava a área do atual oceano Índico e estava ligada a Índia e a Madagascar [australo-indo-malgaxe, (GUERRA, 1975)]. A Austrália é um dos seis reinos biogeográficos definidos por Wallace (FUTUYMA, 1993) e experimentou uma longa história de isolamento do resto do mundo (RICKEFS, 1996). Por isso apresenta uma fauna particular. Relíquias de grupos antigos confinados na atualidade a este reino, assim como grupos com algumas afinidades com os reinos contíguos do passado geológico. A fauna de mamíferos contém uns poucos monotremados (mamíferos primitivos que põem ovos) como Ornitorrinco, muitos marsupiais e uma considerável abundância de morcegos insetívoros e herbívoros (SIMMONS, 1982). O fenômeno do movimento das faunas como resultado de processos geológicos é chamado biogeografia de vicariância. A fauna Methateria (mamíferos marsupiais) inicial foi alterada apenas ligeiramente pelos migrantes Eutheria (mamíferos placentários), até que a colonização pelos europeus operou vastas modificações (POUGH et al, 1993). Portanto, o exemplo dos coelhos introduzidos recentemente que se tornaram praga, deveu-se à ausência de inimigos naturais para mamíferos placentários.

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molusco pode causar angilostrongilíase menigoencefálica e abdominal, que pode causar cegueira

e perfuração intestinal, levando a morte. (ALBUQUERQUE, 2005).

1.13 Os problemas práticos dos estudos observacionais por meio da análise de figuras Por se acreditar no provérbio chinês “uma imagem vale mais que mil palavras”, neste item

foi utilizado uma série de figuras para ilustrar as dificuldades inerentes a estimativa da densidade

populacional de animais selvagens em diferentes ambientes. As dificuldades podem ser divididas

em três categorias (1ª) o tamanho da espécie e sua maneira de se locomover; (2ª) tipo de ambiente

em que o animal foco está inserido e (3ª) etológicas, características comportamentais que acabam

facilitando ou dificultando a contagem: por exemplo, reunir-se em grandes manadas; migrar em

fila indiana; forragear ou descansar em grupo; contingência de habituação da espécie; ser

letárgico como os guaribas ou frenético como os macacos pregos e Saimiris; se locomover

discretamente como os parauacus ou atabalhoadamente como os macacos-prego; vocalizar alto

como os guaribas, sauás, macacos-aranha e cuxiús ou mais discretamente como os pregos etc.

Figura 3 - Um grupo de Therapithecus gelada (Babuinos hamadrias) forrageando nas acácias e no solo. O cenário é a planície árida de Danakil (Etiópia). As acácias não são muito altas e os animais formam pequenas unidades dentro do grupo geral, o que facilita a contagem, a maior dificuldade no estudo destes animais é sua agressividade e o perigo representado por seus piores inimigos, os leões. Isto obriga os primatólogos a segui-los dentro de automóveis e requer a presença de um motorista Fonte: KUMMER (1968)

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Figura 4- Num parque em Nairobi (Kenia), uma leoa persegue seu alimento preferido, uma gazela de Thompson. Neste ambiente estes animais ocorrem em simpatria com Papio ursinus (babuínos cinza-acastanhado), apesar dos leões serem um dos poucos animais que conseguem caçar babuínos, eles podem se refugiar nas acácias. Num ambiente tão inseguro assim para o frágil Homo sapiens, eles são obrigados a se protegerem dentro dos carros se quiserem estudar animais selvagens. Isto implica na contratação de um motorista e despesas extras com combustível e manutenção Fonte: WASHBURN; DEVORE (1961)

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Figura 5A- Em sítios onde não há leões os pesquisadores podem seguir tranquilamente seus objetos de estudo. Nesta figura Shirley Strum estuda Papio ursinus (babuínos ) no Kênia, o ambiente aberto das savanas permite um acompanhamento praticamente ininterrupto do grupo. 5B – Em ambientes abertos é até possível fotagrafar eventos raros como a predação, neste caso uma gazela de Thompson. A foto revela, além da força da mordedura desses primatas, as calosidades isquiáticas nas nádegas, uma adaptação ao pernoite nas rochas (eles dormem sentados). Esta é uma das três grandes diferenças anatômicas entre platirrinos e catarrinos, as outras duas são: ausência de cauda preênsil e nariz afilado nos catarrinos. (FIGURA 5B, 5C) Fonte: NATIONAL GEOGRAPHIC (1975)

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Figura 6- Mesmo animais que ocorrem em aglomerados, como estes Aptenodytes forsteri (pingüins-imperador) é possível contá-los se o ambiente for aberto, como nesta praia. Conta-se várias vezes quantos filhotes cabem em 1 metro², faz-se uma média e extrapola-se para á área da praia ocupada por eles Fonte: ATTENBOROUGH (1980)

Figura 5C – Um indivíduo em seu local de pernoite. Em sítios onde seus inimigos naturais (felinos) exercem forte pressão de predação estes rochedos são os fatores limitantes para a dispersão e a densidade populacional dos babuínos.

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Figura 8- As dificuldades começam quando os estudos são realizados em áreas florestadas como neste estudo de Birité em Kamai (Indonésia) com Pongo pygmaeus (orangotango). Quando a área florestal é periodicamente alagada, como nas várzeas amazonenses de Mamirauá (e.g. AYRES 1986; QUEIROZ 1995) ou pântanos (GOLDICAS-BRINDAMOUR, 1975), ocorrem problemas adicionais. Por exemplo, limitações de mobilidade do pesquisador, por isso ter que depender de uma pessoa a mais para remar ou pilotar a canoa; sanguessugas (pântanos), arraias, jacarés e enguias (várzea). Além das inúmeras doenças de veiculação hídrica e a dificuldade de andar com as botas encharcadas. Fonte: NATIONAL GEOGRAPHIC (1975)

Figura 7- Este grupo de macacos- japoneses (Macaca fuscata) aprendeu rapidamente que, banhando-se nas águas mornas das nascentes vulcânicas existentes no seu território, suportava melhor o frio das tempestades de neve. Saber a localização destas fontes termais naturais facilita muito o trabalho de contagem. No entanto, como a água não lhes proporciona alimento, os macacos vêem-se obrigados a sair do banho e, com a pelagem espessa e encharcada, ir pela neve em busca de algo para comer. Neste bioma, como na anterior, também não é difícil estimar a densidade populacional dos animais. Os grupos não são muito grandes e ocorrem em pequenas ilhas. Obviamente que no inverno a neve cobre a trilha e dificulta o trabalho, apesar da bússola e o GPS auxiliar o pesquisador a caminhar em linha reta numa direção escolhida, preferencialmente a contagem deve ser feita no verão. Fonte: ATTENBOROUGH (1980); HANYA ; YOSHIHIRO (2004)

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Figura 9 - Migrações de Gnus no Serengueti, a planície está verde devido as recentes chuvas, em maio, com a proximidade da estação seca, estas manadas migram para o oeste em busca de fontes permanentes de água e pasto próximo ao Lago Vitória, enquanto outros interiorizam-se nos campos arbustivos do Kênia. Dentro de aproximadamente oito meses eles retornam. Saber previamente a rota e o deslocamento em fila indiana ou mais ou menos organizado, facilita a contagem em terra. Em contagem aérea o trabalho é facilitado pelo grande tamanho do animal, principalmente se fotos e/ou filmagens estiverem disponíveis. Fonte: Leakey (1969)

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Figura 10 - Elefantes em Murchison Falls National Park, (Uganda), duas ou três vezes por ano dúzias de pequenas unidades familiares formam uma grande congregação para acasalamento durante algumas semanas; enquanto permanecem juntos os animais apresentam-se altamente ativos e exitáveis. Esta manada, mostrada apenas em parte, apresentava 500 indivíduos. Se for possível, a utilização de imagens aéreas como esta e a figura anterior, isto é desejável. Os pontos brancos são garças em relação mutualística com os elefantes. Elas se beneficiam de alimentos (ectoparasitas) e os paquidermes de acepsia corporal Fonte: Leakey (1969)

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Figura 11- Nada se compara as dificuldades, em termos de visibilidade, como dentro das florestas pluviais, seja na Amazônia, como no presente estudo, ou na África como neste estudo com Pan troglodites (chimpanzés) no Congo. No entanto, os primatólogos que trabalham na África dentro das áreas protegidas em florestas pluviais tem uma vantagem em relação aos primatólogos sul-americanos. Os antropóides e cercopitecóides são maiores que os cebídeos e calitriquídeos. Em destaque a primatóloga inglesa Jane Goodall Fonte: Goodall (2003a,b)

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Figura 12 - Um grupo de Pan troglodites em excitação devido ao sucesso na caça, de uma gazela. Chimpanzés são onívoros e a maioria de seu alimento é de origem vegetal. No entanto, em algumas ocasiões, onde a caça foi bem sucedida, a carne é muito requerida e utilizada como moeda de troca (sexual para as fêmeas e reiteração de laços afiliativos para os machos aparentados). Como a caçada é feita em grupo pelos machos dominantes, normalmente ela é repartida, inclusive entre as fêmeas e sub-adultos. Esta foto não é excepcional apenas por sua nitidez, mas porque o fotógrafo conseguiu registrar um evento não muito freqüente. Imagens como está requerem um equipamento profissional, uma tele objetiva de no mínimo 500 mm acoplado a um “motor-drive”, paciência e “sorte” de se posicionar no lugar certo na hora certa. O que pressupõe um grupo com certo grau de habituação (WRANGHAM, 1980; WRANGHAM e PETERSON 1998; WALL, 1989). Fonte: Goodall (2003 a,b)

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Figura 13 - Aotus trivirgatus o único primata neotropical noturno. Observe a dilatação das pupilas, uma adaptação a visão noturna. Esta imagem foi introduzida providencialmente porque este primata ocorre nas duas áreas estudadas, mas pelo fato de ser noturno, não fez parte deste estudo. Tal característica tem como conseqüência ser um dos gêneros de primatas neotropicais menos conhecido. Seu estudo sistemático requer binóculos com visão noturna, mesmo assim demandasse tempo para aprender a diferenciá-lo das outras criaturas da noite amazônica, por exemplo, o Potus flavus (juparati). No zoológico de São Paulo o biorritmo do animal foi invertido, através de luz artificial, para que as pessoas possam vê-lo ativo. Ele serve para ilustrar o quão subrrepticios pode ser os cebídeos (como ele) e mais ainda os calitriquídeos. A foto de baixo é de zoologico Fonte: MOSER, 1985. Foto inferior Mittermeier (1982)

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2 DESENVOLVIMENTO 2.1 Amazônia: radiografia de uma região superlativa

O maior pais tropical do planeta em extensão territorial, o Brasil tem grandes possibilidades

de se beneficiar da valorização do seu patrimônio natural, sobretudo o da Amazônia. Com

fronteiras geopolíticas estabelecidas no final dos anos 60, a Amazônia Legal corresponde a

57,4% do território (assim, somos mais de 50 % amazônidas). Em contrapartida, abriga apenas

12% da população brasileira (20 milhões de almas em 2000 ou 3,5 milésimos da população

mundial). Ela é uma dos três grandes regiões “inexploradas” do planeta e 63,4% do seu território

pertence ao Brasil. Este fato a distingue das duas outras regiões “inexploradas”, os fundos

oceânicos e a Antártica, que são espaços juridicamente não-regulamentados e partilhado entre

vários paises. Por esta razão, a Amazônia brasileira adquiriu um novo significado no contexto da

valorização da natureza, tornando-se palco de interesses múltiplos e conflitantes. Estes devem ser

administrados para que se possa conceber e implementar um novo modelo de produção e de uso

do seu patrimônio natural. Capaz de promover o desenvolvimento e garantir a soberania

brasileira sobre a região (BECKER, 2005b).

Amazônia é o segundo “produto” que mais se vende no mundo, posicionando-se entre Jesus

Cristo e Coca-Cola, (Unb Revista, s/d). Apesar disso este “produto” é mal “vendido”.

Comparando o gigante da América do Sul com a minúscula Costa Rica, o que se arrecada com o

ecoturismo no Brasil é pífio. A fato da economia de recursos, representado pela abdicação do

exército, ser banhada por dois oceanos e o investimento maciço em pesquisa e turismo

costarriquenho, não explica todo o sucesso deste país centro-americano. Certamente a clareza

que seus governantes e o apoio populacional em perceber que eram pequenos (territorialmente),

mas grandes em biodiversidade e aproveitar a vocação do seu pais para serem lideres mundiais

em ecoturismo e ecologia de campo, deve ser considerado.

Humboldt iludiu-se com a Amazônia chamando-a de “celeiro do mundo” (citado por

PASSARINHO, 1996). Alfred R. Wallace definiu seu clima como “um dos mais amenos do

mundo”. Para Goodland e Irwin (1975) ela era o “inferno verde”, com o risco de se transformar

no “deserto vermelho”. “A ilusão de um paraíso” Meggers (1971), “a última página ainda a

escrever-se, do Gênese” Euclides da Cunha (1999), “Pulmão do mundo” (anônimo), Eldorado

(conquistadores espanhóis), são apenas algumas das metáforas utilizadas para designar esta

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região. Que muda de acordo com as variações do humor ideológico do escritor e o “zeitgeist3”.

Faz-se necessário destruir as metáforas para que a Amazônia renasça como o que ela

verdadeiramente é – um espaço de contradições, múltiplos interesses e enormes oportunidades

desperdiçadas. Periférica no contexto nacional, os pesquisadores da Amazônia sabem o preço que

pagam para se firmarem no cenário nacional a partir desse lugar marginal no qual a região é vista,

lida e colocada. O quadro de doutores na região (3%) não ultrapassa o que as regiões sul e

sudeste colocam no mercado em apenas quatro meses (NETO, 2001). A Amazônia precisa ser

encarada por nós brasileiros como sem mistificações. Como toda visão idealizada um dia ela

começa a ruir. A “decepção” com a Amazônia não foi só em relação a quantidade de animais

visíveis, foi também econômica. Impressiona a atualidade das palavras de Prado Junior (1971)

escritas em 1945 no seu clássico História Econômica do Brasil. A evolução brasileira, de simples colônia tropical para nação, tão difícil e dolorosa, e cujo processo, mesmo em nossos dias, ainda não se completou, seria lá muito retardada. A Amazônia ficou neste sentido, muito atrás das demais regiões ocupadas e colonizadas do território brasileiro. Quanto a seus resultados materiais, eles também são minguados. É frisante o contraste entre o que apresentam e o que deles esperava a imaginação do branco europeu em contacto com os trópicos. A exploração das reservas naturais da imensa floresta que se supunha esconder tesouros incalculáveis, não deu mais que uns miseráveis produtos de expressão comercial mínima e em quantidades restritas. E não foi possível ampliar as bases desta produção e dar-lhes pela agricultura mais estabilizada. A Amazônia ficará na pura colheita; e por isso vegetará, assistindo imponente ao arrebatamento de suas maiores riquezas naturais por concorrentes melhor aparelhados. Deu-se isto com o cacau, antes seu monopólio no Brasil (...). Dar-se-á o mesmo, um século depois, em proporções muito maiores e dramáticas, com a borracha. A colonização do vale amazônico ainda é hoje uma incógnita

A Amazônia com seus quase cinco milhões de quilômetros quadrados é relativamente

homogênea do ponto de vista ecológico. É uma floresta uniformemente úmida e, principalmente,

sombria. Nota-se, entretanto, discrepâncias, ausência de paralelismos entre as distribuições da

fauna e a ecologia das extensas áreas interfluviais. A análise detalhada da fauna amazônica

(estratégias reprodutivas e alimentares e hábitat preferencial) é uma das melhores oportunidades

de pesquisa significativa (VANZOLINI, 1978, 2001; VANZOLINI ; BRANDÃO, 1986).

Vista a partir do cosmos, a Amazônia sul-americana corresponde a 1/20 da superfície

terrestre, 2/5 da América do Sul, 3/5 do Brasil, contêm 1/5 da disponibilidade mundial de água

doce e 1/3 das reservas mundiais de florestas latifoliadas (BECKER, 1998). A bacia amazônica é

� 3 O espírito do tempo de uma determinada época.

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a maior bacia hidrográfica do mundo com 1.100 afluentes, dezessete deles com mais de 1.500 km

de extensão, perfazendo 80 mil km de trechos navegáveis, cobrindo uma extensão aproximada de

seis milhões de km², (inclui 730.000 km² do Cerrado e Pantanal brasileiro). É compartilha.da por

nove países do norte da América do Sul. Os 37% restantes da Amazônia não-brasileira (2,4

milhões de km²) estão distribuídos da seguinte maneira: Peru (10%), Colômbia (7 %), Bolívia (6

%), Venezuela (6 %), Guiana (3 %), Suriname (2 %), Equador e Guiana Francesa (2,5 %) cada

(LENTINI et al., 2005). Desta vasta porção de floresta 80 % estão intactas. Em paises pouco

populosos e com pouca exploração florestal, especialmente no Suriname e Guiana Francesa, a

parte intocada excede os 90%, ou seja, um nível de conservação não encontrado em nenhuma

outra parte do mundo (CONSERVATION INTERNATIONAL, 2007). No Brasil, o estado

melhor conservado é o Amapá e o pior Rondônia.

O Rio Amazonas percorre 6.500 km, das altas terras peruanas no Pico Huagro (4.000 m

de altitude e 120 km do Oceano Pacífico) até desaguar no Oceano Atlântico. Inicia seu périplo

agregando as águas do desgelo andino. Reveste-se de grande importância para a integração da

Amazônia, pois é trafegável por navios oceânicos até Iquitos, no Peru. A navegação é realizada,

no período de cheia, por navios com calado de 10 a 11 m e, na vazante, com calado de até 8 m

(AMBIENTEBRASIL, 2004; EXÉRCITO, 2007;).

A vazão do Rio Amazonas corresponde a 20% da vazão conjunta de todos os rios do

planeta. Possui a maior ilha fluvial do mundo, com 20 milhões de km² (Bananal), que é quase do

tamanho de Sergipe e localiza-se na Bacia hidrográfica do Araquaia-Tocantins. No Rio Negro

(AM), localiza-se o segundo maior arquipélago fluvial do mundo (Anavilhanas). A Ilha de

Marajó, na foz do Amazonas, é do tipo fluvial-marítima e tem 48 mil km², a maior do seu tipo no

planeta (ALMANAQUE ABRIL, 2007). Insuperável em sua biodiversidade, a Amazônia abriga

no mínimo 40 mil angiospermas (30 mil consideradas endêmicas) e 427 espécies de mamíferos.

O maior animal da Amazônia é o peixe-boi, um mamífero aquático herbívoro que pode atingir ½

tonelada e 3 metros de comprimento. Os primatas são as principais espécies bandeiras da

Amazônia. Com 81 espécies, a diversidade abrange o pequeno sagüi-leaozinho (Cebuella

pigmea) e o recentemente descoberto sagui-anão, que pesam respectivamente 120 e 150gramas,

até os macacos-aranha que podem exceder 7 kilos. Entre as 1.000 espécies de aves, destaca-se o

majestoso gavião real (Harpia harpyja), de porte e força inigualável, não é o maior, mas é o mais

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possante rapineiro do globo, uma fêmea pode atingir 90 cm de comprimento, 2 m de envergadura

e 9 kg de peso (SICK, 1997).

Devido a sua imensa biodiversidade, o Brasil é um dos principais alvos dos traficantes da

fauna silvestre. O trafico é a terceira maior atividade ilícita do mundo (atrás do tráfico de drogas

e armas) movimenta entre 10 a 20 bilhões de dólares em todo o mundo. O Brasil participa com

15% deste valor, aproximadamente 900 milhões de dólares. Segundo a RENCTAS (2006) para

cada animal traficado que chega a seu destino, nove morrem pelo caminho. Estima-se que são

traficados cerca de 12 milhões de indivíduos por ano no Brasil (LACAVA, 2000). O tráfico de

primatas brasileiros ocorre também por paises fronteiriços. Soini (1972) registrou que o tráfico se

expandiu rapidamente por meio dos aeroplanos e que Iquitos é o centro de receptação de toda

fauna ilegalmente capturada na Amazônia. No início poucos indivíduos eram capturados, mas

com a impunidade e lucratividade garantida, aumentou vertiginosamente em pouco mais de uma

década. Chegando a 30 mil primatas por ano (COIMBRA-FILHO, 1972; SOINI, 1972).

Outras importantes espécies bandeira, altamente ameaçadas, são a ariranha e o peixe boi

da Amazônia, ambos quase extintos nas décadas de 60 e 70, devido a caça comercial. Os

morcegos são o grupo de mamíferos mais númeroso com 158 espécies. As aves perfazem 1294

espécies. Os répteis 378 (a sucuriju, Eunectes murinus é uma das maiores serpentes do mundo,

chega a 10 m, e é responsável pelo mito da temida cobra grande, tão difundido por toda a

Amazônia e no estúpido filme “Anaconda”), a tartaruga-da-amazônia (Podcnemis expansa) é a

maior tartaruga de água doce do mundo, alcançando até 1 metro. Os anfíbios atingem 427

espécies e mais de três mil espécies de peixes. No entanto, as estimativas indicam uma ictiofauna

até três vezes maior. Todas as expedições ictiológicas têm coletado novas espécies. Somente no

Rio Negro 450 espécies foram registradas. Só para termos uma idéia comparativa, em toda a

Europa temos 192 espécies descritas. O maior peixe de água doce do mundo Arapaima gigas

(Pirarucu) é amazônico e atinge até 4,5 m de comprimento pesando 250 kilos. Entre os

invertebrados, o desconhecimento é maior comparado aos vertebrados. Exemplificando, para

apenas dois grupos, formigas e abelhas, existe, com certeza, um número muito maior a ser

descrito. As formigas por serem ecologicamente dominantes e megadiversas na Amazônia, são

um grupo-chave nos diferentes ecossistemas amazônicos. Elas contribuem com quase 1/3 da

biomassa animal das copas das árvores na floresta amazônica (FITTKAU ; KLINGE, 1973) e

representam mais de três mil espécies (OVERAL, 2001). O estudo das relações formigas-planta

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tem revelado interessantes relações mutualísticos (OLIVEIRA ; MARQUIS, 2002). As 2,5 a 3

mil espécies de abelhas da Amazônia têm importância fundamental como polinizadoras, uma vez

que o vento não penetra na floresta densa e a distância entre duas árvores coespecifica pode

atingir centenas de metros (OVERAL, 2001). Ao todo a Amazônia responde por 10 % da

biodiversidade do planeta. Possui a maior reserva de madeira tropical do mundo. As estimativas

indicam um valor de no mínimo 60 bilhões de metros cúbicos de madeira em tora de valor

comercial (WWF, 2007). A vitória régia, um dos símbolos da Amazônia, é a maior flor do

mundo, chegando a medir 2 m de diâmetro.

Além de abrigar um enorme grupo de espécies bandeiras, a Amazônia é território de

culturas indígenas de inestimável valor. Lamentavelmente, estima-se que, somente entre 1900 e

1957, mais de 80 tribos foram extintas. Muitas outras podem ter tido destino semelhante durante

a construção da Transamazônica e outros projetos de desenvolvimento de infra-estrutura. Depois

de 20 mil anos de ocupação indígena no Brasil (GOODLAND ; IRWIN, 1975), restam agora, 206

grupos indígenas documentados. A maioria está na Amazônia, 170 tribos, cuja população vive

em reservas que congregam 180.000 índios (CONSERVATION INTERNACIONAL, 2007). A

região Norte concentra 306 das 587 áreas indígenas brasileiras, com 84,54% dos 101 mil hectares

de terras demarcadas. De acordo com o IBGE, cerca de 213 mil índios de diversas etnias vivem

nesta região. Nossa sociedade tem uma dívida histórica com eles. Mais do que transmissores de

modos tradicionais de sobrevivência na floresta úmida, desenvolvidos em milênios de esforço

adaptativo, os índios foram o saber, o nervo e o músculo dessa sociedade parasitária. Índios é que

fixavam os rumos, remavam as canoas, abriam picadas na mata, descobriam e exploravam as

concentrações de especiarias, lavravam a terra e preparavam o alimento. Nenhum colonizador

sobreviveria na Amazônia sem estes índios que eram seus olhos, suas mãos e seus pés

(RIBEIRO, 1997).

A riqueza “invisível” também ameaça as áreas protegidas. Para se ter uma idéia do

interesse que o subsolo amazônico desperta, dentro e fora do Brasil, basta consultar os informes

do DNPM. Dos 40.144 processos existentes na Amazônia Legal, 5.283 incidem em Unidades de

Conservação Federais, e 880, em Unidades Estaduais (COM CIÊNCIA, 2006). A importância da

Amazônia pode ser ilustrada pelo seguinte fato: de um total de novecentas (900) áreas

prioritárias para conservação da biodiversidade no Brasil, 43% delas situam-se na Amazônia

Brasileira (MMA, 2002). O documento supracitado diagnosticou ausência ou insuficiência de

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pesquisas nas Unidades de Conservação (UCs). Na esperança de mudar esta situação insere-se a

valorização das UCs e o fomento às pesquisas para o conhecimento e o monitoramento de sua

biodiversidade. As Florestas Nacionais (Flonas) fazem parte das UCs do Brasil administradas

pelo IBAMA/Fundação Chico Mendes, estão na categoria de Uso Sustentável, totalizam 73

unidades das 601 desta categoria. As Flonas são áreas de domínio público com cobertura vegetal

nativa ou plantada com os seguintes objetivos: (1º) promover o manejo dos recursos naturais,

com ênfase na produção de madeira e outros produtos florestais; (2º) garantir a proteção dos

recursos hídricos, belezas cênicas, sítios históricos e arqueológicos; e (3º) fomentar a pesquisa

científica básica e aplicada, educação ambiental, recreação, lazer e turismo (Decreto-Lei 1298,

de 27/10/94). Nos últimos 10 anos, houve um aumento significativo na criação de UC em todas

as regiões brasileiras. A Amazônia foi o bioma que mais recebeu atenção governamental. Do

total das Florestas Nacionais 90,27 % delas estão na região norte. Entre 1995 e 2004, o governo

criou 95 UC no país, somando 21,9 milhões de ha. (uma área superior ao estado do Paraná). Em

2005, foram criadas mais seis UC, perfazendo 4,5 milhões de ha. ao todo, quase todas na

Amazônia. Uma conseqüência imediata do assassinato da missionária estadunidense Doroty

Stang em Anapu (PA). Comparando com o período anterior a 1995, verifica-se um aumento de

quase 40 % no número de UCs federeis, que hoje totalizam 61,1 milhões de ha., quase a mesma

área da Bahia, (MACHADO, 2006). É sabido que a conservação da natureza não se efetiva por

decretos, no entanto, este é o primeiro passo.

Segundo Rylands, et al.,(1995) os primatas do Novo Mundo englobam 19 gêneros, 98

espécies e 104 subespécies. Das 98 espécies 33 delas, representando 34% estão ameaçadas de

extinção. O Pará abriga quatro Centros de Endemismos (CE) da Amazônia, áreas diferenciadas

dentro da floresta, onde é particularmente alta a biodiversidade e com grande número de espécies

endêmicas. Um deles, o CE do Tapajós (entre os Rios Tapajós e Xingu) inclui várias espécies de

primatas ameaçados de extinção, entre elas Ateles belzebuth marginatus, Callithrix argentata

leucippe e Chiropotes albinasus.

A região do Trombetas, por abrigar uma grande quantidade de terras públicas e

quilombolas, é bem menos conhecida cientificamente. Nesta região ocorrem Ateles paniscus

paniscus e Chiropotes satanas chiropotes ambos pouco estudados e ameaçados de extinção

(Portaria do IBAMA nº 1.522, de 19 de dezembro de 1989). Além das espécies de primatas

ameaçados de extinção, a portaria Nº 037 de 03/04/92 do IBAMA, lista 10 espécies da flora

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paraense ameaçadas, a saber: Vouacapoua americana (Acapu) Lauraceae; Pithecellobium

racemosum (Angelim rajado) Leguminosae: Mimosoideae; Dicypellium caruophyllatum (Casca-

preciosa) Lauraceae; Bertholetia excelsa (Castanheira-do-Brasil) Lecythidaceae; Pilocarpus

microphylus (Jaborandi-legítimo) Rutaceae; Euxylophora paraensis (Pau-amarelo); Aniba

roseodora (Pau-rosa) Lauraceae; Bowdickia nitida (Sucupira), Virola surinamensis (Ucuúba-

branca) (GAEP, 2000). O desmatamento é a principal ameaça as plantas e animais que possuem

distribuição reduzida e/ou vivem com densidades populacionais muito baixas.

2.2 Características gerais dos primatas e uma classificação mínima

Os quase 7 bilhões de seres humanos pertencem todas a uma única espécie, Homo sapiens. A

esta espécie monotípica os taxonomistas acrescentaram quase três centenas de espécies de

macacos para formar a ordem dos primatas. Segundo Höfling et al, (1995) a ordem primata pode

ser classificada da seguinte maneira:

ORDEM PRIMATES

Subordem Strepsirhiri: Região Etiópica (especialmente Madagascar) e oriental

(lêmures, aye-aye, gálagos, lóris)

Subordem Haplorhiri:

Infraordem Tarsii: Indonésia, Filipinas (társio)

Infraordem Platyrrhini (macacos do Novo Mundo):

Regiao Neotropical

Família Callitrichidae (sagüis)

Família Cebidae (sauás, macacos-prego, guaribas, muriqüis etc.)

Infraordem Catarrhini (macacos do Velho Mundo)

Família Cercopithecidae: Regiões Etiópica, Oriental e sul da Paleartica

(babuíno, mandril, macaco rhesus etc)

Família Hylobatidae: Região Oriental (gibões)

Família Pongidae: Região Etiópica (bonobos, chimpanzé e gorila); Java e

Bornéu (Orangotango)

Família Hominidae: cosmopolita (homem).

A classsificação acima pode ser expressa como na FIGURA 14.

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Homo sapiens

Tarsióides²

Lêmures³

Platirrinos4

Catarrinos5

Tupaia¹

Pongídeos6

A altura de cada degrau reflete a distância evolutiva entre os dois grupos

Figura 14 – Ilustração conjetural da evolução dos primatas atuais. O sentido da seta indica aumento da complexidade na estrutura e na organização social. 1 = Tupaia é uma forma insetívora, noturna e pentadáctila, considerada o estoque basal dos primatas, se parece mais com um roedor do que com uma primata (visão não binocular); 2 = Tarsióides são prossimios de face achatada, crânio redondo, olhos e órbitas separadas da fossa temporal, arborícolas noturnos das florestas e savanas africanas, especializados na locomoção “agarra e pula” com cauda não preênsil (e.g. Gálago). 3 = Lêmures são prossímios com focinho semelhante a raposas (visão não-binocular), grandes olhos, arborícolas noturnos com cauda longa e peluda, mas não-prêensil que habitam principalmente a Ilha de Madagascar África). 4 Platirrinos = primatas do Novo Mundo, com septo nasal largo e voltados para os lados, visão binocular e a cores, meio de comunicação principalmente vocal, compreendem duas famílias: Calitriquídeos e Cebídeos (foram os primatas do presente estudo). 5 = Catarrinos são primatas do Velho Mundo com septo nasal estreito e voltado para baixo, meio de comunicação principalmente por meio de expressões faciais (e. g. babuínos, rhesus, etc). 6 = Pongídeos são catarrinos antropóides que inclui os gibões (Hilobates sp.) do sudoeste da Ásia e arquipélago Malaio; o orangotango (Pongo pygmaeus) de Sumatra e Bornéu; o Gorila da África Central e as duas formas de chimpanzés, o pigmeu Pan paniscus (Zaire Central) e o Pan troglodytes do oeste da África (Soares, 1993). Fonte: Napier e Napier (1967) modificado pelo autor.

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Os mamíferos constituem um grupo monofilético derivado dos répteis Synapsida,

caracterizado pelas seguintes sinapomorfias�: presença de glândulas mamárias e pêlos,

endotermia, grande desenvolvimento do neocórtex cerebral etc. Höfling, et al., (1995). Os

primatas são ativos durante o dia, dormem à noite e são visualmente orientados. Compartilhamos

com os cercopitecóides: septo nasal estreito, com narinas voltadas para baixo e 32 dentes, com os

hominóides: polegar oponente e a ausência de cauda e de bolsas faciais. Além dos grandes

cérebros, postura ereta, ovulações ocultas e gosto pelo sexo recreativo (DIAMOND, 1999),

acredita que a menopausa seja um dos traços biológicos essenciais que nos tornam distintamente

humanos – uma criatura qualitativamente diferente de um macaco.

São tantos os mamíferos – com formas e comportamentos tão variados – a ocupar a Terra que

é difícil crer que quaisquer deles poderiam ser descendentes do mesmo ancestral. No entanto, os

mamíferos são todos aparentados entre si. Todos os atuais mamíferos, entre os quais nós,

descendemos da única linhagem sobrevivente (GORE, 2003). Nos 145 milhões de anos de

evolução que se seguiram, o predomínio dos dinossauros impediu que nossos remotos ancestrais

mamíferos se tornassem maiores que um gato. No entanto, quando uma catástrofe provocada por

um asteróide ou um cometa extinguiram os dinossauros, há 65 milhões de anos, os mamíferos,

viram-se diante da mais importante oportunidade evolutiva que lhes foi ofertada. Eles agora

poderiam explorar todos os recursos do planeta. E, no prazo de poucos milhões de anos (270)

após o cataclisma, o registro fóssil revela uma explosiva diversidade entre os mamíferos. Após

uma erupção de metano ter provocado um acentuado aquecimento global, vários mamíferos

asiáticos cruzaram a ponte de terra do Estreito de Bering e entraram na América. O rápido

aumento da temperatura global estimulou o crescimento de florestas em todo o planeta, e essa

abundância de vegetação levou a uma proliferação ainda maior de nichos ecológicos que podiam

ser explorados pelos mamíferos. Ambientes que antes eram considerados frios demais passaram

a ser ocupados. Essa dispersão maciça de tipos de animais fez com que se diversificassem novas

famílias de mamíferos pelo continente americano. E um dos recém-chegados neste registro fóssil

foram os membros da nossa própria ordem, os primatas. Os primatas mais primitivos eram

animais pequenos, arborícolas, noturnos e onívoros, conhecidos por Lêmures, atualmente restrito

� 4 Sinappomorfias = quando vários grupos de animais se originam de um mesmo ponto de ramificação (clado ou linhagem de descendência) são relacionados por meio de caracteres derivados compartilhados.

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à Ilha de Madagascar, que foi alcançada por uma espécie vinda da África, há 50 milhões de anos.

(GORE, 2003).

Os primatas representam uma das nove ordens da infraclasse Eutheria (animais geralmente

chamados de “mamíferos placentários”). O termo é enganoso, pois a placenta (órgão que realiza

trocas fisiológicas e remove os produtos indesejáveis entre mãe e feto) está presente em alguns

répteis e até alguns peixes e anfíbios, e em todos os marsupiais (HILDEBRAND, 1995). Mesmo

assim, o termo é usado para diferenciá-los da outra infraclasse de mamíferos, os Methateria, que

desenvolveram uma placenta rudimentar e difusa (marsupiais). Os Eutheria produzem jovens

num estágio mais avançado do desenvolvimento do que os Methateria, com maior potencial de

sobrevivência, mas com custo alto e prolongado para a mãe. Os Eutheria incluem cerca de 3.800

espécies, a maioria contida em 18 ordens (POUGH et al., 1993; GORE, 2003). Os Platirrinos�

são separados em duas famílias: Callitrichidae e Cebidae�. A massa corporal dos primatas varia

de 85 gramas (Cebuella) a mais de 295 kg (Gorilas). Os calitriquídeos são primatas de menor

porte (menos de 600 gramas) e cauda longa não preênsil, o polegar da mão é curto e não

oponível e todos os dedos são providos de unha em forma de garras, são chamados popularmente

por sagüis. O primeiro dedo do pé (hálux) é oponível aos demais e com uma unha chata. Dentes

pré-molares em número de dois, com três molares verdadeiros. Compreendem quatro gêneros, a

saber: Cebuella e Saguinus (exclusivamente amazônicos) e Callithrix e Leontopihecus

(endêmicos da Mata Atlântica). Os cebídeos são primatas de maior porte (entre 0,7 a 15 kilos)

com cauda preênsil (mas não em todos os gêneros); com três pré-molares, três molares

verdadeiros de cada lado, tanto nas mandíbulas quanto nas maxilas, dedos providos de unhas

chatas, nunca sob a forma de garras. Compreendem 18 gêneros: Cebuella, Callithrix, Mico,

Saguinus, Callibella, Leontopithecus, Callimico, Saimiri, Aotus, Callicebus, Pithecia, Cebus,

Chiropotes, Cacajao, Alouatta, Lagotthrix, Ateles e Brachyteles. Ambas as famílias são

arborícolas, diurnas (com exceção de Aotus, FIGURA 13) e endêmicas da região neotropical,

dentição heterodonte (dentes diferentes na forma e na função) do tipo bunodontes7 (HÖFLING et

al., 1995; POUGH et al., 1993). A visão a cores parece ter sido desenvolvida secundariamente

em diversas ordens, mas é completa apenas nos primatas e em alguns roedores. Os primatas são

� 5 Para as duas infra-ordens utilizaremos a grafia aportuguesada, platirrinos e catarrinos. 6 Para as duas famílias de Platirrinos usaremos a grafia aportuguesada, calitriquídeos e cebídeos. 7 Bunodonte (do gr. bounos = mamilos; odonthos = dente). Tipo de dente de certos mamíferos que tem

protuberâncias para triturar alimentos, molares com cúspides trituradoras. (SOARES, 1993).

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os únicos mamíferos com discriminação tri-comática de cor bem desenvolvida. A visão a cores é

proporcionada por três pigmentos visuais que possuem diferentes espectros de absorção e,

conseqüentemente, são sensíveis a diferentes comprimentos de onda de luz (GREGORY, 1979).

Quase todos os primatas são trepadores especializados. Os pelos são uma estrutura exclusiva dos

mamíferos (HILDEBRAND, 1995; POUGH et al, 1993;). Os recentes sucessos de comunicação

de chimpanzés e gorilas demonstram claramente que muitas das nossas capacidades de

integração e associação não são exclusivamente humanas.

No passado, quase todas as pesquisas norte-americanas foram realizadas numa única espécie,

o rato branco. Compreensível, por ser um modelo experimental pequeno, barato e prolífero.

Afortunadamente, a etologia sofreu uma reviravolta e atualmente os estudos com animais

compreendem muitas espécies diferentes. A partir de 1939 a maioria das pesquisas com primatas

sub-humanos, especialmente macacos rhesus e chimpanzés foram realizadas nos EUA

(HARLOW, 1964). Nesses primeiros estudos constatou-se a surpreendente curiosidade dos

primatas, destacando-se os experimentos realizados na Universidade de Wisconsin, sobre o vigor

e o papel da motivação exploratória dos primatas. Estes animais evidenciaram uma necessidade

compulsiva de resolver quebra-cabeças pela simples recompensa de sua solução. Nos estudos de

(BUTLER, 1953) jovens rhesus foram colocados numa caixa opaca em penumbra com duas

janelas cobertas, uma azul e outra amarela. Empurrar a janela amarela não tinha efeito algum,

mas empurrar a janela azul abria-se por 30 segundos mostrando várias cenas. Algumas cenas tais

como um grande cachorro rosnador, não eram reforçadoras e levaram a um pequeno empurrão.

Outras cenas, como a visão do laboratório e pesquisadores, outros macacos, e objetos de

brinquedo moveis (trem elétrico) tinham valor reforçador apreciável. Os macacos confinados

rapidamente discriminavam a cor do painel e produziam as cenas reforçadoras frequentemente.

No entanto, Millenson (1975), exorta seus leitores sobre os resultados desses experimentos

estarem associados ao grau de privação dos animais.

Nenhum método de pesquisa, entretanto, tem a primazia exclusiva. As pesquisa de

laboratório terão sempre uma validade limitada se desconhecermos a historia da vida do animal e

seu comportamento em condições naturais. Os estudos naturalistas tem valor de direito próprio e

são indispensáveis para sugerir problemas de pesquisa de laboratório (HARLOW, 1964).

Segundo o sumário estatístico das espécies de mamíferos ameaçadas (IUCN, 2007) em todo

o mundo, a ordem primata soma 296 espécies das quais 46 estão vulneráveis, 48 em perigo e 20

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criticamente ameaçadas. O Brasil contribui com o maior número de espécies (104), agrupados

em 5 famílias e 18 gêneros. Considerando espécies e subespécies o Brasil conta com 131

espécies das quais 22 % estão ameaçadas. A portaria Nº. 1.522, de 19 de dezembro de 1989 do

Ibama lista 25 primatas brasileiros (entre espécie e subespécie) ameaçados de extinção. Destas

25, cinco integram a lista das 57 espécies de primatas mais ameaçados do mundo. A saber:

Alouatta belzebul ululata, Alouatta guariba guariba, Brachyteles hypoxantus (muriqüi,

endêmico de Minas Gerais), Callicebus barbarabronnae, Callibebus coimbrai, Cebus

xanthosternus (o macaco-prego-do-peito-amarelo, endêmico do sul da Bahia), Leonthopitecus

caissara, (endêmico da Ilha de Superagüi no Paraná), Leonthopitecus chysopygus (o mico-leão-

preto, endêmico do interior de São Paulo) e o Saguinus bicolor (endêmico da região

metropolitana de Manaus). Destaca-se pela ausência, o mico-leão-dourado (endêmico do interior

do Rio de Janeiro), que devido a um esforço hercúleo e competente de inúmeros pesquisadores e

a parceria com 140 zoológicos de todo o mundo (WWF, 2002) ascendeu à espécie de 75

indivíduos em 1983 para 1000 animais em 2002. Por ser considerado o mamífero de pelagem

mais bonito do mundo, quase foi extinto. Só na década de 60, deixaram o país cerca de 300

indivíduos, destinados a jardins zoológicos ou a servir como animal de estimação. Ironicamente

já era conhecido em 1757, nove anos antes de a espécie ser classificada por Lineu, visto que

alguns exemplares já eram exibidos nos salões franceses por Madame Pompaduor

(KAWAKAMI ; SAVAGET, 1984).

O homem é o único primata cosmopolita. Os outros primatas, ditos não humanos,

apresentam um distribuição muito desproporcional pelo mundo. Apenas quatro paises: Brasil,

Madagascar, Zaire e Indonésia, reúnem cerda de 75% de todas as espécies (MITTERMEIER,

1997). Se consideramos que o Brasil possui a maior extensão de florestas tropicais contínuas

(357.480.000,00 ha.), parece lógico que o Brasil seja o lar de 1/3 de todas as espécies de primatas

do planeta. Ressalta-se a importância de Madagascar, que com apenas 10.300.000 ha. de

florestas, com um território que corresponde a 2% da África ou o equivalente a 7% da extensão

territorial do Brasil, abrigue a maior diversidade de espécies endêmicas. No entanto, todas as

espécies malgaches são lêmures. A situação desta ilha africana é mais crítica do que a Mata

Atlântica Brasileira. Madagascar é um experimento evolucionário único. Um laboratório vivo

sem similar em qualquer outra parte do planeta. A ilha foi separada do continente africano, e a

maioria dos animais lá encontrados se desenvolveu em isolamento (FIGURA 15).

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Todas as florestas tropicais, exceto aquelas sobre ilhas muito distantes, tem mamíferos de

copa. Duas destas florestas, Makokou (Gabão) e Coshu Cashu (Peru) estão sendo pesquisadas a

décadas. Dois outros sítios, Ranomafana (Madagascar) e Danum Valley (Malásia Oriental) são

novas estações de pesquisas, ainda incipientemente conhecidas (EMMONS, 1995). Na FIGURA

16, foi aproveitado um resumo gráfico (FLEAGLE, 1988) entre os primatas do Novo Mundo e

Velho Mundo, já que na discussão eles darão suporte a estudos comparativos.

Figura 15 - O Brasil faz parte dos seis paises megadiversos do planeta, tais paises conjugam alta biodiversidade e alto endemismo. Fonte: MITTERMEIER (1997).

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Figura 16 - Figuras iconográficas comparativas entre platirricos (primatas do Novo Mundo) e catarrinos (primatas do Velho Mundo). Salienta-se que: (a) Peso, o

maior tamanho dos catarrinos; (b) Padrão de Atividade, os platirrinos tem um gênero noturno (Aotus) e os catarrinos apresentam gêneros crepusculares; (c) Locomoção, não existe gêneros braquiadores entre os catarrinos, por outro lado não existe quadrúpedes terrestres entre os platirrinos; (d) Dieta, a gomivoria é restrita a platirrinos (sagüis); (e) Estrutura Social, dos catarrinos é mais uniforme do que a dos platirrinos, os macacos do Velho Mundo podem formar haréns, grupos multimachos e multifêmeas ou casais monogâmicos, por outro lado os primatas do Novo Mundo apresentam, além desses três, grupos complexos ainda não totalmente compreendido em ambiente natural, como a poliandria Fonte: Fleagle (1988) modificado pelo autor.

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2.3 Custos e benefícios da vida social dos primatas

Primatas são sociais e está característica praticamente universal foi de importância sine

qua non para nossa história evolutiva. Graças ao exercício da sociabilidade e da cooperação dos

nossos ancestrais nossa linhagem pode emergir e se tornar dominante. No entanto, sabemos que a

ecologia é regida por custos e benefícios e que humanos e macacos preferiram pagar o preço da

vida em grupo, à viver solitariamente. Embora exista altruísmo, adoção de órfãos, auxílio

recíproco etc., o interior das florestas tropicais está longe de ser o éden. Competição, lutas,

emboscadas, sabotagem, infanticídios, canibalismo, nepotismo, despotismo, coalizão para depor

um macho dominante etc, também é relatado para diversas espécies de primatas africanos,

asiáticos e neotropicais (BYGOTT, 1972; VEHRENCAMP, 1983). Alcock (1984) organiza da

seguinte maneira estes custos e benefícios: vantagens: (1º) redução da pressão de predação pela

melhoria na detecção ou repulsão de inimigos; (2º) melhoria na eficiência de forrageio para

grandes presas ou recursos alimentares efêmeros que ocorrem agrupados; (3º) melhoria na defesa

de recursos limitados (espaço e alimento) contra outros grupos de intrusos coespecíficos. (4º)

melhoria no cuidado com as crias por meio da alimentação comunal ou proteção. Desvantagens:

(1º) aumento na competição dentro do grupo por alimentos, parceiros sexuais, locais para

nidificação, material para nidificação, ou outros recursos limitados, (2º) aumento do risco de

infecção por doenças contagiosas e parasitárias; (3º) aumento do risco de exploração do cuidado

parental de coespecíficos e (4º) aumento do risco de um coespecíficos assassinar um filhote (e.g.

sobrinho (a). Krebs e Davies (1996) acrescentam mais uma desvantagem à lista, (5º) aumento em

evidência. O tamanho dos grupos de primatas sofre uma pressão da seleção natural para não

ultrapassar um “patamar” de retorno, ou seja, o ponto em que a aglomeração começa a atrair a

atenção dos predadores (FERRARI, 1995). Portanto os benefícios que os primatas obtêm da vida

em grupo se equilibram pelas desvantagens que inevitavelmente ocorrem quando se vive

próximo. Para Dunbar (1988) os custos da vida em grupo são de dois tipos. Custos resultantes da

competição por acesso a recursos limitados, e custos como resultados dos membros do grupo

serem obrigados a coordenarem suas atividades para permanecerem próximos.

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2.4 A primatologia de campo

Cem anos após a publicação de “Origem das Espécies”, a primatologia de campo se

estabeleceu como ciência. A partir dos trabalhos de C. R. Carpenter na IBC. A IBC é uma ilha

artificial criada em função da abertura do Canal do Panamá (McDOWELL, 1978).

Trabalhando inicialmente com Alouatta palliata (1934) e Ateles geofroyi (1935), Carpenter

acreditou que se seguisse diariamente um grupo selvagem de primatas ele iria se acostumar

com a presença do observador (processo de habituação) e poder-se-ia, a partir de então, coletar

dados sistemáticos sobre o grupo. Posteriormente Carpenter estudou orangotangos em Sumatra

(1938) e gibões na Península Malaia em 1940, além de estudos em cativeiro com gorilas e

rhesus (Macaca mulatta). Pela maior facilidade de observação em áreas abertas, à savana

africana e os bosques secos do Ceilão e Índia foram palcos de um segundo momento da

primatologia de campo (e.g. De VORE, 1965; RUDRAN, 1973). O despertar dos primatólogos

de campo para as espécies de florestas tropicais deu-se a partir da década de 1970 (e.g.

CHIVERS, 1974; CLUTTON-BROCK, 1974; STRUHSABER, 1975). Na Amazônia

Brasileira, no entanto, os primeiros estudos ainda demorariam mais uma década. Até o estudo

de Ayres (1981) contava-se apenas com os relatos fragmentados dos naturalistas do século XIX

e primeira metade do século XX (e.g. BATES, 1863; CRUZ LIMA, 1944; SNETHLAGE,

1910). Além dos estudos comportamentais de campo e cativeiro; nossa proximidade

filogenética com primatas não-humanos ajudou a estabelecer a primatologia como ciência. O

conhecimento sobre nós mesmos deve muito aos inúmeros primatas sacrificados em estudos

anatômicos, fisiológicos, farmacológicos, epidemiológicos, etc. Além disso, a importância dos

primatas como elemento-chave da floresta tropical (e.g. como dispersores de sementes) está

apenas começando a ser compreendida (MITTERMEIER, 1977). Segundo a IUCN, um em

cada sete primatas poderá ser extinto ainda no início do século XXI, se o desmatamento, a caça

e a coleta para servirem de animais de estimação continuarem nos ritmos atuais.

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2.5 Comunidades de primatas em diferentes biomas não amazônicos

Caatinga: Oliveira e Pessoa (2005) levantaram a mastofauna da Chamada Diamantina

(BA) e registraram a presença de 55 espécies de mamíferos, apenas uma espécie pertencia a

ordem primata, Callithrix penicillata, e foi registrado em uma caatinga, onde prevalecia arbustos

de até 2 metros de altura, entre outras árvores maiores e esparsas. Oliveira et al., (2005)

estudaram os primatas do Parque Nacional da Serra da Capivara (PI) e registraram a presença de

Callithrix penicillata, Callithrix jacchus e Alouatta caraya.

Restinga: Bergallo et al., (2004) estudaram os mamíferos terrícolas, arborícolas e alados

da Restinga de Jurubatiba (RJ). Dos 23 mamíferos inventariados neste estudo, apenas uma

espécie de primata foi observada, ainda assim, tratou-se de uma espécie exótica à região

fluminense, Callithrix jacchus, originário do nordeste brasileiro.

Brejo de Altitude e Serras: Souza et al. (2004) registraram a presença de um único

primata Callithrix jacchus no Parque Ecológico Municipal Professor João Vasconcelos Sobrinho

(PEMVS), em Caruaru, Pernambuco, num ecossistema classificado como brejo de altitude.

Fernandes e Aguiar (1993) registraram a presença de Cebus apella apella e Alouatta belzebul

ululata em Primeira Cruz (MA). Marinho-Filho (1992) registrou a presença de uma comunidade

composta por três primatas na Serra do Japi: Callithrix aurita, Callicebus personatus e Alouatta

fusca. Ressalta-se que esta serra localiza-se entre os três grandes centros urbanos e industriais do

Estado de São Paulo – Jundiaí, Campinas e a capital. Testemunhos de uma flora e fauna de áreas

continuas que existiam em grande parte da Região Sudeste do Brasil antes da chegada dos

europeus (MORELLATO, 1992).

Cerrado: Alho (1994) estudou a distribuição da fauna num gradiente de recursos em

mosaico. O autor instalou duas linhas paralelas de censo em dois hábitats diferentes de campo. O

trajeto abrangeu os seguintes ambientes: Mata Ciliar, Campo Úmido, Cerrado, Campo e

Cerradão. Dos 85 mamíferos terrestres listados, 6 eram primatas e freqüentaram os seguintes

ambientes: Callithrix penicillata, Callithrix argentata e Callithrix jacchus, usaram a Mata Ciliar

e o Cerradão; e Aotus trivirgatus, Cebus apella e Alouatta caraya usaram apenas a Mata Ciliar.

Jorge e Pivello (2005) estudaram os mamíferos do Parque Estadual de Vassununga (SP), um área

descontínua composta pelo cerrado “Pé-de-Gigante” e florestas estacionais semi-decíduas

adjacentes. Por meio de métodos indiretos (pegadas, vocalizações, tocas e fezes) e contagem

direta, registraram a presença de Callicebus personatus, Cebus apella e Alouatta caraya. Num

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estudo sobre a mastofauna do cerrado semi-urbanizado as margens do Lago (artificial) Paranoá

em Brasília (REIS e JUARES, 2001) registraram apenas dois sagüis, Callithrix penicillata (mico-

estrela-de-tufos-negros, nativo) e Callithrix jacchus (mico-estrela-de-tufos-brancos, introduzido).

Estas duas espécies são tão geneticamente próximas a ponto de hibridizarem, não só em cativeiro

mas também em ambientes naturais. Também na região de Brasília (QUEIROZ, 1991) procedeu

um levantamento dos primatas da Fazenda Sucupira, especificamente na Mata de Galeria do

Riacho Fundo (170 ha.). Com um esforço amostral de 20 km o autor registrou a presença de

Callithrix penicillata, Cebus apella e Alouatta caraya.

Fragmentos florestais do interior da Mata Atlântica em diferentes estados: Torres de

Assumpção (1983) na Fazenda Barreiro Rico (Anhemhi, SP) encontrou Brachyteles arachoides

arachoides, Alouatta fusca, Cebus apella, Callicebus personatus e Callithrix aurita. Chiarello

(1992) registrou a presença de Alouatta fusca, Celus apella e Callithrix penicilata na Reserva de

Santa Genebra, de 2.150 ha. em Barão Geraldo (SP). Gaspar (1997) registrou Callithrix aurita

(informação de moradores), Callithrix jacchus (introduzido), Callicebus personatus e Alouatta

fusca, na mata do Ribeirão Cachoeira (234 ha.) no distrito de Souzas, região nordeste de

Campinas (SP). A autora especula que esta deveria ser a comunidade original de Santa Genebra.

Negrão e Valadares-Pádua (2006) levantaram a comunidade de mamíferos de grande porte na

Reserva Florestal do Morro Grande (SP) e registraram Callithrix penicillata, Callithrix aurita e

Alouatta fusca. Lemos de Sá (1988), Brosek (1991), Andrade (1996) encontraram uma

comunidade composta por quatro primatas na Fazenda Esmeralda (MG): Brachyteles

arachnoides hypoxanthus, Cebus apella nigritus, Callicebus personatus personatus e Callithrix

aurita. No entanto, fragmentos maiores dentro da mesma fazenda apresentavam Alouatta fusca

clamitans (observação pessoal). Em uma área mais ao norte do mesmo estado, na Estação

Biológica de Caratinga (800ha.) (HIRSCH, 1995; GUIMARÃES, 1998) encontraram Brachyteles

arachnoides hypoxanthus, Alouatta fusca clamitans, Cebus apella nigritus, e Callithrix flaviceps.

Passamani (1996) estudou Callithrix geoffroyi em um fragmento de 110 ha. em Aracruz (ES) que

ocorria em simpatria com Alouatta fusca, Callicebus personatus e Cebus apella.

É notável o aumento do número de espécies de primatas a medida que se percorre o

sentido dos ambientes menos florestados para os mais florestado: a saber: Restingas, Brejos de

Altitude, Caatinga, Cerrado, Cerradão e Fragmentos da Mata Atlântica.

Page 70: Estudos populacionais dos primatas em duas florestas nacionais do ...

69

2.6 Os primeiros estudos com primatas amazônicos

Os primatas não-humanos do Brasil são um dos grupos mais precocemente conhecidos,

(e.g, das 62 espécies reconhecidas em 1993 po Groves (1993), 33 delas, ou seja, mais de 50 % já

eram conhecidas quando da publicação do livro de Spix� (1823). É fácil de compreender: são

animais diurnos, arborícolas, sociais, conspícuos. São visualmente orientados, o que torna fácil

seu reconhecimento pelo homem, também um primata visualmente orientado. O tamanho dos

exemplares e a boa resistência das peles dos primatas facilitam a preparação taxonômica, ainda

mais que os nativos de regiões florestadas costumam ter prática de coureá-los (VANZOLINI,

1996).

O centro de dispersão dos Platirrinos corresponde à bacia dos rios Amazonas e Orinoco,

onde a maior parte dos primatas ocorre (AYRES, 1986). Muito poucos estudos nessa região

foram conduzidos por mais de um ano. Os estudos com cebídeos foram iniciados em 1981.

Tratou- se de um estudo comparativo entre duas espécies congêneres, os cuxiús (Chiropotes

albinasus e Chiropotes satanas) (AYRES, 1981). Estudos com calitriquídeos também foram

publicados na mesma data, Rylands (1981) com Callithrix humeralifer (em Dardanelos, Rio

Aripuanã, MT) e um pouco mais tarde (EGLER, 1983, 1986) com Saguinus bicolor (mata do

Hotel Tropical, AM). Contemporaneamente, mas fora da Amazônia brasileira destaca-se o

trabalho de MITTERMEIER (1977) que estudou a distribuição, sinecologia e conservação dos

primatas do Suriname e Van Roosmalen (1985) sobre Ateles paniscus em Suriname e Soini

(1972, 1982, 1986) com Cebuella pygmaea e Saguinus no Peru. AYRES (1986, 1989) conclui

este primeiro período da primatologia na Amazônia estudando uma espécie quase desconhecida

da ciência na época, Cacajao calvus, o uacari branco.

2.7 Estudos recentes com primatas amazônicos

Quase uma década depois, salientamos os trabalhos de uma segunda geração de

primatólogos: Frazão (1992) e Lopes (1993) ambos com Chiropotes satanas; o primeiro

enfatizando a ecologia alimentar da espécie na Amazônia Central (PDBFF) e a segunda a � � Johann Baptist von Spix nasceu na Baviera, em 9 de fevereiro de 1781, e morreu em Munique em 15 de maio de 1826. Formou-se em medicina em 1806 e em 1809 foi para Paris especializar-se em Anatomia Comparada. Junto com outro Bávaro, Karl Friedrich Philipp von Martius, também médico, realizaram a mais frutífera expedição cientifica no Brasil. A expedição teve inicio em 1817 e durou trinta meses ininterruptos, seguindo o itinerário mais inteligente que se possa imaginar (Vanzolini, 2004). Pode-se resumir a contribuição de Spix à primatologia neotropical dizendo que juntou 8 espécies às 33 então conhecidas, o que contribuiu sensivelmente, pela quantidade de suas descrições e ilustrações, para a melhoria do nível da pesquisa (Vanzolini, 1996).

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70

conservação da espécie, entre outros mamíferos da Amazônia Oriental em quatro sítios (três

áreas no Pará e uma no Maranhão), além de entrevistas com moradores sobre sua situação

econômica e atividades cinegéticas. Setz (1993) com a ecologia alimentar e aspectos da

bionomia de Pithecia pithecia crysocephala na Amazônia Central ao norte de Manaus (PDBFF).

Albernaz (1993) estudou o tamanho da área de vida de 4 grupos de Callithrix argentata em Alter

do Chão, Santarém (PA). FIGURA 17.

Queiroz (1995) comparou a dieta de dois folhívoros arborícolas em Mamirauá (AM), um

guariba e uma preguiça (Alouatta seniculus e Bradipus variegatus, respectivamente).

Mais recentemente destaca-se os trabalhos de uma terceira geração de primatólogos:

Subirá (1998) com Saguinus bicolor, na região de Manaus. RAVETTA (2001) com seu estudo

sobre a amplitude da distribuição geográfica do macaco-aranha, Ateles marginatus na FNT.

Boubli (1994) com Cacajao melanocephalus no Pico da Neblina em Roraima. Spironello (1987,

1991) estudou o tamanho da área de vida de Cebus apella e a importância das palmeiras na sua

dieta no PDBFF. Calouro (2005) estudou como o manejo florestal de “baixo impacto” e a caça

afetou a comunidade de primatas na Floresta Estadual de Antimary no Acre.

Salienta-se a contribuição de Stephen Ferrari para a formação de inúmeros primatólogos

de campo “paraenses”, principalmente no estudo do gênero Chiropotes. Além de Lopes (1993)

já citado, destaca-se: Nunes (1992) com o uso de hábitats e organização social de Ateles

belzebuth, Silva Jr. (1991), Bobadilla (1998), Carvalho (2000), Pereira (2002) que estudou a

ecologia alimentar de Chiropotes satanas na Fazenda Amanda (PA), Santos (2002), Silva (2003)

e Vieira (2005) que estudou a ecologia alimentar de Chiropotes utahick da Ilha de Germoplasma

emTucurui (PA).

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71

Figura 17 – Foto de um pedaço de Alter do Chão, considerado o Caribe Brasileiro. Este é sitio onde Albernaz (1993) estudou Callithrix argentata, é um ecossistema muito interessante porque é um enclave de cerrado em plena selva amazônica. Como o autor não possuía uma lente grande angular ele subiu no morro de Serrapiroca e tirou duas fotos e fez uma composição. Ao fundo o Rio Tapajós, no primeiro plano a vegetação e entre os dois, o lago Jacaré. Fonte: própria do autor (1998)

69

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72

Salienta-se ainda: Oliveira (1996) com seu estudo sobre a ecologia alimentar e uso do espaço de

um grupo de Saguinus midas niger em Paragominas (PA); Iwanaga (1998) com a distribuição,

abundância, ecologia e status de conservação dos Atelíneos em 32 sítios no estado de Rondônia.

Os dois estudos a seguir foram com Alouatta belzebul, Pina (1999) estudou padrões de

espaçamento em Alouatta belzebul em Caxiuanã (PA) e SOUZA (2005) estudou a ecologia e a

conservação da espécie na Paraíba. Messias (2002) inventariou a mastofauna de algumas áreas

de Rondônia. Corrêa (2006) estudou Mico argentatus (o novo nome de Callithrix argentata) e

Jerusalinsky (2006) estudou Callimico coimbrai.

A contribuição de Horácio Schneider, Paula Schneider e Iracilda Sampaio, para a

genética dos primatas amazônicos, mereceria um capitulo à parte, se não fugisse do escopo desta

tese.

2.8 As comunidades de primatas da Amazônia

Na Amazônia Brasileira os primatas totalizam 58 espécies, sendo 54 endêmicas

(93,10%). Esta diversidade esta distribuída em três famílias, sendo uma delas endêmica

(Callimiconidae) (FONSECA et al, 1996). Existe um gradiente de diversidade de primatas no

sentido leste-oeste da Amazônia Brasileira sendo que as áreas de maior riqueza localizam-se no

sudeste do Acre e sudoeste do estado do Amazonas. Estas áreas concentram 11 spp., de um total

de 80 (considerando as subespécies), sendo que 19 delas estão ameaçadas de extinção (23,75%).

