Estudo-Vida de Êxodo v2

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    EESSTTUUDDOO--VVIIDDAA DDEE 

    ÊÊXXOODDOO VVVOOOLLLUUUMMMEEE IIIIII 

     Witness Lee

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    EESSTTUUDDOO--VVIIDDAA DDEE ÊÊXXOODDOO MENSAGEM TRINTA E UM

    A EXPERIÊNCIA DE ISRAEL EM ELIMLeitura da Bíblia: Êx 15:27; Nm 33:9; Jo 7:38-39; SI 92:12a; Lv 23:40; Ne 8:15;

     Jo 12:13; Ap 7:9; Êx 24:4,1; Nm 11:16, 24-25; Lc 9:1; 10:1.

    Após os filhos de Israel cruzarem o Mar Vermelho, a coluna de nuvem os guiou a Mara,e depois, a Elim. Se verificarmos um mapa, perceberemos que eles não viajaram de acordocom a concepção humana, mas de uma maneira que estava de acordo com a concepçãodivina. Já enfatizamos que, quando os filhos de Israel realizaram o seu êxodo do Egito,Deus não os guiou pelo caminho da terra dos filisteus (13:17). Pelo contrário, "fez o povo

    rodear pelo caminho do deserto perto do Mar Vermelho" (13:18). Deus guiou-os delibe-radamente para o sul, de modo que pudessem ser batizados no Mar Vermelho, o batismoque lhes preparara em Sua criação. Tendo cruzado o Mar Vermelho, não se dirigiram parao norte, à terra de Canaã, Deus guiou-os para o sul, para Mara.

    Lembre-se de que o próprio Deus na coluna guiou o povo em sua jornada. Guiou-ospara que tomassem um caminho totalmente diferente daquele que está de acordo com aconcepção natural. Se estivéssemos lá, provavelmente teríamos dito: "Moisés, para ondeestamos indo? Estamos a caminho da boa terra ou indo para a Arábia?" A tais perguntas,Moisés deveria ter replicado: "Não escolho o caminho que tomamos. A coluna nos guia.Há apenas três dias, esta coluna protegeu-nos dos exércitos de Faraó. Não acha que

    deveríamos confiar nela e seguir sua orientação?" Sem dúvida, os filhos de Israel espera-vam ser guiados para o norte, à boa terra; todavia Deus os guiou para o sul, para Mara eElim. Podemos observar com isso que o Seu caminho é diferente do nosso.

    I. A EXPERIÊNCIA DE RESSURREIÇÃO

    A experiência de Israel em Elim é um quadro da experiência da vida de ressurreição.Todos sabemos que a morte conduz-nos à ressurreição. Nosso conceito, todavia, é que essaexperiência de ressurreição deveria ser ascendente, não descendente. Em nossa opinião,qualquer caminho que conduz para baixo não está em ressurreição. Em si mesma, a

    ressurreição leva para cima, mas sua aplicação requer que tomemos um caminho descen-dente, quando estamos nos céus, não sentimos necessidade de ressurreição. Mas, ao nosencontrarmos numa situação baixa, conscientizamo-nos da necessidade da vida de ressur-reição. Quando estamos na morte, até mesmo numa tumba, precisamos de ressurreição.Por isso a experiência de Elim segue em direção descendente, rumo a Mara.

    Ao considerarmos o significado espiritual de 15:27 de acordo com a nossa experiência,precisamos lembrar que não devemos estudar a Palavra de Deus superficialmente. Deve-mos fazê-lo de acordo com o caminho da vida, da maneira como o Senhor Jesus aplicou asescrituras do Antigo Testamento aos Evangelhos. Esse caminho é profundo. Embora essanarrativa seja bem curta, com apenas um longo versículo, precisamos gastar tempo para

    estudar de maneira completa a experiência de Israel em Elim. Começaremos então aperceber as riquezas contidas nesse versículo.

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     Já enfatizamos que, em vez de irem para o norte — o caminho direto para a terra deCanaã — os filhos de Israel viajaram para o sul. Sem dúvida, a boa terra era mais elevadaem altitude do que a terra do Egito. Mas o caminho para essa terra elevada era o sul, emrota descendente. Isso indica que, para atingirmos um elevado destino, precisamos tomarum caminho descendente.

    II. O RESULTADO DA EXPERIÊNCIA DE MARA

    Alguns leitores de Êxodo podem pensar que os filhos de Israel viajaram para o sul pornão terem fé suficiente para seguir diretamente rumo à terra de Canaã. Embora a sua faltade fé fosse uma característica, mais tarde, esse não era o motivo de sua jornada para o sul.Se eles não tivessem ido para o Mar Vermelho, não poderiam ter passado pelo batismoque Deus lhes preparara. Precisavam passar pelas águas, a fim de serem salvos da tiraniade Faraó e dos egípcios. O sangue do cordeiro pascal salvou-os do julgamento de Deus,mas a água do Mar Vermelho salvou-os dos exércitos de Faraó. Foram guiados ao MarVermelho não porque fossem fracos na fé, mas por precisarem ser batizados. Como jáenfatizamos, mesmo depois de terem cruzado o Mar Vermelho, eles não seguiramimediatamente o caminho para o norte. Ao contrário de nossa expectativa, a coluna denuvem guiou-os para baixo, de Sur a Mara. Após sua experiência em Mara, a coluna conti-nuou dirigindo-os para baixo, a Elim.

    A experiência de Israel em Elim tipifica a experiência da cruz. Após experimentarmos acruz, poderemos esperar uma ascensão. Porém desceremos outra vez, pois a experiênciade ressurreição se dirige para baixo. Se você for para cima, em vez de ir para baixo, nãoexperimentará ressurreição. Alguns cristãos pensam que Deus guia Seu povo só paracima, nunca para baixo. Mas, de acordo com o quadro de Êxodo, a coluna de nuvem guiouos filhos de Israel para baixo, de Mara a Elim.

    Posso testificar que a jornada de Mara para Elim corresponde à minha experiênciaespiritual. Depois de experimentar a vida crucificada, frequentemente eu esperava ficarnuma situação elevada. Muitas vezes, porém, acontecia exatamente o contrário, Deuslevou-me para baixo, para uma situação que era ainda mais baixa e mais difícil desuportar. Não devemos ficar amedrontados com isso. Se seguirmos a coluna de nuvemnuma direção descendente, chegaremos a Elim, onde há doze fontes de água e setentapalmeiras. Essa é a experiência de ressurreição, que resulta da experiência da cruz, a expe-riência de Mara.

    II. AS DOZE FONTES E AS SETENTA PALMEIRAS

    Elim é um substantivo coletivo, que significa "poderosos", "fortes". Deriva de uma raizque quer dizer poderoso ou forte. De acordo com vários estudiosos, essa palavra tambémsignifica um bosque de palmeiras. O primeiro significado pode ser aplicado às dozefontes, e o segundo, às setenta palmeiras. Em Elim, havia doze fontes poderosas quefluíam e setenta palmeiras que cresciam. Que quadro da vida de ressurreição!

    Considere as doze fontes fluindo e as setenta palmeiras crescendo. As fontes jorravam, eas palmeiras cresciam. Sem dúvida, as palmeiras de Elim não eram palmeiras anãs, e simgigantes, subindo bem alto no ar. É claro que a água das fontes corria para baixo. Em Elim,portanto, notamos a água correndo para baixo e as árvores crescendo para cima. Esse é umquadro da vida de ressurreição fluindo de Deus para dentro de nós e crescendo do nosso

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    interior. Primeiramente, a vida de ressurreição flui de Deus para dentro de nós. O resul-tado desse fluir interior é algo que cresce de nosso íntimo.

     Já enfatizamos que, em Sua criação, Deus preparou o Mar Vermelho para servir debatistério, onde Seu povo seria batizado. Agora, em Elim, percebemos a plantação deDeus. Deus criou as doze fontes de água, mas plantou as setenta palmeiras. Assim, asfontes estão relacionadas à Sua criação, e as palmeiras, à Sua plantação. O princípio é omesmo hoje, na vida da igreja.

    Tudo o que se relaciona à experiência de Elim está de acordo com a soberania doSenhor. Em Sua criação, Deus preparou as fontes; e, em Sua plantação natural, Ele provi-denciou as palmeiras. É claro que os filhos de Israel não foram por acaso a Elim e láencontraram doze fontes e setenta palmeiras. Por que não havia naquele lugar onze fontese sessenta e nove palmeiras? Deus, em Sua soberania, colocou doze fontes e setentapalmeiras em Elim com um propósito específico. Quando seguimos o Senhor como colunade nuvem, chegamos a um lugar de doze fontes que fluem e setenta palmeiras quecrescem.

