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ESTUDO MULTICASO SOBRE A COMERCIALIZACAO DE PELES DE CHINCHILAS JAQUELINE CARLA GUSE Universidade Regional de Blumenau [email protected] ANDREA CRISTINA DORR Universidade Federal de Santa Maria [email protected] MAURÍCIO LEITE Universidade Regional de Blumenau [email protected] MARIVANE VESTENA ROSSATO Universidade Federal de Santa Maria [email protected] TARCÍSIO PEDRO DA SILVA Universidade Regional de BLumenau [email protected]

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ESTUDO MULTICASO SOBRE A COMERCIALIZACAO DEPELES DE CHINCHILAS

 

 

JAQUELINE CARLA GUSEUniversidade Regional de [email protected] ANDREA CRISTINA DORRUniversidade Federal de Santa [email protected] MAURÍCIO LEITEUniversidade Regional de [email protected] MARIVANE VESTENA ROSSATOUniversidade Federal de Santa [email protected] TARCÍSIO PEDRO DA SILVAUniversidade Regional de [email protected] 

 

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ESTUDO MULTICASO SOBRE A COMERCIALIZACAO DE PELES DE

CHINCHILAS

Resumo

O mercado de peles, especialmente o de chinchilas, desempenha um papel muito importante no

comércio internacional. A chinchila é um pequeno roedor proveniente da Cordilheira dos

Andes, região compreendida pelos países do Chile, Peru, Bolívia e Argentina, estando quase

extinta em seu ambiente natural, o Brasil tem se intensificado a sua criação, sendo de fácil

manejo, resistente e de boa rentabilidade. A pele da chinchila é uma das mais cobiçadas no

mercado internacional. Apesar do mercado de peles de chinchilas ser altamente lucrativo,

segundo Perez (s.d), presidente da Associação Brasileira de Criadores de Chinchila Lanígera

(ACHILA), o Brasil produz apenas 50.000 peles de chinchila anuais, e a produção mundial é

de apenas 250.000 peles anuais. O objetivo desta pesquisa é conhecer a realidade desses

criadores desde a compra dos primeiros animais e seus devidos cuidados, até o momento da

comercialização das peles. Através de cinco estudos de caso realizados com criadores de

chinchilas do Rio Grande do Sul, constatou-se que nenhum criador possui relação contratual

direta com o comprador do produto final, prevalecendo a estrutura de governança de compra

no mercado. Dentre os maiores problemas enfrentados pelos criadores estão o longo período de

tempo que é necessário para que haja retorno financeiro, a influência direta de desequilíbrios

internacionais sobre o preço das peles de chinchilas e a ausência de equipamentos padronizados

e automatizados para os criatórios. Apesar disso, as perspectivas futuras para este mercado são

positivas.

Palavras-chaves: Mercado de peles; Comercialização; Insumos; Chinchilas.

MULTICASE STUDY ON THE MARKETING OF SKINS CHINCHILLAS

Abstract

The fur market, especially chinchillas plays a very important role in international trade. The

chinchilla is a small rodent from the Andes, the region comprised of the countries of Chile,

Peru, Bolivia and Argentina, and is almost extinct in their natural environment, Brazil has

intensified its inception, being easy to handle, sturdy and good profitability. The skin Chinchilla

is one of the most coveted in the international market. Although the fur of chinchillas be highly

lucrative market, according to Perez (sd), president of the Brazilian Association of Breeders of

chinchilla lanigera (Achila), Brazil produces only 50,000 skins annually chinchilla, and world

production is only 250,000 annual skins. The objective of this research is to know the reality of

these breeders since the purchase of the first animals and their proper care, yet the marketing

skins. Through five case studies with chinchillas creators of Rio Grande do Sul, it was found

that the creator has no direct contractual relationship with the buyer of the final product,

prevailing governance structure for purchase in the market. Among the biggest problems faced

by livestock are the long period of time that is necessary so there is financial return, the direct

influence of international imbalances on the price of the skins of chinchillas and the absence of

standardized and automated equipment for farms. Nevertheless, the future prospects for this

market is positive.

Keywords: Fur Market; Marketing; Inputs; Chinchillas.

1 INTRODUÇÃO

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A chinchila é um pequeno roedor proveniente da Cordilheira dos Andes, região

compreendida pelos países do Chile, Peru, Bolívia e Argentina, estando quase extinta em seu

ambiente natural, o Brasil tem se intensificado a sua criação, sendo de fácil manejo, resistente

e de boa rentabilidade (ARAUJO, 2004).

A pele da chinchila é uma das mais cobiçadas no mercado internacional. Apesar do

mercado de peles de chinchilas ser altamente lucrativo, segundo Perez (s.d), presidente da

Associação Brasileira de Criadores de Chinchila Lanígera (ACHILA), o Brasil produz apenas

50.000 peles de chinchila anuais, e a produção mundial é de apenas 250.000 peles anuais. A

criação de chinchilas é considerada economicamente viável, já que não necessita de grandes

áreas e apresenta custos baixos de produção.

Mesmo aparentando ser uma área promissora para o Brasil, existem poucos criatórios

no país. De acordo com Vital (2008), na Revista Dinheiro Rural, a opinião da Associação

Brasileira dos Criadores de Chinchila é de que o maior obstáculo encontrado pelos iniciantes é

a pressa em alcançar os resultados esperados. Segundo essa entidade, para que o negócio

comece a fluir, com um plantel de qualidade, é preciso de no mínimo quatro anos.