Lamentavelmente 15 espécies (17,2% das 80) de primatas amazônicos ocorrem fora de qualquer

unidade de conservação (FURLANI, 1998).

A Amazônia engloba uma área de ambientes arbóreos muito maior que a Mata Atlântica.

Mesmo assim encontra-se comunidades de primatas amazônicas com apenas três ou quatro

espécies, em ambientes intactos não florestados. Por outro lado, comunidades de até quatorze

espécies, as maiores conhecidas em qualquer continente, podem ser encontradas na Amazônia

ocidental (TERBORGH, 1983).

Na parte oriental da Ilha de Marajó (Rio Jutuba), por exemplo, cuja vegetação natural

assemelha-se com o cerrado típico do Brasil Central, encontramos apenas três gêneros: Alouatta,

Aotus e Saimiri (PERES, 1989). A aparente ausência de Cebus é curiosa, uma vez que ele ocorre

na parte ocidental da Ilha de Marajó. Considerando as diferenças de hábitat e fauna entre a parte

Page 74: Estudos populacionais dos primatas em duas florestas nacionais do ...

73

oriental e ocidental da ilha, é provável que pressões antrópicas diferenciadas estejam envolvidas

nesta aparente “anormalidade”.

A diversidade de primatas é reduzida também em florestas inundadas: várzeas, igapós e

mangues. Em Mamirauá (AYRES, 1993), e.g., as ilhas mais novas de várzea são habitadas por

apenas quatro gêneros: Alouatta, Cacajao, Cebus e Saimiri. Sendo que Cacajao e Saimiri são os

verdadeiros especialistas de ambientes inundados, enquanto Alouatta e Cebus são oportunistas,

ecologicamente flexíveis, e de compleição física que permitem atravessar rios e colonizar novas

ilhas. Os pequenos calitriquídeos foram os últimos a colonizar estas áreas (AYRES e

CLUTTON-BROCK, 1992). Como prevê a teoria de Biogeografia de Ilhas, o número de

espécies encontradas na várzea cresce na medida em que a idade da ilha aumenta.

A diversidade de primatas é baixa também no mangue, onde possivelmente somente

Cebus apella consegue colonizá-lo de forma permanente (FERNANDES ; AGUIAR, 1993),

embora Alouatta e Chiropotes também sejam encontrados esporadicamente neste hábitat. A

baixa diversidade de primatas neste hábitat reflete também uma redução na diversidades de

outros grupos de fauna e flora, em comparação com a floresta de terra firme. Se pensarmos em

um gradiente arbóreo, os manguezais representariam um dos extremos e as florestas tropicais, o

outro. Naqueles solos hidromórficos de água salobra vicejam apenas três espécies: Avicenniia

tomentosa, Laguncularia racemosa e Rhizophora mangle (ODUM, 1988).

Independente da influência do hábitat, existe um gradiente de diversidade dentro da

Amazônia aumentando de leste para o oeste, paralelo a fatores como precipitação, riqueza dos

solos e a própria diversidade de outros grupos de fauna e flora (AYRES 1993; EMMONS 1984;

GENTRY 1988; PRANCE 1992). Na Pré-Amazônia maranhense (Gurupi), encontramos apenas

sete espécies de primatas, metade das quais ocorrem em regiões da Amazônia Ocidental, como o

Rio Urucu.

Fora este gradiente e os padrões gerais, a ocorrência ou não de um dado gênero em uma

região especifica pode refletir alguns fatores históricos, especialmente a distribuição e dinâmica

dos rios, as principais barreiras geográfica na Amazônia (AYRES ; CLUTTON-BROCK, 1992).

No estudo supracitado os autores atestaram que a variação no tamanho (largura e/ou descarga), a

cor da água (negra, marrom ou branca) e a distância da cabeceira são fatores determinantes do

grau de similaridade da comunidade primatologica de ambas as margens dos rios amazônicos. E

ainda que tais fatores são correlacionados com a compleição física e a habilidade dos primatas de

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74

explorar diferentes ambientes (florestas inundáveis versus florestas de terra firme). Estas

correlações acabam determinando a capacidade desses animais arborícolas de transpor barreiras

fluviais e expandir suas áreas de distribuição geográfica.

Ferrari (1995) hipotetiza que ausência de Ateles e Pithecia do sudeste da Amazônia esteja

relacionada a história de suas irradiações em relação a distribuição dos rios, embora em alguns

casos específicos, como a ausência de Alouatta entre os Rios Ji-Paraná e Madeira seja de difícil

interpretação, a não ser por fatores como epidemias. Cabe lembrar que este gênero é muito

susceptível a febre amarela, grupos inteiros sucumbiram na IBC (MILTON, 1982). Por outro

lado PERES (1997a) acredita que exista uma amostragem insuficiente de estudos com barreiras

não fluviais na Amazônia que suporte previsões sobre distribuições dos primatas. Tal hipótese é

suportada por inúmeras ausências de primatas em sítios dentro de sua área de distribuição, bem

como grandes variações de densidade populacional dentro do bioma amazônico quando se

compara sítios em terra firme com sítios permanentemente alagados.

Alguns autores (e.g. ANDERSON, 1978; HILL, 1962; JONES ; GEORGE et al., 1988)

acreditam que a grande extensão de alguns rios amazônicos, como, por exemplo, o Rio Tapajós

funcione como uma barreira geográfica. Tais estudos sugerem que o rio limitou a dispersão de

vários grupos de vertebrados, inclusive primatas. Pithecia hirsuta, Cebus albifrons, Ateles

paniscus chamec, Callithrix humeralifera estão restritos a margem esquerda (oeste) do Rio

Tapajós no Parque Nacional da Amazônia (PARNA), próximo a Itaituba (PA). Por outro lado,

Ateles marginatus e Callithrix argentata leucippe estão restritos a margem direita (leste) na

Floresta Nacional do Tapajós (FNT). Os gêneros Alouatta e Callicebus exibem diferentes

espécies nos dois lados do rio Tapajós. Alouatta nigerrina e Callicebus molock hoffmansi na

margem esquerda (PARNA) e Alouatta discolor e Callicebus moloch moloch na margem direita

(FNT). É provável que outras diferenças sejam encontradas com levantamentos mais intensos e

de longo prazo (GEORGE et al., 1988).

Fora do Brasil os estudos de Terborg (1983, 1985, 1986), Terborg e Stern (1987)

descrevem a comunidade de primatas melhor conhecida. Além dos estudos peruanos

supracitados em Cascha Cochu, os estudos de Van Roosmalen (1985) no Suriname, embora

auto-ecológicos (Ateles paniscus paniscus) merecem um olhar cuidadoso, pelo descrição

botânica, de alto nível, de seus itens alimentares. Por outro lado, os estudos na IBC, embora

abundantes, precisam ser encarados com alguma cautela, uma vez que o único primata residente,

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75

depois do isolamento artificial da Ilha (abertura do Canal do Panamá) era Alouatta palliata.

Ateles geoffroy foi introduzido posteriormante, de modo que fenômenos ecológicos elementares,

como competição e compressão de nicho (FIGURA 18), colocam a famigerada Ilha sob

suspeição, no que tange a sua “comunidade” de primatas. Sem falar nas epidemias de febre

amarela e fome (e.g. FOSTER, 1982; MILTON, 1985). Eisenberg et al., (1979) escreveu “a

sucessão vegetal, extinções locais e o desaparecimento de grandes predadores na IBC

produziram uma comunidade zoológica um tanto artificil”.

Espécie A

Espécie B

Comunidade pobre em espécies Comunidade rica em espécies

H á b i t a t

Há b i t a t

Alimentos dentro do hábitat

Alimentos dentro do hábitat

Espécie C Espécie D

Espécie A Espécie E

Espécie G Espécie H

Espécie I Espécie B

Espécie F Espécie C

Figura 18- Ilustração esquemática da “hipótese da compressão”. A medida que aumenta o número de espécies que invadem um hábitat, a competição interespecífica força cada espécie a diminuir a gama de hábitats que explora; não obstante, a gama de alimentos ingeridos deve aumentar ou permanecer mais ou menos constante. Inversamente, se uma espécie invade um hábitat que está empobrecido em quantidade de espécies, a redução da competição interespecífica freqüentemente deve permitir uma expansão da variedade de hábitats ou microhábitats explorados. Está hipótese só é válida para o tempo ecológico e não faz referência as variações evolutivas do nicho Fonte: MacArthur e Wilson (1976)

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76

2.9 Competição por exploração: distribuição livre ideal

Hoje sabemos que a Amazônia é mais heterogênea do que se supunha no passado, mesmo

considerando apenas um tipo de hábitat, a floresta de terra firme, palco desse estudo, percebe-se

que ela é sazonal e composta por um mosaico de ambientes de diferentes graus de riqueza

alimentar. Para simplificar, imagine que existem dois lugares: um rico, contendo muitos recursos,

e um pobre, com poucos recursos, e que cada indivíduo decide explorar o hábitat onde obtém

maior retorno, medido como taxa de consumo de recurso. Na ausência de competidores, um

indivíduo simplesmente iria para o melhor dos dois ambientes, e é isto que supomos que aconteça

com o primeiro a chegar. Mas o que acontece com os últimos? Não há territorialidade ou luta, de

modo que não há limite para o número de indivíduos que poderá adentrar o hábitat. Entretanto,

quanto maior o número de competidores intra-especifico que passam a ocupar o hábitat rico, mais

os recursos serão reduzidos e menos vantajoso ele se torna para os retardatários. Eventualmente,

um ponto seria atingido aonde o próximo competidor que chegasse, se sairia melhor se ocupasse

o hábitat de menor qualidade, onde, apesar da menor oferta de recursos, haverá menor

competição. A partir desse momento, os dois ambientes serão preenchidos de modo que a

vantagem obtida por um indivíduo recém-chegado é a mesma em ambos.

Em outras palavras, os competidores ajustam sua distribuição em relação à qualidade do

hábitat. Essa suposição faz parte da Teoria de Forrageio Ótimo (TFO). Acredita-se que ela deva

afetar a densidade dos grupos forrageadores de primatas, de modo que cada indivíduo desfrute da

mesma taxa de aquisição de recursos. Este padrão teórico de distribuição de competidores entre

recursos foi denominado distribuição “livre ideal” por Fretwell (1972), porque os animais são

livres para se deslocar para o ambiente onde conseguem o melhor resultado (não há exclusão dos

piores competidores pelos melhores) e que os animais são ideais no sentido de possuírem

informações completas sobre a disponibilidade dos recursos (FIGURA 19).

Page 78: Estudos populacionais dos primatas em duas florestas nacionais do ...

77

2.10 Competição por meio de defesa de recursos: a distribuição despótica

Considere a mesma situação anterior: dois ambientes diferentes, desta vez o primeiro

competidor ao se fixar no hábitat rico defende os recursos estabelecendo territórios (áreas

contendo o recurso), de modo que os últimos a chegarem são compelidos a ocupar o hábitat

pobre, ainda que tenham um desempenho menor do que os indivíduos do hábitat rico. Quando o

hábitat pobre é preenchido com indivíduos que defendem territórios, os próximos a chegar são

inteiramente excluídos dos recursos (FIGURA 20). Este tipo de situação é muito comum na

natureza (KREBS ; DAVIES, 1996). Dos gêneros que fizeram parte desse estudo, Callithrix,

Saguinus, Callicebus e Alouatta exibem, em maior ou menor grau, comportamentos territoriais.

Neste modelo os indivíduos mais fortes são déspotas que se apropriam dos melhores

recursos e forçam os demais a ocuparem áreas de baixa qualidade (VEHRENCAMP, 1983).

Hábitat Rico

Hábitat Pobre

Número de competidores a

Recompensa por indivíduo

Figura 19- Distribuição Livre Ideal. Não há limites para o número de competidores que podem explorar o recurso. Cada indivíduo está livre para ir onde quiser. Os primeiros animais procurarão o hábitat rico. Devido à diminuição na oferta de recursos, quanto maior o número de competidores, menor a recompensa por indivíduo, de modo que, no ponto a, o hábitat pobre torna-se igualmente atrativo. Daí em diante os ambientes deveriam ser ocupados de modo que as recompensas por indivíduo se mantivessem iguais em ambos Fonte: Fretwell (1972).

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Na natureza, a maioria dos casos apresenta características de ambos os modelos

supracitados. Talvez a situação mais comum seja aquela em que o melhor local para um

indivíduo depende de onde estão os demais competidores. Mesmo assim, num mesmo hábitat,

alguns indivíduos obtêm uma maior parcela de recursos do que outros, geralmente os indivíduos

que ocupam as primeiras posições na hierarquia do grupo social. Krebs e Davies (1996)

acreditam que seja pouco provável que haja uma única população onde todos os indivíduos

tenham habilidades iguais de competir. Milinski (1984) supõe que a distribuição livre ideal com

competição desigual se efetive por causa do modo como os indivíduos subordinados comportam-

se e portanto, distribuem-se, em relação aos déspotas. De fato, argumenta ele, os déspotas são

partes do hábitat do qual os subordinados respondem no momento de decidir onde irão forragear.

Observe como apenas um único parâmetro populacional, a densidade, pode influenciar e

ser influenciada por diversos fatores populacionais e ecológicos como: distribuição espaço-

temporal dos recursos, tipo de dieta, comprimento dos percursos diários, tamanho da área de

vida, capacidade suporte, tamanho e taxa metabólica dos indivíduos, tamanho dos grupos

forrageadores, dispersão, competição por recursos, distribuição etc.

Hábitat Pobre

Hábitat Rico

Número de competidores ba

Número de indivíduos tendo Acesso ao recurso

Figura 20 – Defesa dos recursos. Os competidores ocupam o habitat que contem mais comida em primeiro lugar. No ponte a este hábitat está cheio e os recém chegados são obrigados a ocupar o habitat pobre por que os animais são territoriais. Quando este também estiver preenchido (ponto b), os competidores recém chegados são excluidos dos alimentos simultaneamente e devem procurar outro lugar, se não quiserem sofrer de inanição. Fonte: Krebs e Davies (1996)

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79

2.11 O Estado do PARÁ

O nome Pará vem do tupi pa’ra, mar, nome do braço direito do Rio Amazonas, conhecido

nesse trecho por Rio Pará, que ao confluir com o Rio Tocantins, se alarga muito parecendo um

mar. Daí a denominação de Grão-Pará, nome que recebeu a respectiva capitania em 1616,

passando a província em 1823 e a Estado do Pará em 1889. O estado do Pará, em especial o vale

do Tapajós já viveu importantes ciclos econômicos, como o da borracha, juta, ouro e

contemporaneamente, madeira e soja. Infelizmente nenhum deles foi capaz de conduzir a região

a um desenvolvimento sustentável e duradouro. O Pará é atualmente o estado que mais desmata.

O Pará é o segundo maior estado brasileiro; possui 1.253.164 km². Apesar de ser

amplamente coberto por florestas (81%), cerca de 16% (200.000 km2) o equivalente ao estado do

Paraná já foi alterado pelo homem. Segundo os dados do INPE, a taxa anual de desmatamento

entre 1998 e 2000 foi de 6.700 km2/ano, ou seja, o equivalente a 4.589 campos de futebol por

dia (BIOTA PARÁ, 2003). Atualmente é o estado que mais desmata no Brasil. Segundo dados

do sistema DETER, que capta apenas grandes desmatamentos, São Felix do Xingu foi a

recordista estadual do desmatamento. Entre 2005 e 2006 o município perdeu 775,5 Km² de suas

florestas. No período 2004/2005, foram 587 km². A análise dos dados por meio do DETER

também mostraram uma redução significativa no ritmo de desmatamento no estado de MT. Uma

boa notícia, para um estado considerado o vilão do desmatamento nacional. A devastação no

período 2005/2006 foi 34 % menor do que no biênio 2004/2005 (FORNENTI, 2006). Uma parte

do desmatamente é proveniente dos 20 mil fornos para a produção de carvão sem autorização. As

carvoarias foram se instalando a partir do final da década de 80 com o objetivo de fornecer

matéria prima para as indústrias de ferro gusa instaladas à margem da estrada de ferro Carajás

(que liga o interior do Pará ao porto de São Luiz no Maranhão). O Ibama acusa as siderúrgicas

de retirarem ilegalmente o equivalente a 550 mil carretas de toras. Além das pesadas multas já

aplicadas, o Ibama entrou em junho (2007) com quatro ações publicas contra as siderúrgicas

cobrando indenização de 832 milhões. De acordo com o Código Florestal, quem explora carvão é

obrigado a manter a floresta própria para garantir a exploração racional do produto (SCHEID,

2007), a utilização de mão de obra infantil nas carvoarias; e trabalho escravo em fazendas

espalhadas pelo interior do estado (ROCHA, 2005) é um agravante.

O Pará possui também savanas e campos naturais que ocupam cerca de 7% (mancha de

cerrado, baixo planalto de Santarém) campos limpos (lado oriental da Ilha de Marajó e baixo

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80

Trombetas). As florestas sempre verdes, de valor madeireiro significativo, representam 70 % das

terras do estado (IBGE, 1990). Produz 65 % da madeira em tora do Brasil. É o terceiro maior

exportador de madeira do Brasil (543 milhões de dólares anuais o que representa 18% das

exportações nacionais) ficando atrás somente do Paraná e Santa Catarina. No Brasil a área sob

certifiçao é catastrófica, apenas 3,04 milhões de ha. Em 2001, o conhecimento sobre certificação

florestal� entre os madeireiros era raro. A grande maioria (80%) dos entrevistados no estudo de

Sobral et al., (2002), nunca tinham ouvido falar sobre o tema e o confundia com selos e carimbos

emitidos pelo Ibama. A atividade gera 58,6 mil empregos direto. Acredita-se que cada emprego

direto gere 2,06 empregos indireto (LENTINI et al., 2003). A maior parte da atividade

madeireira está concentrada ao longo das principais rodovias (BR-010 e PA-150) e dos rios

navegáveis. O estado possui teoricamente 29 % de suas terras legalmente proibidas para

exploração madeireira, 22 % destas em terras indígenas, 5,5 % em áreas militares e 1,5 % em

reservas da natureza. Na verdade, a atividade madeireira tem sido documentada sistematicamente

dentro das áreas protegidas (VERÍSSIMO et al, 1995). O Ibama, o Incra e a Funai tem tido muita

dificuldades em proteger áreas sob sua responsabilidade, contra a incursão dos madeireiros.

Existe apenas 1 guarda florestal nas Unidades de Reserva da Natureza para cada 6.053 km2. Nos

Estados Unidos está proporção é de 1:82 km2 (PERES ; TERBORGH, 1995). O bom manejo,

procedimentos de exploração florestal sob bases científicas é praticado em menos de 5% dos

casos. Ao contrário da percepção comum, a grande maioria (86 %) da madeira amazônica é

consumida no Brasil, enquanto apenas 14 % são exportados. Internamente o destaque é o estado

de São Paulo, com cerca de 20% de todo o consumo nacional (SMERALDI ; VERÍSSIMO,

1999). Em 2001 seu consumo foi de 6,1 milhões de metros cúbicos em tora, superando o

consumo de qualquer país da Europa. Inclusive o mercado externo prefere madeira de

reflorestamento, principalmente Pinus, enquanto que, o mercado interno optou por madeira da

Amazônia (SOBRAL et al, 2002).

A situação fundiária do Pará dentro da Amazônia Legal é a seguinte: terras privadas

(18%), áreas protegidas (28%) e terras devolutas (54%) (LENTINI et al., 2005). O Pará abriga a

� � Selo Verde. A certificação florestal é um mecanismo de verificação independente, cujo objetivo é avaliar se a madeira provém de florestas manejadas de forma sustentável. Para obter o selo verde, o projeto de manejo florestal deve cumprir uma série de exigências ambientais (redução de danos durante a extração, proteção da fauna, respeito às áreas de preservação permanente, etc.) e sociais (respeito à legislação trabalhista, bom relacionamento com a comunidade local, etc.), além de ser viável economicamente. Se o projeto de manejo atender a esses requerimentos, emite-se um certificado (selo) que atesta a origem sustentável do produto florestal (Sobral et al, 2002).

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maior área grilada do mundo. Na década de 1990 o empreiteiro paraense, Cecílio Rego de

Almeida, 77 anos, grilou duas fazendas no Pará, que somadas compreendem 5,7 milhões de ha,

uma área maior que o estado da Paraíba. Os direitos do empresário estão sendo contestado pela

justiça (BARROS, 2005).

2.12 Florestas Nacionais (Flonas)

Flona é a sigla utilizada para designar uma Floresta Nacional, que por sua vez se refere a

uma das sete categorias de uso sustentável definidas pela lei nº 9985 de 21/06/2000 que

estabelece o SNUC – Sistema Nacional de Unidades de Conservação. A legislação que permitiu

a criação da Flona do Tapajós na década de 70 é, entretanto, anterior a lei que estruturou o

SNUC. Naquela época (IBDF) a limitação dos instrumentos legais então vigentes, não previam a

permanência de populações tradicionais (RODRIGUEZ ; BACHA, 2004a).

Das 601 UC brasileiras, as unidades de uso sustentável representam 82,67% delas. As

Flonas totalizam 73 unidades (IBAMA, 2004). A Floresta Nacional do Tapajós se transformou

em uma das mais importantes experiências brasileiras envolvendo questões socioeconômicas,

conservação de recursos naturais e produção florestal. Se consideradas todas as iniciativas de

estudo até hoje implementadas nesta unidade, é quase impossível propor uma nova experiência

que já não tenha sido abordada, total ou parcialmente, em algum momento da história dessa

floresta nacional. Cabe aqueles que agora se debruçam sobre o enorme acervo de informações

gerado, tirar lições e sugerir estratégias para o futuro (RODRIGUEZ ; BACHA, 2004b).

2.13 Os Habitantes da Floresta Nacional do Tapajós

Considerando que os amazônidas são nordestinos transplantados a pouco mais de 100 anos

para um ambiente opostamente diferente do semi-árido, sua adaptação é um fato extraordinário.

Essa integração territorial, cultural e humana se vem fazendo orgânica, nos últimos anos, graças

a comunicações diretas estabelecidas por meio dos rios que correm do planalto central para o

Amazonas e das rodovias abertas para ligar Brasília ao Rio Mar e incipientemente, para cortar

transamazonicamente a floresta, de norte a sul, de leste a oeste.

Desalojados de latifúndios e minifúndios de todo o Brasil estão aprendendo a viver na

mata, criando um novo gênero de ocupação que ainda não se configurou. Os novos povoadores,

pelo contrário, tudo ignoram; vêem a floresta como obstáculo. Seu propósito é tombá-la para

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82

convertê-la em pastagens ou em grandes plantios comerciais. A eficácia desse modo de ocupação

é de todo duvidosa, mas a sua capacidade de importação é inelutável, mesmo porque conta com

as benesses de uma parte dos governos (RIBEIRO, 1977).

Estudos antropológicos evidenciam que o processo de ocupação territorial do Pará foi

bastante diversificado, composto por indígenas, ribeirinhos, migrantes, posseiros, garimpeiros,

pescadores, extrativistas e colonos (HÉBETE et al, 1991). A população residente na FNT retrata,

em nível local, parte desta sociodiversidade. O censo de 1995 registrou que 71,1% dos “chefes

de família” das 16 comunidades ribeirinhas pesquisadas haviam nascido dentro da unidade de

conservação. Quando somadas àquelas nascidas em outros distritos de Santarém (18,5 %), outros

municípios paraenses (4,3 %) e outros estados nortistas (1,4 %), o estudo concluiu que 95,5 %

dos chefes de família eram da região amazônica.

A população que habita a FNT é de aproximadamente 10 mil pessoas, que se distribuem

por 25 comunidades (localizadas em sua maioria, às margens do Rio Tapajós) e no município de

Aveiro (cuja área urbana localiza-se dentro da Flona).

O levantamento mais recente foi realizado pelo Pró-Manejo/IBAMA em 2005, por meio de

um Diagnóstico Rural Participativo (DRP). Estas informações foram complementadas com

outras disponibilizadas pela chefia da Flona e demais organizações parceiras. As comunidades

localizadas ao longo da margem direita do Rio Tapajós (20 em disposição norte-sul, subindo o

rio) somam a maior parte dos residentes da Flona considerados povos tradicionais (ribeirinhos,

caboclos e índios). Dentre estas, três (Marituba, Bragança e Taquara) reivindicaram junto a

FUNAI sua identidade indígena e a delimitação de suas terras. Mais quatro comunidades

localizam-se acompanhando os limites da Flona ao longo da Cuiabá-Santarém, nas proximidades

do km 89. São constituídas majoritariamente por população não-tradicional (colonos), que

migraram para a região em períodos relativamente recentes. Algumas destas comunidades têm

entre seus moradores, agricultores que possuem terras fora da Flona, do outro lado da BR-163. A

mais antiga é São Jorge, com sua origem referida à chegada de migrantes do Ceará e Maranhão.

Atraídos a partir de 1920 pela exploração do pau-rosa (Aniba rosaeodora). Ali foi instalada a

principal usina de processamento de óleo da região. Com o esgotamento do recurso (tiraram até a

raiz), a usina foi desativada a alguns trabalhadores permaneceram na área. Mais tarde (década de

1970), a comunidade incorporou remanescentes do acampamento do 8° BEC, mobilizado para a

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abertura da BR-163 e colonos assentados pelo INCRA. Em 1973 o INCRA distribuiu 103 lotes

de 100 ha. na região.

Atualmente também existem famílias vindas das Regiões Sul a Centro-Oeste. Agricultores

e pecuaristas, sabendo da possibilidade de exclusão da comunidade de São Jorge, fixaram

residência. Ante o crescimento de sua população, razoável infra-estrutura urbana e o perfil bem

definido pelas atividades agropecuárias, a Prefeitura de Santarém elevou a comunidade à

categoria de distrito, e hoje integram o município de Belterra.

As comunidades tradicionais diferenciam-se em termos de padrão de ocupação espacial.

Em algumas comunidades as casas estão concentradas, caracterizando vilas que possuem

benfeitorias comuns e em outras as casas estão dispersas. A “frente” das comunidades varia de

cerca de 2 a 7 km, com fundos entre 7,5 e 12 km do Rio Tapajós. Os moradores vivem

principalmente da caça, pesca, extrativismo florestal não-madeireiro e da agricultura de

subsistência. A agricultura é de coivara, herança indígena milenar na Amazônia, três a quatro

anos de cultivo e subseqüente abandono. Com a colonização agrícola (intensificada na década de

1970) este sistema foi modificado: incorporando-se novas culturas ao ecossistema e

intensificação do número e exploração das clareiras, que passaram a ser maiores e utilizadas por

um período mais longo, afetando a capacidade de regeneração do sistema. Os roçados, que são

estabelecidos mediante autorização da chefia da Flona, procuram manter proximidade com a

água e com as casa de farinha, porém chegam hoje a localizar-se a 6 km da margem do Rio

Tapajós. Os cultivos dominantes são a mandioca (para a farinha), milho, arroz e feijão, mas

também é cultivado em menor escala: cará, batata, maxixe, jerimum, macaxeira, cana-de-açúcar,

quiabo, tomate, pimenta-de-cheiro, pimenta-do-reino, urucum e o café. O cultivo das frutas:

melancia, banana, caju, manga, cupuaçu, murici, abacaxi, goiaba, laranja, limão, tangerina,

taperebá, jambo, bacaba, pajurá, araçá, mangatataia e graviola, também é comum. Em cinco

cumunidades (Uruará, Prainha., Prainha. II, Paraíso e Nazaré) ocorre o plantio de curauá�, uma

� � Curauá (Ananas erectifolius) é uma bromeliácea terrestre cujas folhas (1,2 m) depois de desfibradas são

usadas pela industria automobilística. A Pematec-Triangel, de São Bernardo do Campo, que fabrica as peças estruturais em forma de compósito, comprou uma fazenda em Santarém e começou a incentivar os agricultores para aumentar a produção. Só para atender a wolkswagen seriam necessárias 100 toneladas/dia de fibra. Em 2004 a produção era de 10 toneladas por mês. Alguns carros que estão nas ruas como o Fox e o Polo, já usaram o novo material no teto, na parte interna das portas e na tampa de compartimento de bagagens. Esta fibra amazônica tem a vantagem de ser facilmente descartável e reciclável; e se mostrou imbatível no quesito resistência quando comparado com bucha, banana, bagaço de cana-de-açúcar, maconha, rami, sisal, juta, malva e madeira. As peças são feitas na sede da empresa em São Bernardo do Campo, misturadas com 50 % de fibras têxteis de polipropileno as pecas de plástico são produzidas por um processo chamado termoformagem. Em 2004 começou a funcionar uma fábrica de

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84

bromeliácea terrestre, cujas folhas são vendidas e/ou beneficiadas e servem para a fabricação de

cordas, estofamentos de veículos, etc.

A caça, uma das fontes protéicas na alimentação tradicional, ainda é praticada. Mas os

moradores, analistas do IBAMA e ONGs atuantes na região atestam sua diminuição. Um

caminhoneiro que, viaja na região há trinta anos, relatou ao autor, que o mesmo já chegou a parar

o caminhão e ficar esperando por 15 minutos os bandos de porcos de mato passarem pela BR-

163. Hoje, o maior bando que foi observado neste estudo foi de 40 catetos (Pecari tajacu) na

base de Sucupira (km 117). É bem verdade que os bandos de queixada (Tayassu pecari) são

maiores que o bando dos catetos. Depoimentos colhidos durante a DRT afirmam que a caça era a

atividade mais comum até a criação da Flona em 1974, porém após sua criação a venda de couro

de animais silvestre foi proibida e a população de jacarés e preguiças aumentou. As espécies

sinergéticas preferidas são: paca (Agouti paca), os veados catingueiro (Mazama gouazoubira) e

mateiro (M. americana) e catetos (Pecari tajacu), mas são caçados também outros animais.

Segundo o DRT: tatus (Euphractus sexcinctus, (peba) e Priontes maximus, (canastra), cutia

(Dasyprocta leporina), queixada (Tayassu pecari), anta (Tapirus terrestris), jabuti (Geochelone

carbonaria e Geochelone denticulata), e onças, quando está ataca o gado, (Puma concolor,

sussuarana) e onça-pintada (Panthera onca) (SEKIAMA, et al, 2006).

Os comunitários afirmam ter caça o ano todo, porém caçam mais no verão porque é

mais fácil (no inverno o risco de acidentes é maior, além disso, com as chuvas a palhaça fica

úmida e o movimento da caça é menos perceptível). De setembro em diante há abundância de

peixe e as caçadas diminuem (SOARES, 2004).

Com a baixa do nível dos rios no verão, a pesca, mais do que a caça cresce em

importância como a principal fonte de proteínas na alimentação beiradeira. Há maior densidade

de pescado no inverno, além disto, no verão o boto estraga mais as redes de pesca. As espécies

mais pescadas são: chaperema, pescada (Pachypops sp), filhote (Brachyplatystoma

filamentosum), aruanã (Osteoglossum bicirrhosum), tucunaré (Cichla monoculus), jaraqui

(Semaprochilodus toeniurus), pirarucu (Arapaima gigas), pirapitinga (Piaractus brachipodus),

pirarara (Phractocephalus hemioliopterus), piranha. (Serrasalmus sp) e sardinha. (Triportheus

� processamento de fibra em Santarém. A versatilidade da planta possibilita ainda para a exploração de bromelina, uma enzima utilizada na produção de medicamentos que auxiliam nos processos digestivos, como antiácidos, na industria alimentícia para amaciar a carne e na produção de biscoitos e de ovos desidratados, além de também ser útil no tratamento de couros. Sua utilização na confecção de roupas e ração para animais representa outros usos potenciais do curauá (ERENO, 2004).

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sp). Capturam também para consumo o tracajá (Podocnemis unifilis) e seus ovos, muito

apreciado na culinária local. Como fonte protéica complementar ao peixe e a caça, alguns criam

pequenos animais. Como porcos, galinhas, etc. Poucos criam gado, geralmente para leite, mas a

pecuária é vista como atividade rentável e portanto, desejável.

A extração de produtos florestais, em geral, consiste na retirada de cipó-titica, palhas,

breu e madeira para construção, reforma de casas, barcos, artesanato, e uso medicinal. O

artesanato tem alguma expressão em comunidades especificas. Em Jutuarana, trabalham a palha

para fazer vassouras e peneiras, e também utilizam uma espécie de madeira mole (molongó,

Aimathantus sp) para fazer pequenos objetos, como barcos, entre outros. Uma iniciativa louvável

do Ibama, por meio do ProManejo e entidades parceiras, têm proporcionado a diversificação do

uso de produtos florestais não-madeireiros, como couro de látex, produção de óleos de andiroba

(Carapa guianensis) copaíba, (Copaifera multifuga) e artesanato de madeiras caídas.

Participando da vida santarena como professor universitário por seis anos e como um dos

fundadores do Grupo Gestor da Flona, fomos testemunha ocular do esforço da equipe do

componente IV do ProManejo, para fomentar a diversificação dos produtos e gerar alternativas

de emprego, renda, comércio e escoamento dos produtos. De um modo geral¸ os recursos da

floresta servem mais para consumo (alimentação e medicina) do que para venda – o que só

ocorre quando há encomenda ou comprador certo (e.g óleo de andiroba para uma indústria

francesa) ou excedente (e.g mel). Também retiram múuba (Bellucia dichotoma e B.

grossularioides), piquiá (Caryocar villosum), uxi (Endopleura uchi), cumarú (Dipteryx odorata),

breu sucuruba (Trattinnickia rhoifolia), leite-de-amapá (Brossimum parinarioides), tucumã

(Astrocaryum tucuma), castanha. (Bertholletia excelsa), leite-de-sucuúba (Himatanthus

sucuuba), pajussara, curuá (Ananas erectifolius), açaí (Euterpe oleracea), cupuaçu (Theobroma

grandiflorum), buriti (Mauritia flexuosa), bacaba (Oenocarpus bacaca), taperebá (Spondias

mombim), casca preciosa (Aniba canellila), e sementes para artesanato, (e.g. Ormosia

santarenensis e O. paraensis). As madeiras utilizadas tendem a ser as de onde fazem o roçado,

mas também retiram da floresta jatobá (Hymanaea courbaril), itaúba (Mezilaurus itauba),

cumaru, castanha, caucho (Castilla ulei), mogno (Swietenia macrophilla), maçaranduba

(Manilkara huberi) e cedro (Cedrella odorata).

As cinco comunidades, àquelas ao longo da BR-163, tem um sistema de produção

diferenciado em relação ao da população tradicional. As comunidades de São Jorge, Nova Vida ,

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Nossa Senhora de Nazaré e Santa Clara compõem-se de lotes retangulares de 100 ha., definidos e

distribuídos pelo INCRA na década de 1970. Ao longo dos anos este desenho alterou-se, e hoje

se encontra pessoas que acumulam lotes e outras que detêm apenas uma fração dele.

As áreas são utilizadas para roçados e pastagens. Áreas com matas são encontradas

praticamente apenas nos limites de fundo das comunidades. No sistema de produção dos

“colonos”, o que mais se destaca é a produção de gado em escala significativa, com alguns

produtores manejando rebanhos com mais de 100 cabeças. Nestas comunidades não se pesca. O

corte da seringueira ainda é realizado e o produto comercializado (SOARES, 2004). As

FIGURAS 21 a 23 representam uma visão geral de cada uma das três bases de estudo.

Figura 21 - Base de Sucupira no km 117 da Cuibá-Santarém. Esta é a principal base de pesquisa na FNT. Inicialmente era um ponto de prospecção da Petrobrás, que não encontrando óleo (apenas gás) a abandonou, posteriormente foi incorporada pelo Ibama de Santarém. Fonte: própria do autor (1998)

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Figura 23 - Entrada da base do Ibama no km 67 da Cuiabá-Santarém. Fonte: própria do autor (1998)

Figura 22 - Base do Ibama a beira do km 83 da Cuiabá-Santarém. Fonte: própria do autor (1998)

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2.14 Os habitantes da Flona de Saracá-Taquera (FNS-T)

No total residem na FNS-T, 2.485 comunitários. A população de entorno são quilombolas11

que tiveram suas terras tituladas recentemente. Não tivemos muito contato com comunitários

(exceto 3 caçadores), e os trabalhadores da MRN, no entanto, maiores informações estão

disponiveis em (ACEVEDO ; CASTRO, 1993; GOMES 2003; MEDINA, 1993; PMFNS-T,

2001c).

2.15 Caracterização geral das áreas de estudo Considerando que uma descrição pormenorizada da geologia, geomorfologia e pedologia

das duas regiões estudadas foge do escopo deste estudo, optou-se por uma descrição mais

concisa. Utilizando para isto o conceito de ecorregião. Mesmo porque, o plano de Manejo das

duas Flonas, bem como um série de mapas georreferenciados estão disponíveis no site do Ibama.

Assim, a área de estudo da FNT insere-se na Ecorregião do Interflúvio do Tapajós-Iriri e a área

de Saracá-Taquera, na Ecorregião Interflúvio do Uatumã-Trombetas. Ecorregião é uma área

relativamente grande de terras e águas que contém conjuntos geograficamente distintos de

comunidades naturais. Essas comunidades: (1º) partilham a grande maioria das suas espécies,

dinâmicas e condições ambientais e (2º) funcionam juntas eficazmente como uma unidade de

conservação em uma escala global e continental. As ecorregiões foram bem definidas por Robert

Bailey como ecossistemas importantes resultantes de padrões previsíveis de radiação solar e

umidade de larga escala, que por sua vez afetam os tipos de ecossistemas locais e seus animais e

plantas.

As duas Flonas supracitadas distam aproximadamente 240 km de barco entre si (ou 17

horas) e são compostas principalmente por florestas ombrófilas densa. A Flona Tapajós tem

� 11 O mocambo do Trombetas toma forma em 1821, quando o cafuzo (mestiço de índio e negro) Atanásio, acampa na floresta com 40 companheiros. Trombetas acolhe os remanescebtes de dois outros quilombos famosos, destruídos em 1912, Inferno e Cipotema, e ainda os fugitivos de várias propriedades, que chegam aos grupos de 20, 30 às vezes até 100. Atanásio governa despoticamente e gosta de manter um círculo de medo ao seu redor. Faz cultivar mandioca e um fumo de excelente qualidade. Seus homens colhem castanha-do-brasil, cacau e salsaparilha. Esses produtos são intensamente comercializados no porto de Óbidos. Acevedo e Castro (1993) registram que às vezes descem o rio à noite em canoas e vem comerciar às escondidas. Seus contatos comerciais chegam a estender-se até a Guiana Holandesa e às tribos indígenas disseminadas em regiões relativamente afastadas. Foram necessárias inúmeras expedições para destruir Trombetas, o que ocorreu em 1823. Mas Atanásio, preso, foge e funda na mesma região um novo quilombo, que somente será desmantelado em 1835. Alguns remanescentes da ação policial, criam, então, mais acima do rio, o burgo Cidade Maravilha, tão pacífica que seus comerciantes ambulantes descem a correnteza e vendem suas mercadorias em toda a beira-rio. Sabe-se que por volta de 1852, eles se animam a chegar até as paróquias para batizar seus filhos. Se por acaso encontram seus antigos senhores, pedem-lhes a benção e prosseguem sem serem perseguidos (MATTOSO, 1982).

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544.927 ha. (600 mil ha. no Decreto de Criação) e a Flona Saracá-Taquera 429.600 ha. A

primeira ocorre ao sul do Rio Amazonas e é limitada a oeste pelo rio que lhe empresta o nome e

a segunda ocorre ao norte do Rio Amazonas e é limitada de leste á norte pelo Rio Trombetas

(MMARHAL, 1999) (FIGURAS 24 a 26). A área da FNS-T engloba três municípios com os

seguintes percentuais: Oriximiná, o maior município paraense, com 270.726,337 ha. (61,77 %);

Faro 115.385,376 ha. (26,33%) e Terra Santa 52.189,897 ha. (11,91%).

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Figura 24 - Mapa da localização das duas áreas de estudo. Em laranja as duas flonas estudadas, a Floresta

Nacional do Tapajós, a beira do rio omônimo, localizada ao sul do Rio Amazonas, com 545 mil ha e no Rio Trombetas a Floresta Nacional de Saracá-Taquera, ao norte do Rio Amazonas, com 430 mil ha. Elas distam aproximadamente 240 km em linha reta entre si (ou 17 horas de barco). A comunidade de primatas do Tapajós é composta por 8 espécies e a do Trombetas por 9. Fonte: Atlas de Conservação da Natureza (2004)

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Figura 25 - Mapa em detalhes da FNT, observe sua localização entre os rios Tapajós e

Cupari e as rodovias federais, Transamazonica e Cuiabá-Santarém e ainda os locais onde foram instaladas as trilhas (km 67, 83, 117) da BR-163 Fonte: Parrota et al., (1993), modificado pelo autor

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Figura 26 - Floresta Nacional de Saracá-Taquera em detalhes a unidade de conservação contígua a ela, a Reserva Biológica do Rio Trombetas, estabelecida principalmente por possuir inúmeras praias de desova de quelônios.

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2.16 A vegetação da Floresta Nacional do Tapajós

A vegetação da FNT e das áreas contíguas é parte de uma subdivisão fitogeográfica da

Amazônia designada sob vários sistemas de classificação: “hylaea” sulina (DUCKE e BLACK,

1953), setor sul (RIZZINI, 1963), baixo Xingu-Tapajós (HUECK, 1972), e Xingu-Madeira

(PRANCE, 1973, 1977). Embora as fronteiras desta região tenham classificações, diferentes entre

si, todas elas são limitadas ao norte pelo Rio Amazonas.

As florestas de terras altas, ou terra firme, que compreendem aproximadamente um terço

da área total da FNT, são as formações florestais dominantes na Amazônia brasileira cobrindo

aproximadamente 200 milhões de ha., ou perto de 60 % da área total da região. Na FNT, estas

formações se caracterizam pelas espécies emergentes como Bertholletia excelsa, Couratari spp,

Dinizia excelsa, Hymenaea courbaril, Manilkara huberi, Parkia spp, Pithecellobium spp, e

Tabebuia serratifolia (SILVA et al, 1995). Coletivamente, a FNT contém pelo menos 400

espécies arbóreas com possibilidades comerciais.

No período entre marco de 1973 e setembro de 1975, o Projeto RADAMBRASIL (1976)

empreendeu o levantamento dos recursos naturais na região do Baixo Amazonas. A amostragem

adotada nos inventários seguiu critério acidental estratificado, com unidade amostral padronizada

em formato retangular e área de 10 mil m2. As medições consideraram todos os indivíduos com

circunferência superior a 100 cm. No Baixo Amazonas, o inventário de vegetação amostrou 56

unidades na sub-região de baixos platôs da Amazônia e 5 unidades na sub-região de Altos platôs

do Rio Xingu e Tapajós, ambas sub-regiões ocorrentes na FNT. Deste conjunto de pontos

amostrais, oito unidades foram distribuídas ao longo da BR-163, cinco unidades inclusive, dentro

da FNT. O valor médio de madeira registrado na FNT foi de 194 m3/ha. de madeira sem casca e

67 árvores por ha. Os técnicos do projeto supracitado assim a definiram:

Trata-se de uma floresta alta sem babaçu, apresentando poucas árvores com grandes diâmetros e distribuídas aleatoriamente. Esse tipo encontra-se em terrenos moderadamente ondulados, pertencentes à Formação Planalto propriamente dita. Ocorre em uma grande extensão da FNT e é limitada ao norte pelo tipo denominado mata alta com babaçu. Ao sul limita-se ao complexo de matas cipoálicas, que crescem em terrenos de planaltos dissecado

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A Floresta Tropical densa estudada na área (RADAMBRASIL, 1976) compreende as duas

principais subdivisões ecológicas, ou seja, a sub-região dos Baixos Platôs da Amazônia e a sub-

região dos Altos Platôs do Xingu-Tapajós, apresentando cada uma suas características

específicas. Pela inserção da FNT nesta última sub-região, apenas ela será abordada.

2.16.1 Sub-Região dos Altos Platôs dos Rios Xingu-Tapajós

Ocorre na área uma fisionomia florestal densa, com indivíduos emergentes, ocupando as

áreas aplainadas dos platôs, caracterizado, não só por apresentar alto volume, como também pela

presença de espécies de alta cotação nos mercados externo e interno.

Dentre as principais espécies temos a maçaranduba (Manilkara huberi), piquiá (Caryocar

villosum), tachi preto (Tachigalia myrmecophylla), pau-de-remo (Chimarrhis turbinata),

carapanaúba (Aspidosperma nitidum), cupiúba (Goupia glabra), ucuúba-da-terra-firme (Virola

melinonii) etc. Nesta sub-região o volume médio de madeira para os pontos situados na FNT foi

de 209 m3/ha. A unidade situada na altura do km 117� chegou a registrar 355 m3/ha., valor 65 %

superior ao volume médio de 249 m3/ha para uma densidade de 63 árvores. Os maiores volumes

por ha foram apresentados por acariquara (Minquartia guianensis) com 18,44 m3/ha, piquiarana

(Caryocar glabrum) com 18,21 m3/ha, andiroba (Carapa guianensis), cuiarana (Terminalia

amazonica) com 17,08 m3/ha e parapará (Jacaranda copaia) 16,66 m3/ha (PARROTA et al.,

1995).

2.17 Status de conservação da flora

A lista da flora brasileira ameaçada de extinção registra 107 espécies, das quais 14 são

citadas para o estado do Pará (Ibama, 1992). Comparando com as espécies ocorrente na FNT, a

unidade de conservação abriga pelo menos cinco, a saber: (1) Angelim-rajado (Marmaroxilon

racemosum), (2) Castanha-do-Pará (Bertholletia excelsa) e (3) sucupira (Bowdickia nitida)

classificadas na categoria “vulnerável”; e (4) pau-rosa (Aniba rosaeodora) e (5) mogno

(Swietenia macrophylla) classificadas na categoria “em perigo”.

Deste grupo o pau-rosa é a espécie mais vulnerável na FNT, conseqüência de práticas

predatórias no passado (DUBOIS, 1976; PARROTA et al, 1995). Com o objetivo de avaliar a

situação de regeneração da espécie, Carvalho (1983) estudou a abundância, freqüência e grau de

� � Nesta área do km 117 da Br-163 é onde se localiza a Base do IBAMA (Sucupira).

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95

agregação do pau-rosa em uma área de 35 ha. submetida à exploração pretérita. O levantamento

foi feito a 100 % e considerou os indivíduos de 0 a 300 cm de altura e DAP ≤ 15 cm. A

combinação destes parâmetros resultou em cinco classes de tamanho de recruta (altura até trinta

centímetros) a vara (DAP entre 10 e 15 cm), passando por plantas não-estabelecidas.

O inventário registrou 2.321 indivíduos, com uma densidade de 66, 31 árvores de pau-

rosa por ha. As classes de tamanho de plantas consideradas não-estabelecidas concentraram 95 %

dos indivíduos amostrados e apresentaram as maiores freqüências no conjunto das 35 parcelas

amostradas. A classe de tamanho, planta já estabelecida, ocorreu em apenas 2 parcelas.

Quanto à Castanha-do-Pará, apesar de estar teoricamente protegida de corte desde 1971,

uma série de fatores justificam sua inclusão na lista de espécies ameaçadas: e.g. (1º) as

populações de maior densidade das castanheiras coincide com a área de maior densidade

populacional da Amazônia “arco populacional” (2º) as queimadas coincidem com a época de

floração, o que afeta tanto a árvore como seus polinizadores e a fauna dispersora de suas

sementes (MORI, 1992).

A super-exploração é outro fator preocupante. Com o objetivo de aferir a situação

demográfica das castanheiras, Peres et al., (2003) conduziram inventários florestais em áreas de

florestas primárias em 23 localidades distribuídas na Bolívia, Peru e Brasil. A FNT foi incluída

entre as cinco áreas selecionadas no estado do Pará. O levantamento considerou todas as plantas

com DAP >10 cm. Além disso, também foram coletadas informações sobre o histórico do

extrativismo na área, fisionomia da floresta na área amostrada, condições geoclimáticas e pressão

de caça nos últimos 20 anos, em particular sobre a paca, principal dispersor de suas sementes.

Os resultaram sugeriram uma correlação entre a intensidade do extrativismo e a estrutura

vertical e horizontal das populações analisadas. Nos locais onde se caracterizou a sobre-

exploração da castanha, observou-se o predomínio de árvores senis e baixa densidade ou

inexistência de indivíduos jovens (DAP entre 10 e 60 cm). O tamanho da população de paca foi

outro fator que influenciou a baixa densidade de regeneração.

Na FNT, foi amostrado numa área de 100 ha um total de 269 indivíduos, dos quais 35,7 %

classificados como árvores jovens. A densidade foi de 0,7 árvore/ha, DAP médio de 73,8 ± 2,9

cm, e a intensidade de exploração classificada como baixa. Na análise conjunta sobre o impacto

da exploração, a FNT ficou na quarta colocação, apresentando uma estrutura adequada, ou seja,

boa proporção entre indivíduos velhos, adultos e jovens.

Page 97: Estudos populacionais dos primatas em duas florestas nacionais do ...

96

2.18 Pesquisas zoológicas na FNT

Nestes 30 anos de existência da FNT é perceptível uma assimetria entre estudos sobre a

flora e a fauna, em benefício do primeiro. Estudos zoológicos também são assimétricos,

pendendo para o lado dos vertebrados em comparação com os invertebrados, no entanto, ainda é

incipiente para os dois grupos.

Estudos sobre a diversidade de aves da América do Sul mencionam as florestas do Rio

Tapajós como uma região de alta riqueza de espécies (RAHBECK et al, 2001). Pesquisa

realizada na área de corte seletivo do km 83 (ITTO) na FNT gerou uma lista de 317 espécies de

aves (HENRIQUES et al., 1999). A compilação de diversas listas publicadas gerou 341 espécies

pertencentes a 40 famílias.

No grupo dos mamíferos, cabe destacar o estudo iniciado em 1999 visando compreender

os efeitos da fragmentação dos ambientes sobre as populações do Médio e Baixo Tapajós e

identificar possíveis padrões neste processo de fragmentação da paisagem natural da floresta

(FERRARI et al., 2002). Desde então o projeto já realizou mais de 6 mil km de levantamentos

populacionais de mamíferos em doze pontos de coleta ao longo da rodovia Cuiabá-Santarém,

tanto em fragmentos de florestas situados em áreas particulares, como em mata continua dentro

da FNT. A análise dos resultados preliminares indicou densidades populacionais relativamente

baixas, sugerindo que as populações naturais de mamíferos na região podem ser mais vulneráveis

aos efeitos da colonização humana do que em outras partes da Amazônia.

2.19 Status de conservação da fauna no estado do Pará

A última lista de espécies da fauna brasileira ameaçada de extinção contém 395 espécies,

das quais 32 são de ocorrência registrada no estado do Pará (MMA, 2003). A FNT abriga 14

dessas 32. Destaque para Ateles marginatus, espécie de primata que tem na FNT a única unidade

de conservação dentro de sua área de distribuição O que torna a FNT uma pepita de ouro

incrustada no Oeste do Pará.

Sabe-se que na comunidade de Jaguarari coleta-se grande quantidade de peixinhos

ornamentais para exportação, mas não há dados quantitativos e qualitativos que permitam avaliar

o impacto desta extração. Dos poucos dados disponíveis por meio de notas fiscais apreendidas em

Santarém, sabe-se que no ano de 2003 foram registradas 76 apreensões das quais 17 destinadas a

São Paulo, 17 para Goiânia, 12 para Guararapes (PE), 10 para Belém, 10 para Manaus, 7 para o

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97

Rio de Janeiro, 2 para Altamira, 2 para Paulista (PE) e 2 para Paris. Dentre as espécies mais

cobiçadas estão os acarás-disco (Shymphyisodon distus, S. aequifasciata e S. fasciatus), outros

acarás (Crenicar maculata, Peckoltia sp e Geophagus spp) e acaris (Ancistrus sp).

Sobre os peixes não-ornamentais, a inexistência de levantamentos ictiológicos

sistemáticos impede uma listagem precisa das espécies ameaçadas. No entanto, com base na lista

de espécies de peixes da dieta dos comunitários, pode-se afirmar que a FNT abriga pelo menos

seis espécies listadas como super-exploradas ou ameaçadas de super-exploração, entre elas: jaú

(Zungaro zungaro), mandi-vermelho (Brachyplatystoma filamentosum), pirarucu (Arapaima

gigas) e tambaqui (Colossoma macroporum).

A disputa pelos recursos pesqueiros é razão de conflito entre os comunitários da FNT e os

vizinhos. São comuns as reclamações contra barqueiros com grandes geleiras e pescadores

profissionais que atuam no Rio Tapajós e Cupari e invadem os “lagos das comunidades”.

Durante as entrevistas para a elaboração do plano de manejo os comunitários de Pini e

Nazaré revelaram a alta incidência de peixe-boi nestas comunidades. Em suas proximidades foi

resgatado pelo Ibama, o maior dos 12 filhotes órfãos deste mamífero, depois do assassinato de

sua mãe. A caça do peixe-boi é feita com arpões e malhadeiras no período das cheias, quando as

fêmeas entram nos “lagos” com seus filhotes para nutrição. Apesar da ocorrência nestas

comunidades e também em Jamaraquá, os relatos são unânimes em afirmar que, em muitas

regiões ribeirinhas da FNT, a ocorrência do peixe-boi já é bastante rara. Como o boi terrestre,

deste animal também se aproveita tudo: a cauda e as nadadeiras para maniçoba, o couro para

chicote e a carne como lingüiça.

Fogo e atropelamento são outros fatores que ameaçam a fauna da FNT. A região de

entorno, as margens da BR-163, é constituída basicamente de vegetação secundária. Nestas áreas

ocorrem incêndios florestais com freqüência, causados principalmente pelo secular manejo dos

roçados (PLANO de MANEJO da FLORESTA NACIONAL do TAPAJÓS, 2005). O IBAMA

criou um programa específico para combater incêndios florestais “Prevefogo”, que treina

comunitários por seis meses, com salários pagos pelo governo federal, de modo que todos os anos

vários comunitários vão engrossando as fileiras das brigadas de incêndio como “reservistas”.

Quanto aos atropelamentos eles tendem a se agravar com o inevitável asfaltamento da Cuiabá-

Santarém. Túneis e passarelas para animais são imprescindíveis para minimizar os riscos,

contudo, não garantem que os animais vão utilizá-los.

Page 99: Estudos populacionais dos primatas em duas florestas nacionais do ...

98

2.20 O clima da Floresta Nacional do Tapajós

Os dados climáticos são procedentes da estação Climatológica de Belterra (35 km ao norte

da FNT) no período de 1988 a 2003. O clima caracteriza-se genericamente como quente-úmido,

com temperatura média anual oscilando entre 25 e 26 Cº (nos meses mais frios). A temperatura

mínima pode atingir 21ºC e a máxima até 31°C. As chuvas ocorrem com um volume em torno de

2.000 mm anuais, com maior intensidade de dezembro a junho (período que concentra 70% da

chuva anual) e ocorrência de seca de dois meses (com precipitações de no máximo 60 mm),

sendo a umidade relativa superior a 80% em todo o ano. Apenas para efeito comparativo, a OMS

recomenda a UR de 60% como a ideal para a saúde humana (FIGURAS 29, 31, 33, 34 e 35).

Seu limite norte confronta-se com a área rural do município de Belterra e a Oeste, na

margem esquerda do Tapajós, com a reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns, criada em 1999.

O clima é classificado como Ami no sistema köppen, ou seja, tropical úmido com

variação térmica anual inferior a 5°C. No sistema Gaussen, o clima é classificado como

Xeroquimênico, apresentando as menores temperaturas superiores a 15° C em um período seco

de até 40 dias.

2.21 Os Platôs da Floresta Nacional de Saracá-Taquera

A geomorfologia local caracteriza-se pela presença de vários platôs de tipo aplainado, de

encostas geralmente íngremes e apresentando um desnível médio de 140m em relação ao Rio

Trombetas. Estes platôs de até 40 km2 de extensão perfazem cerca de 10 % da superfície da FNS-

T. A área restante é dominada por terras baixas, ao qual correspondem superfícies levemente

onduladas, cortadas por inúmeros igarapés. Na épocas de enchentes os igapós são inundados

constituindo o vale do Rio Trombetas. Os platôs da região são conhecidos como Saracá,

Papagaio, Periquito, Almeidas, Aviso, Bacaba, Monte Branco, Cipó, Cipozinho, Teófilo,

Fragoso, Rebolado, Cruz Alta, Morcego, Jamari e Bela Cruz (neste último sua estrada de acesso

foi incluído no sistema de trilhas, que somadas perfizeram 10 km).

Das 4 unidade de relevo existentes na região, destacaremos apenas as duas onde as trilhas

foram implantadas. A saber: topos de platô e baixios.

Page 100: Estudos populacionais dos primatas em duas florestas nacionais do ...

99

2.21.1 Topo de Platôs: Os platôs possuem extensão e forma variáveis e superfícies

tabulares aplainadas com variações superiores a 10m. A altitude varia de 150 à 210m,

configurando um aplainamento médio entre as cotas 180 e 175m. Nessa região, as formas de topo

aplainado apresentam crosta bauxítica� e são, por isso exploradas economicamente. Cada platô

mineralizado é limitado por uma escarpa vertical de 5 à 10m de altura, abaixo do qual existe um

declive mais gradual que se estende até o nível 125-100m, o que representa um nível de erosão

intermediário (FIGURA 27).

Os platôs da FNS-T se apresentam destacados no relevo e bastante recortados,

evidenciando um estágio geomorfológico avançado em contraste aos platôs do Município de

Paragominas, por exemplo, que são contínuos e formam extensas chapadas, sendo provavelmente

de estágio menos maduro.

A água das chuvas é em grande parte absorvida pelo solo poroso e permeável de cobertura

que, por sua vez, encontra-se protegido do impacto direto e da erosão pela densa vegetação. Essas

regiões aplainadas podem ser consideradas como verdadeiras zonas de recarga de aqüíferos, onde

as fontes de água doce dos igarapés da região estão relacionadas aos níveis topográficos

identificados como sendo contatos de lentes menos permeáveis, dentro do pacote arenoso da

Formação Barreiras.

2.21.2 Terras baixas: É caracterizada por superfície ondulada, topograficamente abaixo

do nível dos platôs. As terras baixas representam a transição entre as encostas dos platôs e os

sistemas fluviais adjacentes. A morfologia desta unidade caracteriza-se por colinas convexas,

fortemente recortadas por cabeceiras de drenagem. A altitude varia de 50 à 125m.

A trilha aberta dentro desta unidade localiza-se atrás da Base do Ibama (Patauá), tem seis

km de extensão e passa por três igarapés: Igarapé Três Amigos (1.850m); Iguarapé do S,

(2.850m) e Igarapé das Palmeiras, (4.000m) se afastando da base no sentido Norte.

� � Bauxita é uma rocha com aparência de argila, mas sem plasticidade, constituída essencialmente de hidróxidos de alumínio de mistura com argilas, hidróxidos de ferro, fosfatos de alumínio etc. É o principal minério de alumínio, a matéria-prima para a fabricação de sulfato de alumínio, cimento aluminoso e refratários aluminosos (Novo Dicionário Aurélio Século XXI, 1999).

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100

Figura 27- Mapa da região de Saraça-Taquera. Em destaque: a cidade (vermelho) e a sua esquerda o aeroporto, onde próximo a ele foi instalada uma das duas trilhas do baixio “Trilha dos Igarapés” de 5 km (foi um surpresa encontrar uma onça pintada e seu filhore a 3 km da cidade de PT); a segunda trilha do baixiu foi localiza-se na Base de Patauá (5 km), aparece na parte inferior da figura (assinalala com a letra P), do lado esquerdo da estrada de acesso. A única trilha representativa dos platôs foi a do “ Plato de Bela Cruz’’ com 7 km de extensão e localizada a 5 km da Base do Patauá (em verde). A Serra do Aramã, localiza-se mais próxima da Base, 1,8 km (em laranja), foi visitada várias vêzes no início do estudo quando buscávamos uma área que pudesse representar o platô, no entanto, como nunca foi avistado primatas, foi abandonada. Isto se deveu, provavelmente pelo tráfego de veículos. Fonte: KOTSCHOUBEY (1998)

P

98

Page 102: Estudos populacionais dos primatas em duas florestas nacionais do ...

101

2.22 Clima da Floresta Nacional de Saracá-Taquera

A análise da distribuição temporal das variáveis climáticas aqui apresentadas foi baseada

nos dados da estação metereológica de Porto Trombetas. Precipitação é toda água proveniente da

atmosfera que atinge o solo terrestre. Neblina, chuva, granizo, orvalho, geada e neve são algumas

das diferentes formas de precipitação, sendo a chuva a mais importante devido a sua capacidade

de escoar. A disponibilidade de precipitação numa bacia hidrográfica durante o ano é, associada

aos valores de evaporação, determinante para quantificar, entre outros fatores, a necessidade de

irrigação de culturas, abastecimento de água doméstico e industrial, controle da inundação e

erosão do solo.

As principais características medidas para a precipitação são: quantidade total, duração e

distribuição espaço-temporal. A medição da precipitação total, porém, só faz sentido se estiver

atrelada a uma medida de tempo. Por exemplo, 100 mm de precipitação podem representar pouco

em um mês, mas muito em um dia e mais ainda em uma hora. A Organização Mundial de

Meteorologia (OMM) recomenda um período mínimo de 20 anos de dados pluviométricos para

caracterizar o regime de chuvas de uma região, assim a série histórica disponível na Estação

Meteorológica de Porto Trombetas compreende os anos de 1970 a 2000.

Analisando os dados de precipitação média percebe-se a ocorrência de dois períodos

distintos de precipitação: (1º) Estação Chuvosa, inicia-se em dezembro e termina em maio; com

uma média de precipitação mensal de 265,8mm, perfazendo cerca de 75% do total das

precipitações anuais; (2°) Estacão Seca, inicia-se em julho, estendendo-se até outubro; com uma

média de 72,3mm por mês perfazendo cerca de 13,6% do total das precipitações anuais

(FIGURAS 30, 32 e 35).

Page 103: Estudos populacionais dos primatas em duas florestas nacionais do ...

102

2.23 Temperaturas, precipitações e UR nas duas flonas

A OMM recomenda um período mínimo de 10 anos de observação para a caracterização

do regime térmico de uma região. Os dados disponíveis da estação de Porto Trombetas incluem o

período de 1971 a 1994.