    IV. DOZE E SETENTA SÃO NÚMEROS PARA O POVODE DEUS LEVAR A CABO O SEU MINISTÉRIO

    Na Bíblia, os números "doze" e "setenta" têm um significado espiritual. De acordo com aBíblia, doze é composto de quatro vezes três. A nova Jerusalém, por exemplo, tem dozeportas, três em cada um dos quatro lados da cidade. O número quatro tipifica as criaturas,principalmente a humanidade, e o número três tipifica o Deus Triúno. O fato de haver trêsportas em cada lado da Nova Jerusalém indica que entramos nesta cidade através do DeusTriúno, isto é, através do Pai, do Filho e do Espírito. Mateus 28:19 diz que somos batizadosem nome do Pai, do Filho e do Espírito. Já que o número quatro tipifica a humanidade e onúmero três o Deus triúno, quatro vezes três tipifica o mesclar de Deus com a humani-dade. Sendo assim, o significado do número doze é a mescla da divindade com a huma-nidade.

    Tal mesclar não é temporal, mas eterno. Ao considerarmos a descrição da Nova Jerusa-lém em Apocalipse 21 e 22, percebemos que o número doze é um número eterno, um nú-mero usado na eternidade. Além disso, na Nova Jerusalém notamos que o mesclar dadivindade com a humanidade se relaciona à administração de Deus, pois a Nova Jerusa-lém é o centro da Sua administração universal e eterna. O número doze também simbolizaa perfeição e a totalidade eternas. Esse número, portanto, tipifica o mesclar da divindadecom a humanidade para a realização completa e perfeita da administração de Deus eterna-mente.

    Se considerarmos a Nova Jerusalém, perceberemos o compreensível significado donúmero doze. Deus é mesclado com o homem para efetuar Sua administração de maneiracompleta. Nessa administração eterna não há falha. Pelo contrário, tudo é perfeito ecompleto. No Antigo Testamento, os filhos de Israel, a raça escolhida por Deus, formavamdoze tribos. No Novo Testamento, o Senhor Jesus escolheu doze apóstolos. Essas dozetribos e esses doze apóstolos estarão na Nova Jerusalém. As doze tribos serão as dozeportas, e os doze apóstolos, os doze fundamentos. Isso indica que as doze tribos e os dozeapóstolos destinam-se à administração eterna de Deus.

    Agora podemos compreender o significado das doze fontes de Elim. Elas se destinam àmescla da divindade com a humanidade. Simbolizam Deus como água fluindo para den-

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    tro do Seu povo escolhido, para ser mesclado com Ele, a fim de realizar Sua adminis-tração.

    Os doze apóstolos do Novo Testamento eram fontes jorrando água viva. Deus fluíadeles para o interior dos que criam. O fluir das águas vivas, todavia, não está limitado aosapóstolos. Todo aquele que crê em Cristo pode ser fonte viva. João 7:38 fala de rios deágua viva fluindo do mais íntimo do nosso ser. Os rios de João 7 são as mesmas fontes deÊxodo 15. Tanto os rios como as fontes tipificam a vida divina em ressurreição. João 7:39mostra que os rios de água viva se relacionam ao Espírito: "Isto Ele disse com respeito aoEspírito que haviam de receber os que Nele cressem; pois o Espírito até esse momento nãoera, porque Jesus não havia sido ainda glorificado". Jesus foi glorificado em Sua ressurrei-ção (Lc 24:26). Imediatamente após a glorificação de Cristo em ressurreição, os discípulosreceberam o Espírito (Jo 20: 22). O Espírito é a vida divina em ressurreição, retratada pelasdoze fontes em Êxodo 15 e pelos rios de água viva em João 7. A vida divina em ressur-reição flui de Deus para dentro do Seu povo, a fim de mesclar a divindade com a huma-nidade. Esse mesclar leva a cabo a administração eterna de Deus.

    Na Bíblia, o número setenta é composto de sete vezes dez. Como o número doze, setetambém significa perfeição e totalidade. Em contraste com o número doze, porém, ele tipi-fica perfeição e totalidade no tempo dispensacional, não eterno. O livro de Apocalipse falade sete igrejas, sete candelabros de ouro, sete Espíritos, sete lâmpadas de fogo, sete olhos,sete selos, sete trombetas e sete taças. Todos esses números sete se relacionam à dispen-sação de Deus no tempo. Na eternidade, o número sete será substituído pelo número doze.

    Na Bíblia, o número sete tanto é composto de seis mais um como de quatro mais três.Em Gênesis 2, encontramos o número sete composto de seis mais um: os seis dias da obrade Deus mais o dia do Seu descanso. Ocorre o mesmo em Apocalipse, onde os sete selos,as sete trombetas e as sete taças são organizados em grupos de seis mais um. Em Apoca-lipse, notamos também que o número sete é composto de quatro mais três. As sete igrejas,por exemplo, pertencem a grupos de três e quatro.

    O número seis representa o homem, que foi criado no sexto dia. Quando Deus, o únicoCriador (tipificado pelo número um), é adicionado ao homem, o resultado é a comple-mentação, a satisfação e o descanso. O único Criador é o Deus Triúno (tipificado pelonúmero três), e o homem é uma criatura (tipificado pelo número quatro). Por um lado, oCriador é adicionado ao homem para produzir o número sete; por outro lado, o DeusTriúno é adicionado à Sua criatura, o homem, também para produzir o número sete. Emqualquer dos casos, o número sete tipifica a adição de Deus ao homem, não o misturar deDeus com o homem.

    A primeira menção do número sete na Bíblia está em Gênesis 2:2, onde lemos que Deus"descansou nesse dia de toda a sua obra que tinha feito". O uso do número sete estádefinitivamente relacionado ao tempo, não à eternidade.

    Daniel 9:24 fala das setenta semanas de anos, que foram determinadas para os filhos deIsrael. Tais semanas também se relacionam à dispensação temporal de Deus, não à eterni-dade. Além disso, as igrejas locais são tipificadas pelo número sete porque elas hoje sedestinam à dispensação de Deus no tempo. Todos esses exemplos indicam que o númerosete tipifica perfeição e conclusão, tanto dispensacional como temporalmente.

    O número dez denota plenitude. Ao considerarmos nossos dez dedos das mãos e dospés, temos a impressão de plenitude. Uma vez que o sete tipifica conclusão e perfeição notempo e o dez tipifica plenitude, setenta, composto de sete vezes dez, tipifica conclusão eperfeição no tempo para a dispensação total de Deus. O fato de haver setenta palmeirasem Elim, em vez de apenas sete, indica essa plenitude da dispensação de Deus no tempo.

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    As doze fontes e as setenta palmeiras estão todas em ressurreição. Em ressurreição,obtemos o fluir das doze fontes para a eternidade e também para o tempo, o crescer dassetenta palmeiras para a dispensação de Deus.

    Na Bíblia, há dois importantes casos em que os números doze e setenta são usados juntos. Em Êxodo 24:1 e 4, lemos sobre os setenta anciãos e sobre as doze tribos de Israel.Quando Moisés entrava em contato com Deus para a efetuação da Sua administração naterra, o Senhor lhe ordenava trazer setenta anciãos de Israel. As doze tribos podem sercomparadas às doze fontes, e os setenta anciãos, às setenta palmeiras. Encontramos umoutro caso no Novo Testamento. Em Lucas 9:1, o Senhor chamou seus doze apóstolos parasi, e, em 10:1, apontou também outros setenta. O uso dos números em cada caso é signifi-cativo. Quando usados juntos, os números doze e setenta indicam que o povo do Senhordeve levar a cabo o Seu ministério. O princípio é o mesmo em Êxodo 24 com as doze tribose os setenta anciãos e no Evangelho de Lucas com os doze apóstolos e os setenta discí-pulos. Em ambos os casos, o povo do Senhor devia levar a cabo o Seu ministério. Deus temum ministério que deve ser levado a cabo pela vida que flui, tipificada pelas doze fontes, epela vida que cresce, tipificada pelas setenta palmeiras. Somente a vida que flui e crescepode cumprir o ministério de Deus.

    No passado, falamos muito sobre a vida de ressurreição sem ter palavras para descrevê-la. Agora, através do auxílio do quadro dos filhos de Israel em Elim, percebemos que avida de ressurreição inclui doze fontes e setenta palmeiras. Isso inclui a vida que flui demaneira perfeita e completa para levar a cabo a administração de Deus pela eternidade.Também inclui a vida que cresce para levar a cabo a administração de Deus, a fim deexpressar a vida que floresce (Sl 92:12), e regozijar-se em satisfação (Lv 23:40; Ne 8:15), eter vitória sobre a tribulação (Jo 12:13; Ap 7:9). Na Bíblia, as palmeiras tipificam a vida quefloresce. Também tipificam o regozijo na satisfação de vida e a vitória sobre a tribulação.Por fim, a vida de ressurreição efetua o ministério de Deus, tanto dispensacionalmente notempo quanto na eternidade.