Desse modo, objetiva-se analisar o mercado de peles de chinchilas do Rio Grande do

Sul por meio de estudos de caso com cinco criadores do estado. O objetivo desta pesquisa é

conhecer a realidade desses criadores em relação à comercialização das peles e detalhes em

relação à compra de insumos. Dessa forma, pretende-se investigar a estrutura de governança

prevalecente entre criadores de chinchilas e compradores de peles, como também com os

fornecedores de insumos. Salienta-se, por fim, a importância de iniciativas como esta para que

se aprofundem pesquisas nesta área, já que há carência de estudos científicos no que se refere

ao mercado de peles de chinchilas.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Nesta revisão de literatura são abordados temas que embasam conceitualmente a

problemática da pesquisa em questão. Inicialmente são apresentadas informações acerca das

características da chinchila bem como seu mercado, seguido a abordagem da Nova Economia

Institucional (NEI). As bases de busca de dados bibliográficos utilizadas nesta pesquisa foram

SPELL – Scientific Periodicals Electronic Library, Scopus - Document Search, Science Direct,

Jstor e Portal de Periódicos Capes.

2.1 Características da Chinchila

A chinchila é um roedor oriundo da Cordilheira dos Andes no Peru, Chile, Bolívia e

Argentina e pertencente à família Chinchillidae, possui pelagem sedosa de cor acinzentada com

reflexos prateados, possui em média 26 cm de comprimento e 14 de espessura, sendo as fêmeas

maiores e mais pesadas do que os machos, com quatro patas dismórficas (membros torácicos

maiores que os pélvicos) e seus hábitos alimentares é vegetarianos, incluindo basicamente

sementes e vegetais e podem atingir até 20 anos de idade (GAMBA ET AL., 2007).

Segundo Araújo (2004), sua aparência possui traços parecidos com de um esquilo e de

um rato, e seu nome originou-se no século XVI pelos espanhóis, devido ao fato de existir

naquela região uma tribo indígena chamada os “Chinchilas” segundo a mesma autora, foram os

espanhóis que se ocuparam em divulgar a chinchila na Europa por volta dos anos de 1524,

quando um capitão espanhol observou que os índios se abrigavam com vestimentas e mantas

feitas com peles extraordinariamente bonitas e macias, surgindo assim, a caça indiscriminada

da chinchila, o que quase provocou sua extinção.

A autora acrescenta ainda que os historiadores atribuem o pioneirismo em criação de

chinchila em cativeiro a Mathias F. Chapman, na qual desembarcou na Califórnia em fevereiro

de 1923 com os primeiros 11 animais, trazendo-os do Chile, onde trabalhava como engenheiro

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de minas, e neste mesmo ano foram levados para a cidade de Inglewood, dando-se assim início

na primeira criação de chinchilas no mundo.

Segundo Gurgel (2005), a chinchila é de fácil criação em cativeiro e a sua criação atingiu

seu apogeu em nível mundial por volta de 1970, com um grande número de países criadores e

milhões de animais. Segundo a mesma autora, as primeiras chinchilas chegaram no Brasil por

volta de 1965, vindas da Argentina para São Paulo, pioneiro nessa atividade, porém com o

passar dos anos, a criação de chinchilas evoluiu em quantidade e em qualidade dos animais e

das peles ofertadas sendo que o Rio Grande do Sul destacou-se em relação aos outros estados.

A criação de chinchila em cativeiro é pequena se comparada com outras criações de

animais domésticos, assim, padrões de manejo e alimentação adequados ainda não são bem

conhecidos e mudam constantemente (DE DAVID ANTONIO, ET AL., 2007).

Conforme a Associação Sul Brasileira de Criadores de Chinchila (ASBRACHILA,

2005), a atividade de criação de chinchila existente a aproximadamente 35 anos no Brasil,

desenvolveu-se inicialmente em São Paulo e depois no Rio Grande do Sul e Santa Catarina,

sendo que esta atividade já está difundida em quase todos os estados brasileiros, porém, a

tendência é que seja concentrada nos estados do sul do país, onde as condições climáticas são

mais favoráveis.

De acordo com Linden (1999), no início de 1998, o Brasil contava com cerca de 500

criadores, sendo 200 apenas no Rio Grande do Sul. Segundo Araújo, Oliveira e Campos (2004),

a chinchila vem tomando importância como animal de laboratório, e com poucos relatos

encontrados na literatura.

A pele de chinchila, chamada de a “pérola das peles”, é o produto mais sofisticado que

pode oferecer uma peleteria prestigiosa, e na escala de valores, supera consideravelmente o

vison, a pele de raposa e tantas outras, classificadas como nobres, pois é uma pele muito luxuosa

e um símbolo da posição social para muitas pessoas, sendo direcionado, portanto, a elite da

sociedade mundial (GURGEL, 2005).

Segundo Tolio et al. (2006), o animal se torna adulto quando alcança oito meses de

idade, estando pronto para o abate, a pele possui de oitenta a cento e vinte pêlos por folículo

piloso, sendo que cada fibra chega a ser vinte vezes mais fina que um fio de cabelo humano,

sesse modo, a pele é bastante densa e leve, e por isso é cara e apreciada pelo mercado

internacional; e a fibra se caracteriza por possuir três fazes de cor: a base, ocupada pela maior

parte da fibra, é de cor escura; a banda é branca e o véu, que é a extremidade da fibra, é de cor

preta.

Para Gamba et al. (2007), apesar de sua importância comercial, possui poucos estudos

científicos tanto na literatura brasileira quanto na literatura dos países em que a criação desses

animais existe por mais tempo, apresentando-se uma carência de experiências. Os autores

acrescentam ainda que o grande interesse no mercado internacional, os criatórios têm-se

expandido mundialmente, porém o início de sua exploração quase determinou a extinção desta

espécie.