A temperatura média anual para o período foi de 25,7C°. As médias mensais variaram

pouco ao longo do ano, sendo novembro o mês mais quente, com 25C°, e julho o mês mais frio,

com 22,9C°. Esse padrão difere de muitas outras regiões da Amazônia, onde a estação seca é

geralmente mais quente e a chuvosa geralmente apresentando as temperaturas mais baixas

(FIGURA 28).

Com para a temperatura, os dados de UR também compreendem o período de 1971 a

1994. A umidade atmosfera é essencial no ciclo hidrológico. Ela é a fonte de todas as

precipitações e controla em grande parte a taxa de evaporação do solo e reservatórios, como

também a transpiração dos vegetais.

O grau de UR é expresso em porcentagem, e corresponde a relação entre a quantidade de

vapor da água presente na atmosfera e a quantidade de vapor d’água no mesmo volume de ar se

este estivesse saturado de umidade. A UR apresenta uma variação anual e uma variação diurna;

na Amazônia ela é, em média, maior durante a parte mais fria do ano, e menor durante a parte

mais quente. As variações na UR exercem efeito direto no bem estar humano. O ar de umidade

moderada é mais confortável e saudável do que o ar muito seco ou muito úmido. A região

estudada pode ser caracterizada como de clima úmido, com índice médio anual de UR superior a

75 % e apenas dois meses com média em torno de 70 %.

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103

Média Histórica 1971 a 1994 em Porto Trombetas (PA)

0

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Média Histórica entre 1972 a 2006 na Estação Meteorológica de Belterra (PA)

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MáximaMinímaMédia

Figura 28 - Temperaturas médias, máximas e mínimas histórica entre 1971 a 1994 em PT, PA. Fonte: MRN

Figura 29 - Temperaturas médias, máximas e mínimas histórica entre 1972 a 2006 em Belterra (PA) Fonte: INMET (2007)

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Temperatura Média de Trombetas em 2005/2006

23.5

24.0

24.5

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25.5

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26.5

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27.5

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28.5

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Meses

Tem

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20052006200

Temperatura Média do Tapajós em 2005/2006

23.0

24.0

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27.0

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Tem

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20052006

Figura 30 - Temperatura média na FNS-T entre 2005/2006. Fonte: MRN (2006)

Figura 31 - Temperatura média na FNT entre 2005/2006. Fonte: INMET (2007)

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Precipitação Média de Trombetas 2005/2006

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100.0

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300.0

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Precipitação Mensal do Tapajós 2005/2006

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Meses

Prec

ipita

ção

20052006

Figura 32 - Precipitação média na FNS-T entre 2005/2006. Fonte: MRN (2006)

Figura 33 - Precipitação média na FNT entre 2005/2006. Fonte: INMET (2007)

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Precipitação Histórica entre 1972 a 2006 na Estação Meteorológica de Belterra (PA)

0.0

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200.0

300.0

400.0

500.0

600.0

700.0

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Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Meses

Prec

ipita

ção

MáximaMinímaMédia

Figura 34 - Precipitação histórica entre 1972 a 2006 em Belterra (PA) Fonte: INMET (2007)

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107

Figura 35 - Mapa climatológico da região entre Manaus (AM) e Santarém (PA), que engloba as duas flonas estudadas. Como a floresta é a expressão do clima (Colinvaux, 1993) é importante que ao olharmos o mapa vejamos as florestas, no caso as do Trombetas são um pouco mais secas que a do Tapajós (FIGURA 80, página 237). Fonte: Radambrasil Folha AS 21 Santarém (1976) modificado pelo autor

107

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108

2.24 Os primatas das duas áreas de estudo

Os primatas da Floresta Nacional do Tapajós (FNT) e da Floresta Nacional de Saracá-

Taquera (FNS-T), descritas abaixo, dizem respeito à comunidade de primatas da margem direita

de ambos os rios onde as flonas se localizam. As espécies congêneres das duas flonas foram

tratadas conjuntamente e comparativamente. Como se trata de um levantamento populacional de

espécies diurnas, o gênero Aotus foi excluído. Também ficaram de fora dessa lista duas espécies

diurnas que ocorrem na FNS-T, mas não foram observadas, Saguinus midas e Saimiri sciureus.

A descrição dos primatas segue ordem crescente de peso. Uma foto e um mapa da distribuição da

espécie (apêndice) fazem parte da descrição. Apesar de nem sempre ter sido possível a foto de

um exemplar das áreas estudadas, e alguns mapas carecerem de atualização frente às novas

descobertas que expandiu ou restringiu a área de distribuição de algumas espécies, foi decidido,

mesmo assim, que eles deveriam incluir este estudo.

Antes de tratarmos especificamente dos primatas envolvidos nesse estudo se faz

necessário situá-los dentro de um contexto taxonômico atual. Os primatas modernos estão

divididos em 2 Infraordens: Phatyrrini (ou platirrinos, primatas do Novo Mundo) e Catarrhini (ou

catarrinos, primatas do Velho Mundo). Os catarrinos são considerados primatas mais evoluídos

do que os platirrinos, por vários motivos que podem ser resumidos em dois (1º) uma maior

complexidade estrutural (maior semelhante ao Homo sapiens) e (2º) maior organização social.

Os platirrinos são separados em duas famílias: callitrichidae (ou calitriquídeos) e cebidae (ou

cebídeos). Os calitriquídeos são primatas de pequeno porte (menos de 600g) e cauda longa, não

preênsil; são chamados popularmente por sagüis; o polegar da mão é curto e não oponível, e

todos os dedos são providos de unha em forma de garras. O primeiro dedo do pé (hálux) é

oponível aos demais e com uma unha chata. Dentes pré-molares em número de dois, com três

molares verdadeiros. Apresentam uma alta freqüência de partos gemelares. Compreendem quatro

gêneros, a saber: Cebuella e Saguinus (exclusivamente amazônicos) e Callithrix e

Leontopithecus (endêmicos da mata Atlântica). Os cebídeos são primatas de porte maior (entre

0,7 à 15 kg) com cauda preênsil (mas não em todos os gêneros); com três pré-molares, três

molares verdadeiros de cada lado, tanto nas mandíbulas quanto nas maxilas, dedos providos de

unhas chatas, nunca sob a forma de garras. Compreendem dezoito gêneros, a saber: Cebuella,

Callibela, Callimico, Callithrix, Mico, Leontopithecus, Saguinus, Saimiri, Aotus, Callicebus,

Pithecia, Cebus, Chiropotes, Cacajao, Alouatta, Lagothrix, Ateles e Brachyteles. Todos

presentes no território brasileiro. Ambas as famílias são arborícolas, diurnas (com exceção de

Aotus) e endêmicas da região neotropical (POUGH et al, 1993; HOFLING et al, 1995).

Page 110: Estudos populacionais dos primatas em duas florestas nacionais do ...

109

Segundo o sumário estatístico das espécies de mamíferos ameaçadas (IUCN, 2007) em

todo o mundo, a ordem primata soma 296 espécies das quais 46 estão vulneráveis, 48 em perigo

e 20 criticamente ameaçadas. O Brasil contribui com o maior número de espécies (104, por isso é

considerado o pais dos primatas), agrupados em 5 famílias e 18 gêneros. Considerando espécies

e subespécies o Brasil conta com 131 espécies das quais 22 % estão ameaçadas. A portaria Nº

1.522, de 19 de dezembro de 1989 do Ibama lista 25 primatas brasileiros (entre espécie e

subespécie) ameaçados de extinção. Destas 25, cinco integram a lista das 57 espécies de primatas

mais ameaçados do mundo. A saber: Alouatta belzebul ululata, Alouatta guariuba guariba,

Brachyteles hypoxantus (muriqüi, endêmico de Minas Gerais), Callicebus barbarabronnae,

Callibebus coimbrai, Cebus xanthosternus (o macaco-prego-do-peito-amarelo, endêmico do sul

da Bahia), Leontopithecus caissara, (endêmico da Ilha de Superagüi no Paraná), Leontopithecus

chysopygus (o mico-leao-preto, endêmico do interior de São Paulo) e o Saguinus bicolor

(endêmico da região metropolitana de Manaus). Chama atenção a ausência do mico-leão-

dourado (endêmico do interior do Rio de Janeiro), que devido a um esforço extraordinário de

inúmeros pesquisadores brasileiros e estrangeiros, ascendeu à espécie de 200 indivíduos em 1971

para 1.000 em 2001 (KIERULFF et al., 2002; MARINI ; MARINHO FILHO, 2006). Por ser

considerado o mamífero de pelagem mais bonito do mundo beirou a extinção, só na década de

60, deixaram o país cerca de 300 indivíduos, destinados a jardins zoológicos ou animais de

estimação. Ironicamente já era conhecido em 1757, nove anos antes da espécie ser classificada

por Linneu, pois alguns exemplares já eram exibidos nos salões franceses por Madame

Pompaduor (KAWAKAMI ; SAVAGET, 1984). O grupo de especialista que maneja esta espécie

tem como objetivo atingir 2.000 indivíduos em 2025, por meio da expansão de sua área de

distribuição para 25 mil ha de florestas protegidas. (www.micoleao.org.br. 2005).

O centro da distribuição dos Platirrinos corresponde à bacia do Rio Amazonas e Orinoco,

onde ocorre a maioria das espécies (AYRES, 1986). Somente na Amazônia brasileira totalizam

58 espécies, sendo 54 endêmicas (93,10 %). Esta diversidade esta distribuída em três famílias,

sendo uma delas endêmica (Callimiconidae) (FONSECA et al.1996). Existe um gradiente de

diversidade de primatas no sentido leste-oeste da Amazônia Brasileira sendo que as áreas de

maior riqueza localizam-se no sudeste do Acre e sudoeste do estado do Amazonas. Estas áreas

concentram 11 espécies, de um total de 80 (considerando as subespécies), sendo que 19 delas

estão ameaçadas de extinção (23,75 %). Lamentavelmente 15 espécies (17,2 % das 80) de

primatas amazônicos ocorrem fora de qualquer unidade de conservação (FURLANI, 1998).

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110

Primatas são sociais e está característica praticamente universal foi de importância sine

qua non para nossa história evolutiva. Graças ao exercício da sociabilidade e da cooperação dos

nossos ancestrais nossa linhagem pode emergir e se tornar dominante. No entanto, sabemos que a

ecologia é regida por custos e benefícios e que humanos e macacos preferiram pagar o preço da

vida em grupo, à viver solitariamente. Embora exista altruísmo, adoção de órfãos, auxílio

recíproco, etc., o interior das florestas tropicais está longe de ser o éden. Competição, lutas,

emboscadas, sabotagem, coalizão entre parentes para depor um macho dominante, infanticídios e

canibalismo, também é relatado para diversas espécies de primatas africanos, asiáticos e

neotropicais (BYGOTT, 1972; VEHRENCAMP, 1983). Alcock (1984) organiza da seguinte

maneira estes custos e benefícios: vantagens: (1ª) redução da pressão de predação pela melhoria

na detecção ou repulsão de inimigos; (2ª) melhoria na eficiência de forrageio para grandes presas

ou recursos alimentares efêmeros que ocorrem agrupados; (3ª) melhoria na defesa de recursos

limitados (espaço e alimento) contra outros grupos de intrusos coespecificos; (4ª) melhoria no

cuidado com as crias através da alimentação comunal ou proteção. Desvantagens: (1ª)

aumento na competição dentro do grupo por alimentos, parceiros sexuais, locais para nidificação,

material para nidificação, ou outros recursos limitados, (2ª) aumento do risco de infecção por

doenças contagiosas e parasitas; (3ª) aumento do risco de exploração do cuidado parental de

coespecíficos e (4ª) aumento do risco de um coespecifico assassinar um filhote que não seja o

seu. Krebs e Davies (1996) acrescentam mais um item a esta lista, (5ª) aumento de evidência. O

tamanho dos grupos de primatas sofre uma pressão da seleção natural para não ultrapassar um

“patamar” de retorno, ou seja, o ponto em que a aglomeração começa a atrair a atenção dos

predadores (FERRARI, 1995). Portanto os benefícios que os primatas obtêm da vida em grupo se

equilibram pelas desvantagens que inevitavelmente ocorrem quando se vive próximo. Para

Dunbar (1988) os custos da vida em grupo são de dois tipos. Primeiro, custos resultantes da

competição por acesso a recursos limitados; e segundo, dos indivíduos do grupo serem

compelidos a coordenarem suas atividades para permanecerem próximos.

Page 112: Estudos populacionais dos primatas em duas florestas nacionais do ...

111

2.25 Aspectos gerais de dois gêneros dos calitriquídeos: Callithrix e Saguinus

Apesar de certas diferenças significativas, a ecologia desses gêneros é similar, e por isso

foram tratadas conjuntamente. Callithrix ocorre na parte setentrional do sul do Rio Amazonas e

ao leste do Rio Madeira no Brasil, até o norte do Paraguai e nos estados do Rio de Janeiro e São

Paulo, no Brasil. Nesta grande área geográfica, eles ocupam hábitats bastante variáveis,

incluindo a floresta amazônica e atlântica, savanas amazônicas e as florestas do cerrado do Brasil

Central, a caatinga do nordeste brasileiro e o chaco paraguaio e bolíviano (RYLANDS, 1986b).

(FIGURA 36).

Saguinus ocorre ao norte do Rio Amazonas, incluindo as Guianas, a Colômbia e América

Central e a região ao Sul do Rio Amazonas, no lado oeste do Rio Madeira e no Norte da Bolívia.

A maioria das espécies e subespécies são restritas à floresta amazônica, mas ao norte da

Colômbia e América Central eles ocorrem em florestas sub-tropicais e semi-deciduas. S.

fuscicollis weddelli se extende ao sul, ocorrendo em florestas em transição com o chaco

bolíviano (RYLANDS, 1986b).

Os gêneros Callithrix e Saguinus são raros em florestas inundadas e mais abundantes em

florestas de terra firme em associação com mata secundária e florestas de borda

(MITTERMEIER ; Van ROOSMALEN, 1981; TERBORG, 1983). Com exceção de duas

espécies, C. jacchus e C. penicillata, a dieta, tanto de Callithrix quanto de Saguinus se classifica

como frugivora-insetivora. C. jacchus e C. penicillata possuem dietas marcadamente mais

exudatívoras do que as outras espécies (FARIA, 1984a,1984b; RIZZINI ; COIMBRA-FILHO,

1981). Este tipo de dieta associa-se aos principais ambientes altamente sazonais, menos diversos

e menos produtivos em oferta de frutos ao longo do ano do que as florestas da Amazônia e da

Costa Atlântica (RYLANDS, 1986b).

O estudo de Mendes (1997) descobriu vocalizações difenciadas para cada uma das seis

espécies congêneres de Callithrix do sudeste do Brasil (aurita, flaviceps, geoffroryi, jacchus,

kuhlii e penicillata). Apesar de algumas delas se hibridizarem em cativeiros (e.g. jacchus e

penicillata) e também na natureza, o estudo sonoro ajudo a suportar a hipótese de que o grupo de

Jacchus é tipicamente parapátrico, em geral sucedendo-se geograficamente em zonas de

transições fitoecológicas, onde ocorrem hibridizações. Ademais, as análises sonoras

demostraram que cada uma das seis espécies pode ser diferenciada com base na estrutura de seus

cantos, principalmente utilizando-se a primeira nota, ou sílaba. As vocalizações diferentes

apóiam a divisão do grupo jacchus em dois subgrupos (jacchus e aurita).Os resultados desse

estudo indicam que a vocalização é um caráter comportamental que pode suplementar técnicas

Page 113: Estudos populacionais dos primatas em duas florestas nacionais do ...

112

tradicionais de taxonomia de Callithichidae, mas deve ser usada com cautela no tratamento de

filogenias.

Um aspecto importante da ecologia desses dois gêneros é sua associação com a mata

secundária. Dawson (1979) acredita que isto ocorra devido a proteção proporcionada por este

tipo de floresta e pela maior oferta de alimentos, tanto frutos como insetos, em comparação com

a floresta primária. Espécies arbóreas e arbustivas colonizadoras típicas de mata secundária, são

normalmente agrupadas, têm frutos pequenos e adaptados à dispersão animal, produzidos em

pequenas quantidades durante extensos períodos (OPLER et al., 1980). Rylands (1979, 1986),

por exemplo, descobriu que os principais frutos consumidos por C. humeralifer, em Dardanelos,

Rio Aripuanã (MT), eram de mata secundária e que possuíam as características supracitadas.

Terborg (1983) reafirmou o mesmo padrão para Saguinus fuscicollis e Saguinus imperator que

faziam parte da comunidade de primatas de Cashu Coshu estudada por ele, e argumentou que os

frutos pequenos ofertados durante muito tempo são ideais para pequenos frugívoros, e que tais

características excluem seu uso por primatas maiores. Na floresta primária as espécies arbóreas

são mais esparsamente dispersas e apresentam frutos maiores. Tais frutos geralmente são

maiores, produzidos em grandes safras episódicas e irregulares (BAZZAZ ; PICHETT, 1980;

BROZEK, 1991; HOWE, 1979; OPLER et al., 1980; THORINGTON Jr. et al., 1982; NUNES,

1995; Van DER PIJL, 1972; Van ROOSMALEN, 1985) há ainda razões para acreditar que as

populações de artrópodes atinjam estratos mais altos na floresta secundária do que na primária

(CATES ; ORIANS, 1975; JANZEN, 1970, 1971; OPLER, 1978).

Duas espécies deste gênero, Callithrix jaccus e C. penicillata protagonizam um exemplo

clássico de introdução de espécies exóticas. Este fenômeno é uma das conseqüências do tráfico

de animais silvestres. As espécies supracitadas conhecidos como mico-estrela, são vendidas em

feitas livres e rodovias do nordeste, onde são originários, e desta forma são adquiridos como

animais de estimação. Posteriormente invadiram as florestas locais e tornaram-se competidores e

portadores de doenças de origenm antrópica (e.g. herpes, influência, etc), ou patógenos

associados a animais domésticos (parvovírus) capazes de devastar populações de primatas e

outros mamíferos nativos (FISZON et al, 2005).

Calitriquideos tem nas aves de rapina e serpentes seus principais inimigos naturais,

Corrêa e Coutinho (1997) registraram a predação de um infante de Callithrix aurita por uma

jararaca (Bothrops jararaca) no Parque Estadual da Serra do Mar em Cunha (SP).

Os estudos de Pook e Pook (1982) e Yoneda (1984) revelaram a ocorrência de simpatria

entre membros do gênero Saguinus na Bolívia e Terborg (1983) no Peru. Entre os membros do

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113

gênero Callithrix não ocorre simpatria, possivelmente devido a sua utilização de exudados.

Saguinus fuscicollis forma grupos poliespecificos com Saguinus mystax, Saguinus labiatus,

Saguinus imperator e Saguinus nigricollis. Os autores supracitados acreditam que as principais

diferenças que permitem ocorrência de simpatria entre as espécies de Saguinus e ausência entre

os membros do gênero Callithrix sejam as seguintes: (a) a fração animal de suas dietas, (b) nos

estratos preferenciais de exploração, (c) nos métodos de captura de presas e (d) locais de

forrageamento. A simpatria entre Callithrix e Saguinus ocorre em apenas duas regiões da

Amazônia. Em uma destas duas regiões, por exemplo, a área de ocorrência de Saguinus midas

niger no sul do Rio Amazonas se sobrepõe à distribuição de Callithrix argentata (RYLANDS,

1986).

Existe uma aspecto do sistema de acasalamento dos calitriquídeos que ainda gera grande

controvérsia. Os especialistas nestes gêneros ainda não entenderam bem, quão extensa pode ser a

plasticidade do seus sistemas sexuais, que parece variar entre monogamia e poliandria

facultativa. Discute-se a possibilidade de haver promiscuidade por parte da fêmea reprodutora

como uma estratégia para obter apoio de mais de um macho; e o papel das outras fêmeas que

permanecem no grupo carregando os filhotes, dentro de um sistema comunal (RYLANDS,

1986). Terborg e Goldizen (1985) estudando Saguinus fuscicollis e Rylands (1986) estudando

Callithrix humeralifer atestaram promiscuidade das fêmeas e apoio ativo de mais de um macho

no cuidado parental. A reflexão sobre o comportamento de calitriquídeos em cativeiro sugerem

que a participação de outros membros do grupo pode reduzir significativamente o tempo que a

mãe carrega seus filhotes (geralmente gêmeos). Apesar das dificuldades de manutenção de

grupos em cativeiro, com mais de uma macho adulto, esta situação é comum na natureza, e pode

funcionar como uma resposta estratégica ao confinamento e estabilidade artificial (Rylands,

1986). Garber e Sussmann (1984) encontraram uma correlação positiva entre o número de

ajudantes e a sobrevivência dos infantes.

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114

Figura 36- Distribuição geográfica dos quatro gêneros de calitríquideos. Observe: (a) a distribuição do gênero Saguinus é circunscrita a bacia amazônia-orinoco; (b) a distribuição do gênero Callithrix é preponderantemente Atlântica e centro-brasileira, poucas espécis atingem a Amazônia, uma delas é o Callithrix argentata que ocorre na FNT, mais uma característica que valoriza esta UC; (c) a distribuição dos micos-leões, gênero Leontopithecus é exclusivamente atlântica e principalmente costeira, apenas, uma forma ocorre atualmente mais interioranamente (estado de São Paulo); (d) a área de distribuição do menor primata neotropical Cebuela pygmaea (FIGURA 37). Fonte: Ferrari (1996).

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115

2.26 - Callithrix argentata (Linnaeus, 1771)

Conhecido popularmente como sagüi ou sauim é um animal de estimação mais ou menos

comum na região do Rio Tapajós. Trata-se de um dos dois únicos calitriquídeos envolvidos neste

estudo. Os callitriquideos são encontrados em quase todos os hábitats arbóreos tropicais e

subtropicais da América do sul, Panamá e parte da Costa Rica. No entanto, o gênero Callithrix é

o único distribuído tanto na Mata Atlântica como na Amazônia, e também o único a ser

encontrado nas matas do cerrado e da caatinga, que separa estes dois grandes ecossistemas

florestais brasileiros (FERRARI, 1995).

Distribuição do Gênero: Região leste do continente sul-americano, mais precisamente

ao sul do Rio Amazonas entre os Rios Madeira e o Tocantins até o nordeste e leste do Brasil.

Figura 37 – Cebuela pygmaea o menor primata neotropical. Fonte: Revista Ícaro (s/d).

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116

Limite sul na Ilha de Superagüi, norte do Estado do Paraná. Callithrix melanura alcançou a

Bolívia. Hábitats do Gênero: Tem preferência por florestas tanto primárias como degradadas.

Distribuição da Espécie: estado do Pará, entre os Rios Jamanxin e Cupari, afluentes da margem

direita do Rio Tapajós e Tocantins e até 3º 2’ ao Sul. [FERRARI ; LOPES, 1990;

HERSHKOVITZ, 1977 (FIGURA 82, Apêndice)]. Encontrado nas florestas pluviais primárias e

em áreas de crescimento secundário na planície amazônica abaixo de 200m. É um pequeno

primata coberto por pelagem branca a alourado e cauda escura. Seu corpo tem cerca de 20 cm e a

cauda 30 cm. São basicamente insetívoros-gomívoros, e possuem incisivos inferiores longos e

estreitos (adaptados a gomivoria), o que facilita o roer dos troncos. Porém, como é necessário

esperar a árvore liberar a goma, estes ferimentos são marcados com urina (marcas de cheiro) e

secreções (glândulas-de-cheiro), pois existe uma grande competição inter-especifica por goma,

que desta forma pode ser amenizada. A gestação da espécie é de 140-150 dias. Formam grupos

de 10 indivíduos, em média, que ocupam uma área de uso de 1,5ha.

O gênero Callithrix é considerado onívoro, porque incorpora tanto proteína animal

(insetos), como vegetal (frutos e gomas14) em sua dieta. Coimbra-Filho e Mittermeirer (1987)

acreditam que a gomívoria facilitou a adaptação do gênero a uma maior variabilidade de hábitats

e conseqüentemente maior distribuição. Estudos revelaram que a gomívoria não é uniforme, nem

no espaço nem no tempo. As causas de variação foram atribuídas às diferenciações de clima,

hábitats, comportamento e morfologia (comprimento dos caninos e espessura do ritidoma). Os

primatas mais gomívoros são os que ocorrem em áreas altamente sazonais de cerrado e caatinga.

Os primatas da Amazônia, um ambiente menos sazonal, preferem contar mais com os frutos

(FARIA, 1993; HERSHKOVITZ, 1977; RYLANDS). O estudo da dieta desta espécie realizado

por Veracini (1997) em Caxiuanã (PA), uma UC que abriga igapó, capoeiras e florestas

primárias de terra firme, revelou que 95% da alimentação foi de origem vegetal, sendo 59 % de

goma, 35 % de frutos e menos de 1 % de flores e néctar. Parkia ulei e Tapirira guianensis foram

às espécies gomívoras mais utilizadas. Os filhotes de vertebrados predados e invertebrados

representaram 5% dos 3.399 registros. Neste mesmo sitio (VERACINE, 2002), observou esta

espécie durante o mês de julho dedicando muito tempo forrageando as formigas-de-correição,

comportamento já registrado em outras espécies (RYLANDS et al, 1989). Rylands (1979)

� 14 Gomívoria é a capacidade que dois gêneros de primatas apresentam de se alimentarem dos exsudados de árvores gomíferas ou laticíferas. Esta adaptação comportamental é compartilhada apenas com Cebuella, o menor primata neotropical e habitante da Amazônia (FIGURA 37). Exsudados resultam da agressão mecânica feita pelos caninos dos primatas nos troncos das árvores, é, portanto, uma tentativa de cicatrização das plantas. A análise química destas gomas revelou sustâncias com propriedades anticépticas.

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117

observou Callithrix humeralifera intermedius consumindo goma das vagens de Parquia pendula

em Dardanelos, rio Aripuanã (MT). Soini (1982) observou Cebuella pygmaea consumindo goma

das vagens de uma espécie congênere, Parquia oppositifolia. Alberbaz (1993) estudou a área de

uso de quatro grupos de Callithrix argentata em Alter do Chão (Santarém, PA) e testou se a

variação no tamanho da área estava relacionada à ocorrência e proporção dos hábitats e/ou à

variação sazonal na disponibilidade de frutos e insetos. A área de estudo era composta de

savanas (70 %), floresta (20 %), capoeira (3 %), igapó (2 %) e campinarana (1 %). A “savana”

de Alter do Chão é uma formação aberta composta predominantemente por Paspalum carinatum

(Poaceae) acrescido de “moitas” bem definidas de elementos arbustivos e arbóreos. As árvores

de altura média de sete 7 metros tinham seus troncos retorcidos (MIRANDA, 1971), como é

típico dos cerrados brasileiros (FIGURA17). No entanto, não deve ser considerado um cerrado

típico porque apresenta táxons amazônicos que não apresentam contrapartida no Brasil Central

(e.g. Bellucia glossularioides, Brossimum guianensis, Cordia nodosa e Dialium guianensis). A

pesquisadora concluiu que a maior disponibilidade de alimento levou os saguis a usarem áreas

maiores. As respostas de preferência de hábitats e freqüência de uso de quadrados foram

relacionados à presença de árvores gomíferas, em especial, Tapirira guianensis. Houve variação

nas respostas entre grupos, sugerindo que o tamanho da área florestada pode ser mais importante

para o tamanho da área de uso que a disponibilidade de alimento. A área de vida utilizada pelos 4

grupos variou entre de 4 à 24ha. Neste estudo um dos sagüis (o que tinha o dispositivo

eletrônico que permitia sua localização através do rádio) foi predado por uma jibóia.

Alguns primatólogos (e.g. FERRARI, 1996) consideram que os gêneros Callithrix e

Cebuella conquistaram o prêmio evolutivo de serem colonizadores de ambientes marginais

graças as seguintes adaptacões: (1ª) especialização alimentar “extrativista” associado ao seu

pequeno tamanho, o que lhes permite surpreender de emboscada seus insetos preferidos (grandes

gafanhotos) no meio do cipoal arborícola onde estes artrópodes se escondem; e (2ª) a rápida

maturação sexual, atingida com pouco mais de um ano. As caracteristicas de estrategista r

supracitadas descortinou para estes pequenos primatas um nicho desonerado da competição com

a maioria dos outros primatas neotropicais de maior tamanho.

Neste estudo o número de detecções da espécie que ocorre na FNT (Callithrix argentata)

foi de n = 14 grupos de indivíduos. FIGURAS 38 e 82 (no apêndice).

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118

2.27 - Saguinus bicolor martinsi (Thomas, 1912)

Trata-se do segundo calitriquídeos do presente estudo. Conhecido na região do Rio

Trombetas como sagüi-cara-de-morcego, sauim, ou souim. Pelas mesmas características do

Callithrix argentata, beleza, pequeno porte e fácil adaptação ao cativeiro, são criados como

animais de estimação. Distribuição da espécie: entre os rios Nhamundá e Paru do Oeste

(FIGURA 83, no apêndice).

Sobre o gênero: formam grupos de 2 à 15 indivíduos, 6 em média, com uma densidade

de 14 indivíduos por km2. Possuem uma área de vida de aproximadamente 35 ha. em terra firme.

Pesam em média 450 g. e tem gestação de 140 à 145 dias. Os sagüis se alimentam de pererecas,

lagartixas, ninhadas, ovos, caracóis, insetos, mel, frutas (e.g. Inga, Teobrama e Cecropia), flores,

pecíolos, folhas, néctar, exsudados, cascas de árvores e fungos. Vivem em estratos médios e

baixos. Capturam insetos principalmente nos estratos médios e frutos nos estratos altos. A área

de vida (“home range”) de Saguinus bicolor de um dos três grupos estudados por Egler (1986)

Figura 38 - Callithrix argentata, macho adulto, à esquerda, fotografado em um cajueiro Anacardium occidentale em Alter do Chão, Santarém. A foto da direita foi tirada fora da FNT, em uma área mais degradada. Trata-se do único representante do gênero Callithrix deste estudo e uma das poucas espécies do gênero Callithrix que atingem a Amazônia. Fonte: própria do autor (1998).

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119

na Amazônia Central foi de 12 ha. Os dados referentes aos padrões de uso da área de vida

indicaram que os animais concentraram suas atividades em três áreas centrais (“áreas core”). Em

cada um dos centros localizavam-se às árvores frutíferas que estavam sendo exploradas como

fonte de alimento naquele período, permitindo aos animais minimizarem suas distância diárias

percorridas (“day range”) pela permanência em áreas com recursos abundantes. Assim, os

padrões de uso do hábitat (deslocamento do grupo), foram definidos pelas árvores de

alimentação, (tanto vegetal como animal, como as árvores que continham insetos), sendo que as

outras atividades (e.g., como sesta e pernoite), foram condicionadas por elas. Durante maio a

junho a espécie mais explorada foi Protium aracouchinii; e entre agosto e setembro, Myrcia

fallax; e de dezembro a janeiro, os frutos de Couma utilis e Piper aduncum. Parece que a

plenitude da existência deste gênero é vivida nas florestas secundárias, é o que sugere o estudo

de Oliveira (1996). Quando o grupo de cinco Saguinus midas niger estudado pela autora tiveram

a oportunidade de escolher entre florestas primárias, secundárias e exploradas dentro dos 219 ha.

da área de estudo, o grupo de sauim-preto, embora tenha utilizado os três tipos de florestas,

preferiu a mata secundária, principalmente na estação chuvosa.

De um modo geral os calitriquídeos preferem frutos maduros, pequenos e suculentos de

onde retiram a polpa, desprezando as sementes grandes (RYLANDS, 1979; SOINI, 1982).

Porém, Terborg (1983) estudando grupos de Saguinus imperator, observou que os animais

consumiam frutos maiores do que quatro centímetros. Segundo Terborg (1983), o fator limitante

para a ingestão de frutos não seria o tamanho e sim a dureza da casca, que impossibilitariam o

acesso à polpa para pequenos primatas. Egler (1986) observou uma saída engenhosa entre os

Saguinus b. bicolor para superar esta dificuldade. Frutos grandes de Inga ingaioides foram

consumidos enquanto presos à árvore, sendo a casca dura aberta por alguns animais e o conteúdo

retirado por vários membros do grupo (comportamento cooperativo).

Os animais estudados pela autora permaneceram ativos por 10 horas aproximadamente,

sendo o início de suas atividades entre 05:50 e 06:10 e o término entre 16:30 e 17:30. De um

modo geral eles iniciavam suas atividades quando já estava claro, exceto nos dias de chuva

quando saíam da árvore de pernoite antes que clareasse. O horário de encerramento das

atividades podia ser adiantado por uma chuva forte logo no inicio da tarde. Saguinus bicolor

bicolor não apresenta dimorfismo sexual e os filhotes nascem com pelagem idêntica a dos

adultos; as genitálias de Saguinus não são visíveis como em outras espécies de calitriquídeos

(EGLER, 1986; HERSHKOVITZ, 1977).

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120

Saguinus bicolor é espécie endêmica da Amazônia brasileira. As três subespécies

reconhecidas são: Saguinus bicolor bicolor (SPIX, 1823); Saguinus bicolor ochraceus

(HERSKOVITZ, 1966); e Saguinus bicolor martinsi (FIGURA 83, apêndice). Características das

espécies: Saguinus bicolor bicolor é considerado a subespécie mais ameaçada de extinção de

todos os calitriquídeos da Amazônia (MITTERMEIER et al, 1989), estando listado no apêndice

1 da CITES, e sendo classificado pela IUCN como “em perigo” (RYLANDS et al., 1995). Três

fatores contribuem para isto: (1°) distribuição restrita, (2°) sua área de distribuição corresponde

com a área metropolitana de Manaus (45km ao norte de Manaus e a leste até Itacotiara); (3°)

competição direta por hábitats com espécie simpátrica, Saguinus midas (AYRES, 1980; 1982;

COIMBRA-FILHO, 1987; EGLER, 1986; SUBIRÁ, 1998). Segundo Herskovitz (1977) a

história geográfica da linhagem filética de Saguinus bicolor e Saguinus midas possuem direções

paralelas. A ausência de outras espécies de saguis sem pêlo na face ao sul do Amazonas, indica

que Saguinus bicolor é mais antigo e chegou primeiro na região. Sua distribuição restrita parece

ser devido a uma entre duas possibilidades, (1º) um acidente geográfico, que forçou a espécie a

um “fundo-de-saco” ou (2º) devido a exclusão mutua com Saguinus midas. Ele hipotetizou que,

pelo fato de Saguinus midas ser mais generalista que seu congênere simpátrico, Saguinus

bicolor, é provável que os ancestrais de S. midas expandiram-se amplamente nos hábitats das

Guianas, não ocupados por Saguinus bicolor e de certa forma conteve a expansão de Saguinus

bicolor (FIGURA 83 e 84, apêndice).

As outras duas subespécies não se encontram sob ameaça imediata de extinção, mas sua

vulnerabilidade depende da extensão de sua área de ocorrência, cujos limites ainda são pouco

conhecidos (SUBIRÁ, 1998). Geralmente calitriquídeos não são caçados, a pequena quantidade

de carne fornecida por eles (no máximo 1kg) não compensaria o custo do cartucho (EMMONS,

1990; MARTINS, 1992).

A história evolucionária de características únicas dos calitriquídeos é um tópico de

considerável debate. Hershkovitz (1977) argumentou que o pequeno tamanho, garras e os

molares simples dos calitriquídeos são características primitivas que indicam uma origem

independente dos platirrinos por meio de um primata ancestral muito primitivo. Outros (e.g.

ROSEMBERGER, 1984), argumentam, mais convincentemente na opinião de Fleagle (1988),

que as características anatômicas únicas dos calitriquídeos são derivadas das especializações

relacionadas ao pequeno tamanho ou a incomuns adaptações ecológicas para a insetivoria e

consumo de exsudados. Por exemplo, entre os platirrinos, e primatas em geral, as espécies

geralmente menores tem infantes maiores (em relação ao tamanho da mãe). Isto resulta em

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121

consideráveis problemas para a fêmea no nascimento e cuidado pós-natal. Os calitriquídeos

contornaram esses problemas dando a luz a gêmeos menores que um único grande infante e pelo

cuidado extensivo com os infantes por muitos membros do grupo social. Além disso, sua dieta de

alta energia e pequeno tamanho permitiu uma redução da dentição comparada com as

necessidades das espécies folhívoras e frugívoras maiores (FLEAGLE, 1988).

Apesar dos calitriquídeos regularmente viverem em grupos monogâmicos estáveis em

cativeiro, na natureza, ocorrem grupos maiores e mais complexos. Apresentando várias fêmeas,

mas apenas uma reprodutiva, associado a vários machos adultos que acasalam com ela

(poliandria). Os grupos de calitriquídeos são sujeitos a freqüente migração e emigração por

membros de ambos os sexos. Isto resulta que, enquanto o tamanho do grupo e a área de vida

frequentemente permanecem constantes de ano a ano, os indivíduos constituintes dos grupos

usualmente mudam (TERBORGH ; GOLDIZEN, 1985).

Freese e Castro (1977) registraram uma densidade populacional de 30 indivíduos por km²

para Saguinus fuscicollis no leste do Peru. A densidade de Saguinus nicricollis no alto

Amazonas, Colômbia, foi de 10 à 13 ind./km², e os grupos tinham áreas de vida extensivamente

sobrepostas de aproximadamente 0,3 à 0,5 km² (IZAWA, 1978). Em um estudo com Saguinus

oedipus na Zona do Canal do Panamá, Dawson (1977) encontrou uma densidade de 20 à 30 ind./

km², em uma área de vida de 26 à 32ha. Na Colômbia, Newman (1977) estimou uma densidade

de 30 à 180 ind./km² para Saguinus edipus, e encontrou áreas de vida bem definidas de 7,8 à

10ha. Áreas de vidas adjacentes se sobrepuseram substancialmente, mas os contatos entre os

grupos foram agonísticos.

No presente estudo o número de avistamento para a espécie que ocorre no Trombetas,

Saguinus bicolor martinsi foi (n = 72). A mais alta de todas as espécies avistadas nas duas

flonas. A não detecção da outra espécie simpátrica de Saguinus que ocorre em Trombetas,

Saguinus midas (mas avistadas por residentes e por funcionários do Ibama da base de Patauá),

atestaram que a espécie prefere as matas mais periféricas e degradadas (beira de estradas e

pastos) à mata primária. Este fato mereceria um estudo de longo prazo para se comprovar se está

ocorrendo exclusão competitiva com Saguinus bicolor martinsi ou não. Esta é uma tarefa

inglória, por dois motivos: (1º) a teoria matemática sobre a competição é frágil porque é baseado

em experimentos de laboratório com invertebrados; (2º) é muito difícil comprovar se uma

espécie prejudica a outra diretamente (comportamentos agonísticos), ou se uma das espécies

consegue explorar o hábitat com maior competência e marginaliza a espécie simpátrica (menos

competente) causando-lhe um prejuizo indireto. Isto exige um longo tralbalho de campo porque

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122

envolvem eventos raros, por exemplo, a proximidade entre as duas espécies competindo por um

mesmo recurso alimentar. O pesquisador deve tentar responder se uma das espécies evita a

proximidade com a outra e caso isto ocorra, qual a frequência do comportamento de evitação.

Figura 39 - Saguinus bicolor martinsi, a espécie que ocorre na FNS-T, este individuo foi entregue na Base

do Ibama (Patauá) e era proveniente de Terra Santa. Devolvido a floresta tem poucas chances de sobrevivência, por ter vivido vários anos em cativeiro como animal de estimação, alimentando-se de toda sorte de alimentos inadequados. Fonte: Gilmar Klein (2006). FIGURAS 83 e 84 no apêndice.

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123

2.28 - Callicebus moloch moloch (Hoffmannsegg, 1807)

Sauás ou zog-zog são abundantes em terra firme, mas encontrados preferencialmente em

florestas secundárias ou onde a floresta exibe baixa diversidade botânica (Ayres, 1986). Por isso,

foi uma surpresa encontrar uma família composta por 5 individuos no interior da floresta de terra

firme na FNT. (FIGURA 40, e 87 apêndice). O gênero é formado por animais de médio porte e

constituição física primitiva. Pesam em média 1kg e apresentam densidade de 24 ind./km2. Sua

área de vida é de 5 à 20ha e utilizam estratos baixos de mata de galerias ou bordas de largas

clareiras no interior da floresta. Um quarto do tempo passam alimentando-se de frutos (70%)

como os de Jessenia polycarpa, muitas folhas, sementes macias e insetos (KINZEY,1981).

Utilizam também o bambu e assim como os guaribas são capazes de aproveitar frutos imaturos.

Seu comportamento sub-reptício dificulta seu estudo, parecem evitar o encontro com outros

primatas. Durante o mestrado, o autor estudou as relações de proximidade em Brachyteles

arachnoides de Rio Casca (MG), num morro de 44ha., lá os muriquis ocorriram em simpatria

com Callicebus personatus, nas 13 observações com esta espécie, em nehuma delas eles

apareceram a menos de 80m de qualquer uma das 3 outras espécies de primatas simpátricos. Por

este conjunto de características é um dos gêneros menos conhecidos.

Não possui dimorfismo sexual aparente, somente pequena diferença no tamanho dos

caninos, maiores nos machos. Vivem aos casais e em pequenos grupos familiares de 2 à 5

indivíduos (pais e 1 à 2 filhotes) ou indivíduos solitários machos. Dormem lado a lado em ramos

alto. Despertos também tem o hábito de ficarem lado a lado com a cauda entrelaçada, são

considerados por isso, símbolo de monogamia entre os platirrinos. A reprodução parece não ter

estação definida. Nasce um único filhote de 70g. que é carregado pelo pai até o desmame, aos 5

meses. Sua longevidade é de 13 anos. Distribui-se do sul da Colômbia e Bolívia até o leste do

Brasil, exceto nordeste (AURICCHIO, 1995; FIGURA 87, apêndice).

Características da espécie observada no Tapajós: coloração geral acinzentada com

dorso ligeiramente castanho-escuro, mãos e pés cinzento-amarelos e face ventral e barba

vermelho-ruiva. Cauda usualmente enegrecida com ponta cinza, ou totalmente cinza. Não

preênsil (MPEG, MZUSP).

Distribuição da espécie: Pará e Amazonas. Entre os baixos e médios Rios Araguaia e

Tapajós, inclusive Bacia do Rio Xingu (KINZEY,1981).

Seu comportamento discreto refletiu-se no baixo número de avistamento (n = 2) grupos

de indivíduos, no entanto, se tivéssemos considerado suas vocalizações matutinas, como ocorrem

em alguns estudos, o número de “encontros” teria chegado a uma dezena. Optamos em

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124

considerar apenas encontros visuais, para todas as espécies nas duas flonas, para termos uma

maior precisão no número de indivíduos por grupo.

Figura 40 - Casal de Callicebus moloch, espécie que ocorre na FNT. Animal fácil de ouvir na floresta mas difícil de ver devido a seu comportamento subrrepticio. Procura um trajeto contínuo na copa das árvores medianas ou mais preferencialmente no meio do cipoal da submata, seu hábitat preferido. Facilmente domesticado. A foto ao lado é um jovem domesticado, a foto foi tirado numa comunidade dentro da FNT por Viviane Araújo. É o gênero sul-americano mais monogâmico. Quando em repouso, o casal entrelaça suas caudas. Foi observado apenas uma vez dentro da floresta primária. Quando observado nas matas marginais, sempre aparecia nos mesmos lugares, o que sugere forte territorialidade. Um dos gêneros neotropicais menos conhecidos. Em cativeiro é muito susceptível a doenças, este casal sobreviveu poucos anos no cativeiro. A espécie que ocorre em São Paulo, Callicebus personatus, também teve vida breve no Parque Ecológico de São Carlos (PESC), eles se contaminam com a saliva humana contida nos alimentos jogados para eles. Fonte: própria do autor (1998).

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2.29 - Saimiri ustus (I. Geoffroy, 1944),

Mico-de-cheiro ou boca-preta. Distribuição: da Costa Rica ao sul da Amazônia e Bolívia.

Ausente nas encostas andinas do Pacifico. São os menores cebídeos e possuem algum grau de

dimorfismo e dicromatismo sexual, como na variação do peso (fêmeas 750 g.; machos 1000 g

aproximadamente) e cauda não preênsil (FIGURA 41). Vivem em uma grande variedade de

hábitats, incluindo florestas primárias, secundárias, secas, tropicais de terra firme e as

temporariamente inundadas, em altitudes que variam entre 0 à 2000m, o que permite sua ampla

distribuição geográfica (FIGURA 86, apêndice). Ocupam em média uma área de 50ha. (AYRES,

1985). Freqüentemente formam grupos mistos. No presente estudo foi observado seis

associações com macacos-prego e apenas uma observação uni-especifica. Apresentam uma

densidade média de 60 indivíduos por km2 (BALDWIN e BALDWIN, 1981), suas tropas

compõem-se de 30 à 50 indivíduos de ambos os sexos e de todas as idades. Acasalam-se

principalmente entre abril e junho, com a gestação durando de 150 à 172 dias e os nascimentos

ocorrendo entre setembro e novembro. É o primata sul-americano de reprodução sazonal mais

definida. Apresentam longevidade média de 20 anos. Alimentação: frugívoros-insetívoros ou

onívoros, além de frutos, sementes e larvas de lepidópteros e ortópteros sua dieta inclui também

néctar, flores, moluscos terrestres e pequenos vertebrados como lagartixas, pererecas e filhotes

de aves; seu trato digestivo curto revela sua adaptação à digestão de proteínas.

Por ser considerado um ótimo primata para fins biomédicos é uma das espécies mais

visadas para contrabando. Também muito requerido como animal de estimação [macaco-de-

cheiro, na Amazônia não significa que o animal fede ou tenha pitiú (termo nortista para cheiro

ruim), mas que a companhia deste pequeno cebídeo é aprazível para as populações amazonidas,

indígenas e urbanas].

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Figrra 41 - Um pequeno subgrupo de Saimiri sp. Trata-se de um primata que ocorre em bandos de mais de cem indivíduos. Apresentam um comportamento típico de urinar nas mãos e patas; como se deslocam rapidamente acabam criando um rastro químico que orienta os outros membros do grupo a viajar por determinada rota arborícola. Viajam também pela submata, saltando de tronco em tronco atrás de alimento, um dos seus itens preferidos são os frutos adventícios de Bellucia dichotoma (goiaba-de-anta, observação pessoal). Altamente domesticável, o que facilita sua utilização biomédica. Prefere as florestas marginais de terra firme e também as florestas inundadas. Em Mamirauá ocorre uma espécie endêmica, Saimiri vanzolinii, que por apresentar cores tão diferenciadas na cabeça, foi reconhecido como uma nova espécie por Márcio Ayres, apenas com o uso de binóculos. É comum ver este gênero em associação com Cebus, como observado na FNT. Por ser insetívoro, é utilizado utilitariamente como mascote e auxiliar de “ limpeza” nas embarcações espalhadas por toda Amazônia. Fonte: Revista Fauna.

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2.30 - Cebus apella apella (Linnaeus, 1758) (FIGURAS 42 à 46).

Macaco-prego. Seu nome popular advém da semelhança entre o prego de mercenaria e o

formato do pênis do animal. O gênero distribui-se de Belize, na América Central, ao Paraguai e

todo o Brasil. A distribuição da espécie Cebus apella apella ocorre nos estados do Amazonas e

Pará a Leste do Rio Negro e oeste do Rio Tocantins. Não consideraremos a inúmeras sub-

espécies que diferem entre si pelo desenvolvimento de tufos na cabeça, intensidade de coloração

e morfometria craniana (AURICCHIO, 1995; TORRES de ASSUMPÇÃO, 1988), porque fogem

do escopo deste estudo (FIGURA 88, apêndice). Trata-se do único primata do presente estudo

com distribuição nas duas flonas. O número de detecções na FNT foi de (n = 41) grupos de

indivíduos e na FNS-T foi de (n = 58). A descrição da sua coloração é pardo-avermelhada em

todo o corpo e face, exceto, os membros e a parte mediana-terminal da cauda que são negros.

Cebus apella é a espécie de maior distribuição geográfica das Américas, dito de outra

forma, estende-se do leste da Cordilheira dos Andes (abaixo de 2.700m), até 27º ao Sul da

América do Sul. Sua densidade tem amplitude entre 6 à 46 indivíduos por km2, com grupos que

variam de 20 à 30 indivíduos. Sua área de uso é de 0,3 à 0,4 km2 que varia conforme o tipo de

floresta. Nas matas de terra firme da Amazônia Central (SPIRONELLO, 1998), registrou mais de

900ha. para seu grupo de estudo. Formam grupos mistos com Saimiri sp. O gênero Cebus habita

quase toda a região neotropical e seu hábitat é o mais diversificado entre os platirrinos,

utilizando todos os estratos arbóreos de florestas chuvosas inundáveis ou não, florestas primárias,

secundárias, caatinga, palmeiras, campos e mangues, conseqüentemente adaptando-se a uma

dieta onívora grandemente variada. Utiliza-se de frutos (60%), sementes (7%), castanhas, flores,

exsudados, néctar, fungos, ovos, insetos, aracnídeos, pequenos vertebrados e até algumas

espécies de ostras e caranguejos encontrados nos manguezais. Spironello (1991) acompanhou um

grupo de Cebus apella durante um ano no PDBFF. A dieta do grupo acompanhado constituiu-se

basicamente de frutos e presas animais, em sua maioria invertebrados. As palmeiras foram os

recursos mais importantes na estação seca (33% do total dos itens). Os macacos-prego utilizaram

6 frutos de espécies de palmeiras, sendo que Jessenia bataua (patauá) e Maximiliana maripa

(inajá) foram as mais requisitadas.

Formam grupos de tamanho médio entre 8 à 16 indivíduos, com um ou mais machos,

ficando dispersos quando forrageiam, porém mantendo contato vocal. Seu peso médio é de 3kg e

sua densidade média de 35 indivíduos por km2.

Apesar de perseguidos por alguns agricultores, por pilhar milharais e pomares e ser

considerado o vira-lata dos primatas, por ser muito comum e amplamente distribuído, são

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considerados os gênios das florestas tropicais. Suas habilidades cognitivas se refletem em seu

amplo comportamento exploratório. Onívoros, procuram e descobrem alimentos de origem

vegetal e animal em lugares improváveis e inacessíveis para muitos outros primatas, uma vez

que são capazes de utilizar ferramentas ou estratégias para conseguir alimentos. O uso de

ferramentas para alimentação pelos chimpanzés é amplamente conhecido e considerado normal,

por se tratar de nossos parentes mais próximos. Até então, esta atividade parecia restrita aos

primatas dito superiores. No entanto, quando estudos começaram a revelar que, além de usar o

próprio corpo para quebrar frutos, os rejeitados macacos-prego do Novo Mundo (que divergiu há

40 milhões de anos) também utilizavam ferramentas, o interesse sobre este gênero e sua

paradoxal evolução, despertou o interesse de inúmeros cientistas. Um grupo de pesquisadores do

departamento de psicologia experimental da USP (capital) e do departamento de psicobiologia da

FFCLRP/USP, vem estudando há vários anos estas habilidades em semi-cativeiro e campo (o

que é bem mais complicado, por se tratar de eventos raros e episódicos) em vários sítios de

estudo (FIGURA 43 e 44).

O antropólogo holandês Carel van Schaik (Duke University) propôs um modelo tripartite

para o surgimento de uma cultura que fosse capaz de usar ferramentas. Para Chaik, o primeiro

requisito, fazendo uma analogia com os computadores, seria possuir um hardware: o cérebro do

animal em questão precisa ser complexo o suficiente para conceber este tipo de comportamento.

O segundo elemento é uma dependência pelo menos relativa de alimentos de difícil acesso

(castanhas sapucaias, cumarus e coquinhos)15, que exigem muito esforço do aparato normal de

guarras e dentes para serem devorados. Finalmente, o tipo da sociedade na qual a espécie em

questão está estrutura seja tolerante, permitindo que outros indivíduos do grupo se aproxime de

quem estiver comendo, para observar, apreender e posteriormente, (por imitação e tentativa e

erro), incorporar a novidade em seu próprio repertório comportamental (LOPES, 2007).

Apresenta também um grande repertório de expressões faciais, o que é interpretado pelos

etólogos como uma capacidade de sentir diferentes emoções, o que reforça sua merecida fama de

inteligente. Por isso, são treinados para facilitar a vida de deficientes físicos. A menor eficiência

de sua cauda semipreênsil é compensada por sua destreza manual. Seus inimigos naturais são:

a harpia, o gavião-pega-macaco, a onça e até a irara. O ciclo menstrual varia de 15 à 20 dias, � 15 PERES (1991) registra íntima interação ente Cebus apella-Cariniana micrantha (Lecythidaceae). Os pericarpos extremamente duros e espessos desta espécie são adaptações morfológicas primárias para proteção de suas sementes ricas em proteínas (18%) e gorduras (70%) contra predadores de sementes pré-dispersão. Apesar disso, macacos-pregos evoluíram adaptações comportamentais eficazes em contornar este obstáculo. O autor contou 7.328 frutos produzidos por 10 árvores focais e estimou que 69% das sementes aladas e anemocóricas de espécie foram destruídas por predação direta de Cebus num único ciclo de frutificação.

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percebido por um pequeno sangramento. A gestação é em media de 180 dias, nascendo um

único filhote de 260g, que é carregado pelos pais e outros membros do grupo por

aproximadamente 8 meses. Não apresentam estação reprodutiva definida. A maturidade sexual

das fêmeas ocorre aos 4 anos e dos machos aos 7, podendo procriar até os 25 anos e chegar aos

44 anos em cativeiro (AURICCHIO, 1995; FREESE ; OPPENHEIMER, 1981).

A situação de algumas espécies de macacos-prego é critica. Cebus robustus, o macaco-

prego-de-crista, foi recentemente incluído na lista de espécies da fauna brasileira ameaçados de

extinção. O estudo de Martins (2005) objetivou localizar os fragmentos remanescentes de Mata

Atlântica dentro da área de ocorrência de Cebus robustus no Estado de Minas Gerais, redefinir

sua distribuição geográfica e estimar sua densidade populacional. Com a ajuda das imagens de

satélite (Landsat 5 e 7 RTM+) foram encontrados 43.867 fragmentos maiores que 1ha.

Associado com três metodologias: entrevistas (com 128 moradores em 40 municípios), viagens

(50 mil km de estradas percorridas) e levantamentos (com “play-back e camera trap”), concluiu-

se que: apesar da distribuição geográfica da espécie ser de 120 mil km², sua área de ocupação é

inferior a 2 mil km²; e sua densidade populacional no único fragmento onde foi possível estimar

foi de 0,22grupos/km², na Estação Ecológica Estadual de Acauã. O autor descobriu ainda uma

zona de intergradação entre os rios Santo Antônio e Suaçuí Grande, onde os híbridos apresentam

características intermediárias entre Cebus nigritus e Cebus robustus. Antes desse estudo era

sabido que Cebus robustus ocorria em pelo menos 10 unidades de conservação dos estados da

Bahia e Espírito Santo porém não existia nenhum registro que comprovasse sua ocorrência em

uma área protegida de Minas Gerais (OLIVER ; SANTOS, 1991).

Mais ameaçado ainda que Cebus robustus está o macaco-prego-do-peito-amarelo, Cebus

xanthosternos, endêmico da Bahia e extremo norte de Minas Gerais. Esta forma consta na lista

dos 25 primatas mais ameaçados do mundo. Isto se deve a dois motivos principais: (1º) ocorre

em uma região fortemente desmatada e (2º) adultos são caçados e seus filhotes capturados como

animais de estimação. Não existe sequer estimativas confiáveis de sua densidade populacional.

Apesar do esforço nacional e internacional de diversos organismos sua sobrevivência como

espécie é dificultada por vários motivos, a saber: (1º) distribuição mais espalhada do que se

acreditava inicialmente; (2º) populações extremamente pequenas e isoladas, (3º) sujeitas a caça e

(4º) inexistência de uma floresta grande o suficiente para suportar uma população viável

(KIERULFF, et al., 2005).

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Figura 42 – Cebus apella da região do Tapajós. Fonte: própria do autor (1998).

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Figura 43 - Cebus capuchinus usando três diferentes posições para quebrar os frutos indeiscentes, carnudos e oblongos de até 6,5 cm de comprimento do cumaru, Dipterys odorata, espécie do dossel das florestas primárias e que ocorre nas duas flonas estudadas. Este comportamento é raro de ver, mas não tão raro de ouvir, principalmente com frutos da família Lecytidaceae. O comportamento exploratório deste gênero é tal, que existe registro até de ter quebrado o cronômetro de uma pesquisadora em busca de comida. Fonte: cortesia do doutores K. Izawa e A. Musuno

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Figura 44 - O que foi descrito para a Figura 43, pode ser observado nesta foto real. Um macho adulto de Cebus capucinus batendo um fruto seco de Luehea cândida (açoita-cavalo) contra um galho no Parque Nacional Santa Rosa (Costa Rica). O fruto é batido com a mão esquerda enquanto a mão direita recolhe as sementes que vão caindo. Fonte: Jansen (1983)

Figura 45 - Macaco-prego-de-cara-branca, Cebus albifrons. Sua distribuição brasileira vai da margem direita do Rio Negro à margem esquerda do Rio Tapajós. Fonte: L.C. Marigo

Figura 46- Macacaco-prego-do-peito-amarelo, endêmico do sul da Bahia, um dos 25 primatas mais ameaçados do mundo (Cebus apella xanthosternus) Fonte: R. Mittermeier (1998).

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2.31 - Pithecia pithecia chrysocephala (I.Geoffroy, 1850)

Os parauacus são primatas de pequeno a médio porte, pesando de 1,5 à 2,5kg e medindo

30 à 50cm de cabeça e corpo e 25 à 55cm de cauda. Caracterizam-se por uma pelagem longa e

fofa, que lhes torna volumosos e por uma cauda longa, espessa e não preênsil (BUCHANAN et

al., 1981). Os parauacus são encontrados nas matas amazônicas desde o Equador até a Guiana

Francesa. Pertencem ao gênero Pithecia que apresenta cinco espécies: Pithecia aequatorialis;

Pithecia albicans (HERSKOVITZ, 1987; FIGURA 49); Pithecia monacus (com duas

subespécies); Pithecia irrorata (com duas subespécies, FIGURA 48) e Pithecia pithecia com

duas subespécies, Pithecia pithecia pithecia e Pithecia pithecia chrysocephala (VIÉ et al.,

2001). Esta última subespécie fez parte deste estudo populacional através de (n = 10)

avistamentos. P. p. pithecia e P. p. chrysocephala habitam o norte e o sul, respectivamente da

região guianense definida pelo rio Amazonas ao sul e pelos rios Negro e Branco a oeste, e o

Oceano Atlântico a leste e ao norte (FIGURA 89, no apêndice).

Entre os platirrinos, os parauacus são classificados junto com os cuxiús (gênero

Chiropotes) e os uacaris (gênero Cacajao), dentro da sub-familia Pitheciinae (HERSHKOVITZ,

1977; ROSENBERGER, 1981), tal família é especializada em comer e triturar grandes

quantidades de sementes imaturas e macias de frutos com pericarpo duro. Tal peculiaridade

diminui a probabilidade desta subfamília atuar como dispersores de sementes, uma vez que a

massa alimentar se transforma numa massa indistinguível de frutos, que geralmente perdem a

capacidade de germinar (AYRES, 1986; SETZ, 1983; Van ROOSMALEN et al, 1988). Por este

motivo os parauacus não são considerados frugívoros típicos como os outros primatas

neotropicais de tamanho semelhante. Os parauacus formam grupos familiares de dois a seis

indivíduos (FOODEN, 1964; IZAWA, 1976). Diversos autores registram parauacus como

monogâmicos (e.g., NAPIER ; NAPIER, 1985), no entanto, estudos recentes mostraram que

Pithecia albicans e Pithecia irrorata ocorrem em grupos de até 13 indivíduos (JOHNS, 1986).

Isto evidencia que seu sistema de acasalamento é mais variável ou mais complexo do que o

sistema monogâmico encontrado, por exemplo, nos macacos-da-noite (gênero Aotus) ou nos

sauás (gênero Callicebus) (ROBINSON et al., 1987).

Em Pithecia pithecia, macho e fêmea apresentam precocemente um acentuado padrão de

coloração e pelagem, permitindo um fácil reconhecimento (BUCHANAN et al., 1981; SETZ,

1993). Os machos são negros e apresentam a face amarelada, as fêmeas marrom, com bigodes

cor de laranja (FIGURA 47). Pithecia pithecia apresenta uma locomoção característica que os

torna silenciosos, saltam de um tronco a outro (“vertical clingers and leapers”), usando

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predominantemente o estrato médio e inferior da copa e a submata (BUCHANAN et al., 1981),

enquanto Pithecia monachus, Pithecia irrorata (FIGURA 48) e Pithecia albicans usam mais a

copa e são mais quadrúpedes (Van ROOSMALEN, comunicação pessoal; citado por JOHNS,

1986). Os parauacus são muito silenciosos, fugidios, rápidos, e se “congelam”16, além de raros.

Poucos trabalhos foram realizados com Pithecia, tanto em cativeiro quanto na natureza. Os

poucos estudos se baseiam em observações esporádicas de grupos, sem habituação

(MITTERMEIER ; Van ROOSMALEN, 1981; HAPPEL, 1992; OLIVEIRA et al., 1985).

Sua raridade sugere especialização de hábitat (RYLANDS ; KEUROGHLIAN, 1988) e

sua ocorrência em fragmentos florestais parece estar relacionado à três fatores: (1º) existência de

igarapés; (2º) alto número de lianas; e (3º) e uma desproporção entre o número de árvores

menores em relação as maiores, típicas dos fragmentos florestais (SCHWARZKOPF ;

RYLANDS, 1989).

Distribuição da Espécie: no estado do Amazonas, ao norte do Rio Amazonas e a leste

dos Rios Negro e Branco. Ao sul do Rio Araguari.

Esta espécie apresenta duas exibições (observação pessoal) muito interessantes em

relação ao observador. Uma relacionada à tentativa de simular um tamanho maior do que o real,

por meio da piloereção, seguida de um chacoalhar lateral do corpo, um sacudir da cauda e

vocalizações; e a segunda relaciona-se a proteção do filhote, descrita em etologia como manobra

de distração. O macho faz tudo para se tornar o mais conspícuo possível enquanto a fêmea com o

filhote se afasta sorrateiramente. Conduta existente, sobretudo, nas aves nidificadoras terrestres,

destinada a enganar um potencial predador. Estas manobras de distração servem para atrair a

atenção do predador sobre a ave adulta que simula defeitos locomotores, como mancar ou ter

uma asa ferida, para afastar o perigo dos filhotes no ninho. Quando a distração é suficiente, a ave

adulta pára bruscamente sua manobra e retoma seu vôo para voltar a seu território por caminhos

sinuosos (HEYMER, 1982; SETZ, 1993).