    Tanto como igreja coletivamente quanto como cristãos individualmente, precisamosexperimentar a vida de ressurreição em Elim. Oh, a vida de ressurreição flui e cresce! Fluide Deus para o nosso interior, e, através desse fluir, cresce para o alto, a fim de expressaras riquezas e a vitória da vida divina.

     Já enfatizamos que, na Bíblia, as palmeiras tipificam o florescer, o regozijar-se em satis-fação e a vitória. O crescimento da vida que flui expressa as riquezas da vida divina e asua vitória sobre todas as coisas. Todos os que pertenciam à vasta multidão de Apocalipse7 seguravam ramos de palmeiras e advinham da grande tribulação. Esses ramos depalmeiras tipificam tanto as riquezas em vida como a vitória da vida.

    Se considerarmos o quadro de Israel em Elim, perceberemos que é um quadro maravi-lhoso da vida de ressurreição. Algo flui de Deus para dentro de nós, e cresce através dessefluir para expressar as riquezas e a vitória da vida divina. Ao considerarmos esse quadrode maneira um pouco mais profunda, creio que o Senhor nos falará mais acerca da vida deressurreição.

    V. ACAMPARAM COMO UM EXÉRCITO

    No fim de 15:27, lemos que os filhos de Israel "se acamparam junto das águas". Aexpressão "acamparam-se" indica que o povo de Deus se formou como um exército. Avida que flui e cresce supre o povo de Deus como Seu exército. Quando chegarmos aocapítulo 17, veremos o povo de Deus entrando em batalha como exército. Em Elim, eles

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    ficaram cheios do gozo da vida, o que os capacitou para o combate. Isso os tornou aptos alutar, a fim de levar a cabo o propósito de Deus para edificar Sua habitação.

    No Sinai, o povo de Deus recebeu a visão celestial relacionada à edificação do taberna-culo. A longa viagem do Egito ao Sinai não pôde ser feita sem luta. A princípio, o povonão lutou por si mesmo, mas Deus lutou por eles e derrotou Faraó e seu exército, destru-indo aquele e seus carros nas águas do Mar Vermelho. Após cruzar o Mar Vermelho e teras experiências de Mara e Elim, o povo de Deus fortaleceu-se como Seu exército e foiqualificado a lutar pelo Seu propósito. Essa era a razão por que Deus não lutou por eles nocapítulo 17. Eles mesmos podiam lutar por causa da vida que fluía e crescia.

    Se quisermos ser hoje fortalecidos como exército de Deus, também precisamos primeira-mente, experimentar o fluir das doze fontes e o crescer das setenta palmeiras. Precisamosda perfeita e completa vida que flui e cresce. Só então seremos qualificados e equipadoscomo exército, para lutar pelo propósito de Deus. Na restauração do Senhor, temos aconsciência de estarmos engajados numa luta espiritual. Não estamos simplesmente esta-belecidos em nossas localidades, mas estamos acampados nelas. Para lutar, não bastacomer o cordeiro pascal com as ervas amargas e o pão asmo. Também precisamos experi-mentar a cruz e a ressurreição, isto é, precisamos passar por Mara e chegar a Elim.

    Ao considerarmos as implicações de 15:27, percebemos que também precisamos chegara Elim. Tenho a certeza de que, pelo menos até certo ponto, as igrejas, na restauração doSenhor, estão se acampando em Elim, desfrutando das doze fontes e das setenta palmeiras.Como agradecemos ao Senhor por esse quadro da vida de ressurreição! Você já viu asfontes fluindo e as palmeiras crescendo? Você já percebeu que o resultado dessa vida queflui e cresce é um exército fortalecido para lutar pelo propósito de Deus? Louvado seja Elepor sermos o Seu exército acampado ao lado da vida que flui e cresce!

    VI. DE MARA A ELIM

    Em nossa experiência, precisamos não apenas da água doce, mas também da água queflui. Isso significa, que precisamos da água que foi transformada de amarga em doce etambém da água que flui das doze fontes de Elim. Para termos a água que flui, precisamoscontinuar de Mara, a experiência da cruz, até Elim, a experiência da ressurreição.

    Da época de Madame Guyon e seus contemporâneos até a época da Sra. Penn-Lewis, opovo do Senhor, em sua maioria, estava em Mara. Através do ministério da Sra. Penn-Lewis, a experiência subjetiva da cruz foi restaurada de maneira completa. Nos anosposteriores, o Senhor prosseguiu de Mara a Elim. Em Elim, Ele cuida de Sua plantaçãocom as doze fontes e as setenta palmeiras. Entretanto, muitos daqueles que buscam aoSenhor ainda têm predileção por Mara e desejam nela permanecer. Não progrediram alémdos escritos da Sra. Penn-Lewis acerca da cruz. Pelo contrário, ainda enfatizam a expe-riência da cruz. Não prestam, contudo, muita atenção às fontes que fluem e às palmeirasque crescem. Seu principal testemunho está na maneira como o seu amargor foi mudadoem doçura mediante a aplicação da cruz. Os que se demoram em Mara têm a árvore quecura, mas não as setenta palmeiras que crescem para expressar as riquezas e a vitória davida divina.  Em Mara não há plantação. Há somente uma árvore cortada e lançada naságuas amargas.

    Não é minha intenção ignorar os que nos precederam na restauração do Senhor. Minhaintenção é enfatizar a necessidade de progredirmos de Mara até Elim, Precisamos prosse-guir da árvore purificadora até as palmeiras que crescem e florescem. Em Sua restauração,

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    hoje, Deus não quer que nos demoremos em Mara. Ele precisa que prossigamos até Elim esejamos fortalecidos lá como Seu exército.

    Recentemente, recebi uma carta de alguém pedindo livros escritos pelos místicos de trêsséculos atrás, em particular os escritos de Madame Guyon e do irmão Lawrence. Naverdade, a autobiografia de Madame Guyon é uma história da experiência de Mara. Omesmo é verdade sobre "A Imitação de Cristo". Os que enfatizaram a experiência de Maranos últimos três séculos não atentaram muito às doze fontes que fluíam nem às setentapalmeiras que cresciam. O Senhor hoje quer que experimentemos as fontes que regam aplantação de Deus, de modo que as palmeiras cresçam, a fim de expressar as riquezas deSua vida e vitória.

    Porque em Mara não há plantação, mas apenas mudança de amargor em doçura, lá nãoexiste crescimento. Mas em Elim desfrutamos da lavoura de Deus e do bosque de palmei-ras para expressar as riquezas da vida divina e a vitória completa da administração deDeus. Em nossa experiência, as águas que foram mudadas de amargas em doces devemtornar-se as águas que fluem, nas quais, pelas quais e com as quais crescemos comopalmeiras, para expressar a vida rica e a vitória total de Deus.

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    EESSTTUUDDOO--VVIIDDAA DDEE ÊÊXXOODDOO MENSAGEM TRINTA E DOIS

    A EXPERIÊNCIA DO MANÁ

    Leitura da Bíblia: Êx 16:1-30; Nm 11:1-10, 18-23, 31-34

    O livro de Êxodo não foi escrito de acordo com doutrinas, mas de acordo com expe-riência. Após os filhos de Israel cruzarem o Mar Vermelho, o Senhor os guiou a Mara. Lá opovo murmurou, porque as águas eram amargas. Em vez de ficar zangado com eles porisso, o Senhor mostrou a Moisés uma árvore purificadora, que transformou o amargor emdoçura. Apenas três dias antes, o povo de Deus havia experimentado Sua salvação no MarVermelho. O exército de Faraó fora destruído, e o povo regozijara-se com louvores ao

    Senhor. Em Mara, todavia, parece que o povo esquecera sua experiência do Mar Verme-lho. Percebendo, contudo, que o Seu povo era criança e que essa era a primeira vez quemurmuravam, o Senhor não os puniu; pelo contrário, transformou as águas amargas emdoces.

    De Mara, o povo foi guiado pelo Senhor até Elim, onde existiam doze fontes de águafluindo e setenta palmeiras crescendo. A experiência do povo de Deus em Elim deve tersido muito empolgante. Sempre que chegamos a uma Elim em nossa experiência espiri-tual, também ficamos muito empolgados. Após sua experiência maravilhosa em Elim, osfilhos de Israel "partiram de Elim, e toda a congregação dos filhos de Israel veio para odeserto de Sim, que está entre Elim e Sinai" (16:1). Como veremos, depois de experimenta-

    rem a vida que flui e cresce em Elim, eles foram dirigidos a uma situacáo diferente, difícil.Conforme a ordenação de Deus, há dia e também há noite. Por um lado, depois do dia

    há noite; por outro, depois da noite há sempre um novo dia. Em nossa experiência com oSenhor, precisamos tanto do dia quanto da noite. Precisamos da experiência do MarVermelho e também do amargor de Mara. Necessitamos da empolgante experiência deElim e também da experiência do deserto de Sim.