2.1.1 O Mercado de peles de chinchilas

A criação de chinchilas é uma atividade rentável, destinada quase que exclusivamente

para a comercialização de suas peles no mercado internacional a preços excelentes. A pele de

chinchila é a única que não é possível ser produzida artificialmente, daí a grande procura e

reconhecimento desta no mercado. De acordo com o site brasileiro de chinchilas

(CHINCHILA), com relação à criação de chinchilas, a pele é usada para fabricação de casacos

e estolas, sendo que para apenas um casaco pode-se precisar de 40 a 120 peles, escolhidas entre

mais de 2 mil, para obter uma confecção de cores e padrão iguais. Conforme a mesma fonte,

existe somente uma cor original de chinchila - standard (ou cinza) - e as mutações branco, preto,

bege e toque de veludo, além das recessivas charcoal. O cruzamento entre essas espécies

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possibilita animais de cores bem diversificadas, sendo que a combinação de várias cores com a

standard resulta em animais de peles belíssimas, possibilitando um maior retorno financeiro.

Segundo Araújo (2004), os animais são abatidos pelo próprio criador entre 10 e 12

meses de idade, cuja pele é estaqueada e seca, ficando em seguida em freezer até que se junte

um lote para enviar ao curtume, uma vez curtida, estará pronta para a venda. Segundo a mesma

autora, toda a produção é exportada para países da Europa, América do Norte e Ásia, sendo

muito provável que dentro dos próximos anos o Brasil se torne o maior produtor mundial de

peles, pois os altos custos de produção de peles nos E.U.A. estão inibindo o aparecimento de

novas criações. Acrescenta ainda que o inverso ocorre no Brasil, que vê o seu rebanho crescer

cerca de 40% ao ano, devido ao baixo custo de produção de peles e ao atrativo retorno de

investimento que este tipo de atividade propicia a quem nele investe.

Segundo Vital (2008), na Revista Dinheiro Rural, o Brasil é um dos maiores produtores

e o segundo maior exportador de peles de chinchila do mundo, atrás apenas da Argentina, terra

natal do roedor. Conforme citado na mesma revista pelo autor, numa entrevista com Carlos

Perez, o mundo produz apenas 300 mil peles por ano, mas o mercado tem um potencial

comprador para até 1,5 milhões de peles. Uma vez nas mãos dos costureiros, as peles finalmente

se transformam em roupas. Cada casaco consome até 200 peles, custando US$ 14 mil, e

chegando ao consumidor final por até US$ 40 mil (VITAL, 2008). A cotação média para a

venda das peles, segundo Tolio et al (2006), fica em torno de US$ 35,00 (trinta e cinco dólares)

cada uma. E o custo de produção, conforme o mesmo autor, fica na média de US$ 12,00 (doze

dólares) por pele, ou seja, por animal. Cabe destacar que os preços não são fixos mensal ou

anualmente, tanto que não existe um órgão oficial que mostra a cotação geral das peles de

chinchilas. Os preços variam de criador para criador. Alguns fatores que influenciam na decisão

do preço a ser pago pelas peles dos criatórios são: a qualidade da pele, o preço ofertado pelo

vendedor e as condições econômicas do mercado.

Buscou-se, na literatura, dados oficiais sobre o número de criadores do Brasil e de suas

regiões, especialmente do Rio Grande do Sul, que é o foco da análise, mas não foram

encontrados. No entanto, as únicas informações disponíveis foram do site brasileiro de

chinchilas (CHINCHILA), mostrados na Tabela 1. Cabe destacar que nem todos os criadores

fazem parte de uma associação, podendo comercializar legalmente sem possuir qualquer

vínculo com essas associações.

Tabela 1. Número de Criadores de Chinchilas nos Estados do Brasil. Estado Número

Bahia 01

Distrito Federal 04

Goiás 02

Mato Grosso do Sul 02 Minas Gerais 03

Paraná 09

Rio de Janeiro 08

Rio Grande do Sul 22

Santa Catarina 21

São Paulo 22

FONTE: Adaptação própria com informações de http://www.chinchila.com.br/criador/default.asp.

Os dados encontrados dos criadores por estado estão de acordo apenas com o site

visitado, compreendendo alguns criadores pertencentes às associações e outros que não fazem

parte. Além do mais, acredita-se que existam outros criadores que não constam nessa fonte,

talvez por falta de atualização do próprio site ou por desconhecimento da existência de outros

criatórios.

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2.2 Nova Economia Institucional

Conforme Bueno (2004), “Instituição” é um termo genérico utilizado por economistas

institucionais para representar o comportamento regular e padronizado das pessoas em uma

sociedade, bem como suas ideias e os valores associados; são exemplos de instituições: as leis

e os costumes que regulamentam o direito de propriedade, as práticas comerciais formalmente

codificadas ou não vigentes nas diferentes sociedades, as formas de casamento e até as regras

de etiqueta ̀ a mesa. O autor acrescenta que a maior parte de nossas atividades diárias obedecem

padrões porque, consciente ou inconscientemente, calculamos que agir de acordo com as

normas estabelecidas é mais vantajoso do que adotar comportamentos alternativos.

Segundo North (1991, p. 97), em uma sociedade, as instituições estabelecem as “regras

do jogo”, mais precisamente, “as instituições consistem as restrições informais (sanções, tabus,

costumes, tradições e códigos de conduta) e as regras formais (constituição, leis, direitos de

propriedade)”. O autor acrescenta que as organizações são jogadores e compõem-se de grupos

de indivíduos dedicados a alguma atividade executada com determinado fim, e as limitações

impostas pelo contexto institucional definem o conjunto de oportunidades e, portanto, os tipos

de organizações que serão criadas.

