ESTUDOS DE PREÇOS MÍNIMOS

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ESTUDOS DE PREÇOS MÍNIMOS PRODUTOS DE INVERNO, REGIONAIS E CAFÉ SAFRA 2008 - 2009 1

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PRODUTOS DE INVERNO, REGIONAIS E CAFÉ

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ESTUDOS DE

PREÇOS MÍNIMOS

PRODUTOS DE INVERNO,

REGIONAIS

E CAFÉ

SAFRA 2008 - 2009

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SUMÁRIO

Ítens Produtos Página

1 Apresentação 3

2 Metodologia para Fixação dos Preços Mínimos 4

3 Síntese das Propostas de Preços Mínimos 12

4 Parâmetros para Elaboração (Tabela) 14

5 Alho 16

6 Café 23

7 Castanha de Caju 45

8 Casulo de Seda 56

9 Cera de Carnaúba 61

10 Girassol 70

11 Mamona 78

12 Sisal 88

13 Cereais de Inverno 96

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APRESENTAÇÃO

Dentre as atividades da Conab, instituídas pelo Art. 6º. Do Decreto no. 4.514, de13/12/2002, estão as de planejar, normatizar e executar a Política de Garantia de PreçosMínimos (PGPM) e participar da formulação da Política Agrícola do Governo Federal.

Neste sentido, em função da data em que se inicia o plantio dos produtosamparados pela PGPM e, em obediência ao Decreto Lei no. 79, de 19/12/1966, a Companhiaelabora a Proposta de Preços Mínimos, para a safra específica.

Com relação às datas para preparar desse tipo de estudo, até a safra 2007/08era feito em quatro momentos distintos: da safra de verão, onde eram inclusos os produtosregionais; safra de inverno; uva industrial e café. De certa forma, havia um desajuste uma vezque, fora os produtos da safra de verão que se vinculavam ao lançamento do Plano SafraAnual, os estudos dos demais produtos não previam datas certas para suas elaborações.Outra questão de grande relevância dizia respeito ao pouco tempo que os decisores públicostinham para cumprir toda a formalidade legal, resultando em vários casos de perda dosprazos.

Assim, a partir da safra 2008/09, a Conab resolveu ajustar as suas atividadesinternas, programando a elaboração das Propostas de Preços Mínimos em apenas doismomentos: o primeiro para os produtos que entram em vigor no segundo semestre do ano(produtos regionais e cereais de inverno), exceto leite e, um segundo estudo com os produtosque têm suas operações iniciadas no primeiro semestre do ano (safra de verão, uva industriale café). O leite, para acompanhar os principais insumos de ração, também foi incluído nestesegundo momento. Espera-se que as mudanças propostas tragam mais efetividade nacondução da Política de Preços Mínimos com os produtos sendo atendidos nos momentosaprazados.

A presente proposta refere-se aos produtos de safra de inverno e regionais,tendo sido incluso também o café, um vez que seu estudo era feito fora de época, não sendopossível, portanto, aguardar ate a próxima elaboração da proposta para os produtos queentram em vigor no primeiro semestre do ano.

Sílvio Isopo PortoDiretoria de Logística e Gestão Empresarial

Diretor

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METODOLOGIA PARA FIXAÇÃO DOS PREÇOS MÍNIMOS

Paulo Morceli

1 – INTRODUÇÃO

Os países de economia agrícola importante, ou que tenham maiorespreocupações com segurança alimentar, normalmente são detentores de políticas bemestruturadas, para protegerem seu setor da economia, e apresentam as seguintesjustificativas para explicar seu protecionismo à atividade:

a) é produtora das matérias-primas fundamentais para o setor industrial urbano e,especialmente, para alimentação de humanos e de animais;

b) é muito vulnerável a riscos – climáticos, pois a maior parte da atividade é desenvolvida “acéu aberto” não tendo como se proteger de chuvas em excesso e/ou da falta dela; depragas por operar com seres vivos suscetíveis à doenças que podem trazer gravesprejuízos à produção e; de preços, pois, o produtor tem, praticamente, uma únicaoportunidade de plantar e, após ter semeado a terra, se ocorrer mudanças no mercado,não terá como modificar sua intenção inicial, época de colheita e a quantidade a serproduzida.

Como meio de mitigar os riscos de uma atividade essencial para a sobrevivênciahumana, as sociedades modernas e mais desenvolvidas implementaram instrumentos deapoio, dando segurança à produção. Principalmente na Europa, Estados Unidos da América,Canadá e Japão, as políticas agrícolas implementadas foram sempre bastante protecionistas.Com o advento da criação da Organização Mundial do Comércio (OMC), em busca de ummaior volume de transações comerciais e para que os países em desenvolvimento nãotivessem que competir com os poderosos tesouros dos países desenvolvidos, a ação daspolíticas agropecuárias, principalmente aquelas que inibem o comércio internacional, têm sidocondenadas e aos poucos vão sendo minimizadas.

No caso brasileiro, pode-se dizer que o início das políticas de apoio ao setoragrícola se deu com o Convênio de Taubaté, assinado entre os governos de São Paulo, MinasGerais e Rio de Janeiro, posteriormente ratificado pelo Governo Federal. Em 1906 fixava opreço mínimo em 32$000 por saco de café tipo 7, financiado por uma dívida externa de 15milhões de libras esterlinas, que deveria ser paga por um imposto de 3 francos por saca decafé exportado. Após esse Convênio, vários outros vieram na tentativa de dar suporte aoproduto.

2 – BASE LEGAL

2.1 - Histórico

No caso específico dos grãos, a origem da política de apoio à comercializaçãodeu-se com a criação, em 1943, da Comissão de Financiamento da Produção (CFP), pelo60.000/054 4

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Decreto-Lei nº 5.212, de 21 de janeiro de 1943, sem precisar as atribuições do órgão, e nãodefinindo sua competência que seria a de “traçar os planos financeiros relativos à produção deinteresse à defesa econômica e militar do país”,

Foi somente pelo Decreto nº 7.774, de 24/07/1945, que o Governo estabeleceu,pela primeira vez, preços mínimos para o amendoim, arroz, feijão, girassol, milho e soja, masnão teve execução. Com a edição da Lei nº 1.506, de 19/12/1951, ocorreu a efetivaimplementação da Política Garantia de Preços Mínimos no Brasil, estabelecendo, inclusive, osseguintes princípios de orientação:

a) que os preços mínimos seriam estabelecidos anualmente “com antecedência mínima detrês meses do ano agrícola, marcado pela época da semeadura”;

b) os preços mínimos só eram usados como valor de referência para financiamento eaquisição do Governo Federal;

c) eram estabelecidos nos portos de embarque e grandes centros de consumo, deduzindodo produtor, as despesas com transporte de sua localidade até o ponto em que secontrata a operação;

d) os beneficiários da política foram definidos genericamente, como “de preferência, osprodutores ou suas cooperativas”;

e) foi criada uma linha de crédito especial, em condições bastante favoráveis, para financiarconstrução de armazéns (juros de 6% a.a. e prazo de resgate entre 10 e 25 anos).

O início da década de 1960 foi marcado por uma fase aguda de crise noabastecimento de produtos agrícolas, principalmente decorrente das pequenas safras. Algunsanalistas atribuem tal fato à perda de competitividade do setor primário, frente ao crescente eacelerado processo de industrialização que se deu na ocasião. Para compensar ou reverteresse quadro, o Governo Federal criou vários instrumentos legais. É desta época a criação daCompanhia Brasileira de Alimentos (Cobal) e da Companhia Brasileira de Armazenagem(Cibrazem), com as missões de introduzir novos sistemas de comercialização de atacado evarejo e de gerir e prestar serviços na área de armazenagem, ambos visando a modernizaçãodo setor.

Na política de garantia de preços é importante ressaltar a edição da LeiDelegada nº 02, de 26/09/1962, regulamentada pelo Decreto nº 51.673, de 18/01/1963, quetraz as seguintes inovações:

a) a garantia de preços mínimos é atribuída exclusivamente a produtores rurais e suascooperativas;

b) estabelece que os preços mínimos são líquidos e que as despesas de beneficiamento,acondicionamento e transporte dos produtos agrícolas são de responsabilidade da CFP;

c) fixa o limite de 80% do preço mínimo para financiamento de produtos sob penhormercantil;

d) estipula que o preço de garantia para cultura perene será fixado, tomando-se por base “oinício do período agrícola respectivo”;

e) mantém a obrigatoriedade de fixação de preços antes do plantio e, bem assim, o sistemade zoneamento dos preços fixados para os portos de embarque e centros de consumo.

Entretanto, os beneficiadores e intermediários eram detentores de boa parte dediversos equipamentos de comercialização (capacidade de beneficiamento, armazenamento,transporte, etc) e reagiram contrários à exclusividade dos produtores de modo que, pela Lei nº

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4.303, de 23/12/1963, voltaram a ser beneficiários pelo prazo de um ano, desde quecolocassem parte de seus equipamentos à disposição dos produtores rurais. Posteriormente,pelo Decreto nº 57.391, de 07/12/1965, esta extensão se torna definitiva sendo que acontrapartida seria a obrigatoriedade de que pagassem pelo menos o preço mínimo pelamatéria-prima bruta adquirida do produtor.

2.2 - Atual

Atualmente, deve-se dar destaque especial ao Estatuto da Terra, criado pela Lein° 4.504, de 30/11/1964, que em seu art. 85 estabelece:

“a fixação dos preços mínimos, de acordo com a essencialidade dos produtosagropecuários, visando aos mercados interno e externo, deverá ser feita, no mínimo,60 dias antes da época do plantio em cada região e reajustados, na época da venda,de acordo com os índices de correção fixados pelo Conselho Nacional de Economia”;

define no seu § 1° que “para fixação do preço mínimo se tomará por base o custoefetivo da produção, acrescido das despesas de transporte para o mercado maispróximo e da margem de lucro do produtor, que não poderá ser inferior a trinta porcento;

e no § 2º decide que “as despesas do armazenamento, expurgo, conservação eembalagem dos produtos agrícolas correrão por conta do órgão executor da políticade garantia de preços mínimos, não sendo dedutíveis do total a ser pago ao produtor.

Já o Decreto-Lei n° 79, de 19/12/1966, veio para modernizá-lo, tratando no seu caput, da instituição das normas para a fixação de preços mínimos e execução das operações de financiamento e aquisição de produtos agropecuários, entre outras providências:

define no seu art. 1º que “A União garantirá os preços dos produtos das atividadesagrícola, pecuária ou extrativa, que forem fixados de acôrdo com êste Decreto-lei”

estabelece o art. 2º que a garantia de preços é exclusiva para os produtores e suascooperativaso artigo 5° trata da metodologia de cálculo. Define que “os preços básicos serãofixados por Decreto do Poder Executivo, levando em conta os diversos fatôres queinfluam nas cotações dos mercados, interno e externo, os custos de transporte até oscentros de consumo e portes de escoamento.”

Entre a edição do Estatuto da Terra e os dias de hoje, o sistema econômiconacional e internacional tiveram grandes modificações, exigindo da Administração Públicamais cuidado na definição, aprovação e execução dos programas de apoio à comercialização.Este Decreto Lei, editado apenas dois anos depois e há já 40 anos, mostra-se ainda, mais deacordo com a abertura de mercado, promovida nos últimos tempos, ao estabelecer em seuArt. 5º que, além dos custos de produção, é importante considerar outros fatores na fixaçãodos preços mínimos, de forma que permita aos produtores nacionais sua integração com osconsumidores nacionais e internacionais.

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Cabe salientar que até 1985 os recursos das operações da PGPM eram daConta Movimento do Banco do Brasil, mantida pelo Banco Central do Brasil, em nome doTesouro Nacional, quando os recursos públicos eram utilizados sem qualquer previsão. Comoessa prática era altamente inflacionária (fácil ver nas estatísticas disponíveis), o Brasil passoua utilizar o Orçamento Geral da União, com todas as receitas e despesas passando a serprogramadas e operadas dentro de limites previamente estabelecidos. Mais recentemente, em2000, com a edição da Lei de Responsabilidade Fiscal, foi imposto maior comprometimentopor parte dos administradores públicos, que passaram a gastar somente os recursos orçadose dentro dos limites estipulados.

No mercado internacional, as duas grandes mudanças foram a concretização daRodada do Uruguai e a criação do Mercosul. Com o fim da Rodada, e a criação daOrganização Mundial do Comércio (OMC), foram impostas regras mais claras ao comérciointernacional, modificando as relações internas de produção, especialmente aquelas de apoiointerno, de modo que um país não pode mais subsidiar indefinidamente um produto se issoimpedir a entrada da produção de terceiros países. No caso do Mercosul, os países queintegram o bloco podem comercializar seus produtos livres de impostos e taxas de importaçãonas não podem ter apoios desmedidos que impeçam ou dificultam a produção do outro paísmembro.

3 - PROCEDIMENTOS OBSERVADOS NA FIXAÇÃO DOS PREÇOS MÍNIMOS

A Conab elabora sua proposta de preços mínimos, levando em conta todos osfatores relevantes previstos no artigo 5°, do Decreto-lei n° 79/1966. Os custos de produçãosempre fizeram parte dos parâmetros utilizados como base, já que o Governo Federal tem porprincípio o suporte à atividade agropecuária, propiciando condições de manter o produtor naatividade. Entretanto, os demais parâmetros de mercado interno e externo devem ser levadosem consideração para que o preço mínimo do produto não fique exageradamente alto,impedindo a comercialização pela iniciativa privada e gerando pesados subsídios bancadospela sociedade brasileira. Não pode, também, ser demasiadamente baixo para que não geredesestímulo à produção, dificultando o abastecimento interno e externo.

3.1- Parâmetros utilizados

Em estreita observância ao contido no Decreto-Lei 79/1966, a Conab elabora aspropostas de preços mínimos, utilizando-se dos seguintes parâmetros:

a) Custo de produção: normalmente, utiliza-se o custo variável de produção,obedecendo à metodologia da Conab, devidamente publicada. Enquadram-se os itens decusteio, as despesas de pós-colheita e as despesas financeiras. No planejamento depolítica econômica adotada para cada produto, os custos variáveis desempenham papelcrucial na definição do limite inferior do intervalo, dentro do qual o preço mínimo devevariar, constituindo-se, no curto prazo, numa condição necessária para que o produtorcontinue na atividade.

b) Preço ao produtor: os analistas de mercado da Conab fazem o acompanhamentodiuturno dos preços recebidos pelos produtores e, na proposta fazem a comparação dos

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mesmos em termos de média anual e do último mês, procurando, sempre, que os preçosmínimos sejam fixados em patamares que não provoquem grandes elevações ou retrações.

c) Preço no atacado: é avaliado neste nível de mercado os preços médios que forampraticados no ano anterior, nos meses de janeiro a dezembro, e no mês de janeiro. Aseguir, são tomados os preços mínimos, atual e proposto, e é feita a composição de custoaté chegar a esse mercado. Busca-se, com isso, identificar se eventualmente os preçosmínimos não estariam proporcionando um produto com custos não suportável pelomercado e, ao contrário, se eventualmente a proposta de preços mínimos não estariadefasada em relação ao que está ocorrendo no mercado.

d) Preços de paridade: são estimativas que medem o nível de interdependência depreços do produto nacional frente às ofertas ou demandas internacionais. São testados osefeitos das cotações internacionais em dois níveis de mercado – no atacado e aoprodutor. Nesses dois mercados, de acordo com o perfil de comércio do produto são feitasas paridades dos preços em relação à importação ou exportação, de modo que:1) importação: são calculados os custos de importação para os produtos

em que o Brasil se abastece ou complementa sua oferta com produtos de outrospaíses. Verifica-se quanto custa importar o produto de terceiros mercados ou doMercosul, colocando-o ao nível de produtor (para que ocorra a comparação com opreço que ele está recebendo) e no atacado (para comparação com o preço que estásendo praticado nesse mercado). Busca saber, principalmente, se estes mercadosestão ou não em processo de ataque especulativo, ou seja, com custos ou preçosinternos acima do de importação;

2) de exportação: aplicado aos produtos onde o Brasil é fornecedor domercado internacional onde é testado o custo de exportação do produto nacional combase nos preços a partir dos produtores e do atacado, visando identificar se,eventualmente, o produto está gravoso, dificultando, ou até mesmo, impedindo a suaexportação.

3.2 - Procedimentos operacionais

Para a efetiva fixação e execução dos preços mínimos, a Conab e os demaisórgãos públicos envolvidos seguem ritual descrito a seguir:

a) seguindo o rito próprio do orçamento, em maio do ano anterior, a Conab fez sua propostaorçamentária para aplicação nas atividades de apoio à comercialização dos produtos quecompõem a pauta da Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM), compostaatualmente de 40 produtos;

b) a Conab, com base em preços observados, estudos de mercado e custos de produção, faza proposta de Preços Mínimos para os produtos que compõem a PGPM;

c) esta proposta é analisada e debatida na Secretaria de Política Agrícola (SPA), do Ministérioda Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), para que seja ajustada aos objetivos daPolítica Agropecuária, para a próxima safra;

d) o Mapa amplia as discussões depois dos ajustes internos, envolvendo o Ministério daFazenda e o Ministério do Planejamento e Orçamento, vez que o principal objetivo élevantar as condições econômico-financeiras de sua execução;

e) o resultado das discussões é traduzido em Voto do Conselho Monetário Nacional (CMN), jáque a execução da proposta implica em questões monetárias e que após análise dos

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Conselheiros é aprovado;

f) após a aprovação pelo voto do CMN, é gerado um Decreto que, sancionado pelo Presidenteda República, tornam efetivas as propostas da Conab, ou as modificações delasdecorrentes, após os ajustes por parte de todos os órgãos envolvidos;

g) a Conab transforma as decisões aprovadas pelo CNM e pela Presidência da República emNormas Específicas do Manual de Operações da Conab (MOC), publicando-as no DiárioOficial da União, disponibilizando para os agentes financeiros integrados ao SistemaNacional de Crédito Rural (SNCR), bem como disponibilizando no site www.conab.gov.br,para conhecimento público em geral;

h) mensalmente as Superintendências Regionais da Conab, de acordo com oacompanhamento que é feito nos locais de produção, indicam as demandas de recursospara Aquisições do Governo Federal (AGF), informando o volume de produtos comindícios que levaram a venda ao Governo, o volume de recursos necessários e os preçosde mercado que estão sendo praticados naquela localidade;

k) são feitas reuniões internas e posteriormente com o Mapa, oportunidade em que sãodiscutidos os volumes de recursos e disponibilidades frente ao orçamento aprovado peloCongresso Nacional, na rubrica Operações Oficiais de Créditos, com a liberação dosvalores necessários e possíveis, para as operações de aquisições e demais apoios àcomercialização;

l) com os recursos disponíveis e liberados, são feitas as operações de aquisições pelasSuperintendências Regionais da Conab, no presente caso, com a sede em Curitiba – PR.As ações desenvolvidas pelos empregados da Empresa no processo de levantamento dedados, processamento da aquisição e controle, são normalizadas no documento “Normasda Organização – Aquisição do Governo Federal – AGF – Código 30.105”.

4 – INSTRUMENTOS DE APOIO À COMERCIALIZAÇÃO

A PGPM foi criada para dar suporte ao produtor em situações de dificuldades,quando os preços de mercado caíam a níveis que induziam a prejuízos. Entretanto, não éaceitável que em sua execução o Governo venha a monopolizar a comercialização agrícola. Ésempre necessário dar espaço para que a livre iniciativa tenha condições de operarcomprando os produtos agrícolas, fazendo o seu beneficiamento e vendendo normalmente. OGoverno deve ser visto como um agente que só poderá ser acionado em momentos de reaisdificuldades para o setor, saindo do mercado sempre que as condições estiveremrecuperadas. Os agentes realmente importantes e necessários para o mercado são osempresários da iniciativa privada, responsáveis, de fato, pelo movimento do produto nomercado.

Por outro lado, todo produto que o Governo adquire deve retornar ao mercado nomomento seguinte e com os preços de compra compatíveis com os do mercado normal. Casocontrário, o Governo só retornaria mediante pesados subsídios. Como os recursos para pagaros déficits orçamentários são obtidos por meio de impostos, ou financiamentos públicos comjuros elevados, a ajuda a um grupo de produtores poderia estar prejudicando toda asociedade, no caso de aporte elevado de subsídios.

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Os primeiros instrumentos criados para atender a Política Agrícola foram aAquisição do Governo Federal – AGF e o Empréstimo do Governo Federal EGF. No casoda AGF, inicialmente poderia ocorrer de dois modos – direta, quando o produtor decidiavender sua mercadoria diretamente ao Governo com base no preço mínimo, e, indiretaquando passava, primeiramente por um EGF. O EGF originalmente podia ser contraído,também, de duas formas – com e sem opção de venda. Se o produtor fizesse um empréstimoCOV, dando seu produto em garantia e, se eventualmente o mercado não recuperasse aoponto de pagar o valor do empréstimo e dos encargos financeiros, o produto era transferidopara o Governo Federal, por um AGF indireto, e a dívida quitada. Já no caso do EGF semopção de venda, o produtor era sempre obrigado, ao final do período do empréstimo, quitar odébito e retirar a mercadoria penhorada.

Com as modificações recentes nas políticas fiscal e monetária, os instrumentosde política agrícola, criados e aperfeiçoados originalmente nas décadas de 1950 e 1960,tiveram importantes ajustes. Assim, o EGF deixou de ter a opção de venda, passando a ser,apenas, um instrumento de financiamento e, inclusive, passando o risco da operação para oagente financeiro e, o AGF só pode ser concretizado na modalidade de compras direta. Alémdisso, obrigou-se à imposição de limites de quantidade e à sujeição da PGPM aos limitesimpostos pelo Orçamento Oficial de Crédito. Até 1985 o Banco do Brasil S/A, operador oficialdo crédito rural, tinha uma conta em aberto no Banco Central do Brasil e “sacava” o que fossenecessário para a execução da PGPM e no final do ano, procedia a transferência de tudo parao Tesouro Nacional, fato que deixou de existir, desde então.

Com a criação do Mercosul e da Organização Mundial do Comércio (OMC), oBrasil foi obrigado a ajustar seus mecanismos universais, tornando-os mais seletivos. Nestesentido, foi criado o Contrato de Opção Pública de Venda, onde o Governo tem aprerrogativa de escolher o local, a data, a qualidade, o tipo de produto e fixar um preçodiferenciado para a aquisição de produtos agrícolas que compõem a pauta da PGPM. Agrande vantagem desse instrumento, em relação ao AGF, é o fato de que o Governo Federaltem maior controle sobre todas as fases da operação. Para o produtor isto trouxe algumasdificuldades adicionais, pois a operação só pode ser feita por meio de bolsas de mercadorias,sendo que, para adquirir o direito de entregar o produto ao Governo, o agricultor deverá pagarum prêmio, a comissão de corretagem e o registro do contrato. Contudo, como o Contrato deOpção de Venda funciona como um seguro de preços que dá ao produtor rural e/ou suacooperativa o direito, mas não a obrigação, de vender seu produto para o Governo Federal,numa data futura, a um preço previamente fixado, deixou a ele um espaço maior para atomada de decisão e, muitas vezes, beneficiar-se das recuperações dos preços de mercado.

Outro instrumento na linha da modernização da atuação da PGPM é o Prêmiopara Escoamento de Produtos – PEP. Este instrumento, criado sob o amparo das Leis nºs8.427, de 27/05/1992 e 9.848, de 26/10/1999, permite que o Governo Federal dê umasubvenção econômica (prêmio) àquele que se dispuser a adquirir o produto indicado peloGoverno, diretamente do produtor rural e/ou sua cooperativa, pelo valor de referência fixado,promovendo o seu escoamento para a região de consumo, previamente estabelecida. Comesse instrumento, o Governo consegue fazer com que um volume maior de produtos sejaapoiado com menor volume de recursos financeiros, pois a ação dos recursos públicos ocorre,apenas, no valor da subvenção. No caso do trigo é muito utilizada, pois faz com que osmoinhos do Nordeste levem o produto colhido no Sul do Brasil, para aquela Região deconsumo, ao invés de importá-lo da Argentina.

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Com a edição da Lei nº 11.076, de 30/12/2004, foi possível criar mais trêsinstrumentos de grande importância para a política agrícola. O Prêmio de Risco paraAquisição de Produtos Agropecuários Oriundo de Contrato Privado de Opção deVenda- Prop tem sua similaridade com o Contrato de Opção Pública de Venda e com oPrêmio de Escoamento de Produto. O contrato de opção público visava a formação deestoques por parte do Governo Federal, ou seja, se o preço não reagisse o Governo Federalrecebia a mercadoria e fazia o pagamento ao produtor, formando estoques. Já o PEP é dadopara que o produto desloque dos centros de produção para os de consumo. No presentecaso, em primeiro lugar, há o interesse em que a mercadoria saia da zona de produção para ade consumo, de modo que é feito um leilão de prêmio sendo beneficiadas as indústrias. Aseguir é feito um segundo leilão onde o produtor se credencia no direito, mas não naobrigação de vender sua produção a uma das indústrias que foi selecionada para receber oprêmio. Com isso, consegue-se que o industrial pague o preço mínimo em momento demercados baixos, e que ocorra o deslocamento da produção, com volume de recursossignificativamente menor do que se feita a aquisição de Governo, a remoção e venda futuras.

A Oferta de Prêmio Equalizador pago ao Produtor Rural e/ou suaCooperativa – Pepro é similar ao PEP, a diferença é que o beneficiário do prêmio não é maiso consumidor, ou seja, a indústria, e sim o produtor rural.

Finalmente, o mercado de soja viveu um de seus piores momentos nos anos de2004 e 2005. Para ter condições de recuperação, o Governo Federal criou a Oferta dePrêmio para Equalização do Valor de Referência da Soja em Grãos – Pesoja, sendo umprêmio dado ao industrial, exportador ou comerciante que adquirisse o produto na zona deprodução ao preço de referência fixado, fazendo o seu escoamento.

Deve-se, ressaltar, finalmente, que a partir da safra 2004/05, o EGF passou a serapenas sem opção de venda, sendo, portanto, guinado à categoria de instrumento definanciamento e não mais de apoio à comercialização. Desta forma, todas as normas queregem a matéria deixaram de ser editadas pela Conab e passaram a fazer parte dosinstrumentos do SNCR, editado pelo Banco Central do Brasil.

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SINTESE DAS PROPOSTAS DE PREÇOS MÍNIMOS

Na elaboração dos parâmetros para fixação dos preços mínimos dos produtos deinverno, regionais e café para a safra 2008/09, mostrados na tabela apensa, foram utilizadosos seguintes dados:

a) Parâmetros macroeconômicos: taxa de câmbio: R$ 1,75/US$, taxa de crescimento doPIB em 5% ao ano, taxa de inflação em 4,5% ao ano e taxa Selic em 11% ao ano;

b) custos de produção: calculados em novembro de 2006 e 2007, sendo representativospara as safras 2007/08 e 2008/09, respectivamente, apresentando, também, o cálculopercentual de incremento;

b) preços ao produtor: com o cálculo da média mensal no período de janeiro a dezembro de2007 e janeiro de 2008;

c) preços mínimos: são indicados os preços mínimos em vigor para a safra 2007/08, aproposta da Conab para a safra 2008/09 e o incremento resultante;

d) preços no atacado: na principal praça de comercialização, indicada no rodapé do quadro,daquele produto específico, onde se tem os seguintes detalhes:d.1) Preço mínimo composto: é tomado o preço mínimo (em vigor e proposto),

incorporando todos os custos, levando-o até o atacado;d.2) média de mercado: são as médias observadas no mercado atacadista, para o período

de janeiro a dezembro de 2007 e janeiro de 2008;

e) preços de paridade: podendo ser:e.1) no atacado: onde são comparados os custos de importação (CIF importação) ou de

exportação (FOB exportação);e.2) ao produtor: onde são comparados os custos posto ao produtor, sendo CIF

importação, quando o Brasil é importador e FOB exportação, quando é exportador.

Na formatação da presente proposta, foram trabalhados os seguintespressupostos básicos:

1) a Conab não proporá redução de preços mínimos para nenhum produto que faz parte daPauta da Política de Garantia de Preços Mínimos, pois os custos de produção voltaram adar sinais de elevação, mesmo com a taxa de câmbio em baixa e, se a decisão de reduzí-los for tomada, fatalmente ocorrerá casos, em curto espaço de tempo, em que os preçosmínimos ficarão abaixo dos custos de produção;

2) para os produtos em que os custos variáveis de produção estejam superiores aos preçosmínimos, propõe-se as suas elevações equiparando-os; em alguns casos, como se

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observa uma distância muito grande entre o preço mínimo e o custo de produção, foiproposta a elevação percentual, ocorrida com os custos.

Sinteticamente, a proposta de preços mínimos para a presente safra é resumidada seguinte forma:

a) ALHO: mesmo ficando abaixo do custo variável de produção, propõe-se dar umaelevação de apenas 10% nos preços mínimos.

b) CAFÉ: dar os reajustes nos preços mínimos, ancorando-os aos custos variáveis deprodução, mesmo que isso signifique aumento substancial como é o caso do robustaque passa de R$ 89,00 para R$ 136,00 por saca. Vale lembrar que os preçosmínimos estavam defasados em relação ao custo de produção, daí o aumento empercentual elevado.

c) CARNAÚBA: manter a equiparação dos preços mínimos com os custos de produção,já que o mercado respalda tal proposta. Adicionalmente está sendo proposta areinclusão do pó cerífero no AGF, em consonância com o Programa de Apoio àComercialização de Produtos do Agroextrativismo, em discussão no GovernoFederal.

d) CASTANHA DE CAJÚ: mesmo com a redução dos custos de produção, mantêm-seos preços mínimos nos valores da safra passada.

e) CASULO DE SEDA: propõe-se dar reajuste apenas no que corresponde ao aumentode custo, pois o mercado não suportaria elevação ao nível do custo de produção.

f) GIRASSOL: a proposta é igualar o preço mínimo ao custo de produção.

g) GUARANÁ: a proposta é a elevação dos preços mínimos ao correspondente custo deprodução.

h) MAMONA: fixar ao nível do custo de produção.

i) SISAL: a despeito de pequena queda nos custos de produção, a proposta é manternos mesmos níveis do ano passado.

j) TRIGO: propõe-se para as duas regiões produtoras que os preços mínimos sejamiguais aos custos de produção.

60.000/054 13

Page 14: ESTUDOS DE PREÇOS MÍNIMOS

14

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA

Companhia Nacional de Abastecimento - Conab

PREÇOS DE PARIDADE

PREÇOS MÍNIMOS 2008/2009PARÂMETROS PARA ELABORAÇÃO DAS PROPOSTAS, EM REAIS POR UNIDADE

PRODUTO REGIONAL

INS

T.

PG

PM

UN

IDA

DE

CUSTO PREÇOPREÇO MÍNIMO

PRODUTOR ATACADO PRODUTORPRODUTO REGIONAL

INS

T.