� 16 Recorrem à imobilização “freezer” diante de uma ameaça (obs. pessoal).

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Figura 47 Casal de Pithecia pithecia chrysocephala espécie que ocorre na FNS-T (Trombetas). Descrito como monogâmico, mas existe dúvidas, uma vez que várias fêmeas podem coexistir no grupo. É um dos gêneros menos conhecidos graças a seus hábitos discretos. Gosta de viver próximo aos iguarapés em estratos de altura média. É considerado mais predador de sementes de que dispersor. Conseguiu viver por vários anos em um fragmento de 10 ha. (PDBFF) da Amazônia central. Fonte: Revista Ícaro (s/d ); Setz (1993).

Figura 48 - Casal de Pithecia irrorata. O parauacu que ocorre na margem esquerda do Rio Tapajós. Fonte: Revista Ícaro

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2.32- Chiropotes albinasus (I. Geoffroy e Deville 1948) e Chiropotes satanas (Humboldt, 1911)

O Chiropotes albinasus (cuxiu-de-nariz-branco) é encontrado na FNT e o número de

detecções foi (n = 9) grupos de indivíduos e para Chiropotes satanas chiropotes (Humboldt,

1811), o cuxiú encontrado na FNS-T, foi de (n = 38) grupos de indivíduos.

Descrição e Distribuição de Chiropotes albinasus: totalmente negro brilhante, com o

centro do focinho com pele vermelho-vivo e pêlos curtos e brancos, entre e ao redor das narinas

(MPEG). Espécie endêmica do Brasil ocorre nos estados do Amazonas, Rondônia, Mato Grosso

e Pará, ao leste dos Rios Madeira/Jiparaná, e Oeste dos Rios Iriri/Xingu (FERRARI ; LOPES,

1992; FIGURA 50).

Descrição e Distribuição de Chiropotes satanas chiropotes: cabeça toda negra com

braços e pernas negras, mãos e pés castanho-avermelhados. Cauda negra. Todo dorso, ombros e

base da cauda são castanho-claro-dourados (MPEG). Ocorre no Amazonas. Norte do Rio

Amazonas e leste do Rio Negro e sul da cabeceira do Orinoco (AURICCHIO, 1995; FIGURA

51, e 90, no apêndice).

Figura 49 – Pithecia albicans Fonte: http://www.discoverlife.org/mp/20q?guide=Primates

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Características genéricas: os cuxiús tem um tamanho médio, medindo cerca de 327 à

480mm da cabeça ao corpo e 370 à 463mm de cauda. Seu tamanho corporal varia de 2,7 à 3,2kg

e possuem pelagem espessa e longa. O osso maxilar é procumbente na linha mediana e os

incisivos superiores são quase horizontais, nitidamente ultrapassando os inferiores, além de

possuírem caninos bastante desenvolvidos. Os pelos da cabeça formam uma espécie de capuz

que se divide ao meio. Os machos apresentam barba característica (FIGURA 50 e 51).

Vive em estratos médios e altos de florestas de terra firme, poucas vezes utilizando-se das

florestas de igapó ou secundárias. Formam grandes grupos de 30 animais, compostos por

proporções iguais de machos e fêmeas e possuem uma densidade populacional média de 15 ind./

km². Sua área de uso é de 200 à 250ha. Seu percurso diário pode chegar a vários quilômetros

em marcha obstinada à procura de alimentos.

Alimentam-se de polpa de frutos e arilo (50%), sementes jovens (35 %) de várias árvores,

flores (6%). Incorporam também proteína animal em sua dieta como: larvas de borboletas,

coleópteros e formigas. O estudo de Vieira (2005) revelou que das 31 espécies vegetais

utilizadas por Chiropotes utahickae, 74% foram predadas. Não houve relação significativa entre

o tamanho das sementes e o tipo de interação (predação ou dispersão). Existe um dimorfismo

sexual corpóreo (fêmeas com 2,5kg e machos com 3,1kg). O único filhote nasce depois de 5

meses de gestação e o pai provavelmente não toma parte nos cuidados com o a prole. Tem uma

longevidade de 18 à 20 anos e maturação sexual por volta de 4 anos. Conforme o estudo do mapa

(FIGURA 90, no apêndice) sugere todas as formas são alopátricas (AURICCHIO, 1995; SILVA

Jr., 1992). Coimbra-Filho (1972a) registrou que C. albinasus sofria real perigo de

desaparecimento. Segundo ele:

Altamira e Santarém são os principais centros comerciais de obtenção deste primata. Os indivíduos desta espécie são recebidos através de traficantes, que os adquirem dos mateiros ou indígenas, que habitam as proximidades das florestas localizadas mais à montante das bacias dos Rios Xingu e Tapajós. Frise-se, que o cruzamento da Rodovia Transamazônica com a Cuiabá-Santarém, efetiva-se em plena área de ocorrência desse raro primata

Neste trabalho o autor recomenda a necessidade de uma reserva para proteger esta

espécie; felizmente dois anos depois, 1974, foi criada a FNT.

Os primeiros estudos com cuxiús relataram a ocupação de “home range” relativamente

grande (AYRES, 1981) e a intolerância do gênero a áreas desmatadas (JOHNS ; AYRES, 1987),

no entanto, estudos recentes em fragmentos florestais (e.g. BOBADILLA, 1998; BOBADILLA e

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FERRARI, 2000; CARVALHO, 2000; PEREIRA, 2002; FERRARI et al., 1999; SANTOS,

2002; SILVA, 2003; VIEIRA, 2005), tem surpreendido pela aparente plasticidade

comportamental do gênero. O quadro atual sugere que os cuxiús vivam em baixas densidades em

grandes áreas de vida em florestas contínuas não perturbadas e em altas densidades em áreas

fragmentadas. Especula-se que a abundância de cuxiús nestas áreas se deva à utilização de

recursos alimentares-chaves e alternativos e a tolerância à perturbações. Só o continuo

monitoramento das ilhas artificiais criadas em função da UHT em 1985 e das fazendas

particulares onde estes animais foram estudados poderá dizer se estas adaptações são

consistentes ao longo do tempo. A história de vida de outros membros da família pithecinae (e.g.

os Pithecia pithecia estudados por Setz (1993) mostram que a migração é factível. No caso das

centenas de ilhas de tamanhos diferentes de Tucuruí a impossibilidade de migrar cria uma

situação nova e muito interessante que justifica estudos de longo prazo. Nunca tantas populações

de Chiropotes utahickae próximas uma das outras esteve entre apenas duas possibilidades:

extinção local ou uma forte pressão evolutiva para adaptação. O enchimento do lago criou sem

querer um Projeto Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais, infelizmente não existem

estudos populacionais antes do enchimento para um estudo comparativo. Poder-se-ia especular

se 20 anos não seria suficiente para uma resposta adaptativa destes animais em seus “laboratórios

artificiais” ou se a percepção dos primeiros estudos sobre o gênero foram errôneos? Nossa

modesta opinião, de não especialista no gênero, associado as complexidades inerentes a fugaz

existência humana diante da grandeza do tempo geológico e evolutivo e as surpreeendente

capacidade de adapatação dos primatas, tenderiam a especularmos em favor da percepção

equivocada diante de uma amostra pequena e pouco representativa dos estudos pioneiros.

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Figura 50 - Chiropotes albinasus a espécie de cuxiú que ocorre na Floresta Nacional do Tapajós e é endêmico do Brasil. Seu nome “albinasus”, nariz branco é errôneo, mas manteve-se em respeito a regra taxonômica de considerar válida à primeira descrição. O equívoco ocorreu por que sua descrição foi baseado em um animal taxidermizado, e o nariz que é vermelho apresentava-se despigmentado. No presente estudo foi observado um grupo com 20 indivíduos adultos, mas ocorre grupos (ou assembléias) com o triplo de indivíduos (observação pessoal). Prefere os estratos superiores de florestas primárias. Fonte: L.C. Marigo (s/d).

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Figura 51.- Chiropotes satanas, espécie ocorrente na FNS-T (Trombetas). Os primeiros estudos com esta espécie afirmavam tratar-se de espécie bioindicadora da primitividade das florestas, uma vez que acreditava-se que ela não resistia a florestas perturbadas. No entanto, diversos estudos recentes em florestas alteradas de diferentes tamanhos, que atestaram sua presença, tem surpreendido os pesquisadores pela sua capacidade adaptativa. Como todo pithecineo atua mais como predador de sementes do que dispersor. Foi observado um fato pitoresco com esta espécie. Um vez por mês os frutos de ambos os lados da trilha (1m de cada lado) eram recolhidos, nos dias que antecediam a coleta e na ida do próprio dia. O pesquisador fazia montes de frutos na trilha, para facilitar a coleta na volta. Numa dessas ocasiões, um monte com cinco piquiás (Caryocar villossum) foi arrumado por volta das 6:30 da manhã; no retorno, depois das 16:30 um grande grupo forrageava no piquiazeiro e para minha surpresa alguns escalavam os troncos de árvores próximas, partindo do chão. Neste momento, foquei com o binóculo “meu” monte de piquiás e tive a felicidade de ver um indivíduo adulto subtraindo dois deles, um na boca e outro na axila. Está espécie é caçada por dois motivos, sua carne tem fama de ser muito saborosa e caboclos e índios utilizam sua cauda como espanador. Fonte: L.C. Marigo (s/d).

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2.33 – Alouatta discolor (Spix, 1823) e Alouatta seniculus (Humboldt, 1812)

Alouatta discolor é o guariba-preto-de-mãos-ruivas, endêmico do Brasil, ocorre na FNT e

o número de detecções foi (n = 48) grupos de indivíduos e de Alouatta seniculus, o guariba-

avermelhado da FNS-T, o número de detecções foi de (n = 51) grupos de indivíduos.

Localidade-tipo: o material na qual Eliott em 1910 se baseou para a descrição do táxon foi

proveniente da Costa de Demera, Guiana (GREGORIN, 2006). Os guaribas juntamente com os

macacos-aranha (Ateles), macacos-barrigudos (Lagothrix) e müriquis (Brachyteles) pertencem a

subfamilia Atelidae. Esta classificação supra-genérica é baseada em Rosenberger (1981), que foi

o primeiro a distinguir duas famílias entre os Atelidae (as subfamilias Atelinae e Pitheciinae)

como um dos grandes grupos monofileticos de platirrinos. Posteriormente esta classificação foi

confirmada pelos estudos de genética molecular de Sampaio (1993) e Schneider et al., (1997).

Salienta-se três características dos atelineos (forma aportuguesada). (1º) a primeira distinção

morfológica dos atelineos em relação aos demais primatas do Novo Mundo é sobre a

preeensibilidade da cauda. O terço distal da superfície ventral é glabra e verdadeiramente

preênsil. O que lhes confere um quinto membro.

O gênero também conhecido popularmente como bugio no centro-sul do Brasil e barbado

na América Central. O gênero Alouatta compartilha com o gênero Cebus a maior

distribuição entre os 18 gêneros de primatas neotropicais. Espalhado por quase toda a

América Central e do sul de maneira praticamente contínua desde o sudeste do México (estado

de Vera Cruz) até o norte da Argentina (região de missiones). Está entre os primatas neotropicais

mais conhecidos. Tal fato se deve não só pela ampla distribuição, mas também por sua letargia e

pequena área de vida, o que evidentemente, facilita sua observação e popularização entre os não

especialistas (HILL, 1962; NAPIER ; NAPIER, 1967). Descrição e Distribuição de Alouatta

discolor: negro com ampla mancha castanho-avermelhada da cabeça a base da cauda. Mãos, pés

e metade distal da cauda, variam de preto à amarelo, principalmente castanho avermelhado.

Ocorre ao sul do Rio Amazonas, desde a margem direita do Rio Tapajós até o baixo Rio

Tocantins e Serra do Cachimbo no PA. Alouatta discolor tem como localidade-tipo o Forte de

Gurupá (PA). As localidades mais ao sul desta espécie são Fordlândia (RioTapajós) e Serra dos

Carajás, ambas no estado do Pará (GREGORIN, 1996; FIGURA 52). Descrição e Distribuição

de Alouatta seniculus (HUMBOLDT, 1812) dorso dourado, barba, extremidades e cauda ruivo-

escuras. Ocorre nos estados do Amazonas e Pará. Leste da Amazônia, norte de Rio Amazonas e

leste do Rio Negro; Ilha de Gurupá. Alouatta seniculus, tem Cartagena, departamento de Bolívar

(Colômbia) como localidade-tipo (FIGURA 91, no apêndice).

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O gênero descrito por Linnaeus em 1766, compreende mais de doze espécies. Em recente

revisão taxonômica (GREGORIN, 2006) reconheceu dez especies no Brasil, a saber: Alouatta

caraya, Alouatta fusca, Alouatta clamitans, Alouatta belzebul, Alouatta discolor, Alouatta

ululata, Alouatta juara, Alouatta macconneli, Alouatta puruensis e Alouatta nigerrina. As

espécies Alouatta palliata e Alouatta pigra são formas centro americanas; a distribuição de A.

seniculus extrapola o território brasileiro.

Ao gênero Alouatta pertence as espécies de primatas neotropicais mais estudados

(RYLANDS, 1987). Apesar disso, a maioria dos estudos provêm de duas espécies centro

americanas, Alouatta palliata, cuja distribuição se estende até a costa ocidental da Colômbia e do

Equador, e A. seniculus, espécie típica do norte da América do Sul, ocorrendo no norte e leste do

rio Amazonas, estendendo-se até o sul (Bolívia) na parte oeste deste continente (HILL, 1962;

CROCKETT ; EISENBERG, 1987). Porém mesmo estas duas espécies carecem de estudos

prolongados em diferentes localidades de suas distribuições geográficas. Grande parte do

conhecimento sobre Alouatta palliata provém de apenas uma localidade, a IBC no Panamá;

Alouatta seniculus por sua vez, foi estudado principalmente na região dos Lhanos venezuelanos

(e.g. CROCKETT ; EISENBERG, 1987). Das onze espécies descritas Alouatta discolor é uma

das menos conhecidas.

Dimorfismo Sexual: sabe-se que Alouatta é o grupo de primatas neotropicais que

apresenta o maior grau de dimorfismo sexual (SCHULTZ, 1927, 1960) incluindo tamanho, peso,

diferenciação craniana e em alguns casos, dicromatismo sexual. Na espécie Alouatta caraya, o

guariba do Brasil Central, por exemplo, o dicromatismo sexual é o mais notável do gênero, os

machos são negróides e as fêmeas oliváceas (RIBEIRO, 1914). O padrão de coloração dorsal

encontrado na maioria dos espécimes de Alouatta seniculus (o guariba que ocorre na FNS-T),

examinados por Gregorin (1996), foi ruivo escuro, clareando na região médio dorsal, de

tonalidade dourada, porém mais opaca se comparado com a espécie parapátrica17, Alouatta

straminea (HILL, 1962; SICK, 1965). O repertório de vocalizações não é muito variável, no

entanto, pode ser audível a 5km de distância Parece ocorrer uma freqüência maior de

vocalizações crepusculares em grupo, comportamento este considerado territorial com finalidade

de informar aos outros grupos da mesma espécie a ocupação daquele sitio alimentar. Assim, os

outros grupos podem planejar as novas direções de forrageamento sem atrito entre grupos

adjacentes .

� 17 Parapátrica = população que tem suas distribuições geográficas contíguas, mas não sobrepostas (Futuyma, 1993).

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Hábitat: a plasticidade de biomas freqüentadas por este gênero é notável, vivem em

estratos arbóreos de 10 à 20m em florestas montanhosas úmidas; vegetação mais aberta como

caatinga, chaco paraguaio, cerrado, pantanal matogrossense, babaçual, ou de araucária em

altitudes que variam de zero a 1.200m; vegetação de transição do norte do Maranhão e Ceará e

florestas de terra firma da Amazônia. Foi surpreendente observarmos (em 1988) um macho

adulto de Alouatta discolor em Ponta de Pedras (um tipo de cerrado baixo e aberto com algumas

árvores de porte maior, formação Alter do Chão), em Santarém, perto de uma praia densamente

povoada nos finais de semana.

A territorialidade neste gênero é notável. Milton (1982) com a ajuda de 25 auxiliares,

realizou um censo extensivo em dois dias replicados e confirmados em mais dois outros dias em

1977. Os 65 grupos contados na IBC (15,5 km²) não pareceram estar distribuídos em um padrão

randômico ou agregado (levando-se em conta certo efeito aglomerado temporário

presumivelmente induzido pela aglomeração de alguma fonte alimentar sazonal particular), mas

mais propriamente tenderam a uma distribuição relativamente uniforme. Berstein (1974) acredita

que um padrão de distribuição uniforme desta natureza entre os grupos coespecificos indicam

que o estabelecimento prévio de um grupo em uma área tem um efeito negativo sobre o

estabelecimento de outro grupo na mesma área. Tal distribuição implica em intensa competição

por um mesmo recurso limitado, geralmente alimento (BERSTEIN, 1974; FIGURA 56).

Tamanho dos Grupos: formam grupos de 4 à 6 indivíduos (Alouatta seniculus), 15

(Alouatta clamitans) a até 23 (Alouatta paliatta, Milton, 1980), que ocupam uma área de vida de

1 à 45ha (MILTON, 1980). Alcançando uma densidade de 90 indivíduos por km2, podendo

chegar em algumas áreas a 120 indivíduos por km2 (FREESE et al, 1982). Dados do Panamá

(República de Darien) revelaram que a maior parte da biomassa de mamíferos é de herbívoros,

sendo que as cotias representaram a maior biomassa de herbívoros terrestres e os guaribas

representaram a maior biomassa entre os herbívoros arborícolas (GOLLEY et al, 1978).

Composição dos grupos: 30% de machos e 40 % de fêmeas adultas e filhotes sob o comando de

um macho adulto chamado “capelão”. Descansam aproximadamente dois terços do dia.

Alimentação: é o gênero mais folhívoro entre os platirrinos, ingerindo de 40 à 60 % de

folhas, principalmente imaturas e frutos que recolhem antes dos outros primatas devido à

capacidade de desintoxicar-se dos compostos secundários de muitas plantas, descortinando para

o gênero um estoque alimentar inacessível a outros primatas de compleição física semelhante

(Torres de Assumpção, 1998; Milton, 1980). Essa característica, associada a sua excepcional

folhívoria deve contribuir para sua sobrevivência em pequenos fragmentos florestais, onde à

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presença de flores e frutos são episódicas (RYLANDS, 1987; RYLANDS ; KEROGHLIAN,

1988). Sua presença já foi registrada em áreas de apenas 1ha (BICCA-MARQUES e

CALLEGARO-MARQUES, 1994). Um grupo de bugio-preto, Alouatta caraya, de composição

variável entre 1 à 17 indivíduos ocupou uma área de 2ha de uma ilha de mata seminatural na

Estação Casa Branca, Alegrete (RS) (BICCA-MARQUES, 1994). O oportunismo alimentar

deste gênero pode ser exemplificado através da espécie Alouatta fusca clamitans na Estação

Ecológica de Aracuri (RS) onde no outono o grupo consumiu 42% de pinhão, Araucaria

angustifólia (MARQUES, 1996). Guaribas descem ao chão para beber e comer terra,

provavelmente para provimento de minerais (geofagia), no entanto, o fazem numa freqüência

menor do que no gênero Cebus. No presente estudo nunca foi observado guaribas no chão, em

nenhum dos dois sítios de estudo, porém, na FNT observamos à ingestão de terra em um

cupinzeiro arborícola depois de uma chuva. Sick (1965) observou Alouatta caraya perto de

Anápolis (GO), em pleno cerrado aberto, pulando no chão e caminhando para um capão distante.

A existência de alimentos potencialmente tóxicos ou menos comestíveis tem moldado as

decisões de forrageamento de hervívoros bem como carnívoros. Animais herbívoros tão

diferentes como esquilos e formigas selecionam alimentos que tenham baixas concentrações de

terpenóides tóxicos, veneno que muitas plantas incorporam em suas folhas ou tecidos corticais

para repelir consumidores (ALCOCK, 1984). Este tipo de seletividade também foi exibido pelos

guaribas (Alouatta palliatta) estudados por Glander (1978) na Costa Rica. Neste estudo Glander

descobriu as seguintes “regras” para os guaribas “tomarem” decisões: (1ª) as folhas das espécies

de árvores mais comuns, são as menos prováveis de serem comsumidas. Pelo contrário, eles

gastam tempo considerável pesquisando espécies mais raras; (2ª) Mesmo com as espécies

arbóreas menos comuns, os guaribas foram seletivos, recusando-se a comer a maioria dos

indivíduos disponíveis. Tal comportamento também foi verificado em outras espécies de

primatas. Por exemplo, os macacos rhesus (Macaca mulatta) na Índia consumiram itens de

plantas de apenas 12 dos 149 indivíduos de uma mesma espécie de uma árvore “aceitável”; (3ª)

os guaribas preferiram as menores folhas novas das espécies menos comum do que as maiores

folhas maduras das espécies mais abundantes; (4ª) eles frequentemente comem de modo

“desperdiçador”, consumindo apenas o pecíolo e deixando cair a maior parte da folha. Glander

(1978) hipotetizou que a obstinada escolha alimentar dos guaribas está adaptada para responder

as defesas químicas empregadas por muitas árvores. As luxuriantes florestas tropicais são

ocupadas por plantas tóxicas e/ou de baixo valor nutricional. Na verdade, Glander (1982)

mostrou que as espécies evitadas pelos animais têm folhas com altas concentrações de alcalóides

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ou taninos. Alcalóides intoxicam guaribas; taninos ligam-se com as proteínas das plantas

aumentando a perda da proteína útil, além de dificultar a digestão. Entretanto, indivíduos da

mesma espécie variam em sua toxidade e concentração de taninos. As árvores preferidas, como

previsível, foram as que continham relativamente menos toxinas e taninos. Finalmente, folhas

novas são mais tenras (têm mais água) e contêm menos fibras não nutritivas do que as folhas

maduras. Quando os guaribas comeram folhas maduras, eles selecionaram indivíduos que tinham

níveis mais altos de proteínas (12,4%) do que folhas maduras de árvores que eles rejeitaram, que

tinham em média apenas, 9,4% de proteínas. “Desperdício” alimentar ocorreu porque os guaribas

comeram a parte da folha (pecíolo) muito menos tóxica e descartaram o resto da folha.

Milton (1980) hipotetizou que as espécies do gênero Alouatta vivem à margem de suas

necessidades nutricionais, mantendo-se num frágil equilíbrio entre a energia obtida dos alimentos

e a energia gasta na procura dos mesmos. Segundo a pesquisadora, esse equilíbrio seria mantido

pela alta seletividade alimentar e por um nível baixo de atividade diária. Para ela a energia obtida

dos alimentos é insuficiente para suprir as necessidades ligadas ao forrageamento. Milton e

MacBee (1983) sugeriram que este déficit é compensado pela fermentação de carboidratos

estruturais no aparelho digestivo, particularmente no “caecum” e no “colon”. Os autores

denominam este conjunto de fatores como “hipótese de sobrevivência marginal dos guaribas”,

onde a qualidade do alimento seria o fator limitante para as populações de Alouatta. Segundo os

autores supracitados, essa adaptação à sobrevivência sob estreitas margens nutricionais

explicaria o sucesso do gênero em distribuição e dominância ecológica. Na verdade é difícil

encontrar uma comunidade de primatas neotropical, não só na Amazônia, mas também fora dela,

onde uma espécie deste gênero não esteja presente. Se existe uma comunidadde básica de

platirrinos, os guaribas tem lugar assegurado.

Sob a ótica etologica a seleção de alimentos “fáceis” (folhas) e “difíceis” (insetos e frutos

maduros) de uma forma equilibrada implica em problemas cognitinvos complexos (e.g.

memória). A exploracao de frutos exige conhecimentos básicos sobre as possíveis e/ou melhores

fontes disponíveis dentro da área de vida do animal e também o monitoramento sistemático de

fontes a serem exploradas.

Peso: Alouatta está entre os maiores platirrinos, pesando entre 4 à 10kg (NOWAK e

PARADISO, 1983). Os comprimentos da cabeça e corpos combinados medem entre 411 à

745mm. nos machos (n = 98 indivíduos estudados), entre 300 à 645mm. nas fêmeas (n = 84

indivíduos estudados). O cumprimento da cauda varia de 535 à 815mm. nos machos e 400 à

705mm.nas fêmeas, para o mesmo tamanho de amostra supracitado (GREGORIN, 1993). O

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autor supracitado (1996) estudou as relações filogenéticas do grupo e concluiu que a espécie

mais primitiva do grupo senicula é Alouatta nigerrina e, a do grupo belzebul, Alouatta discolor.

Quando se busca a localização destas espécies percebe-se que elas ocupam margens opostas do

Rio Tapajós. O pesquisador acredita que o referido rio funcionou como uma barreira geográfica

que culminou na especiação dos dois subgrupos amazonicos. Este estudo contesta a separação

em três grupos proposta por Hershkovitz (1949), para Gregorin (1996) a única separação

evidente no grupo de espécies amazônicas, com base nas 5 sinapomorfias descobertas, seria

formado por dois clados distintos: um clado com Alouatta belzebul + Alouatta discolor +

Alouatta ululata e o outro formado por Alouatta seniculus + Alouatta nigerrina + Alouatta

straminea + Alouatta puruensis.

A reprodução obedece às normas gerais dos Atelidae (família que engloba três gêneros

neotropicais: Ateles, Lagothrix e Brachyteles). A maturação sexual ocorre entre 4 à 5 anos para

as fêmeas e 6 a 8 anos para os machos. Gestação: de 185 à 195 dias, nascendo somente um

filhote por vez com 120 à 130g. A fêmea carrega o filhote e o desmame se dá por volta do

vigésimo mês. Este, que a principio é ágil, logo adquire a letargia e a sedentariedade típica dos

adultos. Essa característica dos guaribas se deve ao fato de que a desintoxicação dos compostos

secundários contido nas folhas, ser incompatível com qualquer outra atividade que não seja o

descanso (MILTON, 1980). Não apresentam estação reprodutiva definida. Longevidade: 20

anos aproximadamente (AURICCHIO, 1995; HILL, 1962; HERSKOVITZ, 1977; GREGORIN,

1996). Apresentam ainda como característica a esquizodactilia, o indicador das mãos distância-se

do dedo médio e aproxima-se do polegar, uma adaptação à locomoção quadrúpede

(CHIARELLI, 1972; HERSKOVITZ, 1977; HILL, 1962; NAPIER ; NAPIER, 1967).

Não poderia concluir este item sem lembrar que os guaribas fazem parte do grupo de

primatas que praticam o infanticídio (HRDY, 2001). Descrito para cerca de 35 espécies

pertencentes a 16 diferentes gêneros de primatas, o infanticídio é frequentemente uma fonte

significativa de mortalidade infantil. Os estudos de Crockett e Sekulic (1984) com Alouatta

seniculus na Venezuela revelaram que 12% de todos os filhotes nascidos são mortos por machos

saqueadores. Os estudos mais completos sobre este tema são do primatólogo indiano S.M.

Mohnot e do alemão V. Someer, com langures (Presbites sp.) na Índia (Jodhpur). Durante 25

anos de estudo (SOMMER, 1994) chegou a calcular que 33% de todos os filhotes nascidos foram

mortos por machos invasores. Elevadas taxas de mortalidade infantil decorrentes de infantício

também estão sendo descritas entre os bandos compostos por apenas um macho de babuíno

chacma em Botsuana (Moremi). Na savana, os babuínos vivem em bandos de múltiplos machos

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e o infanticídio é raro, mas em Moremi, os machos solteiros monopolizam a reprodução por

apenas um breve período. Nesses episódicos o acesso masculino à fêmeas receptivas (férteis)

intensificam a competição entre machos para acesso a essas fêmeas e aumentam a pressão

seletiva sobre os machos para “abreviarem” a carreira reprodutiva de uma mãe no curto período

em que um macho tem acesso a ela (PALOMBIT et al, 1997). Nos casos mais extremos, entre os

gorilas das montanhas, estudados na antiga área de pesquisa de Dian Fossey na região dos

vulcões Virunga, no Zaire, 14% de todos os filhotes nascidos são mortos por machos

saqueadores (HAUSFATER ; HRDY, 1984; HRDY, 2001; Van SCHAIK, Van NOORDWIJK ;

NUNN, 1999).

Krebs e Davies (1996) argumentam que a vantagem do infanticídio praticado pelos

machos ao assumirem o controle de um bando esta no fato de que, matando os filhotes de um

macho precedente, reconduzem as fêmeas à condição reprodutiva mais rapidamente e assim

torna mais próximo o dia em que ele próprio poderá ser pai. Este parece ser um caso de conflito

sexual no qual o macho saiu vencedor, mas é surpreendente que as fêmeas não tenham

desenvolvido contra-adaptações. Elas poderiam, por exemplo, comer seus próprio filhotes

mortos, para tentar recuperar tanto quanto possível as próprias perdas. É sabido também que a

relação mãe-filhote é a relação emocional mais forte da natureza. Hrdy (2001) argumenta que

mesmo quando fêmeas primatas não-humanas estão implicadas em infanticídio, as mães não

fazem mal a seus próprios filhotes; elas matam os de outra fêmea. No entanto, entre os langures

indianos, o infanticídio é um significativo exemplo de um comportamento que não se

desenvolveu para beneficiar a espécie. O matador vence à custa de sua vítima infantil, do macho

rival que a gerou e da mãe, que perde tudo que ela investiu no filhote até aquele dia. Neste

gênero (Presbites), onde este fenômeno foi estudado pela primeira vez, as repetidas ações para

ganhar o controle, acompanhadas de infanticídio, podem levar com o tempo, a um declínio no

tamanho do grupo e potencialmente, a extinção de uma população mais vulnerável (HRDY,

2001; FIGURA 57).

Parece que a natureza desenvolve mecanismos compensatórios para manter o equilíbrio

populacional. Na mesma espécie do gênero Alouatta que ocorre infanticídio, Alouatta seniculus,

também ocorre adoção (FIGURA 55). No estudo de Agoramoorty e Rudran (1992) eles relatam

três casos de infantes adotados. No primeiro caso uma fêmea lactante adotou sua neta depois do

desaparecimento de sua mãe, o infante sobreviveu até os 25 meses subseqüentes. No segundo

caso, uma fêmea adulta adotou sua neta por 9 dias enquanto a mãe do infante ainda pertencia ao

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seu grupo. No terceiro caso, uma fêmea nulípara, adotou temporariamente um infante de um

grupo vizinho.

Figura 52 - Fêmea sub-adulta nulípara de Aloutta discolor do grupo estudado pelo autor durante os cinco meses do projeto piloto na FNT, observe que as terminações e a ponta da cauda são alaranjadas Fonte: própria do autor (1998)

Figura 53- As figueiras representaram um recurso chave para toda a comunidade de primatas da FNT, principalmente para os guaribas que nem esperam seus frutos amadureceram. O´Brien et. al., (1983) acreditam que o que torna as figueiras tão desejáveis para diferentes herbívoros, seria seu alto nível de cálcio. Os autores supracitados estudaram o teor de cálcio em frutos de figueiras em Belize, Indonésia e Uganda e descobriram teores de cálcio três vezes maiores nos seus frutos quando comparado com frutos de outras espécies. Esse estudo indicou que a concentração de cálcio em relação ao fósforo pode ser um importante critério para a seleção desses frutos. FIGUEIREDO (1993) relata a importância de Fícus enormis para Alouatta fusca; SERIO-SILVA ET AL., (2002), descreve a importância das figueiras para Alouatta palliata no México. Não apenas as figueiras são capazes de atrair mamíferos arborícolas, BONACCORSO, et al., (1980) descrevem comcentrações de animais na copa de Dipterix panamensis (cumaru) no Panamá. Fonte: própria do autor

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Figura 55 - Alouatta seniculus espécie que ocorre no Trombetas. Fonte: Revista Fauna (s/d)

Figura 54 - Alouatta sp, em posição típica durante alimentação Fonte: Revista Fauna (s/d)

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Figura 56 - Nesta figura esta representado o espaçamento de três tropas de guaribas em uma floresta tropical decídua da Costa Rica. A área domiciliar ou a área de vida (home range) dos três grupos se sobrepõe; nesta representação é mostrado apenas a área core de cada grupo. Na alvorada os machos dos grupos contíguos urram vociferrantemente por aproximadamente uma hora. Assim, cada grupo tem um indicativo da posição dos grupos adjacentes e podem programar seu forrageamento de maneira a evitar a sobreposição de nichos. O resultado disto são populações distribuídas regularmente. Fonte: Glander

Figura 57 - Uma mãe langur e seu filhote (Himalaia), espécie onde existe a maior incidência de infanticídios entre todos os primatas do planeta. Foto de M. Krishma. Fonte: Nicolson (1981)

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2.34 – Ateles marginatus (E. Geoffroy, 1812) e Ateles paniscus (Linnaeus, 1758)

Ateles marginatus (macaco-aranha-de-testa-branca) ocorre na FNT, onde o número de

detecções foi de (n = 9) grupos de indivíduos e Ateles paniscus paniscus (macaco-aranha-de-

cara-vermelha) que ocorre no Trombetas, o número de detecções foi de (n = 34) grupos de

indivíduos. Também conhecidos popularmente como coatás ou cuambas; pertencem a um gênero

amplamente distribuído do México até a Bolívia e toda a Amazônia (FIGURA 92, no apêndice).

Descrição e distribuição da espécie: Ateles belzebul marginatus é totalmente negro,

exceto por um triangulo branco na fronte e listras brancas nos lados da face (MPEG)

(AURICCHIO, 1995; FIGURA 58, 66 e 67). Endêmico ao Brasil, ocorre do norte a oeste do

estado do Pará, a oeste dos baixos Rios Tocantins/Araguaia e a leste dos Rios Tapajós/Teles

Pires. Parece estar restrito à floresta de terra firme.

Descrição e distribuição da espécie Ateles paniscus paniscus: pelagem completamente

negra contrastando com pele nua cor-de-rosa ou vermelha-clara, no focinho e ao redor dos olhos.

Cauda grossa na base, afilando-se abruptamente na ponta (FIGURA 61).

Grandes, com membros acentuadamente compridos e de estrutura esguia. Cauda longa e

preênsil com palma. Polegares extremamente reduzidos ou ausentes (FIGURA 66). O peso

médio da espécie é de 8kg. Trata-se de um gênero muito susceptível a extinção local. São

caçados para alimentação, como animal de estimação e como isca (xerimbabo) para matar onças,

sendo utilizados, além dos macacos-aranha, também os guaribas e os macacos-pregos. Além

disso, possuem maturação sexual tardia e reproduzem-se vagarosamente, produzindo um único

filhote de 340g a cada 24 - 36 meses, depois de uma gestação de 210 à 232 dias. Em cativeiro, se

hibridiza facilmente, não devendo, portanto, ser colocado junto com espécies congêneres. Vivem

em florestas altas, chuvosas, inundáveis ou em terra firme formando grupos sociais de mais de

30 indivíduos, ou divididos em sub-grupos. Apresentam densidade média de 20 indivíduos por

km2. É comum viagem solitária (observação pessoal, principalmente A. paniscus), porém

encontrando-se com outros indivíduos, várias vezes por dia (fissão-fussão). As únicas

associações estáveis são entre fêmeas e seus filhotes. No presente estudo foi observado um

padrão mais fluído em Ateles paniscus do que em Ateles marginatus, fortalecendo as

observações de Terborgh (1985).

Parece ser o mais frugívoro dos platirrinos (50%), considerando frutos separados de

sementes. Comem também, folhas, casca de árvore, flores, néctar e cupins. Movimentam-se

habílmente pelas copas altas, utilizando a cauda preênsil como um quinto membro e a

braqüiação. Os macacos-aranha e os muriqüis são os dois gêneros de primatas que mais se

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152

utilizam deste tipo de locomoção (observação pessoal). Estima-se uma área de vida entre 100 e

200ha. A última reprodução ocorre em média aos 25 anos (Van ROOSMALEN ; KLEIN, 1988;

AURICCHIO, 1995).

O conhecimento sobre o papel dos primatas como dispersores de sementes ainda é

incipiente. Em alguns casos, a quantidade de fezes e a maneira (espalhada ou concentrada) que

elas são descartadas no solo parecem, ser mais importante do que as características intrínsecas

das sementes contidas nela. Em um estudo comparativo (ZHANG ; ZHANG, 1995a) sobre a

eficiência de dispersão de sementes de Ziziphus cinnamomum (Rhamnaceae) entre Ateles

paniscus (que defeca espahado) e Cebus apella (que defeca concentrado), trouxeram resultados

surpreendentes. Embora os macacos-aranha dispersem cerca de 50 vezes mais sementes do que

os macacos-prego, a probabilidade de sobrevivência de uma semente dispersado pelos macacos-

prego é de 2,6 vezes maior. Os autores afirmam que esta diferença deve-se ao fato de que os

macacos-pregos defecam poucas sementes por bolo fecal em lugares diferentes, enquanto que os

macacos-aranha defecam uma número maior de sementes num mesmo local. Sendo assim, uma

vez que, predadores de sementes, como ratos silvestres, por exemplo, encontram o sítio de

defecação dos macacos-aranhas, as sementes são todas devoradas.

Trata-se de um gênero muito susceptível a extinção local. Ravetta (2001) realizou um

estudo sobre a distribuição e abundância de Ateles marginatus em vários fragmentos do baixo

Rio Tapajós, inclusive na FNT. Seus estudos sugeriram que fragmentos isolados de floresta com

menos de 100ha não suportam as populações desta espécie. Nos fragmentos maiores, a presença

e abundância da espécie parecem ser influenciada mais diretamente por fatores antrópicos (caça e

extração de madeira). O estudo evidenciou a situação crítica da espécie na região frente a

ocupação humana desordenada e a necessidade urgente de deter o processo de fragmentação e

pauperização dos seus ambientes, iniciado com o desmatamento e a venda de madeira para

formar pastos e posteriormente com o plantio de grãos (em especial a soja). Mesmo em floresta

contínua o gênero pareceu ser pouco abundante. Ateles paniscus também não foi encontrado nos

fragmentos do PDBFF na Amazônia central, ocorrendo apenas na floresta controle de mais de

1000ha (RYLANDS ; KEUROGHLIAN, 1988; GILBERT ; SETZ, 2001).

Caçadores relataram a Ayres e Ayres (1979) que Ateles paniscus e Alouatta seniculus

frequentam barreiros, comportamento comum de muitos outros mamíferos e aves conspícuas

(e.g. queixadas, catetos, paca, mutum, cujubim e varias espécies de psitacídeos). Os estudos de

Weeks e Kirpatrick (1976) demonstraram que as visitas aos barreiros é uma adaptação dos

herbívoros para suprirem suas deficiências nutricionais de certos minerais, principalmente sódio.

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153

A geofagia (ingestão de terra) também foi observada em muriqüis, Brachyteles arachnoides

hypoxantus em sete episódios durante os 13 meses de trabalho de campo na Estação Biológica de

Caratinga (MG) (DIBB, 2001).

Figura 58 - Macho adulto de Ateles marginatus fotografado pelo autor na FNT (1998). Munido de uma Nikon EM, acoplada a um teleconversor (2x), acoplada a uma teleobjetiva de 200 mm, a mais ou menos 10 m de altura e 20 m de distância. Esta foto foi conseguida após 19 dias não consecutivos de espera próximo a uma árvore de alimentação muito requerida, não só pelos macacos-aranha, mas por toda a comunidade de primatas (recurso chave): Pouteria biloculares (Sapotaceae). A técnica consiste em escalar uma árvore com uma corda presa na cintura presa a uma mochila no chão, que contém o material fotográfico e de sobrevivência, chegando no puleiro, puxasse a corda e se esconde atrás de um tapume feito de palha de palmeira (com um buraco) sem teto para permitir a entrada da luz. A escolha do puleiro é estratégica, deve ser feito em função da árvore de alimentação (preferencialmente na beira de uma estrada) e que se estude previamente o percurso do sol, de modo que ele nunca esteja contra a objetiva. Nesta foto é possível observar bem o caráter platirrino (nariz achatado com aberturas voltadas para os lados), que junto com a cauda preênsil, diferencia esternamente os primatas neotropicais dos primatas africanos e asiáticos (catarrinos). Na Figura 66, apresentamos um infante desta espécie.

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154

Figura 59- Cinesfera de Alimentação. Os primatas braquiadores, como os gibões (asiáticos) e os muriqüis e macacos-aranha (sul-americanos) conseguem aumentar sua cinesfera de alimentação como ilustra a Figura 59b; os primatas sem cauda preênsil como os calitriquídeos e os cebídeos (sauás, micos-de-cheiro, macacos-prego e parauacus) conseguem explorar apenas metade da cinesfera, como ilustrado na Figura 59a. A ênfase, desses primatas quadrúpedes, é muito menor sobre a preensão suspensória do que sobre a preensão sustentadora; tal padrão de postura não leva à seleção de longos braços, mãos semelhantes a gancho e modificações na região do ombro que ocorrem nos primatas braquiadores. (Figuras 60 e 63). A suspensão e o balanço do braço desenvolveram-se muitas vezes em paralelo entre os primatas; especialmente notável é a extraordinária semelhaça morfológica entre os macacos-aranha do Novo Mundo e os gibões do Velho Mundo, ambos braquiadores. Napier (1983) não vislumbrou uma posição intermediária entre estas duas possibilidades, no entanto, platirrinos com cauda preênsil mas não braquiadores, como os cuxiús, macacos-barrigudos e guaribas conseguem ampliar sua cinesfera de alimentação suspenso pela cauda e portanto, liberando as mãos para alimentação, como ilustrado pela FIGURA 54, para o gênero Alouatta. Fonte: Napier (1983)

Figura 60 - Simulação de gibões em movimento, são os menores antropóides e os melhores braquiadores. Conhecido como os “trapezistas das florestas tropicais”, nenhum outro primata se iguala a eles em freqüência ou habilidade, chegam a progredir como uma velocidade de 10 km/h (FIGURA 63).

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Figura 61 - Ateles paniscus, o macaco-

aranha da região do Trombetas

Figura 62 – Uma mãe de Ateles geoffroyi fazendo uma ponte para seu filhote.

Foto Hladik (1985) América Central. Fonte: Moser (1985)

Figura 63 – Foto de um gibão (Hylobates sp.) no zoológico de São Paulo. Fonte: própria do autor

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156

Figura 64 – Frutos de Duguetia echinophora (Anonnaceae) muito requerida pelos macacos- aranhas e humanos da região do Trombetas, por serem adocicados e abundantes. Uma árvore de porte pequeno à médio de florestas primárias e secundárias. Seus frutos consistem de monocarpos justapostos, mas não fundidos. Parrota et al., (1997). Fonte: Gilmar Klein (2006).

Figura 65 - Frutos de Ingá alba (Mimosoidea) muito requerido tanto pela comunidade de primatas do Tapajós quanto do Trombetas. Os frutos são vagens estreitas de 20cm de comprimento, contendo cerca de 10 sementes envoltas por um arilo comestivel branco. Uma árvore de porte médio que alcança o dossel médio de florestas primárias e secundárias. Parrota et al., (1997). Fonte: Gilmar Klein

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157

2.35 - Grupo mistos nas duas flonas

Terborgh (1985) considera que associações mistas são adaptações para conseguir um

balanço ótimo entre proteção contra predadores e melhor eficiência de forrageio. Estas

associações formam territórios diferentes daqueles originais da cada espécie que os defendem de

outros grupos de formação semelhante. Este comportamento de co-territorialidade, já foi descrito

em aves, porém ainda não foi bem entendido nos primatas. Existe uma modificação na dinâmica

das espécies quando associadas. Quando Cebus se junta à Saimiri, por exemplo, a associação

mais freqüentemente observada no nosso estudo, os macacos-pregos viajam 40 % mais rápido do

que o normal para acompanhar os micos-de-cheiro, além disso, assimetrias de dominância e

competição podem modificar a dinâmica do grupo (idem). Quando chegam a um recurso

alimentar escasso, são freqüentes comportamentos agonísticos, normalmente com a espécie

maior afastando a menor. Este pode ser um indício de competição. Na TABELA 2 foi resumido

estas associações.

2.36- A caça e a captura para animais de estimação

A Amazônia Legal possui 287 UCs estaduais e federais que somada as TIs (950 mil km²)

perfazem 2 milhões de km² ou 40 % da AL, o equivalente aos estados do PA e MT. Isto é

importante, porque garante ao poder público a titularidade da terra, quebrando o processo de

grilagem que alimenta o ciclo de destruição da floresta, mas não é tudo. Para citar apenas um

exemplo, o Amapá, qué é o estado com melhor proteção (48 %), nenhuma de suas UCs tem plano

de manejo e de uma maneira geral 80 % das UCs da AL não tem sequer um técnico: a média entre

as UCs estaduais é de 0,6 funcionários por unidade, entre as UCs federais o índice sobe para 4

funcionários por UC (ESCOBAR, 2007). A caça e a captura para animais de estimação também

contribui para a diminuição das populações dos primatas e consequentemente alteram suas

densidades. É comum encontar caçadores fortuitos em áreas protegidas, no presente estudo

Tabela 2- Grupos mistos nas duas áreas de estudo e freqüência de avistamento por grupos Espécies Associadas freqüência Flona

Cebus apella Saimiri ustus 7 Tapajós

Cebus apella Chiropotes satanas 6 Trombetas

Chiropotes satanas Saguinus martinsi 1 Trombetas

Saguinus martinsi Pithecia pithecia 1 Trombetas

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encontrou-se 6 (3 em cada uma das flonas) monitotando nossas trilhas de estudo, em duas

ocasiões (uma em cada uma delas), um tiro foi disparado aproximadamente a 500m do autor.

Apesar disso, a situação dos primatas latino-americanos é melhor do que a dos primatas

africanos e asiáticos, de modo que temos alguma margem de manobra para o planejamento de

ações efetivas para sua conservação, podendo aprender com os “erros” dos outros paises. Para citar

alguns exemplos, na África Ocidental uma combinação devastadora de guerra civil18, ébola,

tráfico, caça, desmatamento e miséria estão varrendo do mapa nossos parentes mais próximos,

75% dos chimpanzés (Pan troglodites) e 50% dos gorilas (Gorilla gorilla) desapareceram nos

últimos 30 anos (PLUMPTRE, 2003). Na Ásia, os tsunamis têm extinguido populações locais de

orangotangos (Pongo abelli) e outros primatas, principalmente as populações das diversas ilhas

entre os oceanos Índico e Pacífico. As florestas da Indonésia declinaram mais de 80% nos últimos

25 anos. Em Sumatra das 13 populações de orangotangos identificadas, apenas sete delas

apresentam mais de 250 indivíduos estimados (ELLIS et al. 2005). Calcula-se que a estiagem

tenha causado a morte de 1.000 arangotangos em 2006. Como se não bastasse, além dos eventos

estocásticos, a Ásia tem sofrido com eventos antrópicos. Os incêndios florestais (criminosos em

sua maioria) que atingiram a região indonésica de Borneú deixaram esses primatas sem alimentos,

obrigando-os a invadir os assentamentos humanos. Muitos animais apresentaram problemas

respiratórios. Os arangotangos vivem nas Ilhas de Borneo e Sumatra, mas a invasão de seus

hábitats por seres humanos e o desmatamento estão ameaçando sua existência. Em 2002 estimava-

se que houvesse 56 mil orangotangos selvagens, mas essa população vem caindo à taxa de seis mil

ao ano (Agência Reuters/Terra, 2006). Na América do Sul as intempéries climáticos não são uma

causa importante de extinção dos primatas. Na Amazônia os primatas são subtraídos das florestas

simplesmente como fonte alimentar substituindo ou não o pescado entre cabocos e índios. A

captura para animais de estimação e tráfico também representam uma parcela significativa.

Vaz (2001) fez um levantamento de primatas com duração de quatro meses em uma área

quase totalmente inserida na FNT, porém do lado oposto as bases do Ibama, ou seja, na beira do

Rio Tapajós, o levantamento incluiu as praias de Belterra, Cajutuba, Aramanaí, Maguari e

Piquiatuba. Neste trabalho o autor registra que

� 18 Só na Republica Democrática do Congo, a estimativa de mortalidade humana é de cinco milhões de pessoas,

Mitermeier et al. (2005).

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a caça é uma atividade bastante freqüente na área. Entrevista com moradores locais possibilitaram levantar que existe consciência para a falta de critérios para o abate de animais silvestres (idade prematura, desrespeito à época de procriação, etc.) e a quase ausência de fiscalização estão contribuindo para diminuir ou mesmo extinguir as populações de varias espécies. Nesse particular se inclui não só primatas (Ateles marginatus, Chiropotes albinasus), mas também tatu-canastra, queixada e anta entre outros

As FIGURAS 66 á 72 apresentam primatas caçados ou capturados para animais de estimação.

Figura 66 - Infante de Ateles marginatus, o macaco-aranha da FNT, sua mãe foi morta para capturá-lo visando sua venda ou domesticação, a grande maioria morre de depressão ou inanição na primeira semana após o trauma, como ocorreu com este exemplar. Observe (1˚) que mesmo nos infantes é possível determinar o sexo, neste caso uma fêmea, neste gênero o clitóris é avantajado e pendular o que pode confundir um primatólogo inexperiente; (2˚) a ausência do polegar (esquizodactilia) uma adaptação a locomoçâo suspensória). Fonte: Jakson Rego (1998)

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Figura 67 - Primatas de tamanho acima de Cebus apella (à esquerda) são alvo de caçadores profissionais que entram em UCs com sal e vão matando e salgando as espécies cinegéticas que encontram pelo caminho. Depois de duas ou três semanas saem da floresta para vender o charque a receptores específicos. Ateles marginatus (à direita) são muito sensíveis a extinção local, por ocorrerem naturalmente em baixas densidades. Quando um garimpo se estabele dentro do seu território, por exemplo, é só uma questão de tempo para o grupo extinguir-se. Além disso, para algumas tribos, os macacos são a única caça que a mulher grávida pode comer, por ser uma carne limpa, já que eles raramente vão ao chão e só comem alimentos “limpos”. Caso várias mulheres estejam grávidas em uma tribo, o consumo exclusivo de macacos durante 9 meses também pode causar declínios significativos as populações de primatas não-humanos. Fonte: Martinelli, (2000), Peixoto de Azevedo (AM).

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Figura 68 – Mulheres da tribo Auacas preparando vários macacos do gênero Ateles. Depois da peladura e extração das vísceras, os animais

são cortados e cozidos. Observe no indivíduo do primeiro plano o buraco da flexa. Para se matar um grupo social deste tamanho, sem que dê tempo deles fugirem, é necessário vários caçadores e sincronização no minuto do disparo. A atividade da caça é restrita aos homens. Fonte: Frey et al (1989)

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Figura 69 - Índio nômade da família Aucas no Rio Cononaco, quando a caça escaseia mudam de local, na foto vários primatas do gênero Lagothrix sp caçados com zarabatana e setas envenedadas com exudados de pererecas. Fonte: Frey et al (1989)

Figura 70- Na foto abaixo dois guaribas, Alouatta caraya (MT) disputam uma

banana. Esta prática de se construir uma mini-rede para os macacos de estimação é muito comum na Amazônia. Fonte: Siemel (1952).

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Figura 71 Cacique Campas dos andes peruanos, preparando alimento, as patinhas e a cauda revelam a identidade da iguaria, Saimiri sp. Fonte: Frey et al (1989)

Figura 72 - Macacos são animais de estimação muito populares na Amazônia, este da foto é um macaco-barrigudo, Lagothrix lagotricha, Fonte: própria do autor, Projeto Rondon, Tarauacá (AC) 1983.

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3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Três características deste estudo: A lógica do método cientifico começa com a

formulação de uma hipótese testável (CAUGHLEY ; GUNN, 1995). Para algumas pessoas,

as que vêem os cientistas como “escravos de um método”, esta afirmação parece cercear

nossa liberdade ou criatividade. Este estudo, pelo contrário, nos deu muito prazer em

realizá-lo, não só porque foi feito na região de maior biodiversidade do planeta, ou porque

os primatas são um ótimo objeto de estudo, que ao contrário dos pássaros, podem ser

habituados e seguidos, mas principalmente porque nós escolhemos onde realizá-lo, de que

maneira e com o auxilio do melhor equipamento disponível na época. Essas três agradáveis

escolhas foram resumidas da seguinte maneira:

3.1.1 Foi um estudo naturalístico (em oposição à laboratorial) porque não mediu

nem manipulou uma variável independente, como normalmente é feito em estudos

controlados que objetivam simular a natureza no laboratório. Este tipo de estudo apresenta

um baixo grau de controle e consequentemente possui uma baixa força de inferência, ele

engloba levantamentos descritivos e observacionais na definição de SCHWARDZ (1988),

FIGURA 73. O levantamento descritivo apresenta apenas uma variável resposta, no nosso

caso, a densidade, seja dos primatas, descritos através do método de trajetos lineares, seja

das árvores, descritas através do método do ponto-quadrante, e nenhuma variável

explicativa. Desta forma, no levantamento descritivo nenhuma comparação pode ser feita

com outra trilha (que não foi estudada) e a informação pertence somente àquela trilha

particular descrita. Nenhuma inferência sobre a densidade em outras trilhas é possível. No

levantamento observacional duas trilhas convenientes podem ser selecionadas e

comparadas. Contudo, os resultados são aplicáveis somente às duas trilhas amostradas e

nenhuma extrapolação a outras trilhas podem ser feitas. A razão para esta fraca inferência é

que as diferenças observadas entre às trilhas podem ser devido às especificidades locais de

cada trilha. Os seis tipos de estudos exibidos no gráfico diferem em duas importantes

dimensões: (1) A quantidade de controle sobre o fator explicativo. Os levantamentos

descritivos apresentam a menor quantidade de controle, enquanto que os experimentos

controlados apresentam o máximo controle. (2) O grau de extrapolação para outros sítios.

Novamente, nos levantamentos descritivos, a inferência é limitada aquelas populações

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amostradas, enquanto que nos experimentos controlados sobre unidades randomicamente

selecionadas, a inferência pode ser feita sobre os futuros efeitos dos fatores explicativos.

Alguns autores (e.g., KREBS; DAVIES, 1996) acreditam que estudo naturalístico

seja uma ferramenta poderosa para estudar adaptação, “a comparação de grupos de

espécies relacionadas é útil na tentativa de esclarecer como exatamente as diferenças no

seu comportamento refletem diferenças ecológicas”.

3.1.2 Usou a abordagem comparativa. Espécies diferentes evoluíram sob

diferentes condições ecológicas e, portanto, comparações entre comunidades podem ajudar

a entender como as diferenças na abundância e/ou distribuição alimentar, diversidade de

hábitats, pressão de predação, etc, influencia na densidade das populações simpátricas e

sua dispersão pelo ambiente. Usar a abordagem comparativa é como olhar o resultado de

experimentos realizados pela seleção natural ao longo do tempo evolutivo. Os resultados

desses “experimentos” definem as estruturas sociais (características demográficas) e

organização social (padrão de interação entre os membros do grupo), que agora

observamos (ROWELL, 1979; KREBS; DAVIES, 1996).

3.1.3 Foi um estudo transversal (em oposição à longitudinal) porque não compara

uma mesma comunidade em dois intervalos de tempo, pelo contrário, confronta duas

comunidades de primatas e duas estruturas florestais praticamente ao mesmo tempo.

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167

3.2 Métodos. Este estudo utilizou dois métodos bastante consagrados em ecologia animal e

vegetal. O método de estimativa de densidade populacional de animais através de Trajetos

Lineares (BURHAM et al.,1980) e o método do Ponto Quadrante utilizado para estudar

comunidades vegetais (COTTAM ; CURTIS, 1959). Estes dois métodos, que

descreveremos a seguir, têm em comum o uso da distância para estimar abundância das

espécies.

A amostragem através de trajetos lineares tem sido usada, no mínimo, desde a

década de 30 do século XX, para estimar a abundância da vida selvagem [e.g. ADANS

FORÇA DE INFERÊNCIA

G R A U DE CO N T R O L E

Levantamentos Descritivos

Levantamentos Observacionais

Levantamentos Analíticos

Levantamento de Impactos

Levantamentos de Impactos Controlados

Experimentos Controlados

Figura 73 - Relação entre grau de controle, força de inferência e tipos de projetos de estudo. O presente estudo situa-se entre os dois primeiros níveis mais baixos (descritivo-observacional), portanto, extrapolações podem ser uma adivinhação perigosa Fonte: SCHWARDZ (1988)

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168

(1925); ELTON ; MILLER (1954); FORBES ; OVERHOLTS (1931); TABER et al

(1957); SOUTHWIC, et al., (1961a, b)]. Portanto, atualmente existe uma experiência

suficientemente grande com o método, para afirmar o quanto ele é prático, eficiente e

relativamente barato (BURHAM et al., 1980). A maneira mais direta de estimar a

abundância de uma população biológica é contar todos os indivíduos de uma área

conhecida. Dentro de tal abordagem, o tamanho da área a ser amostrada é conhecido e,

portanto, uma estimativa da densidade populacional pode ser obtida simplesmente pela

divisão do número de animais contados pela área amostrada. Métodos baseados nessa

abordagem usualmente são chamados de métodos de amostragem por quadrado, parcelas,

ou faixas. O estabelecimento de uma parcela e contagem de todas as entidades de interesse

dentro dele pode consumir muito tempo. Além disso, tal abordagem é freqüentemente

impraticável, se não impossível; por exemplo, se a população de interesse é móvel ou se os

indivíduos são difíceis de detectar ou amplamente distribuídos (i.e., a densidade da

população é baixa).

Apesar de a contagem total ser intuitivamente atrativa como um método acurado de

estimar densidade, na verdade a contagem por meio de amostras apresenta várias vantagens

sobre ela: ·.

(1) A contagem por meio de amostras requer menos trabalho,

(2) Elas reduzem muito a probabilidade de se contar o mesmo indivíduo mais de

uma vez e omitir completamente outros,

(3) Elas não necessitam, ao contrário da contagem total, ser completado em um

curto período de tempo, e

(4) A população é menos incomodada pelo censo.

A maioria dos modelos estatísticos de amostragem assume que os animais estão

distribuídos aleatoriamente sobre parcelas ou trajetos randomicamente localizados. Na

prática, os animais não estão distribuídos randomicamente, mas tendem para uma

distribuição agrupada. No caso de primatas, onde a quase totalidade das espécies vivem em

grupos sociais, esta observação de Caughley (1977), parece ser ainda mais verdadeira.

Igualmente, apenas em circunstâncias muito favoráveis é possível arranjar parcelas

randomicamente. Tal amostragem é mais frequentemente um objetivo ideal do que uma

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meta atingível. Apesar das dificuldades práticas da randomicidade das parcelas, e do fato

delas poderem ou não, ser exatamente randômicas, o máximo deve ser feito para não ser

introduzido um viés.

A densidade é amostrada pela divisão da área de estudo (levantamento) em

unidades amostrais e os animais contados sobre a proporção de unidades pré-selecionadas.

A densidade média por unidade amostrada é tomada como uma estimativa da densidade

média combinada sobre as unidades amostradas e não amostradas. A confiança nesta

estimativa é calculada através da variação da densidade entre as unidades amostrais.

Duas influências sobre a acuracidade da estimativa são mais importantes que todas

as outras (CAUGHLEY, 1977). Em primeiro lugar, se nós dividirmos uma área contendo

100 animais dentro de 10 unidades e amostrarmos apenas duas delas, é possível que, por

acaso, nenhuma unidade contenha animais. O resultado grosseiramente impreciso de

densidade zero poderia ter sido evitado se quatro unidades fossem amostradas. Em segundo

lugar, suponha que os 100 animais constituíssem um cardume de peixes de um lago. Em

qualquer tempo é provável que o cardume ocupe apenas uma unidade amostral. Quando

apenas duas unidades são amostradas, a densidade por unidade amostrada poderia ser

estimada ou como zero ou como 50, implicando respectivamente que no lago não existe

peixe ou que nele vivem 500 peixes. Estes exemplos ilustram dois princípios da

amostragem: o maior número de unidades amostradas implica numa maior acuracidade da

estimativa, e os animais que vivem mais agrupados requerem mais unidades amostrais para

fornecerem uma razoável acuracidade na estimativa de sua densidade.

Como qualquer método de estimar abundância, a amostragem através de trajetos

lineares não é apropriada para todas as populações biológicas. No entanto, em comparação

com a maioria dos outros métodos, a amostragem através de trajetos lineares é amplamente

aplicável para muitas espécies e ambientes. Cullen Jr. e Rudran (2004) salientam a

plasticidade deste método afirmando que ele vem sendo usado com sucesso em espécies

vegetais, insetos, anfíbios, répteis, aves, peixes e mamíferos, tanto marinhos quanto

terrestre.

Na amostragem populacional através de trajetos lineares o observador viaja ao

longo de um trajeto de tamanho conhecido, com velocidade entre 1 e 2 km/h, registrando a

distância entre ele e o objeto detectado (distância de avistamento ou detecção) e o ângulo

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entre o trajeto e a projeção do objeto avistado no solo. No método ideal, todos os objetos

sobre ou próximo do trajeto poderiam ser detectados, no entanto, o método admite que

alguns objetos, dentro de uma distância w, não serão detectados. Como o observador vai

varrendo com os olhos de ambos os lados do trajeto (180°), nos cálculos à distância w é

multiplicada por dois. Na verdade todos os objetos podem ser registrados,

independentemente da distância que eles estejam do trajeto. Para objetos distribuídos

esparsamente, como grupos de animais sociais como os primatas explorando um habitat

heterogêneo, o método é tipicamente mais eficiente do que a amostragem por faixas, por

amostrar um tamanho maior de área com a mesma quantidade de esforço (BUCKLAND et

al., 2001).

Como para trajetos por faixas, o desenho para trajetos lineares compreende varias

linhas posicionadas randomicamente, ou uma grade de linhas espaçadas sistematicamente

sobre a área de estudo (FIGURAS 74 e 75). O método é método de amostragem à distância

porque à distância dos objetos ao trajeto são amostrados. As n distâncias amostradas são

chamadas de x1, x2...xn. Estimativas não enviesadas de distância, e, portanto, abundâncias,

podem ser obtidas através destes dados de distância, se certas suposições forem satisfeitas.

Figura 74 - Representação da técnica de amostragem populacional através de um trajeto linear. O mesmo deve ter um cumprimento conhecido (L) e ser randomicamente localizado. Seis espécies (n = 6) foram detectadas com distancias x1, x2...xn. Esses objetos detectados são indicados por uma linha mostrando a distância perpendicular medida, ou estimada. Na prática, várias linhas podem ser usadas para amostrar a população. Fonte: Buckland et al, (2001) modificada pelo autor.