Os agentes de mudanças são os empresários, políticos ou agentes econômicos, aqueles

que decidem nas organizações. Já as mudanças de regras formais incluem, entre outras,

reformas legislativas, como a aprovação de novas leis; mudanças jurídicas resultantes de

jurisprudência que altera os institutos do direito; mudanças de normas e diretivas por parte dos

órgãos reguladores; e mudanças de dispositivos constitucionais, os quais alteram as regras que

ditam a elaboração de outras normas (NORTH, 1990).

Segundo Siman, Conceição e Filippi (2006), desde 1950 os modelos formais de

crescimento econômico têm experimentado mudanças significativas para tentar explicar as

diferentes trajetórias econômicas das nações e, em geral, baseiam-se na elevação da

produtividade dos fatores de produção, decorrente do avanço tecnológico e da acumulação de

capital físico e humano para explicar o crescimento. Os autores argumentam que estas teorias

falham na tentativa de explicar os processos de desenvolvimento econômico, e novas

abordagens e construções teóricas vem surgindo e incorporando novos elementos para a

construção de uma teoria que dê conta de explicar o mundo real.

Segundo Zylbersztajn (2005), a operação das firmas vistas como arranjos institucionais

é pautada pelas regras do jogo (instituições), o que confere a ligação entre duas vertentes que

partem da visão da firma como um nexo de contratos. O autor acrescenta que o mercado é visto

como uma instituição, que demanda regras definidas para sua operação, e caso os direitos de

propriedade não sejam definidos ou garantidos, no caso de haver choques externos

desestabilizadores ou se o comportamento dos agentes econômicos não for benigno e

cooperativo, emergem custos para a operação dos mercados, justificando o surgimento dos

contratos.

North (1990) destaca o papel do ambiente institucional como importante variável

redutora de custos de transação, a exemplo da garantia de direitos de propriedade. O ambiente

institucional é visto como o locus de parâmetros de deslocamento, que interferem na decisão

sobre a forma organizacional de produção a ser utilizada (ZYLBERSZTAJN, 1995).

Para De Souza Júnior (2006), a lacuna deixada pela teoria neoclássica no que se refere

à consideração das instituições no desenvolvimento do processo econômico tem fomentado

uma série de debates e reconstruções teóricas acerca do tema, dentre as abordagens surgidas a

partir da relativização das variáveis institucionais, e no seio do mainstream econômico

encontram-se as ideias do “novo” e do “velho” institucionalismo.

Com o objetivo de analisar o papel das instituições, essa corrente vem trilhando dois

caminhos: a) investigar os efeitos de uma mudança no ambiente institucional sobre o resultado

econômico e b) teorizar sobre a criação das instituições (FARINA ET AL., 1997).

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A Nova Economia Institucional emerge e se difunde dentro da própria como um ramo

que ganha crescentemente maior autonomia teórica, embora seja discutível que venha um dia a

se separar definitivamente da corrente principal; suas principais proposições são: a) a de que as

instituições importam quando se trata de explicar os processos econômicos e b) a de que a

dinâmica institucional, isto é, o surgimento e a evolução de instituições, é passível de teorização

(BUENO, 2004b).

A Nova Economia Institucional parte da premissa que os mesmos princípios utilizados

para derivar proposições puramente econômicas podem ser utilizados para estudar como as

instituições originam-se e se transformam ao longo do tempo, influenciando e sendo

influenciadas pelos processos econômicos; sua tese fundamental é a de que as instituições são

restrições ao comportamento humano desenhadas para reduzir custos de transação (BUENO,

2004).

Para Lopes (2012), a chamada Teoria Contratual da Firma, sob o ponto de vista teórico,

caracteriza empresa como sendo um conjunto de contratos entre diversos participantes, e cada

participante contribui com algo para a firma e em troca recebe uma fatia do bolo. Empregados

contribuem com a força de trabalho e recebem, em troca salários; os acionistas contribuem com

capital e recebem dividendos e ganhos deste capital investido; os fornecedores contribuem com

produtos e serviços e recebem dinheiro; o governo contribui garantindo a estabilidade

institucional e para isso recebe os impostos; dessa maneira os contratos são de diversas

naturezas, dependendo da relação entre os interessados.

Segundo North (1990), os custos de transação surgem ao se mensurar as múltiplas

dimensões valorizadas incluídas na transação, e quando na execução contratual a informação

tenha custos elevados, podendo ser imperfeita, sendo que as instituições e organizações eficazes

podem reduzir os custos de cada transação, de forma a obterem uma parcela maior dos ganhos

potenciais de cada interação humana. Para o autor, as instituições podem ser ineficientes quando

os custos de transação dos mercados políticos e econômicos, juntamente com o modelo

subjetivo dos atores, não induzem o sistema econômico a caminhar em direção de resultados

mais eficientes.

A principal proposição da Nova Economia Institucional é que as instituições de uma

sociedade se formam por meio de complexos processos de negociação entre indivíduos e grupos

de indivíduos, de modo a reduzir os custos de transação; tais custos referem-se principalmente

aos custos potenciais de rompimentos dos acordos, implícitos ou explícitos, estabelecidos para

realizar empreendimentos conjuntos, em condições de racionalidade limitada e de presença de

comportamentos oportunistas (BUENO, 2004).

2.2.1 Economia dos custos de transação

As organizações e as razões para a existência da firma baseado nos custos comparativos

da organização interna e de produção via mercado lançou as bases para o estudo das formas

alternativas de organização das firmas contratuais, na qual os mercados não funcionam a custo

zero, e quando os custos de transação são consideráveis, as instituições passam a ter importância

no processo (COASE, 1937).