PG

PM

UN

IDA

DE PREÇO MÍNIMO

PRODUTOR ATACADO PRODUTOR

VARIAVELEM VIGOR PROPOSTO

MÉDIA Var. CIF FOB CIF FOB

07/08 08/09 Var. % ANUAL ATUAL % Import Export Import Export

CAFÉ (Brasil)

Arábica EGF 60 kg 176,36 188,83 7,07 242,91 242,01 157,00 188,00 19,75 - 282,57 - 268,81

Robusta EGF 60 kg 110,00 136,00 23,64 201,28 209,00 89,00 136,00 52,81 - - - -

CARNAÚBA

Pó Cerífero T B AGF/EGF kg 2,27 2,32 2,20 3,35 4,16 2,27 2,32 2,2 - - - -

Cêra - Tipo 4 AGF/EGF kg 3,92 4,00 2,04 6,30 6,11 3,92 4,00 2,0 - 9,57 - 7,39

CASTANHA DE CAJÚ

Norte e Nordeste EGF Kg 1,20 1,14 (5,00) 0,94 1,03 1,20 1,20 0,00 - 9,65 - 1,15

CASULO DE SEDA

PR e SP EGF kg 5,45 6,29 15,41 5,58 5,62 4,31 4,97 15,31 - 5,15 - 4,27

GIRASSOL (S/SE/CO) EGF 60 Kg 17,20 18,68 8,60 28,01 31,15 17,61 18,68 6,08 65,42 70,10 - -

GUARANÁ (N, NE e CO)

Tipo 1 (*) EGF kg 5,86 7,52 28,33 9,13 10,75 5,86 7,52 28,33 - - - -

MAMONA

Brasil (**) AGF/EGF 60 kg - 44,15 - 53,66 72,00 (*) 33,56 44,15 31,56 - 67,65 - 62,33

SISAL (BA, PB e RN)

Bruto AGF/EGF kg 1,01 1,00 (0,99) 0,80 0,85 0,99 0,99 0,00 - - - -

Beneficiado EGF Kg 1,15 1,13 (1,74) 1,18 1,05 1,10 1,10 0,00 - 0,86 - 0,85

Elaboração: CONAB/DIGEM/SUGOF Câmbio: R$ 1,75

(*) A alteração no custo de produção em 2008/09 se deve à utilização de adubo orgânico em substituição ao químico e tratos culturais feitos manualmente (cultura orgânica).(**) Preço na praça de Irecê/BA - Custo de produção da agricultura familiar no Estado do Piauí.

PRODUTO REGIONAL

INS

T.

PG

PM

UN

IDA

DE

VARIAVELEM VIGOR PROPOSTO

Page 15: ESTUDOS DE PREÇOS MÍNIMOS

60.000/054

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I - ALHO

Mariano Cesar Marques

1 - PANORAMA INTERNACIONAL

1.1 - Quadro de oferta e demanda

A China continua dominando o mercado mundial de alho; no qüinqüênio 2003/2007 foiresponsável em média por 75% da produção e comércio de alho. Para se ter uma idéia dopeso deste país, o segundo colocado, a Índia, teve uma participação média de 3,5% naprodução mundial - a Índia não exporta alho.

A produtividade média chinesa no qüinqüênio foi de 15,5 toneladas por hectare; aArgentina 9,5, o Brasil 8,1 e a Índia, 4,2 toneladas por hectare. Deve ser observado que,dependendo do espaçamento no plantio, um rendimento baixo significa bulbos de alhopequenos, para uso industrial e preços menores. É considerado bom um rendimento acima de8 mil quilogramas por hectare. Esta marca só não é alcançada pela Índia, dentre os principaispaíses produtores.

O mercado importador é pulverizado, não se notando nenhum poder de monopsônio,ao contrário do que ocorre na ponta da exportação, com a China sendo monopolista; apesarde o Brasil ser um dos maiores importadores mundiais, nenhum país importador chega a ter10% de participação.

1.2 - Preços

No caso do alho, não existe uma cotação em bolsas internacionais; o preço deimportação do país é o que conta. O preço FOB médio de exportação chinês no últimoqüinqüênio foi de US$ 400,00 a tonelada.

1.3 - Perspectivas

O comércio internacional cresce acompanhando a tendência do aumento do consumode refeições fora de casa, em geral mais condimentadas. Este aumento de consumo de ummodo geral está sendo absorvido pela China; sua força na produção e comércio mundiaisinibe o plantio de alho nos principais países produtores, bem como a comercialização nomercado internacional; a exceção é a Argentina que, tendo o Brasil como um clientepreferencial, tem aumentado a sua comercialização de alho. Ao se descontar 15% do totalproduzido para sementes e perdas, a China exportou em média 12% da sua disponibilidadefinal no último qüinqüênio. A produção média brasileira situou-o entre os 15 primeiros paísesdo mundo.

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Page 17: ESTUDOS DE PREÇOS MÍNIMOS

2 - Panorama Nacional

2.1 - Mercado (oferta e demanda)

Na Tabela 1.1 tem-se o balanço de oferta e demanda de alho no Brasil. No qüinqüênioem estudo, observa-se que 2007 foi o ano de menor produção, em função de perdas naprodutividade; a produção média foi de 93,3 mil toneladas. O país exporta alho de forma maisexpressiva a partir de 2005; as importações atingiram o seu pico em 2005 e se mantémrelativamente estáveis em pouco mais de 120,5 mil toneladas; a média importada foi de 113,3mil toneladas. O consumo aparente atingiu o seu nível máximo em 2005, chegando a 205 miltoneladas e vem decrescendo, com um consumo médio de 192,2 mil toneladas/ano. A médiado consumo per capita foi de 1,1 quilogramas por habitante por ano no período. Mais dametade do alho que é consumido vem de fora; no período em tela as importações foramresponsáveis, em média, por 60% do consumo.

A produção de alho no Brasil vinha crescendo até 2003, quando houve um excesso deoferta, tanto do produto nacional, como do oriundo da China e Argentina; depois de 2003diminui, saindo de 123 mil toneladas para 84 mil toneladas em 2007. Isto é efeito direto doalho advindo da China. Na Tabela 2 tem-se a produção e a área plantada por Unidade daFederação no período, com a respectiva participação percentual de cada Estado no totalproduzido na Tabela 3. A área plantada no país tende a se estabilizar em torno de 10500hectares. Excetuando-se São Paulo e Paraná, tem-se uma produção decrescente em todas asunidades da Federação, ao se tomar os extremos da série. Minas Gerais é o principalprodutor, produzindo 33,8 mil toneladas em 2003, diminuindo para cerca de 25,5 toneladasem média no triênio 2005/2007; sua área plantada a partir de 2004 é de cerca de 2300hectares. O segundo maior produtor foi o Rio Grande do Sul, que começou o qüinqüênioproduzindo 25,5 mil toneladas, e em 2007 produziu 20,9 mil toneladas, numa área plantadamédia a partir de 2004 de 3250 hectares. Juntos, estes Estados são responsáveis por mais dametade do alho produzido no país.

60.000/054

Discriminação 2003 2004 2005 2006 2007(*)Produção (t) 123099.0 85597.0 86199.0 87779.0 84185.0Perdas e sementes (t) 18464.9 12839.6 12929.9 13166.9 12627.8Exportação (t) 26.7 45.9 832.0 739.5 665.6Importação (t) 91564.8 101163.6 132580.7 120564.9 120824.5Consumo aparente (t) 196172.2 173875.2 205017.9 194437.5 191716.2Consumo per capita (kg/hab/ano) 1.11 0.97 1.13 1.06 1.03Fonte: Produção - IBGE; Importação e Exportação - SECEX* - dados relativos ao comércio exterior acumulados entre janeiro e novembro

Tabela 1.1 - Balanço de oferta e demanda de alho no Brasil

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Page 18: ESTUDOS DE PREÇOS MÍNIMOS

Goiás é responsável em média por mais 15,35% do total produzido pelo país, com umpico de produção 2003: 24,3 mil toneladas; sua produção e área plantada decrescemfortemente a partir daí, chegando a pouco mais de 11 mil toneladas em 2007, com cerca 1100hectares plantados. A Bahia é praticamente o único Estado do Nordeste que tem a cultura,produzindo em torno de 10% do total nacional, pois a produção no Ceará é muito pequena.

A liderança mineira deve-se basicamente a ganhos de rendimento, conformeexplicitado na Tabela 1.4. A produtividade nacional média é baixa; só Goiás e Minas Geraisconseguiram obter mais de 10 toneladas por hectare. Nestes dois Estados o cultivo se dá sobpivô, o que aumenta bem o rendimento, mas também o custo de produção.

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Page 19: ESTUDOS DE PREÇOS MÍNIMOS

Também pode ser observado que a Tabela 1.2 evidencia uma produção relativamenteespalhada pelo país, o que dá períodos diferentes de plantio, colheita e comercialização. AsRegiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste têm os mesmos períodos. Isto porque é na regiãodo Cerrado brasileiro que está plantado o alho. A comercialização no país ocorre durante oano inteiro; o período que concentra mais entrega do produto no mercado vai de agosto anovembro para as Regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste, que são responsáveis emmédia por 55% do total produzido. Os outros 45%, da Região Sul tem seu período de fortecomercialização entre janeiro e abril. Junho e julho são meses de comercialização fraca,independentemente da origem do alho.

2.2 – Importação/Exportação

A Tabela 1.5 retrata a evolução balança comercial do produto entre 2003 e 2007.

Surpreende o nível que atingiram as exportações a partir de 2005. O país é umimportador líquido; os preços FOB anuais de importação no período exibem uma tendênciacrescente, sendo a média de US$ 0,55/kg. A quantidade importada vem aumentando,atingindo o seu pico de 132,6 mil toneladas em 2005, com o país gastando em 2006 e aténovembro de 2007 mais de cento e vinte milhões de dólares para internalizar o produto.

O maior fornecedor para o Brasil no período em análise foi a Argentina até 2004,quando foi ultrapassada pela China - Tabela 1.6. Os dois países praticamente dividem omercado brasileiro. Nota-se que o preço FOB médio do alho chinês é bem menor do que o do60.000/054 19

Page 20: ESTUDOS DE PREÇOS MÍNIMOS

alho argentino. O alho chinês é objeto de uma taxa antidumping de US$0,48/kg, que vigorouaté novembro de2007, sendo renovada para US$0,52/kg. Além disso, a tarifa de importação,que até 2006 era de 14%, subiu para 35% em 2007.

A distribuição das importações mensais está na Tabela 1.7, a seguir.

O alho argentino começa a entrar no Brasil em novembro, indo até agosto do anoseguinte, o que coincide com o período de comercialização da Região Sul, havendocompetição entre eles. A entrada do alho chinês é mais concentrada entre agosto edezembro, concorrendo com o alho produzido nas Regiões Sudeste, Centro-Oeste eNordeste. Note-se que os dois países quase não competem entre si, pois o forte da Argentinaé o mês final do segundo semestre e o primeiro semestre do ano seguinte, enquanto que aChina internaliza o seu alho no país mais fortemente a partir do segundo semestre.

Suponha-se que este aumento na taxa antidumping estimule o plantio, gerando umaumento de 5% em relação ao que se produziu em 2007: isto significa uma produção 88,4 miltoneladas em 2008. Supondo-se uma exportação de 600 toneladas e diminuindo 13,3 miltoneladas para sementes e perdas, tem-se uma disponibilidade inicial de 74,5 mil toneladas.Mantendo-se o mesmo consumo per capita estimado em 2007, isto é, 1030 gramas de alhopor habitante ano e adicionando-se a projeção da população brasileira para 2008 em 187,9milhões de habitantes, tem-se um consumo estimado de 193 mil toneladas, o que gera umapossibilidade de se importar 119 mil toneladas, que seria próximo do total importado em 2007.

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Page 21: ESTUDOS DE PREÇOS MÍNIMOS

2.3 - Preços

De modo a se comparar as variações reais de preços, no gráfico 1 trabalha-se comnúmeros-índices, já descontado o efeito da inflação. Têm-se os preços recebidos peloprodutor em Santa Catarina, os preços por atacado na CEASA de Belo Horizonte, tanto doalho nacional, como do alho importado, e os preços no varejo na cidade de São Paulo.

Os preços recebidos pelo produtor têm praticamente o mesmo padrão de ganhos eperdas reais mostrados no mercado por atacado. Seu maior ganho real ocorreu em setembrode 2004, quando teve um aumento real de 70,55% em relação a janeiro de 2003, devido a umdesabastecimento momentâneo. Note-se que no mês seguinte, isto é, outubro de 2004, comum aumento real de 55% em relação ao mês-base. Outros picos de preços recebidos peloprodutor ocorreram em junho e julho de 2005, com os preços respectivamente 62,8 e 61,7%maiores do que o início da série, rebatidos em agosto de 2005, com aumentos reais de55,48% e 31,39% nos mercados atacadistas do alho nacional e importado, respectivamente.O pico de junho de 2006 foi menor – 49,57% de aumento nos preços recebidos pelo produtore 50,74% no atacado do alho nacional. Estes dois níveis de preço tendem a voltar em termosreais aos níveis de preço do início da série.

Os preços reais no varejo exibem clara tendência baixista. Seu menor índice foi 62,73,ocorrido em junho de 2004. Isto quer dizer que os preços estavam 37,27 pontos percentuaisabaixo do preço do mês-base – janeiro de 2003 – em termos reais. No final da série –novembro de 2007, os preços no varejo estão 30 pontos percentuais abaixo do preço dejaneiro de 2003. Isso quer dizer que as altas de preços nos outros mercados – produtor eatacado – não foram repassadas ao varejo.

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Page 22: ESTUDOS DE PREÇOS MÍNIMOS

3 - Proposta de Preços-Mínimos

O custo variável médio, ao se levar em conta os dois principais Estados produtores –Minas Gerais e Rio grande do Sul, respectivamente – é de R$2,20 por quilograma.Considerando-se que os preços recebidos pelo produtor nestas praças em novembro de 2007foi de R$3,00 e R$3,10 por quilograma, o seu custo variável está coberto. Este alho, advindode São Gotardo, Minas Gerais e Fores da Cunha, Rio Grande do Sul, chega a São Paulo, naCeagesp (pólo atacadista) respectivamente, a R$3,54 e R$3,51 por quilograma, sem contar amargem do atacadista. A média de preços observados em fevereiro de 2007 no atacado emSão Paulo foi de R$4,85. Assim, este preço ao produtor não está gravoso.

Ao se fazer o mesmo raciocínio com os preços médios de importação, o alhoproveniente da China (média de US$0,5/kg) chega à Ceagesp (utilizando-se um câmbio deUS$1,00 = R$ 1,75) a R$ 2,70/kg; este mesmo produto chegaria a São Gotardo e Flores daCunha a R$2,24 e R$2,35 por quilograma, o que evidencia a não competitividade do produtonacional com relação ao importado, mesmo com a taxa antidumping. Propõe-se o aumento dopreço-mínimo do alho em 10% em relação ao preço anterior, isto é, passa a R$2,20/kg.

3.1 – Análise Prospectiva e Resultados Esperados

O que se espera com este preço-mínimo é dar um incentivo ao produtor, cobrindo o seucusto variável. O cenário provável é que os preços recebidos pelos produtores sejam deR$3,50/kg em 2008. Conforme observado anteriormente, há uma tendência a um aumento daingestão de comida mais condimentada, não só em termos nacionais, como mundiais, emfunção do aumento do deslocamento da população rural para meios urbanos e do crescimentodo consumo de refeições fora de casa.

Por outro lado, a produção nacional parece ter se estabilizado neste qüinqüênio em86,5 mil toneladas; isto significa que, ao se levar em conta apenas o crescimento vegetativoda população – 1,2% ao ano – há necessidade de, ou aumentar a importação, ou aumentar aprodução, ou ambos. Observa-se, também que há um crescimento menor da produçãochinesa, o que pode, a médio prazo, vir a aumentar os preços médios de exportação daquelepaís. A produção argentina está relativamente estável desde 1998.

Deve-se acrescentar que o alho é um produto intensivo em mão-de-obra, empregandocinco trabalhadores por hectare. Neste sentido, o seu cultivo ajuda a empregar trabalhadoresrurais.

Assim, tudo indica que esta cultura deve ser incentivada. A proteção na fronteira, com arenovação e aumento da tarifa antidumping e estímulos via preços de um modo geralprovocam uma resposta imediata no setor produtor.

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Page 23: ESTUDOS DE PREÇOS MÍNIMOS

II - CAFÉ

Jorge Queiroz

1 – PANORAMA INTERNACIONAL

1.1 – Quadro de Oferta e Demanda

Segundo o USDA, a previsão para a produção mundial no ano-safra 2007/2008,deverá ficar em 118,86 milhões de sacas , o que representa uma queda de 9,49% em relaçãoao que foi produzido no ano-safra anterior – 2006/2007 – (131,32 milhões de sacas).

Essa retração na produção mundial se deve, em parte, à redução constatada nasafra brasileira, por estar atravessando um ano de bianualidade negativa, período em que oscafezais apresentam uma baixa produtividade. Afinal, o Brasil participa com cerca de um terçoda produção mundial.

As importações estão sendo consideradas as maiores dos últimos sete anos –3,48 milhões de sacas. Entre 2001 e 2007 houve um incremento neste item da ordem de110,9%. Em 2001 importava-se apenas 1,65 milhões de sacas.

Um dado que preocupa neste quadro de Oferta e Demanda Mundial é orelacionado aos estoques. Somado os itens correspondentes à oferta total, que é um dadocomposto pela soma do estoque final 2006/2007, mais a produção e a importação registradano ano-safra 2007/2008, menos os itens relacionados à demanda total, esta, formada pelasexportações e o consumo – vide o “QUADRO I” – chega-se a um estoque final 2007/2008 de16,82 milhões de sacas. Este número é 25% menor do que o registrado no ano-safra anterior.Levando-se em consideração que o mundo atualmente consome algo em torno de 120,0milhões de sacas por ano, ter-se-ia com este saldo, café para atender apenas a um mês emeio de consumo, o que, realmente, é muito pouco. Esta reserva é a menor dos últimos 30anos.

60.000/054

2001/02 2002/03 2003/04 2004/05 2005/06 2006/07 2007/08 % (b) (a) (a/b)

Produção 111.518 126.518 109.127 121.094 111.574 131.317 118.861 -8

Importação 1.647 1.548 1.945 2.871 2.729 2.977 3.478 17

Exportação 87.821 91.805 91.061 91.094 87.052 97.891 93.695 -4

Consumo 27.774 27.456 28.544 30.410 31.399 33.266 34.184 3

Estoque Final 20.633 29.438 20.905 23.366 19.227 22.364 16.824 -25

OFERTA E DEMANDA MUNDIAL

Fonte:USDA

QUADRO I

23

Page 24: ESTUDOS DE PREÇOS MÍNIMOS

Registra-se, ainda, um incremento de 6,68% nas exportações no período de2001 a 2007.

Cabe salientar que os números discriminados no QUADRO I, relativo ao item,“consumo”, referem-se estritamente à demanda de países produtores.

No triênio – 2007 2008 e 2009 - o mundo irá consumir cerca de 365,4 milhões desacas de café de 60 kg (vide o “QUADRO II”). O Brasil deverá manter a sua participação, emtermos de produção mundial, o que significa uma fatia próxima de 35% (vide o “GRÁFICO I”).

A prevalecer este cenário a expectativa é de que se tenha que produzir 127,9milhões de sacas nos três anos que foram discriminados acima (vide o “QUADRO III”).Entretanto, a perspectiva é de que o Brasil venha produzir uma quantia aquém dessa projeçãonecessária - entre 116,0 e 120,0 milhões de sacas. Portanto, haveria um déficit, na melhor dashipóteses, de 8,0 milhões de sacas, ou na pior das hipóteses, de 12,0 milhões de sacas.

Essa expectativa indica a possibilidade de que os preços, no médio prazo,poderão ir para um patamar um pouco acima do que está sendo praticado nos dias atuais.

60.000/054

GRÁFICO IPRODUÇÃO MUNDIAL DE CAFÉ

SAFRA 2006/2007EM (%)

MÉXICO4%

ÍNDIA 4%

ETIÓPIA 4%

INDONÉSIA6%

COLÔMBIA9%

VIETNÃ12%

OUTROS27%

BRASIL34%

FONTE : MAPA / SPAE / OIC

24

Page 25: ESTUDOS DE PREÇOS MÍNIMOS

Outro dado que leva a crer que a oferta ficará ainda mais justa frente à demanda,é quando se constata a necessidade dos países importadores – e exportadores também -, dealém de angariarem provisões mais substantivas para atenderem às suas necessidadesreferentes a consumo, esses países teriam ainda, a necessidade iminente de recomporem osseus estoques. Conforme comentários anteriores, os estoques mundiais nunca estiveram tãobaixos e em níveis tão preocupantes. Nos últimos cinco anos – de 2002/2003 a 2007/2008 –houve uma redução desses estoques da ordem de 18,5%, saindo de 29,4 milhões de sacas(em 2002) para 16,8 milhões (em 2007). Leve-se em consideração, ainda, que neste momento(dezembro/2007) o inverno está se intensificando nos países localizados no hemisfério norte.Nesta época de frio agudo, tradicionalmente se constata um forte incremento no consumo doproduto.

60.000/054

QUADRO II - PREVISÃO DO CONSUMO MUNDIAL PARA O PRÓXIMO TRIÊNIO

(EM MILHÕES DE SACAS DE 60 KG)

365,40 TOTAL

123,6 (*) 2009

121,8 (*) 2008

120 ,0 (*) 2007

DEMANDA ANO

QUADRO III - NECESSIDADE DE PRODUÇÃO NACIONAL PARA ATENDER À DEMANDA

MUNDIAL DE CAFÉ NO PRÓXIMO TRIÊNIO (EM MILHÕES DE SACAS DE 60 KG)

42,6 MÉDIA POR ANO

127,9 (*) PRÓXIMO TRIÊNIO

PRODUÇÃO SAFRA

25

Page 26: ESTUDOS DE PREÇOS MÍNIMOS

O que se presencia é que no mercado internacional de café está ocorrendo certodescompasso entre duas variáveis – a produção e os estoques. Enquanto a produçãomundial, nos últimos sete anos, registrou um crescimento em torno de 6,5%, os estoquestiveram uma retração de 18,45%. Constata-se, também, que pelo menos, momentaneamente,tem-se recorrido com mais freqüência aos estoques para continuar suprindo à demanda nonível em que ela se encontra atualmente.

Este quadro sugere que a demanda possa estar um pouco acima do que asestatísticas oficiais registram. Isso acontece porque estão entrando atualmente novosbebedores do mercado de café, os quais ainda não foram devidamente alcançados por esseslevantamentos.

O mundo atual está um pouco diferente daquele em que se vivia há 30 anos. Abase de consumo dos países emergentes está aumentando e esse crescimento. Por outrolado, um número representativo de pessoas está se deslocando das áreas rurais para asáreas urbanas, em busca de novas oportunidades de emprego.

Países do Leste Europeu estão também aumentando o número de pessoasempregadas, e, por conseguinte, vem ocorrendo, em paralelo, um forte incremento no nívelde consumo (em todos os níveis). A Polônia, a Romênia e a Eslováquia, por exemplo,reduziram, em média, para 19% a alíquota de imposto cobrado das empresas ali instaladas.Este fato tem contribuído para atrair novos investimentos estrangeiros. Estes países estão setornando verdadeiras plataformas de exportação.

Com relação à Ásia: a Starbucks, que num primeiro momento instalou cerca de400 lojas no mercado chinês, hoje, adotando um marketing um pouco mais agressivo, já éuma das principais anunciantes de programas televisivos naquele país.

As estatísticas da OIC – Organização Internacional do Café estão prevendo umincremento do consumo mundial entre 1,5% e 1,7% ao ano. Entretanto, não seria nenhumabsurdo se supor que essa demanda esteja ocorrendo num nível um pouco mais elevado.Afinal, os países Asiáticos e do Leste Europeu estão bebendo bastante café, porém, asestatísticas referentes a esses números ainda são extremamente precárias, uma vez que eles(os consumidores daqueles países) estão começando agora a tomar café. Em alguns dessespaíses começa-se a trocar o chá por este produto. É o caso da Rússia e da China, porexemplo. Em geral, a população de mais idade acaba sendo um pouco mais resistentes aessas mudanças. Entretanto, junto à população mais jovem, elas, as mudanças, sãoabsorvidas com menos trauma e mais rapidamente.

Esses novos bebedores estão aceitando muito bem o café solúvel, cuja base deprodução é o café robusta ou conilon.

Começa-se a identificar no mercado mundial uma demanda um pouco maisacentuada por este tipo de café – o robusta ou conilon. No período de 1990 a 2006, enquantoa produção mundial de arábica crescia 15,20%, saindo de 72,14 milhões de sacas, para 83,11milhões de sacas, o robusta apresentou um crescimento surpreendente, de 73,05%, saindo de27,72 milhões de sacas, para 47,97 milhões de sacas.

60.000/054 26

Page 27: ESTUDOS DE PREÇOS MÍNIMOS

O grande produtor mundial de café robusta (líder disparado) é o Vietnam.Atualmente já é o segundo maior produtor no mundo, ficando atrás apenas do Brasil. De 1987a 2006, a produção naquele país teve um incremento superior a 2000%, (vide “GRÁFICO II”).

Em 1987 a produção de café vietnamita representava 1,8% da produçãobrasileira. Em 2007 aquele país está produzindo o equivalente a 54,6% de toda a produçãonacional, conforme pode ser comprovado no “GRÁFICO II”.

O Vietnam tem uma população de 82,0 milhões de habitantes, sendo que 50%deste total com menos de 25 anos de idade. A densidade demográfica naquele país éelevada. Para efeito comparativo, seria como se o Brasil tivesse cerca de 2,2 bilhões dehabitantes.

A safra de café vietnamita de 2006/2007 apresentou um número elevado – 18,6milhões de sacas de 60 kg. A produtividade média alcançada pelos cafezais daquele país é de32 sacas por hectare. Isso praticamente corresponde a uma vez e meia a produtividade médiabrasileira. Houve um grande investimento público em fazendas estatais para a produçãocoletiva. O Governo vietnamita doou terras e proporcionou assistência técnica para o cultivoparticular.

As lavouras de café do Vietnam são irrigadas devido às condições climáticas –seca de dezembro a maio -, que é exatamente o período da florada e do enchimento do grão,momento em que a planta exige uma boa quantidade de água para o adequadodesenvolvimento dos frutos. De Junho a novembro tem-se o clima das monções com chuvasintensas.

Existem 300.000 pequenos produtores que cultivam, em média, cerca de umhectare para cada família.

O Governo vietnamita continua a abrir a sua economia. O país entrou na OMCem 2006. Seguindo os passos da China, está se transformando numa grande base deprodução mundial.

60.000/054

GRÁFICO IICOMPARATIVO DA PRODUÇÃO BRASIL x VIETNAM

em milhões de sacas de 60 kg

22,924,5

27,3 27,326,0 26,8

29,7

15,8

29,2

26,2

36,8

32,734,1

30,728,8

39,3

32,9

42,5

32,1

43,048,5

17,5

0,8

54,6%

1,8%

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

BRASIL VIETNAM VIETNAM / BRASIL (%)Fonte: OIC

27

Page 28: ESTUDOS DE PREÇOS MÍNIMOS

1.1.1 – Perspectivas

Desta feita, as perspectivas para o mercado de café com relação ao mercadomundial são bastante positivas, uma vez que vem ocorrendo nos países emergentes – comdestaque para os países asiáticos e do leste europeu -, um incremento do nível de empregose uma melhora na renda salarial. Muitos daqueles países estão começando a adotar hábitosocidentais. Todos esses fatos levam ao estabelecimento de um cenário favorável para omercado deste produto.

Com relação a preços as expectativas também são boas uma vez que osestoques estão nos seus níveis mais baixos. A demanda continua crescente, e ao que tudoindica a produção não está conseguindo acompanhar essa disposição de incremento mundialde consumo de café.

2 – PANORAMA NACIONAL

2.1 - Mercado

No dia 14/12/2007, a Conab divulgou a sua quarta e última estimativa para oano-safra de café 2007/2008. Conforme pode ser comprovado no quadro abaixo de nº IV, oBrasil produziu 33,74 milhões de sacas de 60 kg de café, sendo 23,47 milhões de sacas, ou69,6%, de café arábica e 10,26 milhões de sacas, ou 30,4%, de café conilon.

60.000/054

PRODUTI-

UNIDADES DA FEDERAÇÃO / VIDADE

REGIÃO ÁREA CAFEEIROS ÁREA CAFEEIROS (Sacas /ha)

(ha) (Mil covas) (ha) (Mil covas)

Minas Gerais 131.481 471.667 1.016.414 3.126.897 15.450 36 15.486 15,24

Sul e Centro-Oeste 76.329 267.151 506.618 1.519.854 6.825 6.825 13,47Cerrado - Triângulo, Alto Paranaiba e Noroeste

22.972 91.889 155.310 543.585 3.061 3.061 19,71

Zona da Mata - Jequitinhonha, Mucuri, Rio Doce, Central e Norte

32.180 112.627 354.486 1.063.458 5.564 36 5.600 15,80

Espírito Santo 23.186 73.489 471.411 1.067.814 2.016 7.567 9.583 20,33

São Paulo 13.235 42.890 168.700 418.215 2.632 - 2.632 15,60

Paraná 8.200 42.600 97.400 329.200 1.622 - 1.622 16,65

Bahia 3.762 14.481 94.990 237.000 1.315 517 1.831 19,28

Rondônia 7.950 15.264 153.281 273.147 - 1.482 1.482 9,67

Mato Grosso 1.438 3.450 16.227 38.945 11 141 153 9,40

Pará 1.445 5.262 15.137 36.329 - 266 266 17,60

Rio de Janeiro 260 1.200 14.048 26.540 269 11 281 19,97

Outros 1.603 3.847 25.484 61.161 162 242 404 15,84

BRASIL 192.560 674.150 2.073.092 5.615.248 23.477 10.263 33.740 16,27

CONVÊNIO : MAPA - SPAE / CONAB dez/07

Robusta TOTALArábica

QUADRO IV

EM PRODUÇÃO

CAFÉ - BENEFICIADOSAFRA 2007 / 2008

EM FORMAÇÃO

PARQUE CAFEEIRO

QUARTO LEVANTAMENTO

PRODUÇÃO

(Mil sacas beneficiadas)

28

Page 29: ESTUDOS DE PREÇOS MÍNIMOS

Em relação ao ano-safra anterior – 2006/2007 – houve uma redução de 20,6%,(no ano-safra 2006/2007 foram colhidas 42,5 milhões de sacas, vide o QUADRO V). Essaretração ocorreu exatamente por ser um ano de bienalidade negativa, momento em que oscafezais sofrem um estresse fisiológico, o que acaba comprometendo a sua capacidadeprodutiva.

A exemplo do que ocorreu nos anos anteriores, neste ano-safra, 2007/2008, oEstado de Minas Gerais continuou liderando o ranking de produção, com 15,49 milhões desacas colhidas, o que representou 45,88% da safra nacional, conforme pode ser constatadono “GRÁFICO III”, discriminado a seguir.