L

Page 171: Estudos populacionais dos primatas em duas florestas nacionais do ...

171

Conceitualmente, Buckland et al., (2001) pensaram em termos de uma efetiva faixa

de meia-largura µ, que é a distância proveniente do trajeto na qual tanto a maioria dos

objetos é detectada além de µ quanto os objetos não visíveis dentro do µ do trajeto. Com

esta definição é possível estimar densidade D por D = n/2 µ L. Note a similaridade com a

equação D = n/ 2wL, a conhecida faixa de meia largura w é substituída por uma estimativa

da efetiva meia-largura µ.

Talvez a melhor maneira de efetivar isto, seja notar que nós esperamos detectar

uma proporção Pa de objetos no trajeto de comprimento L e largura 2w, desta forma a

densidade D é estimada por ^

^

2 PawL

nD = (Equação 1)

É freqüentemente conveniente mensurar a distância de avistamento ou ‘radial’ ri e o

ângulo de avistamento θi, em vez da distância perpendicular, para cada um dos n objetos

detectados (FIGURA 74 e 75). Nesse estudo foi seguida a sugestão dos autores

supracitados, uma vez que os xi podem ser encontrados por trigonometria simples: xi =

ri.sen θi.

3.3 Pressuposições para a Utilização do MTL. O método apresenta quatro premissas, em

ordem decrescente de importância (BURHAM et al. 1980).

(1) O individuo em cima do trajeto nunca deixa de ser avistado.

(2) Todos os animais são detectados na sua posição inicial, antes de qualquer.

movimento em resposta a presença do observador (daí a importância de se

anotar o primeiro avistamento).

(3) As distâncias e ângulos são medidos corretamente e

(4) As detecções devem ser eventos independentes, ou seja, o mesmo animal, ou

grupo de animais, não pode ser observado durante o mesmo esforço amostral

(em outras palavras, não se pode contar mais de uma vez o mesmo individuo).

durante um percurso).

Page 172: Estudos populacionais dos primatas em duas florestas nacionais do ...

172

3.4 O problema da largura do trajeto. Considerando a totalidade das detecções o

pesquisador tem que optar sobre a largura do trajeto que ele utilizará na fórmula de

estimativa da densidade (equação 1). Comumente existem duas possibilidades (1ª) usar a

distância média de x (FIGURA 76A) ou (2ª) usar a maior distância de detecção encontrada

(máximo de x) (FIGURA 76B).

A L

X

w w

ri

Observador

Sentido da caminhada

θ i

A = Um pedaço da área de estudo.

w ou µ = Meia largura efetiva da trilha, a área levantada pode ser cal- culada como sendo: a = 2 w L

L = Comprimento total do trajeto.

X = Distância perpendicular (x = ri seno θi).

ri = Distancia de detecção.

θi = Ângulo de detecção, entre a trilha e à projeção do primata no solo.

= Primeiro primata avistado

Figura 75. Esquema para a estimativa da probabilidade de um animal ser detectado em uma amostragem através do Método dos Trajetos Lineares

x

x

x

X

x

x

x

Page 173: Estudos populacionais dos primatas em duas florestas nacionais do ...

173

Tanto a utilização da distância média de x quanto da distância máxima de x é

problemática. A média de x superestima a população, porque a largura do trajeto e,

consequentemente, a área, diminuem. Por outro lado, o x máximo geralmente subestima a

população por aumentar a largura de x e a área de amostragem. Para minimizar estes

problemas, nós visualizamos duas possibilidades (1ª) seguir a sugestão dos primatólogos

contidas no livro “Techniques for the Study of Primate Population Ecology” (NRC, 1981)

e calcular o “Máximo Confiável de x (MCx)”. Isto é feito colocando-se as distâncias de

detecção em um gráfico e encontrando-se o MCx no ponto em que houver uma queda

significativa no número de avistamentos à determinada distância ou (2ª) a seguida por nós,

utilizarmos a estimativa da probabilidade através de uma função de detecção, como

sugerida por Krebs (1989) e Cullen Jr. e Rudran (2004).

Para a estimativa de Pa , define-se a Função de Detecção g (X) como sendo a

probabilidade de um animal à distância X da trilha ser detectado, 0 ≤ X ≤ w , e assumimos

que g (0) = 1, ou seja, que todos os animais na trilha são detectados (premissa 1). Se

plotarmos todas as distâncias perpendiculares observadas em um histograma, então, o

problema se resume a encontrar o melhor modelo ou função para g (x) e ajustá-lo para

servir aos nossos dados de distância perpendicular. Perceba que esta método é um

aprimoramento da MCx. Se definirmos ∫=w

dxxg0

)(µ (Equação 2) então, Pa = µ/w. O

parâmetro µ ou a é conhecido como a meia largura efetiva da trilha, é a distância limite da

trilha de onde os animais são observados. Assim:

^^^

^

2/2 L

n

wwL

n

a

nD

Paµµ

=== (Equação 3)

Page 174: Estudos populacionais dos primatas em duas florestas nacionais do ...

174

Para obtenção de uma estimativa da integral de µ (^µ ), ou seja, a área µ sob a função

de detecção g (x), observa-se a função probabilidade de detecção (pdf) das distâncias

perpendiculares observadas, indicada como f (x), que é a integral da função de detecção g

(x) em uma escala de 0 a 1. Ou seja, f (X) = g (X)/µ. Pelo fato de assumir-se que g (0) = 1,

de onde segue que f (0) = 1/µ. Então:

LfN

L

nD2

)0(

2

^

^

^==

µ (Equação 4)

O problema agora fica reduzido à modelagem, ou seja, em encontrar a melhor

função que se ajuste às distâncias perpendiculares observadas.

3.5 Número de repetições em cada trilha

A ciência, geralmente, nunca se contenta com observações não replicáveis

(MILLENSON, 1975). No presente estudo, cada trajeto retilíneo de tamanho variável entre

5 e 7 km, foi percorrido no mínimo 12 vezes no Tapajós (4 trilhas) e 24 vezes no

Trombetas (2 trilhas). No Tapajós, foram percorrido cinco trajetos, assim distribuídos: dois

(um de 4 km e outro de 10 km) para a Base de Terra Rica (km 67 da BR-163); um (de 6

km) para Base do Projeto Ambé (km 83 da BR-163) e dois (um de 5 km e outro de 2,5

km) para a Base de Sucupira (km 117 da Br-163). No Trombetas, que possui apenas uma

base do IBAMA (Base de Patauá), foram percorrido dois trajetos eqüidistantes 8 km entre

si, um no baixio (6 km) e outro no Platô Bela Cruz (7 km) (FIGURA 27, página 101;

TABELA 3). O aumento do tamanho amostral é importante porque reduz simultaneamente os

dois principais tipos de erros (Tipo I e II) (CAUGLEY e GUNN, 1995). Segundo (KREBS,

1989) a melhor maneira de usar estatisticamente o método dos trajetos lineares é contar

com uma série de repetições (linhas), assegurando que cada linha seja longa o suficiente

para um adequado tamanho amostral (n > 20 ou 25). Assim a variância da estimativa da

densidade D pode ser obtida diretamente. Nós definimos, para R linhas repetidas,

Page 175: Estudos populacionais dos primatas em duas florestas nacionais do ...

175

^

^

2 alnD

ii

ii = (Equação 6)

Onde: ^

=Di Densidade estimada para linha i ni= Número de animais contados sobre a linha i

li= Comprimento do trajeto linear i

=^

ai Parâmetro estimado para a linha i

i= 1,2,3..., R linhas (número de repetições)

Para cada linha nós estimamos a através da equação 2. A densidade total estimada é a média ponderada:

lDl

i

R

i

ii

R

iD∑∑

=

==1

1^

(Equação 7)

A estimativa empírica da variância de D é

)1(

]([)var(

)2

1^

−=∑ =

RLD

DDl ii

R

i (Equação 8)

Onde: L = ∑ li

=^D Estimativa da densidade total.

R = Número de repetições dos trajetos lineares.

O erro padrão da estimativa da densidade total é: S.E ( )var()^

DD =

E o intervalo de confiança de 95% é: ^

025.

^)].(.[ DESD t±

Onde t0,025 tem R -1 graus de liberdade.

Page 176: Estudos populacionais dos primatas em duas florestas nacionais do ...

176

Tabela 3 - Número de repetições por trilha nas duas Florestas Nacionais

BASES do IBAMA

TAPAJÓS Sucupira (km 117) Ambé (Km 83) Terra Rica (Km 67)

Trilhas Trilha P Trilha B Trilha A Trilha O Trilha E Trilha FS

Nº. de Repetições 56 42 24 12 14 8 Total Percorrido por

Trilha (km) 303,4 117,5 180 37 149 43

Total Percorrido por Local (km) 420,9 180 229

Total Percorrido na Flona (km) 829

BASES do IBAMA

TROMBETAS Patauá (Km65) Cidade Km 57 (Terra Santa – Porto Trombetas)

Trilhas Trilha do Baixio Trilha dos Igarapés Trilha do Platô

Nº. de Repetições 88 16 28 Total Percorrido por

Trilha (km) 449,6 78,4 272

Total Percorrido por Local (km) 449,6 78,4 272

Total Percorrido na Flona (km) 800

Page 177: Estudos populacionais dos primatas em duas florestas nacionais do ...

177

3.6 O protocolo A cada animal ou grupo detectado foram coletados os seguintes dados: (1) data; (2)

horário; (3) número da trilha; (4) local da detecção (em metros); (5) o lado da trilha

(esquerdo ou direito); (6) o sentido da trilha (ida ou volta); (7) espécie detectada; (8)

distância do observador ao primeiro animal detectado; (9) o ângulo formado entre a trilha e

a projeção do primeiro animal detectado no solo, conhecido como ângulo de detecção; (10)

a atividade realizada pelo grupo (T = viagem, F = alimentação, R = descanso, BS = banho

de sol, S = socialização, P = pernoite; O = outros); (11) quando a atividade era alimentação,

foi discriminado o item alimentar consumido (folhas, frutos imaturos, frutos maduros,

gomas, insetos; outros); (12) a classe de altura em que a atividade era realizada [1] = 0 a 15

m, [2] = 16 a 20m, [3] = 21 a 25 m, [4] = 26 a 30 m, e [5] ≥ 30 m); (13) número de

indivíduos, incluindo os infantes e (14) ∑ das detecções por espécie. Para sistematizar a

coleta de dados foi elaborado um protocolo (TABELA 41, página 351, apêndice).

3.7 Sobre a coleta de dados e alguns aparelhos (FIGURA 93, apêndice).

Todos os dados foram coletados pelo autor entre 05h30min às 17h40min. Os

trajetos foram percorridos nos dois sentidos, no entanto, antes da volta era feita uma pausa

de 30 a 60 minutos. Durante a volta, uma precaução especial foi tomada para que um

mesmo grupo não fosse contado duas vezes. Uma nova coleta de dados era feita para uma

espécie já avistada na ida, se o local do segundo encontro distava-se no mínimo 1km do

encontro da ida. Essa regra de precaução fez com que desconsiderássemos várias detecções

durante a volta. A cada 50 metros aproximadamente uma pausa de no máximo um minuto

foi feita para ouvir vocalizações ou barulhos na folhagem. Encontros apenas auditivos não

foram considerados. Encontros visuais com outros animais, que não primatas, foram

registrados em separado. A cada detecção de primatas o cronômetro era acionado e os

dados recolhidos em um intervalo de tempo de 10 minutos (NRC, 1981; STRUHSAKER,

1975). Quando foi necessário, por exemplo, para a contagem de todos os indivíduos do

grupo, o pesquisador se afastou da trilha por no máximo 10 metros de cada lado. Quando

chovia era feito uma pausa até que a chuva parasse e a estimativa pudesse ser reiniciada.

Nunca foi necessário abandonar os trajetos por causa de tempestades, no entanto, dias

Page 178: Estudos populacionais dos primatas em duas florestas nacionais do ...

178

inteiro de chuva impossibilitaram o trabalho, tanto na região do Rio Tapajós quanto do Rio

Trombetas. A recomendação de que cada trilha fosse caminhada por no mínimo 80 km,

contando a ida e a volta (CULLEN Jr.; RUDRAN, 2004), não foi possível para todas as

trilhas da FNT. As trilhas O e FS na Base de Terra Rica, ficaram abaixo do mínimo

recomendado (37 e 43 km respectivamente) por que nós interrompemos suas utilizações,

em função do fluxo de automóveis dos Projetos da LBA, Floresta Seca e Dendrogênese

(KANASHIRO et al, 2002). No entanto, se considerarmos a área da Base de Terra Rica

como um todo (suas 3 trilhas) ela foi estimada por 229km (TABELA 3).

A distância do observador ao primeiro animal detectado foi medida com o auxilio

de binóculos a laser com medidor de distância (buschenel-range finder). Este binóculo foi

de grande utilidade pela precisão das medidas que proporciona, sem ele, fica sempre aquela

insegurança da estimativa feita a olho nu. Seu alcance varia de 20 a 400 metros, o que vai

até além do necessário para este tipo de estudo. Dentro da floresta raramente avistamos

grupos além dos 100 metros, neste estudo, por exemplo, dos 397 grupos avistados, apenas 5

estiveram entre 101 e 146 metros. Todos eles realizados na FNS-T, na mesma trilha, a dos

platôs, devido a uma peculiaridade. A estrada que aproveitamos para o estudo era cortada

perpendicularmente por vários ramais, o que facilitava às observações a longa distância.

O binóculo a laser também foi utilizado para determinar a altura da detecção do

primeiro animal avistado, caso este ponto estivesse a menos de 10 metros da trilha, o

pesquisador saia dela e procurava se posicionar o mais embaixo possível deste ponto para

realizar a medida. Caso este ponto estivesse perpendicularmente além dessa medida, de

ambos os lados da trilha, nós estimávamos a altura visualmente.

Como nem sempre é possível utilizar este binóculo, como no caso acima, nós não

perdemos a oportunidade no início do estudo de medir com a trena as árvores caídas, a fim

de “calibrarmos a mente” para estas eventualidades e também e principalmente, com as

árvores em pé, confrontávamos nosso “palpite” com a medida fornecida pelo binóculo.

O binóculo a laser também foi utilizado para medir a altura das 400 árvores do

inventário (200 em cada flona), no entanto, como ele não funciona a abaixo de 15 metros,

foi confeccionado uma vara de 5 metros de comprimento para nos auxiliar na estimativa

dessas árvores menos alta. A vara foi pintada com duas cores diferentes e alternadas a cada

20 cm. Este método também foi utilizado por Prance et al. (1976).

Page 179: Estudos populacionais dos primatas em duas florestas nacionais do ...

179

Um segundo aparelho utilizado e pouco conhecido foi o densitômetro vertical. A

cobertura arbórea, ou a porcentagem da superfície terrestre que fica oculta pela obstrução

da copa, quando olhamos de cima para baixo, como se estivéssemos num avião, é um

importante fator na seleção de habitat para pássaros e outros animais móveis (MOREAU,

1935). Até agora a determinação da cobertura arbórea para áreas relativamente grande tem

sido geralmente estimadas visualmente. As análises de fotografias aéreas de grande escala

com um planímetro podem fornecer dados, mas tais fotografias, freqüentemente não estão

disponíveis, e são na melhor das hipóteses, difíceis para uma interpretação acurada.

Métodos de campo baseado em fotometria, fotografia vertical e densitometria de pontos

amostrados sob a copa tem sido feito pelos ecólogos de plantas interessados nos fenômenos

associados à penetração de luz, superfície de reflexão ou penetração da chuva, mas são de

valor limitado para ornitólogos ou mastozoólogos, que estão interessados em fatores como

a distribuição dos vários tipos de alimentos e substrato para ninhos, cobertura de escape,

poleiros de espreita, vocalização no poleiro de espreita e amplitude do território aberto para

forrageamento aéreo ou arborícola. A densidade e estrutura da folhagem e galhos dentro da

copa das árvores individuais também é parte essencial da seleção de habitat para diversas

espécies de animais (KLOPFER, 1963), mas não pode ser confundido como uma extensão

da cobertura da copa como mencionado acima. Interstícios dentro da copa de árvores

individuais devem, portanto, ser distinguidas dos claros espaços existentes entre as copas.

Para propósitos práticos a copa de uma árvore é definida como a área dentro da linha

circunscrita a seus galhos exteriores “widest” formando um cinturão, isto é, a cobertura

convexa da secção comum de lado a lado como visto do solo, e a cobertura da copa de uma

posição, como a área total coberta pela copa da árvore, expressa como a porcentagem da

área total do espaço.

Um método rápido e direto de mensurar a copa foi testado em savanas, bosques e

florestas com submata moderadamente aberto durante um estudo sobe a distribuição de

aves na África Central e Oriental (EMLEN, 1956). O método é em essência uma adaptação

do método do ponto quadrante usado por ecólogos de plantas (GOODAL 1952; GEIG-

SMITH, 1964). O procedimento de campo assemelha-se aqueles usados na análise dos

trajetos de vegetação arbórea por Buell e Cantlon (1950) e a mensuração da densidade da

folhagem por MacArthur e MacArthur (1961).

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180

Ele implica em amostrar o céu em muitos pontos com uma coluna visual vertical.

Cada avistamento é registrado como positivo ou negativo dependendo se a coluna

intercepta ou não a copa da árvore (incluindo brechas ou interstícios dentro dela). Os

valores por parada são registrados em termos de incidência de avistamento positivo

(interceptação da luz).

O procedimento de campo considerado pode ser mais eficiente para a obtenção de

uma medida objetiva da media da cobertura arbórea sobre uma área relativamente grande.

Neste estudo nós utilizamos a mesmas trilhas do inventário florestal que foram piquetiadas

a cada 100 metros, com tubos de ½ polegadas de PVC. Como as trilhas do inventário

tinham 5 km e foram feitas leituras no densitômetro a casa 100 m, foram obtidas 50 leituras

para cada flona. A cada parada o instrumento era elevado à altura do olho e registrado

como um simples mais (+), caso a vegetação fosse interceptada, ou menos (-), caso a

vegetação não fosse interceptada (FIGURAS 77 e 78).

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181

Figura 77 – À esquerda, esquema do aparelho mostrando como o raio de sol é direcionado para a visão do observador através de um prisma e de um espelho. Acima, uma visão (+), não é necessário que toda circunferência seja preenchida para receber o sinal (+). Abaixo, o aparelho sendo utilizado no campo

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182

Figura 78 - Esquema da utilização do aparelho e uma seqüência hipotética de leituras com cobertura

(+) e sem cobertura (-)

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183

3.8 Os testes estatísticos utilizados

Neste trabalho foi utilizado três ferramentas estatísticas. Duas paramétricas19 (teste

F e teste Tukey) e uma não-paramétrica20 (teste G). O teste F é bem conhecido, de modo

que dispensa comentário, quando aos dois últimos, achamos conveniente algumas palavras

de esclarecimentos.

O teste Tukey baseado na amplitude total estudentizada pode ser usado para

comparar todo e qualquer contraste entre duas médias, ou múltiplas médias, com todo o

rigor matemático. Para isto, porém, precisamos obter, ao nível de probabilidade desejável, o

valor da amplitude total estudentizada em que se baseia a prova. Neste estudo

estabelecemos a probabilidade de 5%. A amplitude total de um conjunto de dados

numéricos é a diferença entre o maior e o menor valor que ocorrem neste conjunto. A

amplitude total estudentizada é a divisão de uma variável aleatória pelo respectivo desvio

padrão (PIMENTEL-GOMES, 2000).

O teste Tukey permite estabelecer a diferença mínima significante, ou seja, a menor

diferença de médias de amostras que deve ser tomada como estatisticamente significante,

em determinado nível. Esta diferença é dado pela fórmula:

espécie)cadapara sobservaçõedenúmeroouestudocadaemindivíduosde(númeroN

gruposdosdentroestimadavariância... qsmd =

19 Estatística paramétrica é uma prova cujo modelo pressupõe um conhecimento anterior da população origem da amostra (Siegel, 1975). 20 Estatística não-paramétrica é uma prova cujo modelo não especifica condições sobre os parâmetros da

população da qual se extraiu a amostra (Siegel, 1975). Todo teste que não postule distribuição para sua validez (PIMENTEL-GOMES, 1984).

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184

q = k1, N-k, α

De acordo com o teste Tukey, duas médias são estatisticamente diferentes toda vez

que o valor absoluto da diferença entre eles for igual ou superior ao valor do d.m.s.

(MARGOTTO, 2006).

Segundo Zar (1974) as conclusões advindas do teste de amplitude é que eles são

dependentes da ordem na qual os pares de comparação são considerados. O procedimento

correto é comparar primeiro as maiores médias contra as menores, depois as maiores contra

as próximas menores e assim por diante. Por exemplo, depois de hierarquizar cinco médias

em ordem crescente, a seqüência de comparações é a seguinte: 5 vs.1, 5 vs.2, 5 vs.3, 5 vs.4,

4 vs.1, 4 vs.2, 4 vs.3, 3 vs.1, 3 vs.2, 2 vs.1.

Em seguida o teste organiza as médias em ordem decrescente para facilitar a

comparação. Letras iguais indicam diferença não-significativa ao nível de 5 %; ao

contrário, letras diferentes indicam diferença significativa a esse nível de probabilidade.

Tomando como exemplo, parte da TABELA 4, deste estudo, conclui-se que a altura de

detecção para Ateles paniscus, Alouatta seniculus, e Chiropotes satanas é semelhante (grupo A);

bem como para Alouatta seniculus, Chiropotes satanas e , Cebus apella (grupo B) e Cebus apella,

Saguinus martinsi e Pithecia pithecia (grupo C).

3 a 5 % de probabilidade.

Tabela 4 - Teste de comparação de média (teste Tukey) para altura média de detecção, por espécie para a flona de Trombetas, independente da atividade.

Espécie

Flona

Altura de Detecção

(m)

Teste de Tukey3

Ateles paniscus Trombetas 24,00 A Alouatta seniculus Trombetas 21,00 A B Chiropotes satanas Trombetas 21,00 A B Cebus apella Trombetas 16,00 B C Saguinus martinsi Trombetas 13,00 C Pithecia pithecia Trombetas 11,00 C

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185

No caso em que há um número diferente de observações para cada espécie, o que

alias, é o comum neste tipo de estudo, a d.m.s. é calculada pela fórmula:

1 1. . . .2i j

variação estimada dentro do grupod m sr r

⎛ ⎞+= ⎜ ⎟⎜ ⎟

⎝ ⎠

ri = número de observações da i-ésima espécie

rj = número de observações da j-ésima espécie

Nesta situação, o teste de Tukey é aproximado, porque as observações têm uma

freqüência diferente (número de repetições). (MARGOTTO, 2006)

3.9 O teste G

O uso do teste de X2 impõe algumas restrições, a que inviabilizou sua utilização

neste estudo foi principalmente a atividade pernoite, que para a maioria dos primatas teve

freqüência zero. Segundo (CAMPOS, 1983) o teste não deve ser usado se mais de 20 % das

freqüências esperadas forem abaixo de 5 (cinco) ou se qualquer uma delas for inferior a 1

(um), para um K4 > 2. Sendo assim nós recorremos a um teste alternativo, o teste G. Ele faz

parte de um grupo de testes de aplicação muito comum nos testes de aderência, ou seja, no

ajustamento de uma conhecida e específica função de distribuição a uma amostra de dados

provenientes de uma distribuição que nos é desconhecida “goodness of fit”. Brown e

Rothery (1993) lembram que estas duas estatísticas são medidas das discrepâncias entre a

freqüência observada e esperada, que compreende baixos valores quando a freqüência

observada e esperada é similar.

Neyman e Pearson introduziram o teste de “Razão de Verossimilhança”, também

chamado teste G em 1928 (YOUNG; YOUNG, 1998), no entanto, seu uso passou a ser

incrementado, particularmente quando foi recomendado na edição de 1994 do popular livro

texto de estatística de Sokal e Rohlf (1981). O comumente usado teste de X2 para uma

distribuição do tipo “goodness of fit” e da independência das tabelas de contingência são de

fato aproximações do logaritmo da razão de verossimilhança nos quais os testes G são 4 K = tamanho da classe.

Page 186: Estudos populacionais dos primatas em duas florestas nacionais do ...

186

baseados. Esta aproximação foi desenvolvida por Karl Pearson porque naquele tempo era

excessivamente trabalhoso calcular o logaritmo da razão de verossimilhança. Com o

advento das calculadoras eletrônicas e computadores pessoais, isto não é mais problema.

Dunning introduziu o teste na linguagem computacional onde é agora amplamente

utilizada.

Dada a hipótese nula de que a freqüência observada resulta de uma amostragem de

distribuição randômica com uma dada freqüência esperada, a distribuição G é

aproximadamente aquela do X2, com o mesmo número de graus de liberdade como no

correspondente teste de X2.

Para amostras de um tamanho razoável, o teste G e o do X2 podem chegar às

mesmas conclusões. Contudo, a aproximação teórica da distribuição de X2 para o teste G é

melhor do que para os testes de X2 de Pearson nos casos onde para qualquer célula

EiOi − > Ei5 e em tais casos o teste G pode sempre ser usado.

Zar (1974) acredita que o teste G apresenta vantagens e desvantagens quando

comparado como teste X2. Um das suas desvantagens é que sua distribuição teórica é pouco

conhecida; entretanto, o dobro desta quantidade, um valor chamado G, aproxima-se da

distribuição de X2. Assim,

⎟⎟⎟

⎜⎜⎜

⎛Σ= ^ln2

fi

fifiGa

onde: a = número de classes

fi= freqüência observada

=^fi freqüência esperada

Sokal ; Rohlf (1981) discorrem sobre a versatilidade do teste G, argumentando que

ele pode ser usado para testar distribuições desconhecidas de um conjunto de dados de

5 Freqüência observada – freqüência esperada, em valores absolutos é maior que a freqüência esperada.

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187

distribuição de freqüência esperada, não só para a distribuição de Poisson, mas para a

distribuição normal, binomial, bem como para outras distribuições.

3.10 O Inventário Florestal (IV) e o Método de Ponto Quadrante (MPQ)

O IV é um auxiliar importante no estudo da diferenciação arbórea entre sítios, neste

sentido, foi escolhido um método para realizá-lo. O Método de Ponto Quadrante

(COTTAM; CURTIS 1956). Sua escolha se justifica porque é um método rápido, preciso e

de fácil utilização, além do grande número de informações que fornece. A saber: densidade,

distância média, freqüência e dominância relativa das espécies. A técnica consiste

basicamente em estabelecer pontos em um trajeto linear, com as distâncias entre eles ao

acaso, obtidas, por exemplo, através da tabela de números aleatórios ou como no nosso

caso, estabelecer previamente a distâncias entre os pontos. Em cada um desses pontos é

traçado uma linha imaginária perpendicular ao trajeto, que estabelecerá quatro quadrantes

(FIGURA 79A). O próximo passo será medir a distância da árvore mais próxima (que no

nosso estudo tinha que ter no mínimo 60cm de circunferência) ao ponto central em cada um

dos quadrantes (FIGURA 79 B), além do ângulo entre a árvore e o trajeto, sua altura, DHP

e estimar sua cobertura (COTTAM ; CURTIS, 1959; NRC, 1981).

A distância previamente estabelecida foi de 100 metros. Ao longo de dois trajetos

de 5 km (um em cada flona), o mesmo utilizado para os estudos populacionais dos

primatas. Como em cada ponto foi inventariado 4 árvores (4 árvores x 50 pontos), resultou

em uma amostra de 200 árvores inventariadas por flona. A distância de 100 metros entre os

pontos é uma distância segura para que nenhuma árvore seja contada duas vezes

(MARTINS, 1991). Foram incluídas árvores com CAP ≥ 60cm, já que nosso interesse era

conhecer como os primatas utilizaram todo o estrato arbóreo, desde a copa emergente (o

que se reflete em árvores com grande circunferência) até o solo. A altura das árvores foi

estimada com o auxilio de uma vara de 5 metros e classificadas em cinco categorias

segundo Van Roosmalen (1985): Submata = 0 – 15m; Copa baixa = 15 – 20m; Copa média

= 20-25m; Copa = 25 – 30m; e Árvores Emergentes ≥ 30m.

Page 188: Estudos populacionais dos primatas em duas florestas nacionais do ...

188

Uma estimativa apropriada da densidade populacional para o MPQ é dada por Pollard

(1971).

)()14(4

2

^

ijrnNp

Σ−

Onde: : Np = Estimativa da densidade populacional através do ponto quadrante

n = Número de pontos randômicos.

π = 3,1459

rij = Distância do ponto randômico i ao organismo mais próximo no

quadrante j (j = 1,2,3,4; i = 1, ...,n).

L

M

Linha

Q I Q II

Q III Q IV

B

I II

III IV

o

o

o

o

o

o

o o

o

o O

O

O

O

o

o

o

o

O

o d

Imaginária

A

Figura 70 - (A) Método dos quadrantes, M = ponto central do trajeto, L = Um pedaço do trajeto, mostrando os 4 quadrantes formado pela linha imaginária. (B) d = distância do ponto central a árvore mais próxima com DAP desejado. O mesmo procedimento representado no II quadrante deve ser repetido para os outros três, ou seja, medir d e θ. Fontes: (NRC, 1981, modificado pelo autor; Krebs, 1989)

Page 189: Estudos populacionais dos primatas em duas florestas nacionais do ...

189

A estimativa da variância desta densidade é dada pelo mesmo autor como:

Variância da 24

^

)(

2

^

−=

npN

Np

E o erro padrão é Erro padrão da n

aNpVarianciadpN4

^=

O intervalo de confiança para a Np pode ser obtido da seguinte maneira quando 4 n > 30.

Os limites de confiança de 95 % foram dados por Seber (1982) como

Limite inferior e superior da confiança para ^

Np é )(

96,11162ijr

n

Σ

±−

π e esses limites são

então elevados ao quadrado para convertê-los em densidade populacional.

O MPQ é muito eficiente quando ele é fácil para dividir á área ao redor dos pontos

randômicos em quatro quadrantes precisos e quando os pontos randômicos consomem

muito tempo para serem posicionados no campo. As estimativas de densidade obtida

através do MPQ são, contudo, muito susceptíveis a vieses se o padrão espacial não for

randômico (POLLARD, 1971).

Martins (1991) utilizou o MPQ para estudar a composição florística e a estrutura

fitossociológica da Mata Capetinga Oeste do Parque Estadual de Vassununga, no

município de Santa Rita do Passa Quatro (SP), uma floresta semidecidua de planalto,

segundo a autor as principais vantagens decorrentes da aplicação do MPQ são:

(1) A eliminação da influência da forma da parcela sobre os resultados;

(2) A não-necessidade de cálculo da área de cada parcela, muito embora deva haver

suficiência na amostragem;

(3) A eliminação da necessidade de mapeamento prévio da floresta para a

colocação das parcelas através de uma determinada técnica (sistemática, aleatória

simples ou estratificada, ou outras);

Page 190: Estudos populacionais dos primatas em duas florestas nacionais do ...

190

(4) A facilidade de localização dos pontos de amostragem no campo, já que estes

podem seguir as linhas da trilha;

(5) A marcação de cada ponto no campo, mediante uma estaca, e das árvores

medidas, com o auxílio de etiquetas, implica numa infra-estrutura que facilita os

estudos futuro. Cria-se, assim, como uma área piloto, onde novos métodos

fitossociológicos quantitativos podem ser mais facilmente aplicados e comparados,

onde novos estudos têm maiores facilidades de execução e onde podem ser feitas

tantas confirmações taxonômicas, com coleta de material, quantas forem

necessárias. No presente estudo a trilha inventariada foi aproveitada pelos técnicos

do Ibama da FNS-T para educação ambiental;

(6) A necessidade de distribuir os pontos de amostragem sobre uma grande área faz

com que se conheça uma área de floresta em estudo maior do que seria conhecida

mediante a colocação de parcelas;

(7) A não necessidade de aparelhos ópticos sofisticados. Usa-se apenas uma trena,

uma bússola e três piquetes para a manutenção correta do sentido da trilha

determinado previamente pela bússola;

(8) Se ganha tempo no campo, pois o MPQ é menos tendencioso do que o de

parcelas múltiplas.

Page 191: Estudos populacionais dos primatas em duas florestas nacionais do ...

190

4 RESULTADOS 4.1 Introdução

A análise dos resultados requer o uso de um conjunto de estatísticas que reduz a

quantidade de detalhes dos dados. Ela deve enfatizar os fatos mais importantes e os

relacionamentos mais aparentes, esta sugestão de Alreck e Settle (1995) norteou os resultados

obtidos. O entendimento das inúmeras tabelas constituintes deste item merece uma explicação.

As tabelas apresentadas ou excluídas foram resultadas de uma seleção, baseada nos seguintes

critérios: (1º) as tabelas que resultaram dos testes que não revelaram diferenças estatisticamente

significativas foram excluídas. São elas: (1.1) os testes de comparação de média, Tukey para

distância de detecção durante as atividades (pernoite, descanso, forrageamento e viagem) por

flona, separadamente e conjuntamente; (1.2) os testes de comparação de média, Tukey para

distância perpendicular (animal-trilha) durante as atividades por flona, separadamente e

conjuntamente; (1.3) os testes Tukey para distância de detecção por local (platô e baixio) na

FNS-T; (1.4) os testes Tukey para distância perpendicular por local (platô e baixio) na FNS-T;

(1.5) os testes Tukey para o número de indivíduos durante as atividades nas trilhas do km 117 e

para todas as trilhas na FNT.

Foram desconsiderados também os testes Tukey, que quando compararam uma mesma

variável dependente isoladamente (número de indivíduos, altura, distância de detecção ou

distância perpendicular) não apresentou diferenças significativas entre as flonas, apenas quando

comparadas conjuntamente. Esta exclusão se justifica porque estas diferenças já foram detectadas

previamente pela ANOVA, uma vez que a análise dos resultados respeitou uma hierarquia com

base na robustez dos 3 testes utilizados, a saber: ANOVA, Tukey e G. Foram eles: (1.6) os testes

Tukey que compararam número de indivíduos durantes as atividades por local e nos dois locais

trilhados do Trombetas; e (1.7) os testes Tukey que compararam a distância de detecção por

espécie e para toda a comunidade de primatas nos dois locais trilhados do Trombetas.

Page 192: Estudos populacionais dos primatas em duas florestas nacionais do ...

191

4.2 – Comparando as duas flonas entre si Tabela 5 - Teste de comparação através da análise de variância (teste F) entre flonas,

espécies e atividade

Flona1 Variável Dependente Fonte Valor F Pr > F

BETA2 +

TAPA3

NÚMERO DE INDIVÍDUOS

Flona (F) Espécie (Flona) Atividade (A) (F + A)

3,92 18,13 0,65 0,28

0,0484 <0,00014

0,5805 0,8416

Coeficiente de variação experimental = 29,00 BETA2

+ TAPA3

ALTURA

Flona (F) Espécie (Flona) Atividade (A) (F + A)

0,01 9,86 7,02 0,79

0,0484 <0,0001

0,0001 0,8416

Coeficiente de variação experimental = 26,00 BETA2

+ TAPA3

DISTÂNCIA DE

DETECÇÃO

Flona (F) Espécie (Flona) Atividade (A) (F + A)

0,51 5,61 0,73 0,32

0,4740 <0,0001

0,5805 0,8416

Coeficiente de variação experimental = 11,45 BETA2

+ TAPA3

DISTÂNCIA

PERPENDICULAR

Flona (F) Espécie (Flona) Atividade (A) (F + A)

0,46 2,54 0,83 0,40

0,4988 0,0057

0,4801 0,7520

Coeficiente de variação experimental = 68,90 Nota: 1 = Flona = Floresta Nacional 2 = BETA = Floresta Nacional de Saracá-Taquera (PA). 3 = TAPA = Floresta Nacional do Tapajós (PA),. 4 = Diferenças estatisticamente significativas estão em negrito.

Page 193: Estudos populacionais dos primatas em duas florestas nacionais do ...

192

Da análise da TABELA 5 salienta-se:

(1) A existência estatisticamente significativa de um maior número de indivíduos em uma das

duas flonas.

(2) Em relação a variável dependente altura a ANOVA foi altamente significativa tanta para

espécie quanto para atividade. Ou seja, as diferentes espécies que compuseram as

comunidades exibiram preferências por um determinado estrato da floresta e nele

realizaram uma atividade especifica.

(3) A distância de detecção foi altamente significativa apenas para as espécies. Esta

descriminação relaciona-se com o tamanho da espécie, ou seja, as espécies maiores

puderam ser avistadas de mais longe, enquanto que as espécies menores só se tornaram

conspícuas quando estavam mais próximas da trilha.

Page 194: Estudos populacionais dos primatas em duas florestas nacionais do ...

193

Tabela 6 - Teste de comparação através da análise de variância (teste F) entre espécies e atividade

nas duas flonas em relação as variáveis dependentes

Flona1 Variável Dependente Fonte Valor F Pr > F

BETA2

NÚMERO DE INDIVÍDUOS

Espécie (E) Atividade (A) (E + A)

8,70 0,30 0,61

<0,00013

0,8278 0,8032

Coeficiente de variação experimental = 30,60

TAPA4

NÚMERO DE INDIVÍDUOS

Espécie (E) Atividade (A) (E + A)

13,49 0,06 0,83

<0,0001

0,9796 0,5070

Coeficiente de variação experimental = 26,00

BETA

ALTURA

Espécie (E) Atividade (A) (E + A)

4,27 4,84 1,34

0,0010

0,0027 0,2079

Coeficiente de variação experimental = 24,46

TAPA

ALTURA

Espécie (E) Atividade (A) (E + A)

5,96 1,92 0,86

<0,0001

0,1308 0,4750

Coeficiente de variação experimental = 28,50

BETA

DISTÂNCIA DE DETECÇÃO

Espécie (E) Atividade (A) (E + A)

2,34 0,00 0,65

0,0426 0,9999 0,7701

Coeficiente de variação experimental = 10,70

TAPA

DISTÂNCIA DE DETECÇÃO

Espécie (E) Atividade (A) (E + A)

13,49 0,06 0,83

0,0842

0,4628 0,03153

Coeficiente de variação experimental = 13,00

BETA

DISTÂNCIA PERPENDICULAR

Espécie (E) Atividade (A) (E + A)

1,76 0,57 0,75

0,1208

0,6324 0,6744

Coeficiente de variação experimental = 67,14

TAPA

DISTÂNCIA PERPENDICULAR

Espécie (E) Atividade (A) (E + A)

2,29 0,51 0,38

0,0505

0,6774 0,8196

Coeficiente de variação experimental = 74,00 Nota: 1 = Flona = Floresta Nacional; 2 = BETA = Floresta Nacional de Saracá-Taquera (PA). ; 3 = Diferenças estatisticamente significativas estão em negrito. 4 = TAPA = Floresta Nacional do Tapajós (PA).

Page 195: Estudos populacionais dos primatas em duas florestas nacionais do ...

194

Da análise da TABELA 6 salienta-se:

(1) Das quatro variáveis dependentes apenas duas apresentaram diferenças altamente

significativa: número de indivíduos e altura para as duas flonas.

(2) Dentro das duas comunidades as diferentes espécies que as compunham apresentaram

grupos de tamanhos diferentes. Isto era esperado, uma vez que ambas as comunidades

são composta por espécies com diferentes sistemas de acasalamento. Variando desde

grupos familiares de 4 a 6 indivíduos em média como os guaribas e os parauacus, até

os grandes grupos que reúnem vários machos e várias fêmeas de diferentes idades

(grupos multimachos- multifêmeas), como os cuxiús, macacos-aranha; macacos-prego

e micos-de-cheiro.

(3) Dentro das duas comunidades as espécies exibiram alturas preferenciais, no entanto,

no Trombetas, ao contrário do Tapajós, essa preferência por altura esteve relacionado

a diferentes atividades.

Page 196: Estudos populacionais dos primatas em duas florestas nacionais do ...

195

4.2.1 – Aspectos populacionais (número de indivíduos) Tabela 7 - Teste de comparação de média (teste Tukey) para tamanho dos grupos de primatas (em

ordem decrescente), por espécie e por flona, independente da atividade

Espécie Flona1 A2 Número de

indivíduos por grupo

Teste de Tukey3

Chiropotes satanas BETA4 3 – 42 13,00 A Cebus apella BETA 1 – 19 7,00 B Saguinus martinsi BETA 1 – 14 5,00 B Alouatta seniculus BETA 1 – 8 4,00 B C Pithecia pithecia BETA 1 – 6 2,70 C Ateles paniscus BETA 1 – 11 2,60 C

Saimiri ustus TAPA5 3 – 41 18,00 A Chiropotes albinasus TAPA 3 – 20 10,00 B Ateles marginatus TAPA 1 – 15 6,00 B C Alouatta discolor TAPA 1 – 12 5,00 C Cebus apella TAPA 1 – 9 5,00 C Callithrix argentata TAPA 1 – 11 4,00 C Todas BETA 6,00 A Todas TAPA 6,00 A

Nota: 1 = Flona = Floresta Nacional; 2 = A = amplitude da variação dos dados (mínimo – Máximo); 3 = a 5% de

probabilidade; 4 = BETA = Floresta Nacional de Saracá-Taquera (PA) ; 5 = TAPA = Floresta Nacional do Tapajós (PA).

Page 197: Estudos populacionais dos primatas em duas florestas nacionais do ...

196

Da Análise da TABELA 7 salienta-se:

(1) Na comunidade do Trombetas o teste Tukey discriminou três tamanhos de grupos:

(1A) Chiropotes satanas isoladamente foi composto pelos maiores grupos da

comunidade, 13 indivíduos em média, com uma amplitude entre 3 e 42; (1B) o

segundo grupo compreendeu grupos médios entre 4 a 7 indivíduos, esse grupo foi

representado pelas seguintes espécies: Cebus apella, Saguinus martinsi e Alouatta

seniculus; e (1.C) o último grupo compreendeu espécies que apresentaram grupos

médios entre 4 e 2,6 indivíduos, a saber: Alouatta seniculus,Pithecia pithecia e Ateles

paniscus. Observe que Alouatta seniculus pode participar tanto de grupo de tamanho

médio como pequeno.

(2) De modo semelhante na comunidade do Tapajós o teste Tukey também discriminou

três tamanhos de grupos: (2A) os grupos numericamente majoritários fora compostos

por 18 indivíduos de Saimiri ustus; (2B) um grupo composto por duas espécie:

Chiropotes albinasus e Ateles marginatus, dos quais o tamanho médio dos grupos foi

de 10 e 6 indivíduos respectivamente; e (2C) um grupo que apesar de envolver o

maior número de espécies foram compostas por grupos menores que variaram entre 4

e 6 individuos. Observe que a amplitude de variação no tamanho dos grupos de Ateles

marginatus o credencia a participar tanto do grupo B como do C.

(3) É interessante salientar que apesar das espécies constituintes das duas comunidades

terem tamanhos de grupos variáveis quando se compara as duas comunidades entre si

como um todo, elas apresentam o mesmo tamanho de grupo, 6 indivíduos.

Page 198: Estudos populacionais dos primatas em duas florestas nacionais do ...

197

4.2.2 – Densidade populacional Tabela 8 - Número total de grupos detectados (em ordem decrescente), densidade em ordem

decrescente e intervalo de confiança da densidade por espécie e por flona

Espécie

Flona1

Número de grupos

detectados

Densidade (indivíduos/km2)

Intervalo de confiança da

densidade Saguinus martinsi BETA2 72,00 89,00 ± 63,49 Cebus apella BETA 58,00 59,00 ± 45,15 Alouatta seniculus BETA 51,00 48,00 ± 39,35 Chiropotes satanas BETA 34,00 40,00 ± 39,26 Ateles paniscus BETA 34,00 24,50 ± 27,45 Pithecia pithecia BETA 10,00 15,50 ± 10,32

Alouatta discolor TAPA3 48,00 97,00 ± 92,22 Cebus apella TAPA 41,00 90,00 ± 61,00 Saimiri ustus TAPA 8,00 45,00 ± 60,35 Ateles marginatus TAPA 8,00 18,50 ± 16,54 Callithrix leucippe TAPA 14,00 12,00 ± 18,93 Chiropotes albinasus TAPA 9,00 11,00 ± 12,22 Todas BETA 259,00 286,00 ± 181,00 Todas TAPA 128,00 274,00 ± 185,00

Nota: 1 = Flona = Floresta Nacional; 2 = BETA = Floresta Nacional de Saracá-Taquera (PA); Trombetas; 3 = TAPA =

Floresta Nacional do Tapajós (PA).

Page 199: Estudos populacionais dos primatas em duas florestas nacionais do ...

198

Da análise da TABELA 8 salienta-se:

(1) No Trombetas

(1.1) Uma densidade muito alta de Saguinus martinsi.

(1.2) Uma densidade de Cebus apella maior do que Alouatta seniculus, quando se espera o

contrário.

(1.3) Uma alta densidade de Chiropotes e Ateles.

(1.4) A baixa densidade de Pithecia pithecia está dentro do esperado.

(2) Sobre a comunidade de primatas do Tapajós salienta-se:

(2.1) A maior densidade de Alouatta discolor (97ind/km²) como esperado, uma vez que se

trata da espécie mais folhivora da comunidade.

(2.2) A discrepância entre as densidades de Saguinis martinsi no Trombetas e de Callithrix

argentata no Tapajós.

(3) Da análise comparativa entre a FNS-T e FNT salienta-se:

(3.1) A discrepância na densidade dos calitriquídeos que representam cada uma das

comunidades. Oitenta e nove indivíduos por km² para Saguinis martinsi no Trombetas

contra 12 ind/km para Callithrix argentata

Nas tabelas subseqüentes, números 9 a 16, foram organizados um estudo sobre a

densidade comparativo entre as espécies do presente estudo e as mesmas espécies ou espécies

congêneres em outros sítios de estudo. Dados adicionais como esforço amostral, tamanho da

reserva, número médio de indivíduos por grupo, entre outros, foram acrescentados. A quase

totalidade dos estudos foi realizada através do MTL. Pesquisas conduzidas na Amazônia

foram preferidas, no entanto, quando a espécie ocorria também em outros biomas brasileiros

como, Cerrado, Pantanal, Caatinga e Mata Atlântica alguns trabalhos foram incluídos. Uma

dificuldade na montagem destas tabelas foi encontrar trabalhos que informavam o esforço

amostral e que ainda expressavam a densidade em ind./km ou por ha., uma vez que muitos

deles expressavam dados populacionais de uma maneira vaga, por exemplo, indivíduos a cada

10 km de caminhada, o que não permite a conversão para densidade. Estes trabalhos

geralmente são aqueles que tiveram um baixo esforço amostral.

Page 200: Estudos populacionais dos primatas em duas florestas nacionais do ...

199

Tabela 9 - Comparação da densidade populacional de várias espécies do gênero Alouatta em diferentes hábitats

Espécie Local Área (há) Tipo de Floresta (2) EA (km) (3) Ind./grupo Ind./km2 Fonte

1) Alouatta guariba Serra de Paranapiacaba 100.000 Mata Atlântica, SP 35 1,80 ± 0,4 0,8 González-Solís et al. (2001)

2) Alouatta guariba Parque Estadual de Itapuã 806 (4) PTA, RS 37 8,00 85,5 Buss (2001)

3) Alouatta fusca (5) Caetetus, SP 2.178 (6) ES-D - - 0,60 Cullen Jr. (1997)

4) Alouatta fusca Norte do ES 21.800 Mata Atlântica 60 - 0,96 Chiarello & Melo (2001)

5) Alouatta fusca (7) Rio Doce, MG 36.000 (8) PAB-M 56 - 30 Hirsch (1995)

6) Alouatta fusca (9) Caratinga, MG 570 PAB-M 79 - 120 Hirsch (1995)

7) Alouatta caraya Brasília, DF 170 Mata de Galeria 20 1,5 2,6 Queiroz (1991)

8) Alouatta caraya Argentina 65 ES-D 93 7 102 Rumiz (1983)

9) Alouatta palliata México 15.000 Terra Firme - 9 23 Estrada (1982)

10) Alouatta palliata (10) Panamá 1.550 Terra Firme (11) + 500 h 17,00 (8 a 23) * 113 Milton (1980)

11) Alouatta seniculus (12) Acre 76.832 Terra Firme 300 5 3 Calouro (2005)

12) Alouatta seniculus Rio Urucu, Tefé, AM 900 Terra Firme e Iguapó 176 5,80 (5 - 8) 6 Peres (1993)

13) Alouatta seniculus (13) Amazonas 100 Terra Firme, AM 46 - 6 Rylands e Keuroghlian 1988)

14) Alouatta seniculus EE Mamirauá, AM 1.240.000 Várzea holocena - 6,30 38 Queiroz (1995)

15) Alouatta seniculus PDBFF, AM Contínua Terra Firme 317 - 11 Rylands e Keuroghlian (1988)

16) Alouatta seniculus Peru 1.500.000 Pluvial, vários tipos (14) 540 h por esp. 6,00 30 Terborg (1983)

17) Alouatta discolor (15)Tapajós, PA 544.000 Terra Firme 800 4 (1 a 8) 51 Presente estudo (2007)

18) Alouatta seniculus (16) Trombetas, PA 430.000 Terra Firme 800 5 (1 a 12) 48 Presente estudo (2007)

19) Alouatta belzebul Rio Jarí, norte do PA Contínua Terra Firme, Primária 334 4,5 4 Parry (2004)

20) Alouatta belzebul Ilha de Marajó, PA - Galeria, Baixo Rio Jutuba 37 4 17 Peres (1989)

Nota: (1) MTL = Métodos dos Trajetos Lineares. (2) AE = Esforço Amostral. (3) Ind. = indivíduos. (4) PTA = Pluvial Tropical Atlântica. (5) EE = Estação Ecológica.

(6) ES-D = Estacional Semi-decídua. (7) PE = Parque Ecológico. (8) PAB-M = Pluvial Atlântico Baixo - Montana. (9) EB = Estação Biológica. (10) Barro Colorado Island. (11) Quando o trabalho não informava o esforço amostral em km foi utilizado horas (h). (12) FE = Floresta Estadual. (13) PDBFF = Projeto Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais. (14) esp. = espécie. (15) FNS-T = Floresta Nacional de Saracá-Taquera. (16) FNT = Floresta Nacional do Tapajós. * = Amplitude.

195

Page 201: Estudos populacionais dos primatas em duas florestas nacionais do ...

200

Da análise da TABELA 9, sobre o gênero Alouatta (guaribas ou bugios) tentou-se,

quando possível, confrontar os estudos em sítios da Mata Atlântica com os estudos em sítios

centro americanos ou amazônicos. Preferencialmente foi tentado organizar os estudos em ordem

crescente de densidade populacional. As observações acima são válidas para o restante das

tabelas de análise comparativa dos diversos gêneros de primatas, que ocorrem em simpatria ou

não, com os primatas do presente estudo.

(1) A baixa densidade do gênero nos fragmentos da mata atlântica espalhados por vários

estados brasileiros: como por exemplo, 0,6 ind./km² de Alouatta fusca em Caetetus

(CULLEN Jr, 1997), ou 0,80 ind./km² (Alouatta guariba) na Serra de Paranapiacaba

(GONZÁLEZ-SOLIS et al, 2001), ambos em fragmentos paulistas. Chiarello; Mello

(1992) também encontraram menos de 1 bugio (Alouatta fusca) por km² no norte do

Espírito Santo.

(2) A alta densidade de bugios (Alouatta fusca) em um fragmento de 570 ha em Caratinga,

Minas Gerais, (HIRSCH, 1995) 120 ind./km². Mais para o sul do Brasil (BUSS, 2001)

encontrou 85,5 ind./km² no Parque Estadual de Itapuã, uma área de 806 ha, no Rio

Grande do Sul. Na Argentina (RUMIZ, 1983) encontrou 103 ind./km² de Alouatta caraya

em um fragmento de 65 ha.

(3) Passando dos fragmentos da Mata Atlântica para sítios amazônicos ou da América Central

encontramos uma alta densidade de Alouatta palliata na IBC com 113 ind./km² nos 15,5

km² da ilha (MILTON, 1980). Em seguida vem o presente estudo no Tapajós com 51

ind./km² de Alouatta discolor e 48 ind./km² no Trombetas. Os outros estudos centro

americanos ou amazônicos ficaram bem abaixo dos últimos, inclusive o de Terborg

(1983) na Estação Biológica de Cocha Cashu no Peru com 30 ind./km² de Alouatta

seniculus. Queiroz (1995) registrou 38 ind./km² de Alouatta seniculus em Mamirauá e

Peres (1989) 17 ind./km² de Alouatta belzebul na Ilha de Marajó.

Page 202: Estudos populacionais dos primatas em duas florestas nacionais do ...

201

Tabela 10 - Comparação da densidade populacional de várias espécies do gênero Cebus em diferentes hábitats

Espécie Local Área (ha) Tipo de Floresta (1) EA (km) (2) Ind./grupo Ind./km2 Fonte

1) Cebus apella (3) EE Jataí e EELA , SP 10.800 Cerrado/Estacional Semi-decídua 196 6,9 0,0001 Dornelles (2001)

2) Cebus apella (4) S. de Paranapiacaba 100.000 Mata Atlântica, SP 352 4,30 ± 0,60 5,31 González-Solís et al. (2001a,b)

3) Cebus apella (5) PE Moro do Diabo 35.000 Decídua/Semi-decídua, SP - - 10,00 Cullen Jr. (1997)

4) Cebus apella Norte do ES 24.250 Mata Atlântica 60 - 15,00 Chiarello e Melo (2001)

5) Cebus apella Brasília, Fazenda Sucupira 170 Mata de Galeria, GO 20 4,00 17,00 Queiroz (1991)

6) Cebus apella Rio Claro-Araras, SP 230 Estacional Semi-decídua 125 - 24,50 Bernardo; Galetti (2004)

7) Cebus apella (6) PNBFF, AM Contínua Terra Firme 317 - 2,20 Rylands e Keuroghlian (1988)

8) Cebus apella Sena Madureira, AC - Terra Firme 26 7,00 7,00 Peres (1988)

9) Cebus apella Lago Teiú, Tefé, AM 1.240.000 (12) Várzea holocena, RDS 83 4,00 – 7,00* 11,00 Ayres (1986)

10) Cebus apella (7) R-VNP, Suriname 56.000 Terra Firme - 10,00 – 25,00 13,00 Mittermeier e Roosmalen (1981)

11) Cebus apella (8) FE Antimary, AC 76.832 Terra Firme 300 4,00 13,00 Calouro (2005)

12) Cebus apella PDBFF, Porto Alegre 100 Terra Firme, AM 45 - 17,10 Rylands e Keuroghlian (1988)

13) Cebus apella Lago Mamirauá, Tefé 1.240.000 Várzea holocena, AM 102 - 22,00 Ayres (1986)

14) Cebus apella (9) EB Cocha Cashu 1.500.000 Pluvial, vários tipos, Peru 540 horas 10,00 40,00 Terborg (1983)

15) Cebus apella Altamira, Rio Juruá - Terra Firme, AM 113 - 49,60 Peres (1997a)

16) Cebus apella (10) FNS-T, PA 430 mil Terra Firme 800 7,00 (1-19) 59,00 Presente estudo (2007)

17) Cebus apella (11) FNT, PA 544 mil Terra Firme 800 5,00 (1-9) 90,00 Presente estudo (2007)

18) Cebus albifrons FE Antimary, AC 76.832 Terra Firme 300 6,00 13,50 Calouro (2005)

19) Cebus albifrons EB Cocha Cashu 1.500.000 Pluvial, vários tipos, Peru 540 horas 15,00 35,00 Terborg (1983)

20) Cebus libidinosos Brasília, Fazenda Sucupira 170 Mata de Galeria, GO 20 4,00 23,2 Queiroz (1991)

Nota: (1) AE = Esforço Amostral. (2) Ind. = indivíduos. (3) EE = Estação Ecológica e EELA = Estação Experimental de Luiz Antônio (4) Serra. (5) PE = Parque Ecológico. (6) PDBFF = Projeto Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais. (7) R-VNP = Raleighvallenn Voltzberg Nature Reserve. (8) FE = Floresta Estadual. (9) EB = Estación Biológica. (10) FNS-T = Floresta Nacional de Saracá-Taquera. (11) FNT = Floresta Nacional do Tapajós. (12) Reserva de Desenvolvimento Sustentável de Mamirauá. * = Amplitude

195

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202

Da análise da TABELA 10, sobre o gênero Cebus (macacos-prego) salienta-se:

(1) A densidade extremamente baixa (0,0001 ind./km²) de Cebus na Estação Ecológica de Luiz

Antonio, um fragmento de 10.800ha. no interior de São Paulo. Observe que o esforço

amostral nem foi muito baixo (196 km), o que anula a possibilidade de um desenho amostral

insatisfatório (DORNELLES, 2001). E a também baixa densidade do gênero (5,31 ind./km²)

na Serra de Paranapiacaba, no interior paulista (GONZÁLEZ-SOLÍS et al., 2001a, b).

(2) Em se tratando de sítios amazônicos destaca-se a baixa densidade de Cebus (2,20 ind./km²) no

Projeto Dinâmica Biológico de Fragmentos Florestais (na mata contínua) Rylands;

Keuroghlian (1988). Van Roosmalem acredita que antes do estabelecimento do convênio

INPA/WWF os caboclos da região caçavam na área da instalação do projeto

(comunicação pessoal). A baixa densidade dos primatas simpátricos desta comunidade

reforça esta suspeita.

(3) Para os outros sítios de estudos amazônicos a densidade variou de 7 ind./km (PERES, 1988) a

90 ind./km do presente estudo na FNT. O outro sitio deste estudo, FNS-T também apresentou

alta densidade de Cebus apella.

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203

Tabela 11 - Comparação da densidade populacional de várias espécies do gênero Ateles em diferentes hábitats

Espécie Local Área (ha) Tipo de Floresta (2) EA (km) (3) Ind./grupo Ind./km2 Fonte

1) Ateles belzebuth Amazônia Colombiana - Terra Firme - 8,4 (12) 20 a 33 Izawa (1976) 2) Ateles belzebuth Ilha de Maracá, RR 92 mil Terra Firme 298 3,9 (1 a 9) 34 Nunes et al. (1988) 3) Ateles belzebuth (3) Colômbia 1.100.000 Terra Firme - 18 12 a 15 Klein ; Klein (1976) 4) Ateles paniscus (4) Suriname 56 mil Terra Firme - 18 7,3 a 8,2 Van Roosmalen (1985) 5) Ateles paniscus (5) Bolívia 1.500.000 Vários tipos 458 6,2 (1a 30) 32 Wallace et al. (1998) 6) Ateles geoffroyi Guatemala 57, 6 mil Terra Firme - 30 26 Cant (1978) 7) Ateles geoffroyi (6) Costa Rica 82, 5 mil Terra Firme 470 - 4,5 Chapman et al. (1989) 8) Ateles paniscus (7) Amazonas Contínua Terra Firme 316 - 1 Rylands e Keuroghlian (1988)

9) Ateles paniscus Pará Contínua Floresta primária 334 4,5 2,9 Parry (2004) 10) Ateles paniscus (8) Guiana Francesa 100 mil Terra Firme 60 3,6 ± 1,8 8 (7 a 10) Kessler (1998) 11) Ateles paniscus (9) Trombetas, PA 430 mil Floresta Terra Firme 800 2,6 (1 a 11) 24,5 Presente estudo (2007) 12) Ateles paniscus Peru 1.500.000 FPluvial, vários tipos - 34,5 25 Terborg ; Stern (1987) 13) Ateles geoffroyi México - - - 7,7 ± 3,8 17 Estrada et al. (2004) 14) Ateles geoffroyi Guatemala 57, 6 mil Terra Firme - 45 Coelho et al (1976) 15) Ateles geoffroyi México 770 TF vários tamanhos 8 anos 20 a 40 87 ± 2,2 Ramos-Fernandes et al. 2003)

16) Ateles geoffroyi México 2, 9 mil TF em regeneração 8 anos 20 a 40 6 ± 5,6 Ramos-Fernandes et al. 2003)

17) Ateles geoffroyi Costa Rica - Decídua, seca e secundária 19 - 0,62 Massey (1987) 18) Ateles geoffroyi (10) Costa Rica - - - 3,1 6 a 9 Freese (1976) 19) Ateles marginatus (11) Tapajós, PA 544 mil Floresta Terra Firme 800 6,00 (1- 15) 18,5 Presente estudo (2007)

Nota: (2) EA = Esforço Amostral. (3) Ind. = indivíduos. (4) LMNP = La Macarena National Park. (5) R-VNP = Raleighvallenn Voltzberg Nature. Reserve. (6)

NKMNP = Noel Kempff Mercado National Park (7) GNT = Guanacaste National Park. (8) PDBFF = Projeto Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais. (9) NRN = Natural Reserve of Nouragues (10) FNT = Floresta Nacional do Tapajós. (11) SRNP = Santa Rosa National Park. (12) Floresta Nacional de Saracá-Taquera. (13) = Amplitude.

199

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204

Da análise da TABELA 11, sobre o gênero Ateles (macacos-aranha) salienta-se:

(1) Uma análise superficial da tabela revela um dado importante, a maioria dos estudos é da espécie centro

americana (Ateles geoffroyi) no México, Guatemala, Costa Rica e Peru.

(2) Os estudos com Ateles marginatus, a espécie mais ameaçada das duas comunidades primatológicas

estudadas, são raros. Neste contexto destaca-se a importância dos estudos de Ravetta (2001). No

entanto, este estudo não aparece na TABELA 45 porque seus dados foram expressos em taxa de

avistamentos (indivíduos/10 km), o que não permite transformá-los em indivíduos por km².

Entretanto, como o pesquisador continua seu estudo, agora em nível de doutorado, dados

comparativos devem estar disponíveis em breve. Aliás, a importância extrema da FNT advém da sua

posição estratégica de ser a única unidade de conservação no mundo a abrigar esta espécie.

(3) Pelos motivos expostos no item 2 a densidade comparativa de Ateles marginatus fica um pouco

prejudicada pela escassez de estudos, de qualquer forma, os 18,5 ind./km² do presente estudo parece

razoável para uma espécie naturalmente rara. Já para sua espécie congênere da FNS-T, Ateles

paniscus, que naturalmente ocorre em densidades maiores (TERBORG, 1983), a densidade de 24,5

ind./km² foi compatível com a literatura. Observe que a densidade em Cocha Cashu (Peru) foi de 25

ind./km².