Par Zylbrsztajn (2005), as proposições de Coase e a teoria que dela partiu, abriram

caminho para uma análise interna das organizações, das firmas na qual se relacionam bem como

as relações entre elas, seja no suprimento de matérias primas ou na distribuição dos seus

produtos, na qual existem custos associados ao funcionamento dos mercados que podem

exceder os custos da organização interna. O autor acrescenta que a existência de custos para

realizar as transações não eliminam a possibilidade da sua condução via mercado e portanto, o

sistema de preços continua sendo relevante, podendo funcionar como mecanismo eficiente de

recursos.

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O conceito de custos de transação é ilustrado por Williamson (1985, p.19) como o

“equivalente econômico ao atrito no sistema físico”. Segundo Farina et al. (1997), custos de

transação são custos não ligados diretamente à produção, mas que podem surgir à medida que

os agentes se relacionam entre si e problemas de coordenação de suas ações emergem.

Para Williamson (1996), dois pressupostos fundamentais para a compreensão da ECT:

os agentes têm racionalidade limitada e são oportunistas, o que leva a contratos incompletos. O

oportunismo implica que as partes podem se aproveitar de uma renegociação, agindo

aeticamente, impondo consequentemente perdas a sua contraparte na transação (FARINA et al,

1997).

O fato de alguns agentes agirem de modo oportunista algumas vezes é suficiente para

introduzir custos de monitoramento nos contratos, incluindo, dessa forma, salvaguardas para

situações de dependência unilateral (ZYLBERSZTAJN, 1995).

As relações de cooperação são incrementadas visando reduzir os custos de transação

para as empresas, aqueles custos que vão além dos custos de produção, oferecendo a

possibilidade de dispor de tecnologias, reduzir os custos de transação relativos ao processo de

inovação, aumentado a eficiência econômica e, por consequência, aumentando a

competitividade (OLAVE; NETO, 2001).

A existência de custos na operação dos mercados fazem com que as partes, contratantes

e contratados, prefiram realizar as atividades de suprimento, de produção e distribuição de

forma coordenada pela via contratual, implicando no aumento do valor da organização pela via

contratual, porém evita-se custos associados ao funcionamento dos mercados e tal aumento de

valor serve de incentivo para as partes envolvidas no contrato (ZYLBRSZTAJN, 2005).

A teoria da Economia de Custos de Transação (ECT) sustenta que são as características

das transações que irão condicionar a forma de governança mais eficiente, ou aquela que se

espera como redutora dos custos de transação. Destacam-se as dificuldades de se mensurar os

custos de transação e até mesmo de identificá-los adequadamente visto que, diferentemente dos

custos de produção física, aqueles não são facilmente separáveis dos custos administrativos da

atividade (GROSS; SILVA; DÖRR, 2009).

As estruturas de governança podem ser classificadas em: i) a opção pela compra no

mercado; ii) a produção própria, sob a forma hierárquica e iii) a forma híbrida (contratos e a

integração vertical). No primeiro caso, a sinalização de preços é suficiente para organizar o

mercado com um nível de controle menor. No segundo caso, as transações são conduzidas

dentro de um regime de propriedade unificada, pois o comprador e o vendedor são da mesma

empresa, e são sujeitos a controles administrativos. A integração vertical será preferível em

situações de alta especificidade de ativos, de maior incerteza e com complexidade contratual.

Já nas formas híbridas, ocorrem relações contratuais que preservam a autonomia das partes e

instituem salvaguardas específicas às transações. Os contratos apresentam custos associados ao

seu desenho, implementação, monitoramento e custos associados à solução de disputas

emergentes do descumprimento das relações contratuais estabelecidas (ZYLBERSZTAJN,

1995).

Para Zulian et al. (2010), quando a ação oportunista ocorre antes do fechamento do

contrato é denominada Seleção Adversa (adverse selection), e quando ocorre após o

fechamento do contrato é chamada de Risco Moral (moral hazard), quando esses

comportamentos são facilitados quando alguma informação estiver incompleta, imperfeita ou

assimétrica, opondo-se, dessa forma, a Economia Neoclássica cujo pressuposto é o de que as

informações pertinentes aos contratos são sempre perfeitas. Os autores acrescentam que dado

um determinado ambiente institucional, as estruturas de governança serão determinadas pelas

características das transações, ou seja, supõe-se que a existência de diferentes estruturas seja

explicada pelas diferenças básicas nos atributos das transações cujas principais características

são: a) especificidade dos ativos, b) frequência e c) incerteza.

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3 METODOLOGIA

O presente trabalho foi iniciado com uma revisão bibliográfica sobre as chinchilas, a

sua criação e o mercado de peles. Após isso, realizou-se uma visita a uma cabanha de chinchilas

de Santa Maria - RS, que nos forneceu uma lista com os contatos dos criadores de chinchilas

do Rio Grande do Sul. Em função da distância dos criatórios, que se localizam em diferentes

cidades do estado, foi encaminhado um e-mail para cada criador pedindo se havia interesse em

participar da pesquisa. Posteriormente, foi enviado por e-mail um questionário aberto a uma

amostra de sete criadores de chinchilas do Rio Grande do Sul que aceitaram contribuir com o

trabalho. Dessa forma, a pesquisa compreendeu a realização de 5 estudos de caso,

caracterizando-se assim, por um estudo de casos múltiplos.

O estudo de caso é aplicável quando deseja-se obter generalizações analíticas e não

estatísticas, que possam contribuir para certo referencial teórico. A pesquisa através de estudos

de caso enquadra-se no grupo de métodos denominados qualitativos, que se caracteriza por uma

maior ênfase na compreensão dos fatos do que propriamente na sua mensuração. Dessa forma,

contrasta-se com os métodos quantitativos, que se preocupam mais em mensurar fenômenos e

são aplicados a amostras mais extensas (LAZZARINI, 1997).