    O povo de Deus veio ao deserto de Sim "aos quinze dias do segundo mês, depois quesaíram da terra do Egito" (16:1), aproximadamente um mês após a páscoa do Egito, Apáscoa e as experiências do Mar Vermelho e de Elim foram todas maravilhosas. Apóstodas essas experiências maravilhosas, porém, o povo foi guiado pela coluna de nuvem ao

    deserto.

    I. A CARNE DOS FILHOS DE ISRAEL AINDA PERDUROUAPÓS A EXPERIÊNCIA DE ELIM

    A. Murmuraram Contra Moisés e Arão

    Êxodo 16:2 diz: "Toda a congregação dos filhos de Israel murmurou contra Moisés eArão no deserto". Aqui percebemos três partes: os que murmuravam, os contra quem eradirigida a murmuração, e o Senhor, que ouvia, às escondidas, as murmurações. De acordo

    com o versículo 8, Moisés disse ao povo: "O Senhor ouviu as vossas murmurações, comque vos queixais contra ele; pois que somos nós? As vossas murmurações não são contra

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    nós, e sim contra o Senhor". Moisés ficou muito aborrecido com o povo por causa das suasmurmurações. Ficou muito mais aborrecido do que o próprio Senhor. Este o haviaencarregado de dizer ao povo que veriam Sua glória pela manha (v. 7). Também prometeufazer chover pão do céu para eles (v. 4).

    Embora esta mensagem esteja intitulada de "A Experiência do Maná", o meu encargo naverdade não é exaíamente o maná, mas é enfatizar que, depois da experiência maravilhosade Elim, a carne dos filhos de Israel ainda perdurava. O mesmo é verdade conosco emnossa experiência espiritual. Depois de termos uma empolgante experiência em Elim comas doze fontes que fluem e as setenta palmeniras que crescem, ainda somos atribuladospela carne. A água viva de Elim não leva embora a carne. Esta é a razão porque as assimchamadas experiências pentecostais não nos livram da carne. Os cristãos podem experi-mentar o batismo do Espírito ou da assim chamada segunda bênção, mas ainda têm oproblema da carne. Até mesmo a genuína experiência com o batismo do Espírito não énada mais do que a experiência de Elim. Como o registro do capítulo 16 indica, a expe-riência de Elim não resolve o problema com a carne.

    Podemos novamente perceber, através dessa passagem, que o livro de Êxodo não estáescrito conforme a doutrina, mas segundo a experiência espiritual. De acordo com a com-preensão doutrinária, a experiência das doze fontes que fluíam e das setenta palmeiras quecresciam em Elim deveria fazer de nós santos maduros. Contudo as empolgantes expe-riências de Elim nunca tiveram tal resultado. O murmurar dos filhos de Israel no capítulo16 o comprova. Eles haviam sido redimidos e libertados do Egito, experimentaram apurificação das águas em Mara e desfrutarem das fontes e palmeiras em Elim. Após todasessas experiências, ainda foram capazes de mostrar o comportamento registrado nocapítulo 16, Se atentarmos a esse fato sob a perspectiva da doutrina, ele nos será de difícilentendimento. Mas, se o olharmos do ponto de vista da nossa experiência, compreende-remos facilmente o capítulo 16. Segundo nossa experiência espiritual, sabemos que ashoras empolgantes de Elim nunca levam os cristãos a se tornarem santos maduros.

    Após termos uma experiência em Elim, o Senhor exporá a carne do nosso ser natural.Esta é a razão porque até mesmo depois de termos a empolgante experiência das doze fon-tes fluindo e das setenta palmeiras crescendo, descobriremos que ainda estamos vivendode acordo com a carne. As doze fontes saciam a sede de nosso espírito, mas não levamnossa carne à morte. Na verdade, quanto mais experimentarmos das fontes que fluem,mais a nossa carne será exposta. Se sua intenção é ocultar sua própria carne, você terá deevitar a experiência das fontes e das palmeiras de Elim. A experiência das doze fontes deElim é sempre seguida por uma exposição da carne..

    Anos atrás, li alguns livros sobre a experiência do batismo do Espírito Santo e da assimchamada segunda bênção. Esses livros diziam que, uma vez que um cristão tivesse talexperiência, todos os seus problemas estariam resolvidos. Certos livros chegaram a pontode dizer que o pecado seria até mesmo erradicado. Nossa experiência real, entretanto,prova que tais afirmativas são falsas. Depois de desfrutarmos da água viva de Elim, nossacarne será exposta. Ela não terá lugar onde se esconder. Em nossa experiência, há,inevitavelmente, a mudança de dia para noite. Somos incapazes de aumentar o dia ou deimpedir que a noite venha.

    É-nos importante ver além da superficialidade do cristianismo de hoje. Muitos cristãosfalam sobre a experiência do batismo do Espírito. Mas até mesmo aquelas genuínas expe-riências do batismo do Espírito são, no máximo, a experiência de Elim. Já enfatizamos quetais experiências podem saciar nossa sede, mas não tratam com nossa carne. Pelo contrá-rio, elas, na verdade, expõem a carne totalmente. Essa foi a razão por que, após a expe-

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    riência de Elim, a carne dos filhos de Israel permaneceu e foi exposta. Não havia mudadode maneira alguma.

    De semelhante modo, embora possamos ter experiências empolgantes com as dozefontes de Elim, logo descobriremos que nós mesmos estamos sem mudança. Saciar a sedeem nosso espíríto é uma coisa, mas lidar com o aspecto carnal do nosso ser natural éoutra. Não espere que as doze fontes de Elim mudem o que você é na carne. Tenho oencargo de sermos profundamente sensibilizados com este ponto crucial. Se ficarmosclaros a esse respeito, seremos libertados da influência do conceito errôneo que prevaleceno cristianismo de hoje.

    Porque a nossa carne perdura depois da experiência de Elim, precisamos prosseguircom o Senhor de Elim deserto adentro, como está descrito em Êxodo 16. Esse deserto não éum lugar específico. Simplesmente lemos que era o deserto entre Elim e o Sinai. Isso indicaque depois de bebermos da água viva em Elim, seremos introduzidos nesse tipo de lugarindefinido. Nesse tipo de lugar indefinido nossa carne será exposta.

    B. Exposta Por Falta de Suprimento de Vida Celestial

    Como veremos agora, nossa carne é exposta pela carência de suprimento, por causa dafalta de Cristo como suprimento de vida celestial. Essa é a razão pela qual o maná foimencionado tanto em Êxodo 16 quanto em Números 11, com respeito à murmuração dopovo. Isso indica que o maná celestial foi dado para tratar com a nossa carne. Tal obra nãopode ser cumprida pelas fontes de Elim, somente pelo maná celestial.

    O povo murmurou contra Moisés e Arão por desejar comida. Todavia, o seu murmurarera na verdade contra o próprio Senhor. O povo bebera bastante água, mas ainda estavafaminto, porque nada tinha para comer. Sua fome não podia ser satisfeita pela água dasdoze fontes que fluíam. Não importa a quantidade de água que podemos beber, aindaassim a nossa fome permanece. Por um lado, nossa sede precisa ser saciada. Mas poroutro, nossa fome precisa ser satisfeita. As doze fontes só podem saciar a nossa sede, nãopodem satisfazer a nossa fome.

    A experiência cristão tem aspectos diferentes. Muitos cristãos, todavia, pensam que hásomente um aspecto: o batismo do Espírito Santo. De acordo com eles, a experiência do ba-tismo é todo-inclusiva e satisfaz todas as necessidades de um cristão. Mas, de acordo comas figuras de Êxodo, esse tipo de experiência não pode ser tudo. Sim, em Elim há dozefontes, mas não se menciona a comida. Por isso o povo ainda estava faminto. Em seuinterior, faltava-lhes o suprimento necessário de vida. Tal carência de suprimento de vidafez com que a carne fosse exposta. Sempre que nos falta o suprimento de vida, torna-seimpossível ocultar nossa carne. Se verificar sua experiência, perceberá que no dia exato emque teve uma empolgante experiência em Elim, você teve a sensação interior de insatis-fação. Essa insatisfação provém da falta do suprimento celestial de vida, de falta de Cristocomo o maná celestial. Em sua experiência, você ainda não participou de Cristo como oseu suprimento de vida.