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205

Tabela 12 - Comparação da densidade populacional de várias espécies do gênero Saguinus em diferentes hábitats

Espécie Local Área (ha) Tipo de Floresta (1) EA (km) (2) Ind./grupo Ind./km2 Fonte 1) Saguinus fuscicollis Rio Urucu, Tefé, AM 900 Terra Firme e Iguapó - 5,50 (5- 8)* 10 Peres (1993) 2) Saguinus fuscicollis (3) EB Cocha Cashu, Peru 1.500.000 mil Pluvial, vários tipos (4) 540 h por esp 5 12 Terborg (1983); Terborg; Stern (1987)

3) Saguinus fuscicollis (5) Lago da Fortuna - Terra Firme, AM 28 4 14 Peres (1988) 4) Saguinus fuscicollis Norte da Bolívia 310 Pluvial, vários tipos 211 4 (1-6) 23 Kohlhaas (1988) 5) Saguinus fuscicollis (6) FE Antimary, AC 76.832 Terra Firme 300 4,17 30 Calouro (2005) 6) Saguinus fuscicollis (7) São Domingos, AC - Terra Firme 26 6,40 43 Peres (1988) 7) Saguinus imperator EB Cocha Cashu, Peru 1.500.000 mil Pluvial, vários tipos 540 h por esp. 4 10 Terborg (1983); Terborg ; Stern (1987)

8) Saguinus imperator São Domingos, AC - Terra Firme 26 5,5 37 Peres (1988) 9) Saguinus imperator FE Antimary, AC 76.832 mil Terra Firme 300 4,34 37 Calouro (2005) 10) Saguinus mystax (8) Igarapé-Açú, AM - Terra Firme 51 50 9 Peres (1988) 11) Saguinus mystax Rio Urucu, Tefé, AM 900 Terra Firme e Iguapó - 9 (8 - 11) 15 Peres (1993) 12) Saguinus mystax Lago da Fortuna, AM - Terra Firme 28 4 22 Peres (1988) 13) Saguinus midas (9) PDBFF, AM Contínua Terra Firme 317 - 3 Rylands; Keuroghlian (1988)

14) Saguinus midas Rio Jarí, PA Contínua Terra Firme Primária 334 6 4 Parry (2004) 15) Saguinus midas Rio Jarí, PA 1.300 Floresta secundária 334 4 22 Parry (2004) 16) Saguinus midas (10) NRN, Guiana Francesa 100.000 mil Terra Firme 60 4.20 ± 1,5 21 (20-25) Kessler (1998) 17) Saguinus midas PDBFF, Porto Alegre 100 Terra Firme, AM 46 - 35 Rylands & Keuroghlian (1988) 18) Saguinus labiatus Norte da Bolívia 310 Pluvial, vários tipos 211 2,69 (1- 8) 12 Kohlhaas (1988) 19) Saguinus martinsi (11) FNS-T, PA 430 mil Terra Firme 800 5 (1-14) 89 Presente estudo (2007) Nota: (1) AE = Esforço Amostral. (2) Ind. = indivíduos. (3) EB = Estación Biológica. (4) Quando o trabalho não informava o esforço amostral em km foi utilizado

horas; esp = espécie. (5) Rio Juruá. (6) FE = Floresta Estadual. (7) Sena Madureira, próximo a Transamazônica (BR – 364). (8) Lado norte do baixo Rio Juruá. (9) PDBFF = Projeto Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais. (10) NRN = Natural Reserve of Nouragues. (11) FNS-T = Floresta Nacional de Saracá-Taquera. * = Amplitude.

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Da análise da TABELA 12, sobre o gênero Saguinus (Saguinus martinsi) salienta-se:

(1) Não tivemos acesso a nenhum outro estudo com Sagunus martinsi e nem acreditamos que

exista, pelo menos com dados populacionais, para serem comparados. A alta densidade deste

sagüi, 89 ind./km², associado à ausência de Saguinus midas nas florestas de terra firme da

FNT-T, foi o fato mais surpreendente deste estudo. Mesmo a alta incidência de Saguinus

imperatur em São Domingos, (AC) de 37 ind./km² (PERES, 1988a) e igual densidade para a

mesma espécie na Floresta Estadual de Antinary (AC) Calouro, (2005), foi menor que a

metade do presente estudo. Claro que comparações entre populações congêneres, mas

alopátricas de espécies diferentes devem ser encarados com cautela, devido às especificidades

locais de oferta de alimentos e pressão antrópica (principalmente captura como animais de

estimação), mesmo com estas ressalvas em nenhum outro estudo conhecido a densidade de

um calitriquídeo amazônico foi tão alta.

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207

Tabela 13 - Comparação da densidade populacional de várias espécies do gênero Pithecia em diferentes hábitats

Espécie Local Área (ha) Tipo de Floresta (1) EA (km) (2) Ind./grupo Ind./km2 Fonte 1) Pithecia irrorata (3) FE Antimary, AC 76.832 mil Terra Firme 300 3,00 0,9 Calouro (2005) 2) Pithecia irrorata Cobija, Norte da Bolívia 310 FPluvial, vários tipos 211 2,20 (1- 4)* 1 Kohlhaas (1988) 3) Pithecia irrorata (4) Lago da Fortuna, AM - Terra Firme 28 3,00 3 Peres (1988a) 4) Pithecia irrorata Rio Tahuamano, Bolivia 1.250 Terra Firme 249, - 3 Cameron et al. (1989) 5) Pithecia irrorata (5) ME do Rio Jirau, RO - (6) FOAS 210, - 6 Nienow; Messias (2005) 6) Pithecia irrorata Cobija, Norte da Bolívia 310 FPluvial, vários tipos - 7 Freese et al. (1982) 7) Pithecia irrorata Rio Riozinho, AM - Terra Firme 113 - 24,5 Peres (1990); Peres (1997) 8) Pithecia irrorata ME Rio Mutum Paraná - FOAS, RO 201 - 9 Nienow; Messias (2005) 9) Pithecia albicans (7) Igarapé-Açú, AM - Terra Firme 51 3,00 5 Peres (1988) 10) Pithecia albicans (8) SM-1, AM - Terra Firme 34 5,00 10 Peres (1988) 11) Pithecia albicans Rio Urucu, Tefé, AM 900 Terra Firme e Iguapó 176 5 (3 – 8) 10 Peres (1993c) 12) Pithecia monachus Rio Riozinho, AM - Terra Firme 113 - 10 Peres (1990); Peres (1997a) 13) Pithecia pithecia Norte da Guiana Francesa - Primária 886 2 ± 2,3 (10) 0,64 Vié et al. (2001) 14) Pithecia pithecia Rio Jarí, norte do PA Mata Contínua Primária 334 3,00 0,67 Parry (2004) 15) Pithecia pithecia (9) PDBFF, AM Mata Contínua Terra Firme 317 - 0,70 Rylands; Keuroghlian (1988) 16) Pithecia pithecia R-VNP, Suriname 56.000,00 Terra Firme - 2 – 5 1 – 7 Buchanan et al. (1981); Ball et al; (1983)

17) Pithecia pithecia (10) NRN, Guiana Francesa 100.000,00 Terra Firme 60 3 ± 1 - Kessler (1998) 18) Pithecia pithecia PDBFF, Porto Alegre, AM Fragmento, 100 Terra Firme 46 - 5 Rylands & Keuroghlian (1988) 19) Pithecia pithecia Rio Jarí, norte do PA 1.300 Floresta secundária 334 1 6 Parry (2004) 20) Pithecia pithecia (11) FNS-T, PA 430 mil Terra Firme 800 3 (1- 6) 15,5 Presente estudo (2007)

Nota: (1) Ind. = indivíduos. (2) FE = Floresta Estadual. (3) Rio Juruá. (4) ME = Margem esquerda. (5) Floresta Ombrófila Submontana (6) Lado norte do baixo rio

Urucu. (7) Lado sul do alto rio Urucu, Tefé. (8) Estimativa relativa a animais residentes e introduzidos. (9) PDBFF = Projeto Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais. (10) NRN = Natural Reserve of Nouragues. (11) Floresta Nacional de Saracá-Taquera (Rio Trombetas, PA). * = Amplitude

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A análise da TABELA 13, sobre o gênero Pithecia salienta-se:

(1) A única espécie deste gênero estudada no presente estudo foi Pithecia pithecia chysocephala

na FNS-T. O número médio de indivíduos por grupo detectado (2,7), bem como a amplitude

do tamanho dos grupos (1 - 6) esta de acordo com a literatura. Considerando a raridade deste

primata e sua discrição, o número de encontros (n = 10), foi surpreendente, mesmo para um

esforço amostral de 800 km. Quando foi mostrada a foto do animal para moradores locais, em

conversas informais, nenhum deles o reconheceu como habitante da fauna local. A densidade

estimada de 15,5 ind./km² só não foi mais alta do que Pithecia irrorata (24,5 ind./km²) em Rio

Riozinho, no estado do Amazonas (PERES, 1990; 1997a).

(2) Destaca-se pela baixa densidade Pithecia pithecia na região do Rio Jarí (0,67 ind./km²) (PARRY,

2004) e nas florestas do PDBFF na Amazônia Central (0,70 ind./km²) (RYLANDS e

KEUROGHLIAN, 1988). No entanto, todos os dados sobre este gênero precisam ser encarados com

parcimônia, porque ele ocorre em densidades naturalmente baixas. A baixa densidade de Pithecia

irrorata (0,90 ind./km²) na Floresta Estadual em Antimary no Acre (CALOURO, 2005), uma área

pouco perturbada, é um exemplo.

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Tabela 14 - Comparação da densidade populacional de várias espécies do gênero Saimiri em diferentes hábitats

Espécie Local Área (ha) Tipo de Floresta (1) EA (km) (2) Ind./grupo Ind./km2 Fonte

1) Saimiri sciureus E.B. Cocha Cashu, Peru(4) 1.500 mil Floresta Pluvial, vários tipos 540 horas 35 60 Terborg e Stern (1987)

2) Saimiri sciureus Cobija, Norte da Bolívia 310 ha Floresta Pluvial, vários tipos - - 24 Freese et al. (1982)

3) Saimiri sciureus Peru - - - - 151 a 528 Neville et al. (1976)

4) Saimiri sciureus Ilha de Marajó (PA) - Galeria, baixo rio Jutuba 37 km 10,5 55 Peres (1989)

5) Saimiri sciureus Rio Jarí (PA) 1.300 ha Secundária 334 km 20 7 Parry (2004)

6) Saimiri boliviensis Rio Tahuamano 1.250 ha Terra firme 250 km - 6 Cameron et al. (1989)

7) Saimiri boliviensis (3)F.E. Antimary, AC 77 mil ha Terra firme 300 km 31 50 Calouro (2005)

8) Saimiri vanzolini Lago Teiú, Mamirauá, AM 1.240 mil Várzea holocena 83 km 40 a 50* 103 Ayres (1986)

9) Saimiri oerstedii Panamá - - - 23 130 Baldwin e Baldwin (1981)

10) Saimiri sp. Rio Urucu, AM 900 ha Terra firme e Igapó 176 km 47 (38 a 76)* 11 Peres (1983)

11) Saimiri ustus FNT, (PA) 544 mil Terra firme 800 km 18 (1 a 34)* 45 Presente estudo (2007) Nota: (1) AE = Esforço Amostral. (2) Ind. = indivíduos. (3) FE = Floresta Estadual. (4) E.B = Estação Biológica.

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210

Da Análise da TABELA 14, sobre o gênero Saimiri salienta-se: (1) A primeira observação é que o tamanho da tabela, em relação às demais, revela que é um

gênero pouco estudado.

(2) A densidade encontrada neste estudo (45 ind/km²) está dentro do esperado para hábitats de

terra firme. Foi semelhante à densidade encontrada por Calouro no Acre 50 ind/km² (Saimiri

boliviensis) e 55 ind/km² (PERES, 1989) na Ilha de Marajó, PA (Saimiri sciureus).

(3) Considerando que o gênero Saimiri é mais bem adaptado à várzea do que à terra firme, a

densidade de 45 ind/km² encontrado no presente estudo (FNT) é uma posição intermediária

entre as densidades encontradas na várzea (103 ind/km² (AYRES, 1986) e 11 ind/km² na terra

firme no rio Urucu, Amazonas (PERES, 1983).

(4) Esta tabela sugere (salvo algumas exceções) que quando o gênero é estudado dentro de áreas

protegidas sua densidade é maior [(e.g. Calouro (2005) 50 ind./km2; Terborg e Stern (1987)

60 ind./km2 ; Ayres (1986) 103 ind./km2] do que fora [e.g. Peres (1983) 11 ind./km2]

(5) O número de indivíduos por grupo geralmente costuma ser naturalmente alto.

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Tabela 15 - Comparação da densidade populacional de várias espécies do gênero Chiropotes em diferentes hábitats

Espécie Local Área (ha) Tipo de Floresta (1) EA (km) (2) Ind./grupo Ind./km2 Fonte 1) Chiropotes satanas Rio Capim. PA 8 mil TF, Alto Distúrbio 205 6 1 Lopes (1993)

2) Chiropotes satanas Faz. Badajós, PA 8 mil Semi-isolada 205 6 1 Ferrari et al, (1999)

3) Chiropotes satanas Real Agropecuária, PA 17,5 mil Semi-isolada 216 4,5 3 Ferrari et al, (1999)

4) Chiropotes satanas (5) EC. Ferreira Pena, PA 33 mil Terra Firme 533 9,16 ± 3 ** 3 Bobadilla (1998)

5) Chiropotes satanas Tailândia, PA 18 mil (10) TF, Moderado Distúrbio 216 4,5 3 Lopes Ferrari (1993)

6) Chiropotes satanas Reserva Paracanã 352 mil Terra Firme 178 6,2 6 Ferrari et al (1999)

7) Chiropotes satanas Faz. São Marcos, PA 10 mil Isolada 408 7 6,5 Ferrari et al, (1999)

8) Chiropotes satanas Irituia, PA 5 mil TF, Moderado Distúrbio 408 7 6,5 Lopes Ferrari (1993)

9) Chiropotes satanas (6) Rebio Gurupi, AM 342 mil Terra Firme 480 8 7 Lopes Ferrari (1993)

10) Chiropotes satanas R-VNP, Suriname 56 mil Terra Firme - 8 a 30* 7 a 8* van Roosmalem et al (1981)

11) Chiropotes satanas Novo Repartimento, PA 7,5 mil Sub-montana (Carajás) 101 6,57 ± 4** 24 Bobadilla (1998)

12) Chiropotes satanas (4) Faz. Arataú, PA 7,5 mil Terra Firme Isolada 101 6,57 24 Ferrari et al, (1999)

13) Chiropotes satanas (7) FNS-T, PA 430 mil Terra Firme 800 13 (3 a 34) 40 Presente estudo (2007)

14) Chiropotes satanas PDBFF, Reserva 41, AM 1,1 mil Terra Firme - 1 a 30* - Frazão (1992)

15) Chiropotes satanas (3) PNBFF, AM Continua Terra Firme 317 - 5,5 Rylands e Keuroghlian (1988)

16) Chiropotes albinasus Rio Aripuanã, MT 500 ha Terra Firme 80 22,5 7 a 8* Ayres (1981)

17) Chiropotes albinasus (8) FNS-T, PA 540 mil Terra Firme 800 2,70 (1- 6) 11 Presente estudo (2007) Nota: (1) AE = Esforço Amostral; (2) Ind. = indivíduos; (3) PDBFF = Projeto Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais; (4) Faz.= Fazenda; (5) EC =

Estação Cientifica; (6) REBIO = Reserva Biológica; (7) Floresta Nacional de Saracá-Taquera (Rio Trombetas, PA); (8) Floresta Nacional do Tapajós; (9) TF = Terra Firme. * = Amplitude. ** = Desvio padrão.

207

Page 213: Estudos populacionais dos primatas em duas florestas nacionais do ...

212

Da análise da TABELA 15 salienta-se:

(1) O presente estudo apresentou as maiores densidades para ambas as espécies de cuxiús. É bem

verdade que ao contrário do nosso estudo, todos os outros, exceto dois (Rebio de Gurupá no

Pará e PDBFF no Amazonas) foram feitos fora de área protegidas.

(2) A comparação entre as duas densidades dos cuxiús do presente estudo, sugerem a já

conhecida desigual densidade entre Chiropotes satanas e Chiropores albinasus, em favor dos

primeiros. Neste estudo, 40 versus 11 ind./km², respectivamente. Isto também é reforçado

quando se compara o tamanho médio e suas respectivas amplitudes dos cuxiús do presente

estudo. Enquanto Chiropotes satanas apresentou 13 ind./km² e amplitude entre 3 a 34,

Chiropores albinasus apresentou grupos 4,8 vezes menores, a saber, 2,7 ind./km² e amplitude

entre 1 a 6.

Page 214: Estudos populacionais dos primatas em duas florestas nacionais do ...

213

Tabela 16 - Comparação da densidade populacional de várias espécies do gênero Callithrix em diferentes hábitats

Espécie Local Área (ha) Tipo de Floresta (1) EA (km) (2) Ind./grupo Ind./km2 Fonte

1) Callithrix penicilata (3) FÁL BC(5) 18 ha Galeria no Cerrado 52 km 2,5 3,2 Henriques e Cavalcante (2004)

2) Callithrix penicilata Cerradao, Brasil Central - - - 4,6 12 Miranda e Faria (2001)

3) Callithrix penicilata (4) Faz. Sucupira (DF) 170 ha Cerrado 20 km 4 10,5 Queiroz (1991)

4) Callithrix penicilata PE Ibitiboca, MG 31 ha Fragmento 17 km - 11± 32 Hirsch et al. (1994)

5) Callithrix argentata - 146 mil - - - 8,5 Arita et al. (1990)

6) Callithrix argentata Água Doce, PNDC (5) 125 mil (8) Chaco paraguaio - - 7 Stallings (1985)

7)Callithrix argentata Chavoreca, PNDC 85 ha Chaco paraguaio - - 27 Stallings (1985)

8) Callithrix argentata FNT, (PA) 540 mil Terra firme 800 5 (1 a 14)* 12 Presente estudo (2007)

9) Callithrix aurita (6) PES do Brigadeiro 14 mil Primária e Secundária 25 dias 4 a 5* 0,0028 Cozensa e Melo (1998)

10) Callithrix aurita Faz. Barreiro Rico (SP) 1386 ha Fragmento de Floresta 1310 horas 2 a 6* 15 Torres de Assumpção (1983)

11) Callithrix humeralifer Aripiuanã, MT - Terra Firme - 11,5 (8 a 15)* Rylands (1981; 1982)

12) Callithrix jaccus - 243 mil - - - 33 Arita et al. (1990)

13)Leontophitecus chrysomelas (7) RB. Una, BA 7059 ha Mata Atlântica - - 6 Pinto; Tavares (1994) Nota: (1) AE = Esforço Amostral. (2) Ind. = indivíduos. (3) FAL = Fazendo Água Limpa. (4) Faz. = Fazenda. (5) PNDF = Parque Nacional Defensores del

Chaco. (6) PES = Parque Estadual da Serra do Brigadeiro. (7) RB = Reserva Biológica. (8) Chaco = Trata-se de um grande afloramento granítico aplainado que recebem entre 500 e 850 mm anuais de chuva e forma vários tipos de florestas, entre elas florestas de galeria e de baixa vegetação xérica. Arita et al (1990) apud Wolfheim (1983).

209

Page 215: Estudos populacionais dos primatas em duas florestas nacionais do ...

214

Da Análise da TABELA 16, sobre o gênero Callithrix salienta-se:

(1) O tamanho menor da Tabela 17 em relação ao tamanho da tabela dos cebídeos reflete a

dificuldade de se encontrarem dados sobre o gênero Callithrix. Bons trabalhos existem,

mas a maioria deles trata da ecologia alimentar ou do estabelecimento do tamanho da área

de vida [eg. CASTRO (2003); VERACINI, (1997); TAVARES; FERRARI (2002)].

(2) Uma segunda dificuldade é a quase ausência do gênero Callithrix na Amazônia, sendo

assim as recorremos às comparações com a Mata Atlântica. Diante desta dificuldade, foi

incluído até um calitriquídeo do gênero Leontopithecus (mico-leões)

Page 216: Estudos populacionais dos primatas em duas florestas nacionais do ...

215

4.3.1 – Tamanho dos subgrupos durante as quatro atividades estudadas Tabela 17 - Teste de comparação de média (teste Tukey) para o número de indivíduos envolvido

na atividade por flona, separadamente e conjuntamente

Atividade Flona1 Número de Indivíduos Teste de Tukey2

Forrageando BETA3 8,12 A Viajando BETA 5,67 A B Descansando BETA 4,54 B Pernoitando BETA 2,67 B

Forrageando TAPA4 6,34 A Viajando TAPA 5,86 A Descansando TAPA 4,23 A Pernoitando TAPA 5,50 A Forrageando BETA + TAPA 7,35 A Viajando BETA + TAPA 5,88 A B Descansando BETA + TAPA 4,43 A B Pernoitando BETA + TAPA 3,80 B

Nota: 1 = Flona = Floresta Nacional; 2 = a 5% de probabilidade; 3 = BETA = Floresta Nacional de Saracá-Taquera (PA); 4 = TAPA = Floresta Nacional do Tapajós (PA).

Dá análise da TABELA 17 salienta-se:

(1) As duas comunidades diferem no tamanho dos grupos e subgrupos envolvidos nas diferentes

atividades, sendo que na FNS-T os subgrupos são mais díspares, tanto que o teste

descriminou dois grupos, um acima de 6 indivíduos para forrageamento (letra A), e outro com

menos de cinco indivíduos, para descanso e pernoite (letra B).

(2) Na FNT a amplitude do tamanho dos subgrupos foi menor do que para a FNS-T, tanto que o

teste não discriminou diferença de tamanho dos agrupamentos durante as atividades. Assim,

todas as atividades formaram um só bloco (letra A).

(3) Quando se analisa a ordem decrescente das quatro atividades, tanto para as flonas

individualmente quanto associadas, percebesse que ela é a mesma. Comer, viajar, descansar e

dormir. Isto não é ao acaso, as duas primeiras atividades foram selecionadas para serem mais

Page 217: Estudos populacionais dos primatas em duas florestas nacionais do ...

216

bem sucedidas quando existe uma maior vigilância contra predadores, já para as duas ultimas

atividades, onde a vigilância individual, e, portanto do grupo, é relaxada, a pressão da seleção

natural favoreceu indivíduos que descansam ou dormem em lugares mais escondidos e

sozinhos para não atrair a atenção dos predadores.

4.3.2 – Tamanho comparativo dos grupos de primatas da comunidade do Trombetas, no baixio e no platô. Tabela 18 - Teste de comparação de média (teste Tukey) para número de indivíduos por

espécie e para toda a comunidade nos dois locais trilhados do Trombetas, independente da atividade

Espécie Trilhas Número de indivíduos Teste de Tukey1

Chiropotes satanas Baixio 14,40 A Cebus apella Baixio 6,80 A B Saguinus martinsi Baixio 5,00 B Alouatta seniculus Baixio 4,40 B C Pithecia pithecia Baixio 2,65 C Ateles paniscus Baixio 2,00 C

Chiropotes satanas Platô 9,00 A Cebus apella Platô 7,70 A B Saguinus martinsi Platô 4,20 A B C Alouatta seniculus Platô 3,70 B C Ateles paniscus Platô 2,74 C Pithecia pithecia Espécie não encontrada no platô

Todas Baixio 6,70 A Todas Platô 4,18 B

Nota: 1 = a 5% de probabilidade

Da análise da TABELA 18 conclui-se, que de uma maneira geral as florestas do baixio

suportam grupos ligeiramente maiores, no entanto, a ordem decrescente de numero de indivíduos

é mantida nos dois hábitats.

Page 218: Estudos populacionais dos primatas em duas florestas nacionais do ...

217

4.3.3 – Tamanho dos grupos de primatas da comunidade do Tapajós no ambiente mais

preservado (km 117) e nos menos preservados (km 83 e 67) Tabela 19- Teste de comparação de média (teste Tukey) para o número de indivíduos nas trilhas

do km 117 e nas demais trilhas do Tapajós, por espécie e para toda a comunidade de primatas

Espécie Trilhas1 Número de indivíduos Teste de Tukey2

Chiropotes albinasus km 1173 10,50 A Saimiri ustus km 117 10,00 A Ateles marginatus km 117 6,00 A Cebus apella km 117 5,50 A Callithrix argentata km 117 5,00 A Alouatta discolor km 117 5,00 A Saimiri ustus Demais trilhas4 23,00 A Chiropotes albinasus Demais trilhas 9,00 A B Alouatta discolor Demais trilhas 5,00 B Cebus apella Demais trilhas 4,00 B Callithrix argentata Demais trilhas 4,00 B Ateles marginatus Demais trilhas Extinto localmente

Todas km 117 6,00 A Todas Demais trilhas 6,00 A

Nota: 1 = Número de observações no km 117 = 74 e nas demais trilhas N = 54 2 = a 5% de probabilidade 3 = km 117 compreende as trilhas da Base de Sucupira, o local mais bem preservado dos três

estudados 4 = Demais trilhas compreendem as trilhas do km 67 (Base de Terra Rica) a mais próxima de

Belterra e as trilhas do km 83 (Base do Projeto Ambé) próxima à populosa comunidade de São Jorge

Da análise da TABELA 19 sugere que Ateles marginatus não suportou as perturbações

ocorridas nas florestas da FNT na altura dos km 67 e 83 da Cuiabá-Santarém; e Saimiri ustus

conseguiu manter grupos maiores nas áreas mais perturbadas, do que em áreas intactas,

respectivamente, 23 x 11 indivíduos.

Page 219: Estudos populacionais dos primatas em duas florestas nacionais do ...

218

4.4.1 Altura

(1) A altura é uma variável ecológica fundamental. O conhecimento prévio da altura

preferencial de um animal permite-nos especular, sobre suas preferências alimentares e

estratégias anti-predação. O deslocamento pela copa emergente, a guisa dos guaribas, por

exemplo, não é praticado por calitriquídeos, uma vez que seu tamanho pequeno os torna presas

fáceis dos seus principais predadores, aves de rapina. No Tapajós nós observamos Callithrix

argentata se deslocando pelo solo e no Trombetas, Saguinus martinsi, fugindo do ataque de um

gavião pelo estrato inferior, a poucos metros do solo, aproveitando a proteção da miríade de

cipós. Registros para várias espécies de sagüis reforçam as observações de que primatas de

pequeno porte evitam a copa emergente e deslocam-se e escondem-se quando necessário abaixo

da submata. É revelador constatar que o pernoite ocupou o topo no ranking das atividades nas

duas flonas. Em relação aos hábitats estudados na região do Trombetas (baixio e platô) o pernoite

acima de 34 m reforça a utilização da altura como estratégia anti-predação. Digno de nota

também é a ocupação das três primeiras posições no ranking da altura ser ocupado pelos primatas

de grande porte Ateles, Chiropotes e Alouatta, nas duas flonas (TABELA 20). Ateles é

especialista em frutos maduros de alta qualidade, Chiropotes é um frugívoro predador de

sementes, alimento este que se encontram preferencialmente nos estratos superiores. Alouatta

apesar de não ter caninos potentes o suficiente para quebrar frutos duros, atua como um frugívoro

oportunista, porque é capaz de consumir frutos (imaturos) do dossel antes das demais espécies,

graças a sua capacidade de desintoxicar-se dos compostos secundários.

Como a luz é uma variável importante para as plantas, às mesmas também competem por

altura para obtê-la, já que ela é mais abundante nas copas do que na submata. Somente depois de

crescerem em altura as árvores das florestas tropicais crescem em espessura.

(2) O teste de Tukey apresenta sutilezas, observe que na TABELA 21 sobre altura de

detecção nos hábitats do Trombetas, no baixio a diferença entre os extremos de altura (25 m para

Ateles paniscus e 12 para Pithecia pithecia, amplitude igual a 13 m) gerou três estratos diferentes,

no entanto, quando analisamos o platô, onde o extremo superior também é representado pela

mesma espécie e o inferior pelo Saguinus martinsi, notamos que a diferença das amplitudes nos

dois casos é de apenas ½ metro (25 – 12 = 13 no baixio e 24,5 – 12 = 12,5, no platô), mas neste

caso o teste não reconhece diferença alguma, como se as cincos espécies ocupassem o nicho

vertical de maneira semelhante. Um olhar desatento induziria o pesquisador a concluir que existe

Page 220: Estudos populacionais dos primatas em duas florestas nacionais do ...

219

diferenças de utilização do estrato vertical entre os primatas da FNS-T nos dois ambientes,

quando na verdade, as diferenças de utilização do estrato vertical foi mínima. O teste “sugere”,

mas sua aceitação não pode ser encarada passivamente, como um doente que toma um remédio

sem ler a bula. Este é um exemplo, de que nada substitui a experiência do pesquisador que

freqüentou o mundo real.

(3) O fato de não termos encontrado Pithecia pithecia no platô reforça a já descrita

preferência desta espécie por ambientes relacionados a igarapés. Apesar da trilha do platô ter

comprimento de 7 km ela não cruzava igarapés, enquanto que a trilha do baixio (6 km)

interceptava três igarapés. Todas as observações dos parauacus foram feitas em ambientes

próximos a corpos de água, 8 na trilha do baixio (Base do Patauá) e 2 nas trilha dos igarapés, a 3

km da cidade de Porto Trombetas. Estas duas trilhas estavam a aproximadamente 60 km entre si.

4.4.2 – Altura de detecção comparativa dos primatas nas duas comunidades Tabela 20 - Teste de comparação de média (teste Tukey) para altura média de detecção, por

espécie e por flona, independente da atividade

Espécie Flona1 Altura de Detecção (m) Teste de Tukey2

Ateles paniscus BETA3 24,00 A Alouatta seniculus BETA 21,00 A B Chiropotes satanás BETA 21,00 A B Cebus apella BETA 16,00 B C Saguinus martinsi BETA 13,00 C Pithecia pithecia BETA 11,00 C

Ateles marginatus TAPA4 27,00 A Chiropotes albinasus TAPA 22,50 A B Alouatta discolor TAPA 20,00 A B Saimiri ustus TAPA 20,00 B Cebus apella TAPA 15,00 C Callithrix argentata TAPA 10,00 C

Todas BETA 18,00 A Todas TAPA 18,00 A

Nota: 1 = Flona = Floresta Nacional; 2 = a 5% de probabilidade; 3 = BETA = Floresta Nacional de Saracá-Taquera

(PA).; 4 = TAPA = Floresta Nacional do Tapajós (PA).

Page 221: Estudos populacionais dos primatas em duas florestas nacionais do ...

220

Sobre a TABELA 20 salienta-se:

(1) No Trombetas

(1.1) Que os três gêneros de primatas de maior tamanho ocuparam o estrato superior tanto no

Trombetas como também no Tapajós (a saber: Ateles, Alouatta e Chiropotes, que

correspondem a letra A no teste de Tukey).

(1.2) Que os três gêneros de primatas de menor tamanho ocuparam o estrato inferior (a saber:

Cebus , Saguinus e Pithecia, que correspondem a letra C no teste de Tukey).

(2) No Tapajós

(2.1) Cebus e Callithrix preferiram o estrato inferior.

(2.2) Saimiri sp no Tapajós e Cebus no Trombetas ocuparam o

estrato intermediário, ressalta-se que ambos são gêneros onívoros.

4.4.3 – Altura de detecção comparativa dos primatas da comunidade do Trombetas, no baixou e no platô

Tabela 21 - Teste de comparação de média (teste Tukey) para altura de detecção por espécie e

para toda a comunidade de primatas nos dois locais trilhados do Trombetas, independente da atividade realizada

Espécie Trilhas Altura (m) de detecção Teste de Tukey1

Ateles paniscus Baixio 25,00 A Chiropotes satanas Baixio 22,00 A B Alouatta seniculus Baixio 19,00 A B C Cebus apella Baixio 16,50 B C Saguinus martinsi Baixio 13,50 C Pithecia pithecia Baixio 12,00 C

Ateles paniscus Platô 24,50 A Alouatta seniculus Platô 23,00 A B Chiropotes satanas Platô 20,00 A B C Cebus apella Platô 14,50 A B C Saguinus martinsi Platô 12,00 A C Pithecia pithecia Espécie não encontrada no platô

Todas Platô 21,50 A Todas Baixio 16,50 B

Nota: 1 = a 5% de probabilidade

Page 222: Estudos populacionais dos primatas em duas florestas nacionais do ...

221

4.4.4 – Altura de detecção comparativa dos primatas da comunidade do Tapajós nos dois

hábitats Tabela 22 - Teste de comparação de média (teste Tukey) para altura de detecção nas trilhas do

km 117 e nas demais trilhas do Tapajós, por espécie e para toda a comunidade de primatas

Espécie Trilhas1 Altura de detecção Teste de Tukey2

Ateles marginatus km 1173 27,00 A Chiropotes albinasus km 117 22,50 A B Alouatta discolor km 117 20,00 A B Saimiri ustus km 117 15,00 A B Cebus apella km 117 15,00 B Callithrix argentata km 117 11,00 B Saimiri ustus Demais trilhas4 22,50 A Chiropotes albinasus Demais trilhas 22,50 A Alouatta discolor Demais trilhas 20,50 A Cebus apella Demais trilhas 15,00 A Callithrix argentata Demais trilhas 8,50 A Ateles marginatus Demais trilhas Extinto localmente

Todas km 117 19,00 A Todas Demais trilhas 17,00 A

Nota: 1 = Número de observações no km 117 = 74 e nas demais trilhas N = 54 2 = a 5% de probabilidade 3 = km 117 compreende as trilhas da Base de Sucupira, o local mais bem preservado dos três

estudados. 4 = Demais trilhas compreendem as trilhas do km 67 (Base de Terra Rica) a mais próxima de

Belterra e as trilhas do km 83 (Base do Projeto Ambé) próxima à populosa comunidade de São Jorge

Page 223: Estudos populacionais dos primatas em duas florestas nacionais do ...

222

4.5.1 - Distância de detecção comparativa por espécie nas duas comunidades

Tabela 23A - Teste de comparação de média (teste Tukey) para distância de detecção, por

espécie e por flona, independente da atividade.

Espécie Flona1 Distância de Detecção (m) Teste de Tukey2

Ateles paniscus BETA3 50,00 A Alouatta seniculus BETA 40,00 A B Chiropotes satanas BETA 35,00 B C Cebus apella BETA 33,00 B C D Saguinus martinsi BETA 28,00 C D Pithecia pithecia BETA 24,00 D

Ateles marginatus TAPA4 43,00 A Chiropotes albinasus TAPA 37,00 A Alouatta discolor TAPA 37,00 A B Saimiri ustus TAPA 36,00 A B Cebus apella TAPA 29,00 A B Callithrix argentata TAPA 23,00 B Todas BETA 35,00 A Todas TAPA 33,00 A

Nota: 1 = Flona = Floresta Nacional; 2 = a 5% de probabilidade; 3 = BETA = Floresta Nacional de Saracá-Taquera

(PA), situada a margem direita do Rio Trombetas; 4 = TAPA = Floresta Nacional do Tapajós (PA), situada a margem direita do Rio Tapajós

Page 224: Estudos populacionais dos primatas em duas florestas nacionais do ...

223

Da análise da TABELA 23A salienta-se:

(1) Para o Trombetas:

(1.1) Os gêneros de primatas maiores e, portanto mais conspícuos como Ateles e Alouatta

foram detectados de longe, (50 e 40 m, respectivamente, letra A no teste de Tukey).

(1.2) O menor primata da comunidade Saguinus martinsi e o mais sub-reptício Pithecia

pithecia só foram detectados de perto, 28 e 24 m, letra C e D no teste Tukey,

respectivamente. Os gêneros Cebus e Chiropotes, primatas de tamanho médio a

grande foram detectados em posições intermediarias (33 e 35 respectivamente, o que

correspondeu a letra B e C no teste de Tukey). O referido teste, portanto discriminou

4 grupos segundo a distância de detecção.

(2) Para o Tapajós:

(2.1) O teste Tukey discriminou dois grupos distintos (A e B), sendo que os maiores

primatas da comunidade foram detectados a 43 e 37 metros, respectivamente

Chiropores albinasus e Ateles marginatus (letra A no teste de Tuckey) e o menor

primata da comunidade foi detectado só a 23 m, Callithrix argentata (letra B no

teste de Tukey). Os gêneros Saimiri, Alouatta e Cebus ocuparam posições

intermediárias ente os extremos (43 – 23). No entanto, quando se compara as duas

flonas entre si, não se detecta diferença estatisticamente significativa para o teste

Tukey (ambas recebem letra A).

Page 225: Estudos populacionais dos primatas em duas florestas nacionais do ...

224

4.5.2 - Distância perpendicular comparativa por espécie nas duas comunidades

Tabela 23B - Teste de comparação de média (teste Tukey) para distância perpendicular (animal –

trilha), por espécie e por flona, independente da atividade.

Espécie Flona1 Distância (m) perpendicular Teste de Tukey2

Ateles paniscus BETA3 32,00 A Alouatta seniculus BETA 27,00 A B Chiropotes satanas BETA 24,00 A B Cebus apella BETA 22,50 A B Saguinus martinsi BETA 20,00 A B Pithecia pithecia BETA 17,00 B

Ateles marginatus TAPA4 34,00 A Chiropotes albinasus TAPA 25,00 A B Alouatta discolor TAPA 22,00 A B Saimiri ustus TAPA 19,00 A B Cebus apella TAPA 16,00 B Callithrix argentata TAPA 10,50 B Todas BETA 24,00 A Todas TAPA 21,00 A

Nota: 1 = Flona = Floresta Nacional; 2 = a 5% de probabilidade; 3 = BETA = Floresta Nacional de Saracá-Taquera (PA); 4 = TAPA = Floresta Nacional do Tapajós (PA).

Da análise da TABELA 23B salienta-se;

(1) Como esperado, para as duas comunidades os maiores primatas são detectados de mais

longe e os menores mais próximos à trilha.

(2) Embora o teste Tukey não aponte diferença significativa na distância perpendicular para

as duas flonas, acredita-se que a distância ligeiramente maior para a FNS-T em relação a

FNT (24 x 21m, respectivamente), deveu-se aos ramais abertos pela MRN para realizar o

inventário florestal no platô estudado

Page 226: Estudos populacionais dos primatas em duas florestas nacionais do ...

225

Tabela 24 – Teste de comparação de média (teste Tukey) para altura de detecção durante as atividades por local e nos dois trilhados do Trombetas

ATIVIDADE Flona ALTURA Teste de

Tukey1 pernoitando Baixio (B) 37,50 A

forrageando Baixio (B) 20,00 A B

descansando Baixio (B) 19,00 B

viajando Baixio (B) 16,00 B

pernoitando Platô (P) 34,00 A

forrageando Platô (P) 26,00 A

descansando Platô (P) 24,50 A

viajando Platô (P) 19,00 A

pernoitando (B + P) 35,00 A

forrageando (B + P) 22,50 B

descansando (B + P) 21,00 B

viajando (B + P) 17,00 B

Da análise da TABELA 24 salienta-se;

(1) Das 4 atividades estudadas o pernoite se destaca dos demais. Ele forma um grupo em

separado com o forrageamento no baixio. Quando se analisa baixio e platô juntos, o

pernoite se destaca de todas as demais atividades.

(2) Uma segunda tendência é uma diferença menor na altura das diferentes atividades no

platô (nota-se que o Teste Tukey não reconheceu diferença entre elas);

(3) Por outro lado, o Teste Tukey discrimina dois grupos de atividade no baixio, pernoite

e forrageamento acima de 20 metros, e descanso e viagem abaixo de 19 metros.

Page 227: Estudos populacionais dos primatas em duas florestas nacionais do ...

226

4.6 - Comparando por meio da ANOVA, trilhas, espécies nas trilhas, atividade e + trilhas. Tabela 25 - Teste de comparação através da análise de variância (teste F) para os dois locais do

Trombetas para trilha, espécie e atividade em relação as variáveis dependentes

Flona Variável Dependente Fonte Valor F Pr > F

BAIXIO1

+ PLATÔ2

NÚMERO DE INDIVÍDUOS

Trilha (T) Espécie (trilha) Atividade (A) (T+A)

0,02 11,16 0,23 0,29

0,8906 <0,00013

0,8776 0,8329

Coeficiente de variação experimental = 31,62

BAIXIO

+ PLATÔ

ALTURA

Trilha (T) Espécie (trilha) Atividade (A) (T+A)

0,03 5,60 7,12 1,20

0,8694 <0,0001

0,0001 0,3088

Coeficiente de variação experimental = 24,75

BAIXIO

+ PLATÔ

DISTÂNCIA DE

DETECÇÃO

Trilha (T) Espécie (trilha) Atividade (A) (T+A)

2,09 1,40 0,04 0,88

0,1502 0,1886

0,9883 0,4527

Coeficiente de variação experimental = 10,24

BAIXIO

+ PLATÔ

DISTÂNCIA

PERPENDICULAR

Trilha (T) Espécie (trilha) Atividade (A) (T+A)

0,82 1,47 0,78 1,31

0,3656 0,1618

0,5054 0,2729

Coeficiente de variação experimental = 64,00

Nota: 1 Número de observações no baixio = 167; 2 Número de observações no platô = 68

3 diferenças estatisticamente significativas estão em negrito

Da análise da TABELA 25 salienta-se que a existe um a diferença estatística altamente

significativa na variável altura. A explicação para este fato é pedológica, a maior quantidade de

argila no platô em relação ao baixio favorece o crescimento arbóreo no platô.

Page 228: Estudos populacionais dos primatas em duas florestas nacionais do ...

227

4.7 - Comparação por meio da ANOVA, do baixio e do platô para espécie e atividade em relação as variáveis dependentes

Tabela 26 - Teste de comparação através da análise de variância (teste F) para os dois locais do

Trombetas para espécie e atividade em relação as variáveis dependentes

Flona Variável Dependente Fonte Valor F Pr > F

Espécie (E) 4,50 0,00082 Atividade (A) 0,50 0,6847

BAIXIO1

NÚMERO DE INDIVÍDUOS (E + A) 0,56 0,8116

Coeficiente de variação experimental = 31,58Espécie (E) 3,10 0,0226 Atividade (A) 1,18 0,3262

PLATÔ3

NÚMERO DE INDIVÍDUOS (E + A) 1,52 0,2001

Coeficiente de variação experimental = 31,90Espécie (E) 3,24 0,0083 Atividade (A) 3,33 0,0212

BAIXIO

ALTURA

(E + A) 0,56 0,8132 Coeficiente de variação experimental = 24,90

Espécie (E) 0,68 0,6091 Atividade (A) 3,49 0,0217

PLATÔ

ALTURA

(E + A) 0,42 0,1693 Coeficiente de variação experimental = 24,38

Espécie (E) 0,64 0,6681 Atividade (A) 1,03 0,3792

BAIXIO

DISTÂNCIA DE

DETECÇÃO (E + A) 0,42 0,9101 Coeficiente de variação experimental = 9,61

Espécie (E) 0,83 0,5136 Atividade (A) 0,71 0,5491

PLATÔ

DISTÂNCIA DE

DETECÇÃO (E + A) 2,25 0,0625 Coeficiente de variação experimental = 11,15

Espécie (E) 1,07 0,3810 Atividade (A) 1,46 0,2273

BAIXIO

DISTÂNCIA

PERPENDICULAR (E + A) 0,59 0,7887 Coeficiente de variação experimental = 57,75

Espécie (E) 0,83 0,2141 Atividade (A) 0,71 0,0484

PLATÔ

DISTÂNCIA

PERPENDICULAR (E + A) 2,25 0,0069 Coeficiente de variação experimental = 63,55

Nota: 1 Número de observações no baixio = 167; 2 diferenças estatisticamente significativas estão em negrito; 3 Número de observações no platô = 68

Page 229: Estudos populacionais dos primatas em duas florestas nacionais do ...

228

Da análise da TABELA 26 salientam-se as diferenças estatisticamente significativas entre

o baixio e platô para o variável número de indivíduos e altura.

4.8 - Teste de comparação de freqüência e proporção (teste G) para pares de espécies de

cada uma das duas comunidades, em relação às atividades (alimentação, descanso, pernoite, e viagem).

Esse conjunto de testes foi importante, de uma maneira geral, para salientar que as

diferenças mais significativas ocorreram entre duas espécies que apresentam preferências

alimentares muito diferentes, o que ocorreu com o gênero Allouatta, o mais folhívoro das

espécies estudadas, em relação aos outros e/ou entre os primatas de tamanho muito diferente, ou

seja, entre os calitriquídeos (sagüis) e os cebídeos (restante). Os testes G serviram para reforçar o

que os outros testes, já haviam mostrado; que de uma maneira ou de outra, a separação de nicho

entre os primatas amazônicos é determinado pela guilda alimentar a que o animal pertence

e/ou tamanho do animal. Assim podemos exemplificar, para o Trombetas: (1) Ateles paniscus X

Alouatta seniculus, (TABELA 27); (2) Cebus apella X Alouatta seniculus, (TABELA 28) ; (3)

Saguinus martinsi X Alouatta seniculus (TABELA 29), todos os três com um p < 0,01 (altamente

significativo). Em relação ao Tapajós a tendência se repetiu: (4) Cebus apella X Alouatta

discolor (TABELA 33); (5) Callithrix argentata X Alouatta discolor); (6) Saimiri ustus X

Alouatta discolor (TABELA 36).

Note que quando foram comparados (TABELA 37) os sagüis das duas comunidades;

Cebus apella das duas comunidades e as espécies congêneres das duas comunidades, a diferença

foi estatisticamente menos significativa. Ou seja, eles desempenharam um papel semelhante em

suas respectivas comunidades, portanto, a diferença entre eles foi menor do que entre eles e as

espécies simpátricas de suas respectivas comunidades. A TABELA 38, que compara o

desempenho de todas as espécies simpátrica em relação às atividades, para as duas comunidades,

reforça a afirmação anterior.

Page 230: Estudos populacionais dos primatas em duas florestas nacionais do ...

229

Tabela 27 - Teste de comparação de freqüência e proporção (teste G) do Ateles paniscus com as

espécies simpátricas de primatas da comunidade do Trombetas em relação as atividades

ATIVIDADES Espécie Unidade alim.1 Desc.2 pern.3 viag.4 Total

F5 1,00 3,00 0,00 30,00 34,00 Ateles paniscus % 1,47 4,41 0,00 44,12 50,00 f 10,00 3,00 0,00 21,00 34,00 Chiropotes satanas

% 14,71 4,41 0,00 30,88 50,00 Valor do teste G = 10,15; p = 0,0063

F 1,00 3,00 0,00 30,00 34,00 Ateles paniscus % 2,24 8,82 0,00 88,24 36,96 f 11,00 1,00 0,00 46,00 58,00 Cebus apella % 11,96 1,09 0,00 50,00 63,04

Valor do teste G = 7,86; p = 0,0197 f 1,00 3,00 0,00 30,00 34,00 Ateles paniscus % 0,94 2,83 0,00 28,30 32,08 f 6,00 1,00 0,00 65,00 72,00 Saguinus martinsi % 5,66 0,94 0,00 61,63 67,92

Valor do teste G = 4,28; p = 0,1175 f 1,00 3,00 0,00 30,00 34,00 Ateles paniscus % 1,18 3,53 0,00 35,29 40,00 f 14,00 14,00 3,00 20,00 51,00 Alouatta seniculus % 16,47 16,47 3,53 23,53 60,00

Valor do teste G = 23,92; p = 0,0001 f 1,00 3,00 0,00 30,00 34,00 Ateles paniscus % 2,27 6,82 0,00 68,18 77,27 f 1,00 2,00 0,00 7,00 10,00 Pithecia pithecia % 10,00 20,00 0,00 70,00 22,73

Valor do teste G = 1,77; p = 0,4130 Nota: 1 alim = alimentação; 2 desc = descanso; 3 pern = pernoite; 4 viag = viagem; 5 f = freqüência

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230

Tabela 28 - Teste de comparação de freqüência e proporção (teste G) do Cebus apella

com as espécies simpátricas de primatas da comunidade do Trombetas em relação as atividades

ATIVIDADES Espécie Unidade alim.1 Desc.2 pern.3 viag.4 Total

F5 11,00 1,00 0,00 46,00 58,00 Cebus apella % 11,96 1,09 0,00 50,00 63,04 f 10,00 3,00 0,00 21,00 34,00 Chiropotes satanas

% 10,87 3,26 0,00 22,83 36,96 Valor do teste G = 4,32; p = 0,1154

F 11,00 1,00 0,00 46,00 58,00 Cebus apella % 8,46 0,77 0,00 35,38 44,46 f 6,00 1,00 0,00 65,00 72,00 Saguinus martinsi % 4,62 0,77 0,00 50,00 55,38

Valor do teste G = 3,25; p = 0,01969 f 11,00 1,00 0,00 46,00 58,00 Cebus apella % 10,09 0,92 0,00 42,20 53,21 f 14,00 14,00 3,00 20,00 51,00 Alouatta seniculus % 12,84 12,84 2,75 18,35 46, 79

Valor do teste G = 28,04; p = 0,0001 f 11,00 1,00 0,00 46,00 58,00 Cebus apella % 16,18 1,47 0,00 65,65 85,29 f 1,00 2,00 0,00 7,00 10,00 Pithecia pithecia % 1,47 2,94 0,00 10,28 14,71

Valor do teste G = 4,71; p = 0,0947 Nota: 1 alim = alimentação; 2 desc = descanso; 3 pern = pernoite; 4 viag = viagem; 5 f = freqüência

Page 232: Estudos populacionais dos primatas em duas florestas nacionais do ...

231

Tabela 29 - Teste de comparação de freqüência e proporção (teste G) do Saguinus martinsi com as espécies simpátricas de primatas da comunidade do Trombetas em relação as atividades

ATIVIDADES Espécie Unidade alim.1 desc.2 pern.3 viag.4 Total

F5 6,00 1,00 0,00 65,00 72,00 Saguinus martinsi % 5,66 0,94 0,00 61,32 67,92 f 10,00 3,00 0,00 21,00 34,00 Chiropotes satanas

% 9,43 2,83 0,00 19,81 32,08 Valor do teste G = 11,74; p = 0,0028

f 6,00 1,00 0,00 65,00 72,00 Saguinus martinsi % 4,88 0,81 0,00 52,85 58,54 f 14,00 14,00 3,00 20,00 51,00 Alouatta seniculus % 11,38 11,38 2,44 16,26 41,46

Valor do teste G = 42,37; p = 0,0001 f 6,00 1,00 0,00 65,00 72,00 Saguinus martinsi % 7,32 1,22 0,00 79,27 87,80 f 1,00 2,00 0,00 7,00 10,00 Pithecia pithecia % 1,22 2,44 0,00 8,54 12,20

Valor do teste G = 5,32; p = 0,0699 Nota: 1 alim = alimentação; 2 desc = descanso; 3 pern = pernoite; 4 viag = viagem; 5 f = freqüência Tabela 30 - Teste de comparação de freqüência e proporção (teste G) do Chiropotes

satanas com as espécies simpátricas de primatas da comunidade do Trombetas em relação as atividades

ATIVIDADES Espécie Unidade alim.1 desc.2 pern.3 viag.4 Total

F5 10,00 3,00 0,00 21,00 34,00 Chiropotes satanas % 11,76 3,53 0,00 24,71 40,00 f 14,00 14,00 3,00 20,00 51,00 Alouatta seniculus % 16,47 16,47 3,53 23,53 60,00

Valor do teste G = 9,15; p = 0,0273 f 10,00 3,00 0,00 21,00 34,00 Chiropotes satanas % 22,73 6,82 0,00 47,73 77,27 f 1,00 2,00 0,00 7,00 10,00 Pithecia pithecia % 2,27 4,55 0,00 15,91 22,73

Valor do teste G = 2,24; p = 0,3260 Nota: 1 alim = alimentação; 2 desc = descanso; 3 pern = pernoite; 4 viag = viagem; 5 f = freqüência

Page 233: Estudos populacionais dos primatas em duas florestas nacionais do ...

232

Tabela 31- Teste de comparação de freqüência e proporção (teste G) entre os primatas Alouatta seniculus e Pithecia pithecia, espécies simpátricas de primatas da comunidade do Trombetas em relação as atividades

ATIVIDADES Espécie Unidade alim.1 desc.2 pern.3 viag.4 Total

F5 14,00 14,00 3,00 20,00 51,00 Alouatta seniculus % 22,95 22,95 4,92 32,79 83,61 f 1,00 2,00 0,00 7,00 10,00 Pithecia pithecia % 1,64 3,28 0,00 11,48 16,39

Valor do teste G = 4,12; p = 0,2487 Nota:1 alim = alimentação; 2 desc = descanso; 3 pern = pernoite; 4 viag = viagem; 5 f = freqüência Tabela 32- Teste de comparação de freqüência e proporção (teste G) do Ateles marginatus com as espécies simpátricas de primatas da comunidade do Tapajós em relação as atividades

ATIVIDADES Espécie Unidade alim.1 desc.2 pern.3 viag.4 Total

F5 1,00 0,00 0,00 7,00 8,00 Ateles marginatus % 5,88 0,00 0,00 41,18 47,06 f 3,00 0,00 0,00 6,00 9,00 Chiropotes albinasus % 17,65 0,00 0,00 35,29 52,94

Valor do teste G = 1,06; p = 0,3022 F 1,00 0,00 0,00 7,00 8,00 Ateles marginatus % 2,04 0,00 0,00 14,29 16,33 f 8,00 0,00 1,00 32,00 41,00 Cebus apella % 16,33 0,00 2,04 65,31 83,67

Valor do teste G = 0,63; p = 0,7307 f 1,00 0,00 0,00 7,00 8,00 Ateles marginatus % 1,76 0,00 0,00 12,50 14,29 f 10,00 13,00 1,00 24,00 48,00 Alouatta discolor % 17,86 23,21 1,79 42,86 85,71

Valor do teste G = 4,28; p = 0,1175 f 1,00 0,00 0,00 7,00 8,00 Ateles marginatus % 4,55 0,00 0,00 31,82 36,36 f 0,00 0,00 0,00 14,00 14,00 Callithrix argentata % 0,00 0,00 0,00 63,64 63,64

Valor do teste G = 6,11; p = 0,1062 f 1,00 0,00 0,00 7,00 8,00 Ateles marginatus % 6,25 0,00 0,00 43,75 50,00 f 0,00 0,00 0,00 8,00 8,00 Saimiri ustus % 0,00 0,00 0,00 50,00 50,00

Valor do teste G = 1,45; p = 0,2280 Nota:1 alim = alimentação; 2 desc = descanso; 3 pern = pernoite; 4 viag = viagem; 5 f =

freqüência

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233

Tabela 33- Teste de comparação de freqüência e proporção (teste G) do Cebus apella

com as espécies simpátricas de primatas da comunidade do Tapajós em relação as atividades

ATIVIDADES Espécie Unidade alim.1 desc.2 pern.3 viag.4 Total

F5 8,00 0,00 1,00 32,00 41,00 Cebus apella % 16,00 0,00 2,00 64,00 82,00 f 3,00 0,00 0,00 6,00 9,00 Chiropotes albinasus % 6,00 0,00 0,00 12,00 18,00

Valor do teste G = 1,10; p = 0,5769 F 8,00 0,00 1,00 32,00 41,00 Cebus apella % 14,44 0,00 1,82 58,18 74,55 f 0,00 0,00 0,00 14,00 14,00 Callithrix argentata % 0,00 0,00 0,00 25,45 25,45

Valor do teste G = 5,86; p = 0,0532 f 8,00 0,00 1,00 32,00 41,00 Cebus apella % 8,99 0,00 1,12 35,96 46,07 f 10,00 13,00 1,00 24,00 48,00 Alouatta discolor % 11,24 14,61 1,12 26,97 53,93

Valor do teste G = 18,84; p = 0,0003 f 8,00 0,00 1,00 32,00 41,00 Cebus apella % 16,33 0,00 2,04 65,31 83,67 f 0,00 0,00 0,00 8,00 8,00 Saimiri ustus % 0,00 0,00 0,00 16,33 16,33

Valor do teste G = 3,58; p = 0,1668 Nota: 1 alim = alimentação; 2 desc = descanso; 3 pern = pernoite; 4 viag = viagem; 5 f = freqüência

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234

Tabela 34 - Teste de comparação de freqüência e proporção (teste G) do Callithrix argentata com as espécies simpátricas de primatas da comunidade do Tapajós em relação as atividades

ATIVIDADES Espécie Unidade alim.1 desc.2 pern.3 viag.4 Total

F5 0,00 0,00 0,00 14,00 14,00 Callithrix argentata % 0,00 0,00 0,00 60,87 60,87 f 3,00 0,00 0,00 6,00 9,00 Chiropotes albinasus % 13,04 0,00 0,00 26,09 39,13

Valor do teste G = 6,35; p = 0,0117 F 0,00 0,00 0,00 14,00 14,00 Callithrix argentata % 0,00 0,00 0,00 22,58 22,58 f 10,00 13,00 1,00 24,00 48,00 Alouatta discolor % 16,13 20,97 1,61 38,71 77,42

Valor do teste G = 16,22; p = 0,0010 Nota: 1 alim = alimentação; 2 desc = descanso; 3 pern = pernoite; 4 viag = viagem; 5 f = freqüência Tabela- 35 Teste de comparação de freqüência e proporção (teste G) do Chiropotes

albinasus com as espécies simpátricas de primatas da comunidade do Tapajós em relação as atividades

ATIVIDADES Espécie Unidade alim.1 desc.2 pern.3 viag.4 Total

F 3,00 0,00 0,00 6,00 9,00 Chiropotes albinasus % 5,26 0,00 0,00 10,53 15,79 f 10,00 13,00 1,00 24,00 48,00 Alouatta discolor % 17,54 22,81 1,75 42,11 84,21

Valor do teste G = 5,65; p = 0,1298 f 3,00 0,00 0,00 6,00 9,00 Chiropotes albinasus % 17,65 0,00 0,00 35,39 52,94 f 0,00 0,00 0,00 8,00 8,00 Saimiri ustus % 0,00 0,00 0,00 47,06 47,06

Valor do teste G = 4,39; p = 0,0362 Nota: 1 alim = alimentação; 2 desc = descanso; 3 pern = pernoite; 4 viag = viagem; 5 f = freqüência

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235

Tabela 36 - Teste de comparação de freqüência e proporção (teste G) entre os primatas Alouattadiscolor e Saimiri ustus com as espécies simpátricas de primatas da comunidade do Tapajós em relação as atividades

ATIVIDADES Espécie Unidade alim.1 desc.2 pern.3 viag.4 Total

f 10,00 13,00 1,00 24,00 48,00 Alouatta discolor % 17,86 23,21 1,79 42,86 85,71 f 0,00 0,00 0,00 8,00 8,00 Saimiri ustus % 0,00 0,00 0,00 14,29 14,29

Valor do teste G = 9,94; p = 0,0191 Nota: 1 alim = alimentação; 2 desc = descanso; 3 pern = pernoite; 4 viag = viagem; 5 f = freqüência

Tabela 37 - Comparação entre as freqüências e porcentagens através do teste G entre a

mesma espécie (Cebus apella), espécies congêneres e os calitriquídeos das duas comunidades de primatas em relação as atividades

ATIVIDADES Espécie Flona Unidade alim.1 desc.2 pern.3 viag.4 Total

F5 1,00 0,00 0,00 7,00 8,00 Ateles marginatus TAPA % 2,38 0,00 0,00 16,67 19,05 f 1,00 3,00 0,00 30,00 34,00 Ateles paniscus BETA % 2,38 7,14 0,00 71,43 80,95

Valor = 2,24; Probabilidade α = 0,3271 F 8,00 0,00 1,00 32,00 41,00 Cebus apella TAPA % 8,08 0,00 1,01 32,32 41,41 f 11,00 1,00 0,00 46,00 58,00 Cebus apella BETA % 11,11 1,01 0,00 46,46 58,59

Valor = 2,84; Probabilidade α = 0,4168 F 0,00 0,00 0,00 14,00 14,00 Callithrix argentata TAPA % 0,00 0,00 0,00 16,28 16,28 f 6,00 1,00 0,00 65,00 72,00 Saguinus martinsi BETA % 6,98 1,16 0,00 75,58 83,72

Valor = 2,60; Probabilidade α = 0,2718 F 3,00 0,00 0,00 6,00 9,00 Chiropotes albinasus TAPA % 6,98 0,00 0,00 13,95 20,93 f 10,00 3,00 0,00 21,00 34,00 Chiropotes satanas BETA % 23,26 6,98 0,00 48,84 79,07

Valor = 1,47; Probabilidade α = 0,4792 F 10,00 13,00 1,00 24,00 48,00 Alouatta discolor TAPA % 10,10 13,13 1,01 24,24 48,48 f 14,00 14,00 3,00 20,00 51,00 Alouatta seniculus BETA % 14,14 14,14 3,03 20,20 51,52

Valor = 2,02; Probabilidade α = 0,5669 Nota: 1 alim = alimentação; 2 desc = descanso; 3 pern = pernoite; 4 viag = viagem; 5 f = freqüência

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236

Tabela 38- Teste de freqüência e proporção (teste G) do desempenho de cada espécie de

primata por comunidade e entre comunidades em relação às atividades

Flona Espécie U1 alimento descanso pernoite Viagem Total f 1,00 3,00 0,00 30,00 34,00 Ateles paniscus % 0,39 1,16 0,00 11,58 13,13 f 6,00 1,00 0,00 65,00 72,00 Saguinus martinsi % 2,32 0,39 0.00 25,10 27,80 f 10,00 3,00 0.00 21,00 34,00 Chiropotes satanas % 3,86 1,16 0,00 8,11 13,3 f 14,00 14,00 3,00 20,00 51,00 Alouatta belzebul % 5,41 5,41 1,16 7,72 19,69 f 11,00 1,00 0.00 46,00 58,00 Cebus apella % 4,25 0,39 0,00 17,76 22,39 f 1,00 2,00 0.00 7,00 10,00 Pithecia pithecia % 0,39 0,77 0,00 2,70 3,86 f 43,00 24,00 3,00 189,00 259,00 Total % 16,60 9,27 1,16 72,97 100,00 T

R O

M B

E T

A S

Valor G = 65,48; p = 0,0001 altamente significativo f 1,00 0,00 0,00 7,00 8,00 Ateles marginatus % 0,78 0,00 0,00 5,47 6,25 f 0,00 0,00 0,00 14,00 14,00 Callithrix argentata % 0,00 0,00 0,00 10,29 10,94 f 3,00 0,00 0,00 6,00 9,00 Chiropotes albinasus % 2,34 0,00 0,00 4,69 7,03 f 10,00 13,00 1,00 24,00 48,00 Alouatta discolor % 7,81 10,16 0,78 18,75 37,50 f 8,00 0,00 1,00 32,00 41,00 Cebus apella % 6,25 0,00 0,78 25,00 32,03 f 0,00 0,00 0,00 8,00 8,00 Saimiri ustus % 0,00 0,00 0,00 6,25 6,25 f 22,00 13,00 2,00 91,00 128 Total % 17,19 10,16 1,56 71,09 100,00

T A

P A

J Ó

S

Valor G = 42,40; p = 0,0002 diferença significativa

Nota: 1 U = Unidade

Page 238: Estudos populacionais dos primatas em duas florestas nacionais do ...