Para este trabalho, optou-se pela análise de estudos de caso múltiplos, cuja vantagem

reside no fato de estes proporcionarem evidências inseridas em diferentes contextos, o que

acaba tornando a pesquisa robusta. Entretanto, as principais limitações de tais estudos de caso

são a subjetividade de análise e a impossibilidade de generalizações das conclusões (YIN,

1989). Para fins de análises dos dados, os criadores serão denominados de A, B, C, D e E com

o intuito de preservar a identidade dos mesmos.

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Nesta seção apresentam-se os resultados obtidos a partir da pesquisa realizada, e está

dividida em seis tópicos. O primeiro tópicos refere-se ao perfil dos criadores e a caracterização

da atividade, seguindo a compra de insumos, comercialização, preços de venda, compradores

de peles e finalizando com os aspectos referentes ao transporte e logística. Os principais

resultados dos cinco estudos de caso, denominados pelas letras A, B, C, D e E serão

apresentados e discutidos a seguir.

4.1 Perfil dos criadores e caracterização da atividade

Os criadores residem em diversos municípios do Rio Grande do Sul, variando em

cidades que abrangem a região noroeste, sudoeste e central do estado. O tempo na atividade

difere muito entre os produtores. O criador A está no mercado a aproximadamente um ano e

meio e iniciou a criação de chinchilas pensando num investimento que tivesse bom retorno

futuro e que fosse conciliável com outras atividades. O criador B atua nesse mercado a dois

anos e meio, sendo que já fazem treze anos que ele pesquisa sobre esse setor. Iniciou com a

compra de quatro famílias de chinchilas de outra cabanha brasileira e foi aumentando o número

de animais. O que motivou ele a entrar nesse setor foi a paixão pelos animais e a possibilidade

de ter uma atividade rentável com uma pequena área física.

Já os criadores C e D iniciaram a sua criação com a compra de famílias de chinchilas

também de um criador do Brasil, há aproximadamente dez anos atrás. O entrevistado C resolveu

entrar nesse ramo, pois já tinha influências de outros familiares e o D tinha o intuito de conciliar

essa atividade com outros trabalhos que ele já exercia.

E, por fim, o criador E atua no mercado de peles de chinchilas já fazem dezesseis anos.

Iniciou com a compra de oito famílias (um macho e seis fêmeas cada família), sendo a maioria

dos animais oriundos da Argentina. Com a ampliação do negócio, a cabanha se tornou uma

empresa comercial exportadora de peles de chinchila, passando a comercializar com diversos

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países. Os motivos que levaram esse criador a entrar nesse mercado foram: a grande demanda

por peles de chinchilas no mundo e a não dependência de fatores internos, pois as peles são

cotadas em dólares. Isso porque na época da instalação do negócio, em 1994, o Brasil passava

por constantes desequilíbrios que prejudicaram muitas empresas já instaladas no país e

dificultando a entrada de novos segmentos.

Nos criatórios dos entrevistados A, B e C, a mão de obra utilizada é familiar com uma

jornada diária de trabalho de em média uma hora e meia. Já o criador D possui dois funcionários

que cuidam do manejo, limpeza, alimentação e abate, com uma jornada de trabalho de oito

horas por dia. O criador E também possui alguns funcionários que são treinados na própria

cabanha. O trabalho, durante a semana, é de turno integral (manhã e tarde), e nos finais de

semana e feriados há apenas o serviço essencial de colocação da ração.

4.2 Compra de Insumos

Os criadores A e B adquirem os insumos de fornecedores da região. O primeiro realiza

a compra destes com o seu carro e um reboque, em média a cada três meses, efetuando

pagamentos à vista e a prazo. O segundo utiliza também o transporte próprio, a não ser para

insumos em maior quantidade (ex: alfafa em cubos), que o transporte é feito por uma

transportadora. As transações são feitas quinzenalmente, sendo que o pagamento é a vista. O

criador C compra os insumos a prazo uma vez ao mês, numa cidade vizinha, a cerca de 200 km

de sua localidade. Insumos como a ração, são comprados mensalmente em outra cidade pelo

criador D, com pagamento a vista.

No caso do criador E, os insumos de maior quantidade (ração, maravalha, calcário) são

entregues pelos fornecedores através de uma transportadora ou caminhão do próprio do

vendedor. O pagamento é realizado, na maioria das vezes, a vista e a frequência da compra dos

insumos varia: a ração é a cada dez dias, o calcário é uma vez por ano e a maravalha a cada três

meses, em média. Nesse ponto percebe-se que não há uma relação contratual formal entre o

comprador e o vendedor dos insumos, até porque a maioria dos insumos é adquirida a vista.

Isso representa um risco para ambas as partes: o comprador pode ficar sem acesso ao insumo e

o vendedor pode não conseguir efetuar a venda e muitas vezes perder para um concorrente.

Desse modo, fica evidente que a estrutura de governança presente é a opção pela compra no

mercado, conforme a classificação de Zylbersztajn (1995).

Com a crescente competição entre as empresas, aumenta a importância de um adequado

sistema de gestão, objetivando a sustentação desses empreendimentos no mercado. Conforme

Pompermayer (1999), para ser bem-sucedida nesse aspecto, a empresa deve implantar em seu

ambiente operacional uma tecnologia de gestão compatível com as suas necessidades gerenciais

de controle dos elementos que compõem seus produtos, de avaliação dos resultados, de análise

de margens de contribuição, de tomada de decisões de mudanças em processos de produção, de

análise dos benefícios da utilização de tecnologias avançadas de produção e de apoio ao

planejamento estratégico da organização.