60.000/054

UF/ PRODUTIVIDADE

REGIÃO ÁREA CAFEEIROS ÁREA CAFEEIROS Arábica Robusta TOTAL (Sacas /ha)

(ha) (Mil covas) (ha) (Mil covas)

Minas Gerais 117.033 364.162 1.011.865 3.113.094 21.957 30 21.987 21,73Sul e Centro-Oeste 64.327 192.982 507.093 1.521.279 12.043 - 12.043 23,75

Triângulo, Alto Paranaiba e Noroeste 22.330 78.156 154.999 542.496 4.313 - 4.313 27,83Zona da Mata, Jequitinhonha, Mucuri, Rio

Doce, Central e Norte 30.376 93.024 349.773 1.049.319 5.601 30 5.631 16,10

Espírito Santo 21.790 65.715 473.256 1.016.380 2.128 6.881 9.009 19,04

São Paulo 14.670 45.577 212.100 442.865 4.470 - 4.470 21,07

Paraná 5.320 38.500 100.330 344.900 2.248 - 2.248 22,41

Bahia 2.750 3.900 97.794 254.728 1.725 526 2.251 23,02

Rondônia 2.653 5.070 162.627 289.476 - 1.263 1.263 7,77

Mato Grosso 2.750 6.600 32.230 77.350 25 225 250 7,76

Pará 1.350 3.375 20.915 41.780 - 280 280 13,39

Rio de Janeiro 430 1.200 13.800 26.540 255 9 264 19,13

Outros 703 1.687 27.480 65.952 207 283 490 17,83

BRASIL 169.449 535.786 2.152.397 5.673.065 33.015 9.497 42.512 19,75

CONVÊNIO : MAPA - SPAE / CONAB

QUADRO V

PARQUE CAFEEIRO PRODUÇÃO

EM FORMAÇÃO EM PRODUÇÃO ( Mil sacas beneficiadas)

CAFÉ - BENEFICIADOSAFRA 2006/2007

PRODUÇÃO - FINAL

ago/07

GRÁFICO IIIPRODUÇÃO DE CAFÉ BRASIL

SAFRA 2007/2008EM (%)

PARANÁ4,81%

BAHIA5,43%

SÃO PAULO7,8%

ESPÍRITO SANTO28,4%

MINAS GERAIS45,9%

RONDÔNIA4,39%

OUTROS3,27%

FONTE: CONAB

29

Page 30: ESTUDOS DE PREÇOS MÍNIMOS

No segundo lugar se posicionou o Estado do Espírito Santo, com uma produçãoda ordem de 9,58 milhões de sacas, ou 28,4% da produção nacional, sendo que destes, 7,57milhões de sacas de café conilon e 2,02 milhões de sacas de café arábica.

Em terceiro lugar ficou o Estado de São Paulo, com uma produção de 2,63milhões de sacas, o que representou 7,79% da produção do país. O café produzido em SãoPaulo é 100% arábica. Em quarto se posicionou o Estado da Bahia, com uma produção de1,83 milhões de sacas, em quinto o Paraná, com 1,62 milhões de sacas e em sexto,Rondônia, com 1,48 milhões de sacas. Este último estado apresentou uma das mais baixasprodutividades – 9,67 sacas por hectare (40,57% menor do que a produtividade médianacional).

A produtividade média nacional no ano-safra 2007/2008 ficou em 16,27 sacaspor hectare, (vide o QUADRO IV). O Estado que apresentou a maior produtividade média noBrasil foi o Espírito Santo com 20,33 sacas por hectare, 24,95% acima da média nacional. Oconillon, espécie que predomina no Estado sofre pouca influência dos efeitos da bianualidadenegativa, e, portanto, a sua produtividade não chega a ter a assimetria – entre um ano e outro-, que é constatada nos canteiros de café arábica.

A segunda maior produtividade ficou com o Estado do Rio de Janeiro – 19,97sacas por hectare -, que tem uma produção inexpressiva, com relação à produção nacional.Produz apenas 0,83% da safra brasileira.

A terceira maior produtividade do país ficou com o Estado da Bahia – com 19,28sacas/hectare -, 18,5% acima da média nacional. Naquele Estado produz-se tanto o caféarábica quanto o café conilon. Entretanto, as plantações localizadas mais a oeste, próximasaos Municípios de Barreiras/BA e Luís Eduardo Magalhães/BA – onde só se planta o arábica-, são desenvolvidas num ambiente de agricultura extremamente intensiva. Praticamentetodas as lavouras da região são irrigadas, o que resulta numa elevada carga de produção.Portanto, a média da produtividade do Estado acaba tendo um razoável incremento, emfunção dessa peculiaridade regional.

A quinta maior produtividade média ficou com o Estado do Paraná – 16,65 sacaspor hectare (2,34% acima da produtividade média nacional) -, onde toda a produção é dearábica.

O parque cafeeiro apurado neste último levantamento ficou dimensionado em 2,265 milhões de hectares, sendo 2, 073 milhões (ou 91,5%) de área considerada em produçãoe 192,56 mil hectares (ou 8,5%) referentes à área em formação.

Para a próxima safra – 2008/2009 – existe ainda uma incógnita com relação aovolume que essa safra deverá atingir. Em 2007, algumas das principais regiões produtoras decafé no Brasil, incluindo aí - e principalmente -, áreas dos Estados de Minas Gerais, SãoPaulo e Paraná, tiveram que conviver boa parte do ano com um período de estiagemprolongada e com temperaturas médias elevadas. Em algumas dessas localidades, os déficitshídricos chegaram a atingir cerca de 400 mm. Qualquer previsão que se faça no momento,com relação à expectativa de produção para o ano-safra vindouro, poderia ser precipitada.Entretanto, ao serem analisados alguns dados estatísticos referentes ao ano-safra 2007/2008,pode-se permitir estabelecer conjecturas que leva a traçar um esboço – ainda que preliminar -,do que poderá vir a ocorrer no próximo ano. 60.000/054 30

Page 31: ESTUDOS DE PREÇOS MÍNIMOS

No ano-safra 2007/2008, a rentabilidade financeira dos cafeicultores queproduziram o café arábica – que representa 75% de toda a produção nacional -, acabouficando um pouco limitada, uma vez que os preços praticados no mercado físico ficaram muitopróximos do custo de produção (total). Na média, esses preços (de venda) oscilaram na faixaentre R$ 230,00 a R$ 250,00, e o custo total – médio -, de três municípios que se destacamcomo grandes produtores do grão – Patrocínio/MG, Franca/SP e Guaxupé/MG -, ficou próximodos R$ 220,00.

Diante desses fatos, os produtores ficaram limitados para procederem a tratosculturais mais adequados às suas plantações, ou ainda, para efetivar um crescimento efetivoda sua área de plantio.

Para o próximo ano-safra – 2008/2009 -, possivelmente haverá um incrementoda área plantada do Estado do Espírito Santo, tendo em vista que o café conilon, queresponde por 78% da produção naquela localidade acabou proporcionando uma boarentabilidade aos cafeicultores da região. Possivelmente esse incremento deverá ficar emtorno de 15%. Hoje, a área plantada do Estado é de 494,59 mil hectares, sendo 471,41 milhectares em produção e 23,18 mil hectares em formação.

Portanto, acredita-se que a atual área em produção nacional – 2, 073 milhões dehectares -, não deverá ter um acréscimo expressivo para o próximo ano-safra (2008/2009),isto em função das limitações abordadas acima. Entre área que deverá ser replantada e áreaem formação que entrará em estágio produtivo, projeta-se um acréscimo (em relação à áreaem produção atual) de mais 60,0 mil a 90,0 mil hectares. Com base nestes dados, estima-seque a área em produção para o próximo ano deverá ficar entre 2,12 milhões de hectares(numa expectativa mais conservadora) e 2,15 milhões de hectares (numa projeção maisotimista), vide o “GRÁFICO IV”.

O ano-safra 2008/2009 será um ano de safra cheia ou plena, de produtividadealta.

A produtividade média nacional em 2006/2007, ano de safra cheia, foi de 19,75sacas por hectare. O que se nota é que a área plantada, em produção, tem sofrido uma60.000/054

GRÁFICO IVÁREA PLANTADA DE CAFÉ EM PRODUÇÃO

Em milhões de hectares

2,32,4 2,4

1,92

2,22,3

2,2 2,2 2,2 2,2 2,1 (2,15*)

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

ÁREA PLANTADA DE CAFÉ EM PRODUÇÃOFONTE CONAB

*estimativa

31

Page 32: ESTUDOS DE PREÇOS MÍNIMOS

redução sistemática a partir do ano-safra 2002/2003 – onde se registrou 2.310.770 hectares.Já no ano-safra 2007/2008 a área em produção sofreu uma redução para 2.073.092 (projeçãoda quarta – e última - estimativa da Conab), o que representou um decréscimo de 10,29%.

Por outro lado, constata-se, também, que as produtividades médias têm sofridoum incremento nos últimos anos. Num comparativo entre dois anos de bianualidade negativa– 2003/2004 com 2005/2006 -, houve um incremento da produtividade de 6,6% e num outrocomparativo entre os anos-safra 2004/2005 com 2006/2007 (neste caso, anos de safrascheias), foi constatado um crescimento de 11,27%. É bom ressaltar que a Conab vemrealizando o levantamento da safra de café a partir do ano-safra 2001/2002, portanto,realizam-se estas comparações estritamente a partir dos números da Companhia.

Portanto, o que se estamos observa é que, apesar da área plantada emprodução estar reduzindo as suas dimensões, no decorrer dos anos, a rentabilidade(sacas/hectare) está se mantendo numa trajetória crescente o que dá para subentender queesteja ocorrendo algum ganho de produtividade com a adoção de recursos tecnológicos.

Com base nesses fatos, entende-se que a produtividade média nacional, para oano-safra 2008/2009, poderá ter um ganho (com adoção de novas tecnologias) entre 5% a10%. Se for adotada como referência a produtividade do ano-safra 2006/2007 (19,75 sacaspor hectare), que também foi um ano de safra cheia, e se aplicasse aqueles percentuais – de5% e 10% -, se chegaria a uma produtividade média, para a próxima safra, entre 20,74 sacaspor hectare (com ganho de 5%) e 21,72 sacas por hectare (com ganho de 10%).

A persistir esse raciocínio, haveria, portanto, para o ano-safra 2008/2009, umaexpectativa de colheita que poderia oscilar entre 43,97 milhões de sacas de 46,70 milhõesde sacas.

QUADRO VI

Com relação ao consumo interno, acredita-se que este deverá ter um incrementono próximo ano da ordem de 3%, alcançando 17,0 milhões de sacas. - em 2007 esseconsumo ficou em 16,5 milhões de sacas. Esse índice de crescimento é praticamente o dobrodo que a OIC está projetando para o consumo mundial – algo entre 1,5% e 1,7%.

Nos últimos 18 anos o consumo interno de café teve um incremento de mais de100%, saindo de 8.2 milhões de sacas, em 1990, para 16,5 milhões de sacas, no ano de2007, conforme pode ser comprovado no “GRÁFICO V”.

No período registrado acima – de 1990 a 2007 - ocorreu ainda um incremento dapopulação brasileira que passou de 147,0 milhões de habitantes, em 90, para 184,0 milhõesem 07. Independente desse crescimento populacional, identificou-se também, um incremento60.000/054

Ano-safra - Abril/Março

Ano Estoque Produção Leilões Importação Oferta Demanda Estoque Final Safra Inicial Grão (a) Governo Total Total Total (b) Per capita Grão Cru Torrado (*) Solúvel Total Total (c) Privado (d)

2001/02 38.602 31.300 147 4,1 70.053 13.490 4,68 21.719 62,6 2.753 24.534 38.024 32.029 2002/03 32.029 48.480 203 5,3 80.718 13.750 4,68 27.146 66,5 2.859 30.072 43.822 36.896 2003/04 36.896 28.820 291 4,0 66.011 14.200 4,76 22.107 69,5 3.014 25.191 39.391 26.620 2004/05 26.620 39.272 1.664 3,9 67.560 14.950 4,94 24.169 38,4 3.216 27.423 42.373 25.187 2005/06 25.187 32.944 1.206 2,9 59.340 15.600 5,08 21.794 60,4 3.167 25.021 40.621 18.718

2006/07 18.718 42.512 1.003 3,6 62.237 16.000 5,14 25.598 94,5 2.963 28.655 44.655 17.582 2007/08 17.582 33.740 1.000 4,4 52.326 16.500 5,23 24.714 106,0 3.180 28.000 44.500 7.826 Fonte: CONAB com dados da EMBRA PA - MDIC/SECEX - IBGE - MAPA/SPAE - ABIC - OIC

OFERTA & DEMANDA - BRASIL (Em 1.000 sacas de 60 kg) Consumo Interno Exportação

32

Page 33: ESTUDOS DE PREÇOS MÍNIMOS

do consumo per capta que passou de 3,34 kg/ano, no início da década de 90, para 5,38kg/ano, em 2007.

É flagrante o crescimento do consumo doméstico. A cada dia novas cafeteriassão inauguradas, disponibilizando cada vez mais, ousadias e sofisticação nas decorações dosseus interiores. Um fato que acabou colaborando para o aparecimento dessas novascafeterias foi a vinda da rede americana Starbucks que abriu a sua primeira loja na cidade deSão Paulo, em dezembro de 2006.

O consumo de café no Brasil – 16,5 milhões de sacas (no ano-safra 2007/2008)-, representou 52 % do consumo de todos os países produtores no mundo – que consomemjuntos cerca de 31,36 milhões de sacas, (vide o “GRÁFICO VI). O Brasil ostenta, ainda, otítulo de segundo maior consumidor de café no mundo, ficando atrás, apenas, dos Estadosunidos que consomem cerca de 20,0 milhões de sacas de café.

A ABIC – Associação Brasileira das Indústrias de Café - vem realizando umtrabalho de marketing junto à população em geral, com o objetivo de deixar o país naliderança do consumo mundial do produto, a partir do ano de 2010. Esse trabalho teve tantarepercussão que acabou chamando a atenção da própria OIC – Organização Internacional do

Café, que convidou aquela entidade para realizar uma apresentação mais detalhada sobre a

60.000/054

GRÁFICO VCRESCIMENTO DO CONSUMO INTERNO DE CAFÉ

(em milhões de sacas de 60 kg)

12,212 ,7

13 ,2 13 ,6 1 4 ,014 ,9

13 ,7

11 ,5

15 ,5 1 6 ,0

8 ,28 ,5

8 ,9 9 ,1 9 ,310 ,1

11 ,0

16 ,5

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

+101 ,2%

FONTE: ABIC

GRÁFICO VICOMPARATIVO DE CONSUMO INTERNO X CONSUMO DE OUTROS PAÍSES PRODUTORES

em 1.000 sacas de 60 kg

BRASIL52%

OUTROS48%

14.680 16.500

Fonte: USDA

33

Page 34: ESTUDOS DE PREÇOS MÍNIMOS

referida proposta, a representantes de outros países produtores – e importadores -, naexpectativa de que se possa promover um crescimento do consumo mundial do produto.

Com relação às exportações relativas ao ano-safra 2007/2008, estima-se que amesma deverá ficar por volta de 28,0 milhões de sacas de 60 kg, incluído aí, os verdes, ostorrados e o solúvel. Este número deverá ficar 2,73% abaixo das exportações registradas noano-safra 2006/2007, que foram de 28,65 milhões de sacas, (vide o “QUADRO VI”, relativo àOferta e Demanda Brasil).

O que vem acontecendo com as exportações, demonstra, de uma formainequívoca, que a procura pelo café tem aumentado no mundo nos últimos anos. Essasexportações – de 2007/2008 -, ainda que menor do que as registradas no ano anteriordeverão ser as maiores exportações dos últimos quatro anos em que foram registrados osefeitos da bianualidade negativa, onde se verifica uma redução da produção. Tal fato pode serconstatado no quadro de Oferta e Demanda Brasil – “QUADRO VI”.

De janeiro a novembro de 2007 foram exportadas 25,67 milhões de sacas, o querepresentou 2,8% a mais do que foi exportado no mesmo período do ano anterior, (vide o“QUADRO VII”).

Um dos motivos que deverá levar a essa redução (na verdade uma pequenaredução), nas exportações, conforme já comentado anteriormente, foi que neste ano-safra(2007/2008), as plantações de café estão convivendo com os efeitos da bianualidadenegativa, período onde é registrada uma baixa produtividade nos pomares, o que resultanuma menor oferta do produto.

A previsão, ainda, para o ano-safra 2007/2008, é de um incremento nasexportações de café torrado, da ordem de 12,17%, passando de 94,5 mil sacas (em 2006),60.000/054

2007 2006 2007 2006 2007 2006 2007 2006 JAN 2.085.867

1.674.783 24,55% 113.117

181.653 -37,73% 3.154

8.211 -61,59% 2.202 .138

1.864.647 18,10%

FEV 2.022.216 1.806.900

11,92% 237.900 198.163

20,05% 4.284 5.038

-14,97% 2.264.400 2.010.101

12,65% MAR 2.159.91 6

1.783.317 21,12% 239.937

248.257 -3,35% 6.287

12.733 -50,62% 2.406.140

2.044.307 17,70%

ABR 1.948.110 1.615.533

20,59% 229.970 264.983

-13,21% 4.086 13.467

-69,66% 2.182.166 1.893.983

15,22% MAI 1.986.280

1.752.200 13,36% 267.627

241.367 10,88% 6.664

15.76 8 -57,74% 2.260.571

2.009.335 12,50%

JUN 1.858.064 1.681.067

10,53% 293.627 235.083

24,90% 5.097 6.981

-26,99% 2.156.788 1.923.131

12,15% JUL 1.864.213

1.792.517 4,00% 311.133

262.990 18,31% 8.766

3.491 151,13% 2.184.112

2.058.998 6,08%

AGO 2.069.063 2.454.267

-15,70% 277.073 270.877

2,29% 15.946 7.933

101,00% 2.362.082 2.733.077

-13,57% SET 1.986.249

2.386.133 -16,76% 231.357

202.627 14,18 % 12.158

7.140 70,28% 2.229.764

2.595.900 -14,10%

OUT 2.465.895 2.615.033

-5,70% 294.277 230.100

27,89% 17.116 11.722

46,02% 2.777.288 2.856.855

-2,79% NOV 2.354.779

2.827.633 -16,72% 278.807

274.950 1,40% 15.807

10.670 48,14% 2.649.393

3.113.253 -14,90%

TOTAL 22.800.652 22.389.383

1,84% 2.774.824 2.611.050

6,27% 99.365 103.154

-3,67% 25.674.841 25.103.587

2,28% Média simples do total das exportações até novembro de 2007: 2.334.076 Projeção de exporta ção nos 12 meses de 2007: 28.008.912 Fonte: MIDIC/SECEX

QUADRO VII

MÊS VAR % VAR % CAFÉ VERDE CAFÉ SOLÚVEL

COMPARATIVO DE EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS Período Janeiro a Novembro 2007

(sacas de 60 kg)

CAFÉ TORRADO VAR % VAR % TOTAL

34

Page 35: ESTUDOS DE PREÇOS MÍNIMOS

para 106,0 mil sacas (no ano-safra 2007/2008). No caso do solúvel, projeta-se um índice decrescimento um pouco mais reduzido, da ordem de 7,43%, passando de 2,96 milhões desacas (em 2006), para 3,18 milhões de sacas (no ano-safra 2007/2008), conforme pode sercomprovado no “QUADRO VI”, relativo à Oferta e Demanda Brasil.

Com relação aos estoques finais privados para o ano 2007/2008, estes deverãoficar próximos dos 7,83 milhões de sacas, o que corresponde a um pouco mais de dois mesesde consumo e exportações internas.

Nos últimos 15 anos os estoques privados tiveram uma redução de 79,14%,saindo de 37,52 milhões de sacas, em 1993, para 7,83 milhões em 2007/2008, o menor dosúltimos anos, conforme pode ser comprovado no “GRÁFICO VII”, que está discriminado aseguir.

Como existe uma incógnita com relação aos números da safra vindoura, tendoem vista a ocorrência, no segundo semestre de 2007, de uma estiagem que acabouprovocando déficits hídricos representativos em algumas das principais regiões produtoras dopaís, este estoque poderá não ser suficiente para atender adequadamente à demanda dopróximo exercício.

Os Estoques do Governo, relativos ao FUNCAFÉ estão praticamente exauridos.De 1996 até 2007, houve uma drástica redução de 94,03%, passando de 13,4 milhões desacas, em 96, para 800 mil sacas em 2007, (vide o “GRÁFICO VIII”).

60.000/054

GRÁFICO VIIESTOQUE PRIVADO

(em mil sacas de 60 kg)

7.826

17.58218.718

25.18726.620

36.896

32.029

38.60236.367

37.520

0

5.000

10.000

15.000

20.000

25.000

30.000

35.000

40.000

45.000

1998/99 1999/00 2000/01 2001/02 2002/03 2003/04 2004/05 2005/06 2006/07 2007/08

-79,14

Fonte: CONAB

35

Page 36: ESTUDOS DE PREÇOS MÍNIMOS

2.2 - Preços

Durante o ano-safra 2006/2007, alguns produtores de café arábica acabaramretendo parte dos seus estoques na expectativa de que houvesse um incremento nascotações do produto. Neste contexto, convém ressaltar sobre um fato que ocorreu no final doano de 2006: em dezembro de 2006 e janeiro de 2007, o preço de uma saca de 60 kg de caféarábica, tipo 06, bebida dura, estava por volta de R$ 290,00. Entretanto, foi criado,praticamente um consenso, entre grande parte dos cafeicultores, de que a mercadoriaestocada só viria à tona quando o preço da saca atingisse o valor de R$ 300,00, livre. Só queao contrário dessas previsões otimistas, os preços no mercado físico passaram a declinar.

No final do mês de abril de 2007 – portanto, três meses depois daquela ligeiraeuforia -, a mesma saca já estava cotada a R$ 225,00, o que representava uma redução de22,43%, em relação aos R$ 290,00.

Tal fato acabou contribuindo para que uma parte representativa da safra2006/2007 fosse deslocada para o estoque correspondente ao ano-safra 2007/2008.

60.000/054

GRÁFICO VIIIESTOQUES DO GOVERNO (FUNCAFÉ)

(em milhões de sacas de 60 kg)

13,4

11,5

9,4

7,6

6,15,6 5,4

6,1

4,7 4,5

1,9

0,8

0,0

2,0

4,0

6,0

8,0

10,0

12,0

14,0

16,0

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

-94,03

Fonte: MAPA

36

Page 37: ESTUDOS DE PREÇOS MÍNIMOS

No mês de junho/2007, o Mapa – Ministério da Agricultura, Pecuária eAbastecimento, por intermédio da Conab, realizou dois leilões de PEPRO – destinadosexclusivamente aos produtores de café arábica. O primeiro leilão ocorreu no dia 15/06/07,correspondendo a 4,0 milhões de sacas, e o segundo, no dia 27/06/07, relativo a mais 1,0milhão de sacas, totalizando 5,0 milhões de sacas.

Para o recebimento dos prêmios, os agricultores – ou cooperativas -, tinham quecomprovar a venda do seu produto junto à Conab; na verdade esse prazo se estende até omês de setembro de 2008.

Este fato acabou contribuindo para que ocorresse uma ligeira alta no preço damercadoria, o que fez com que alguns produtores se animassem e colocassem parte de seusestoques para ser comercializado.

Outro momento que favoreceu a uma melhora nos preços do produto, foi nosegundo semestre de 2007, período em que ocorreu uma prolongada estiagem nas principaisregiões produtoras de café do Brasil. As Bolsas de Mercadorias, a nível mundial, traduziramessas expectativas desfavoráveis, em termos de produção, em incremento de preços nomercado futuro. No mercado físico a resposta ocorreu de imediato; as cotações, no seu picode alta, chegaram a atingir preços na faixa entre R$ 260,00 e R$ 270,00, e poderiam teralcançado valores mais expressivos, não fosse valorização ocorrida com o real frente aodólar.

No “GRÁFICO IX”, onde estão discriminados os preços médios anuais do caféarábica, dá para se perceber, com certa clareza, os efeitos da desvalorização do dólar sobreos preços do café, praticados em reais. Enquanto que os preços cotados na moeda americanativeram uma valorização de 9,49%, num comparativo entre 2006 e 2007, os preços em reais,no mesmo período, ao contrário, sofreram uma desvalorização de 1,3%.

60.000/054

GRÁFICO IX PREÇO MÉDIO ANUAL DA SACA DE 60 KG DO CAFÉ ARÁBICA

DE 1996 A 2007

123,89

242,91 246,10

275,37

213,37

171,16

126,57 114,80

161,72 178,62

160,81

206,25

125,94 113,15

112,69

72,45 55,96

43,30 49,64

88,83 98,78

139,40

191,32

125,52

0,00

50,00

100,00

150,00

200,00

250,00

300,00

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

US$ R$

Fonte:EXPOCACCER

37

Page 38: ESTUDOS DE PREÇOS MÍNIMOS

Do início de 2003 até novembro de 2007, houve uma desvalorização da moedaamericana – frente ao real -, de 50,7%, (vide o “GRÁFICO X”).

2.3 – Perspectivas

Numa análise junto ao Quadro de Oferta e Demanda Brasil, (vide o “QUADROVI”), identifica-se que a oferta total relativa ao ano-safra 2007/2008, foi a menor dos últimossete anos, enquanto que a demanda total foi a segunda maior constatada, no mesmo período.

Por outro lado, pode-se identificar, também, que o nível dos estoques privadospara o ano-safra em questão – 2007/2008 -, é o menor dos últimos anos. Os estoques doGoverno deverão fechar o ano-safra com algo em torno de 500,0 mil sacas, o que também éum estoque insignificante, frente à demanda registrada nos dias de hoje.

Essa realidade faz com que seja projetado um cenário favorável para os preçosno curto e no médio prazo. Acredita-se que os níveis desses preços deverão permaneceracima dos 130,0 centavos de dólar por libra-peso.

2.4 – ASPECTOS ECONÔMICOS

A recente crise que ocorreu nos Estados Unidos – a crise das hipotecas de altorisco (subprime) -, e que se alastrou mundo afora, tem levado alguns analistas de mercado asuporem que os países desenvolvidos terão um incremento do seu PIB mais reduzido nosanos de 2007 e 2008.

60.000/054

GRÁFICO X VARIAÇÃO DO DÓLAR DE FEV/03 a NOV/07

(média mensal)

1,700

1,900

2,100

2,300

2,500

2,700

2,900

3,100

3,300

3,500

jan/03

mar/03

mai/03

jul/03

set/03

nov/03

jan/04

mar/04

mai/04

jul/04

set/04

nov/04

jan/05

mar/05

mai/05

jul/05

set/05

nov/05

jan/06

mar/06

mai/06

jul/06

set/06

nov/06

jan/07

mar/07

mai/07

jul/07

set/07

nov/07

3,59

1,77

VARIAÇÃO - 50,7%

FONTE : Banco Central do Brasil

38

Page 39: ESTUDOS DE PREÇOS MÍNIMOS

Os últimos balanços publicados por alguns dos principais Bancos e Fundos deHedge, do mundo, estão apresentando números meio assustadores. O Citibank, por exemplo,teve uma redução do seu lucro líquido de 57%. Aquela instituição financeira teve ainda queassumir como prejuízo, no seu balanço, a quantia de US$ 11,0 bilhões e por conta disso estápromovendo um corte na sua força de trabalho da ordem de 45 mil funcionários (o querepresenta 13,8% de todo o pessoal empregado naquela instituição) –, hoje são 325 milempregados. Situação semelhante está acontecendo com outros bancos, como é o caso doGoldman Sachs, o BNP Paribas, Merryl Linch, dentre outros. O FED (Federal Reserve), oBanco Central dos Estados Unidos, está prevendo um crescimento em 2007, para a economianorte-americana entre 1,8% e 2,5%. Isso poderá se refletir de uma forma negativa naseconomias de alguns países, principalmente aqueles que possuem uma grande dependênciadas suas exportações para os Estados Unidos, como é o caso do México que chega aexportar cerca de 80% de toda a sua produção para lá.

Entretanto esse não é o caso do Brasil. Exporta-se para os Estados Unidosapenas 20% de toda a nossa pauta de exportação.

Um grupo representativo de economistas acredita que aos poucos começa a sematerializar uma nova era da ordem econômica mundial, a do descolamento, que tem comobase que o mundo poderá vir a sobreviver a uma recessão americana, uma vez que a China eoutros países emergentes, além da Europa, teriam papel cada vez mais importante nocrescimento global, conseguindo, com isso, compensar a queda da demanda americana.

Com relação ao Brasil, os indicadores macroeconômicos estão totalmentefavoráveis: inflação que deverá ficar em torno de 4,3%, em 2007, portanto, abaixo da meta dainflação projetada que é de 4,5%. As reservas internas cambiais já ultrapassaram 176,0bilhões de dólares e com a real perspectiva do Governo Federal de criar um Fundo Soberano,que a princípio teria a função de dar suporte às empresas brasileiras quando estas fossemexpandir as suas atividades no exterior. Isto seria extremamente salutar para a economiabrasileira, bem como para o bom posicionamento na comunidade internacional.

60.000/054

GRÁFICO XIPREVISÃO DO CRESCIMENTO DO PIB PARA 2007

4,24,74,8

5,566,26,26,7

8,4

10,5

0

2

4

6

8

10

CHINA

CING

APURA

HONG

KO

NG

TURQUIA

BRASIL

Fonte:The Economist

39

Page 40: ESTUDOS DE PREÇOS MÍNIMOS

Tem-se, ainda, uma boa perspectiva com relação ao crescimento do PIB internoque deverá ficar em 5,5% (vide o “GRÁFICO XI”). Por outro lado, os juros estão em rotadecrescente. A taxa Selic ainda se encontra elevada – 11,25% -, mas aos poucos está sendoreduzida.

O risco Brasil está na casa dos 250 pontos (mas já esteve em 139 pontos nesteano), vide o “GRÁFICO XIII”.

A Bolsa de Valores do Estado de São Paulo – BOVESPA - atingiu em 2007,65.000 pontos, índice inédito na história daquela Bolsa – é conveniente destacar que dejaneiro a outubro de 2007, ou seja, em apenas 10 meses, o IBOVESPA, que é o índice quemede a valorização das ações mais negociadas na Bolsa de Valores do Estado de São Paulo,cresceu 20 mil pontos, saindo de 44 mil, para 64 mil. Para se ter uma idéia do que istosignifica, convém destacar que no início desta década, para a Bolsa variar positivamente10.000 pontos, levava, em média, de dois a três anos.

Presencia-se, também, por outro lado, um incremento do número de pessoasempregadas no país. Recentemente o IBGE divulgou a taxa de desemprego no Brasil,60.000/054

GRÁFICO XII

EXPANSÃO DO PIB NO 3º TRIMESTRE DE 2007, EM RELAÇÃO AO MESMO PERÍODO DO ANO ANTERIOR

11,50%

8,90% 7,60%

5,70% 4,10% 3,70%

2,80% 2,70%

0,00% 2,00% 4,00% 6,00% 8,00%

10,00% 12,00% 14,00%

Zona do EURO

EEUU México Chile Brasil Rússia Índia China Fonte:Tendências Consultoria s

QUADRO XI I I RISCO BRASIL

1.679 1.779

854

1.251

2.443

1.426

798 489

250 267

1.718

521 512

0

500

1.000

1.500

2.000

2.500

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

40

Page 41: ESTUDOS DE PREÇOS MÍNIMOS

correspondente ao mês de novembro de 2007 que foi de 8,2%, a mais baixa desde a criaçãoda série. É visível e bem nítido o crescimento do setor industrial, por exemplo, que estátrabalhando com cerca de 84% de toda a sua capacidade produtiva instalada. A maioria dasmontadoras de automóveis está trabalhando em três turnos (24 horas), para atender àdemanda do mercado interno e as exportações. É evidente ainda a elevação da renda médiado trabalhador brasileiro.

O saldo na balança comercial é outro dado que merece destaque. Ele deveráfechar 2007 com a marca de US$ 40,0 bilhões, abaixo dos US$ 46 bilhões alcançados em2006. Esta redução se deve ao real que se encontra valorizado frente ao dólar, o que acabafavorecendo as importações.

O crédito ao consumidor crescente é também é outro fator relevante e que estácontribuindo para que ocorra um incremento do consumo interno.

Enfim, a situação econômica que o país atravessa é extremamente favorável,tanto que as agências internacionais de avaliação de risco, de alguma forma, já sinalizam queo Brasil deverá receber, no decorrer do próximo ano, o grau de investimento – o investmentgrade. Tal chancela indica à comunidade internacional que o Brasil é um país seguro para aaplicação dos seus investimentos. É importante frisar que muitos fundos só direcionam assuas aplicações (ou parte delas) para países – ou empresas - que atingiram o “investmentgrade”.