    Todo cristão tem problemas com a carne e com a concupiscência da carne. Você sabequando quando a carne é tratada? Somente quando Cristo realmente se torna o nossosuprimento diário de vida. Quando Cristo nos enche e nos satisfaz, tal satisfação fará comque nossa carne seja levada à morte. Em princípio, essa é a experiência de todo cristão.Após desfrutarmos do Senhor em Elim, descobriremos que ainda temos um problema coma carne e com o desejo dela. Esse problema tem sua origem na fome. Bem no interior,estamos subnutridos. Temos uma fome que não foi satisfeita. Em nossa experiência cristã,

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    ainda não chegamos ao ponto de experimentarmos Cristo diariamente como nosso supri-mento de vida que nos satura e satisfaz. Todavia, quando Dele desfrutarmos diariamentecomo nosso suprimento celestial de vida, seremos plenamente satisfeitos. Nesse momento,nossa carne será subjugada e nosso desejo será tratado. Mas a carne com a sua concupis-cência não é tratada totalmente. Sempre que estivermos subnutridos e carecermos deCristo, sentiremos fome novamente. Isso levará ao ressurgimento da carne e da concupis-cência, que voltarão à sua atividade.

    Nossa carne permanecerá até estarmos em ressurreição e termos um corpo glorificado.Embora esteja no Senhor por tantos anos, tenho de testificar que a carne ainda está comigo.Se eu não estiver pleno de Cristo e satisfeito por Ele, minha carne ainda estará ativa. Nãopense que uma pessoa que esteve no Senhor por muitos anos atingirá o ponto em que jánão seja mais atribulada pela carne. Embora a carne possa ser tratada muitas vezes, atémesmo centenas de vezes, ela ainda estará conosco. Mas sempre que estivermos preen-chidos com Cristo como suprimento de vida celestial, a carne com sua concupiscência serávencida. Se, todavia, carecermos Deus como nossa nutrição, a carne será exposta nova-mente. O meu encargo nesta mensagem é o de simplesmente esclarecer este ponto a todosos santos.

    Se percebermos que a carne é sempre exposta quando carecemos de Cristo como nossosuprimento diário de vida, seremos iluminados sobre a nossa experiência com o Senhor.Talvez você tenha imaginado por que mesmo depois de ter certas experiências gloriosasno Senhor, descobriu que sua carne é a mesma de sempre. Nesse momento, devemosperceber nossa necessidade do maná celestial e também das doze fontes de Elim. Se oapóstolo Paulo ainda estivesse na terra, até mesmo ele precisaria ser preenchido comCristo como o suprimento diário de vida, pois ele ainda seria atribulado pela carne.Embora precisemos experimentar as doze fontes em Elim, também precisamos satisfazernossa fome com Cristo como o maná celestial. Dia a dia precisamos experimentar Cristocomo o nosso suprimento de vida.

    O que mais nos ajuda em nosso viver diário com o Senhor não é o beber das doze fontesde Elim, mas é o comer de Cristo como o maná celestial. A experiência de Elim surge devez em quando, e, como indica o relato, não era uma experiência contínua dos filhos deIsrael. Entretanto, o povo de Israel desfrutou do maná diariamente, por um períodoquarenta anos. Com excecão dos sábados, eles recolheram o maná todas as manhãs,durante todos aqueles anos. Isso indica claramente que a experiência do maná é diária econtínua. Se experimentarmos adequadamente o comer diário de Cristo como nosso manácelestial, nossa carne e concupiscência serão tratadas; mas toda vez que tivermos falta demaná, a carne com a sua concupiscência aparecerão de novo. Essa é a razão pela qual aexperiência negativa registrada em Êxodo 16 seguiu a experiência positiva de Elim,mostrada em 15:27.

    A experiência negativa de Êxodo 16 se repete em Números 11. Já enfatizamos que,quando o povo se queixou em Mara, o Senhor não se zangou com eles. Ao murmuraremcontra Moisés e Arão no deserto, entre Elim e o Sinai, o Senhor ficou um pouco aborrecido.Mas, em Números 11, "queixou-se o povo de sua sorte aos ouvidos do Senhor; ouvindo-oo Senhor, acendeu-se-lhe a ira, e fogo do Senhor ardeu entre eles, e consumiu as extremi-dades do arraia!" (v. 19). Quando o povo se queixou desta vez, não houve necessidade deMoisés dizer palavra alguma. Em Sua ira, o Senhor apareceu como um fogo ardente. Oversículo 2 diz: "Então o povo clamou a Moisés, e orando ele ao Senhor, o fogo se apagou".O versículo 3 prossegue dizendo que o nome daquele lugar era Taberá, "porque o fogo doSenhor se acendera entre eles".

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    Precisamos perceber que essa experiência negativa se relaciona à experiência do maná.Novamente vemos que sempre que nos falta Cristo como nosso suprimento de vida, acarne é exposta. A concupiscência aparece porque estamos desnutridos. Não coloque suaconfiança na experiência passada com o Senhor. Não pense que, por estar no Senhor porlongo tempo, você não será mais atribuiado pela carne. Posso testificar que, embora sejaum homem idoso e tenha estado no Senhor há anos, ainda preciso Dele como meu atualsuprimento de vida. Lembre-se de que o maná era mandado a cada manhã e devia serrecolhido todas as manhãs. Isso indica que não podemos armazenar o suprimento deCristo. O Cristo que experimentamos ontem não é suficiente para hoje. Se tentar preservaro maná de ontem, você descobrirá que ele não poderá nutri-lo nem satisfazê-lo. Pelocontrário, ele terá vermes e cheirará mal (Êx 16:20).

    Que todos fiquemos impressionados com a necessidade de experimentarmos Cristodiariamente como nosso suprimento de vida. É  crucial ver que a falta do suprimentocelestial de Cristo leva nossa carne a ser exposta. Não importa quão empolgantes sejam asexperiências tidas no Espírito, ainda precisaremos participar diariamente de Cristo comonosso maná celestial. Se estivermos subnutridos, nossa carne se levantará, e nossa concu-piscência nos perturbará e criará obstáculos à nossa comunhão com o Senhor. A cada diaprecisamos estar plenos de Cristo como o maná celestial e sermos satisfeitos por Ele.

    M. O TRATAMENTO DE DEUS PARA COM A CARNE DO SEU POVO

    A. Ouviu-lhes a Murmuração e Mostrou-lhes Sua Glória

    Prossigamos para ver como o Senhor trata a carne do Seu povo (16:4-30). Ele o fazmostrando-lhes a Sua glória (16:7, 10). De acordo com a compreensão doutrinária demuitos cristãos, uma pessoa carnal não pode ver a glória do Senhor. É significativo,porém, que não lemos que a glória de Deus apareceu ao Seu povo quando estavam emElim. Mas a Sua glória apareceu-lhes quando murmuravam no deserto de Sim.

    Atente a esse ponto da aparição da glória do Senhor à luz de sua experiência. Quandoteve uma experiência maravilhosa e empolgante em Elim, você teve a sensação da glóriade Deus ou simplesmente ficou enlevado com sua empolgação? Mas nos momentos emque murmurava e se queixava, a glória do Senhor não lhe apareceu? Posso testificar quemuitas vezes a glória do Senhor apareceu-me quando me queixava, e essa aparição fez-meficar amedrontado. Em Elim há muita experiência empolgante, mas pouca aparição daglória do Senhor de maneira definida. Ao murmurarmos contra o Senhor, entretanto, comfrequencia Sua glória nos aparece.

    Enquanto os filhos de Israel seguiam ao Senhor no deserto e O buscavam, sua carne e acuncupiscência ainda estavam ativas. Já enfatizamos repetidas vezes que a razão disso foisua subnutrição. Murmuravam contra o Senhor, porque lhes faltava o suprimento ade-quado de vida. Enquanto murmuravam, a glória de Deus lhes apareceu. Em princípio, jáexperimentamos a mesma coisa. Ao seguirmos e buscarmos o Senhor, nossa atitude, ásvezes, torna-se negativa, e nos queixamos e murmuramos contra a igreja ou contra os seusresponsáveis. Quando o fazemos dessa maneira, frequentemente vemos a glória doSenhor. A aparição de Sua glória em momentos como esses é bem amedrontadora. Asvezes em que senti mais medo foram aquelas em que a glória do Senhor apareceu no meiode minha murmuração e queixa. A razão por que me queixei foi a falta de Cristo comominha nutrição.

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    Em sua murmuração contra o Senhor, os filhos de Israel disseram: "Quem nos derativéssemos morrido pela mão do Senhor na terra do Egito, quando estávamos sentados

     junto às panelas de carne e comíamos pão a fartar! pois nos trouxestes a este deserto, paramatardes de fome a toda esta multidão" (16:3). Em nossas queixas podemos dizer algoassim: "Por que um dia entramos para a restauração do Senhor? O que está havendo narestauração? Melhor seria se morrêssemos nas denominações!" Frequentemente, no meiodessa nossa queixa, a glória do Senhor aparece, e ficamos temerosos.