O controle da produção, para o criador A, desde o nascimento do animal até o abate,

bem como do valor atingido pela pele; mas não há controle dos custos e vendas porque, como

ele está no início da atividade, ele tem basicamente custos e ainda não há retorno financeiro.

Para o criador B, há um controle totalmente informatizado de registro dos animais e financeiro.

Já para o criador C, o controle dos custos e das vendas é básico e manual. O criador D conta

com um sistema de controle dos custos e da produção das peles. Ele não possui controle das

vendas já que no momento ele não está comercializando, pois está aguardando preços melhores

para comercializar as peles.

No entanto, é somente no caso do criador E que possui um sistema mais específico de

gestão, através de processos, que são regulados pelos seguintes documentos e softwares: Plano

de Negócio (anual e de nível estratégico, exclusivo do proprietário); Manual de Manejo e

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Manual de Patologia; Manual de Processos e Procedimentos; Quadro de Trabalho Semanal

(QTS) e Quadro de Trabalho Mensal/Anual (QTM/QTA); PCP – Planejamento e Controle da

Produção; Agenda Diária de Manejo; Agenda de Tarefas; Programa Pedigree (banco de dados

feito através do software Microsoft Access); Planilha Financeira (fluxo de caixa, Exigível-

Realizável, simuladores diversos); e Controle de Execução de Tarefas (cada colaborador tem o

seu específico).

4.3 Comercialização

O criador A não tem experiência no processo de comercialização devido ao curto espaço

de tempo que ele atua na atividade de criação de chinchilas, por isso ele vendeu apenas 6 peles

neste período. O destino de suas vendas foi sinalizado por outro criador que atua a mais tempo

no mercado, o qual possui um plantel considerável e faz exportações da pele. Para o criador B,

no início da atividade, as vendas de peles também eram muito reduzidas. No segundo ano,

foram vendidas 15 peles, no terceiro 70 peles e no ano de 2011 ele pretende vender 200 peles,

em função do início das atividades exigir os melhores animais para reprodução.

O criador C possui uma venda anual de aproximadamente 600 peles. A comercialização

de peles, para o criador D, não é realizada há um ano, pois o preço ofertado está

demasiadamente baixo e o criador prefere deixar as peles estocadas. Para o criador E, a

quantidade anual de peles vendidas oscila e a comercialização de suas peles é através da própria

cabanha, que além do criatório possui um novo segmento específico para exportação. Acredita-

se que um dos motivos para a dificuldade de comercialização é a inexistência de um órgão

oficial brasileiro que fixe um preço mínimo para garantia da venda das peles, e que facilite e

fiscalize os canais de comercialização das peles de chinchilas.

4.4 Preços de Venda

Os preços pagos aos criadores pelas peles vendidas variam bastante. Para o criador B,

por exemplo, os preços oscilaram muito entre 2008 (média de US$38,2) e 2010 (média de

US$25,00). Para o criador E, os preços seguem a tendência do mercado, sendo que antes da

crise financeira mundial no final de 2008, as médias atingidas por sua cabanha eram em torno

de US$35,00 (valor líquido para pele crua) por unidade. Em 2010, com o mercado reagindo à

crise, está com uma média de US$18,00 a US$23,00, conforme a qualidade avaliada no

momento. Deve-se observar que quando os criadores referem-se a preço médio pago, referem-

se a média aritmética entre a pior pele e a pele mais cara.

Conforme todos os criadores, o preço de venda é determinado pelo comprador que tem

influência direta do mercado (oferta e demanda), já que os preços das peles são cotados em

dólar. Cabe destacar que os preços são definidos a partir de uma avaliação feita em cada pele,

e, portanto, não há um tabelamento fixo de preços. Como a chinchila não possui uma

homogeneidade no seu padrão genético, as peles oscilam em tamanho, cor, densidade, cobertura

do véu, comprimento de pêlo, textura do pêlo, conformação (tamanho do pêlo na área do

pescoço), pureza de cor, etc.

O mercado paga mais pelas peles maiores e de tonalidade mais escura. Essas duas

características são as principais, seguido pelas outras mencionadas. Mas defeitos nas peles,

conforme a área atingida e a sua dimensão podem desvalorizá-las ou ainda torná-las sem valor

comercial.

Percebe-se, desse modo, que não existe no Brasil uma cotação de preço anual ou mensal

para todas as peles de chinchilas, diferente do que ocorre por exemplo com as commodities. Ao

mesmo tempo em que essa inexistência de um preço fixo possibilita que o criador tenha um

retorno financeiro superior com o aprimoramento da qualidade e beleza das peles de chinchilas

do seu criatório, há uma dificuldade principalmente para os criadores que estão iniciando a

atividade e muitas vezes não recebem o preço adequado para as peles. Os preços variam de

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acordo com a qualidade das peles, o preço que o comprador está disponível a pagar, a cotação

do dólar, o tamanho da demanda e da oferta das peles de chinchilas, etc.

4.5 Compradores de Peles

Com relação aos compradores das peles, o criador B possui três compradores: um no

Brasil, um representante da Hungria e um do Canadá. A frequência das vendas é a cada quatro

meses, onde a forma de pagamento é a prazo. O criador C vende toda a sua produção para um

único comprador do Brasil com o qual firmou laços de confiança. A frequência das vendas são

conforme a demanda do mercado e os pagamentos são à vista e a prazo.