Está entrando muito dinheiro no país e a perspectiva é de que aumente aindamais este volume. O Banco Central está estimando que o fluxo de Investimentos EstrangeirosDiretos – IED -, deverá bater o recorde em 2007. O chefe do Departamento Econômico do BC,Altamir Lopes, informou que a entrada de investimentos para a produção e serviços deverásuperar a marca dos US$ 35,0 bilhões, o que representa uma cifra superior a que foialcançada no ano 2002 – US$ 32, 779 -, em pleno período das privatizações.

No acumulado de janeiro a outubro, o IED já soma US$ 31,2 bilhões, o maiorpara o período. Este volume já é 66,1% superior ao de todo o ano de 2006. No mês deoutubro de 2007 houve um forte ingresso de US$ 3,188 bilhões que foi o maior para o mês,desde 1988.

É importante destacar, ainda, que os preços das commodities (agrícolas e nãoagrícolas), estão elevados, em alguns casos alcançando recordes históricos, o que favorecepara que se tenha um substantivo incremento nas exportações, tanto em volume quanto emreceita.

Para coroar tudo isto, ainda há a notícia de que a Petrobrás descobriu, na Baciade Santos, o mega-campo de Tupi, com um manancial de óleo que poderá alcançar 60% detodas as reservas de petróleo atual.

Todos esses fatores positivos acabam contribuindo para que a economia internafique mais sólida e menos vulnerável às crises internacionais.

Com relação à economia internacional, apesar dos países ricos apresentaremuma perspectiva de crescimento reduzido dos seus PIBs, deverá ocorrer um equilíbrio docrescimento do PIB mundial, em função do incremento que haverá na outra ponta, nas60.000/054 41

Page 42: ESTUDOS DE PREÇOS MÍNIMOS

economias dos países emergentes. O Fundo Monetário Internacional – FMI, numa perspectivaotimista, está projetando um crescimento do PIB global de 5,2% em 2007 e 4,8% em 2008.

A China, hoje, o grande motor propulsor do mundo, por exemplo, deverá fechar2007 com um crescimento de 11,5%. As exportações daquele país deverão, pela primeira vez,ultrapassar a casa de 1,0 trilhão de dólares. Muitas empresas transnacionais estãotransferindo as suas bases de produção para os países emergentes, para aproveitarem amão-de-obra barata e, assim, obterem uma redução dos seus custos de produção. Hoje, asempresas que não tiverem ganhos em escala, estão fadadas a sumirem do mercado. É visívela preocupação de grandes conglomerados em aumentarem a sua produção e a suaprodutividade, crescendo horizontalmente, de forma orgânica, ampliando ou inaugurandonovas instalações, ou ainda, procurando obter um incremento de uma forma vertical, fazendonovas aquisições ou fusões.

A cada ano a economia chinesa está incluindo no seu mercado de trabalho cercade 35,0 milhões de pessoas. Exemplos semelhantes estão ocorrendo em outros paísesemergentes, como é o caso da Índia, Vietnam, Rússia, países do Leste Europeu, como aHungria, a Polônia, República Tcheca, entre outros.

A crise das hipotecas de alto risco nos Estados Unidos (a crise do subprime),ainda é uma incógnita uma vez que ainda não está devidamente dimensionada. É de sesupor, entretanto, que a economia mundial poderá sofrer até alguns solavancos, mas deveráseguir em frente sem maiores tropeços.

Outro dado que faz pensar dessa maneira, é que os principais Bancos Centraisno mundo, já sinalizaram que estão dispostos a disponibilizar o volume de dinheiro necessáriopara evitar que essa atual crise ultrapasse dos limites de onde ela se encontra, para outrossetores da economia.

Após essas observações conclui-se que o maior crescimento deverá ocorrer nospaíses emergentes, com destaque para a China, que são os novos bebedores de café. Comrelação ao mercado interno, as expectativas de crescimento, como visto, são bastantefavoráveis. Portanto, em ambos os casos o mercado de café acabará saindo favorecido.

3 - PREÇO MÍNIMO PROPOSTO

O preço o mínimo atual para o café arábica é de R$ 157,00 e para o café coniloné de R$ 89,00.

Para se chegar ao preço mínimo do café arábica, relativo ao ano-safra2008/2009, foram levados em consideração os custos “variáveis” levantados pela Conab nosMunicípios de São Sebastião do Paraíso/MG, Patrocínio/MG, Guaxupé/MG, Manhuaçu/MG eFranca/SP. Foram escolhidos esses municípios, por apresentarem uma homogeneidade comrelação à estrutura fundiária e também pelos métodos de plantio e aplicação de tratosculturais adotados pelos agricultores da região serem semelhantes. Por outro lado, essaslocalidades estão situadas em regiões que representam uma fatia bem representativa daprodução nacional cafeeira, composta pela região do Sul de Minas, Triângulo Mineiro, Zonada Mata e a Alta Mogiana.

60.000/054 42

Page 43: ESTUDOS DE PREÇOS MÍNIMOS

Ressalte-se, ainda, que foi descartado deste levantamento, o Município de LuísEduardo Magalhães, localizado no Oeste Baiano, onde também se planta o café arábica,tendo em vista que as fazendas de café, localizadas naquela região, desenvolvem umaagricultura totalmente intensiva e mecanizada, uma realidade bem diversa da que se encontranos cinco municípios citados acima. Os pomares de café de Luís Eduardo Magalhães, quaseque na sua totalidade, são irrigados ou ferti-irrigados. Para efeito comparativo, cabe salientarque nos Municípios de São Sebastião do Paraíso, Patrocínio, Guaxupé, Manhuaçu e Franca,o item mão-de-obra (permanente e temporária), representa, em média, entre 33,7% a 51,18%,do custo total de uma saca de 60 kg de café arábica. Já em Luís Eduardo Magalhães, esteitem representa apenas 19,78%, uma vez que a colheita é feita, na maioria das vezes, deforma mecanizada. Com relação aos itens fertilizantes e defensivos, enquanto que nos cincomunicípios a média de gasto oscila em torno de 24% do custo de uma saca, em Luís Eduardoeste item chega a atingir quase 40%.

Como se vê, uma realidade diversa daqueles outros cinco municípios.

Por outro lado, toda a produção cafeeira do Estado da Bahia representa cerca de5,6% da produção nacional, isto, segundo a terceira estimativa de safra da Conab. A produçãodo Oeste Baiano, região onde está localizado o Município de Luís Eduardo Magalhães,representa, por sua vez, 35% de todo o Estado da Bahia, o que sem dúvida é uma parcelabem reduzida em relação ao share nacional. Para efeito comparativo, somente o Sul deMinas, região onde estão localizadas as cidades de Guaxupé e São Sebastião do Paraíso,representou na safra (terceira estimativa) 2007/2008, 19,32% de toda a produção nacional.

Por fim, Luís Eduardo Magalhães tem uma produtividade média altíssima, emtorno de 50 sacas por hectare, mesmo levando-se em conta tratar-se de um ano debianualidade negativa, enquanto que a produtividade média em Minas Gerais é de 14,57 (anode baixa produção – bianualidade negativa).

Portanto, ratificando, este Município foi deixado de fora deste levantamento.

Na seqüência, apurou-se, então, a média simples do custo variável dos cincomunicípios – São Sebastião do Paraíso/MG – R$ 199,55, Patrocínio/MG – R$ 180,23,Guaxupé/MG – R$ 176,76, Franca/SP – R$ 188,77, Manhuaçu/MG - R$ 198,82 -, chegando auma proposta para o preço mínimo, com relação ao café arábica, safra 2008/2009, de R$188,00 (cento e oitenta e oito reais) - fazendo o arredondamento, uma vez que a médiasimples atingiu R$ 188,83. Este valor ficou 7,29% acima da sugestão para o preço mínimo doano passado (safra 2007/2008) – R$ 176,00 -, o qual acabou não sendo aprovado.

Por outro lado, esse valor de R$ 188,00, é plenamente defensável, e ainda,compatível com a realidade atual, uma vez que nos últimos cinco anos ele não sofreu nenhumtipo de correção. No mesmo período a variação ocorrida no IGPD -I foi de 51,19 pontospercentuais e no IPCA, índice que serve de base para se mensurar a inflação brasileira, estavariação ficou em 41,12 pontos percentuais. Portanto, o que está se reivindicando é umincremento que representa apenas 48,03%, da variação do IPCA ocorrida nos últimos cincoanos.

Vale ressaltar que o café arábica representa, em média, cerca de 75% de todo ocafé produzido no Brasil.

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Page 44: ESTUDOS DE PREÇOS MÍNIMOS

Com relação ao preço mínimo do café conilon, propõe-se um preço de R$115,20 (cento e quinze reais e vinte centavos). Para se chegar a este número, a Companhialevou em consideração a média ponderada encontrada a partir dos custos variáveis deprodução dos Municípios de São Gabriel da Palha/ES – R$ 119,24 e Ji-Paraná/RO – R$147,17. Este valor está 52,81% acima do atual preço mínimo do café conilon, que é deR$103,23, e como no caso do arábica, também não sofreu nenhuma alteração nos últimoscinco anos. Este valor está 29,43% acima do atual preço mínimo do café conilon, que é deR$89,00, e como no caso do arábica, também não sofreu nenhuma alteração nos últimoscinco anos.

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Page 45: ESTUDOS DE PREÇOS MÍNIMOS

III - CASTANHA DE CAJU

Djalma Fernandes de AquinoGilson Antonio de Sousa Lima

1 - PANORAMA INTERNACIONAL

A cultura do caju é cultivada em vinte e seis países que estão distribuídos porseis continentes. Em 2005 foram cultivados aproximadamente 3.096 mil hectares e colhidos753 kg/ha o que proporcionou a obtenção de um volume de produção de castanha inatura daordem de 2.333 mil toneladas e de 537 mil toneladas de amêndoa de castanha de castanhade caju – ACC, após passar pelo processo de beneficiamento.

Conforme pode ser observado no Quadro I, Os países asiáticos tais como Índia,Indonésia e Vietnã são os maiores produtores mundiais seguidos de perto do Brasil e paísesafricanos como Nigéria, Guiné-Bissau, Benin, Cote d’Ivoire e outros. Especificamente noscaso do Vietnã, torna-se oportuno esclarecer que o procedimento adotado na divulgação donúmero de produção é o de somar a produção interna mais importações que são feitas devários países notadamente dos africanos. Com relação ao Kenya não se tem conhecimentosobre os procedimentos adotados na formação de seus números estatísticos, entretanto valea pena chamar atenção para o alto volume de produção obtido cerca de 10.000 toneladas decastanha para uma área de cultivo equivalente a 2.000 hectares o que dá um índice deprodutividade aproximado de 5.000kg/ha.

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Page 46: ESTUDOS DE PREÇOS MÍNIMOS

Seguindo a lógica da produção, também são estes os países responsáveis pelosmaiores volumes de amêndoas transacionadas no comércio mundial. Em contrapartida osprincipais adquirentes e, por conseguinte consumidores são as nações detentoras de rendaper capta elevada e, portanto maior poder aquisitivo. Nesse aspecto encaixam-se os EstadosUnidos maior consumidor, Canadá e países da cumunidade européia.

De acordo com a FAO, no período de 2002 a 2005, o incremento de áreacultivada com caju no mundo foi tímido, algo em torno de 2,8%% passando de 2.011 para3.096 mil hectares. Quanto à produção, os números constantes no Quadro I indicam quehouve crescimento significativo de 24%, passando de 1.880 para 2.333 mil toneladas decastanha inatura. Entretanto, ao se levar em consideração os problemas acima mencionadoscom o Vietnã e Kenya, fica a dúvida quanto ao real número da produção mundial econsequentemente do seu crescimento no período analisado.

O Vietnã que além de ser um dos principais produtores mundiais e importador de

castanha, também é grande exportador da matéria-prima que tem como destino os mercadosoriental e europeu, igualmente se destaca nas exportações de amêndoa de Castanha de Caju– ACC, cujos potenciais mercados consumidores são China, Estados Unidos, União Européiao país entre outros que perfazem um total de aproximadamente 40 países compradores.Outros países produtores de castanha e de amêndoa, também atuam nestes mercados,porém com menos intensidade.

Os EUA é considerado o principal país importador de ACC com uma média de40% da importação mundial. Ressalta-se também as importantes e representativasparticipações da Austrália que importa aproximadamente 9,7%, a Holanda 8,0%, o Reino

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Page 47: ESTUDOS DE PREÇOS MÍNIMOS

Unido 6,78, a Alemanha 6,44, o Canadá 5,62%, o Japão 3,56 além da França e dos EmiradosÁrabes 2%, respectivamente.

2 - PANORAMA NACIONAL

2.1 – Produção

A cajucultura sob o ponto de vista socioeconômico, é um segmento de grandeimportância para a Região Nordeste do Brasil, especialmente para os estados do Ceará, Piauíe Rio Grande do Norte, uma vez que gera trabalho e renda nas zonas rural e urbana. Não háestatísticas oficiais sobre a quantidade de empregos gerados em toda cadeia, entretanto oenvolvimento de mão-de-obra empregado no setor primário é intenso, começando na fase detratos culturais para as lavouras já implantadas, trabalho de colheita, transporte ebeneficiamento da castanha. Neste processo, estima-se que são gerados em todas as regiõesprodutoras do país empregos temporários (em seis meses de atividade) para cerca de376.000 pessoas para uma área plantada de 752.000 hectares, ou seja, cada dois hectaresgera ocupação para um trabalhador rural. Nos setores de exportação e industrial onde osempregos são formais, estima-se que trabalhem cerca de 25.000 pessoas o que dá um totalaproximado de 400.000 pessoas envolvidas diretamente com a cajucultura. Torna-se oportunoobservar que não se está levando em consideração os empregos indiretos, ocupaçõestemporárias que são criados e desenvolvidos para dar suporte aos diversos elos da cadeiaprodutiva do caju.

A safra brasileira de castanha de caju no corrente ano safra 2007 estavainicialmente estimada em aproximadamente 258,0 mil toneladas, haja vista que a áreaplantada (Quadro II), totaliza aproximadamente 752,0 mil hectares, o que implicaria em umcrescimento de 6,0 % quando comparado ao ano anterior, o que em valores absolutosequivale a 43,0 mil hectares. Contudo, com o fator climático adverso, devido à irregularidadepluviométrica, com muitos veranicos prolongados, ausência das tradicionais chuvas do cajuque ocorrem antes da floração, assegurando a umidade necessária dos solos em benefíciodos cajueiros, além de outros fenômenos, como ventos fortes, temperaturas altas e umidaderelativa do ar baixíssima, comprometeu o desenvolvimento do cajueiral, propiciando perdaselevadíssima da produção, nos principais estados produtores da Região Nordeste conformepode ser observado no citado quadro.

Os números médios de produtividades indicados no Quadro II são um forteindicativo dos prejuízos que estão sendo contabilizados pelos produtores na corrente safra,em termos de Brasil verifica-se que a redução em relação à safra passada cuja média obtidafoi de 343 kg/ha, na atual safra ela poderá fechar com 191 kg/ha, caracterizando assim umaretração de 43,0%. No Estado do Ceará maior produtor do Brasil a perda ora avaliada é daordem de 57%, algo equivalente a 74,3 mil toneladas de castanha já que a estimativa é de145 kg/ha contra 352 kg colhidos na safra anterior. No Piauí segundo maior produtor, aretração ora estimada é de 48,0%. No Rio Grande do Norte onde o efeito do clima adverso foimenos prejudicial quando comparado aos demais estados, a produtividade média está até omomento avaliada em 325 kg/ha o que dá um percentual de redução de 22,0%aproximadamente.

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Page 48: ESTUDOS DE PREÇOS MÍNIMOS

Vários segmentos da cadeia produtiva afirmam que estão convivendo com umacrise que se agrava a cada ano, para promover o desenvolvimento sustentável da cadeia,seria necessária a adoção de uma política de planejamento global, objetivando suplantar osvários desafios tais como: a) - falta de integração entre os elos da cadeia produtiva, b) - baixaprodutividade no processo produtivo o que faz com que o produtor tenha seus custos deprodução elevado e redução acentuada de sua rentabilidade, c) - o desperdício do pedúnculodo caju quase na sua totalidade, d) - a baixa qualidade da matéria-prima fornecida àsindústrias, e) - falta de atualização das tecnologias usadas nos processos de beneficiamento.

2.1 – Mercado – Oferta e Demanda

O setor empresarial, afirma que está passando por dificuldade nacomercialização das amêndoas de castanha de caju, devido ao efeito cambial (desvalorizaçãodo real em relação ao dólar), reduzindo as receitas. Outro fator que está afetando é o aumentoda produção mundial da amêndoa de caju, oriundo de outros paises, que estão investindo nacajucultura a exemplo dos asiáticos e africanos, utilizando tecnologia brasileira e com isto,obtendo altas produtividades.

Em que pese o mercado está trabalhando com uma possível quebra de safra daordem de 41%, torna-se oportuno ressaltar que os compromissos assumidos com o mercadode exportação e com setores do mercado interno não sofrerão solução de continuidade noano de 2007, isto porque as indústrias tradicionalmente compram no decorrer de cada safra,volumes de matéria-prima suficiente para beneficiar no período de entressafra, ou seja, osestoques de passagem da matéria-prima normalmente equivalem a cerca de 75% de tudo queé produzido na safra. 60.000/054

NORTE 2.701 1.799 666 2.932 2.005 684 2.932 2.005 684

PA 2.302 1.405 610 2.365 1.480 626 2.365 1.480 626

TO 399 394 987 567 525 926 567 525 926

NORDESTE 697.206 150.679 216 706.418 241.518 342 749.398 141.891 189

MA 15.783 5.031 319 18.339 6.149 335 19.599 6.287 321

PI 161.598 24.497 152 159.389 41.853 263 172.585 23.744 138

CE 368.911 66.090 179 371.032 130.544 352 388.362 56.273 145

RN 115.408 41675 361 114.754 47862 417 124.521 40515 325

PB 7.900 2.854 361 8.021 2.938 366 8.139 2.900 356

PE 6.810 4.891 718 6.548 5.127 783 6.548 5.127 783

AL 270 112 415 1.147 427 372 1.147 427 372

BA 20.526 5.529 269 27.188 6.618 243 28.497 6.618 232

NORTE/NORDESTE 699.907 152478 218 709.350 243523 343 752.330 143896 191

BRASIL 699.907 152.478 218 709.350 243.523 343 752.330 143.896 191

FONTE: IBGE/CONAB

(*) Estimativa

QUADRO I I

Área(mil ha) Prodt (kg/ha)Área(mil ha) Prod (mil t)

CASTANHA DE CAJUSÉRIE HISTÓRICA DA ÁREA PLANTADA, PRODUÇÃO E PRODUTIVIDADE - 2005 A 2007

Prod (mil t) Prodt (kg/ha)

2007REGIÃO/UF

Área(mil ha) Prod (mil t) Prodt (kg/ha)

2005 2006

48

Page 49: ESTUDOS DE PREÇOS MÍNIMOS

Para o ano de 2008, a tendência é de agravamento da situação, haja vista eeminente quebra de safra ora avaliada em 143.896 toneladas de castanha que efetivamenteforem beneficiadas irão corresponder a 33.100 toneladas de amêndoas. Vale lembrar que ademanda total de ACC no Brasil é da ordem de 50.000 toneladas aproximadamente, o queneste caso configura um déficit aproximado de 17.000 toneladas de amêndoas.

Caso o Brasil mantenha a performance de exportação dos dois últimos anos queem média foi de 45.000 toneladas/ano, e ao mesmo tempo queira garantir o abastecimento domercado interno, cujo consumo gira em torno de 5.000 toneladas de ACC/ano, o país terá querecorrer ao mercado internacional e importar algo em torno de 74.000 toneladas de castanhainatura cujo correspondente em amêndoa é cerca de 17.000 toneladas. Neste sentido, noprincípio de dezembro/07, a imprensa do nordeste, mais precisamente do Estado do Cearáfez circular notícia de que as indústrias estão tentando viabilizar importação de 40.000toneladas de castanha inatura procedentes dos paises africanos, com a finalidade de nãointerromper o processo de continuidade das fábricas e poder honrar os contratos firmadoscom agentes do mercado interno e de exportação.

Conforme pode ser observado no Gráfico I, de janeiro a dezembrp de 2007, oBrasil exportou cerca 51.556 toneladas de ACC, quantidade 19,2% a todo ano de 2006,quando foram embarcadas 43.231 toneladas. O montante de receita auferida com asexportações de 2007 totalizou US$ 225.195 mil, o que em moeda nacional corresponde a R$441.765 mil uma vez que a taxa média de câmbio no período foi R$ 1,9617/US$. No anoanterior a média anual do câmbio ficou estabelecida em R$ 2,1777/US$, que multiplicado pelovolume de receita arrecadada de US$ 187.538 mil, obteve-se o valor correspondente de R$408.400 mil. Uma análise mais detalhada destes números permite constatar o efeito negativoque a atual política cambial exerce sobre o setor exportador, ou seja, no período analisado sea taxa de câmbio de 2007 tivesse permanecido no mesmo patamar de 2006, os exportadoresteriam auferido um adicional de receita da ordem de R$ 48.642 mil o que em termospercentuais corresponde a 11,0%.

60.000/054 49

Page 50: ESTUDOS DE PREÇOS MÍNIMOS

Conforme pode ser observado no Gráfico II, a cotação da amêndoa FOBfortaleza no decorrer do corrente ano manteve uma trajetória ascendente, superando inclusiveos valores de 2006. No decorrer do corrente ano, a valoração constatada foi da ordem de14,8%, saindo de US$ 2,09/lb em janeiro para 2,40/lb no mês de dezembro, ajudando aneutralizar os efeitos da desvalorização cambial no decorrer do ano.

60.000/054

GRÁFICO IEXPORTAÇÃO BRASILEIRA DE AMÊNDOA DE CASTANHA DE CAJU - 2005/2007

0

2.000

4.000

6.000

8.000

10.000

12.000

14.000

16.000

18.000

20.000

22.000

24.000

US$ mil 2006 13.314 14.706 15.528 18.072 18.608 19.600 14.684 16.205 9.713 13.644 18.374 15.088

US$ mil 2007 20.427 18.053 19.069 16.273 20.950 18.016 17.965 22.566 15.625 21.160 19.535 15.557

Qtde (ton) 2006 3.158 3.340 3.643 4.230 4.172 4.466 3.458 3.711 2.300 3.190 4.203 3.360

Qtde (ton) 2007 4.512 3.961 4.430 3.592 4.930 4.136 4.233 5.233 3.633 4.943 4.531 3.422

Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro OutubroNovembr

oDezembr

o

Fonte: Secex - Elab: Conab

50

Page 51: ESTUDOS DE PREÇOS MÍNIMOS

Conforme demonstrado no quadro III, praticamente toda exportação de amêndoade castanha de caju (99%), é feita pelo Estado do Ceará. De janeiro a novembro/07 atravésdo porto de pecém, que fica localizado na cidade do mesmo nome, foram embarcadas 38.333toneladas que equivalem à cerca de 79,6% das exportações do país. Por intermédio do portode mucuripe situado na cidade de Fortaleza – CE, os embarques somaram 9.318 toneladas oque em termos percentuais representa 19,4% do total.

60.000/054

GRÁFICO I I - CASTANHA DE CAJU PREÇOS FOB FORTALEZA - CEARÁ EM 2005 E 2007

1,75

1,85

1,95

2,05

2,15

2,25

2,35

2,45

2,55

Jane

iro

Fever

eiro

Abril

Maio

Junh

oJu

lho

Agosto

Setem

bro

Outub

ro

Novem

bro

Dezem

bro

Val

ore

s =

US

$/lb

US$FOB 2005 US$FOB 2006 US$FOB2007Fonte/Elab: Conab, 2007.

PORTO NCM Qtd. (ton) Valor US$1000 FOBPecém - CE 0801.32.00 38.333 169.059Fortaleza-Porto - CE 0801.32.01 9.318 38.650Chui - RS 0801.32.02 35 140Natal-Porto -RN 0801.32.03 16 72Recife - PE 0801.32.04 63 185Outros 0801.32.06 370 1.533

Total - 48.134 209.639

Fonte: Secex Elab: Conab

CASTANHA DE CAJU - JAN A NOV/2007 POR PORTOS

QUADRO - I I I

EXPORTAÇÕESBRASILEIRAS DE AMÊNDOAS DE CASTANHA 2007

51

Page 52: ESTUDOS DE PREÇOS MÍNIMOS

Especificamente no que diz respeito ao mercado interno, os produtorestrabalhavam com a expectativa de que se fosse confirmado o volume de produçãoinicialmente estimado em 255,0 mil toneladas, tal montante se constituiria em um novorecorde brasileiro, sob esta ótica, a classe produtora mostrava-se satisfeita com a perspectivade colheita de uma safra generosa, mas por outro lado, havia motivos de preocupação com opossível aviltamento dos preços por parte das indústrias na hora da compra, que jásinalizavam com ofertas de compras no início da safra nos principais estados produtores avalores próximos de R$0,70 por kg, bem inferior ao preço da safra passada, que foi deR$1,00/kg em média.

Contudo, em função da pouca oferta da matéria-prima no mercado, aliado amaior procura pelo produto, as ofertas de compras por parte das indústrias e comerciantes jáestão sendo feitas em bases próximas a R$ 0,90/kg nos Estados do Ceará e do Rio Grandedo Norte conforme pode ser observado no Gráfico III. No Estado do Piauí, praticamente nãohouve reação na cotação do produto desde o início da safra. Entretanto, a tendência naturaldaqui para frente, é de incrementos mais expressivos dos preços em todos as regiõesprodutoras, podendo inclusive chegar ao patamar do novo preço mínimo estabelecido peloGoverno Federal em R$ 1,20/kg de castanha tipo 1.

3– ATUAÇÃO GOVERNAMENTAL

60.000/054

GRÁFOCO I I I - PREÇO MÍNIMO X PREÇO PAGO AO PRODUTOR - 2007

0,50

0,60

0,70

0,80

0,90

1,00

1,10

1,20

1,30

Jane

iro

Fever

eiro

Abril*

Maio

Junh

oJu

lho

Agosto

Setembr

o

Outubr

o

Novem

bro

Dezem

bro

Val

ores

em

R$/

kg

CE PI RN Preço Mínimo

Fonte/Elab: Conab, 2007.

52

Page 53: ESTUDOS DE PREÇOS MÍNIMOS

3.1 - Novos preços Mínimos

No dia 22/11/07, foi publicado no Diário Oficial da União – D.O.U. o Decreto6.266, que fixa os preços mínimos básicos para sementes e produtos agrícolas das safras deverão e de produtos regionais 2007/2008 e das Regiões Norte e Nordeste 2008.

Para a castanha de caju foi concedido reajuste de 20% em relação ao valor dasafra passada o que elevou o preço atual para R$ 1,20/kg. Conforme descrito no documento,o novo preço mínimo que ampara as operações de Empréstimo do Governo Federal – EGF éretroativo a julho/07 que é o mês de início de vigência das operações.

3.2 - Preços de Aquisição da Agricultura familiar

Deve-se levar em conta que a cadeia produtiva da castanha de caju no Brasil éum segmento típico da Região Nordeste e tem na amêndoa da castanha de caju (ACC) umdos principais produtos da pauta de exportação. Os pequenos agricultores são os principaisprodutores da castanha, entretanto, por serem o elo mais enfraquecido da cadeia produtiva,acabam por ficarem nas “mãos” da indústria e atravessadores conseguindo pouco valor aoseu produto e às vezes nem cobrindo os custos da atividade.

Ciente dos benefícios do programa, o que se percebe por parte da Conab é quegrande parte do produto adquirido, embora dentro dos padrões, encontra-se em classificaçõesinferiores. A título de ilustração na última aquisição feita no RN em 2006 foram compradas350,9 toneladas de castanha. Desse total 31,3%, era do tipo 1; 51% tipo 2 e 17,7% tipo 3.

De acordo com o Manual de Operações da Conab (MOC) a aquisição dacastanha só pode ser feita sob a legislação oficial do MAPA. E esta por sua vez, é subdivididaem: grupo, classe e tipo.

Tendo em vista que a aplicação da metodologia resulta em preços bem próximosdo preço mínimo fixado pelo Governo para a presente safra, foi feita a proposição para quefosse adotado o preço (de referência) mínimo para o tipo 1 e aplicados os ágios deságios dequalidade para os demais tipos (2 e 3). Desta forma, os preços propostos para vigorar a partirda publicação de resolução do Grupo Gestor, passam a ser os seguintes:

Castanha de Caju na Região NordestePreços de referência safra 2007/08.

CASTANHAPÓLO DE COMPRA POLO VOLANTE *

Em % Em R$ Em % Em R$Tipo 1 100 1,20 90 1,08Tipo 2 80 0,96 90 0,86Tipo 3 60 0,76 90 0,65

* Deságios aplicados sobre os preços nos Pólos de Compra.

60.000/054 53

Page 54: ESTUDOS DE PREÇOS MÍNIMOS

3.3 - Intervenções Governamentais

Em 2007, o Governo Federal não realizou intervenções de compras do produto,as atuações se restringiram à regulação do mercado via colocação dos seus estoquesdepositados nos Estado do Piauí e Rio Grande do Norte para venda. No Piauí as vendasocorreram nos meses de setembro e novembro/07 através da modalidade de leilõesrealizados pela Conab. De um estoque inicial que somava 303.681 kg foram vendidos 229.349kg permanecendo um saldo 74.332 kg que serão destinados ao programa de venda embalcão direcionado para as mines fábricas de processamento de castanha de caju vinculadasas cooperativas dos produtores rurais.

No Rio Grande do Norte, a Conab no período de entressafra, implementou oprograma de venda balcão e efetuou venda direta para mine fábricas, associações deprodutores e cooperativas de produtores localizados em todo estado totalizando 305.400 kgde castanha de caju ao preço de R$ 0,90/ kg. O produto adquirido após o processo debeneficiamento e industrialização, está sendo comercializado para os mercados interno eexterno. Esse programa é de suma importância para as comunidades regionais uma vez queproporciona a continuidade do trabalho, a geração de renda aos agricultores familiares aolongo de todo ano, promove o bem estar da família, a satisfação pessoal, cria novosempregos contribuindo assim para inclusão social dos cidadãos que vivem às margens dasociedade. Vale ressaltar que o estoque inicial depositado em armazéns da Conab no estadoera de 351.000 toneladas adquiridas pelo Programa da Agricultura Familiar – PAA em 2006,com efetivação da venda, permanece um remanescente de estoque de 45.600 kg.

No Rio Grande do Norte há uma expectativa de atuação da Conab ainda esteano no sentido de efetuar compras através do PAA ofertando preço de R$ 1,20/kg para acastanha classificada – Tipo 1, com isto, no princípio de dezembro foi iniciado um movimentode reação do preço do mercado (hoje, variando de R$ 0,95 a R$ 1,00/kg). A estimativa inicialera de que a Conab adquirisse, algo em torno de 380 t entretanto devido melhora dos preçosa projeção no momento é para compra de apenas 100 toneladas.

COMPARATIVO DE PREÇOS (R$/kg) NO RIO GRANDE DO NORTE

TIPO PAA/POLOVOLANTE

PAA/POLO DECOMPRA

MERCADO(*)

1 1,08 1,20 0,95 a 1,00

2 0,86 0,96 0,90 a 0,95

3 0,65 076 0,90 a 0,95(*) Preço recebido pelo produto sem classificação. Enquanto que o produto adquirido via

PAA é classificado oficialmente em Fortaleza-CE.