    Em Êxodo 16, lemos muitas vezes que o Senhor ouviu as murmurações do povo (v. 7b,8b, 9b). De acordo com o versículo 12, o Senhor disse a Moisés: "Tenho ouvido as mur-murações dos filhos de Israel." Esteja certo de que o Senhor ouve a sua murmuração. Alémdisso, enquanto você murmura, Ele o está olhando, está observando tudo o que acontece.

    Em 16:7, o Senhor disse que de manhã o povo veria a Sua glória. O versículo 10 diz:"Quando Arão falava a toda a congregação dos filhos de Israel, olhavam para o deserto, eeis que a glória do Senhor apareceu na nuvem". Quando a glória do Senhor apareceu aopovo, isso os levou a pararem de murmurar. Em princípio, temos a mesma experiência. Àsvezes, por estarmos subnutridos, a nossa atitude tornou-se negativa enquanto buscávamoso Senhor. Tal escassez de Cristo como nosso suprimento de vida levou-nos a murmúrios equeixas. Naquelas horas, vimos a glória do Senhor interiormente e ficamos cheios detemor. Como os filhos de Israel, somos frequentemente muito loquazes em nosso mur-múrio e queixas, muito mais do que nos momentos em que testificamos pelo Senhor nasreuniões. Mas a glória do Senhor aparece para fazer cessar nosso murmúrio e queixa.

    Você diria que a glória do Senhor apareceu para resgatar o povo ou para condená-lo?Ela surgiu com o propósito de resgatá-los por meio da condenação. Esse raciocíniotambém pode ser confirmado por nossa experiência. Muitas vezes o Senhor chega parasalvar-nos, condenando-nos. Quando estamos subnutridos e nossa atitude é negativa,tememos que o Senhor venha nos matar. Embora nos queixemos contra Ele, não cessamosde buscá-Lo. No mesmo princípio, podemos nos queixar contra a igreja ou contra ospresbíteros; porém não estamos dispostos a desistir da vida da igreja nem a abandonar arestauração do Senhor. Os irmãos, muitas vezes, vêm a mim com queixas contra a igreja.Ao perguntar-lhes por que não a deixam e vão em busca de outro lugar, eles me dizem serimpossível encontrar um lugar melhor. Quando lhes sugiro que parem de se queixar esimplesmente se satisfaçam com a vida da igreja, dizem-me que também não o podemfazer. Por um lado, não estão satisfeitos com a vida da igreja; mas, por outro, não desistemdela. Várias vezes, aqueles que se queixam dessa maneira sobre a vida da igreja podem teruma profunda sensação da aparição da glória do Senhor em seu íntimo e temer que Elepossa esmagá-los. Essa é a aparição da glória do Senhor para salvar-nos, condenando-nos,

    8. Enviou-lhes Codornizes

    Após Sua glória aparecer ao povo, o Senhor lhes enviou a carne que queriam. Mandou-lhes codornizes (16:13; Nm 11:31) para satisfazer sua concupiscência de comida (16:12, Nm11:18, 32), para mostrar-lhes Sua suficiência e discipliná-los com Sua ira (Nm 11:19-20, 33-34).

    Em Êxodo 16, o Senhor não tratou com o povo de maneira severa. Mas, quando mur-muraram e se queixaram novamente em Números 11, Ele disse, por meio de Moisés: "Nãocomerei um dia, nem dois dias, nem cinco, nem dez, nem ainda vinte; mas um mês inteiro,até vos sair pelos narizes, até que vos enfastieis dela, porquanto rejeitastes ao Senhor, queestá no meio de vós, e chorastes diante dele, dizendo: "Por que saímos do Egito?" (v. 19-

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    20). De acordo com o versículo 33: "Jeová feriu o povo com uma praga muito grande". Eleentão deu àquele lugar o nome de Quibrote-Taavá, que quer dizer "as tumbas da concu-piscência" (v. 34)

    Muitos cristãos tiveram tal experiência sob o aspecto espiritual. O Senhor satisfez-lhes aconcupiscência dando-lhes o que desejavam, e depois, espiritualmente falando, veio feri-los, e eles sofreram morte espiritual. Quanto mais essas pessoas desfrutam ―codornizes‖,mais elas permanecem mortificadas. Por um longo periodo de tempo, talvez por anos, elaspermancem mortificadas no espírito.

    Somente após muitas coisas acontecerem aos filhos de Israel, o Senhou enviou-lhes omaná. Isso indica que este não é dado de maneira simples. Muitos cristãos, porém, têm oconceito errôneo de que ele é conseguido facilmente. Na verdade, podemos desfrutar domaná somente quando certas condições são satisfeitas. Esta é a razão por que, embora umversículo seja dedicado à experiência de Elim, dois capítulos abordam a experiência domaná.

    A experiência de Cnsto como o maná celestial não é tão simples como muitos cristãossupõem. Os filhos de Israel não desfrutaram do maná logo após cruzarem o MarVermelho. Pelo contrário, foi-lhes necessário passar pelas experiências de Mara e Elim.Quando então sua carne foi exposta e eles foram disciplinados pelo Senhor, o maná veio.Ocorre o mesmo conosco em nossa experiência com o Senhor. Cristo como o maná celestialvem até nós dessa maneira.

    Muitos irmãos têm a prática de gastar tempo com o Senhor bem de manhãzinha.Porém, às vezes nenhum maná é recolhido durante essas horas. A razão da falta de maná éque os requisitos para que este seja dado não forarn preenchidos. Êxodo 16 e Números 11revelam que o maná só é dado quando certas condições são satisfeitas. Isso mostra que emnosso andar cristão precisamos atingir um certo ponto antes de que este nos seja enviado.Este é um princípio básico. O maná só é dado após nossa carne ser exposta em razão daescassez do suprimento de vida interior. Ele é dado ao reconhecermos nossa necessidadede algo mais do que as doze fontes de Elim. Precisamos do maná, precisamos de Cristocomo nosso suprimento devida celestial.

    Quando os filhos de Israel murmuraram em Mara e o Senhor mostrou a Moisés a árvorepurificadora, Ele não tratou com o povo. Pelo contrário, a árvore foi lançada dentro daágua, e as águas amargas tornaram-se doces. Mas, em Êxodo 16, o Senhor disse a Moisésque falasse ao povo tornando-os cientes de que Ele ouvira suas murmurações e lhes apare-ceria em Sua glória. O Senhor ficou um pouco aborrecido com eles e os disciplinou. Apósefetuar tal disciplina, o maná foi enviado.

    III. A MANEIRA COMO O MANÁ É ENVIADO

    A. De Manhã

    Consideremos brevemente a maneira como o maná é enviado (16:13-14; Nm 11-9). Ele ésempre mandado de manhã. É significativo, entretanto, que as codornizes que satisfizerama concupiscência do povo viessem à tarde. O maná vem para refrescar-nos na manhã, eleleva-nos a ter um novo começo.

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    B. Com o Orvalho

    Em segundo lugar, o maná vem com o orvalho. Números 11:9 diz; "Quando de noitedescia o orvalho sobre o arraial, sobre este também caia o maná". Em Êxodo 15 e 16, nota-mos três tipos de água: as águas de Mara, as doze fontes de Elim e o orvalho do deserto.Precisamos experimentar todos esses três tipos de água. Precisamos da águas que foimudada de amarga para doce, precisamos da água que flui das doze fontes e da água quevem como orvalho. Na verdade, dou mais valor ao orvalho do que à água que flui dasfontes.

    Quando alguns ouvem isso, podem lembrar-me de que não haverá orvalho na Nova Jerusalém, mas somente o fluir do rio da água da vida (Ap 22:1 ). A razão de não haverorvalho na Nova Jerusalém é que este vem durante o frio da noite, e não haverá noite naNova Jerusalém. Como já enfatizamos, em nossa experiência com o Senhor, temos, atual-mente, tanto dia quanto noite. Após passar a noite, precisamos do orvalho—que é opróprio Senhor — para regar-nos suave e delicadamente. Porque ainda precisamos passarpor muitas noites, muitas situações cheias de trevas, precisamos do orvalho refrescanteque nos regue. Manhã após manhã, a graça do Senhor desce sobre nós como orvalhofresco.

    Se quisermos desfrutar do maná durante a nossa hora com o Senhor de manhã, precisa-mos experimenta-Lo como o orvalho. O maná não vem sozinho, mas vem sempre com oorvalho. Na verdade, o orvalho vem primeiro e serve como base para o envio do maná. Omaná não vem com a água que foi mudada de amarga em doce, nem com a água que fluidas doze fontes. Vem com o orvalho. Sempre que tivermos o orvalho, teremos também omaná. Isso quer dizer que, quando experimentamos a graça refrescante e purificadora doSenhor, também O recebemos como nosso suprimento celestial de vida.