Para o criador E, existem vários destinos para as suas peles, já que ele mesmo realiza a

exportação, mas o principal é a China, com o qual mantém contato a mais tempo. As peles do

criador E são avaliadas no final de cada mês, e o pagamento é a vista. Quando ele compra peles

de outros criadores para depois exportar, ele também paga à vista, com exceção de períodos de

crise, em que o mercado internacional exige um prazo em torno de 2 meses para efetivar o

pagamento, repassado, portanto, esse mesmo prazo ao criador. Cabe destacar, que a única

empresa que faz contratos anuais de acordo com o criador B, é a da Hungria, mas apenas quando

da vontade do criador. Caso o criador cumpra com esse contrato, terá uma bonificação de 10%

nas peles comercializadas durante o ano.

Para os demais criadores, não há uma relação contratual direta entre as partes. No

mercado de venda das peles de chinchilas, assim como na compra dos insumos necessários para

esta atividade, não existe uma relação contratual formal entre comprador e vendedor. Ou seja,

a estrutura de governança percebida no mercado de peles de chinchilas é a opção pela compra

no mercado. Essa é uma das dificuldades visualizadas neste mercado, já que a existência de

uma estrutura de governança híbrida (contratual) representa uma garantia nas transações das

peles. No entanto, cabe destacar que foi identificada uma relação contratual informal entre as

partes, em que comprador e vendedor possuem uma relação de confiança entre si, possibilitando

e garantindo a venda das peles.

4.6 Transporte e Logística

Para o criador B, as peles são embaladas em papel jornal e a comercialização é realizada

em locais determinados pelos compradores. As peles são colocadas em caixas de papelão (ou

enviadas por correio para o organizador da venda), são apresentadas aos compradores e, neste

momento, as peles são classificadas de acordo com suas qualidades, seus defeitos e uma série

de características que as peles de chinchilas podem possuir. O criador C envia as peles por

correio para um comprador brasileiro que depois irá exportá-las. Para o criador D, a logística

de comercialização das peles é muito simples, onde as peles não são embaladas, pois são

transportadas no dia da venda direto ao comprador, o qual as classifica de acordo com seu

padrão e fixa o valor. O criador E geralmente compra peles a qualquer momento, mas os

criadores, em média, esperam um ou dois meses até realizarem a venda.

As peles são guardadas em congeladores, embaladas normalmente com papel jornal,

pois não podem ser embaladas em sacos plásticos. Momentos antes da venda, as peles são

descongeladas, facilitando a avaliação da sua qualidade. Para esta cabanha que compra peles

de outros criatórios, as peles são enviadas pelos criadores por Correio, e, logo após a avaliação,

é emitido um extrato referente a cada pele, com suas características e seus defeitos. Esse extrato,

de acordo com o entrevistado, é importante para o criador saber a evolução da qualidade do seu

plantel, saber quais são as matrizes que estão produzindo as melhores peles e também quais as

que devem ser descartadas. Após a realização da avaliação, de acordo com o criador E, é

combinado o pagamento.

Além dos altos custos com a implantação dos criatórios, percebe-se que existe custos de

transação com a atividade de venda das peles de chinchilas. Além do resfriamento das peles,

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necessita-se da embalagem em papel jornal e do transporte da pele, sendo muitas vezes feito

via Correios. O vendedor das peles possui um custo de transação, pois ele precisa transportar a

pele até o comprador, já que este normalmente é de outro país. Muitas vezes esse transporte é

feito através do Correio, ou o próprio vendedor vai até o local que o representante de outro país

(comprador) está esperando para fazer a avaliação e compra das peles. Os compradores são de

outros países e mandam representantes até o Brasil para efetuar as compras. Desse modo, o

vendedor possui custos de transporte para a venda do seu produto final.

5 CONCLUSÕES

Apesar do mercado de peles de chinchilas estar relativamente crescendo no Brasil e já

possuir grande destaque a nível internacional, com peças de vestuário luxuosas, observa-se

carência por parte da divulgação de dados oficiais e de outras informações sobre a atividade.

A frequência da compra dos insumos varia de criador para criador e o pagamento se

alterna entre à vista e a prazo. Normalmente, o próprio criador busca os insumos no local da

compra, a não ser que seja uma quantidade maior. Os criatórios possuem controle da produção

e a maioria não possui controle das vendas porque, no momento, alguns dos criadores não estão

comercializando as peles. A adoção de um sistema de gestão aplicado no negócio é constatado

em apenas um dos criadores.

A comercialização das peles ocorre depois de algum tempo de atividade, pois no início

da atividade, os melhores animais são deixados para reprodução. Para aqueles criadores que já

vendem as peles, o destino destas varia entre compradores do Brasil (que depois exportam),

Hungria, Canadá e China. A frequência das vendas também oscila de acordo com a demanda

do mercado, os pagamentos pelas peles podem ser à vista ou a prazo e os preços pagos por elas

dependem do comprador, da qualidade da pele e da situação econômica mundial, já que as peles

são cotadas em dólar (o preço médio de 2010, analisando dois dos criadores, ficou em torno de

US$23,00).

Ressalta-se que não existe qualquer relação contratual entre comprador e vendedor, a

não ser para o comprador da Hungria que realiza contrato conforme a necessidade do criador.

Desse modo, a comercialização das peles de chinchilas mostra-se como uma atividade de risco

para ambas as partes. Sugere-se que se estabeleçam contratos de compra e de venda para que o

mercado se consolide e tenha uma garantia na comercialização do produto final.

Por fim, cabe destacar a importância de trabalhos como este para incentivar mais estudos

na área e transmitir conhecimento sobre as práticas legais deste mercado. Lamenta-se a carência

de dados oficiais e de uma amostra maior para uma possível mensuração dos resultados. No

entanto, a transparência e a precisão dos resultados certamente contribuíram para literatura e

conhecimento do mercado de criação de chinchilas.

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