60.000/054 54

Page 55: ESTUDOS DE PREÇOS MÍNIMOS

4 - ANÁLISE PROSPECTIVA E RESULTADOS ESPERADOS

4.1- Proposta e Preço Mínimo

Na elaboração da proposta de preços mínimos para a safra 2008/09, foramlevados em consideração os seguintes indicadores econômicos, a saber: a) – média anualdos preços recebidos pelos produtores nos Estados do Piauí, Ceará e Rio G. Norte, noperíodo de Fev/2007 a Jan/08, no valor de R$ 0,94/kg de castanha inatura. b) – preço médioatual do produto R$ 1,03/kg (média de Jan/08) recebido pelos produtores na UFs. Citadas, c)Paridade de exportação para a amêndoa tipo W-1320 FOB fortaleza no valor de R$ 9,65/kg,para tanto, foi utilizada a taxa de câmbio de R$ 1,75/US$ e d) – cálculo da paridade deexportação ao produtor no valor de R$ 1,15/kg de castanha, tendo como parâmetro a mesmataxa de câmbio já referida. Chega-se a este valor após fazer a dedução dos custos portuários,de transporte, industrialização, seguro, beneficiamento e outros até chegar ao local deprodução que é a lavoura, e) por último utiliza-se o custo variável de produção levantado pelaConab nas localidades mencionadas, cujo valor apurado foi de R$ 1,14/kg. Vale ressaltar queem relação ao ano anterior houve foi detectado redução, dos custos de produção noscajueirais mais novos (não extrativistas) onde são empregadas tecnologias mínimas deprodução. Ressalta-se que após a implantação da lavoura de caju, a planta a cada ano vaiaumentando a capacidade de produção, tornando o custo de produção menos oneroso,entretanto ela só atinge a sua capacidade plena após o sexto ano de vida.

Com base nos parâmetros acima indicados, chega-se a conclusão quemomentaneamente a situação é gravosa, pois os preços recebidos pelos produtores estãoaviltados em 10% em relação ao custo de produção, por outro lado, o setor exportador poderiaestar pagando pelo menos o valor de paridade ao produtor que é de R$ 1,15/kg, isto não estáacontecendo. Entretanto, com a redução da produção da safra em curso, a oferta do produtono mercado para o próximo ano será restrita, com isto a tendência natural é de que os preçosdo produto no mercado interno sejam balizados pela paridade de importação da castanhainatura, cujas projeções iniciais do setor apontam para algo em torno de R$ 1,60/kg CIF portodo Nordeste.

Concluindo, propõe-se que o atual preço mínimo em vigor que é de R$ 1,20/kg,seja integralmente mantido, estendendo-se seus efeitos para a safra 2008/09.

4.2- Resultados Esperados

A cadeia produtiva da castanha de caju é um seguimento típico da regiãonordeste além de ter na ACC um dos principais produtos da pauta de exportação. Nos últimosanos a atividade vem ganhando espaço, aos poucos consideráveis superfície de áreas estãosaindo do extrativismo para uma atividade agrícola demandante de cuidados e tecnologias.

Nesse sentido, a partir da elaboração da proposta do preço mínimo para a safra2008/09, espera-se contribuir para o constante crescimento e fortalecimento da cadeia, quedesempenha um papel importante na economia regional e na pauta das exportaçõesbrasileiras, gerando emprego e renda.

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Page 56: ESTUDOS DE PREÇOS MÍNIMOS

A contribuição desta proposta, notadamente no que diz respeito a manutençãodo atual preço mínimo, almeja manter o pequeno produtor no campo, para que o fruto do seutrabalho conceda a ele e aos seus familiares uma vida mais digna, além de fazê-lo sentir-separte importante do processo.

Uma vez fortalecidos e valorizados, os produtores familiares, (metade daprodução brasileira é originada de estabelecimentos com menos de 50 hectares), toda acadeia será beneficiada.

Assim, haverá aumento na produção, com maior oferta de matéria-prima para aindústria, produto final com qualidade e melhor preço e conseqüentemente, maior participaçãobrasileira no mercado internacional. Além disto, um aumento na produção poderia colaborarpara um maior acesso ao seu consumo no mercado interno, pois a ACC ainda é um alimentocaro para a grande parte da população brasileira.

Para concluir aponta-se a proposta de preço mínimo como uma das formas de ogoverno manter-se junto e atuante no desenvolvimento, em particular com o apoio deinstituições governamentais e de técnicos, no sentido de agrupar produtores e industriais, paracapacitar-lhes na realização de várias operações do processo produtivo da castanha de caju.

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Page 57: ESTUDOS DE PREÇOS MÍNIMOS

IV - CASULO DE SEDA

Humberto Lôbo Pennacchio

1 - INTRODUÇÃO

O bicho-da-seda é originário da China e há cerca de 5.000 anos vem sendocriado pelo homem para obtenção de fios de seda. Da China o inseto foi introduzido no Japão,Turquestão e Grécia. Em 1740, o bicho-da-seda passou a ser criado na Espanha, na França,na Itália e na Áustria. No Brasil, a introdução da sericicultura ocorreu no Estado do Rio deJaneiro, no ano de 1848, e em 1922, na cidade de Campinas - SP, onde foi criada a Indústriade Seda Nacional S.A. A partir daí a sericicultura tornou-se uma importante atividade para aagroindústria brasileira e, atualmente, o Estado do Paraná é o maior produtor nacional decasulos do bicho-da-seda.

No Brasil, a sericicultura é uma importante atividade agroindustrial que contribuisubstancialmente para a economia rural. A atividade tem-se desenvolvido, sobretudo, nas pe-quenas propriedades rurais, onde predomina o trabalho familiar, representando uma alternati-va importante para a melhoria da renda dessas famílias e contribuindo de forma significativapara a diminuição do êxodo rural. Somando-se a essas características, a sericicultura contribuipara o desenvolvimento sustentável do país, em virtude de seu relevante aspecto social e porse tratar de atividade de baixo impacto no meio ambiente.

A sericicultura é uma atividade integrada à indústria-sericicultor, abrangendo ocultivo da amoreira (Morus sp.), e a produção, desde a obtenção dos ovos até o cultivo daslagartas do bicho-da-seda no campo (Manual de Sericicultura, 2000). O bicho-da-seda daamoreira, Bombyx mori L. (Lepidóptera:Bombycidae), contribui com 95% da produção total defios de seda utilizada nas confecções de diferentes tipos de tecidos (Fonseca & Fonseca,1986; Watanabe et al., 2000). Para o sucesso de uma grande produção de seda com fios dequalidade é necessária a seleção de raças resistentes às doenças que suportem as condiçõesdo campo e que tragam em seu código genético informações que possibilitem a produção dealtos teores de seda. Portanto, é de suma importância caracterizar e selecionar raças debichos da seda, que sejam boas produtoras no campo.

As raças japonesas apresentam alto teor de seda no casulo, e as raças chinesasapresentam uma maior resistência ao cultivo no campo. Desta forma, para obtenção do híbri -do de alto valor comercial, que apresente elevado rendimento de casulos por grama de ovos ealto rendimento de seda, índices estes importantes para produtores e indústrias de fiação, eque sejam ao mesmo tempo resistentes no campo, procura-se misturar as características ge-néticas das raças japonesas e chinesas.

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Page 58: ESTUDOS DE PREÇOS MÍNIMOS

2 - PANORAMA INTERNACIONAL

A produção mundial de casulos de seda em 2006, fechou em 430.000toneladas, que transformadas, produzirão cerca de 41.500 toneladas de fios de seda paraconsumo industrial, segundo dados fornecidos pela FAO (FOOD AND AGRICULTUREORGANIZATION OF THE UNITED NATIONS). O Brasil ainda detém o posto de quarto maiorprodutor mundial de casulos e terceiro lugar na produção de fios de seda, com participação de2,54%, sendo ultrapassado, apenas, pela China, maior produtor mundial, tanto de casuloscomo de fios com a fatia de 70% da produção mundial de casulos, e Índia que detém osegundo lugar em ambas as produções, com aproximadamente 12% do mercado global defios de seda.

As exportações de fio de seda do Brasil têm como destino os seguintes países:Japão, responsável por cerca de 30% das quantidades importadas, seguido pelo Vietnã, Índia,Estados Unidos, Turquia e Europa. A China é o maior produtor de fios de seda do mundo. Em2006, a produção mundial ficou em cerca de 41,5 mil toneladas, das quais 29 mil foramproduzidas na China e 7.500 na Índia, segundo maior produtor do mundo.

3 - PANORAMA NACIONAL

As exportações brasileiras de seda alcançaram, até novembro de 2007, 1.294toneladas, a um preço médio de US$ 24,80 por tonelada, em termos nominais um decréscimode 1,41% em volume, em relação ao mesmo período de 2006, gerando uma receita de 32milhões de dólares. O Quadro I relaciona as exportações brasileiras nos últimos quatro anos.

.

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AnoPaíses Valor (US$) Peso (KG) Valor (US$) Peso (KG) Valor (US$) Peso (KG) Valor (US$) Peso (KG)JAPAO 11.470.049 386.952 25.100.791 705.220 17.874.872 663.524 21.556.660 835.568VIETNA 8.870.409 364.011 3.183.778 91.308 1.063.848 40.959 - -FRANCA 3.406.697 88.942 2.824.808 84.389 2.174.785 69.885 2.160.924 73.289INDIA 1.436.798 57.977 2.606.833 97.572 1.164.777 65.122 2.172.615 128.682ITALIA 2.482.442 73.437 1.578.986 51.119 1.427.508 88.891 109.080 5.535COREIA DO SUL 864.447 33.922 1.287.299 36.300 2.034.965 91.640 2.366.178 108.309REINO UNIDO 21.450 605 779.895 22.971 941.584 37.230 77.704 3.258TURQUIA 1.667.475 53.344 654.229 22.317 170.842 9.000 765.631 33.778TAILANDIA 652.559 146.366 605.372 132.031 518.686 141.221 694.126 206.722SUICA 551.943 16.902 514.940 18.457 842.152 32.723 1.095.389 40.194CHINA 388.007 60.950 197.833 45.372 348.976 94.740 405.886 102.720TUNISIA 209.831 8.467 100.641 3.641 90.123 4.839 22.579 1.216ESTADOS UNIDOS 46.800 1.377 22.676 862 282.134 9.338 465.839 15.034PARAGUAI - - 7.500 300 8.721 2.277 4.845 255ARGENTINA 18.053 476 5.375 389 1.075 169 1.203 186GUATEMALA - - 683 3 - - - -ALEMANHA 19 - - - - - - -DJIBUTI - - - - - - 321 50TOTAL 32.086.979 1.293.728 39.471.639 1.312.251 28.945.048 1.351.558 31.898.980 1.554.796Fonte: AgroStat Brasil a partir de dados da SECEX/MDICElaboração: GEFIP/SUGOF/DIGEM/CONAB

QUADRO IEXPORTAÇÃO BRASILEIRA DE FIOS DE SEDA

Período (Janeiro-Novembro)2007 2006 2005 2004

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Page 59: ESTUDOS DE PREÇOS MÍNIMOS

A sericicultura é uma importante atividade da agroindústria nacional, tanto noque concerne aos seus aspectos econômicos, como sociais. A cadeia produtiva da sedaapresenta um faturamento bruto anual demais de US$ 100 milhões, a maior parte, na formade divisas auferidas com exportações, uma vez que 97% da produção de fios de seda sãodestinados a este mercado.

A produção brasileira de casulos de seda vem sofrendo um grande declínio nosúltimos 11 anos, pois desde o ápice da produção que atingiu em 1993 cerca de 19.000toneladas, chegando este ano à 7.500 toneladas e com projeções para a próxima safra entre6.500 e 7.000 toneladas. É bem verdade que esse decréscimo veio acompanhado de um saltotecnológico com produtividades crescentes na produção de casulo e na qualidade do fio.Outros fatores importantes a considerar foram: um ajuste no mercado global de seda com asaída de alguns países produtores, a estabilização da produção por parte dos quepermaneceram e até redução da produção, como foi o caso do Japão, uma vez que aparticipação deste produto na composição de fibras têxteis mundiais é de apenas 0,24% daprodução.

Historicamente o Brasil é essencialmente exportador de fios de seda,praticamente 90% da produção. As exportações brasileiras de produtos têxteis estãoconcentradas em artigos fabricados com fibras naturais, as quais respondem por 69% dapauta de produtos exportados. Já nas importações desses mesmos produtos, a situação seinverte, as fibras naturais representam 34%. Em 2007, os principais mercados para os fiosbrasileiros foram, em ordem de grandeza: Japão, Vietnã, Tailândia, França e Itália, queabsorveram 70% das exportações. A produção brasileira de casulos de seda está concentradano Estado do Paraná, que responde por 88% da produção nacional de casulos, seguido pelosEstados de São Paulo e Mato Grosso do Sul.

A seguir o panorama da cadeia produtiva da seda:

• Perspectiva de queda de 10% na produção de casulos verdes, em relação à safra anterior,provocada principalmente pela conjuntura cambial, aliada ao aumento do custo deprodução, que se elevou em média 30%.

• Acréscimo no número de sericicultores - na safra anterior eram 5.089 e atualmenteperfazem 6.462, aumento de 26,97%.

• Aumento da produtividade média em kg de casulos/ha/ano, de 7,21%, ou seja, de 513kg/ha/ano para 550/kg/ha/ano

• Redução da área média dos produtores de 35,24%, de 3,32 ha, para 2,15 ha.• Aumento nos custos de produção da indústria de fiação, aliado à valorização da moeda

nacional, comprometendo a competitividade nos mercados internacionais. • Queda da qualidade dos casulos de primeira, devido às altas temperaturas ocorridas nas

áreas produtoras.

Atualmente, a produção de fios no Brasil, esta restrita a duas empresasprocessadoras, Fujimura do Brasil e Fiação de Seda Bratac S/A, esta última responsávelpraticamente por 70% da fabricação de fios. As duas empresas se incumbem de forneceraos agricultores os insumos necessários à produção de casulos.

O Gráfico I, mostra a evolução dos preços recebidos pelos produtores no Estadodo Paraná, nos últimos treze anos. A partir de 2002, período em que a cotação chegou a

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Page 60: ESTUDOS DE PREÇOS MÍNIMOS

US$ 1,15/kg (menor valor), os preços vêm se recuperando até ultrapassar a média de 1995,que foi de US$ 2,45. Em dezembro de 2007 o produtor comercializou o produto à razão deUS$ 3,06/Kg.

4 – CUSTO DE PRODUÇÃO

Sendo uma atividade basicamente desenvolvida em pequenas propriedadesrurais, onde predomina o trabalho familiar, o custo de produção do casulo da seda está muitocalcado na mão de obra, que tem grande peso na composição do mesmo. Outro fatorpreponderante é a baixa capacidade do sericicultor em se tecnificar, o que de certo modoonera o produtor.

O Quadro II ilustra as várias etapas, itens, usados na composição do custo deprodução variável. São 13 itens que o compõem, tomando-se como base uma produtividademédia de 624 kg/ha, que em determinadas propriedades pode atingir até 850 kg/ha. Osvalores usados na composição do custo, têm como base o mês de janeiro de 2008. Naapuração final, chegou-se ao valor do custo variável de R$ 3.926,73 ou R$ 6,29/kg. Levando-se em consideração que o produtor, no Estado do Paraná, recebeu em média, durante o anode 2007, R$ 5,58kg, pelo casulo de primeira, com 15% de teor líquido de seda, atingindovalores de até R$ 6,30, para casulos com 18% de teor de seda líquida, a margem entre o seucusto de produção e os preços recebidos, situava-se entre (11,43%) até 0,0016%.

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GRÁFICO I

Preços Médios Recebidos Pelos Produtores ParanáEm US$/Kg

0,00

0,50

1,00

1,50

2,00

2,50

3,00

3,50

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Fonte:Seab/Deral

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Page 61: ESTUDOS DE PREÇOS MÍNIMOS

5 – PREÇO MÍNIMO

Do exposto, e com base nos dados apresentados, e ainda buscando apresentaruma proposição que dê condições para que os produtores e mesmo o setor sericícola,obtenham recursos suficientes, via financiamento, para mantê-los na atividade, está sendoproposto o novo preço mínimo de R$ 4,97/kg para o casulo da seda, valor que representa,apenas a variação do custo variável de produção, calculado para a atual safra. Em relação aocusto da safra anterior, representa um acréscimo de 15,41%.

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Page 62: ESTUDOS DE PREÇOS MÍNIMOS

V - CERA DE CARNAÚBA

Djalma Fernandes de AquinoGilson Antonio Lima de Sousa

ASPECTOS GERAIS

A cultura da carnaubeira é um exemplo perfeito da utilização sustentável dosrecursos naturais. Não agride o meio ambiente em nenhuma das etapas do processo. O cortedas palhas nada mais é do que uma poda, não prejudicando a palmeira e ainda contribuindopara retardar o seu envelhecimento. A secagem das palhas é feita com a utilização da luzsolar. Na extração do pó cerífero, os rejeitos das palhas se transformam em adubo orgânico.Na produção da cera bruta a água é utilizada como solvente. Nas indústrias os rejeitos dafiltração são reciclados, produzindo cera e adubo orgânico (bagana). No clareamento a reaçãodo peróxido de hidrogênio libera no ambiente água (vapor dágua) e oxigênio.

A carnaubeira é uma planta nativa da Região Nordeste do Brasil, fonte degeração de emprego, renda e divisa com elevado fator social, devido ao grande volume demão de obra empregada na estação seca, (período de julho a dezembro), principalmente comfixação do homem no campo, nos meses em que há uma grande carência de ocupaçãoprodutiva na agricultura familiar dessa região.

Quando esse pó é extraído da parte central das folhas novas, é conhecidocomo “pó de olho” ou “pó tipo A”, que produz a cera clara, de cor amarelo ouro. Já o “pó depalha” ou “pó tipo B”, é obtido de toda extensão das folhas, produzindo a cera gorda, com acoloração amarela alaranjada ou preta, com inúmeras aplicações econômicas, nos usos develas, ceras, medicamentos, cosméticos, alimentos, componentes da indústria da informática,dentre outras, concentrando basicamente nos Estados do Ceará, Piauí e Rio Grande doNorte, que respondem por praticamente toda produção brasileira.

No Estado do Ceará, a carnaúba foi escolhida por decreto, em 2004, pelaAssembléia Legislativa, a árvore símbolo do Estado. Ainda no Ceará, foram implementadasações de sensibilização à sociedade para a construção de propostas de valorização da culturatais como: a) - criação da Câmara Setorial da Carnaúba onde os integrantes da cadeia têm aoportunidade de discutirem sobre os principais entraves, fazer encaminhamento deproposições para o poder público e iniciativa privada, objetivando à solução dos problemas, b)– foram efetuadas parcerias com municípios para a montagem de secadores solar móvel quetêm como objetivo principal reduzir os índices de perdas do pó cerífero, por ocasião dasecagem que comumente é feita no campo à céu aberto. Ressalta-se que pelo processohabitual, o índice de perda chega a 35%, com esta nova tecnologia fica reduzido para algo emtorno de 7%.

O caule pode ser usado na construção de prédios rurais, como currais; a folhainteira serve para a cobertura das habitações mais carentes e, a folha triturada, após a

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Page 63: ESTUDOS DE PREÇOS MÍNIMOS

colheita do pó, é utilizada como proteção de solo e adubo para milhares de pequenaspropriedades, substituindo os adubos químicos.

O cenário ainda é preocupante, mas com as medidas implementadas pelosgovernos estaduais, o processo de abandono e desmatamento das áreas está em menorescala, devido a fiscalização dos órgãos de proteção ao meio ambiente.

O processo de manejo da carnaúba, no contexto geral, continua aindarudimentar, com pouco avanço tecnológico. Quanto a secagem das palhas, como ditoanteriormente, em sua maioria é feito a céu aberto, o que implica na fabricação da cera do pócerífero, com baixa qualidade, ocasionado por não ter condições de trabalho adequado,interferindo negativamente na comercialização. Em algumas localidades, percebe-seprodutores de cera com entusiasmo e, esperançosos, inclusive investindo em equipamentosmodernos, motivados pela melhora do preço da cera.

As indústrias de refinamento, na sua maioria, localizadas no Estado do Ceará,que processam a cera para exportação, dentro dos padrões exigidos pelo mercadointernacional, se modernizaram muito pouco, continuando, atualmente, ofertando os mesmosprodutos. Como já foi mencionado anteriormente, existem ações no sentido de desenvolvernovos produtos com a formulação da cera de carnaúba, no intuito de expandir o mercado, e,conseqüentemente, impulsionar o setor.

1 - PANORAMA INTERNACIONAL

No mundo, somente o Brasil produz cera de carnaúba, o que o torna o únicoexportador do produto. Aproximadamente 95,0% das exportações têm como destino quatrograndes blocos econômicos, com o maior demandante sendo formado por países asiáticos.Na segunda posição aparece a União Européia e, na seqüência, o Nafta e o bloco SulAmericano (Gráfico I). A utilização da matéria-prima é feita de forma bastante diversificadanas indústrias farmacêuticas, de cosméticos, fonográfica, na fabricação de produtos delimpeza ente outros.

Aproximadamente, 65,0% das exportações efetuadas pelo Brasil, nos últimosseis anos, foram direcionadas para apenas cinco países; pela ordem de grandeza são eles:Estados Unidos, Japão, Alemanha, Itália e França. Ressalta-se que esta trajetória está se re-petindo em 2007. Na América do Sul, Argentina Chile, Peru e Colômbia se constituem nosprincipais adquirentes do produto no mercado nacional.

Dentre os países importadores, o Japão, os Estados Unidos e a Holanda sãonações que se destacam no processo de reindustrialização da cera, transformado-a emsubprodutos e posteriormente reexportando para outras nações.

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Page 64: ESTUDOS DE PREÇOS MÍNIMOS

Nos últimos sete anos (2000 à 2006), a demanda mundial pelo produto tem semostrado estabilizada, oscilando entre 16.000 e 20.000 tonelada ano. Por sua vez, odesempenho das exportações brasileiras, no mesmo período, alternou-se entre 14.000 e16.000 toneladas, aproximadamente. Em 2006, o Brasil exportou 16.021 toneladas de cera(Gráfico II), gerando um montante de receita de US$ 43.276 mil, o valor médio por toneladaficou estabelecido em US$ 2.701 ou o equivalente a US$ 1,23/lb.

No ano de 2007, o desempenho em termos de volume exportado ficouligeiramente ao ano anterior haja visto o forte incremento nas quantidades destinadas aospaíses importadores. Neste sentido, vale ressaltar que de janeiro a dezembro/07, foramembarcadas 15.468 toneladas de cera (sendo que aproximadamente 13.300 toneladas saírampelos portos do Estado do Ceará, assim distribuídos: Porto de Mucuripe 8.100t e Porto dePecém 4.200t)., gerando um quantitativo de receita de US$ 68.092 mil (gráfico II).

Tendo em vista o bom desempenho dos preços da cera no mercadointernacional, o valor médio de venda por tonelada embarcada foi de US$ 4.402/t o queequivale a US$ 1,99/lb, ou seja, 57,3% superior à média do ano anterior.

60.000/054

GRÁFICO I - EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE CERA DE CARNAÚBA PARA OS PRINCIPAIS BLOCOS ECONÔMICOS

4.8724.609

5.666

4.7904.811

5.517

0

1.000

2.000

3.000

4.000

5.000

6.000

2.002 2.003 2.004 2.005 2.006 2.007

Qu

anti

dad

e (t

on)

América do Sul União Européia Asia (exclusive Oriente Médio) NaftaFonte: Secex Elab: Conab

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Page 65: ESTUDOS DE PREÇOS MÍNIMOS

Analisando a trajetória da curva dos preços FOB Fortaleza, ao longo de 2007,(Gráfico III), percebe-se que o mercado passou por fortes oscilações que são explicadas daseguinte forma: durante o primeiro semestre de 2006 em que pese ser época de entressafra,a oferta do produto no mercado superava as quantidades demandadas, fato que acabouocasionando pressão negativa sobre as cotações. A partir do segundo semestre quandonormalmente ocorre o corte da palha (colheita), os produtores adotaram a estratégia de nãofazer cortes integrais nas áreas de carnaubais e sim parciais, como forma de restringir aprodução e, conseqüentemente forçar alta nos preços.

Conforme pode ser constatado no Gráfico III, a estratégia dos produtores acaboualcançando os objetivos desejados, pois, no primeiro semestre de 2007, os mercados nacionale internacional ficaram parcialmente desabastecidos, o que teve como conseqüência lógica aforte reação da cotação no mercado externo, cujos efeitos imediatos se fizeram sentir em todaa cadeia produtiva, em especial nos preços recebidos pelos produtores. Entre julho e outubrode 2007, os produtores extrativistas animados como os bons preços voltaram a fazer cortesnos carnaubais, porém sem a preocupação de restringir a produção, com este procedimento,o mercado regularizou a oferta e os preços voltaram a recuar. Entretanto, a tendência para2008 é que os preços ainda experimentem elevações já que há espaço para isto, uma vez quea partir de janeiro começa o período de entressafra e o mercado certamente não estará comexcesso de estoque, muito pelo contrário, no próximo ano haverá equilíbrio entre a demanda ea oferta do produto.

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GRÁFICO IEXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE CERA DE CARNAÚBA 2006-2007

0

200

400

600

800

1.000

1.200

1.400

1.600

1.800

2.000

0

1.000

2.000

3.000

4.000

5.000

6.000

7.000

8.000

Qtd ton 2006 1.224 1.406 1.432 1.193 1.359 1.282 1.286 1.501 1.287 1.293 1.329 1.429

Qtd ton 2007 1.458 1.489 1.583 1.430 919 768 596 1.230 1.066 1.799 1.653 1.475

US$ mil 2006 2.948 3.256 4.056 3.109 3.351 3.691 3.248 4.270 3.205 3.680 4.054 4.407

US$ mil 2007 5.215 6.099 7.125 7.399 4.815 3.901 2.914 5.627 4.717 7.277 6.610 6.393

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Fonte: Secex, 2007.

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Page 66: ESTUDOS DE PREÇOS MÍNIMOS

2 - PANORAMA NACIONAL

2.1 - Mercado – oferta e demanda

A produção de cera de carnaúba no Brasil concentra-se basicamente em trêsEstados nordestinos, quais sejam, Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte. A produção brasileirade pó cerífero ano é estimada em 32 mil toneladas aproximadamente, sendo que 27 miltoneladas (80%) são oriundas da palha e 5 mil toneladas (20%), do olho da carnaúba. Porocasião do processo de beneficiamento e industrialização, obtêm-se cerca de 17,5 miltoneladas de cera preta tipos 3 e 4 comum e 3 mil toneladas do tipo 1, mais conhecida comocera branca ou olho que tem alto valor de mercado.

Do total da cera produzida pela cadeia produtiva, 50% é processada no Ceará,40% no Piauí e 10% no Rio Grande do Norte, segundo posicionamento do Sindcarnaúba.Entretanto, no que diz respeito à produção de pó cerífero, ressalta-se que não existemestatísticas oficiais, mas as estimativas do setor produtivo e industrial é de que o Piauídestaca-se como maior produtor com cerca de 50% e na seqüência o Ceará com 40% edemais tem participação de 10 % Entidades e agentes ligados ao segmento da carnaúba naregião nordeste, estimam que as atividades inerentes à cultura envolvam, durante a safra,algo em torno de 200 a 300 mil trabalhadores, principalmente na época em que nesseperíodo a oferta de trabalho na zona rural é escassa.

60.000/054

GRÁFICO I I I - CERA DE CARNAÚBAPREÇOS FOB FORTALEZA - EM 2006 E 2007

0,50

0,75

1,00

1,25

1,50

1,75

2,00

2,25

2,50

2,75

Val

ore

s em

US

$/lb

US$/FOB 2006 0,72 0,72 0,81 0,83 0,87 0,91 0,91 0,94 0,95 0,96 1,12 1,37

US$FOB 2007 1,63 1,91 2,18 2,43 2,46 2,16 2,04 1,88 1,86 1,66 1,90 2,48

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Fonte: Secex - Elab: ConabFonte: Secex - Elab: Conab

66

Page 67: ESTUDOS DE PREÇOS MÍNIMOS

Conforme consta no Quadro I de oferta e demanda, a produção de cera na safrapassada totalizou 20,6 mil toneladas, na corrente safra ela está estimada em 20,0 miltoneladas. Desse total, cerca de 79% são destinados ao mercado exportador e oremanescente de 21%, algo equivalente a 4,1 mil toneladas são consumidas no mercadointerno cujos principais Estado compradores são: o Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo,Rio de Janeiro, Minas Gerais, Pernambuco e Bahia.

2.2 – Preços

A comercialização da atual safra, que começou a partir do mês agosto, estátendo um comportamento de preços bem diferenciado em relação à safra passada, como sepode observar no Gráfico IV abaixo. Essa elevação nas cotações, segundo posicionamento dosetor produtivo da cera, deveu-se à redução da oferta do produto no mercado, haja vista ascausas já comentadas anteriormente.Também em razão dos preços pagos aos produtores em2006 não viabilizarem a sua operacionalização, pois não geravam recursos suficientes paracustear as despesas de extração do pó da palha da carnaubeira e da transformação do pó emcera, ocorrendo, com isto, prejuízo aos extrativistas.

O preço recebido pelo produtor de cera em 2007, conforme explicitado noGráfico IV, teve uma elevação significativa, principalmente para os tipos 3-4, que representam80% da produção de Cera (preta). O valor médio dos preços recebidos pelos produtores dostrês estados em 2006 foi de R$ 3,17/kg, contra R$ 5,89/kg, auferido em 2007, perfazendo,dessa maneira, um incremento médio de 85,8% em relação ao produto comercializado nasafra de 2006 e superando com boa margem os novos preços mínimos estabelecidos peloGoverno Federal em R$ 3,92/kg, para cera tipos 3- 4.

60.000/054

2000 25,9 16.043 36,99 16.106 3.369 12.674 62,92001 62,9 19.119 27,16 19.209 4.015 15.104 90,02002 90,0 19.132 14,92 19.237 4.018 15.114 104,92003 104,9 17.252 29,55 17.387 3.623 13.629 134,52004 134,5 18.084 48,99 18.267 3.798 14.286 183,52005 183,5 18.842 63,45 19.089 3.957 14.885 246,92006 246,9 20.280 58,68 20.585 4.259 16.021 305,6

2007 246,9 19.580 96,75 19.923 4.112 15.468 343,7

Fonte:Secex e Mercado - Elaboração: Conab, 2007

OFERTA E DEMANDA BRASILEIRA

Estoque Final

Ano/Safra Estoque Inicial

Produção Importação Consumo

(Em ton.)

Suprimento

QUADRO I

Exportação

CERA DE CARNAÚBA

67

Page 68: ESTUDOS DE PREÇOS MÍNIMOS

3 – ATUAÇÃO GOVERNAMENTAL

3.1 – Novos Preços Mínimos

No dia 22/11/07, foi publicado no Diário Oficial da União – D.O.U. o Decreto n.º6.266, que fixa os preços mínimos básicos para sementes e produtos agrícolas das safras deverão e de produtos regionais 2007/2008, das Regiões Norte e Nordeste.

Para a cera de carnaúba foi concedido reajuste de 26,45% em relação ao valorda safra passada, o que elevou o preço atual para R$ 3,92/kg para cera tipo 3–4, básica.Conforme descrito no documento, o novo preço mínimo que ampara as operações deAquisição do Governo Federal –AGF e de Empréstimo do Governo Federal – EGF é retroativoa julho/07, mês de início de vigência das operações.