    Não tome essa palavra sobre o orvalho como doutrina, mas receba-a como uma palavraque corresponde à sua experiência. Até mesmo os mais jovens em nosso meio podem tes-tificar que tal palavra se enquadra nas suas experiências. Em Elim, experimentamos a águaque flui das doze fontes, mas temos o orvalho. Tão logo saímos de Elim, sentimos umasequedão interior. Isso indica que precisamos experimentar o orvalho matinal, o orvalhoque é a base para o envio do maná.

    C. A Volta do Acampamento

    Números 11:9 também indica que o maná desce ao redor do acampamento. O acampa-mento refere-se ao posicionamento do povo de Deus como um exército. Esse fato mostraque a nutrição do maná destina-se também ao povo de Deus, como um exército, paratravar a batalha pelos Seus interesses na terra.

    Nas mensagens posteriores, teremos muito mais a dizer sobre o maná. O ponto crucialdesta mensagem é que, depois de termos uma experiência empolgante e maravilhosa emElim, descobriremos que a carne ainda estará conosco. A exposição da carne é o resultadode estarmos subnutridos. Isso revela a nossa necessidade de termos satisfeita a nossa fomeatravés de sermos saturados com Cristo dia a dia. Toda vez que não estivermos plenosDele, nossa carne com sua concupiscência aparecerão novamente.

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    EESSTTUUDDOO--VVIIDDAA DDEE ÊÊXXOODDOO MENSAGEM TRINTA E TRÊS

    O TRATAMENTO DE DEUS PARA COM A CARNE DE SEU POVO

    Leitura da Bíblia: Êx 16:14, 8-13a; Nm 11:1-6,10-23, 31-34.

    O livro de Êxodo apresenta um quadro da salvação plena de Deus. Nesta, dois pontossão cruciais. O primeiro é que Deus quer ser tudo para o Seu povo escolhido. Quertrabalhar Sua própria pessoa dentro daqueles que para Si predestinou. Em segundo lugar,levando em conta que Ele quer ser tudo para nós, Ele também não quer que façamos nada.Pelo contrário, quer fazer tudo em nosso lugar.

    Quando aplicamos esses dois pontos ao livro de Êxodo, percebemos que o próprio Deus

    tratou com Faraó e com os egípcios. Não pediu aos filhos de Israel que lutassem paraserem libertados da tirania egípcia. Fez tudo para provocar a derrota total dos egípcios. Aoconfrontar-se com Faraó, tudo o que Moisés possuía era uma vara, um bastão morto. Deus,realizou tudo para o Seu povo.

    Precisamos atentar àquilo que Deus fez por Seu povo em menos de quarenta dias.Mandou as pragas sobre os egípcios e, na noite da páscoa, matou os primogênitos.Libertou depois, os filhos de Israel da mão de Faraó e os conduziu pelo Mar Vermelho,onde o exército egípcio foi afogado. Além disso, levou o povo a Mara, onde transformou aágua amarga em doce. Guiou-os, posteriormente, em direção a Elim onde havia dozefontes e setenta palmeiras.

    I. A CONCUPISCÊNCIA ÁVIDA DO POVO

    De acordo com 16:1, a congregação dos filhos Israel "veio para o deserto de Sim... aosquinze dias do segundo mês, depois que saíram da terra do Egito". A páscoa aconteceu nodécimo quarto dia do primeiro mês. Por isso o registro do capítulo 16 descreve o queocorreu apenas nos trinta e um dias posteriores à páscoa. Ao percebê-lo pela primeira vez,fiquei muito surpreso. Durante esse curto período de tempo, o povo de Deus presencioumuitos milagres. Não ficaram, todavia, adequadamente impressionados com a suficiênciado Senhor. A páscoa foi um grande acontecimento, e a travessia do Mar Vermelho foi algo

    ainda maior. Além disso, as experiências de Mara e Elim foram significativas. Entretanto,quando foi ao deserto de Sim, e murmurou, e desejou as panelas de carne do Egito, o povoparecia não ter tido experiência nenhuma.

    Poucos leitores de Êxodo deram atenção adequada ao capitule 16. Esse capítulo, naverdade, é maior do que o capítulo 12 ou 14. Naquele, temos a páscoa; no quatorze, atravessia do Mar Vermelho; e, no dezesseis, o comer do maná. O comer do maná indicaque o povo de Deus atingiu o ponto em que começou a ser um povo celestial, um povocuja natureza começava a ser transformada com o elemento celestial.

    Vários milagres nas Escrituras foram efetuados com as coisas físicas da criação de Deus.O Senhor Jesus, por exemplo, alimentou a multidão com os pães e peixes (Mt 14:19). Mas

    será que podemos dizer que o maná do capítulo 16 era um item da velha criação de Deus?Nenhum estudioso pode dizer-nos qual era a substância ou o elemento do maná. Qual-

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    quer que fosse sua substância, certamente não pertencia à velha criação. Na velha criaçãonão existe coisa tal como o maná.

    No capítulo 16, há dois milagres: o envio das codornizes e o envio do maná. As codor-nizes pertencem à velha criação. Um vento soprou da parte do Senhor e as trouxe (Nm11:31). Isso, sem dúvida, foi um milagre, mas realizado através de coisas naturais e físicas.O envio do maná, entretanto, foi diferente: veio do céu (Êx 16:4). Embora saibamos dessasua proveniência, não sabemos qual era o seu elemento constituinte. Não podemos dizerqual era a sua essência, mas estamos cientes de que era uma comida diferente de todacomida terrena. Participar do maná era ter uma dieta celestial. Essa comida celestial nãopertencia à velha criação.

    As pessoas, invariavelmente, vivem de acordo com o que comem. Os nutricionistasdizem-nos que somos o que comemos. Se comermos muito peixe, por exemplo, tornar-nos-emos uma composição de peixe. Dia a dia, por um período de quarenta anos, os filhosde Israel comeram maná. Como resultado, sua constituição era de maná. Podemos atémesmo dizer que eles se tornaram maná. Embora não conheçamos sua essência, sabemosque era esse o tipo de comida que levava o povo a se tornar celestial. Pelo comer dessacomida celestial, tornamo-nos um povo celestial.

    Ao dar ao Seu povo maná para comer, Deus indicava que Sua intenção era mudar-lhesa natureza. Ele queria mudar-lhes o ser, a própria constituição. Eles já haviam passado poruma mudança de lugar. Antes estavam no Egito; agora estavam com o Senhor no deserto,um lugar de separação. Mas não basta a mudança de lugar, porque ela é muito exterior eobjetiva. Deve haver também uma mudança interior e subjetiva uma mudança de vida enatureza. A maneira de Deus produzir tal mudança em Seu povo é pela dieta deles. Porcomer a comida egípcia, o povo de Deus constituiu-se com o elemento do Egito. O elemen-to do mundo tornou-se a sua composição. Quando estavam no Egito, não participavam denada celestial, pois tudo o que comiam estava de acordo com a dieta egípcia e era egípciaem natureza. Embora retirado do Egito e introduzido no deserto de separação, o povo deDeus ainda estava constituído com o elemento do Egito. A Sua intenção agora era mudar-lhes o elemento, modificando-lhes a dieta. Ele não queria que comessem coisa algumaproveniente de uma fonte mundana. Já não lhes era mais permitido comer comida egípcia.Deus queria alimentá-los com a comida do céu, a fim de constituí-los com o elementocelestial. O Seu desejo era preenchê-los, satisfazê-los e saturá-los com a comida celestial, eatravés disso torná-los um povo celestial.

    Antes de enviar o maná do céu, Deus mandou as codornizes (16:13). Estas fizeram comque o povo ficasse ainda mais carnal. A natureza e a substância das codornizes corres-pondia à natureza e substância dos filhos de Israel. Com o maná, porém, isso nãoacontecia, pois ele era de um outro tipo, de um outro reino e lugar. Assim, ao enviar omaná, Deus mostrou que Sua intenção era mudar a composição de Seu povo. Ele não sesatisfaz com uma mera mudança de lugar. Também deve haver uma mudança deconstituição. Nós, povo de Deus da atualidade, somos uma composição de coisas terrenas,uma composição do elemento egípcio. O objetivo de Deus, portanto, não é simplesmentemodificar o nosso comportamento, mas mudar o nosso ser interior, a própria origeminterna de nossa constituição. Embora a substância do Egito faça parte de nós, Deustenciona constituir-nos com um elemento celestial. É-nos vital vislumbrar isso.