237

4.10 – Comparação suscinta das duas florestas

As dez espécies mais abundantes em ordem decrescente (entre parênteses o número de

indivíduos) na FNT foram: Eschweira coriaceae (12), Licania canescens (12), Ocotea

baturitensis (8), Scherolobium melinonii (7), Marmaroxylon recemosum (6), Brosimum

guianensis (5), Geissospermum sericeum (5), Manilkara huberi (5), Minquartia guianensis (5),

Pouteria guianensis (5). Na FNS-T foram: Pouteria macrophylla (9), Marmaroxylon racemosum

(8), Myrciaria floribunda (7), Eschwilera atropetiolata (6), Pouteria sp 2 (6), Protium hebetatum

(6), Unonopsis refescens (6), Aldina latifolia (4).

Das 200 árvores marcadas no Tapajós, 74 delas foram de diferentes espécies (n = 72);

enquanto que para as 200 árvores marcadas no Trombetas, 92 delas foram de espécies diferentes

(n = 92). Isto resultou em um índice de diversidade de 5,74 para o Tapajós contra um índice de

6,17 para o Trombetas (Tabela 45 no apêndice).

Considerando espécies raras aquelas que apareceram no IV com apenas um individuo, a

FNS-T superou a FNT (44 x 35, respectivamente).

A cobertura da copa foi maior na FNST (trilha do baixio) 94 % e 88 % na FNT (trilha da

Base de Sucupira, km 117).

As árvores mais altas do Tapajós eram as Castanheiras e as mais altas do Trombetas, os

angelins-pedra (FIGURA 81), ambos com 45 metros e medidos com o binóculos a laser.

Figura 80 – As florestas do Trombetas são mais secas do que as do Tapajós e é comum encontrar plantas

xerofíticas no meio da floresta primária, como esta bromeliácea terrestre de mais de um metro de largura (FIGURA 35, página 108). Fonte: Gilmar Klein

Page 239: Estudos populacionais dos primatas em duas florestas nacionais do ...

238

Figura 81 - O autor ficou impressionado com a abundância e altura das várias espécies de angelins no

Trombetas, como este angelim-pedra (Dinizia excelsa, Mimosaceae); ao passo que no Tapajós eram as castanheiras e as maçarandubeiras que atingiam as maiores alturas. Fonte: Gilmar Klein

Page 240: Estudos populacionais dos primatas em duas florestas nacionais do ...

239

5 DISCUSSÃO

5.1 As comunidades de primatas e suas respectivas florestas diferiram entre si

Do complexo mundo arborícola da Amazônia foi selecionado para estudo apenas uma

fração, ou seja, a da comunidade de primatas diurnos. E dentro dela um aspecto em especial, a

densidade populacional de suas espécies constituintes. A densidade populacional reflete a

capacidade suporte dos ambientes onde os animais vivem. Na comparação entre a comunidade

primatologica da FNT e da FNS-T, a ANOVA identificou diferenças estatísticas altamente

significativas para três das quatro variáveis dependentes estudadas. A saber: número de

indivíduos, altura e distância de detecção (as três apresentaram um F = 0,0001) e diferença

estatística significativa para distância perpendicular (F = 0,0057).

Diante disso, a hipótese nula de que não existiam diferenças populacionais entre as duas

comunidades de primatas foi rejeitada. Acreditava-se inicialmente que devido as semelhanças

entre as duas UCs elas teriam uma capacidade suporte semelhante. As semelhanças são as

seguintes: (a) pertencem a um mesmo bioma, floresta pluvial de terra-firme dentro de um mesmo

estado da Amazônia brasileira (PA); (b) as flonas pertencem à mesma categoria de unidade de

conservação, Uso Sustentável, ou seja, permite moradores dentro da unidade e a exploração

madeira e não-madeireira; (c) estão próximas entre si, latitudes entre 54,5º e 56,5º w e longitude

entre 1º e 4º N, ou 250km (17 horas de barco).

Contudo, estas semelhanças não foram suficientes para suportarem populações

semelhantes de primatas. Por isso, a hipótese nula foi rejeitada em favor da hipótese alternativa

de que as comunidades diferem entre si. Um epifenômeno, a pressão antrópica, parece ter sido

decisiva para o discrepante número de encontro de grupos de primatas, mais do que o dobro em

favor da FNS-T (267 versus 130). O número de residentes dentro da FNT é o mais do que o

quádruplo dos residentes da FNS-T (10.500 versus 2.500). Além disso, no que tange ao controle

de pessoas dentro das respectivas unidades, a FNS-T tem uma vantagem em comparação a FNT.

O acesso a FNS-T é mais restrito. Na floresta do Tapajós se chega facilmente (no verão) por uma

rodovia federal a BR-163 que liga a flona à três cidades, Santarém, Belterra e Rurópolis. Além

da proximidade dessas três cidades a FNT incorpora território de duas outras cidades, Aveiro e

Placas. Além disso, a população do entorno da FNT, que vive a beira da Cuibá-Santarém, com

certeza exerce uma forte pressão sobre a unidade. Em 1998, por exemplo, um agricultor fez uma

queimada na sua propriedade, que fica em frente à Base de Sucupira no km 117, e à noite o fogo

Page 241: Estudos populacionais dos primatas em duas florestas nacionais do ...

240

se alastro e invadiu a unidade de conservação. Em viagem pela BR-163 não é muito difícil ver

transeuntes com cachorros e cartucheiras andando pela rodovia, como não estão dentro da

unidade, nenhuma atitude legal pode ser tomada. Todas as três bases onde foram instaladas as

trilhas de estudo estão na parte pavimentada da rodovia. Por outro lado, o isolamento geográfico

da FNS-T é muito maior. O acesso terrestre a FNS-T só é possível por uma cidade, Terra Santa,

através de uma estrada não pavimentada que a liga a cidade de Porto Trombetas, todo trânsito

passa obrigatoriamente pela base do Ibama (Patauá). Além disso, a MRN restringe o acesso a

Porto Trombetas, nela transitam apenas funcionários da mineração, prestadores de serviço e

quilombolas da região, que de alguma forma tem ligação com a cidade, por exemplo, a venda de

produtos agrícolas e pesqueiros na feira permanente. O acesso pelo rio Trombetas também é

controlado pela MRN.

O fato da FNS-T ser contígua (separada apenas pelo Rio Trombetas) de outra unidade de

conservação de acesso ainda mais restrito, a Reserva Biológica do Trombetas e ambas terem suas

administrações unificadas pelo Ibama funciona como uma dupla e mútua vigilância.

A diferente pressão antrópica a que as duas áreas de estudo estão submetidas, foi no

nosso entender mais relevante para o discrepante número de grupos de primatas detectados do

que as especificidades ecológicas locais das duas flonas. Três delas merecem destaque. (1ª) A

floresta do Trombetas é um pouco mais seca do que a do Tapajós, o projeto Radambrasil utilizou

a classificação de Gaussen para diferenciar regiões bioclimáticas por que ela avalia além do

ritmo das temperaturas e precipitações, o número de dias biologicamente secos durante as

estações secas do ano, por meio da determinação do índice xerotérmico. Tal índice correlaciona

melhor o clima e a vegetação. Assim embora, as duas regiões, sejam classificadas como

subtermaxéricas, a região do Planalto Dissecado Rio Negro - Rio Trombetas possui uma

amplitude de dias secos maiores do que a região do Planalto Tapajós-Xingu, 21 à 40 contra 1 à

20, respectivamente (VIANA et al., 1976; COÊLHO, 1976; FIGURA 35, página 108). (2ª) A

floresta do Trombetas apresenta mais espécies vegetais do que a do Tapajós. Parece que os 20

dias a menos de chuvas que as florestas do Trombetas deixam de receber em alguns anos não é

um fato determinante para sua diversidade arbórea. Das 200 árvores amostradas em cada uma

das flonas, a FNS-T apresentou 92 espécies diferentes, contra 74 na FNT. Assim o índice de

Shannon e Wiener foi mais alto na região do Rio Trombetas do que na do Rio Tapajós (6,17 x

5,74 respectivamente). Além disso, (3ª) a cobertura do dossel também foi maior na região do Rio

Page 242: Estudos populacionais dos primatas em duas florestas nacionais do ...

241

Trombetas quando comparado com a do Rio Tapajós (96% na FNS-T contra 88% na FNT). Estes

dois índices reforçam-se mutuamente e sua interpretação sugere três possibilidades. Primeira,

outras variáveis estão envolvidas na diversidade arbórea e cobertura da copa, por exemplo,

relevo e/ou condições edáficas, portanto uma causa natural, que tornaria a FNS-T arboreamente

mais diversa do que a FNT. Segundo, a exploração seletiva de algumas espécies arbóreas

historicamente realizadas na FNT, como por exemplo, pau-rosa e/ou a extração ilegal de espécies

altamente desejáveis por madeireiros, como por exemplo, mogno, sucupira e ipês, portanto uma

causa antrópica e Terceiro, a combinação das duas possibilidades anteriores. É importante

salientar que as medições tanto do inventário como da cobertura florestal foram realizadas em

trilhas de igual extensão (5 km) e nos locais mais protegidos das flonas, Base de Sucupira na

FNT e Base do Patauá na FNS-T.

Falar de capacidade suporte pode ser enganoso, por isso este conceito exige parcimônia,

não só porque não foi o foco principal desse estudo, mas porque é um conceito que exige a

medição de inúmeros parâmetros físico-químicos do ambiente acrescido da pressão antrópica

exercida sobre o ambiente. Quando se compara o número de grupos detectados na comunidade

de primatas do Trombetas (N = 267) contra a do Tapajós (N = 130) a capacidade suporte parece

muito desigual e favorável ao Trombetas. Mas quando comparamos a densidade de indivíduos

por km² de todos os primatas de cada comunidade (286 ind./km² e intervalo de confiança de ±

181 indivíduos para o Trombetas versus 274 ind./km² e intervalo de confiança de ± 185 para o

Tapajós, (TABELA 8), as duas flonas não parecem tão diferentes assim. Mais semelhantes ainda

elas se parecem, quando é comparado o número médio de indivíduos por grupo, considerando as

duas comunidades com um todo, o teste Tukey revelou o mesmo número de indivíduos para as

duas flonas, seis (TABELA 19). Como ANOVA é um teste estatístico mais robusto do que o

Tukey, consideramos que as duas comunidades são diferentes, no entanto, não muito.

Page 243: Estudos populacionais dos primatas em duas florestas nacionais do ...

242

5. 2 Estudos autoecológicos x sinecológicos

Quando comparo o presente estudo com meu mestrado, autoecologia de uma espécie de

primata, Brachyteles arachnoides, em um fragmento atlântico mineiro de 44 ha (ANDRADE

1996), percebo o quanto à visão da Biologia da Conservação com base em espécies individuais é

estreita. Teve sentido, porque muriqüis é uma das 25 espécies de primatas mais ameaçadas do

mundo, no entanto, não deixa de ser uma visão reducionista da natureza. Conscientes ou não,

todos que vão a campo escolhem saber mais sobre uma espécie ou saber menos sobre várias

espécies de uma dada comunidade. No estágio atual de ameaça à vida silvestre e o incipiente

conhecimento sobre a fauna amazônica, urge conhecer as comunidades e refletir sobre os

processos ecológicos que mais contribuam para garantir a sobrevivência das várias comunidades

de animais e plantas como um todo. Herbívoros e plantas (seus alimentos) devem ser pensados

como faces de uma mesma moeda.

Assim, optamos em saber mais superficialmente sobre todos os primatas ocorrentes nas

duas comunidades. Mesmo porque, na FNT, dois outros pesquisadores estão estudando a auto-

ecologia de Ateles marginatus e Chiropotes albinasus, ambos raros e ameaçados.

5.3 A separação de nicho: exemplificado com a variável dependente altura.

Cada nível da floresta proporciona oportunidades diferentes para os primatas. Uma

comunidade não é um conjunto aleatório de espécies que vai chegando e preenchendo nichos

disponíveis a seu bel-prazer. Pelo contrário, ela é composta por espécies que interagem (positiva

ou negativamente) entre si. A chegada e estabelecimento de uma nova espécie na comunidade

dependem não só dos nichos desocupados, mas também da habilidade da espécie (ou população)

em saber competir e/ou coexistir com as espécies já estabelecidas e sua plasticidade adaptativa ao

novo, heterogêneo e mutável ambiente das florestas tropicais. A persistência da comunidade no

tempo dependerá de sua resilência, a capacidade das espécies de se adaptar a mudanças

ambientais de origem ambiental e humana (McGRATH, 1997). Por exemplo, primatas de mesmo

tamanho, são competidores em potencial por alimentos, já que todos os primatas estão no mesmo

nível trófico (consumidores primários). No entanto, a competição entre primatas de tamanhos

diferentes não é acirrada, uma vez que as espécies menores especializaram-se no consumo de

insetos e exsudados, que são mais abundantes nas florestas periféricas e no estrato inferior. Sendo

assim, existe uma separação de nicho na comunidade de primatas. As espécies maiores

Page 244: Estudos populacionais dos primatas em duas florestas nacionais do ...

243

especializaram-se na coleta de frutos maiores (maduros ou não) produzidos pelas árvores do

estrato superior do interior das florestas primárias, e as espécies menores especializaram-se nas

florestas secundárias e periféricas de menor porte, e que produz frutos menores e insetos de

abundância sazonal. Sem falar no único primata noturno neotropical (Aotus sp), (FIGURA 13, e

85 apêndice) que simplesmente especializou-se em ocupar o nicho em horário inverso aos

demais.

5.4.1 Uma análise comparativa entre os primatas congêneres (de flonas diferentes)

A exortação de Dobzhansky “a biologia só faz sentido a luz da evolução” será nosso guia.

A comunidade simpátrica diurna da FNT é composta por sete espécies, que organizadas em

ordem decrescente de densidade populacional expressada em indivíduos por km² é a seguinte:

Alouatta discolor (97), Cebus apella (90), Saimiri ustus (45), Ateles marginatus (18,5), Callithrix

argentata (12), e Chiropotes albinasus (11). Para o sétimo constituinte, Callicebus moloch, não

foi calculado a densidade, uma vez que obtivemos apenas duas detecções. A comunidade

simpátrica diurna da FNS-T é composta por oito espécies: Saguinus martinsi (89), Cebus apella

(59), Alouatta seniculus (48), Chiropotes satanas (40), Ateles paniscus (24,5) e Pithecia pithecia

(15,5). As duas espécies constituintes restantes, Saimiri sciureus e Saguinus midas

provavelmente não habitam as florestas onde as três trilhas do Trombetas foram instaladas. A

TABELA 39 compara a riqueza de espécies de diferentes comunidades primatológicas observe

que: (1º) as comunidades estudadas ocupam posições intermediárias na tabela; (2º) a riqueza de

espécie de primatas aumenta no sentido leste-oeste, ou do Oceano Atlântico a Cordilheira dos

Andes, seguindo um padrão já estabelecido para outros táxons animais e vegetais.

Simplificadamente a diversidade segue a precipitação, onde chove mais, tem maior biomassa e

poderia teoricamente suportar maior biodiverdidade; (3º) As matas de terra firme em media

contém o dobro do número de espécies, mas densidades populacionais mais baixas (e como

conseqüência menor biomassa), que as matas de várzea inundadas anualmente (Peres, 1997a);

(4º) Sobre as duas áreas com o maior número de espécies é pertinente lembrar o seguinte: (4.1) a

comunidade de 16 primatas estudada por Gautirer-Hion (1978), inclui cinco espécies totalmente

noturnas (prossimios) e as várias espécies diurnas apresentam distribuição fragmentada

(CHARLES-DOMINIQUE, 1977); e (4.2) por outro lado, a comunidade de primatas de Abufarí,

estudada por Rylands e Bernardes (1989) com 19 espécies inclui uma espécie noturna e sobre as

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244

espécies diurnas, o total considerado leva em conta as espécies ocorrentes de ambos os lados do

Rio Purus. Tabela 39 - Comparação da riqueza de espécies de comunidades de primatas em diferentes hábitats dentro e fora

do Brasil. As comunidades da Amazônia incluem sítios de terra firme e de várzea.

Riqueza de Espécies Local Sítio Fonte

1 Caatinga (BA) Chapada Diamantina Oliveira e Pessoa (2005)2 Caatinga (PI) Serra da Capivara Oliveira et al (2005)2 Tanzânia, África Reserva Rio Gombe Goodall (1965)3 PE Vassununga Cerrado “Pé-de-Gigante” Jorge; Pivello (2005)3 Juréia-Itatins Parque Ecológico (SP) Pardini; Develey (2004)3 Araguaia- Parque Nacional Araguaia-Tocantins Rylands ; Keuroghlian (1988)3 Ilha do Marajó Rio Jutuba, Pará Peres (1989)4 São Paulo, Brasil Serra do Mar Marques (2004)4 Rio Casca (MG) Fazenda Esmeralda Andrade (1996)4 Mamirauá (AM) Lago Teiú Ayres (1986)5 Pantanal (MS) Savana, Mosaico de florestas Schaller (1983)5 Anhembi, (SP) Fazenda Barreiro Rico Torres de Assumpção (1983)5 Pará, Brasil Ilha do Marajó Pontes (1999)5 Uganda, África Floresta de Budongo Reynolds; Reynolds (1965)5 Roraima Ilha de Maracá Pontes (1999)6 Bolívia Noel Kempft MNP Wallace et al (1998)6 Amazônia PNBFF Rylands ; Keuroghlian (1988)6 Guiana Francesa Nouregues Kessler (1998)6 Malásia Malásia Fleagle (1980)7 Pará Tapirapé Rylands ; Bernardes (1989)7 Tucuruí (PA) Usina Hidroelétrica Mascarenhas; Porto (1988)7 África Sudoeste de Ghana Ewer ; Hall (1978)7 Serra Leoa Tiwai Island Whitesides et al. (1988)7 Tapajós, Pará FNT Presente Estudo (2007)8 Serra Leoa, Ilha Tiwai Oates at al., (1990)8 Amapá Lago Piratuba Rylands ; Bernardes (1989)8 Amapá Cabo Orange Rylands ; Bernardes (1989)8 Pará Rio Jarí Rylands ; Bernardes (1989)8 Trombetas, FNS-T Presente Estudo (2007)9 Amazônia (AM) Parque Nacional do Jaú Iwanaga (2004)

10 Roraima Ilha de Maracá Rylands ; Bernardes (1989)11 Peru Rio Tapiche Benneti et al (2001)11 Peru Cocha Cashu Terborgh (1985)11 Rio Aripuanã Floresta de Terra Firme Ayres (1981)11 Alto Amazonas, Rio Caquetá e Putumayo Izawa (1976)12 Amazonas (RR) Pico da Neblina Rylands; Bernardes (1989)13 Amazonas (AM) Rio Urucu Peres (1993)13 Acre Serra do Divisor Azevedo-Lopes (2004)14 Acre Rio Acre Rylands ; Bernardes (1989)16 Rio Tapajós Parque Nacional da Amazônia Rylands ; Bernardes (1989)16 África Makokou, Gabão Gautier-Hion (1978)19 Amazonas (AM) Reserva Biológica de Abufarí Rylands ; Bernardes (1989)

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245

É interessante notar que no estudo supracitado das 31 comunidades estudadas em

nenhuma delas ocorreu simpatria entre o gênero Alouatta, sugerindo que por mais rico que seja o

ambiente, ele não consegue suportar a coexistência simultânea de duas espécies de guaribas. Por

outro lado em diversos sítios da Amazônia ocorreu simpatria de gêneros de menor tamanho e

mais generalista como: Saguinus (e.g. fuscicollis e labiatus em Mamirauá), Callicebus [e.g.

caligatus e cupreus em Abufarí) e principalmente Cebus (e.g. apella e albifrons em Abufarí, Rio

Acre; Serra do Divisor (AC); Cuniã (RO); Rio Jaú (AM); Pico da Neblina (RR) e Cebus apella e

Cebus olivacius na Ilha de Maracá (RR); Ilha de Pirituba (AP) e Rio Trombetas (PA)].

5.4.2 Os guaribas: Alouatta discolor do Tapajós e Alouatta seniculus do Trombetas

Troficamente folhívoro-frugivoro, a alta densidade dos guaribas nas duas comunidades

estudas concordam com a literatura. Na maioria dos estudos em florestas de terra firme primárias

da Amazônia, Alouatta é o gênero que apresenta a maior biomassa, não só entre os primatas, mas

entre todos os mamíferos arborícolas. Com um número médio de cinco indivíduos por grupo e

uma amplitude entre 1 e 12 indivíduos para Alouatta discolor, e quatro indivíduos por grupo e a

amplitude entre 1 a 8 indivíduos para Alouatta seniculus eles atuaram como uma unidade

compacta explorando discretamente (guaribas raramente saltam, pois procuram uma rota contínua

na copa das árvores emergentes) mas com eficiência os estratos médios e superiores das

respectivas flonas. Como a maioria das tropas observadas tinha jovens e infantes, parece que eles

estão se reproduzindo normalmente. Sua alta abundância e distribuições são atribuídas à

capacidade do gênero de recolher frutos imaturos antes dos outros primatas simpátricos, uma vez

que o gênero apresenta uma alta capacidade de detoxicação (FIGURA 53).

Na FNT as infrutescências das embaúbas (Cecropia bicolor, Cecropia palmata e

Cecropia sciadophyll) e os frutos de jutaí-pororoca (Dialium guianensis), maçaranduba

(Manilkara huberi), cupiuba (Goupia glabra), e de ingás (FIGURA 65) e amapás não

identificados e as folhas de andiroba (Garapa guianensis) e diversas outras folhas não

identificadas22, como por exemplo, 22 Como são mais fáceis identificar taxonomicamente frutos do que folhas, na maioria dos estudos as folhas são itens alimentares subestimados. Quando os frutos ou folhas provem de cipós as dificuldades de identificação aumentam ainda mais. Nestes casos só há uma solução, coletar o material botânico e uma lasca da casca da árvore e procurar de preferência um especialista que trabalhou com aquela família e depositar o material em um herbário. Na FNT, nas áreas onde está ocorrendo extração legal de madeira, e, portanto, os cipós são cortados antes da extração, para apodrecerem e racionalizar o serviço, macacos tem sofrido quedas quando se utilizam destes cipós (comunicação pessoal de Edson Vidal ao autor).

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246

faveiras, foram recursos alimentares importantes para os guaribas; enquanto que na FNS-T, o

breu-branco (Protium heptaphyllum) teve importância similar devido a abundância da espécie e

seus frutos “chamativos” (casca vermelha e arilo branco e aromático), além deste, os frutos de

muiratinga (Maquira sclerophylla) e abiu-amarelo (Pouteria campanulata) também integrou a

dieta dos guaribas. Abiu-cutite (Poutheria macropyllla) e envira-surucucu (Guatteria

poeppigiana e Duguetia echinophora (FIGURA 64), foram recursos importantes para todos os

cebídeos nas duas flonas. Considerando que o estudo se deu em meses diferentes, é provável que

a similaridade da dieta entre as espécies congêneres esteja subestimada.

A capacidade de comer antes dos outros primatas é possível devido a adaptações

morfológicas e fisiológicas, no entanto, sob a perspectiva comunitária esta possibilidade é

relevante por que permite reduzir a competição com as espécies simpátricas e explorar nichos

inacessíveis a outros primatas. Sua alta territorialidade, em relação aos grupos congêneres,

reforça a garantia de alimentos e abrigos para cada grupo familiar. Estes grupos familiares as

vezes apresentam-se expandidos, com adultos que recalcitrantemente insistem em permanecer no

grupo natal e acabam sendo tolerados pelo capelão. Todos os fatores supracitados somados

contribuem para a alta densidade e presença garantida do gênero dentro das comunidades de

primatas, não só da Amazônia, mas também do Pantanal e Mata Atlântica. Se existe uma

comunidade básica de platirrinos, os guaribas, o gênero mais folhívoro de todos os primatas

neotropicais, tem um lugar garantido, nesta comunidade fictícia, e é sintomático o fato de que

nunca duas espécies de guaribas serem simpátricos entre si, exceto em zonas híbridas23. Pelo

mesmo motivo não existe informação sobre a simpatria entre os Gêneros Saguinis e Callithrix

(RYLANDS, 1986), esta situação de exclusividade de algumas formas de primatas sugerem que

os ambientes são incapazes de suportarem espécies com os mesmo hábitos alimentares.

23 Zonas Híbridas = Uma zona de híbrida é uma clina escalonada em que as formas de lados diferentes da fronteira são diferenciadas o suficiente para serem facilmente reconhecidas. As duas formas podem ter recebido diferentes nomes taxonômicos, como subespécies ou raças, ou podem ser suficientemente diferentes para terem sido classificadas como espécies diferentes (RIDLEY, 2006). A maioria das zonas híbridas de regiões temperadas resulta da fusão de populações que se expandem para áreas liberadas pela regressão do gelo. Em regiões subtropicais e tropicais, a alternação entre períodos áridos e úmidos é certamente a causa principal da separação e eventual reunião de isolados. Isolados periféricos podem ter três destinos: (1˚) transformar-se em espécies distintas; (2˚) extinguir-se ou (3˚) restabelecer contato com o corpo principal da espécie, formando uma zona secundária de contato. Existe intergradação primária, quando o aumento do declive foi gradual e ocorreu quando todas as populações em questão estavam em contato contínuo. Fala-se de intergradação secundária nos casos em que duas unidades, agora ligadas por um gradiente muito íngreme de caracteres, foram, em dado momento, completamente separadas, e entraram em contato apenas secundariamente, depois de ter-se desenvolvido uma série de diferenças. Acredita-se que casos de intergradação primária sejam causados por uma mudança correspondente das condições ambientais; zonas de intergradação secundária são cinturões híbridos entre populações que se diferenciam durante o período precedente de isolamento (MAYR, 1977).

Page 248: Estudos populacionais dos primatas em duas florestas nacionais do ...

247

Nos Llanos da Venezuela a população de Alouatta seniculus atingiu a extraordinária

densidade de 150 indivíduos por km² (o triplo da densidade para a mesma espécie no Trombetas)

e o tamanho médio dos grupos também foi maior (4 a 17 contra 1 a 8 para a FNS-T (RUDRAN,

1979). Como os cálculos do autor supracitado foi baseado numa área de 42 ha. é provável que os

guaribas de lá estavam comprimidos. No mesmo estudo o autor cita que a estimativa de

densidade populacional da espécie feita por Neville (1972a) em 190 ha. resultou numa densidade

de 87 ind./Km². Praticamente a mesma densidade que encontramos para Alouatta discolor no

Tapajós (97 ind./km²). A explicação do autor para o aumento populacional nestes 20 anos que

separa os dois estudos, foi um gradual aumento da regeneração da floresta inventariada e dos

fragmentos adjacentes a ela.

5.4.3 Os macacos-aranhas: Ateles marginatus do Tapajós e Ateles paniscus do Trombetas

Troficamente frugívoros-folhívoros, as espécies do gênero Ateles são considerados os

mais frugívoros dos primatas neotropicais. Isto é, se frutos forem considerados distintos de

sementes. Os macacos-aranhas percorrem longas distâncias em busca de frutos maduros que

contenham açucares prontamente disponível. No sitio de estudo de Klein e Klein (1977) no

sudeste da Colômbia com Ateles geoffroyi, as frutas representaram 83% das observações

alimentares. No estudo de 26 meses de Van Roosmalen (1985) no Suriname com Ateles paniscus

seu grupo de estudo utilizou 171 espécies diferentes de frutos, 150 deles (96%) incidiram sobre

frutos maduros.

Macacos-aranha são habitantes do dossel. Eles se movimentam com velocidade e graça

impressionante, atravessando grandes copas de árvores emergentes e caminhando por galhos

horizontais quadrupedemente ou bipedemente. Além disso, contando com a braquiação eles são

aptos a se balançar e saltar para a árvore mais próxima numa série de “loopings” com velocidade,

às vezes, tão surpreendente, que um observador no solo tem dificuldade em acompanhar. Esta

mobilidade extraordinária permite que eles monitorem extensas áreas para coleta de frutos

maduros. Á área de vida do grupo estudado por Klein e Klein (1977) variou entre 260 à 390ha.;

enquanto o grupo estudado por Van Roosmalem (1985) utilizou uma área de vida de 255 ha. e

um percurso diário altamente variável de 500 a 5000 metros.

Este gênero apresenta uma estrutura social composta por multimachos e multifêmeas que

se reúnem e se separam conforme a abundância de alimentos e interesses reprodutivos, conhecido

Page 249: Estudos populacionais dos primatas em duas florestas nacionais do ...

248

como fissão-fusão. O presente estudo reforçou o estudo de Terborgh (1993) ao confirmar o

padrão mais fluido de Ateles paniscus do que de Ateles marginatus. Isto se refletiu no número

médio de indivíduos por grupo e sua amplitude nas duas espécies estudadas. Ateles paniscus (do

Trombetas), apresentou 2,6 indivíduos por grupo com uma amplitude de 1 à 11 indivíduos;

enquanto que Ateles marginatus (do Tapajós) apresentou 6 indivíduos por grupo e amplitude de 1

à 15 indivíduos. Mesmo tendo grupos maiores estes últimos apresentaram menor densidade

populacional do que Ateles paniscus (18,5 ind./km² versus 24,5 ind./km²). Terborgh (1993) que

estudou Ateles paniscus no Peru lembra que os subgrupos desta espécie são estritamente

transitórios, durando de poucos minutos a poucas horas. As únicas associações estáveis são

aquelas entre as fêmeas e suas crias. Indivíduos frequentemente viajam sozinhos, embora muitas

vezes por dia possam encontrar outros indivíduos e unir-se a eles brevemente. Indivíduos

dispersos ou subgrupos utilizam sua potente vocalização para não perder “de vista” o paradeiro

dos outros membros do grupo e talvez para comunicá-los sobre a descoberta de uma fonte

alimentar que possibilite o forrageamento coletivo. Apesar dos indivíduos parecerem autônomos

em suas movimentações, há evidência de um nível maior de organização espacial. Klein e Klein

(1975) descobriram em seu estudo com Ateles belzebuth no Peru, que as associações ocorriam

livremente dentro de uma subpopulação de 25 a 30 indivíduos, e que estes sujeitos não se

associavam com outros animais que viviam na vizinhança. Assim, eles concluíram que macacos-

aranha são organizados em clãs indefinidos, mas mutuamente exclusivos semelhantes aos

agrupamentos dos chimpanzés, Pan troglodytes (WRANGHAM, 1977, FIGURA 12, página 50).

Ateles marginatus é considerado a espécie mais ameaçada das duas comunidades

estudadas. Sua distribuição restrita (é endêmico a Amazônia brasileira), associado a fatores

intrínsecos da espécie como: (a) necessidade de frutos de alta qualidade; (b) estrutura social mais

agregada do que seu congênere (quando se encontra um individuo aumenta a probabilidade de se

encontrar os outros) e (c) a vocalização audível a longas distâncias, característica de todas as

espécies do gênero, os tornam presas fáceis de caçadores. Devido a este conjunto de fatores é

uma espécie muito susceptível a extinção local e não é encontrado em fragmentos menores que

100 ha. (FERRARI et al., 2003; GILBERT; SETZ, 2001; RAVETTA, 2001; RYLANDS;

KEUROGHLIAN, 1988;). Por outro lado, a situação de Ateles paniscus é mais confortável,

simplesmente porque sua área de distribuição é muito maior, inclusive extrapolando o território

nacional.

Page 250: Estudos populacionais dos primatas em duas florestas nacionais do ...

249

5.4.4 Os cuxiús: Chiropotes albinasus do Tapajós e o Chiropotes satanas do Trombetas

Troficamente frugívoros, os cuxiús apresentam dentição especializada para a predação de

sementes e cauda não preênsil, como os outros membros da subfamília Pithecinae, Pithecia e

Cacajao (AYRES, 1989). No presente estudo os frutos de piquiá (Caryocar villosum) foram um

recurso alimentar importante para Chiropotes satanas entre março e abril no Trombetas. Embora

não sejam muito comuns (0,4 a 0,6 árvores por ha.), nem produzam frutos todos os anos, os

pequizeiros constituem um recurso muito importante para homens e animais da Amazônica. Uma

árvore produz em média 350 frutos por estação (fevereiro a abril) que junto com suas flores

(agosto a outubro) alimentam, além dos primatas, porcos-do-mato, cotia, paca, veados, quatis e

tatus (SHANLEY ; GALVÃO, 2005). Na FNS-T os cuxiús freqüentavam o pequizeiro próximo

da trilha no final da tarde e pelos rastros e folhas revolvidas embaixo dele, parece que os animais

terrestres (noturnos e crepusculares) contavam com os pequis derrubados pelos cuxiús na tarde do

dia anterior.

A densidade das duas espécies de cuxiús estudados foi desigual. Os Chiropotes satanas

do Trombetas foram quase quatro vezes mais abundantes do que os Chiropotes albinasus do

Tapajós (40 versus 11 ind./km²). Além disso, o número de grupos detectados de cuxiús no

Trombetas foi 3,7 vezes maior do que no Tapajós (34 versus 11). A maior densidade de

Chiropotes satanas em relação à Chiropotes albinasus também se refletiu no número médio de

indivíduos por grupo, 13 para a primeira espécie com amplitude entre 3 a 42 indivíduos, contra

10 para a segunda, com amplitude entre 3 a 20. Isto era esperado, uma vez que Chiropotes

albinasus é uma espécie mais rara, mais ameaçada e apresenta menor distribuição geográfica do

que seu congênere setentrional. O teste Tukey (TABELA 7, página 195) discriminou Chiropotes

satanas de todos os outros primatas da comunidade do Trombetas, colocando-a no topo de uma

ordem decrescente de número médio de indivíduos por grupo. Na mesma tabela observa-se que

posição semelhante foi ocupada por Saimiri ustus na comunidade de primatas do Tapajós.

Salienta-se que os macacos-de-cheiro normalmente possuem grupos maiores que os cuxiús.

Os três grandes gêneros (seis espécies) que fizeram parte deste estudo Alouatta, Ateles e

Chiropotes apresentam algumas características em comum, todos são limitados pelos seus

tamanhos aos estratos superiores da floresta, onde galhos grandes e horizontais proporcionam

caminho seguro através das copas. É raro ver alguma espécie destes gêneros no estrato inferior,

em parte porque os pequenos arbustos não suportam seus pesos, e em parte porque plantas do

Page 251: Estudos populacionais dos primatas em duas florestas nacionais do ...

250

estrato inferior não oferecem frutos suficientes para atrair os primatas de grande porte. Outra

característica comum a eles é serem em maior ou menor grau frugívoros-folhívoros. Isto pode

não parecer tão relevante se não fosse pelo fato de que as quatro espécies menores de primatas

nas duas comunidades serem em maior ou menor grau caçadores de insetos e outras pequenas

presas ou onívoras. Callithrix argentata e Saguinus martinsi são preferencialmente insetívoros-

gomívoros e Saimiri ustus e Cebus apella são ovívoros. Incorporar proteína animal à dieta parece

ser a base provável da separação ecológica do nicho dos primatas constituintes nas duas

comunidades. Os três gêneros e seis espécies das duas comunidades tratadas até aqui, apresentam

devido a seu peso, uma grande desvantagem como caçadores, ou seja, são inábeis para caçarem

os fugitivos insetos, por esta razão são obrigados a obter sua cota de proteínas de fonte vegetal no

estrato superior. Por outro lado, as espécies menores apresentam a desvantagem metabólica de

crescerem mais rapidamente do que os grandes animais e consequentemente requererem dietas

mais ricas em proteínas. No entanto, não podem procurar comida por muito tempo nas grandes

copas de árvores abertas no dossel, porque são susceptíveis a predação, principalmente das aves

de rapina, e não são capazes de competir com as espécies maiores de primatas pelos recursos do

dossel. Dessa forma são compelidos a utilizarem os estratos inferiores da floresta. Sementes são

outras fontes potenciais de proteína, mas muitos primatas carecem de dentição necessária para

explorá-los. Pequenas presas permanecem como a única fonte alternativa de proteína disponível

para primatas menores, explicando porque quase todos são onívoros (TERBORGH, 1993).

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251

5. 5 O macaco-prego: Cebus apella, a mesma espécie nas duas flonas

Troficamente onívoros, oportunistas e generalistas, se alimentam de praticamente de tudo

que é vivo (móvel ou séssil) e não muito grande. Seu comportamento exploratório minucioso

durante o forrageamento, associado a sua agilidade corporal (mesmo tendo a cauda semi-preênsil)

e manipulativa, inteligência e potentes caninos são capazes de subjugarem suas presas e obterem

alimentos em lugares aparentemente inacessíveis. Por exemplo: ovos e filhotes de pássaros em

buracos nas árvores; besouros e aracnídeos debaixo das cascas de árvores podres a qualquer

altura; água no interior dos frutos de coqueiros com casca grossa como os do gênero Cocos sp.

(Cebus capucinus na Costa Rica); bem como frutos duros como os da família Lecytidaceae e

Palmae, e dependendo da fome, suportam até as eventuais picadas das abelhas em troca de mel.

Estas características permitiram ao gênero colonizar praticamente toda a região neotropical.

Estudos suportam a hipótese de que a variação mensal da área explorada por grupos de

Cebus apella reflete o padrão de distribuição dos recursos alimentares utilizados na época de

menor oferta de frutos maduros. Em Cocha Cashu (Peru), por exemplo, Cebus apella expandiu o

tamanho se sua área de vida durante a estação seca, à procura de frutos da palmeira Scheelea sp.

(TERBORGH, 1983).

A densidade de macaco-prego estudado nas duas flonas foi desigual. Nesta espécie a

vantagem foi para a FNT, com uma vez e meia a mais em relação à FNS-T, ou seja, 90 ind./km²

versus 59 ind./km². Uma comparação feita com base na análise da TABELA 10 revelou uma

densidade tão alta para os dois sítios do presente estudo, que não encontrou paralelo em outros

sítios de estudo. Mesmo se compararmos nossa menor densidade de Cebus apella (59 ind./km² no

Trombetas), com sítios considerados mais produtivos (maior proximidade com os contrafortes

andinos), como a Floresta Estadual de Antimary no Acre (13 ind./km²) Calouro (2005), ou Cocha

Cashu no Peru (40 ind./km²) Terborgh (1983), ainda assim, a densidade do presente estudo foi

superior. A densidade que mais se aproximou da menor densidade do presente estudo foi o estudo

de Peres (1997a) na região de Altamira (49,6 ind./km²). Digno de nota é o fato de que, o sítio

estudado por Peres não era protegido e a pressão de caça sobre Cebus apella era alta.

Apesar da maior densidade de Cebus apella no Tapajós e mais grupos detectados neste

sitio em relação ao Trombetas (58 grupos contra 41), os grupos de macacos-pregos no Trombetas

eram maiores do que no Tapajós (7 ind./grupo com uma amplitude entre 1 à 19 indivíduos versus

5 ind./grupo com uma amplitude entre 1 à 9 indivíduos no Tapajós (TABELA 10, página 201).

Page 253: Estudos populacionais dos primatas em duas florestas nacionais do ...

252

Esta inversão, sugere a hipótese de que os macacos-pregos do Tapajós estão mais comprimidos

do que os do Trombetas. Se este fenômeno realmente estiver acorrendo no Tapajós, os 90

ind./km² de Cebus apella encontrados lá sugerem que os macacos-pregos estariam aproveitando a

baixa densidade de seus potenciais competidores (Saimiri ustus 45 ind./km², Ateles marginatus

18,5 e Chiropotes albinasus 11 ind./km²) para aumentar sua população. Os 90 macacos-prego por

km² seriam então um sintoma de desequilíbrio na partição dos recursos dentro da comunidade

tapajônica e os 59 macacos-prego por km² do Trombetas refletiriam uma partição de recursos

mais equilibrada. Lá apesar do gênero Saimiri não ter sido encontrado nem no platô nem no

baixio, a densidade de Ateles paniscus e Chiropotes satanas foram maiores do que no Tapajós

(24,5 e 40 ind./km² respectivamente). A alta densidade de macacos-pregos em Altamira (PERES,

1997a) e no Tapajós comparada a do Trombetas reforçam a hipótese de que pode haver uma

relação direta entre habitats antropizados e compressão de nicho para macacos-pregos. Talvez a

onívoria (plasticidade alimentar), o tamanho médio dos macacos-pregos (3 a 5 kg.) e seu

profundo comportamento exploratório (descoberta de bons esconderijos), tornem essas animais

aptos a sobrevirem e se multiplicarem em habitats onde os grandes primatas estão em declínio ou

já foram extintos localmente, como os macacos-aranhas, por exemplo, que não foram

encontrados nem na base próximo a Belterra (km 67 da Cuiabá-Santarém), nem na base próxima

ao São Jorge (km 83 da Cuiabá-Santarém).

As duas flonas apresentaram uma diferença importante: no Tapajós os macacos-prego

participaram de associações poliespecíficas com Samiriri ustus, enquanto que no Trombetas não.

Os dados de densidades supracitados foram uni-específicos, ou seja, os dados onde Cebus e

Saimiri foram observados juntos receberam análise em separado.

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253

5.6 Os primatas sem espécie congêneres

5.6.1 O parauacu: Pithecia pithecia da FNS-T

Os parauacus são os primatas mais enigmáticos do estudo, porque são naturalmente raros,

discretos e se locomovem silenciosamente. Quando surpreendidos por um observador

invariavelmente fogem. Assim, nas dez detecções conseguidas, o que por si só, foi além da nossa

expectativa, nenhuma observação alimentar foi possível. Esta é uma espécie típica que só é

possível conhecê-la após um período de habituação, como o estudo de Setz (1993) na Amazônia

Central. No presente estudo, dois fatos foram surpreendentes: (1º) a aparente ausência da espécie

no platô. É difícil saber se os 272 km caminhados no platô Bela Cruz (este muito maior do que a

parte estudada) e mais alguns poucos quilômetros no Platô Aramã (FIGURA 27) foram

suficientes para comprovar a ausência da espécie neste tipo de hábitat. No entanto, a conhecida

preferência desta espécie por hábitats que contenham igarapés, reforça a suspeita que eles não

ocorrem nos platôs de Saracá-Taquera; (2º) a ocorrência da espécie tão próxima à cidade (3 km)

de Porto Trombetas (Trilha dos Igarapés).

Nesta trilha aproveitou-se uma estrada que liga a cidade de PT a três igarapés, onde a

população se diverte nos finais de semana, e o trânsito de veículos e motos é grande, no entanto,

nos dias úteis ela fica praticamente deserta. Por estes motivos, nunca tivemos grande expectativa

em relação a ela. No entanto, faltavam 80 km para completar os 800 propostos para se igualar ao

esforço amostral efetuado na FNT e devido às preparações do retorno a São Paulo, optou-se em

terminar o estudo próximo a cidade. Na verdade, não queríamos retornar sem ver Saguinus midas

e Saimiri sciures; um funcionário do Ibama, Gilmar Klein, já tinha visto esta última espécie lá e

este era nosso objetivo final. Não alcançado. Já tinha visto, nos 20 km andados nesta trilha,

Saguinus martinsi, Alouatta seniculus e Chiropotes satanas. A surpresa com a Trilha dos

Iguarapés começou vendo uma onça pintado1 com um filhote e mais duas detecções de Pithecia

pithecia. As detecções de parauacus nas Trilha dos Igarapés sugere que a presença de igarapés

seja mais importante do que o tamanho do fragmento florestal ou a proximidade com as pessoas,

para a seleção de habitats desta espécie.

1 Como o autor já tinha visto muitas pessoas fazendo caminhadas sozinhas por esta estrada, inclusive crianças a pé e de bicicleta, indo se refrescar nos igarapés, partilhei minhas preocupações com um funcionário da empresa. Ele me contou que há mais ou menos cinco anos, várias onças foram capturadas e levadas para bem longe da cidade e soltas na floresta. Depois que uma delas comeu uma criança no Projeto Carajás (PA), levando pânico a população local, a MRN tem adotado este procedimento de uma maneira discreta.

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254

Na TABELA 13 (página 207), foi feita uma comparação da densidade populacional do

gênero Pithecia em 19 sítios diferentes de estudo, sua análise demonstra que em 17 deles (89 %)

a densidade foi baixa e variou entre 0,9 e 6,3 ind./km², reforçando o já sabido fato do gênero ser

naturalmente raro. As duas únicas exceções são: o presente estudo com 15,5 ind./km² e o de Peres

(1997a) com 42 ind./km² de Pithecia irrorata em Altamira, numa área perturbada por ventos

capazes de derrubar a mata provocando grandes clareiras e com alta pressão de caça. Enquanto o

tamanho médio dos grupos de Pithecia pithecia variam de 2 a 6 indivíduos (IZAWA, 1976),

Pithecia irrorata e Pithecia albicans (FIGURA 49) podem chegar a 13 indivíduos por grupo

(JOHNS, 1986), sendo assim, os estudos de Peres (1997a) não parecem tão discrepantes. Além da

variabilidade no tamanho médio dos grupos entre as espécies de Pithecia, ocorre também

variabilidade especifica na densidade. O estudo sinecológico com Pithecia albicans realizado por

Johns (1986), é um bom exemplo, a espécie apresentou 18 ind./km² numa floresta com corte

seletivo de madeira (num esforço amostral de 554 km) e 9 ind./km² na floresta primária (com um

esforço amostral de 170 km) na região do Rio Tefé (AM). O estudo de Parry (2004) no Rio Jarí

(PA) é um outro exemplo, a densidade de Pithecia pithecia variou entre 0,67 ind./km² em floresta

primária contínua a 6,3 ind./km² numa floresta secundária. Estes estudos sinecológicos sugerem

uma tendência do gênero ocorrer em maiores densidades em florestas perturbadas do que em

florestas intactas. É provável que Pithecia se beneficie da ausência dos primatas maiores nas

florestas perturbas e fragmentadas por meio do aumento populacional. Este fato não incomum é

conhecido como “densidade de compensação”. É um fenômeno que se dá em nível de

comunidade no qual a abundância de algumas espécies pode compensar o declínio populacional,

ausência ou extermínio de outra(s) potencialmente competidora(s) (PERES ; DOLMAN, 2000).

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255

5.6.2 Saimiri ustus: o mico-de-cheiro do Tapajós

Saimiri são frugivoros-insetivoros com grupos compostos por indivíduos de ambos os

sexos em diferentes graus de maturidade. Os machos adultos apresentam uma tolerância

intermediaria entre si (EISENBERG, 1972). Os micos-de-cheiro detectados na FNT ocorreram

com densidade de 45 ind./km²; na várzea de Mamirauá eles (Saimiri vanzolini) ocorrem com

densidades maiores que o dobro (BOUBLI, 2005). A superioridade populacional deste gênero na

várzea quando comparado com a terra firme, já era conhecida (AYRES, 1986). No Peru, Cocha

Cashu, sua densidade populacional é de aproximadamente 60 ind./km² (TERBORGH, 1985), ou

seja, uma densidade intermediária entre o presente estudo e a várzea.

No Tapajós o número médio de indivíduos por grupo foi de 18 e sua amplitude foi grande,

variando ente 3 a 41 indivíduos. O teste Tukey discriminou esta espécie, de todas as outras da

comunidade da FNT, quanto ao número de indivíduos. Sua ecologia é mais relacionada com os

macacos-prego, com o qual os bandos se associam habitualmente. Estas associações são feitas e

desfeitas pelos micos-de-cheiro, e os macacos-prego (de qualquer espécie) exibem um papel

passivo. Em Cocha Cashu, os micos-de-cheiro gastaram em media 90% de seu tempo em grupos

misturados e ficaram sozinhos principalmente durante o transito de uma “área de macaco-prego”

a outra. As vantagens destas associações são duplas para os micos-de-cheiro. Primeiro: aviso

prévio contra predadores, uma vez que os macacos-pregos são mais atentos e possuem

vocalizações de alarme mais desenvolvidos do que os micos-de-cheiro. Segunda: os micos-de-

cheiro exploram os macacos-prego como guias para levá-los às fontes de frutas. Pode-se assumir

que macacos-prego são, em geral, mais bem informados sobre os locais de árvores frutíferas

porque suas áreas de vida são menores e visitadas mais frequentemente (TERBORGH, 1985).

Isto ocorre porque as áreas de vida dos micos-de-cheiro são enormes (entre 3 a 5 km²), grandes o

suficiente para abranger a extensão de muitos grupos de Cebus. Enquanto houver frutas em

abundância na área dos macacos-pregos os micos-de-cheiro mantêm a associação, mas se o nível

do recurso cai, eles imediatamente irão procurar outro grupo de Cebus (como prevê a teoria de

forrageio ótimo, FIGURAS 19 e 20, páginas 78 e 79, respectivamente).

Embora exista sobreposição de dieta, principalmente em relação a frutos carnosos, os

micos-de-cheiro são mais especializados em um sentido. Seu ponto forte é localizar “áreas

quentes”. Como se sabe, florestas tropicais possuem muitas espécies arbóreas raras. Além disso,

cada árvore de cada espécie frutifica em tempos um tanto diferentes. Estes dois fatores resultam

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256

numa heterogeneidade espacial significativa de abundância de frutos numa floresta, que é mais

ou menos homogênea no que se refere a sua composição de espécies arbóreas. Os macacos-prego

são versáteis o bastante em seus hábitos alimentares para substituir os recursos produzidos em

uma área circunscrita, no entanto, os micos-de-cheiro seguem um padrão diferente. Eles

procuram concentrações efêmeras de frutos numa área muito grande. Estas distinções tornam-se

mais evidente durante a estação seca, quando as figueiras fornecem a única fonte principal de

frutos macios. Os micos-de-cheiro são particularmente nômades nesta época, trocando

frequentemente de um grupo de macaco-prego, se a área carece de figueiras. Por meio deste

comportamento os grupos de micos-de-cheiro vão rapidamente convergir para qualquer fonte

principal de fruta que possa estar na vizinhança. Os grupos estão se alimentam, simultaneamente

ou sequencialmente, junto com os macacos-prego e guaribas. Sob intensa exploração, a safra de

uma árvore, mesmo que grande, esgota-se em poucos dias. Deste modo, os grupos das diferentes

espécies perambulam em várias direções para começar a busca novamente. Micos-de-cheiro são

mais dependentes das figueiras (FIGURA 53) do que os macacos-prego, porque estes, dotados de

poderosos caninos conseguem abrir os frutos das palmeiras, mas os primeiros não. Existe uma

outra diferença importante: os micos-de-cheiro são menores e mais fracos que os macacos-prego,

sendo assim eles não podem exibir o forrageamento destrutivo observado pelos últimos, então os

micos-de-cheiro especializaram-se em procurar insetos na folhagem [em Coscha Cachu, folhas

vivas ou mortas constituíram 89% do substrato procurado (TERBORGH, 1985)]. Não

surpreendentemente, a coleta dos micos-de-cheiro consiste principalmente de insetos folhívoros,

larvas e pupa de lepidópteros (50 %), ortóptera (43%) e himenóptera (4%). Estes últimos, quase

ausente na alimentação dos micos-de-cheiro, formam a alimentação básica de insetos dos

macacos-prego, sugerindo que a técnica de caca determina muito a composição da presa.

Como insetívoros, os micos-de-cheiro são extremamente competentes, conseguindo cerca

de uma captura por minuto (56 por hora), com esta taxa eles atingem um desempenho de pássaros

insetívoros. No entanto, os micos-de-cheiro são muito maiores do que o maior pássaro insetívoro

(200 g), sendo assim é improvável que eles consigam sobreviver sem passar fome durante longos

períodos, contando exclusivamente com seus esforços insetívoros de forrageamento. Macacos-

prego que são três vezes maior que os micos-de-cheiro, são muito grandes para resistirem sem

alguma forma de alimento vegetal, mas este porte lhe dá acesso a fontes que requer mais força

(i.e. Lecytidaceae, palmeiras, etc.) do que a possuída pelos micos-de-cheiro. Deste modo, há uma

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257

separação de nicho clara nas respectivas funções ecológicas de cada espécie em tempos de grande

estresse.

5.6.3 Callicebus moloch: sauás do Tapajós

Quanto ao tamanho, hábitos sociais e aparência geral, os sauás se parecem com os

macacos-da-noite, mas eles são muito menos ativos como conseqüência de seu vegetarianismo.

Como os macacos-da-noite vivem em unidades familiares monogâmicas e ocupam territórios

pequenos e discretos. Neste ponto as semelhanças terminam, pois em outros aspectos as duas

espécies são muito diferentes (WRIGHT, 1981).

Sauás não são relacionados ecologicamente a nenhum outro primata simpátrico de

tamanho semelhante na FNT. Pelo contrario, eles não são uma cópia diminuta dos guaribas, cujo

hábito de vocalizar matutinamente ele rivaliza. Sua dieta também consiste de uma variedade

estacional de frutas e folhas e cerca de 60 % do dia é gasto descansando.

O ponto principal ao comparar sauás e guaribas é que em detalhes suas dietas mostram

uma pequena sobreposição. As razões para isto fornecem uma boa idéia de discernimento no

papel especial dos sauás. Se os territórios dos sauás vivendo nas vizinhanças da FNT fossem

representados num mapa, ficaria evidente à primeira vista, que os territórios são localizados em

torno das bordas de brejos, igarapés, rios principais, cipoal, acampamentos do Ibama e até

clareiras no interior da floresta. Embora alguns dos territórios incluam áreas de florestas altas,

nenhuma deles está confinada a estas áreas.

As bordas oferecem algo muito especial aos primatas, elas são tipicamente suspensas por

trepadeiras e parece que trepadeiras tem um importante papel no estilo de vida dos sauás.

Trepadeiras oferecem esconderijos, que são muito importantes para um pequeno animal com

muitos predadores em potencial. As trepadeiras diferentes das árvores tendem a crescer mais ou

menos continuamente e podem fornecer suprimentos de folhas novas durante o ano todo. Wright

(1981) e Kinzey (1981) descobriram que muitas folhas comidas pelos sauás são colhidas das

trepadeiras ou de bambus que também crescem continuamente. Comendo preferencialmente

folhas de trepadeiras os sauás amenizam um pouco a competição com os guaribas. Estes com o

peso 10 vezes maior que os sauás e vivendo em grupos maiores são compelidos a explorar

recursos concentrados. Guaribas normalmente comem folhas das copas mais vívidas do dossel

(MILTON, 1988). Em contraste, folhas de trepadeiras brotam em poucas quantidades e

Page 259: Estudos populacionais dos primatas em duas florestas nacionais do ...

258

apresentam-se dispersas pelas extremidades. Como um recurso, folhas de trepadeiras são

análogas às escassas safras de frutos consumidas pelos macacos-da-noite – perfeitamente

adequada para pequenos primatas, em grupos reduzidos, mas não para grandes primatas. Em

florestas altas e fechadas como no interior da FNT onde há relativamente poucas trepadeiras, os

sauás teriam que subir ao dossel e competir com os guaribas pelas safras de folhas das grandes

árvores. No entanto, os guaribas devido ao seu maior porte apresentam uma vantagem adicional

nesta competição com os sauás, eles são capazes de digerir material vegetal de baixa qualidade.

Talvez seja por isto que sauás são limitados a margens densas, situação em que seu pequeno porte

é uma vantagem e não um obstáculo (TERBORGH, 1985). Vários pesquisadores notaram

também que a aversão dos sauás aos macacos maiores, principalmente pregos. Raramente eles

entram numa figueira durante seu pico de amadurecimento, outro indício de que evitam os

primatas maiores.

O suprimento de frutas numa área pequena, mesmo nas épocas mais abundantes está no

limiar de uma variação irregular. Deste modo, é improvável que os sauás consigam sobreviver

dentro dos seus seis a oito ha. de território, se eles não fossem versáteis o suficientemente para

explorar oportunísticamente uma ampla classes de recursos: safras de frutas grandes e pequenas,

frutas verdes e folhas novas. Destes, as folhas novas constituem o recurso mais confiável. Na

época seca, os territórios podem estar completamente privados de frutas palatáveis e em tais

circunstâncias os grupos apresentam mudança marcante no seu comportamento. Ao invés de

aumentarem a extensão de seus movimentos diários como os macacos-de-cheiro e guaribas, os

sauás reduzem suas excursões diárias a 1/3 do padrão normal, ou seja, de 900 para 300 metros.

De alguma forma eles “intuem” que procurar por frutas dentre de um espaço limitado do seu

território é inútil, então eles se esforçam para poupar energia (KINZEY, 1981; WRIGHT, 1981).

Os sauás estudados por Terborgh (1985), gastavam várias horas por dia pacientemente comendo

bambus jovens, virtualmente o único alimento disponível para eles. Esta observação mais uma

vez reforça a dependência dos sauás pelo inicio da sucessão vegetal, pois os bambus não ocorrem

na floresta madura.

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259

5.7 Comparação entre os dois sagüis: o Callithrix argentata, do Tapajós e o Saguinus

martinsi do Trombetas

Chegamos neste momento à última classe de tamanho, os primatas pequenos. Dois deles

foram estudados no presente estudo, um em cada comunidade, a saber: o Callithrix argentata no

Tapajós (12 ind./km²; 14 grupos detectados) e o Saguinus martinsi (89 ind./km²; 72 grupos

detectados) no Trombetas. Uma característica marcante dessas duas famílias é a presença de

garras ao invés de unhas. Embora isto possa parecer uma distinção trivial, é na verdade, uma

questão de importância decisiva para a ecologia do grupo, pois a posse de garras abre a

possibilidade de subir e descer dos troncos. Tal habilidade circunscreve os sagüis a um modo de

vida em separado dos cebídeos e explica o sucesso de sua irradiação adaptativa.

Embora distinta em alguns aspectos, as duas espécies compartilham algumas

características que ajudam a entender seu papel em suas respectivas comunidades e distingui-los

ecologicamente dos primatas maiores. Ambos dentro do seu habitat mantêm limites discretos e

defendem arduamente seus territórios. Os números de indivíduos de suas famílias são

caracteristicamente pequenos, ambas apresentaram o mesmo número médio de indivíduos por

grupo (5) e a mesma amplitude (1 à 14 indivíduos). As unidades sociais, consideradas

inicialmente como famílias monogâmicas ampliadas, revelou-se uma simplificação, diante dos

novos estudos. Pois os grupos contêm às vezes mais de um macho e/ou fêmeas reprodutivamente

ativas. Apesar da carência de estudos naturalísticos de longo prazo e da natureza imprecisa de

seus sistemas sociais, uma importante característica ecológica é a formação de pequenos grupos

em quase todos os membros da família dos sagüis (TABELA 12 e 16, páginas 205 e 213

respectivamente). Tamanho corporal pequeno associado a pequenos grupos [SNOWDON; SOINI

(1988) sugeriram que o limite populacional máximo para um grupo natural de Saguinus manter-

se socialmente estável seria em torno de 12 a 13 indivíduos], resulta numa demanda metabólica

relativamente baixa por grupo. Isto por sua vez, abre a possibilidade de exploração de recursos

pequenos e/ou dispersos, tais como pequenas árvores frutíferas, néctar, goma e insetos. As duas

espécies estudadas preferiram os estratos inferiores da floresta abaixo de 13m. (TABELA 20,

página 219). Contudo, rápidas incursões no dossel ou no solo a procura de alimentos desejáveis já

foi registrado (STEVENSON; RYLANDS, 1988). No presente estudo foi registrado apenas uma

ocorrência no solo de Callithrix argentata e uma, a um metro de altura do solo, tratou-se de um

indivíduo fugindo de um gavião, ambas as ocorrências na FNT.

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260

5.8 O significado ecológico do tamanho do corpo

O tema recorrente da discussão foi que o tamanho corporal de um animal influência sua

ecologia de várias maneiras diferentes, por isso foi analisado conjuntamente os primatas de peso

semelhante e respeitada uma ordem de tamanho dividida em três categorias: grande, médio e

pequeno. Isto foi ilustrado numa revisão das relações ecológicas entre as espécies simpátricas que

habitam as duas florestas nacionais estudadas. Ambas apresentaram alta riqueza arbórea e uma

mediana diversidade de primatas (TABELA 39).

As correlações ecológicas com base no tamanho corporal incluem restrições na dieta,

concentração de recursos, procura de presas e técnicas de captura, posição vertical na floresta,

uso do hábitat e padrões de locomoção. As relações funcionais entre estes parâmetros ecológicos

e o tamanho corporal tornam-se mais evidentes quando subdivididos em classes de tamanho e

comparando-se as espécies dentro das classes e entre as classes.

Três vegetarianos residentes em árvores, Alouatta, Ateles e Chiropotes são posicionados

numa das extremidades da escala de tamanho (6 à 10kg) e compreendem a primeira classe. Eles

estão restritos às copas das árvores medias e grandes por causa de seu porte, que não seria

suportado por árvores novas e finas, trepadeiras e arbustos da submata. A necessidade por

suportes que não ocasionam quedas limita estas espécies a hábitats relativamente desenvolvidos.

Todas estas espécies são vegetarianas, aparentemente porque animais arborícolas de grande porte

não apresentam habilidade nem agilidade suficiente para capturar presas para suprirem suas

necessidades de proteínas. O modo principal de separação ecológica destas três espécies parece

estar relacionado à maneira de como obtém proteína. Ateles se especializaram no consumo de

frutos maduros, Chiropotes no consumo de sementes protegidas por frutos de casca dura e

guaribas incluindo maior proporção de folhas do que de frutos em sua dieta.

Em relação aos primatas de tamanho médio: Saimiri, Cebus, Callicebus e Pithecia, os

dois primeiros gêneros são onívoros e obtém suas proteínas necessárias consumindo mais presas

pequenas do que folhas ou espécies de frutas com muita proteína. Não é coincidência que todos

os onívoros sejam pequenos, pois a maior limitação imposta pela captura de presas é o tamanho.

Comparações interespecífica de taxas de capturas e tamanho das presas capturadas indicam que

os rendimentos não aumentam com o tamanho corporal dos primatas. Pelo contrário, decresce à

medida que aumenta o tamanho dos animais. Esta tendência implica que não é muito rentável

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261

para um primata especilisar-se na capturara de presas se ele for maior que um macaco-prego, no

entanto, para espécies menores, a caça oferece um meio confiável de obtenção de proteínas.