60.000/054

GRÁFICO I V CERA DE CARNAÚBA TIPO 3-4

PREÇO MÍNINO X PREÇO PAG0 AO PRODUTOR EM 2006 E /2007

1,50

2,50

3,50

4,50

5,50

6,50

7,50

R$/Kg 2007 4,14 4,61 6,01 6,83 6,90 6,91 6,63 6,03 5,73 5,23 5,54 6,07

R$/ Kg 2006 2,80 2,83 2,90 2,88 3,07 3,14 3,19 3,29 3,29 3,28 3,49 3,90

Preço Mín. - R$/kg 3,10 3,10 3,10 3,10 3,10 3,10 3,92 3,92 3,92 3,92 3,92 3,92

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Fonte/Elab: Conab

68

Page 69: ESTUDOS DE PREÇOS MÍNIMOS

.4 - ANÁLISE PROSPECTIVA E RESULTADOS ESPERADOS

4.1 – Proposta e Preço Mínimo

Na elaboração da proposta de preços mínimos para a safra 2008/09, foramlevados em consideração os seguintes indicadores econômicos, a saber: a) – média anualdos preços recebidos pelos produtores nos Estados do Piauí, Ceará e Rio G. Norte, noperíodo de jan. a dez/07, no valor de R$ 6,30/kg de cera tipo 3-4 básica b) – preço médio atualdo produto R$ 6,11/kg (média de jan/08) recebido pelos produtores na UFs. Citadas, c)Paridade de exportação para cera tipo 3-4 básica FOB fortaleza no valor de R$ 10,42/kg, paratanto, foi utilizada a taxa de câmbio de R$ 1,75/US$ e d) – cálculo da paridade de exportaçãoao produtor no valor de R$ 8,17/kg de cera tipo 3-4 básica, tendo como parâmetro a mesmataxa de câmbio já referida. Chega-se a este valor após fazer a dedução dos custos portuários,de transporte, industrialização, seguro, beneficiamento e outros até chegar à lavoura, local deprodução. e) por último, utiliza-se o custo variável de produção levantado pela Conab naslocalidades mencionadas, cujo valor apurado foi de R$ 4,00/kg, caracterizando, portanto, umincremento de 2,05%, em relação ao valor apurado em 2006.

Com base nos parâmetros acima indicados e, considerando os argumentos eanálises efetuadas sobre os mercados interno e externo, conclui-se que o momento éextremamente oportuno para que se proceda a um novo reajuste dos preços mínimos para opó cerífero e para a cera de carnaúba tomando como base o valor apurado no custo deprodução. Concluindo, propõe-se que o preço mínimo a vigorar na safra 2008/09 venha ser deR$ 2,32/kg para o pó cerífero Tipo B (básico) com percentual de cera acima de 55% e limitemáximo de 60% e R$ 4,00/kg, para cera tipo 3-4 básica.

A cadeia produtiva da cera de carnaúba é um segmento que apresentamudanças pouco expressivas em sua produção de um ano para o outro ano, mas quando seanalisa uma série de pelo menos cinco anos, como apresentado acima, observa-seincremento de cerca de 26,4%, considerado de grande valia.

Em que pese às perdas causadas pela desvalorização cambial, o setor oferecerentabilidade aos agentes envolvidos (principalmente os empresários), que se mantêm ativos.O procedimento de elaboração do preço mínimo desenvolvido pela Conab busca melhoriaspara as questões econômicas e sociais do setor. A partir de metodologia própria, a companhiaapurou um custo variável de produção no valor de R$ 4,00/kg, para a Cera Tipo 4, e R$2,32para o Pó Tipo B com percentual de cera acima de 55% até 60%.

Fundamentado neste custo, nota-se que para a cera o valor de R$4,00/kg,encontra-se em média 2,04% superior ao preço mínimo em vigor na safra 2007/08, cujo valoré de R$3,92. O mesmo vale para o pó, ou seja, o custo atual é de R$2,32, contra R$2,27 dopreço mínimo vigente. Ressalta-se até o presente momento, o preço mínimo do pó valeapenas para as operações de Empréstimos do Governo Federal (EGF). A partir da safra2008/09, a proposição é de que as operações de Aquisições do Governo Federal (AGF) sejamtambém Amparadas pela Política de garantia de Preços Mínimos, tendo em vista aestruturação do Programa de Apoio à comercialização e Fomento de Produtos do Extrativismo(PAE), em implementação pelo Ministério do Meio Ambiente.

60.000/054 69

Page 70: ESTUDOS DE PREÇOS MÍNIMOS

Embora visto anteriormente que os preços pagos aos produtores são superioresa este valor, esta situação só ocorre devido as oscilações do mercado, não servindo deparâmetro para a “proteção” do produtor.

Como o papel do governo é permitir uma garantia de preço ao produtor, torna-seinviável elaborar um preço inferior ao custo de produção do produto. Diante disto, propõe-seum Preço Mínimo para a safra 2008/09, no valor de R$4,00 para a Cera Tipo 4 e de R$2,32para o Pó Tipo B, para que ambos se aproximem da realidade dos agentes envolvidos.

4.2 – Resultados Esperados

A Política de Garantia de Preços Mínimos para as culturas regionais é muitoimportante, pois garante ao produtor a sustentação de preço na época da comercialização, jáque é um instrumento de parâmetro na negociação. È, portanto, importante para o segmentoque o preço mínimo esteja dentro da realidade de custo de produção, para que o produtor depó cerífero principalmente possa investir na cultura, já que é a etapa do processo maisimportante da cadeia, tanto no aspecto social como econômico, gerando trabalho e renda, oque é muito escasso na região rural nordestina, principalmente na época da safra dacarnaúba, período que a colheita da safra grãos de sequeiro já foi concluída.

Economicamente, o setor é uma das principais fontes de renda dos trêsprincipais Estados produtores. Socialmente geram emprego, renda e dignidade aosprodutores que dependem da extração do pó transformado em cera para complementaremsua renda nos períodos de seca. Pelo lado ambiental, a presença das palmeiras centenáriasda carnaúba, induz à preservação do ecossistema, bem como à perpetuação da culturaregional dos nordestinos.

Sob a ótica governamental, a elaboração desta proposta de preço mínimocontribuirá para fortalecer a cadeia produtiva da cera de carnaúba, bem como reforçar o papeldo Estado como agente de apoio e de desenvolvimento econômico e social.

60.000/054 70

Page 71: ESTUDOS DE PREÇOS MÍNIMOS

VI - GIRASSOL

Manuel Araújo de Carvalho

1 - INTRODUÇÃO

O Girassol é cultivado em várias regiões do mundo, com destaque para Rússia,Argentina, EU-27 e Ucrânia. O cultivo do girassol, apesar da planta ter sido domesticada háacerca de 5.000 anos, só foi introduzido na América do Sul no século XIX. A Rússia éatualmente o maior produtor mundial do grão.

A produção mundial do girassol vem crescendo nos últimos anos, tendoalcançado em 2006 a faixa de 30.145, milhões de toneladas. Isto se deve às característicasespeciais da semente e do óleo com diversas aplicações na formulação de produtosalimentícios como uma fonte importante de proteínas e de óleo vegetal para ser usado comobiodiesel.

A cultura do girassol vem apresentando considerável aumento de área no Brasil,em função da crescente demanda dos setores produtivos, na safra 2006/07 a área cultivadacom girassol foi de 75,4 mil hectares, e para a próxima safra 2007/08, é estimado o cultivo de87,8 mil/há, aumento de 16,5%. Quanto à produção, nesta safra foi de 106,1 mil toneladas, éprevisto uma produção de 128,5 mil toneladas. Para a safra 2007/08, acréscimo de 21,1%,com destaque para o Estado de Mato Grosso com aumento na produção da ordem de106,4%, se comparado com a safra passada, segundo a intenção de plantio realizado pelaConab no mês de março de 2008. (gráf.1 pág. 3).

O óleo de girassol é geralmente utilizado na produção de cremes vegetais,maioneses, produtos de panificação, entre outros, pois seu conteúdo de gordura saturada émais baixo do que os óleos de milho e de soja.

A produção mundial do grãos na safra 2006/07, segundo o USDA, foi da ordemde 30.179, milhões toneladas métrica. Devido as suas características especiais, cerca de 91%da produção de girassol são destinados ao processamento industrial, resultando em cerca de11.896 milhões de toneladas de farelo e 10.933 milhões de toneladas de óleo. Segundo oUSDA é previsto, a nível mundial, um decréscimo na produção do complexo girassol para apróxima safra 2007/08, de - 8,77% para o grão, -8,18% para o óleo e -9,47%, para o farelo.

A cultura do girassol, em que pese ter sido introduzida no Brasil no período dacolonização, nunca ocupou lugar de destaque na economia nacional, vez que sempre foi vistacomo de pouca expressão econômica, apesar da existência de algumas áreas significantes nadécada de 80. As cultivares de então, eram suscetíveis a algumas doenças, como porexemplo a ferrugem. Apresentavam baixa produtividade, baixo teor de óleo, problemas de

60.000/054 71

Page 72: ESTUDOS DE PREÇOS MÍNIMOS

comercialização, além do pouco conhecimento, por parte dos agricultores, quanto àstecnologias de produção.

Atualmente, graças aos trabalhos de melhoramento genético e de difusãotecnológica conduzidos pela Embrapa, Cati, IAC, algumas Universidades, e outros Institutosde pesquisas, mais recentemente a fundação da Associação Brasileira de Girassol, pode-seafirmar que o produto vem se consolidando como cultura de expressão no Brasil. Asvariedades utilizadas no plantio apresentam potenciais produtivos semelhantes aos de paísesprodutores tradicionais, como Rússia, Argentina e Ucrânia, verificando-se nos ensaios deavaliação de genótipos conduzidos pela Embrapa – Londrina, em várias regiões brasileiras. Aespécie tem características ímpares.

O óleo extraído do girassol é de excelente qualidade, com 70% de ácidos graxospoliinsaturados, em média, principalmente o linoléico o mais conhecido tipo de ácido graxo,substância que não é produzida pelo organismo, mas é essencial à vida. No processo deesmagamento, dependendo da variedade utilizada, o percentual de óleo obtido oscila entre38,0% a 48,0%. As raízes são do tipo pivotante, promovem grande reciclagem de nutrientes,exploram grandes volumes e buscam sais minerais em camadas não alcançadas por raízesde outras culturas. Portanto, aproveita muito bem a adubação residual da cultura anterior,além de proporcionar considerável quantidade de matéria orgânica deixada no solo ao final dociclo. É, por excelência, uma planta melhoradora de solos.

Devido a maior eficiência na absorção de água e maior tolerância à baixastemperaturas, o girassol é indicado como segunda cultura, proporcionando aumento deprodutividade nas culturas posteriores. Estima-se que estes aumentos são de 15 a 20%,respectivamente, para o milho e 10 a 15%, respectivamente, para a soja, porém, para que ogirassol faça uso de todo este potencial do sistema radicular, é necessário que o solo estejabem preparado, eliminando possíveis camadas de impedimento físico e corrigindo o PH, casoeste esteja abaixo de 5,2, elevando o índice de saturação de bases para 70%.

O gráfico 1, na página 3, revela um importante avanço na produção de girassolrumo a auto-suficiência de óleo comestível, principal subproduto da cadeia. Visando oabastecimento interno, e com o advento do biodiesel, provavelmente esta cultura venha acrescer dentro do cenário nacional, nos próximos anos.

O Brasil é pouco expressivo na produção de Girassol grão, tendo participadocom aproximadamente 0,004% da produção mundial. Nos últimos três anos a produçãomundial estabilizou-se em 28,9 milhões de toneladas, e a brasileira em torno de 117,3 miltoneladas. As importações do complexo girassol, que é composto por grão, farelo e óleo, e aimportação de óleo, reduziram-se de US$ 73.880 milhões e 78.450 toneladas em 1998, paraUS$ 17.912 milhões e 20.963 toneladas, valores estes acumulados de janeiro a dezembro de2007, segundo a SECEX/MDIC. (gráf. 2 pág.4).

60.000/054 72

Page 73: ESTUDOS DE PREÇOS MÍNIMOS

2 - PANORAMA INTERNACIONAL

2.1 - Mercado

O girassol está entre as quatro maiores culturas oleaginosas produtoras de óleovegetal comestível no mundo, representando 9,0% do total de óleos elaborados mundialmenteem volume, ocupando o quarto lugar em volume de produção, perdendo posição pela ordem,apenas para o óleo de soja, palma e colza.

60.000/054

Gráfico 1 Area mil/ha e Produção de Grão de Girassol no Brasil – mil/t

Ano/Safra 1997/98 1998/99 1999/00 2000/01 2001/02 2002/03 2003/04 2004/05 2005/06 2006/07 2007/08(*)

Produção 15,80 49,00 97,40 56,30 71,00 56,40 85,80 68,1 93,6 106,1 128,5

Área 12,40 44,30 58,00 37,00 52,60 43,40 55,10 50,10 66,9 75,4 87,8

Fonte: Quinto Levantamento de Safra: Março/2008

(*) Intenção de Plantio safra 2007/2008

1997/98 1998/99 1999/00 2000/01 2001/02 2002/03 2003/04 2004/05 2005/06 2006/07 2007/08(*)0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

60,00

70,00

80,00

90,00

100,00

110,00

120,00

130,00

15,80

49,00

97,40

56,30

71,00

56,40

85,80

68,10

93,60

106,10

128,50

12,40

44,30

58,00

37,00

52,60

43,40

55,1050,10

66,90

75,40

87,80

Girassol - Produção e Área

Produção Área Ano/Safra

Em

1.0

00

73

Page 74: ESTUDOS DE PREÇOS MÍNIMOS

A produção mundial de girassol grão, para safra 2007/2008, tem previsão dequeda em relação à safra 2006/2007, de -8,77%, passando de 30.179 milhões de toneladas,para os atuais 27.531 milhões de toneladas. Segundo o (USDA – Fevereiro de 2008), estaqueda na produção de grãos de girassol deve ocorrer, nos seguintes países produtores,Rússia; -16,30%, Ucrânia -20,75%, e -30,09%, na EU-27. Esta queda na produção mundial de2.648 milhões de toneladas deverá provocar aumento nas importações e exportaçõesmundiais, fato que refletirá nos estoques finais mundial. E em conseqüência da menorprodução de grãos, e por conta deste quadro, é previsto um decréscimo na produção de óleona ordem de -8,18%, principal subproduto, assim como queda na produção de farelo de-9,47% em termos mundial. (tabela 1 pág. 5).

60.000/054

Gráfico 2ÓLEO DE GIRASSOL

Importação e Exportação – BRASIL1.000 t

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Importação 78.450 58.440 59.210 36.747 19.998 27.589 13.012 12.388 11.760 20.964

Exportação 27 37 92 1.018 15.417 1.526 9.165 2.138 307 6.205

Fontes: AgroStat Brasil a partir de dados da SECEX/MDIC

Elaboração: CONAB/SUGOF/GEOLE

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 20070

5.00010.00015.00020.00025.00030.00035.00040.00045.00050.00055.00060.00065.00070.000

75.00080.000

Importação e Exportação de òleo de Girassol - Brasil

Im portação ExportaçãoAno

1.00

0 T

onel

adas

74

Page 75: ESTUDOS DE PREÇOS MÍNIMOS

3 - PREÇOS

A cotação do grão de girassol nos principais mercados de referência, quaissejam: Estados Unidos, Rotterdam e Argentina, refletiram a pressão de demanda observadana safra 2006/2007 devido à pequena safra registrada no Continente Europeu e nos EstadosUnidos. Os preços internacionais do girassol, no ano safra 2006/2007, alcançaram patamareselevados em relação aos últimos dez anos verificando no período crescimento de 190,23% emRotterdam, saindo de US$ 15,96 para US$ 46,32/sc de 60 Kg. Na América do Norte, 78,68%,passando de US$ 15,48 para US$ 27,66/sc de 60 Kg.

Os preços do complexo girassol (grão, farelo e óleo), acompanham estesmovimentos de forte demanda importadora, aliados a um suprimento mundial bastanteapertado, resultando, assim, em um movimento altista, principalmente nos preçosinternacionais do óleo de girassol. Os preços do grão e de farelo de girassol se comportamlinearmente, fixando-se no patamar dos US$ 234,00/t, para o farelo e US$ 461,00/t para ogrão. Já o óleo, US$ 1.984,00, produto de maior valor agregado sofre oscilações maiores.

Na safra 2007/08, a produção mundial de grão de girassol alcançará 27,5milhões de toneladas (-8,77% sobre a safra 2006/2007). É prevista uma queda no consumo anível mundial tanto para o grão quanto para o óleo da ordem de -8,01% e -4,35%,respectivamente.(gráf. 3 pág, 6).

60.000/054

Tabela 1Principais Países Produtores (Complexo de Girassol)

(1.000 Tonelada Métrica) (Fator de conversão = 1,10231125)(mt)Produção Mundial

Grão Farelo Óleo

Pais/Ano 2005/06 2006/07 2007/08 2005/06 2006/07 2007/08 2005/06 2006/07 2007/08

Argentina 3.800 3.500 4.600 1.595 1.451 1.850 1.551 1.425 1.820

Rússia 6.450 6.750 5.650 2.081 2.220 1.860 2.320 2.450 2.075

Turquia 750 850 700 420 471 432 447 520 475

Ucrânia 4.700 5.300 4.200 1.880 2.025 1.580 1.925 2.050 1.647

EU-27 5.958 6.483 4.532 2.892 3.055 2.430 2.105 2.223 1.765

Outros 8.420 7.296 7.849 2.556 2.674 2.618 2.152 2.265 2.257

Total Mundial 30.078 30.179 27.531 11.424 11.896 10.770 10.500 10.933 10.039

Fonte: USDA - Fevereiro/2008

75

Page 76: ESTUDOS DE PREÇOS MÍNIMOS

O prêmio, que é o diferencial de preço entre o principal óleo vegetal maisnegociado no mercado mundial, no caso o óleo de soja, frente ao preço do óleo de girassol,está variando entre US$222,00/297,00 tonelada na Europa e US$157,95/182,25 nos EstadosUnidos. Nota-se que este prêmio é sempre positivo a favor do óleo de girassol. O óleo de sojafunciona apenas como referência no mercado para os outros óleos.

4 - PANORAMA INTERNACIONAL

4.1- Mercosul

A Argentina é o principal produtor, esmagador e exportador de grãos e óleo degirassol da América do Sul. Também vem se mantendo como o quarto maior produtor mundialcom cerca de 3,5 milhões de toneladas de grãos colhidas na safra 2006/2007, (USDA -fev./2008), além de ocupar a posição de principal fornecedor de óleo e farelo para o mercadointernacional. Detentora de um ótimo complexo logístico para escoamento da produção, a Ar-gentina consegue preços competitivos para o complexo girassol. Em vista da boa situação cli -mática e com chuvas na época do plantio, tal condição fez com que o Ministério da AgriculturaArgentino, (SAGPYA) revisasse os números iniciais da safra para os atuais 2,63 milhões dehectares plantados e uma produção prevista na ordem de 4,5 milhões de toneladas, alcançan-do uma produtividade média de 1.830 Kg/há.

Os números do complexo girassol, na safra 2007/08, segundo o USDA, ficaramaquém da expectativa inicial. A produção de farelo deverá totalizar 1.850 mil toneladasmétrica, das quais 1.325 mil ton. métrica foram destinadas à exportação, 500 ton. métrica parao consumo interno e 1.208 mil ton. métrica, restantes como estoque final. Quanto ao óleo, aprodução foi da ordem de 1.820 mil ton. Métrica, cuja destinação foi a seguinte; exportação

60.000/054

Fonte: USDA – Fevereiro/2008Obs.: Prod. Mundial de óleo 10.039 mil/t - Cons. Mundial/ 9.846 mil/t Métrica para safra 2007/08Elab.:Conab/Sugof/Geole

Gráfico 2.2

Turquia Argentina Ucrânia EU-27 Rússia Outros0

500

1.000

1.500

2.000

2.500

3.000

3.500

4.000

1.8201.647 1.765

2.0752.257

823

307460

2.982

1.750

3.524

Gráfico 3

òleo de Girassol

Prod.Oleo 07/08 Cons.Oleo 07/08Paises

Em

1.0

00

to

ne

lad

as

76

Page 77: ESTUDOS DE PREÇOS MÍNIMOS

de 1.510 mil ton. métrica consumo interno de 307 toneladas métrica, e estoque final de 331toneladas métrica. (tabela 2).

O comportamento dos preços do complexo girassol na Argentina, dejaneiro/2007 a fevereiro de 2008, indica uma recuperação. A exceção fica por conta do farelo,que no período manteve-se em baixa. O grão e o óleo tendem a recuperar o nível de preçosalcançados em janeiro de 2007. A melhora nos preços e da situação climática estáestimulando o plantio da nova safra, inclusive com incremento de área, conforme relatadoanteriormente.

5 - PANORAMA NACIONAL

5.1 - Produção

No Levantamento de Safra realizado em março/08, a Conab estimou que a áreaa ser cultivada com o girassol no Brasil, no ano safra 2007/2008, deverá totalizar cerca de87,8 mil hectares. Quanto à produção, a expectativa é de que sejam colhidas cerca de 128,5mil toneladas, levando-se em conta uma produtividade média de 1.463Kg/há.(gráf.1 pág. 3).

Comparativamente ao ano safra 2006/07, com a próxima safra 2007/08, osnúmeros de área, produtividade e produção do atual levantamento tiveram uma variaçãoexpressiva na ordem de 16,5%, 4,1% e 21,1%, respectivamente, mostrando um cenáriopromissor para a cultura do girassol no Brasil.

O cultivo concentra-se basicamente na região Centro-Oeste, que detém,respectivamente, 81,4% da área plantada e 91,0% da produção do pais. O Estado do MatoGrosso desponta-se com a maior área e produção regional, com cerca de 66,7 mil hectares eprodução de 60,3 mil toneladas de grãos, respectivamente.

O período de plantio nos Estado de Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul,inicia-se na segunda quinzena de janeiro, terminando em fevereiro, podendo se estender atémarço, pois, sendo uma cultura de outono, ou safrinha, o seu plantio está diretamente

60.000/054

Tabela 2 QUADRO DE SUPRIMENTO DE GIRASSOL NA ARGENTINA

Em 1000 t

Itens/Safra 1998/99 1999/00 2000/01 2001/02 2002/03 2003/04 2004/05 2005/06 2006/07 2007/08(1)Produção/grão 5.500 7.100 6.000 3.650 3.844 3.700 3.200 3.800 3.500 4.600Importação 0 0 0 2 2 5 28 0 0 0Exportação/grão 453 910 283 79 356 213 75 107 45 200Processamento/óleo 4.975 6.195 5.200 3.450 3.400 3.029 2.900 1.551 1.425 1.820Consumo de grão 5.035 6.255 5.260 3.492 3.447 3.086 2.961 3.780 3.507 4.459Estoque Final óleo 188 123 580 61 104 510 702 380 328 331Fonte:USDA/Fevereiro de 2008(1)ESTIMATIVAElaboração: CONAB/DIGEM/SUGOF/GEFIP

77

Page 78: ESTUDOS DE PREÇOS MÍNIMOS

associado à colheita da cultura principal, que no caso é a soja. Quanto à colheita, ocorretradicionalmente entre os meses de maio a julho, dependendo do ciclo da planta.

Nos demais Estados da federação, São Paulo, Rio grande do Sul e Paraná, querespondem pelos restantes da produção nacional, o plantio ocorre entre os meses de março aagosto, sempre obedecendo o perfil de cultura de segunda safra.

O mercado interno é de uma concepção bastante simples. A produção de grãosé basicamente direcionada ao esmagamento com a finalidade de produção de óleo, o principalsubproduto, para fins de alimentação humana. Parte desta produção de grãos é destinada aocomércio varejista, como insumo para a indústria confeiteira e também na alimentação depássaros.

6 – SUPRIMENTO DE ÓLEO

Tradicionalmente importador de grãos, com sementes destinadas ao plantio, oPais vem, gradativamente, se tornando auto-suficiente na produção, especialmente de óleo,com vistas ao abastecimento interno. Prova disto é que nos últimos anos vem reduzindofortemente as operações de importações, (gráf. 2 pág. 4).

A título de esclarecimento, registra-se que no ano de 1998, as importações deóleo bateram o recorde de 78,45 mil toneladas, nos períodos seguintes esse número foidiminuindo, até alcançar o patamar de 20,96 mil toneladas no ano de 2007, estabelecendo,em termos percentuais, decréscimo da ordem de 73,32%.O (gráf.2 pág.4), dimensiona estaredução.

O consumo anual de óleo de girassol, segundo as quatro maiores processadorasdo país, está estimado em 41,12 mil toneladas anualmente, ou cerca de 3,43 mil toneladasmês. Nota-se que nos três últimos anos a oferta não obedeceu estes patamares, revelandoum consumo médio em torno das 68,70 mil toneladas, obrigando o país a importar em média1,25 mil toneladas por mês nos últimos três anos para suprir o mercado interno. O principalfator de deslocamento do consumo, para cima ou para baixo é o preço e estasmovimentações podem ser notadas no (tabela 3 pág. 8), estas informações acerca da oferta,consumo, demanda e o saldo de estoque de passagem, com variações anuais de consumo60.000/054

Tabela 3 QUADRO DE SUPRIMENTO DE ÓLEO DE GIRASSOL NO BRASIL

Em 1.000 t

Itens/Safra 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Estoque Inicial 0,00 14,87 35,31 59,12 47,71 55,16 29,76 41,30 27,58 21,82

Produção 14,70 29,22 16,89 21,30 16,92 25,74 20,43 24,90 25,86 41,12

Importação 78,45 58,44 59,21 36,75 20,00 27,59 13,01 12,39 11,76 20,96Oferta 93,15 102,53 111,41 117,17 84,63 108,49 63,20 78,59 65,20 83,90

Consumo 14,60 34,94 58,20 46,69 39,74 28,23 32,13 25,44 21,51 68,70

Exportação 0,27 0,37 0,92 1,02 15,42 1,53 9,17 2,14 0,31 6,21

Demanda 78,28 67,22 52,29 69,46 29,47 78,73 21,90 51,01 43,38 8,99

Saldo 14,87 35,31 59,12 47,71 55,16 29,76 41,30 27,58 21,82 74,91

Fonte:Indicadores da Agropecuária – Conab – Secex/MDIC

78

Page 79: ESTUDOS DE PREÇOS MÍNIMOS

diferenciadas, reflete muito bem a situação do complexo girassol. Segundo o setor, éestimado um estoque estratégico, por parte das indústrias processadoras, em torno 1.800 a2.300 toneladas cada uma, volume suficiente para o abastecimento de 30 dias.

7 - PROPOSTA DE PREÇO MÍNIMO

A composição dos preços pagos aos produtores brasileiros é obtida com base naparidade de importação e flutuação dos preços do óleo, cuja regência é o mercado deRotterdam e argentino. Sendo assim, o valor recebido pelos produtores é diretamente atreladoàs flutuações do câmbio interno com acordos antecipados de aquisição para o grão, uma vezque o parâmetro para a composição do preço é o mercado internacional da principal“commoditie”, o óleo.

O preço mínimo a ser fixado para o girassol deverá funcionar como instrumentode incentivo à produção, os preços internos deverão continuar firmes, em função da escassezda oferta, da disputa da matéria-prima pelas indústrias de esmagamento.

Destina-se, portanto, aos produtores, cooperativas de produtores e às indústriasprocessadoras, tendo como principal objetivo financiar o setor na aquisição do produto, umavez que o instrumento usado é a modalidade de financiamento intitulada EGF.

Na confecção da proposta, levou-se em consideração o custo variável deprodução, elaborado pela Conab, para o Estado do Mato Grosso, maior produtor de grãos degirassol do Brasil. O valor proposto para o grão de girassol é de R$ 18,68/60Kg, este valorcontempla a diferença a maior de 8,60%, quando comparada ao custo variável de produçãoda safra 2007/08. O Preço Mínimo proposto, corrigido até Fev./08, segundo nossos cálculosnão trará problemas de gravosidade na importação de óleo e nem distúrbios nos preçosinternos.(tabela 4 pág. 10).

Se for adotada a presente sugestão, o Governo Federal estará dando uma im-portante contribuição no desenvolvimento desta cultura e por conseqüência na estabilizaçãoda renda do produtor rural e na saúde do consumidor.

60.000/054

Tabela 4PREÇOS MÍNIMOS 2008/09

PARÄMETROS PARA ELABORAÇÃO DAS PROPOSTAS

PR

OD

UT

OS

UN

IDA

DE

Var

iaçã

o (

%) PREÇOS DE PARIDADE

VA

RIA

ÇÃ

O (

%)

VARIÁVEL

ATUAL

ATACADO PRODUTOR

VIG

OR

PR

OP

OS

TO

07/08 08/09CIF FOB CIF FOB

Import. Export. Import. Export.

EGF 17,20 18,68 8,60 28,01 31,15 65,42 70,10 - - 17,61 18,68 6,08

Elaboração: CONAB/DIGEM/SUGOF Cämbio: US$ 1,75Obs.: Em Reais/Unidades

IN

ST

RU

ME

NT

O

PG

PM

CUSTO DE PRODUÇÃO

PREÇO PRODUTOR

PREÇO MÍNIMO

MÉDIA ANUAL

GIRASSOL (S/SE/CO)

60 kg.

79

Page 80: ESTUDOS DE PREÇOS MÍNIMOS

VII - MAMONA EM BAGA

Martha Helena Gama de Macedo

1 - INTRODUÇÃO

A mamona, também conhecida como carrapateira ou rícino, é uma planta deorigem afro-asiática. O óleo é o mais importante constituinte da semente de mamona, sendo oácido ricinoléico o seu maior componente, tendo ligação insaturada e pertencente ao grupodos hidroxiácidos, caracterizando-se por seu alto peso molecular (298) e baixo ponto de fusão(5oC). O grupo hidroxila, presente na ricinoleína confere, ao óleo de mamona, a propriedadeexclusiva de solubilidade em álcool. Além disso, é um óleo bastante estável em variadascondições de pressão e temperatura.

Praticamente toda a produção da mamona é industrializada, obtendo-se comoproduto principal o óleo, e como subproduto, a torta de mamona, que tem grande capacidadede restauração de terras esgotadas.

O método utilizado para extrair o óleo pode ser a prensagem, a frio ou a quente,ou a extração por solvente. No caso do óleo medicinal, a prensagem das amêndoas é feita afrio, obtendo-se o óleo límpido, incolor e brilhante, livre do alcalóide tóxico ricina, com baixoteor de acidez e impurezas. O óleo medicinal ainda deve passar pelos processos de refinaçãoe neutralização, para que seja absolutamente isento de acidez e de impurezas. Para aextração do óleo industrial pode ser utilizada a prensagem a frio, ou a quente,preferencialmente esta última, das sementes completas, obtendo-se óleo tipo standardlímpido, brilhante, que pode ter, no máximo, 1% de acidez e 0,5% de impurezas e umidade,depois de refinado. O óleo industrial também pode ser obtido da torta resultante da extraçãodo óleo medicinal.

As tortas gordas, obtidas após a primeira prensagem, tanto do óleo medicinalcomo do industrial, são trituradas com solvente, aquecidas e novamente prensadas, obtendo-se óleo tipo comercial, cujos teores de acidez e de impurezas, depois do refino, não devemultrapassar a 3% e 1%, respectivamente. Este óleo contém, ainda, remanescentes do solventeutilizado na extração.

Já o óleo bruto, obtido da prensagem das sementes, contém impurezas quedevem ser eliminadas pela refinação, através de filtros-prensa. A torta resultante da últimaprensagem deve ser moída e transformada em farelo, rico em nitrogênio, que possui, comofertilizante, a capacidade de restauração de terras esgotadas. Como ração animal, a tortada mamona, apesar de seu alto teor de proteínas (32 a 40%), só pode ser utilizada depois dedestoxicada, por ser muito venenosa, principalmente na presença da ricina (alcalóide tóxico).Sendo o processo de destoxicação bastante complexo e, muitas vezes, caro, as usinas deóleo preferem vender a torta apenas como fertilizante.

60.000/054 80

Page 81: ESTUDOS DE PREÇOS MÍNIMOS

A amêndoa representa 75% em peso da baga e contém entre 43% e 48% deóleo. No Brasil pode atingir até 70% da baga, dependendo da variedade e da região. Damamona se aproveita tudo, já que as folhas servem de alimento para o bicho-da-seda e,misturadas à forragem, aumentam a secreção Láctea das vacas. A haste, além de celuloseprópria para fabricação do papel, fornece matéria-prima para a produção de tecidosgrosseiros.

2 – PANORAMA INTERNACIONAL

Os maiores produtores de baga e óleo de mamona são a Índia e a China queditam os preços do produto no mercado internacional. A China consome toda sua produçãointernamente, não participando do mercado internacional, ao contrário da Índia que se colocacomo grande concorrente do Brasil neste mercado.

A Índia está ofertando óleo de mamona a US$ 1.150,00 por tonelada FOB, comuma safra estimada em 900 mil hectares, 20% maior que a do ano passado, estimada em750 mil hectares, que será colhida em fevereiro, se prolongando até maio.

A China produziu uma área em torno de 200 a 250 mil hectares, mas necessitouimportar 75 mil toneladas de óleo da Índia em atendimento a sua demanda interna.

Em Roterdã/Holanda, o preço FOB do óleo bruto de mamona está sendo cotadoa US$ 1.335,00/tonelada, 18,14% maior em relação ao ano passado.

60.000/054

Gráfico 1EVOLUÇÃO DOS PREÇOS DE ÓLEO DE MAMONA ROTTERDAM, emUS$/t Jan-2002 a Nov-2007

600

700

800

900

1.000

1.100

1.200

1.300

Jan/2002

Fev

Mar

Abr

Mai

Jun

Jul

Ago

Set

Out

Nov

Dez

Jan/2003

Fev

Mar

Abr

Mai

Jun

Jul

Ago

Set

Out

Nov

Dez

Jan/2004

Fev

Mar

Abr

Mai

Jun

Jul

Ago

Set

Out

Nov

Dez

Jan/2005

Fev

Mar

Abr

Mai

Jun

Jul

Ago

Set

Out

Nov

Dez

Jan/2006

Fev

Mar

Abr

Mai

Jun

Jul

Ago

Set

Out

Nov

Dez

Jan/2007

Fev

Mar

Abr

Mai

Jun

Jul

Ago

Out

Nov

81

Page 82: ESTUDOS DE PREÇOS MÍNIMOS

Os preços dos óleos vegetais comestíveis, no mercado internacional,aumentaram desde meados do ano de 2006 devido à redução da safra americana de soja.Com a utilização do milho para o fabrico do etanol (safra 2006/2007) pelos U.S.A, e com aimportação de volume maior de oleaginosas pela China, o óleo de mamona vemacompanhando esta alta, chegando a mais de US$ 1.150,00 por tonelada FOB (Brasil/Índia).Estima-se para 2008/2009, que o preço supere US$ 1.335,00 por tonelada FOB Rotterdam.(vide Gráfico 1 acima e Gráficos 2 e 3 abaixo).

Alguns fatores deverão influenciar o mercado, quais sejam:• as chuvas de monção de junho à setembro na índia (muita chuva é visto como incentivo ao

plantio de outras culturas e não mamona. Poucas chuvas são interpretadas como incentivoao plantio da mamona, vez que este produto é resistente as condições mais secas).

• os preços das oleaginosas na Índia que impactam a área de plantio de mamona;• aumento de importação de óleo de mamona pela China;• o avanço do milho na área da soja nos E.U.A, e da cana-de-açúcar no Brasil;• Variação da taxa de câmbio.

60.000/054

Gráfico 2ÓLEO DE MAMONA HIDROGENADO

EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS POR PAÍS DE DESTINO2000 - 2007

100

2600

5100

7600

10100

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

ton

ela

das

PAÍSES BAIXOS - HOLANDA CHILE ARGENTINA CUBA ESTADOS UNIDOS Demais

-

2.000

4.000

6.000

8.000

10.000

12.000

14.000

16.000

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

em t

onela

das

ESTADOS UNIDOS PAISES BAIXOS (HOLANDA) ARGENTINA MEXICO Demais

Gráfico 3ÓLEO DE MAMONA (RÍCINO)

EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS POR PAÍS DE DESTINO2000 a 2007

82

Page 83: ESTUDOS DE PREÇOS MÍNIMOS

3 – PANORAMA NACIONAL

Conforme estimativa de intenção de plantio verificada no último levantamentopela Conab, estima-se um crescimento significativo de área em função de parcerias econvênios firmados entre Petrobrás, EBDA – Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola,Brasil Ecodiesel, Bom Brasil e Sindicatos de Trabalhadores Rurais, por exemplo, que estãoestimulando os agricultores ao plantio do produto. Através dessas parcerias, além daassistência técnica e, em alguns casos, fornecimento de equipamentos e insumos, para osagricultores familiares, há, também as garantias de compras futuras.

No Brasil a produção para a safra 2007/2008, está estimada em 155,4 miltoneladas em decorrência do aumento da área plantada de 19,8%. A produtividade fica emtorno de 844 kg/ha 40,7% maior do que a safra de 06/07, na principal região produtora demamona Irecê/BA, estando sujeito a mudanças em decorrência de seca de 90 (noventa dias)ocorridas na região. Se vierem as chuvas e forem significativas para a cultura, poderá, ainda,resultar no plantio da mamona até o final de Dezembro, principalmente devido à perda dofeijão e milho nesta região. No Brasil, estimativa de aumento de produtividade em torno de834 kg/ha 38,5% maior que a safra passada. (Gráfico 4 e Tabela 1).

Na década de 90, o Brasil foi o maior produtor mundial de baga e óleo demamona, seguido pela Índia. Atualmente as posições estão na seguinte ordem: Índia, China,Pakistão, Tailândia e o Brasil em 5º lugar.

60.000/054

Gráfico 4PRODUTIVIDADE/PRODUÇÃO E ÁREA BRASILEIRA DE BAGA DEMAMONA 1995/96 a 2007/08

0,0

200,0

400,0

600,0

800,0

1.000,0

1.200,0

95/96 96/97 97/98 98/99 99/00 00/01 01/02 02/03 03/04 04/05 05/06 06/07 07/08

Pro

dutiv

idad

e(k

g/ha

)

-

50

100

150

200

250

Produtividade Área Produção

Fonte.:SUGOF/GEOLE-Dez/2007

(Pro

duçã

o: 1

000

t -

Áre

a: 1

000

ha

)

83

Page 84: ESTUDOS DE PREÇOS MÍNIMOS

Observou-se que nos primeiros meses da safra de 2006/2007, os preços ficaramabaixo do preço mínimo, em plena entressafra da cultura, fato este que contribuiu para odesestímulo do plantio da mamona pelos produtores, àquela época. Porém, a partir de agostode 2006 os preços tiveram grande elevação, ficando bem acima do preço mínimo, mantendo-se em alta inclusive todo o ano de 2007, não indicando tendência de queda a curto prazoabaixo de R$ 70,00 a saca de 60 kg ao produtor, neste ano. Estima-se que para a safra de2007/2008 esses valores se mantenham em alta devido a grande procura pela matéria-prima,sem susto de que o preço venha no médio prazo a ser inferior a R$ 50,00 a saca de 60 kg debagas de mamona adquirido junto ao produtor.

Considerando o período de entressafra da mamona, os preços atualmentepraticados em uma das principais regiões produtoras e balizadora de preços, no casoIrecê/BA, está cotado hoje, em R$ 70,00 a saca de 60 kg ao produtor (Tabela 2 e Gráfico 5)

60.000/054 84

Page 85: ESTUDOS DE PREÇOS MÍNIMOS

Tabela 2. Preço pago ao Produtor – Bagas (em R$)

Centro de Produção Unidade

Períodos Anteriores Semana atual12 meses 1 Mês 1 Semana Média atual Composto

atacadoPreço mínimo

Irecê60 Kg 38,00 74,00 70,00 70,00 74,84(1) 33,56

Notas: (1) Salvador/BAFonte: Conab

4 – ANÁLISE PROSPECTIVA

Como previsto, com o lançamento do Programa de Biodiesel, a tendência foi deelevação nacional de produção de bagas de mamona, com o índice de crescimentodependendo do apoio à comercialização e o valor do produto a ser pago ao produtor. Aindasão poucas as empresas que industrializam a mamona e produzem derivados que possamsubstituir o diesel. Portanto, a instalação de novas indústrias manterá o equilibrio do mercadoe, consequentemente, melhoria de preço ao produtor, fazendo com que este não dependatanto do Governo Federal.

Hoje os preços do atacado na principal região produtora de Irecê/BA, encontram-se em R$ 72,00/saca de 60 kg, posto indústria na Bahia, com tendência a alta devido aescassez do produto.

60.000/054

Gráfico 5MAMONA EM BAGAS

PREÇOS REAIS RECEBIDOS PELOS PRODUTORES E O PREÇO MÍNIMOJan-2001 a Dez-2007

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

60,00

70,00

80,00

jan/02

mar/02

mai/02

jul/02

set/02

nov/02

jan/03

mar/03

mai/03

jul/03

set/03

nov/03

jan/04

mar/04

mai/04

jul/04

set/04

nov/04

jan/05

mar/05

mai/05

jul/05

set/05

nov/05

jan/06

mar/06

mai/06

jul/06

set/06

nov/06

jan/07

mar/07

mai/07

jul/07

set/07

nov/07

R$/60 kg

Preços Mínimos Preços Recebidos

Fonte.:CONAB - Ago/2007Fonte.:SUGOF/GEOLE -Dez/2007

85

Page 86: ESTUDOS DE PREÇOS MÍNIMOS

4.1 – Sementes de Mamona

Atualmente, há poucas empresas vendendo semente classificada, emconseqüência do elevado preço que não chega a atrair o habitual produtor a adotar sementesde qualidade. Boa parte da semente da mamona, utilizada para o plantio, tem sido originadade pura classificação de bagas para esta finalidade.

Comerciantes no interior da Bahia têm feito trabalho de classificação pararevenda, vendendo variedades como Preta Pernambucana, Sangue de Boi, IAC-80, Mirante-10 a preços entre R$ 5,00 à R$ 7,00/kg.

Sementes classificadas são produzidas/vendidas por:• CATI/Bauru (Campinas/SP) / Guarani AL e Guarani 2000• Embrapa Algodão (Campina Grande/PB) / Paraguassu e Nordestina• Santana Sementes (RN) / Paraguassu

5 – PROPOSTA DE PREÇO MÍNIMO

A cultura da mamona sempre foi considerada atividade de pequenos produtores,especialmente no semi-árido Nordestino. É no Estado da Bahia que esta lavoura possui maiorrepresentação econômica, sobretudo na região de Irecê, onde a mamona é grandeempregadora de mão-de-obra, no período de entressafra, das culturas de grãos. Com aelevação dos preços internacionais do óleo de mamona e com a evolução da ricinoquímica, acultura dessa oleaginosa passou a despertar grande interesse dos produtores, exportadores eindustriais. A ampla gama de produtos, obtidas a partir do óleo de mamona, desde os óleoslubrificantes até próteses e produtos medicinais, movimenta vários seguimentos industriais.

A cultura da mamoneira é de grande importância para a economia do semi-áridodo Nordeste por ser resistente à seca, utilizando muita mão-de-obra familiar e produzindomatéria prima para a indústria.

Os restos culturais da mamoneira podem devolver ao solo até 20 toneladas debiomassa e suas folhas podem servir de alimento para o bicho-da-seda. A haste (caule)fornece celulose para fabricação de papel além de ser matéria-prima para a fabricação detecidos grosseiros. Da semente extrai-se óleo bruto, óleo de rícino e óleo hidrogenado. Tidocomo um dos mais versáteis já que é produto renovável e barato, tendo mais de 400aplicações industriais. Resultante do esmagamento da semente, a torta de mamona tem usoagrícola na correção do solo e como fertilizante por certa riqueza em nitrogênio, fósforo,potássio e cálcio.

Recentemente, a ricinocultura começou a ser explorada no Cerrado das RegiõesNordeste (Barreiras/BA, Piauí, Maranhão, Ceará, Pernambuco), e Centro-Oeste, em sistemastotalmente mecanizados. Existe a perspectiva desta cultura ser expandida para todas asregiões do Cerrado, reduzindo a dependência externa no abastecimento das indústriasnacionais.

O Brasil conta com capacidade instalada de esmagamento de cerca de 160 miltoneladas/ano de bagas nas principais empresas, considerando 200 dias úteis de

60.000/054 86

Page 87: ESTUDOS DE PREÇOS MÍNIMOS

processamento industrial. Porém, existe industria em Iraquara/BA que esmaga 700t por dia,resultando em 300 mil litros de óleo.

O consumo interno de óleo de mamona é relativamente pequeno, entre 10 e 15mil toneladas/ano, o que gera um excedente exportável da ordem de 45 a 50 mil toneladas,volume próximo do nível de exportação de 1990, que foi de 43 mil toneladas. O óleo demamona brasileiro atende à qualidade exigida pelo mercado internacional que é, no mínimo, oóleo industrial tipo 1. O Brasil é o segundo exportador mundial.

Para atender a demanda das indústrias de esmagamento, torna-se essencial quesejam estabelecidos relacionamentos entre os produtores da matéria-prima e os empresáriosda indústria de esmagamento, de modo que sejam respeitadas as necessidades decontinuação de existência de cada um deles. Também é fundamental o comprometimentogovernamental (Federal, Estadual e Municipal), por meio de políticas agrícolas e industriaisadequadas, dada a importância social do agronegócio da mamona no Brasil

A proposta é de elevar o preço mínimo da mamona em baga de R$ 33,56 paraR$ 45,00 por saca 60 kg. Esse valor é baseado no custo de produção variável calculado pelaConab para a agricultura familiar do estado do Piauí (Tabela 4) e não sobre custo calculadopara a agricultura comercial como era adotado anteriormente, pois o valor seria muito elevado(Tabela 3).

Por se tratar de uma cultura que é principalmente produzida por pequenosprodutores, esta sugestão de aumento é interessante como estímulo para que o produtortenha uma remuneração satisfatória e, consequentemente, venha a plantar mais, vindo até ainibir a atuação e interferência na região da “figura” do atravessador. Além disso, osempresários e comerciantes da região se baseiam no preço mínimo elaborado pela Conabpara realizarem seus contratos de compra.

Tendo em vista a difusão da cultura em todo o Nordeste Brasileiro, está sendoproposta a AGF - Aquisição do Governo Federal - para todo o Brasil. Com relação ao EGF -Empréstimo do Governo Federal - propõe-se mudar o período de contratação de 01/11/2007até 30/06/2008, para 01/02/2008 até 31/12/2008, em função de ajustes à real cronologia daprodução.

60.000/054 87

Page 88: ESTUDOS DE PREÇOS MÍNIMOS

6– IMPACTOS ESPERADOS

• Que os preços mínimos funcionem como referencial de preços em programas de estímuloao plantio e apoio aos produtores.

• Que sirvam de parâmetro para a concessão de financiamentos de custeio.• Que amparem os produtores, quando dos efeitos de acentuados declínios de preços.• Que propiciem condições mínimas necessárias para a manutenção dos pequenos

produtores no campo.• Que sirvam como instrumento de sustentação de renda para os pequenos produtores que

utilizam força de trabalho familiar.• Que não ocorram problemas no abastecimento interno, visto que atualmente a produção

está muito ajustada ao consumo.

7 – BIODIESEL

A real e irreversível diminuição das reservas de petróleo, a significativadependência de importações e a urgência em se manter o equilíbrio ambiental, fazem comque governos e corporações invistam, cada vez mais, na pesquisa e desenvolvimento decombustíveis alternativos mais limpos e renováveis. Todos esses fatos fazem com que esteseja o momento oportuno e inadiável para o Brasil assumir tal desafio e, de forma semelhanteao que vem sendo feito há mais de duas décadas com o uso do álcool etílico, como substitutopara a gasolina, tendo como alavanca seu programa de substituição do óleo diesel de petróleopelos óleos vegetais combustíveis.

Considerado mundialmente o combustível do futuro, o biodiesel apresenta asseguintes vantagens:• Não é poluente como o petróleo, pois é ecologicamente correto;• O biodiesel é uma fonte de energia renovável, ao contrário do diesel, nunca esgota, uma

vez que é feito de um vegetal. É só plantar que depois de alguns meses a produção serenova.

• Outro ponto importante é a possibilidade do Brasil exportar o biodiesel, num futuroeminente. Sendo assim, a balança comercial brasileira será beneficiada pela exportação.

• A produção de biodiesel de mamona propiciará a que o Brasil se torne grande produtor,gerando grande quantidade de emprego no campo, com um grande salto na economiaregional.

60.000/054 88

Page 89: ESTUDOS DE PREÇOS MÍNIMOS

VIII – FIBRAS DE SISAL

Júlio D'Aparecida dos Santos1

1 – INTRODUÇÃO

1.1 - O produto – Uso e Importância

O sisal, ou agave, é uma planta originária do México e gera a mais importantefibra dura do mundo. Trata-se de uma planta xerófita2, de cultura perene, muito resistente ecapaz de se desenvolver em regiões de baixa precipitação pluviométrica e de temperaturaselevadas.

As folhas do sisal fornecem fibras de grande resistência e buchas residuais quesão empregadas na produção de barbantes, cordas, cordões, cabos marítimos e elevadores,nas indústrias alimentícias, automotivas e farmacêuticas, para fins geotêxteis, artesanais, noendurecimento e na colocação de placas de gesso nas construções, na confecção de tapetes,tecidos, carpetes, papéis, mantas para estofados, em adubos orgânicos e químicos,cosméticos, cera, álcool industrial, forragem animal e fios agrícolas (baler twines), utilizadospara amarrar feno e cereais para o consumo animal, em países de inverno rigoroso,notadamente nos Estados Unidos e na Europa.

A real importância da cultura do sisal na economia nordestina é a suacapacidade de tornar produtivas, regiões semi-áridas, sem alternativas econômicas e de baixoíndice de IDH, sendo fator de sobrevivência para a população rural. Exige grande volume demão-de-obra e contribui para a fixação do homem no campo, envolvendo na atividade mais de600.000 pessoas, em cerca de 112 municípios, nos Estados da Bahia, Paraíba e Rio Grandedo Norte.

2 – PANORAMA INTERNACIONAL

2.1 – Produção de Fibras e Manufaturados de Sisal

A partir de 1990, a produção mundial de fibras de sisal declinou cerca de 32,4%,passando de 356,9 mil toneladas para 241,1 mil toneladas em 2007 (gráfico 1). Estarealidade decorre da existência de fatores climáticos desfavoráveis nos principais paísesprodutores, da infestação das lavouras por pragas, da concorrência dos sintéticos, eespecialmente pelos baixos preços alcançados na comercialização.

Em 2006, segundo estimativa da FAO, a produção mundial de fibras de sisalregistrou um crescimento de 8,1%, passando de 227,8 mil toneladas em 2005, para 246,3 miltoneladas. Cabe ressaltar que grande parte desse resultado é atribuído ao Brasil que, nesseperíodo, incrementou sua produção em 4,3%.

1 Técnico de Planejamento da Companhia Nacional de Abastecimento.2() Possui abundância de fibras que resistem bem às condições de seca.60.000/054 89

Page 90: ESTUDOS DE PREÇOS MÍNIMOS

O Brasil é o maior produtor e exportador mundial de fibras e manufaturados desisal, participando com cerca de 50,5% e 55,0%, respectivamente, da produção e daexportação em 2006. Além do Brasil, os principais países produtores são: China e Tanzânia,14,2 %; Quênia, 10,2%; Venezuela, 4,3%; Madagascar, 3,9%; Haiti, 0,9% e outros países(cinco) 2,5%, (gráfico 2).

60.000/054

0

100

200

300

400

EM

MIL TONELADAS

GRÁFICO 1 - EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO MUNDIAL

(t) 356,9 241,3 248,1 250,1 255,4 227,8 246,3 241,1

1990 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007(*)

Fonte: FAO, Elaboração: Conab (*) = dados parciais

GRÁFICO 2 - PARTICIPAÇÃO % POR PAÍSES NA PRODUÇÃO MUNDIAL DE SISAL EM 2006

Haiti0,9%

China14,2%

Madagascar3,9%

Outros (5)2,5%

Quênia10,2%

Tanzânia14,2%

Venezuela4,3%

Brasil50,5%

Produção em 2006 = 246,3 mil toneladasFonte: FAO. Elaboração: Conab

90

Page 91: ESTUDOS DE PREÇOS MÍNIMOS

Mesmo com o início da recuperação em dólar dos preços da fibra emanufaturados, a partir do último trimestre de 2002, a perspectiva é de que a produçãomundial fique abaixo de 245,0 mil toneladas/ano em 2007, visto que países como Quênia eTanzânia – 2º e 3º produtores mundiais, respectivamente, ainda enfrentam secas e o replantioe o retorno da produção em áreas perdidas, quando ocorre, leva, em média, de 4 a 5 anos.

2.2 – Preços dos Fios Agrícolas Naturais X Fios Agrícolas Sintéticos

Dados parciais divulgados pela FAO indicam que em 2007 o preço médio decomercialização do fardo do fio agrícola natural (derivado do sisal) nos EUA, alcançou US$25,00 (gráfico 3), superando em 11% os US$ 22,50 alcançados pelo fio agrícola sintético3

(confeccionado com polipropileno, derivado do polímero e extraído do petróleo). Como os preços do polímero4 encontram-se estáveis no mercado internacional,

tudo indica que os preços dos fios agrícolas naturais e sintéticos se manterão firmes nodecorrer de 2008, contudo sem possibilidade de grandes oscilações, uma vez que o mercadoestá bem ofertado.

Há de se registrar que, historicamente, na medida em que as cotações do fioagrícola natural ascendem das cotações do fio agrícola sintético, os consumidores esquecemo apelo ecológico e optam pelos sintéticos, mesmo cientes da probabilidade de danos ànatureza.

3 – PANORAMA NACIONAL

3.1 – Produção

Segundo dados colhidos junto a produtores, cooperativas, exportadores ebeneficiadores, a produção de fibras de sisal alcançou 113,1 mil toneladas em 2007, menorem 8,9 %, se comparada com as 124,2 mil toneladas colhidas em 2006.

3 Possuem a mesma aplicação, ou seja, enfardam quantidades equivalentes de feno.4 Derivado do petróleo e utilizado na confecção de fios agrícolas.60.000/054

GRÁFICO 3 - PREÇOS MÁXIMOS DE COMERCIALIZAÇÃO DOS FIOS AGRÍCOLAS NOS EUA, SISAL (fardos 18 kg) X POLIPROPILENO (fardos 10kg)

10

15

20

25

30

EM US$/FARDO/CIF

POLIP. 16,00 16,00 17,65 18,70 23,00 27,00 22,50

SISAL 12,96 12,96 19,00 22,00 26,01 24,00 25,00

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007-Parcial

Fonte: FAO, CPP: JU/HF/ST/2007/1, Elab.: Conab.

91

Page 92: ESTUDOS DE PREÇOS MÍNIMOS

Os principais Estados produtores de fibra de sisal são: Bahia, Paraíba e RioGrande do Norte, que respondem por cerca de 88,4%, 8,9% e 2,1%, respectivamente, destaprodução (tabela 1).

A queda verificada na produção deveu-se: a) a falta de chuvas nas regiões produtoras de fibras na Bahia e Paraíba (respondem

por cerca de 97% da safra nacional), diminuindo a oferta de fibras para comercialização;b) ao declínio de 10,5% (de R$ 0,95/kg para R$ 0,85/kg) nos preços de comercialização

da fibra em Conceição do Coité e Valente, principais centros formadores de preços da Bahia,a partir de agosto de 2006, época da fixação do último preço mínimo.

Para 2008, como não existe inserção de novas áreas e/ou recuperação deplantações abandonadas, a estimativa é de que a produção nacional oscile entre 100,0 e110,0 mil toneladas, podendo declinar em até 11,6%. Entretanto, se os preços a serem pagospela fibra forem majorados e considerados remuneradores pelos agricultores, a produçãopoderá ascender, haja vista que o sisal é uma cultura perene, onde o preço decomercialização determina o ritmo de corte das folhas e, conseqüentemente, o volumeproduzido.

3.2 – Exportação Brasileira de Fibras e Manufaturados em 2007

Conforme se observa no quadro abaixo, ocorreu um declínio de 10,1% e 8,7%,respectivamente, na quantidade de produtos exportados (t) e na geração de divisas. Quantoao preço médio, alcançou US$ 953,0/t, com aumento de 2,1%.

PRODUTOS /DIVISAS

ANO 2006(a)

ANO 2007(b)

VARIAÇÃO %(b/a)

Produtos (t) 107,5 96,6 (10,1) Em milhões de US$ 100,3 92,1 (8,7)Preço Médio - US$/t 933,0 953,0 2,1

Nos últimos seis anos, o preço médio das exportações brasileiras aumentou106%, passando de US$ 462,00/t em 2002 para US$ 953,00/t em 2007. Esta forte60.000/054

Comparativo de Área Cultivada e Produção, Variações e Participação percentual

2 0 0 6 2 0 0 7 V A R I A Ç Ã O (%) Participação

Área Produção Rend. Área Produção Rend. Área Produção Rendimento % por UF

(ha) (t) (kg/ha) (ha) (t) (kg/ha) (2005/04) (2005/04) (2007/06) (2007)

Bahia 125.107 111.314 889 124.134 100.040 806 -0,8 -10,1 -9,3 88,4

Ceará 450 755 1.678 430 710 1.651 -4,4 -6,0 -1,6 0,6

Paraíba 12.645 10.167 804 12.580 10.022 797 -0,5 -1,4 -0,9 8,9

Pernambuco 10 8 800 10 8 800 0,0 0,0 0,0 0,0

Rio Grande do Norte 3.451 2.046 593 3.671 2.330 635 6,4 13,9 7,1 2,1

TOTAL 141.663 124.290 877 140.825 113.110 803 -0,6 -9,0 -8,5 100,0

Fonte: Conab, IBGE, Indústrias e Cooperativas.

Elaboração: Conab.

TABELA 1 - P R O D U Ç Ã O E S T A D U A L D E F I B R A D E S I S A L

U F

92

Page 93: ESTUDOS DE PREÇOS MÍNIMOS

recuperação de preços e, a conseqüente geração de divisas, só foi possível graças aosesforços dos exportadores brasileiros que souberam aproveitar a oportunidade apresentada,gerando ao Brasil divisas superiores a 100,0 milhões de dólares/ano.

Os principais produtos exportados pelo Brasil em 2007 foram: fibra beneficiada,56,9%; cabos, cordas e cordéis, 31,8%; fios diversos, 9,1% e tapetes, 2,1%. Cabe registrarque a quantidade de manufaturados exportados vem diminuindo gradativamente, causandoqueda na geração de divisas, uma vez que a fibra beneficiada possui pouco valor agregado. Atítulo de exemplo, registra-se que de 1998 a 2007 as exportações de fibra beneficiadaaumentaram 68,3%, em detrimento do declínio de 34,9% nos produtos manufaturados.

Em 2007, comparativamente com 2006, os preços médios da cesta de produtosde sisal exportados pelo Brasil aumentaram 2,1%, passando de US$ 933,0 atonelada, para US$ 953,0, com a seguinte performance individual: fibras5, 7,4%; fios diversos,4,8%; cabos, cordas e cordéis, 2,9%, e tapetes 22,9% (gráfico 4).

Devido ao grande avanço registrado a partir de 2002 nos preços médios deexportação, da concorrência dos fios sintéticos e do crescimento da produção de fibras empaíses grandes importadores como a China, a perspectiva é de que estas cotaçõespermaneçam inalteradas e/ou declinem em 2008.

Quanto ao volume exportado de fibras e manufaturados em 2007, o resultadonão é animador quando comparado com 2006 (gráfico 5). O declínio registrado foi de 10,1%,assim divididos: fibras, (0,2%); fios diversos, (24,6%); cabos diversos, (17,7%) e tapetes(22,2%).

Esta queda verificada é decorrente da apreciação do real frente ao dólar, umavez que os exportadores brasileiros não conseguem repassar aos importadores suas perdasfinanceiras com a valorização de nossa moeda, com o aumento da matéria-prima no mercadointerno, bem como os reajustes ocorridos nos custos operacionais de cerca de 10%.1.3.3 – Preço no Mercado Interno

5 Representando todos os tipos de fibras exportadas, inclusive bucha e refugo.60.000/054

0

1.000

2.000

3.000

4.000

EM US$/TONELADA

GRÁFICO 4 - EVOLUÇÃO DOS PREÇOS MÉDIOS DAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE FIBRAS E MANUFATURADOS

2007 652 1.323 1.159 3.535 952,6

2006 607 1.262 1.126 2.876 933,2

FIBRAS FIOS DIVERSOSCABOS E CORDAS

TAPETESTODOS

PRODUTOS

Fonte: CECEX/DECEX, Elab.: CONAB.

4,8% 2,9%

7,4%

22,9%

2,1%

0

20

40

60

80

100

EM

MIL TONELADAS

GRÁFICO 5 - EVOLUÇÃO DAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE FIBRAS E MANUFATURADOS - 2007 X 2006

2007 52,5 10,4 31,6 2,1 96,6

2006 52,6 13,8 38,4 2,7 107,5

FIBRAS FIOS DIVER. CABOS, etc TAPETES TOTAL GERAL

Fonte: SECEX, Elab.: CONAB.

(24,6%)

(17,7%)

(0,2%)

(22,2%)

(10,1%)

93

Page 94: ESTUDOS DE PREÇOS MÍNIMOS

3.3 – Preços no Mercado Interno

A fibra tipo 2 está sendo comercializada a R$ 0,85/kg, ao nível de produtor. Estevalor é 16,4% menor que o preço mínimo em vigor, de R$ 0,99/kg.

Cabe registrar que, cerca de 85% da produção brasileira de fibras emanufaturados destinam-se ao mercado externo, onde ocorre a formação dos preços, sendofator decisivo neste processo a paridade do real frente ao dólar e as cotações dos fiossintéticos no mercado internacional, principal concorrente dos fios naturais.

Em 2008, caso o real alcance a paridade de R$ 1,75 para cada dólar americano,a perspectiva é de que ocorra uma queda acentuada nos preços de comercialização da fibrano mercado interno, o que exigirá uma forte intervenção do Governo Federal efetuandoaquisições.

Neste contexto, a expectativa é de que a Conab venha a intermediar a aquisiçãode cerca de 21.000 toneladas de sisal, utilizando recursos do Governo Federal da ordem de20,8 milhões de reais.

3.4 – Quadro de Suprimento Brasileiro (gráfico 6)

Na hipótese de que o cenário acima referenciado venha a se concretizar quanto: A paridade do real frente ao dólar;

A cotação do fio agrícola sintético no mercado internacional e a quantidade ofertada;

Ao regime favorável de chuvas nos países produtores;

A manutenção dos atuais preços de comercialização da fibra no mercado interno.