Cada uma das três espécies parece apresentar maior sobreposição de dieta com espécies

de outras classes de tamanho, do que com aquelas da mesma classe. Por exemplo, Pithecia é um

vegetariano que inclui alta proporção de sementes (geralmente imaturas) em sua dieta (SETZ,

1987, 1993), assemelhando-se com os cuxiús; o Saimiri é um especialista semi-nômade de

figueiras que pode sobreviver por curtos períodos como um insetívoro facultativo, assemelhando-

se aos saguis; os sauás têm uma dieta de frutas e folhas como os guaribas, mas vive

exclusivamente em ambientes de borda onde as trepadeiras são mais abundantes e lhes servem de

esconderijo e fornecedora de folhas e frutos em abundância.

Quanto aos primatas de menor tamanho (0,8 à 1,5kg), a característica que os diferencia de

todos os outros primatas do Novo Mundo é sua capacidade de escalar troncos verticais com

facilidade e se deslocar através de uma locomoção típica conhecida como “agarra-e-pula”. Os

calitríquideos do presente estudo foram representados por Callithrix argentata no Tapajós e

Saguinus martinsi no Trombetas. Os calitríquideos apresentam três adaptações inter-relacionadas

e dependentes tamanho. (1ª) uso especializado de recursos pequenos e/ou difusos, (2ª)

territorialidade e (3ª) uso de hábitats espacialmente restrito. Snowdon e Soini (1988) registraram

grupos de Saguinus midas e Saguinus leucopus vivendo em fragmentos de menos de um ha. em

áreas perturbadas. Os sagüis do gênero Callithrix ocupam uma área de vida definida e tendem a

concentar a obtenção de gomas em algumas poucas espécies de árvores. Em Callithrix penicilatta

(FONSECA; LACHER (2004), Callithrix jacchus (FARIA, 1984), Callithrix flaviceps

(FERRARI, 1988), Callithrix geoffroyi (PASSAMANI, 1996) e Callithrix aurita (CORREA,

1995) goma foi o principal componente vegetal da dieta, representando entre 30 à 70% do tempo

total alocado à alimentação. A especialização de pequenos recursos e/ou difusos é

freqüentemente a condição crítica que conduz à territorialidade e à especialização de hábitat.

Recursos pequenos são alimentos disponíveis em pequenas quantidades, como safras de frutos de

pequenas árvores ou trepadeiras, safra de frutos que amadurecem paulatinamente por períodos

prolongados, néctar, goma, insetos, etc. Animais de grande porte que formam grandes grupos não

podem explorar tais recursos, pois a quantidade de alimento disponível é insignificante em

relação à demanda metabólica do grupo forrageador, no entanto, são um recurso especial; para

primatas de pequeno porte que formam pequenos grupos sociais. O Saimiri é uma exceção

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porque vive em grandes associações de 30 a 40m indivíduos, podendo chegar a mais de uma

centena, e explora recursos de maior tamanho – as safras de enormes figueiras que amadurecem

sincronizadamente.

Foi evitado no presente estudo multiplicar a área das flonas pela densidade de cada uma

das espécies constituintes de primatas, porque este tipo de cálculo pressupõe homogeneidade,

tanto da floresta como dos primatas nela distribuído. No entanto, sabe-se que isto é falso,

principalmente em Florestas Nacionais, onde pessoas e animais coexistem.

A correlação entre densidade e porte foi um auxiliar importante para diferenciar as

funções ecológicas das diferentes espécies de primatas que compunham as comunidades da FNT

e da FNS-T. As principais conclusões foram de natureza ampla e talvez possam ser aplicadas a

outras localidades da Amazônia. Apesar disso, acreditamos que os primatas são animais versáteis,

a tal ponto, que respondem de modo adaptativo as especificidades locais.

O presente estudo suscitou inúmeras outras perguntas interessantes, como por exemplo:

(a) como as comunidades de primatas respondem e se ajustam a diferentes tipos de florestas ou

modificações seletivas do seu hábitat? (b) porque algumas espécies estão misteriosamente

ausentes em regiões que estão dentro de sua área de distribuição geográfica ou parecem ser tão

susceptíveis a extinção local? (c) estaria a pressão de caça sendo maior do que a capacidade dos

primatas reporem seus estoques?

Esperamos que a criação de mais parques e reservas estrategicamente localizados e de

grandes dimensões possa garantir a sobrevivência dessas encantadoras criaturas e que mais

pesquisadores aproveitem a oportunidade para expandir nosso conhecimento coletivo sobre eles.

O fato de termos as maiores porções de floresta tropical do planeta e consequentemente

abrigarmos o maior número de espécies dos nossos parentes mais próximos, deve aumentar

sobremaneira nossa responsabilidade pela conservação de toda vida selvagem do Brasil.

Incorporarmos à conservação da natureza, ao nosso conceito de progresso e desenvolvimento é

tarefa de todos os brasileiros.

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263

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como vivemos em um mundo cada dia mais fragmentado, corremos o risco de termos um

pensamento fragmentado sobre o mundo. Inúmeros estudos estão sendo realizados em

fragmentos florestais e nas populações animais e vegetais nelas contida, em diferentes graus de

isolamento (metapopulação). No entanto, é imprescindível estudar a matriz. Só o seu estudo

poderá dar a dimensão exata da biodiversidade perdida. Na verdade, uma matriz bem preservada,

equivale à área controle dos experimentos controlados. Os estudos mais profícuos podem advir

de uma matriz bem conhecida, ou seja, conhecer qualitativamente e principalmente

quantitativamente os vários táxons que a compõem. A simples comparação entre fragmentos,

mesmo que de tamanhos diferentes é teoricamente frágil. O problema desses estudos é a ausência

de dados pregressos confiáveis. Temos apenas uma pálida idéia da composição de suas biotas no

passado e de seu empobrecimento ou enriquecimento com espécies invasoras ao longo dos anos.

Além disso, é importante lembrar que populações isoladas são mais suscetíveis a eventos

demográficos e ambientais estocásticos, tornando-se mais vulneráveis à extinção local, regional

ou mesmo a extinção completa (AYRES et al., 2005). Não podemos nos iludir com sucesso na

conservação de áreas isoladas em nível pontual, mesmo porque, ao fim do período de

investimentos financeiros, elas entram em colapso.

É no contexto do aumento da conectividade de várias UCs preexistente (“ilhas

ecológicas”), e no incentivo de RPPNs que surge o conceito de corredores ecológicos. Definido

como grandes extensões de ecossistemas florestais biologicamente prioritários, delimitado em

grande parte por conjuntos de unidades de conservação (existentes ou propostas) e pelas

comunidades biológicas que contém (AYRES et al., 2005). Acreditasse que os corredores

ecológicos facilitem o fluxo gênico entre as populações aumentando a probabilidade de sua

sobrevivência em longo prazo e assegurando a manutenção dos processos ecológicos e

evolutivos em larga escala.

As UCs de uso sustentável enfrentam o desafio maior de definir o que pode ser utilizado,

quem pode utilizá-lo e quanta utilização é sustentável. A efetividade de um sistema de

conservação como um todo depende, de quão adequadamente as UCs podem cumprir sua missão

em todos os sítios de salvaguardar coletivamente a biodiversidade de um país. Além disso, os

sistemas de UC também têm que funcionar em meio a instituições governamentais que

competem entre si e num ambiente político, para alguns (RYLANDS; BRANDON, 2005), talvez

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este seja a maior desafio. Espécies e subespécies de primatas que apresentam distribuição restrita

e/ou ocorrem naturalmente em baixas densidades, requerem proteção imediata para sua

conservação. Por exemplo: Callithrix argentata melanura, Callithrix argentata leucippe,

Chiropotes albinassus e Ateles marginatus da FNT.

Nesta tendência foi criada no Pará a maior reserva do mundo, na verdade a fusão de cinco

reservas preexistentes: a Floresta Estadual do Paru (3,6 milhões de ha.), a Estação Ecológica

Grão-Pará (2,7 milhões de ha.) e mais três Florestas Estaduais (Flotas). Esse conjunto de reservas

é conhecido como “Mosaico Calha Norte Paraense” e perfaz 12,7 milhões de ha. (quase o

equivalente a um Portugal e Suíça juntos) e elevam em quase 3% a porção protegida da

Amazônia.

Alguns animais, especialmente os carnívoros necessitam de áreas muito grandes. A

existência de apenas 20 grupos de ariranhas (Ptenonura brasiliense) dentro dos 2,1 milhões de

ha da reserva de florestas alagadas de Pacaya-Samiria no leste do Peru, é um exemplo (PERES,

2005). Além disso, a floresta amazônica não é homogênea nem mesmo em escalas espaciais

pequenas (TUOMISTO et al., 1995) e a composição arbórea entre florestas inundadas e de terra

firme adjacentes é muito grande, por extensão, quanto mais nichos diferentes maiores a

diversidade de fauna. É sabido que muitos animais especialistas utilizam pequenas frações de sua

potencial área de vida e requerem, portanto, grandes extensões de reserva que contenham esses

pequenos enclaves de hábitats para manter um tamanho viável de metapopulações.

O Brasil é um dos 25 paises que ratificaram a proposta da IUCN/WWF para a proteção

em curto prazo de 10 % de suas áreas silvestres. Considerando este desejo para a Amazônia, que

protege atualmente 4,6% da região, representaria a criação de mais 27 reservas, cada uma com

1milhão de ha. Os estados componentes da Amazônia Legal Brasileira apresentam uma história

de colonização e percepção da necessidade de conservação muito diferenciada. No estado do

Amapá, por exemplo, 56% são áreas protegidas (incluindo TIs), enquanto que o Mato Grosso

protege apenas 1,5%. Para aumentar o apoio político a novas UCs é essencial a integração das

comunidades locais que devem ser convidadas a participarem como coadjuvantes no esforço de

gerenciamento, monitoramento e principalmente das atividades sustentáveis das UCs, por meio

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do ecoturismo2 e do uso dos inúmeros produtos florestais não-madeireiros. Ward e Dubois

(1973) expressaram a necessidade das UCs da seguinte maneira:

Talvez o significado último das áreas protegidas e de sua preservação seja lembrar a uma humanidade, cada dia mais urbanizada, a delicadeza e vulnerabilidade de todos os seres vivos, com os quais tem que compartilhar um planeta cada vez menor. À medida que aprende a observar sua interdependência e sua fragilidade, sua variedade e sua complexidade, talvez recorde que ele, também é parte dessa trama única e que, se alterar de forma excessiva os ritmos biológicos e as necessidades do mundo natural, poderá descobrir que destruiu a última fonte de seu próprio ser. Essa talvez seja uma lição demasiado dura para ele aprender em qualquer lugar e é ainda menos provável que a perceba no meio do perpétuo ímpeto e fragor de seus próprios agrupamentos e invenções. Porém, se em algum lugar sua comunidade deixar espaço para o silêncio poderá descobrir que o ambiente selvagem é um grande mestre.

2 Os parques dos EUA mesmo sendo muito pequenos, poucos e mal localizados, recebem mais de 300 milhões de visitantes por ano (TERBORGH, 2003).

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Figura 82 - Mapa da Amazônia Legal ilustrando a distribuição geográfica aproximada de três espécies do gênero Callithrix que ocorrem na região do Rio Tapajós. Callithrix argentata cuja distribuição engloba a FNT (verde oliva); Callithrix leucippe com a menor área de distribuição entre os três sagüis (ao sul da FNT, verde claro) e Callithrix humeralifera do outro lado do Rio Tapajós na região da Resex Tapajós-Arapiuns (marrom). Observe a ausência do gênero na região que engloba a FNS-T. Fontes: GOODLAND E IRWIN (1975); AURICCHIO (1995) ambas modificado pelo autor e por Jefferson Polizel (Programa ArcGis 9.2) Flonas: 1 = FNT; 2 = FNS-T. Observação: as distribuições dos primatas que extrapolam a Amazônia Legal não foram consideradas; a foto é de Callithrix argentata em Alter do Chão.

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APÊNDICES

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Figura 83 Mapa ilustrando a distribuição geográfica aproximada das três subespécies de Saguinus bicolor, com especial interesse na subespécie Saguinus bicolor martinsi que ocorre na FNS-T (foto da Direita), entre os rios Nhamundá e Paru do Oeste (na parte oriental do mapa). A foto da esquerda é de Saguinus bicolor bicolor. Aqui ocorre o inverso da Figura 71, o gênero Saguinus não ocorre na região da FNT. Fonte: Subirá (1989) modificado pelo autor; foto da esquerda é de Peter Dollinger (2007).

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Figura 84 Esta figura compara a enorme extensão da distribuição geográfica aproximada de Saguinus midas (foto colorida), com a diminuta área de distribuição de Saguinus b. bicolor (foto preto e branco). Este por ter sua área de distribuição coincidente com a região metropolitana de Manaus é um dos calitriquídeos mais ameaçados de extinção da região neotropical. Apesar da distribuição de Saguinus midas abranger a FNS-T, a espécie não foi encontrado nas duas áreas de floresta primária estudada. Diante deste fato, hipotetizamos que Saguinus bicolor martinsi, o primata mais abundante da comunidade da FNS-T (72 grupos detectados; 89 ind./km2), impeliu seu congênere a ocupar as matas secundárias da região do Rio Trombetas. A foto ao lado foi tirada pelo autor no PESC; da cor dourada de suas mãos e pés derivou seu nome “midas”, uma alusão ao rei midas, que segunda a lenda, transformava em ouro tudo que tocava. Fonte: Subira (1998) modificado pelo autor; a foto P & B foi tirada por R. Rocha e Silva, apud Coimbra-Filho (1982).

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Figura 85 Mapa da distribuição das duas espécies de macacos-da-noite que ocorrem em simpatria com as respectivas comunidades diurnas estudadas. Em verde a distribuição parcial de Aotus infulatus que abrange a localização da FNT e em amarelo a distribuição de Aotus trivirgatus (figura no canto direito superior), que abrange a localização da FNS-T. Fonte: Foto R. Mittermeier apud Coimbra-Filho (1982).

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Figura 86 - Mapa da Amazônia legal ilustrando à distribuição geográfica aproximada das duas espécies do gênero Saimiri (mico-de-cheiro), o Saimiri sciureus que ocorre na FNS-T e o Saimiri ustus que ocorre na FNT. Fonte: Goodland e Irwin (1975); Auricchio (1995), modificado pelo autor e por Jefferson Polizel (Programa ArcGis 9.2). Flonas: 1 = FNT; 2 = FNS-T. Observação: as distribuições dos primatas que extrapolam a Amazônia Legal não foram consideradas.

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Figura 87 Mapa da Amazônia Legal ilustrando a distribuição geográfica aproximada da única espécie de Callicebus que fez parte do estudo, o Callicebus moloch da FNT. Observe que o gênero não ocorre na região da FNS-T. Fonte: Goodland e Irwin (1975); Auricchio (1995), modificado pelo autor e por Jefferson Polizel (Programa ArcGis 9.2). Flonas: 1 = FNT; 2 = FNS-T. Observação: as distribuições dos primatas que extrapolam a Amazônia Legal não foram consideradas. Na foto , Callicebus moloch, da região do Rio Tapajós.

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Figura 88 Mapa da Amazônia legal ilustrando a distribuição geográfica aproximada das duas espécies do gênero Cebus (macaco-prego) que ocorrem próximo as áreas de estudo. O Cebus apella é a única espécie de primata comum as duas flonas estudadas, a espécie congênere, Cebus albifrons, que ocorre na outra margem do Rio Tapajós, mais ao sul da FNT, na Floresta Nacional de Itaituba (não mostrada no mapa). Fonte: Goodland ; Irwin (1975) ; Auricchio (1995), modificado pelo autor e por Jefferson Polizel (Programa ArcGis 9.2). Flonas: 1 = FNT; 2 = FNS-T. Observação: as distribuições dos primatas que extrapolam a Amazônia Legal não foram consideradas. A foto é de Cebus apella da região do T jó

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Figura 89 Mapa da Amazônia Legal ilustrando a distribuição geográfica aproximada das quatro espécies do gênero Pithecia (parauacu). A única espécie que fez

parte deste estudo foi Pithecia pithecia chrysocephala (verde escuro) na FNS-T (Trombetas). Nenhum representante deste gênero ocorre na FNT, no entanto, na margem oposta do Rio Tapajós, ocorre Pithecia irrorata (verde claro). A distribuição do gênero fora do Brasil não foi considerada. Fonte: Goodland ; Irwin (1975), Auricchio (1995), modificado pelo autor e por Jefferson Polizel (Programa ArcGis 9.2). Flonas: 1 = FNT; 2 = FNS-T. A foto é de Pithecia pithecia chrysocephala, Fonte Câmara (????).

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Figura 90 - Mapa da Amazônia Legal ilustrando a distribuição geográfica aproximada do gênero Chiropotes segundo Silva Jr. e Figueiredo (2002). Tal classificação foi usada por ser a mais recente e incluir dados moleculares. As espécies deste gênero são distinguidas pelo padrão de coloração da pelagem, visto que não apresentam variação morfológica significativa. Observe que: (1º) a espécie de distribuição mais setentrional estudada mudou de nome, passou de Chiropotes satanas chiropotes na classificação de Hershkovitz (1985) para Chiropotes sagulatus na classificação de 2002; (2º) o gênero não se encontra na Ilha de Marajó, (3˚) todas as espécies apresentam distribuição parapátrica. Fonte: Goodland ; Irwin (1975) ; Auricchio (1995), modificado pelo autor e por Jefferson Polizel (Programa ArcGis 9.2). Flonas: 1 = FNT; 2 = FNS-T. A foto inserida, Chiropotes satanas, é de L.C. Marigo. Observação: as distribuições dos primatas que extrapolam a Amazônia Legal não foram consideradas.

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Figura 91 Mapa da Amazônia legal ilustrando a distribuição geográfica aproximada de cinco espécies do gênero Allouata (guaribas) que ocorrem no estado do Pará. Na área 1 (FNT) ocorre o Alouatta discolor e na área 2 (FNS-T) ocorre o Alouatta seniculus. Observe que as cinco espécies apresentam distribuição totalmente parapátrica. Fonte: Goodland ; Irwin (1975) ; Auricchio (1995), modificado pelo autor e por Jefferson Polizel (Programa ArcGis 9.2). Flonas: 1 = FNT; 2 = FNS-T. Observação: as distribuições dos primatas que extrapolam a Amazônia Legal não foram consideradas. A foto, Alouatta seniculus (L.C. Marigo).

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Figura 92 Mapa da Amazônia Legal ilustrando a distribuição geográfica aproximada das quatro espécies do gênero Ateles (macaco-aranha), que ocorrem na

Amazônia Legal. Na área 1 (FNT) ocorre o Ateles marginatus (espécie endêmica do Brasil e o primata mais ameaçado deste estudo), na área 2 (FNS-T) ocorre o Ateles paniscus, de distribuição bem mais ampla que a anterior, inclusive extrapolando sua distribuição além das fronteiras nacionais. Fonte: Goodland ; Irwin (1975) ; Auricchio (1995), modificado pelo autor e por Jefferson Polizel (Programa ArcGis 9.2). Flonas: 1 = FNT; 2 = FNS-T. Observação: distribuições que extrapolam a Amazônia legal não foram consideradas. A foto é de Ateles paniscus.

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Figura 93 1- Binóculos a laser; 2- Binóculos Nikon (12 x 50); 3 – Tele-objetiva fixa (Nikon 200 mm); 4 - Relógio de pulso com cronômetro; 5 - Pendrive; 6 - Trena (60 metros); 7- Densitômetro; 8- Bússola; 9- Ponteiro para orientar abertura de trilhas; 10 - Clinômetro; 12 - Luvas; 13 - Trena (20 metros); 14 - GPS; 15 - Bolsa primeiros socorros, isqueiro, sal, agulha, etc.; 16 - Fita métrica; 17- Porta caderneta de campo; 18 - Teleconversor 2 x (Nikon); 19 - Lente Macro; 20 - Flash mais roupas camufladas cedidas pelo exército. Além de itens essenciais não mostrados: facão; cantil, capa de chuva, canivete; lanterna; sacos plásticos, etc.

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Tabela 40- Resultado do Inventário Florestal nas duas Flonas, sendo 200 árvores amostradas por flona (continua) FLONA Ponto Árvore Espécie Unidade CAP Dist. Altura Nome Popular Família TAPA 1 1 Duguetia echinophora 1 99 3,64 25 Envira-surucucu Annonaceae TAPA 1 2 Pseudopiptadenia psilostachya 2 104 1,54 24 Fava-timborana Leg. Mimosoideae TAPA 1 3 Protium puncticulatum 3 65 4,56 19 Breú-vermelho Burseraceae TAPA 1 4 Licania canescens 4 105 11,14 25 Caripé-de-vidro Chrysobalanaceae TAPA 2 5 Licania canescens 1 134 7,65 25 Caripé-de-vidro Chrysobalanaceae TAPA 2 6 Maquira sclerophylla 2 107 3,40 23 Muiratinga Moraceae TAPA 2 7 Geissospermum sericeum 3 133 4,20 17 Quinarana Apocynaceae TAPA 2 8 Geissospermum sericeum 4 139 9,75 21 Quinarana Apocynaceae TAPA 3 9 Licania canescens 1 118 16,00 32 Caripé-de-vidro Chrysobalanaceae TAPA 3 10 Inga heterophylla 2 90 4,90 13 Ingá-vermelho Leg. Mimosoideae TAPA 3 11 Trattinnickia rhoifolia 3 88 4,18 23 Breu-sucuruba Burseraceae TAPA 3 12 Ni1 4 83 9,20 19 Folha serrilhada Moraceae TAPA 4 13 Guateria poeppigiana 1 160 5,80 26 Envira-surucucu Annonaceae TAPA 4 14 Aspidosperma nitidum 2 93 2,22 20 Carapanaubá Apocynaceae TAPA 4 15 Licania canescens 3 160 3,80 30 Caripé-de-vidro Chrysobalanaceae TAPA 4 16 Marmaroxylon racemosum 4 63 0,82 24 Angelim-rajado Leg. Mimosoideae TAPA 5 17 Scherolobium melinonii 1 100 9,10 27 Taxi-preto Leg. Caesalpinioidea TAPA 5 18 Minquartia guianensis 2 104 1,95 16 Acariquara Olacaceae TAPA 5 19 Manilkara huberi 3 267 9,30 32 Maçaranduba Sapotaceae TAPA 5 20 Terminalia dichotoma 4 135 3,60 32 Cuiarana Combretaceae TAPA 6 21 Licania canescens 1 150 3,67 23 Caripé-de-vidro Chrysobalanaceae TAPA 6 22 Licania canescens 2 132 10,25 32 Caripé-de-vidro Chrysobalanaceae TAPA 6 23 Pouteria guianensis 3 102 2,15 24 Abiurana Sapotaceae TAPA 6 24 Minquartia guianensis 4 75 3,50 12 Acariquara Olacaceae TAPA 7 25 Lecythis lurida 1 131 6,90 24 Jarana Lecythidaceae TAPA 7 26 Glycydendron amazonicum 2 71 4,80 23 Mirindiba-doce Euphorbiaceae TAPA 7 27 Manilkara huberi 3 98 5,75 38 Maçaranduba Sapotaceae TAPA 7 28 Minquartia guianensis 4 77 4,45 22 Acariquara Olacaceae TAPA 8 29 Licania canescens 1 224 6,55 31 Caripé-de-vidro Chrysobalanaceae TAPA 15 59 Licania canescens 3 261 5,07 33 Caripé-de-vidro Chrysobalanaceae TAPA 15 60 Ocotea baturitensis 4 77 6,30 18 Louro-preto Lauraceae TAPA 16 61 Inga alba 1 115 6,50 26 Ingá-branco Leg. Mimosoideae TAPA 16 62 Mouriri brevipes 2 118 5,90 26 Muiraúba Melastomataceae TAPA 16 63 Chamaecrista scleroxylon 3 158 12,14 12 Muirapixuna Leg. Caesalpinioidea

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Tabela 40 - Resultado do Inventário Florestal nas duas Flonas, sendo 200 árvores amostradas por flona (continua)

FLONA Ponto Árvore Espécie Unidade CAP Dist. Altura Nome Popular Família TAPA 16 64 Aniba canellila 4 252 4,40 23 Casca-preciosa Lauraceae TAPA 17 65 Chamaecrista xinguensis 1 145 6,75 20 Coração-de-negro Leg. Caesalpinioidea TAPA 17 66 Ni 2 62 0,75 27 Ni Ni TAPA 17 67 Maquira sclerophylla 3 82 0,85 21 Muiratinga Moraceae TAPA 17 68 Neea floribunda 4 151 6,20 33 João-mole Nyctaginaceae TAPA 18 69 Manilkara huberi 1 264 6,65 34 Maçaranduba Sapotaceae TAPA 18 70 Miconia guianensis 2 66 11,25 17 Farinha-seca Melastomataceae TAPA 18 71 Protium robustum 3 70 10,40 16 Breu-vermelho-folha-grande Burseraceae TAPA 18 72 Micropholis venulosa 4 60 9,70 17 Abiu rosadinho Sapotaceae TAPA 19 73 Pouteria sp 1 1 182 3,75 30 Abiu Sapotaceae TAPA 19 74 Carapa guianensis 2 165 8,50 30 Andiroba Meliaceae TAPA 19 75 Chimarrhis turbinata 3 198 4,75 30 Pau-de-remo Rubiaceae TAPA 19 76 Licania canescens 4 174 8,80 32 Caripé-de-vidro Chrysobalanaceae TAPA 20 77 Dinizia excelsa 1 385 9,87 38 Angelim-pedra Leg. Mimosoideae TAPA 20 78 Scherolobium melinonii 2 87 8,00 20 Taxi-preto Leg. Caesalpinioidea TAPA 20 79 Ni2 3 108 8,50 19 Ni2 Myrtaceae TAPA 20 80 Brosimum guianensis 4 60 7,40 19 Janitá Moraceae TAPA 21 81 Eschweilera coriaceae 1 107 18,30 25 Matamatá-branco Lecythidaceae TAPA 21 82 Ni 2 87 1,42 27 Ni Ni TAPA 21 83 Couratari guianensis 3 407 4,00 35 Tauari Lecythidaceae TAPA 21 84 Minquartia guianensis 4 65 7,00 12 Acariquara Olacaceae TAPA 22 85 Eschweilera coriaceae 1 150 11,40 22 Matamatá-branco Lecythidaceae TAPA 22 86 Pouteria laurifolia 2 68 13,00 23 Abiurana-casca-fina Sapotaceae TAPA 22 87 Minquartia guianensis 3 83 15,00 20 Acariquara Olacaceae TAPA 22 88 Inga sp. 4 112 5,50 23 Ingá Leg. Mimosoideae TAPA 23 89 Chrysophyllum opposittum 1 61 12,40 18 Abiurana-cramuri Sapotaceae TAPA 23 90 Ni 2 62 7,80 20 Ni Ni TAPA 23 91 Trattinnickia rhoifolia 3 83 11,70 22 Breu-sucuruba Burseraceae TAPA 23 92 Castilla ulei 4 76 8,75 12 Caucho Moraceae TAPA 24 93 Ocotea baturitensis 1 69 5,30 23 Louro-preto Lauraceae TAPA 24 94 Mouriri brevipes 2 140 8,30 24 Muiraúba Melastomataceae TAPA 24 95 Neaa floribunda 3 180 4,80 32 João-mole Nyctaginaceae TAPA 24 96 Eschweilera coriaceae 4 70 1,60 17 Matamatá-branco Lecythidaceae TAPA 25 97 Pouteria sp 1 1 177 4,50 32 Abiu Sapotaceae

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Tabela 40 - Resultado do Inventário Florestal nas duas Flonas, sendo 200 árvores amostradas por flona (continua)

FLONA Ponto Árvore Espécie Unidade CAP Dist. Altura Nome Popular Família TAPA 25 98 Licania canescens 2 115 5,15 26 Caripé-de-vidro Chrysobalanaceae TAPA 25 99 Licania canescens 3 193 20,30 41 Caripé-de-vidro Chrysobalanaceae TAPA 25 100 Pouteria guianensis 4 155 8,64 32 Abiurana Sapotaceae TAPA 26 101 Ni3 1 87 9,63 18 Amapa-rosa Ni3 TAPA 26 102 Pterocarpus amazonum 2 120 5,95 27 Mututí-da-terra-firme Leg. Papilionoideae TAPA 26 103 Astrocaryum tucuma 3 74 12,55 10 Tucumã Palmae TAPA 26 104 Eschweilera coriaceae 4 133 2,20 24 Matamatá-branco Lecythidaceae TAPA 27 105 Carapa guianensis 1 142 11,50 27 Andiroba Meliaceae TAPA 27 106 Ni1 2 79 7,55 20 Folha serrilhada Moraceae TAPA 27 107 Marmaroxylon racemosum 3 75 7,90 26 Angelim-rajado Leg. Mimosoideae TAPA 27 108 Cordia goeldiana 4 115 3,40 20 Freijó-cinza Boraginaceae TAPA 28 109 Marmaroxylon racemosum 1 126 8,10 32 Angelim-rajado Leg. Mimosoideae TAPA 28 110 Inga heterophylla 2 91 5,55 25 Ingá-vermelho Leg. Mimosoideae TAPA 28 111 Mouriri brevipes 3 89 12,10 20 Muiraúba Melastomataceae TAPA 28 112 Trattinnickia rhoifolia 4 97 4,75 23 Breu-sucuruba Burseraceae TAPA 29 113 Aspidosperma album 1 192 1,17 28 Araracanga Apocynaceae TAPA 29 114 Pouteria guianensis 2 127 4,70 26 Abiurana Sapotaceae TAPA 29 115 Eschweilera coriaceae 3 75 3,32 24 Matamatá-branco Lecythidaceae TAPA 29 116 Lecythis lurida 4 81 11,20 22 Jarana Lecythidaceae TAPA 30 117 Marmaroxylon racemosum 1 60 7,90 22 Angelim-rajado Leg. Mimosoideae TAPA 30 118 Eschweilera coriaceae 2 119 11,00 23 Matamatá-branco Lecythidaceae TAPA 30 119 Scherolobium melinonii 3 240 1,54 31 Taxi-preto Leg. Caesalpinioidea TAPA 30 120 Ni 4 67 4,07 26 Ni Ni TAPA 31 121 Glycydendron amazonicum 1 135 5,80 22 Mirindiba-doce Euphorbiaceae TAPA 31 122 Brosimum guianensis 2 111 7,20 22 Janitá Moraceae TAPA 31 123 Duguetia echinophora 3 86 7,20 23 Envira-surucucu Annonaceae TAPA 31 124 Votaireopsis speciosa 4 130 5,50 27 Fava-bolacha Leg. Papilionoideae TAPA 32 125 Ni1 1 67 4,90 24 Folha serrilhada Moraceae TAPA 32 126 Marmaroxylon racemosum 2 73 10,60 12 Angelim-rajado Leg. Mimosoideae TAPA 32 127 Ni3 3 80 4,55 23 Amapa-rosa Ni3 TAPA 32 128 Ni1 4 84 8,40 16 Folha serrilhada Moraceae TAPA 33 129 Eschweilera coriaceae 1 78 5,90 9 Matamatá-branco Lecythidaceae TAPA 33 130 Myrciaria floribunda 2 73 7,40 21 Goiabinha Myrtaceae TAPA 33 131 Brosimum guianensis 3 89 3,70 25 Janitá Moraceae

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Tabela 40 - Resultado do Inventário Florestal nas duas Flonas, sendo 200 árvores amostradas por flona (continua)

FLONA Ponto Árvore Espécie Unidade CAP Dist. Altura Nome Popular Família TAPA 33 132 Mouriri brevipes 4 76 7,80 21 Muiraúba Melastomataceae TAPA 34 133 Ocotea baturitensis 1 61 15,00 12 Louro-preto Lauraceae TAPA 34 134 Carapa guianensis 2 192 4,45 33 Andiroba Meliaceae TAPA 34 135 Geissospermum sericeum 3 100 7,80 16 Quinarana Apocynaceae TAPA 34 136 Ni 4 65 19,00 22 Ni Ni

TAPA 35 137 Inga sp. 1 81 5,12 18 Ingá Leg. Mimosoideae TAPA 35 138 Capirona huberiana 2 109 5,50 17 Escorrega-macaco Rubiaceae TAPA 35 139 Inga sp. 3 72 8,00 24 Ingá Leg. Mimosoideae TAPA 35 140 Lacunaria jenmanii 4 104 3,50 21 Papo-de-mutum Quinaceae TAPA 36 141 Ni 1 70 9,20 21 Ni Ni TAPA 36 142 Pseudopiptadenia psilostachya 2 203 10,80 30 Fava-timborana Leg. Mimosoideae TAPA 36 143 Licaria brasiliensis 3 74 11,00 21 Louro-amarelo Lauraceae TAPA 36 144 Eschweilera obversa 4 104 12,00 23 Matamatá-vermelho Lecythidaceae TAPA 37 145 Ocotea baturitensis 1 67 7,65 11 Louro-preto Lauraceae TAPA 37 146 Sterculia speciosa 2 203 17,60 27 Axixuá Sterculiaceae TAPA 37 147 Maquira sclerophylla 3 60 8,10 9 Muiratinga Moraceae TAPA 37 148 Eschweilera coriaceae 4 60 10,00 8 Matamatá-branco Lecythidaceae TAPA 38 149 Crysophyllum prieureii 1 118 11,55 25 Abiurana-vermelha Sapotaceae TAPA 38 150 Brosimum guianensis 2 167 3,20 32 Janitá Moraceae TAPA 38 151 Ni1 3 77 2,10 17 Folha serrilhada Moraceae TAPA 38 152 Ni1 4 94 4,20 17 Folha serrilhada Moraceae TAPA 39 153 Ocotea baturitensis 1 138 6,45 31 Louro-preto Lauraceae TAPA 39 154 Scherolobium melinonii 2 78 10,00 26 Taxi-preto Leg. Caesalpinioidea TAPA 39 155 Pouteria guianensis 3 84 3,30 16 Abiurana Sapotaceae TAPA 39 156 Eschweilera coriaceae 4 70 1,75 24 Matamatá-branco Lecythidaceae TAPA 40 157 Marmaroxylon racemosum 1 131 14,50 27 Angelim-rajado Leg. Mimosoideae TAPA 40 158 Pouteria sp 1 2 90 8,80 17 Abiu Sapotaceae TAPA 40 159 Eschweilera coriaceae 3 63 1,40 16 Matamatá-branco Lecythidaceae TAPA 40 160 Guateria poeppigiana 4 71 8,00 16 Envira-surucucu Annonaceae TAPA 41 161 Sclerolobium melanocarpum 1 108 1,35 23 Taxi-vermelho Leg. Caesalpinioidea TAPA 41 162 Lecythis pisonis 2 172 15,50 29 Castanha-sapucaia Lecythidaceae TAPA 41 163 Scherolobium melinonii 3 129 9,75 23 Taxi-preto Leg. Caesalpinioidea TAPA 41 164 Neea floribunda 4 160 2,85 35 João-mole Nyctaginaceae TAPA 42 165 Chimarrhis turbinata 1 60 5,50 20 Pau-de-remo Rubiaceae

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Tabela 40 - Resultado do Inventário Florestal nas duas Flonas, sendo 200 árvores amostradas por flona (continua)

FLONA Ponto Árvore Espécie Unidade CAP Dist. Altura Nome Popular Família TAPA 42 166 Sclerolobium melanocarpum 2 107 5,50 22 Taxi-vermelho Leg. Caesalpinioidea TAPA 42 167 Lecythis lurida 3 132 12,80 23 Jarana Lecythidaceae TAPA 42 168 Ni 4 170 8,70 29 Ni Ni TAPA 43 169 Trattinnickia rhoifolia 1 96 5,75 21 Breu-sucuruba Burseraceae TAPA 43 170 Duguetia echinophora 2 74 7,67 22 Envira-surucucu Annonaceae TAPA 43 171 Pseudopiptadenia psilostachya 3 132 1,27 31 Fava-timborana Leg. Mimosoideae TAPA 43 172 Maximilliana martiana 4 77 14,30 23 Inajá Palmae TAPA 44 173 Ocotea baturitensis 1 69 5,80 21 Louro-preto Lauraceae TAPA 44 174 Terminalia dichotoma 2 393 12,60 42 Cuiarana Combretaceae TAPA 44 175 Ocotea baturitensis 3 67 1,00 21 Louro-preto Lauraceae TAPA 44 176 Scherolobium melinonii 4 100 5,50 23 Taxi-preto Leg. Caesalpinioidea TAPA 45 177 Manilkara huberi 1 149 14,10 30 Maçaranduba Sapotaceae TAPA 45 178 Ocotea baturitensis 2 60 0,95 20 Louro-preto Lauraceae TAPA 45 179 Astronium lecointei 3 276 4,77 39 Muiracatiara Anacardiaceae TAPA 45 180 Ni4 4 72 2,30 25 Verônica Ni4 TAPA 46 181 Pouteria guianensis 1 150 7,90 27 Abiurana Sapotaceae TAPA 46 182 Phillanthus nobilis 2 101 4,60 28 Aquiqui Euphorbiaceae TAPA 46 183 Sclerolobium melanocarpum 3 77 5,10 30 Taxi-vermelho Leg. Caesalpinioidea TAPA 46 184 Endopleura uchi 4 157 11,00 29 Uxi-liso Humiriaceae TAPA 47 185 Myrciaria floribunda 1 83 6,06 15 Goiabinha Myrtaceae TAPA 47 186 Trattinnickia rhoifolia 2 90 14,40 17 Breu-sucuruba Burseraceae TAPA 47 187 Terminalia dichotoma 3 175 2,60 28 Cuiarana Combretaceae TAPA 47 188 Protium puncticulatum 4 76 9,80 17 Breú-vermelho Burseraceae TAPA 48 189 Licaria brasiliensis 1 90 1,90 18 Louro-amarelo Lauraceae TAPA 48 190 Pouteria bilocularis 2 125 8,80 28 Goiabão Sapotaceae TAPA 48 191 Manilkara huberi 3 147 6,10 33 Maçaranduba Sapotaceae TAPA 48 192 Endopleura uchi 4 72 7,70 22 Uxi-liso Humiriaceae TAPA 49 193 Eschweilera coriaceae 1 61 3,60 16 Matamatá-branco Lecythidaceae TAPA 49 194 Mezilaurus itauba 2 129 1,14 25 Itaubá Lauraceae TAPA 49 195 Ni5 3 73 3,18 17 Açacu Ni5 TAPA 49 196 Iryanthera sagotiana 4 84 7,85 28 Ucuubarana Myristicaceae TAPA 50 197 Astrocaryum tucuma 1 68 4,00 17 Tucumã Palmae TAPA 50 198 Aniba canellila 2 77 1,60 18 Casca-preciosa Lauraceae TAPA 50 199 Brosimum guianensis 3 63 6,60 19 Janitá Moraceae

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Tabela 40 - Resultado do Inventário Florestal nas duas Flonas, sendo 200 árvores amostradas por flona (continua)

FLONA Ponto Árvore Espécie Unidade CAP Dist. Altura Nome Popular Família TAPA 50 200 Protium puncticulatum 4 66 6,60 15 Breú-vermelho Burseraceae TROM 1 1 Maximilliana martiana 1 78 10,78 9 Inajá Palmae TROM 1 2 Micropholis venulosa 2 69 7,49 22 Abiu rosadinho Sapotaceae TROM 1 3 Simarouba amara 3 70 8,32 14 Marupá cajarana Simaroubaceae TROM 1 4 Chrysophyllum opposittum 4 61 7,62 16 Abiu crumari Sapotaceae TROM 2 5 Unonopsis rufescens 1 67 13,88 19 Envira pindaúba Annomaceae TROM 2 6 Siparuma cuspidata 2 62 4,34 23 Capitiú Moniminaceae TROM 2 7 Eriotheca globosa 3 80 9,36 24 Munguba Bombacaceae TROM 2 8 Mezilaurus itauba 4 167 10,15 24 Itauba Lauraceae TROM 3 9 Geissospermum sericeum 1 106 10 14 Quinarana Apocynaceae TROM 3 10 Pouteria macrophylla 2 75 3,53 21 Abiu-cutute Sapotaceae TROM 3 11 Pouteria macrophylla 3 130 6,3 28 Abiu-cutute Sapotaceae TROM 3 12 Pouteria macrophylla 4 103 11,7 22 Abiu-cutute Sapotaceae TROM 4 13 Unonopsis rufescens 1 83 10,83 17 Envira pindaúba Annomaceae TROM 4 14 Ocotea aciphylla 2 78 4,45 23 Louro-cânfora Lauraceae TROM 4 15 Toulicia guianensis 3 84 8,23 21 Mucureira Sapindaceae TROM 4 16 Ni6 4 76 8,3 15 Mara-mara-branco Ni6 TROM 5 17 Dinizia excelsa 1 157 8,96 32 Angelim-pedra Leg. Minosaceae TROM 5 18 Ecclinusa guianensis 2 69 4,86 18 Abiu-coquirana Sapotaceae TROM 5 19 Eugenia sp 3 72 7,84 19 Murta Myrtaceae TROM 5 20 Dicypellium manauense 4 82 3,68 25 Louro-preto Lauraceae TROM 6 21 Astrocaryum tucuma 1 63 8,27 28 Tucumã-açu Palmae TROM 6 22 Guatteria poeppigiana 2 65 4,16 14 Envira-surucucu Annomaceae TROM 6 23 Eschweilera atropetiolata 3 67 1,8 21 Matá-matá-vermelho Lecythidaceae TROM 6 24 Trattinnickia rhoifolia 4 87 6,24 19 Breu-sucuruba Burseraceae TROM 7 25 Xilopia nitida 1 86 1,82 21 Envira-branca Annonaceae TROM 7 26 Siparuma cuspidata 2 74 2,73 21 Capitiú Moniminaceae TROM 7 27 Diospyrus praitermissa 3 187 9,48 21 Caqui Ebenaceae TROM 7 28 Guatteria poeppigiana 4 91 6,48 21 Envira-surucucu Annomaceae TROM 8 29 Trichilia quadrijuga 1 61 13,4 21 Jatuá-branco Meliaceae TROM 8 30 Parkia pendula 2 231 15,8 20 Fava-pendula Leg. Minosaceae TROM 8 31 Dicypellium manauense 3 94 11,12 21 Louro-preto Lauraceae TROM 8 32 Ocotea barcellensis 4 88 9,51 22 Louro-inhamuí Lauraceae TROM 9 33 Pouteria macrophylla 1 76 5,42 20 Abiu-cutute Sapotaceae

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Tabela 40 - Resultado do Inventário Florestal nas duas Flonas, sendo 200 árvores amostradas por flona (continua)

FLONA Ponto Árvore Espécie Unidade CAP Dist. Altura Nome Popular Família TROM 9 34 Croton trombetensis 2 65 6,84 14 Pau-de-índio Euphorbiaceae TROM 9 35 Pelthogine catingae glabra 3 94 12,9 22 Roxinho Leg. Caesalpinioidea TROM 9 36 Pouteria macrophylla 4 72 6,6 17 Abiu-cutute Sapotaceae TROM 10 37 Trattinnickia rhoifolia 1 63 6,53 15 Breu-sucuruba Burseraceae TROM 10 38 Protium heptaphyllum 2 81 12,1 15 Breu-branco Burseraceae TROM 10 39 Geissospermum sericeum 3 61 7,52 15 Quinarana Apocynaceae TROM 10 40 Trichilia quadrijuga 4 122 4,81 15 Jatuá-branco Meliaceae TROM 11 41 Acrodiclidium puchury 1 60 7,71 24 Louro-puchuri Lauraceae TROM 11 42 Ocotea myriantha 2 98 14,3 18 Louro-abacate Lauraceae TROM 11 43 Unonopsis rufescens 3 77 6,68 20 Envira pindaúba Annomaceae TROM 11 44 Eschweilera atropetiolata 4 262 4,84 32 Matá-matá-vermelho Lecythidaceae TROM 12 45 Strypnodendron sp. 1 71 6,63 20 Fava-camuze Leg. Minosaceae TROM 12 46 Protium heptaphyllum 2 95 4,49 21 Breu-branco Burseraceae TROM 12 47 Unonopsis rufescens 3 79 4,23 19 Envira pindaúba Annomaceae TROM 12 48 Myrciaria floribunda 4 66 9,35 18 Goiabinha Myrtaceae TROM 13 49 Marmaroxylon racemosum 1 99 6,45 27 Angelim-rajado Leg. Minosaceae TROM 13 50 Pouteria macrophylla 2 180 9,36 32 Abiu-cutute Sapotaceae TROM 13 51 Pouteria macrophylla 3 115 8,5 21 Abiu-cutute Sapotaceae TROM 13 52 Endopleura uchi 4 190 7,6 23 Uxi-liso Humiriaceae TROM 14 53 Cordia exaltata 1 76 10,7 53 Uruazeiro Borraginaceae TROM 14 54 Ni 2 174 12,57 28 Ni Ni TROM 14 55 Sclerolobium paraensis 3 185 9,9 27 Taxi-branco Leg. Caesalpinioidea TROM 14 56 Maquira sclerophylla 4 110 6,15 21 Muiratinga Moraceae TROM 15 57 Ormosia santaremnensis 1 134 19,36 28 Tento-vermelho Leg. Papilionoideae TROM 15 58 Hymenalobium petraeum 2 101 5,19 21 Angelim-aroeira Leg. Fabaceae TROM 15 59 Aspidosperma nitidum 3 1,93 2,77 27 Carapanauba Apocynaceae TROM 15 60 Swartzia guianensis 4 80 8,04 16 Gombeira-preta Leg. Fabaceae TROM 16 61 Duguetia echinophora 1 62 8,73 19 Envira-surucucu Annomaceae TROM 16 62 Vatairea sericea 2 138 9,91 23 Fava-amargosa Leg. Fabaceae TROM 16 63 Protium heptaphyllum 3 90 3,7 22 Breu-branco Burseraceae TROM 16 64 Sacoglottis mattogrossensis 4 94 16 25 Achuá Humiriaceae TROM 17 65 Vatairea sericea 1 105 5,8 24 Fava-amargosa Fabaceae TROM 17 66 Protium hebetatum 2 81 3,6 21 Breu-preto Burseraceae TROM 17 67 Ni7 3 85 2,75 19 Mangui Ni7

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Tabela 40 - Resultado do Inventário Florestal nas duas Flonas, sendo 200 árvores amostradas por flona (continua)

FLONA Ponto Árvore Espécie Unidade CAP Dist. Altura Nome Popular Família TROM 17 68 Pouteria macrophylla 4 90 11,73 20 Abui-cutite Sapotaceae TROM 18 69 Ocotea myriantha 1 160 4,42 22 Louro-abacate Lauraceae TROM 18 70 Aldina latifolia 2 104 4,09 26 Macucu Leg. Fabaceae TROM 18 71 Hymenalobium petraeum 3 150 4,91 27 Angelim-aroeira Leg. Fabaceae TROM 18 72 Maquira sclerophylla 4 70 10,62 21 Muiratinga Moraceae TROM 19 73 Caryocar glabrum 1 150 4,83 23 Piquiarana Caryocaraceae TROM 19 74 Virola sp1 2 60 15 18 Ucuubá-casca-de-vidro Myristicaceae TROM 19 75 Protium hebetatum 3 79 10,39 20 Breu-preto Burseraceae TROM 19 76 Trichilia quadrijuga 4 77 4,07 19 Jatuá-branco Meliaceae TROM 20 77 Luehea spiciosa 1 66 5,74 19 Açoita-cavalo Tiliaceae TROM 20 78 Claricia racemosa 2 84 1,24 22 Guariubá Moraceae TROM 20 79 Micropholis venulosa 3 97 6,9 22 Abiu rosadinho Sapotaceae TROM 20 80 Dialium guianensis 4 60 3,39 20 Jutaí-pororoca Leg. Caesalpinioidea TROM 21 81 Protium puncticulatum 1 76 9,02 19 Breu-vermelho Burseraceae TROM 21 82 Sclerolobium paraensis 2 153 4,54 27 Taxi-branco Leg. Caesalpinioidea TROM 21 83 Aldina latifolia 3 133 12,45 22 Macucu Leg. Fabaceae TROM 21 84 Byrsonia crispa 4 87 1,86 27 Murici-da-mata Malpighiaceae TROM 22 85 Goupia glabra 1 60 6,1 24 Cupiubá Celastraceae TROM 22 86 Sacoglottis mattogrossensis 2 69 5,3 21 Achuá Humiriaceae TROM 22 87 Ni8 3 78 12,38 9 Fel-de-veado Ni8 TROM 22 88 Crysophyllum prieureii 4 126 5,6 20 Abiurana-vermelha Sapotaceae TROM 23 89 Aniba cf. permollis 1 71 2,36 20 Louro-rosa Lauraceae TROM 23 90 Aldina latifolia 2 102 9,57 21 Macucu Leg. Fabaceae TROM 23 91 Ormosia santaremnensis 3 189 11,4 26 Tento-vermelho Leg. Papilionoideae TROM 23 92 Ni9 4 77 7,39 24 Turi-vermelho Ni9 TROM 24 93 Sclerolobium paraensis 1 176 5,18 30 Taxi-branco Leg. Caesalpinioidea TROM 24 94 Protium puncticulatum 2 64 10,84 22 Breu-vermelho Burseraceae TROM 24 95 Eugenia sp 3 90 12,82 22 Murta Myrtaceae TROM 24 96 Myrciaria floribunda 4 146 3,55 30 Goiabinha Myrtaceae TROM 25 97 Myrciaria floribunda 1 122 8,8 25 Goiabinha Myrtaceae TROM 25 98 Pouteria sp 2 2 109 11,78 20 Abiú-arajá Sapotaceae TROM 25 99 Parkia pendula 3 161 7 25 Fava-pendula Leg. Minosaceae TROM 25 100 Ecclinusa guianensis 4 66 8,96 24 Abiu-coquirana Sapotaceae TROM 26 101 Unonopsis rufescens 1 90 4,68 20 Envira pindaúba Annomaceae

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Tabela 40 - Resultado do Inventário Florestal nas duas Flonas, sendo 200 árvores amostradas por flona (continua)

FLONA Ponto Árvore Espécie Unidade CAP Dist. Altura Nome Popular Família TROM 26 102 Oenocarpus bacaca 2 64 3,13 17 Bacaba Palmae TROM 26 103 Maquira sclerophylla 3 96 9,56 20 Muiratinga Moraceae TROM 26 104 Duckesia verrugosa 4 115 11,1 20 Uxi-coroa Humiriaceae TROM 27 105 Micropholis venulosa 1 67 10,84 23 Abiu rosadinho Sapotaceae TROM 27 106 Dinizia excelsa 2 231 4,4 31 Angelim-pedra Leg. Minosaceae TROM 27 107 Marmaroxylon racemosum 3 69 6,31 18 Angelim-rajado Leg. Minosaceae TROM 27 108 Callophyllum brasiliensis 4 138 27,37 23 Jacareúba Clusiaceae TROM 28 109 Pouteria bilocularis 1 197 4,6 25 Goiabão Sapotaceae TROM 28 110 Aldina latifolia 2 62 5,7 20 Macucu Leg. Fabaceae TROM 28 111 Licania canescens 3 67 2,2 21 Caripé-de-vidro Chrysobalanaceae TROM 28 112 Eugenia sp 4 78 11,12 13 Murta Myrtaceae TROM 29 113 Couma utilis 1 186 13,7 28 Sorva Apocynaceae TROM 29 114 Ecclinusa guianensis 2 74 6,92 18 Abiu-coquirana Sapotaceae TROM 29 115 Iryanthera grandis 3 86 5,77 22 Ucuúba-vermelha Myristicaceae TROM 29 116 Hymenalobium petraeum 4 118 8,98 22 Angelim-aroeira Leg. Fabaceae TROM 30 117 Protium hebetatum 1 67 5 17 Breu-preto Burseraceae TROM 30 118 Toulicia guianensis 2 74 7,98 19 Mucureira Sapindaceae TROM 30 119 Marmaroxylon racemosum 3 70 12,57 17 Angelim-rajado Leg. Minosaceae TROM 30 120 Brosimum parinarioides 4 273 7,06 26 Amapá-doce Moraceae TROM 31 121 Macrolobium sp 1 126 16,27 23 Espadarana Leg. Caesalpinioidea TROM 31 122 Pseudopiptadenia psilostachya 2 270 17,66 28 Fava-timborana Leg. Minosaceae TROM 31 123 Ocotea barcellensis 3 119 12 24 Louro-inhamuí Lauraceae TROM 31 124 Pouteria sp 3 4 128 7,65 20 Abiu-casca-arrepiada Sapotaceae TROM 32 125 Pouteria campanumata 1 109 4,55 22 Abiu-amarelo Sapotaceae TROM 32 126 Sclerolobium paraensis 2 97 1,19 22 Taxi-branco Leg. Caesalpinioidea TROM 32 127 Protium hebetatum 3 102 5,91 22 Breu-preto Burseraceae TROM 32 128 Lecythis pisonis 4 81 8,42 20 Castanha-sapucaia Lecythidaceae TROM 33 129 Lecythis pisonis 1 87 5,15 18 Castanha-sapucaia Lecythidaceae TROM 33 130 Pouteria sp 2 2 60 8,03 18 Abiu-arajá Sapotaceae TROM 33 131 Marmaroxylon racemosum 3 67 2,34 18 Angelim-rajado Leg. Minosaceae TROM 33 132 Marmaroxylon racemosum 4 75 9,46 25 Angelim-rajado Leg. Minosaceae TROM 34 133 Ocotea aciphylla 1 80 7,11 24 Louro-cânfora Lauraceae TROM 34 134 Marmaroxylon racemosum 2 67 9,83 20 Angelim-rajado Leg. Minosaceae TROM 34 135 Unonopsis rufescens 3 83 13 20 Envira pindaúba Annomaceae

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Tabela 40 - Resultado do Inventário Florestal nas duas Flonas, sendo 200 árvores amostradas por flona (continua)

FLONA Ponto Árvore Espécie Unidade CAP Dist. Altura Nome Popular Família TROM 34 136 Croton trombetensis 4 74 8,15 21 Pau-de-índio Euphorbiaceae TROM 35 137 Protium hebetatum 1 77 8,98 19 Breu-preto Burseraceae TROM 35 138 Xilopia nitida 2 66 4,45 20 Envira-branca Annomaceae TROM 35 139 Micropholis venulosa 3 82 2,18 23 Abiu rosadinho Sapotaceae TROM 35 140 Chrysophyllum opposittum 4 62 4,95 13 Abiu crumari Sapotaceae TROM 36 141 Licania canescens 1 80 7,27 17 Caripé-de-vidro Chrysobalanaceae TROM 36 142 Xilopia nitida 2 85 3,96 24 Envira-branca Annomaceae TROM 36 143 Trattinnickia rhoifolia 3 100 13,6 22 Breu-sucuruba Burseraceae TROM 36 144 Cecropia palmata 4 77 5,91 17 Embaúba-branca-da-terra-firme Cecropiaceae TROM 37 145 Simarouba amara 1 156 6,91 27 Marupá cajarana Simarubaceae TROM 37 146 Eschweilera atropetiolata 2 103 4,46 27 Matá-matá-vermelho Lecythidaceae TROM 37 147 Dicypellium manauense 3 65 16,54 17 Louro-preto Lauraceae TROM 37 148 Myrciaria floribunda 4 82 4,79 23 Goiabinha Myrtaceae TROM 38 149 Tamarindus indica 1 82 4,74 19 Pororoquinha tamarindo Leg. Caesalpinioidea TROM 38 150 Brosimum parinarioides 2 130 6,94 24 Amapá-doce Moraceae TROM 38 151 Marmaroxylon racemosum 3 63 9,3 18 Angelim-rajado Leg. Minosaceae TROM 38 152 Protium puncticulatum 4 65 10,63 19 Breu-vermelho Burseraceae TROM 39 153 Myrciaria floribunda 1 123 1,64 25 Goiabinha Myrtaceae TROM 39 154 Ni10 2 73 16,6 19 Pau-de-arara Ni10 TROM 39 155 Pouteria sp 4 3 76 5,1 20 Abiu-vermelho-folha-grande Sapotaceae TROM 39 156 Pouteria sp 4 4 81 5,19 24 Abiu-vermelho-folha-grande Sapotaceae TROM 40 157 Parkia gigantocarpa 1 66 2,23 18 Fava-japacamim Leg. Minosaceae TROM 40 158 Jessenia pataua 2 68 5,44 24 Patauá Palmae TROM 40 159 Trattinnickia rhoifolia 3 127 3,56 23 Breu-sucuruba Burseraceae TROM 40 160 Pouroma guianensis 4 80 3,47 19 Embaubarana Cecropiaceae TROM 41 161 Ecclinusa guianensis 1 103 2,22 19 Abiu-coquirana Sapotaceae TROM 41 162 Tapiraca guianensis 2 77 10,1 17 Tatápiririca ou piririqueira Anacardiaceae TROM 41 163 Parkia gigantocarpa 3 99 5,45 19 Fava-japacamim Leg. Minosaceae TROM 41 164 Ecclinusa guianensis 4 82 8,03 17 Abiu-coquirana Sapotaceae TROM 42 165 Eschweilera atropetiolata 1 62 19,22 18 Matá-matá-vermelho Lecythidaceae TROM 42 166 Eschweilera atropetiolata 2 128 13 24 Matá-matá-vermelho Lecythidaceae TROM 42 167 Protium heptaphyllum 3 78 7,14 17 Breu-branco Burseraceae TROM 42 168 Catostema albuquerquei 4 87 7,08 19 Munguba Bombacaceae TROM 43 169 Myrciaria floribunda 1 93 3,47 22 Goiabinha Myrtaceae

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Tabela 40 - Resultado do Inventário Florestal nas duas Flonas, sendo 200 árvores amostradas por flona (continua)

FLONA Ponto Árvore Espécie Unidade CAP Dist. Altura Nome Popular Família TROM 43 170 Dicypellium manauense 2 114 10,5 19 Louro-preto Lauraceae TROM 43 171 Sacoglottis mattogrossensis 3 153 5,1 27 Achuá Humiriaceae TROM 43 172 Goupia glabra 4 95 9,6 20 Cupiubá Celastraceae TROM 44 173 Pouteria macrophylla 1 82 4,23 26 Abiu-cutite Sapotaceae TROM 44 174 Pouteria sp 2 2 71 4,25 20 Abiu-arajá Sapotaceae TROM 44 175 Pouteria sp 2 3 102 2,12 20 Abiu-arajá Sapotaceae TROM 44 176 Myrciaria floribunda 4 1,37 2,7 22 Goiabinha Myrtaceae TROM 45 177 Pouteria campanumata 1 68 5,87 27 Abiu-amarelo Sapotaceae TROM 45 178 Pouteria sp 2 2 89 8,36 20 Abiu-arajá Sapotaceae TROM 45 179 Enterolobium schomburgkii 3 248 4,44 27 Fava-de-rosca Leg. Minosaceae TROM 45 180 Mezilaurus itauba 4 154 10,93 23 Itauba Lauraceae TROM 46 181 Pradosia prealta 1 156 11,24 25 Casca-doce Sapotaceae TROM 46 182 Mezilaurus itauba 2 222 3,58 24 Itauba Lauraceae TROM 46 183 Pouteria sp 2 3 68 3,46 24 Abiu-arajá Sapotaceae TROM 46 184 Aldina latifolia 4 101 6,59 23 Macucu Leg. Fabaceae TROM 47 185 Virola sp 2 1 78 4,92 19 Ucuúba Miristicaceae TROM 47 186 Swartzia polyphylla 2 66 6,08 16 Gombeira Leg. Papilionoideae TROM 47 187 Pouteria sp 5 3 74 3,45 19 Abiu-cascudo Sapotaceae TROM 47 188 Pseudopiptadenia psilostachya 4 177 6,29 25 Fava-timborana Leg. Minosaceae TROM 48 189 Eschweilera atropetiolata 1 94 9,51 18 Matá-matá-vermelho Lecythidaceae TROM 48 190 Pouteria campanumata 2 127 5,62 22 Abiu-amarelo Sapotaceae TROM 48 191 Simarouba amara 3 146 12 27 Marupá cajarana Simaroubaceae TROM 48 192 Protium hebetatum 4 62 3,98 19 Breu-preto Burseraceae TROM 49 193 Sclerolobium melanocarpum 1 75 7,57 18 Taxi-vermelho Leg. Caesalpinioidea TROM 49 194 Pouteria campanumata 2 71 4,03 22 Abiu-amarelo Sapotaceae TROM 49 195 Vatairea sericea 3 183 0,7 32 Fava-amargosa Leg. Fabaceae TROM 49 196 Maquira sp 4 100 4,08 27 Muiratinga-preta Moraceae TROM 50 197 Endopleura uchi 1 123 6,13 22 Uxi-liso Humiriaceae TROM 50 198 Pelthogine catingae glabra 2 134 11,73 31 Roxinho Leg. Caesalpinioidea TROM 50 199 Marmaroxylon racemosum 3 93 2,39 20 Angelim-rajado Leg. Minosaceae TROM 50 200 Manilkara paraensis 4 91 20,6 24 Maparajuba Sapotaceae

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Tabela 41– Protocolo utilizado para sistematizar a coleta de dados e facilitar a criação do banco de dados para o SAS

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Com o mesmo esforço

amostral de 800 km por flona

Método de Estimativa da Densidade Populacional através dos Trajeto Lineares

A Hipótese (H0): A densidade de

primatas nas duas flonas é semelhante.

Foi testada usando o

R E S U L T O U

E M:

Floresta Nacional do Tapajós: (600,000 ha; ao sul do Rio Amazonas)

Cebus apella (n = 41; −

x = 4,7; D = 89)

Chiropotes albinasus (n = 9; −

x = 10,3; D = 10)

Alouatta discolor (n = 48; −

x = 4,8; D = 96)

Ateles marginatus (n = 8; −

x = 6,2; D = 18)

Callitrix argentata (n = 14; −

x = 4,3; D =12)

Cobertura da Copa = 88%

Floresta Nacional de Saracá-Taquera: (429, 600 ha; ao norte do Rio Amazonas)

Cebus apella (n = 58; −

x = 7,8; D = 57)

Chiropotes satanas (n = 34; −

x = 13,2; D = 39) Alouatta seniculus (n = 51;

x = 4,0; D = 46) Ateles paniscus (n = 34;

x = 2,6; D = 23) Saguinus martinsi (n = 72;

x = 4,9; D = 86 ) Cobertura da Copa = 94%

Eqüidistantes 240 Km de barco

n= número de detecções; −

x = média de indivíduos por grupo; D = densidade = número de indivíduos por Km².

Pressão Antrópica

2500 comunitários

10.500 Comunitários

Figura 94 - R E S U M O G R Á F I C O

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