60.000/054

15,8

100,0

15,021,0

90,0

36,6

0,0

20,0

40,0

60,0

80,0

100,0

120,0

140,0

EM MIL TONELADAS

ESTOQUE INICIAL PRODUÇÃO CONSUMOINTERNO

AQUISIÇÃOGOVERNO

EXPORTAÇÃO ESTOQUE FINAL

GRÁFICO 6 - FIBRA DE SISAL, QUADRO DE SUPRIMENTO BRASILEIRO

2005 2006 2007 2008

Fonte:CONAB, SECEX, IBGE, Indústrias e Beneficiadores. Elab. CONAB

94

Page 95: ESTUDOS DE PREÇOS MÍNIMOS

A previsão é de que a produção, a exportação e o consumo interno declinem em11,6%, 6,9% e 3,2%, respectivamente, em 2008. Em contrapartida, o estoque de passagemdo Governo Federal em 31/12/08, poderá aumentar 437,5%, passando de 4,8 mil toneladasem 2007, para 25,8 mil toneladas.

3.5 – ATUAÇÃO DO GOVERNO FEDERAL

3.5.1 – Ações do Governo Federal

Em 2007, o Governo Federal adquiriu 4,4 mil toneladas de fibras, a um custo de4,356 mil reais, apoiando os pequenos agricultores dispersos nas áreas de produção do semi-árido da Bahia, evitando o aviltamento no preço de comercialização do agave.

A Conab, objetivando facilitar a entrega da fibra pelo produtor ao GovernoFederal, credenciou 13 (treze) unidades armazenadoras na Bahia, localizadas em Conceiçãodo Coité, Santa Luz e Retirolância. Para 2008, a expectativa é de que novos armazéns sejamincorporados, especialmente na região de Campo Formoso/BA, local onde a produçãotambém é expressiva.

3.5.2 – Reflexos no Mercado e no Abastecimento

As interferências Governamentais ocorridas em 2007 elevaram o preço decomercialização da fibra em cerca de 25%, nos principais centros formadores de preços daBahia, contribuindo para a fixação do homem no campo.

4 – PROPOSTA DE PREÇO MÍNIMO (gráfico 7)

4.1 – Aspectos Relevantes

Paridade do real frente ao dólar da ordem de R$ 1,75 X US$ 1,00;

Custo médio variável de produção da fibra de R$ 1,00/kg, incluso gastos com aimplantação da lavoura e tratos culturais;

Possibilidade de aumento na oferta de fibras no mercado interno em 2008 devido aganhos de produtividade, em decorrência da aplicação de tratos culturais nas lavourasda Bahia e da Paraíba no decorrer de 2007, ocorrência de chuvas regulares nasprincipais áreas de produção no final de 2007 e perspectiva de clima favorável em2008, conforme previsto pelos principais serviços de meteorologia do país;

Perspectiva de que a produção mundial de fibras de sisal permaneça nos atuaispatamares, oscilando entre 240,0 mil toneladas a 250,0 mil toneladas ano;

Perspectiva de que a oferta do fio agrícola sintético permaneça estável no mercadointernacional e cotado em valores iguais ou abaixo de US$ 22,5 o fardo de 10 kg;

As cotações da fibra no mercado internacional são balizadores6 na formação de preçosno mercado interno. A partir de agosto/2006, época da fixação do atual preço mínimode R$ 0,99/kg, a média do dólar declinou 17,08% frente ao real, passando de 2,1551para 1,7869, diminuindo, desta feita, consideravelmente a receita dos exportadoresbrasileiros;

O custo operacional das indústrias aumentou cerca de 10% na última safra;6 O Brasil exportou, em 2007, 85% de sua produção.60.000/054 95

Page 96: ESTUDOS DE PREÇOS MÍNIMOS

A fibra T.2 está sendo exportada a US$ 652,00/t, FOB portos brasileiros. Esse valor,decomposto ao nível de produtor indica que os exportadores podem pagar até R$0,87/kg, para o dólar cotado a R$ 1,75;

Os cabos diversos estão sendo exportados a US$ 1.159,00/t, FOB portos brasileiros.Esse valor decomposto ao nível de produtor indica que os industriários podem pagaraté R$ 0,86/kg, para o dólar cotado a R$ 1,75;

A fibra tipo 2 está sendo comercializada, em média, a R$ 0,85/kg ao nível de produtor,14,1% menor que o preço mínimo vigente de R$ 0,99/kg;

Que o preço mínimo da fibra foi reajustado em 135,7% a partir da safra 03/04;

As dificuldades enfrentadas pela cadeia produtiva do sisal são de ordem conjuntural enão estrutural.

4.2 – Preço Mínimo Proposto (mantida a opção de AGF apenas para fibra bruta)

As possíveis vantagens e desvantagens de cada opção, estão elencadas a seguir:

a) Diminuir o atual preço mínimo em 10,5%, passando de R$ 0,99/kg para R$ 0,85/kg,a partir de agosto/2008. Vantagem: fortalecimento do setor exportador, aumentodas exportações e forte queda no volume de aquisição de fibras pelo GovernoFederal; desvantagem: redução de trato cultural nas lavouras, queda no volume deprodução de fibras e elevado custo político e social;

b) Manter o atual preço mínimo em R$ 0,99/kg. Vantagem: Sem desgaste político esocial; desvantagem: redução no volume das exportações brasileiras, perspectivasde aquisições de cerca de 21.000 toneladas de fibras no decorrer de 2008, comdesembolso previsto de cerca de 20,7 milhões de reais, além de custos financeiroscom armazenamento e fiscalização, entre outras.

4.3 – Considerações Finais

60.000/054

1,011,00

0,95 0,85

0,99

0,85

0,99

0,86 0,84

0,00

0,20

0,40

0,60

0,80

1,00

1,20

Fonte e Elaboração: Conab

GRÁFICO 7 - PARÂMETROS DA PROPOSTA, SAFRA 08/09, EM R$/KG

Custo Variável deProdução 2006

Custo Variável deProdução 2007

Vlr ComercializaçãoFibra 08/06-Produtor

Vlr ComercializaçãoFibra 12/07-Produtor

Preço Mínimo Atual

Preço Mínimo Sugerido- Opção "A"

Preço Mínimo Sugerido- Opção "B"

Paridade ExportaçãoFibra

8-Paridade ExportaçãoManufaturados

96

Page 97: ESTUDOS DE PREÇOS MÍNIMOS

Em todas as sugestões de propostas para o novo preço mínimo, safra 2008/09, existem prós e contras.

Considerando que a cadeia produtiva do sisal enfrenta problemas conjunturais eque a atividade gera emprego e renda no semi-árido brasileiro, local onde outra atividadeagrícola não prospera devido à adversidade climática, o signatário sugere que a opção “b”seja a escolhida, uma vez que, além de possuir caráter transitório (apenas enquanto asexportações permanecerem gravosas), é a única que possibilita:

Manter o número de vagas de trabalho no campo e na cidade - a cadeia do sisalemprega cerca de 600.000 pessoas;

Incentivar a prática de tratos culturais, de forma a melhorar a qualidade da fibra, obterganhos de produtividade e aumentar a renda do agricultor;

Proteger os exportadores brasileiros de fibras e manufaturados em momentosadversos;

Manutenção e/ou incremento das exportações, gerando divisas da ordem de US$ 100,0milhões em 2008.

Entretanto, objetivando evitar o desembolso de recursos vultosos pelo GovernoFederal com a aquisição de grandes quantidades de agave e viabilizar as exportações,enquanto estas permanecerem gravosas, é necessária a implementação de programas tipoPEP, uma vez que tudo indica que a oferta de fibra no mercado interno sofrerá expansão em2008.

60.000/054 97

Page 98: ESTUDOS DE PREÇOS MÍNIMOS

IX – CEREAIS DE INVERNO

Alex Musialowski Chaves

1 - PANORAMA INTERNACIONAL

1.1- Mercado

O mercado internacional de trigo apresenta perspectivas de preços firmes atémeados de 2008. O Canadá diminuiu sua área plantada em 18%, sua produção em 21,7%(Tabela 1) e suas exportações em 25%. A Argentina sinaliza restrição em suas exportaçõescom a não liberação de seus registros de exportação. Chuvas pesadas deterioraram aqualidade das lavouras européias. A estimativa de produção para a safra dos EUA, período2007/08, é de 56,3 milhões de toneladas, valor que corresponde a um aumento de 14,1% emrelação à safra anterior. Há, porém, uma previsão de perda em quantidade e qualidade naslavouras americanas do trigo de inverno. Ressalte-se que as bolsas internacionais, onde sãonegociados contratos de trigo, balizam-se principalmente pelas características de suprimentonorte-americano, já que os EUA são os maiores exportadores.mundiais de trigo.

A Europa participou com 20% da produção mundial na safra 2007/08 (Tabela 1),seguida da China (17,6%) e da ex-URSS* (15,1%). Não houve diferença significativa entre asparticipações na produção mundial em relação a safra passada. Os EUA permanecem comoos maiores exportadores mundiais, estimando exportar 31,30 milhões de toneladas na safracorrente, seguidos pelo Canadá (14 milhões de toneladas) e Argentina (10,5 milhões detoneladas).

60.000/054

Tabela 1: Evolução da Produção Mundial de TrigoSAFRA Argentina Austrália Canadá China EU-25 ex-URSS* EUA Mundo Outros

1996/1997 15.900 22.925 29.801 110.570 98.506 62.990 61.980 582.609 179.937 1997/1998 15.740 19.224 24.280 123.289 94.181 80.516 67.534 609.958 185.194 1998/1999 13.300 21.465 24.082 109.726 103.085 56.030 69.327 589.960 192.945 1999/2000 16.400 24.757 26.941 113.880 114.741 64.758 62.475 585.813 161.861 2000/2001 16.230 22.108 26.519 99.640 124.197 63.123 60.641 581.500 169.042 2001/2002 15.500 24.299 20.568 93.873 113.553 91.294 53.001 581.131 169.043 2002/2003 12.300 10.132 16.198 90.290 124.830 96.949 43.705 567.689 173.285 2003/2004 14.500 26.132 23.552 86.490 106.878 60.910 63.814 554.593 172.317 2004/2005 16.000 22.600 25.860 91.950 136.774 86.830 58.738 628.855 190.103 2005/2006 13.000 24.500 26.775 97.450 122.638 92.195 57.280 618.846 185.008 2006/2007 13.250 10.500 26.300 103.500 117.887 79.885 49.316 585.142 184.504 2007/2008 15.500 13.000 20.600 106.000 120.860 91.040 56.250 603.300 180.050

Var (%) 17,0% 23,8% -21,7% 2,4% 2,5% 14,0% 14,1% 3,1% -2,4%Var (mil t) 2.250 2.500 (5.700) 2.500 2.973 11.155 6.934 18.158 (4.454)

SAFRA Argentina Austrália Canadá China EU-25 ex-URSS* EUA Mundo Outros1996/1997 2,7% 3,9% 5,1% 19,0% 16,9% 10,8% 10,6% 100% 30,9%1997/1998 2,6% 3,2% 4,0% 20,2% 15,4% 13,2% 11,1% 100% 30,4%1998/1999 2,3% 3,6% 4,1% 18,6% 17,5% 9,5% 11,8% 100% 32,7%1999/2000 2,8% 4,2% 4,6% 19,4% 19,6% 11,1% 10,7% 100% 27,6%2000/2001 2,8% 3,8% 4,6% 17,1% 21,4% 10,9% 10,4% 100% 29,1%2001/2002 2,7% 4,2% 3,5% 16,2% 19,5% 15,7% 9,1% 100% 29,1%2002/2003 2,2% 1,8% 2,9% 15,9% 22,0% 17,1% 7,7% 100% 30,5%2003/2004 2,6% 4,7% 4,2% 15,6% 19,3% 11,0% 11,5% 100% 31,1%2004/2005 2,5% 3,6% 4,1% 14,6% 21,7% 13,8% 9,3% 100% 30,2%2005/2006 2,1% 4,0% 4,3% 15,7% 19,8% 14,9% 9,3% 100% 29,9%2006/2007 2,3% 1,8% 4,5% 17,7% 20,1% 13,7% 8,4% 100% 31,5%2007/2008 2,6% 2,2% 3,4% 17,6% 20,0% 15,1% 9,3% 100% 29,8%

Fonte: USDAElaboração: CONAB*Armênia, Azerbaijão, Bielorrússia, Georgia, Cazaquistão, Quirjistão, Moldávia, Rússia, Tajiquistão, Turcomenistão, Ucrânia e Uzbequistão.

98

Page 99: ESTUDOS DE PREÇOS MÍNIMOS

A safra mundial 2007/08, de acordo com dados do USDA, está estimada em603,3 milhões de toneladas, contra 585,2 milhões em 2006/07. O aumento de 3,1% naprodução não foi suficiente para equipará-la ao consumo, que é de 617,6 milhões detoneladas (Tabela 2), gerando um déficit de 14,3 milhões de toneladas, reduzindo o estoquede passagem para 109,8 milhões de toneladas (Gráfico 1). Esse é mais um fator indicativo detendência altista para as cotações internacionais, haja vista que tal valor é o menor dosúltimos 30 anos. (Gráfico 2).

A recomposição dos estoques internacionais não deve acontecer em curtoespaço de tempo, salvo em caso de superoferta em 2008, fato que pode ser contestado emfunção da alta suscetibilidade da cultura do trigo às variações climáticas. Enquanto isso, a

60.000/054

GRÁFICO 1: PRODUÇÃO MUNDIAL DE TRIGO X CONSUMO

500.000

520.000

540.000

560.000

580.000

600.000

620.000

640.000

1996

/199

7

1997

/199

8

1998

/199

9

1999

/200

0

2000

/200

1

2001

/200

2

2002

/200

3

2003

/200

4

2004

/200

5

2005

/200

6

2006

/200

7

2007

/200

8

MIL

TO

NE

LA

DA

S

PRODUÇÃO CONSUMO

Tabela 2: Quadro de Suprimento Mundial do Trigo (Em milhões de t)

SAFRAESTOQUE

INICIAL PRODUÇÃO IMPORTAÇÃO SUPRIMENTO CONSUMO EXPORTAÇÃO

ESTOQUE FINAL

ESTOQUE / CONSUMO

2003/04 166,1 554,9 104,5 825,5 588,8 103,4 132,7 22,5%2004/05 132,7 628,0 109,9 870,6 610,0 112,3 151,0 24,8%2005/06 151,0 621,7 110,2 882,9 624,5 116,2 149,2 23,9%2006/07 149,2 593,0 107,4 849,6 617,2 111,6 124,1 20,1%

2007/08 (*) 124,1 603,3 102,6 830,0 617,6 105,8 109,8 17,8%Fonte: USDA, em 09/nov/07

Elaboração: CONAB/DIGEM/SUGOF/GERAB

99

Page 100: ESTUDOS DE PREÇOS MÍNIMOS

tendência é de manutenção da taxa de crescimento do consumo mundial ao redor de 1% aoano.

1.2 - Preços

Quando são comparados os preços atuais com os anteriores.nesta série decinco anos (gráfico 4), a tendência altista fica bem clara. Para o trigo duro, a média da sériechegou a US$ 170,00/t contra US$ 290,00/t do momento. Esta acentuada alta deve-se ainfluência na cotação do cereal pelos fatores: produção, estoque, comércio e consumo. Aprodução menor que o consumo, a significativa redução nos estoques mundiais e a altademanda do produto no mercado internacional desenharam o cenário altista e a grandevalorização visualizada na curva do gráfico abaixo.

60.000/054

GRÁFICO 2: EVOLUÇÃO DOS ESTOQUES MUNDIAIS DE TRIGO

109,8

0,0

50,0

100,0

150,0

200,0

250,0

1978/79 1980/81 1982/83 1984/85 1986/87 1988/89 1990/91 1992/93 1994/95 1996/97 1998/99 2000/01 2002/03 2004/05 2006/07

Mil

es d

e T

on

elad

as

Fonte: USDA, em 09/nov/07

100

Page 101: ESTUDOS DE PREÇOS MÍNIMOS

60.000/054

Gráfico 4: Preço do Trigo Hard na Bolsa de Kansas

100,00

150,00

200,00

250,00

300,00

350,00

Jan

Fe

vM

ar

Ab

rM

ai

Jun

Jul

Ag

oS

et

Out

No

vD

ez

Jan

Fe

vM

ar

Ab

rM

ai

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Ag

oS

et

Ou

tN

ov

De

zJa

nF

ev

Ma

rA

br

Ma

iJu

nJu

lA

go

Set

Ou

tN

ov

De

zJa

nF

ev

Ma

rA

br

Mai

Jun

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Ago

Set

Ou

tN

ov

De

zJa

nF

ev

Ma

rA

br

Mai

Jun

Jul

Ago

Se

tO

ut

No

v

2003 2004 2005 2006 2007

US

$/t

on

Preço Nominal Preço RealFonte: Siagro/Conab

101

Page 102: ESTUDOS DE PREÇOS MÍNIMOS

As cotações nos portos argentinos, por sua vez, são formadas com base nospreços internacionais e também refletem a escassez de produto no mercado, como observadono gráfico 5. Principalmente a partir da segunda quinzena de maio houve uma recuperaçãonos preços FOB. Para a próxima safra, a tendência de preços mais altos deve se manter, hajavista a grande procura que já ocorre pela contratação de embarques futuros(janeiro/fevereiro), em face do cenário de incerteza de oferta.

1.3- Mercosul

Na medida em que a Argentina é a principal origem das importações de trigo noBrasil, torna-se crucial o acompanhamento das condições de oferta e demanda naquele país.

60.000/054

Tabela 3: Quadro de Suprimento Argentino de Trigo (Em mil toneladas)

SAFRAESTOQUE

INICIAL PRODUÇÃO IMPORTAÇÃO SUPRIMENTO CONSUMO EXPORTAÇÃO

ESTOQUE FINAL

EXPORTAÇÃO / SUPRIMENTO

2003/04 1.530 14.500 4 16.034 5.232 9.407 1.395 58,7%2004/05 1.395 16.000 10 17.405 5.010 11.830 550 68,0%2005/06 550 14.500 10 15.060 5.000 9.560 500 63,5%2006/07 500 15.200 10 15.710 4.900 10.500 310 66,8%2007/08 310 15.500 0 15.810 4.900 10.500 410 66,4%

Fonte: USDA, em 09/nov/07

Elaboração: CONAB/DIGEM/SUGOF/GERAB

Gráfico 5: Preço do Trigo Argentino FOB Bahia Blanca

294,13

100,00

150,00

200,00

250,00

300,00

350,00

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov

2006 2007

US

$/t

on

Preço Nominal Preço RealFonte: SAGPyA

102

Page 103: ESTUDOS DE PREÇOS MÍNIMOS

No período comercial atual, safra 2007/08, registrou-se queda na produçãoargentina, em decorrência da seca no período de implantação das lavouras (agosto a outubrode 2005). O volume de 15,5 milhões de toneladas foi ligeiramente superior ao montante de2006/07. Com isso, o volume exportado manteve-se no mesmo patamar do registrado em2006/07, ao redor de 10,5 milhões de toneladas. Adicionalmente, a iniciativa do governoargentino de limitar as exportações de trigo, via acordo com o setor produtivo, deveriaaumentar a disponibilidade interna do cereal, pressionando os preços domésticos edesestimulando o plantio para a próxima safra.

2 - Panorama Nacional

2.1 - Mercado

Estima-se um aumento na produção brasileira em 71,8% na safra 2007/08 emrelação a anterior, passando para 3,8 milhões de toneladas (Tabela 4). A principal região pro -dutora brasileira, região sul, encerrou sua colheita da safra 2007/08. O Paraná teve suas ex-pectativas concretizadas, produzindo trigo de boa qualidade; já o Rio Grande do Sul enfrentouperíodo de estiagem seguido por fortes chuvas durante a colheita, fato que comprometeu par-te da produção do Estado, estimada em 1,5 milhões de toneladas. Devido a esta perda dequalidade deve-se destinar boa parte da produção gaúcha para formulação de ração. A áreade plantio brasileira apresentou um aumento de 3,1%, o rendimento nacional é de 2,1 tonela-das por hectare.

O consumo brasileiro foi estimado em 10,25 milhões de toneladas, será necessá-rio, portanto, a importação de 6,5 milhões de toneladas (Tabela 5). Os moinhos devem buscaroutros fornecedores, além da Argentina, uma vez que os vizinhos do Brasil estão restringindosuas exportações do cereal por questões internas. Neste ano já importou-se trigo canadense.

60.000/054

Safra 06/07 Safra 07/08 VAR. % Safra 06/07 Safra 07/08 VAR. % Safra 06/07 Safra 07/08 VAR. %(a) (b) (b/a) (c) (d) (d/c) (e) (f) (f/e)

CENTRO-OESTE 61,8 43,5 (29,6) 1.850 2.492 34,7 114,3 108,4 (5,2) MS 50,5 30,3 (40,0) 1.230 1.480 20,3 62,1 44,8 (27,9) GO 10,1 10,5 4,0 4.576 4.700 2,7 46,2 49,4 6,9 DF 1,2 2,7 125,0 5.000 5.251 5,0 6,0 14,2 136,7

SUDESTE 61,4 55,7 (9,3) 2.238 2.666 19,1 137,4 148,5 8,1 MG 12,5 11,0 (12,0) 4.500 4.400 (2,2) 56,3 48,4 (14,0) SP 48,9 44,7 (8,5) 1.658 2.240 35,1 81,1 100,1 23,4

SUL 1.634,3 1.708,3 4,5 1.213 2.096 72,8 1.982,0 3.580,7 80,7 PR 880,6 820,7 (6,8) 1.280 2.290 78,9 1.127,2 1.879,4 66,7 SC 60,4 69,5 15,1 2.100 2.350 11,9 126,8 163,3 28,8 RS 693,3 818,1 18,0 1.050 1.880 79,0 728,0 1.538,0 111,3

CENTRO-SUL 1.757,5 1.807,5 2,8 1.271 2.123 67,0 2.233,7 3.837,6 71,8 BRASIL 1.757,5 1.807,5 2,8 1.271 2.123 67,0 2.233,7 3.837,6 71,8 FONTE: CONAB - Levantamento: Nov/2007.

REGIÃO/UFÁREA (Em mil ha) PRODUTIVIDADE (Em kg/ha) PRODUÇÃO (Em mil t)

Tabela 4: Comparativo de Área, Produtividade e Produção de Trigo, Safras 2006/07 e 2007/08

103

Page 104: ESTUDOS DE PREÇOS MÍNIMOS

2.2 - Preços Nacionais

As variáveis atuais de mercado indicam um cenário altista para a commodity atémeados de 2008, quando deve ter início o plantio de mais uma safra (2008/09). O único fatorque poderia obstar a elevação de preços já a partir do segundo semestre seria uma reversãona tendência da taxa cambial, no sentido de valorização do real frente ao dólar. Tal fatopoderia diminuir a paridade de importação, com reflexos imediatos sobre os preços internos.Contudo, a perspectiva é de manutenção do câmbio desvalorizado e de elevação dos preços.

Ao longo da safra 2008/09, espera-se que os preços médios praticados no mercadomantenham-se em patamares superiores aos preços mínimos estabelecidos pelo governo.

60.000/054

GRÁFICO 8: PREÇO DO TRIGO NACIONAL

15,00

17,00

19,00

21,00

23,00

25,00

27,00

29,00

31,00

33,00

35,00

Jan

Fev

Mar

AbrMai

JunJul

Ago Set

Out

NovDezJan

FevMarAbrMai

JunJul

Ago Set

Out

NovDez

Jan

FevMarAbrMai

JunJul

Ago

Set

Out

NovDez

Jan

FevMar

AbrMai

JunJul

Ago Set

Out

NovDezJan

FevMarAbrMai

JunJul

Ago Set

Out

Nov

2003 2004 2005 2006 2007

R$/s

c 6

0 k

g

Paraná Rio Grande do Sul Preço Mínimo Trigo Pão Tipo 1Fonte: Conab

Tabela 5: Quadro de Suprimento Brasileiro de Trigo (Em mil t)

SAFRAESTOQUE

INICIALPRODUÇÃO

IMPOR-TAÇÃO

SUPRI-MENTO

CONSUMOEXPOR-TAÇÃO

ESTOQUEFINAL

Estoque/ Consumo

2003/04 295,6 6.073,5 5.707,5 12.076,6 10.314,1 1.372,3 390,3 3,8%2004/05 390,3 5.845,9 5.311,0 11.547,2 10.433,0 1,8 1.112,4 10,7%2005/06 1.112,4 4.873,1 6.266,1 12.251,6 10.889,8 786,1 575,6 5,3%2006/07 575,6 2.233,7 7.648,5 10.457,8 10.293,4 21,2 143,3 1,4%2007/08 143,3 3.802,3 6.525,0 10.470,6 10.250,0 21,0 199,6 1,9%

FONTE: CONAB - Levantamento Novembro 2007 ano safra (ago-jul)Elaboração: CONAB/DIGEM/SUGOF/GERAB

104

Page 105: ESTUDOS DE PREÇOS MÍNIMOS

3 - Atuação Governamental

3.1 - Ações do Governo

O governo não teve que intervir no mercado durante a safra 2007/08, uma vezque os preços de mercado mantiveram-se acima do preço mínimo estipulado, sendo estes,remuneratórios para os produtores.

3.1.1 - Aquisições do Governo Federal (AGF)

O governo não promoveu aquisições de trigo no ano de 2007, uma vez que ospreços de mercados apresentaram-se acima do preço mínimo.

3.1.2 - Contrato de Opção

Foram ofertados e negociados 24.280 quilos de trigo no Estado do Mato Grossodo Sul, operação realizada com o valor total de R$ 11.036,23.

3.2 - Estoques Públicos

Devido à baixa necessidade de intervenção pública no mercado do trigo no anode 2007, os estoques públicos apresentam-se bastante reduzidos, como pode-se ver nográfico 9.

60.000/054

Gráfico 9:Evolução dos Estoques Públicos

0

200.000

400.000

600.000

800.000

1.000.000

1.200.000

Jan

Fe

vM

ar

Abr

Ma

iJu

nJu

lA

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Se

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ut

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Ab

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Jun

Jul

Ago Se

tO

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Jul

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ar

Ab

rM

ai

Jun

Jul

Ag

oS

et

Out

No

vD

ez

2003 2004 2005 2006 2007

To

ne

lad

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OPÇÃO AGF105

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4 - Proposta de Preços Mínimos

4.1 - Custo de Produção7

O custo variável médio por tonelada da safra anterior, realizando-se umaponderação para a Região Sul8, estava estimado em R$ 325,86. A estimativa para o próximoplantio dos custos variáveis, ponderados para região, é de R$ 415,48/t9, o que indica umaumento de 27,6% nos custos.

No caso do trigo cultivado com sistema de irrigação, tomando-se por base oscustos variáveis da região de Unaí/MG, o aumento estimado dos custos é da ordem de 6,77%,passando de R$ 462,01/t para R$ 493,27/t.

Portanto, considerando-se as atuais cotações do trigo no mercado nacional, ocenário para o produtor de trigo na safra 2008/09, em termos de rentabilidade, deve serfavorável.

4.2 - Avaliação dos Preços Mínimos Anteriores

Estabeleceu-se em 1994 um consenso entre o governo e o setor produtivo, quantoa necessidade de se prover o País de uma política de médio prazo para o trigo, no sentido dedelinear um horizonte mais claro para os produtores, sobre a política governamental para osetor e incentivá-los a investir na melhoria da qualidade e da produtividade das lavouras. Oobjetivo de tal política foi aumentar a competitividade do trigo nacional frente ao produtoimportado, inclusive através da proteção desleal e predatória de produto oriundo de paísesque subsidiam suas produções e exportações. Procurou-se, portanto, garantir a viabilidadeeconômica da principal alternativa do cultivo de inverno no País, através do aumento de rendados produtores.

Com efeito, a partir do início da década de 2000, observou-se um incremento naprodução nacional, culminando com uma produção média das últimas cinco safra ao redor de5 milhões de toneladas, volume que supriu cerca de 50% do consumo nacional e reduziu anecessidade de importações.

Paralelamente ao incremento de área plantada, foram implementados novosvalores para o preço mínimo. Com destaque, os reajustes concedidos em 2003 representaramum grande avanço, em termos de garantia de renda ao agricultor. Os valores passaram deR$235,75/t para R$330,89/t (trigo brando tipo 2 - “preço mínimo básico”) e de R$285,00/t paraR$400,00/t (trigo pão/melhorador tipo 1), o que totalizou 40,35% de incremento nos preçosfixados.

7Os custos levantados pela CONAB levam em conta o uso de pacote tecnológico completo, não espelhando, necessariamente, a prática utilizada em campo.8Considerando-se o Paraná com fator correspondente a 60% da formação do valor e o Rio Grande do Sul com40%.9Preços dos insumos em novembro de 2007.60.000/054 106

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Ressalve-se que, embora o trigo tenha sido um dos principais produtos apoiado nasúltimas safras, ainda assim o volume de recursos financeiros foi insuficiente para fazer valer,em sua totalidade, a política de garantia de preços mínimos.

4.3 - Preços Mínimos Propostos

A fixação do valor de preço mínimo leva em conta regiões produtoras comcaracterísticas bastante distintas, e, embora seja fixado um valor único para a Região Sul, aoanalisar-se as médias históricas de preços e custos pode-se observar patamares diferentes. Asafra atual apresenta um padrão remuneratório interessante para a cultura em ambos osEstados da Região Sul, que juntos, representam quase 90% do trigo brasileiro.

Para a safra 2008/09, existe uma tendência de recuperação parcial da áreaplantada nas últimas três temporadas, algo entre 2 e 2,5 milhões de hectares. Restam aindaalgumas variáveis que poderão interferir na decisão de plantio, como o resultado da safra nohemisfério norte, que só será conhecido nos primeiros meses de 2008.

Portanto, ao considerar-se todos os fatores condicionantes do mercado eindicadores econômicos previamente discutidos, apresenta-se como proposta a elevação dosvalores vigentes do Preço Mínimo, de R$ 330,90/t para R$ 415,00/t no trigo classe brando tipo2 como preços básicos para os Estados do Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Paraos demais Estados propõe-se a elevação do Preço Mínimo básico de R$ 372,05/t para R$493,00/t para o trigo classe brando tipo 2 (Tabela 6). Esta elevação nos Preços Mínimos éreferente ao aumento dos custos variáveis de produção, que são referência no aumento dosPreços Mínimos.

Para os demais cereais de inverno, quais sejam, aveia, canola, cevada e triticale,tendo em vista que o trigo é tomado como parâmetro na formação de preços pelo mercado,propõe-se o aumento dos valores dos Preços Mínimos em linha com o aumento do PreçoMínimo Básico daquele cereal nos Estados do sul (Tabela 7).

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Tabela 6: Preços Mínimos de Garantia para o Trigo

ESTADOS PH (+) MÍNIMO TIPO BRANDO PÃO MELHORADOR78 1 437,00 502,00 527,0075 2 415,00 (++) 476,00 500,0070 3 372,00 437,00 -78 1 519,00 596,00 626,0075 2 493,00 (++) 565,00 594,0070 3 441,00 519,00 -

(+) Peso Hectolitro(++) Preço Mínimo Básico

CLASSES - R$/TON LÍQUIDO

PR, RS e SC

BA, ES, GO, MG, MS, MT, RJ, SP e DF

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Tabela 7: Preços Mínimos de Garantia para Outros Cerais de InvernoPRODUTO ESTADOS TIPO R$/TON

1 253,002 228,003 205,00

ES, GO, MG, MS, MT, PR, Canola 435,00RJ, RS, SC, SP e DF Óleo 966,00

ES, GO, MG, MS, MT, PR,RJ, RS, SC, SP e DF

TRITICALE TODOS - 270,00

353,00

AVEIA

CANOLA

CEVADA -

PR, RS e SC

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