    Deus sabia que os filhos de Israel necessitavam de comida. Se tivessem fé no Senhor,ter-se-iam encorajado um ao outro a simplesmente descansar Nele. E diriam: "O nossoDeus conhece a nossa necessidade. Não há motivo de murmúrios nem queixas. ConfiemosNele e descansemos. Lembremo-nos do que Ele fez por nós em dias recentes. Tratou com

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    Faraó, matou os primogênitos, derrotou os egípcios, conduziu-nos através do Mar Verme-lho e supriu todas as nossas necessidades." Mas, em vez de exercitar fé no Senhor, os filhosde Israel aparentemente se esqueceram de tudo o que Ele lhes fizera. Em vez de louvá-Lo eagradecer-Lhe por Seus feitos, murmuraram e se queixaram. As suas palavras foramásperas e horrendas, quando disseram a Moisés: "Quem nos dera tivéssemos morrido pelamão de Jeová na terra do Egito, quando estávamos sentados junto às panelas de carne, ecomíamos pão a fartar! pois nos trouxestes a este deserto, para matardes de fome a todaesta multidão (16:3, hebraico). Até mesmo Moisés foi tocado pelo murmúrio do povo. Istose prova pelo fato de ele dizer: "pois que somos nós para que murmureis contra nós?"(16:7). Ao proferir tal palavra, ele não foi vitorioso. Pelo contrário, isso foi um sinal de queele fora derrotado ao ser tocado pelas murmurações do povo. Se eu fosse ele, diria umapalavra ainda mais forte, tal como: "Vocês se esqueceram de tudo o que lhes tenho feito?Lembram-se das panelas de carne, mas não se lembram da tirania, do labor e dos sofri-mentos no Egito. Tirei-os daquela tirania. Por que murmuram contra mim?" Comparado anós, ele foi vitorioso; mas não o foi de maneira absoluta.

     Já enfatizamos que, em Sua salvação, Deus tenciona sermos tudo e fazer tudo por nós.Ele é real, vivo, fiel e resoluto. Porque tem um objetivo em Sua salvação, não há neces-sidade de Lhe pedirmos que tenha misericórdia de nós e que nos salve. Ele está traba-lhando por nós e conhece todas as nossas necessidades. Se O conhecermos a Ele e aos Seuscaminhos, não nos queixaremos nem murmuraremos quando tivermos uma necessidade.Pelo contrário, diremos: "Louvado seja o Senhor! Ele conhece todas as nossas necessidades.Se Ele quer que não tenhamos uma refeição, então façamos um jejum com louvor e júbilodiante de Sua pessoa. Mesmo se Ele retiver a comida por muitos dias, ainda assim nosrejubilaremos. Ele conhece a nossa necessidade e enviará o suprimento na hora certa. Sedecidir que jejuemos, em vez de festejar, ainda assim O louvaremos. Ele sabe o que émelhor para nós. Aceitemos com júbilo tudo o que Ele nos dá".

    Se fosse essa a atitude dos filhos de Israel, Deus não enviaria as codornizes. Simples-mente mandaria o maná, bem cedo, na manhã seguinte. O Seu propósito ao enviar o manáera mudar a constituição do Seu povo. O maná produz uma mudança metabólica, em queo elemento egípcio é substituído pelo celestial. Esse "metabolismo celestial leva o povo deDeus a ser transformado. Em rótulo, os filhos de Israel não eram egípcios; mas, emnatureza e composição, não diferiam deles um pouco sequer. Ao dar o maná ao povo,Deus parecia dizer: "Salvei-os posicionalmente do Egito, mas vocês ainda não forammudados quanto à maneira de ser. Vou mudar-lhes agora a constituição, transformandosua dieta egípcia em celestial. Desse modo, mudar-lhes-ei a natureza e o ser, e os tornareium povo peculiar. Porque quero que sejam celestiais, não os alimentarei com nada quetenha origem na terra. Enviarei, diariamente, uma comida celestial, uma comida do Meulugar de habitação no céu. Ela lhes mudará a composição". Que todos vejamos que aintenção de Deus em Sua salvação é trabalhar-Se dentro de nós e mudar nossa consti-tuição, alimentando-nos com a comida celestial.

    II. O TRATAMENTO DE DEUS

    Veremos agora como Deus tratou o Seu povo quando murmuravam e se queixavam dafalta de comida. Ao considerarmos esse ponto, precisamos perceber que todos, tendemos acompreender a Bíblia de maneira natural. De acordo com nossa compreensão natural,podemos pensar que em Êxodo 16, Deus estava simplesmente testando os filhos de Israel.Podemos acreditar que Ele reteve, por vontade própria a comida, a fim de testar Seu povo

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    e expor a sua falta de fé. Alguns até mesmo poderão fazer referência a Hebreus 3:12 quefala de um perverso coração de incredulidade. De acordo com esse ponto de vista os filhosde Israel não tiveram fé suficiente para esperar, confiar e descansar em Deus, nem paralouvá-Io. Por causa de um perverso coração de incredulidade, eles se queixaram. Por essemotivo, Deus os repreendeu. Então enviou codornizes à tarde e o maná de manhã. Entãoenviou codornizes à tarde e o maná de manhã.

    Essa compreensão de Êxodo 16 é muito superficial. Para se entender o capítulo dessamaneira, não se exige a iluminação do Espírito Santo. Os que apreendem esse trecho dessemodo, poderão ler a Bíblia como uma criança de nível primário, que lê as palavras, masnada possui além de um conhecimento natural e superficial do que está lendo.

    Se tivermos visão espiritual, perceberemos que Êxodo 16 revela a vontade do povoredimido por Deus no sentido de querer viver uma vida natural. A Sua intenção, porém,era de que eles viverem uma vida celestial. Desejando viver de maneira semelhante a doEgito, o povo lembrou-se de como se sentava junto às panelas de carne, desfrutando dacomida egípcia. Mas a vontade de Deus era que eles já não mais comessem de tal alimento.Queria que mudassem sua dieta e vivessem uma vida celestial. Desejava que se esque-cessem da dieta egípcia e participassem da comida celestial, um tipo de comida queninguém jamais comera antes. Deus parecia dizer a Seu povo: "Até agora, ninguém comeucomida celestial. Quero fazer de vocês um povo celestial, quero que tenham uma vidacelestial e que vivam de acordo com ela. A partir de agora, alimentá-los-ei com uma dietacelestial."

    Ao ler a Palavra, aprendi a não confiar em minha compreensão natural. Ao chegar aesse capítulo de Êxodo, não fiquei satisfeito com a compreensão natural dessa porção. Eunão quero tomar o tempo dos irmãos, falando de acordo com o conceito natural. Por issodisse ao Senhor: "Se quiseres que eu fale deste capítulo, precisas dar-me a Tua luz e a Tuavisão. Mostra-me o que está em Tua mente a respeito dele." Enquanto orava, atentei aoSenhor e considerei este capitulo à Sua presença, e a luz começou a brilhar. Sob o brilho daluz, percebi que o ponto crucial aqui é que, embora o Seu povo quisesse continuar vivendoa velha vida egípcia, a intenção de Deus era levá-lo a viver um outro tipo de vida. Porqueo Seu alvo era mudar-lhes a dieta, Ele não lhes enviou comida imediatamente apósentrarem no deserto. Em Sua sabedoria, Deus, por vontade própria, demorou a providen-ciar-lhes comida. Se lhes tivesse mudado antes a dieta deles não teriam ficado adequada-mente impressionados. Ele percebeu que, se esperasse até que tivessem uma necessidade eentão enviasse o maná celestial, ficariam impressionados de maneira mais profunda eduradoura.

    Os filhos de Israel se alimentaram de maná no deserto por um período de quarentaanos. A Bíblia nos diz que somente duas vezes tiveram problemas a esse respeito. EmÊxodo 16, o povo foi disciplinado por Deus. Essa disciplina treinou-os a não desejarem adieta egípcia. Mas, de acordo com Números 11, um ano mais tarde, o povo novamenteteve desejo daquela comida. Após serem disciplinados por Deus mais severamente emQuibrote-Taavá, já não tiveram quaisquer problemas com a dieta celestial por Ele provi-denciada. Deus certamente era um bom Pai para Seu povo. Primeiramente, os filhos deIsrael foram disciplinados no deserto. Depois, um ano mais tarde, aconteceu o mesmo emQuibrote-Taavá. Se Ele enviasse o maná antes de o povo chegar ao deserto, não o teriamapreciado, e provavelmente, nada aprenderiam. Após chegarem ao deserto e perceberemque não havia comida, começaram a murmurar e a queixar-se. Na tarde daquele dia, Deusenviou codornizes, a fim de satisfazer sua concupiscência. Na manhã seguinte, o manáveio. Sem dúvida, isso os impressionou profundamente.

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    A. Satisfazendo a sua Concupiscência com Codornizes

    A comida do Egito convinha à carne do povo de Deus. Quanto mais a ingeriam, maiscarnais se tornavam, pois aquela dieta se harmonizava com a carne do povo e a nutria. Omaná, porém, era uma comida de outro tipo. Vinha do céu e fazia com que os que ocomessem se tornassem celestiais. Quando murmuravam os filhos de Israel no deserto, talmurmurar estava de acordo com sua carne. Isso significa que reclamavam segundo ovelho "ego", de acordo com o velho homem. Em seu murmurar, não estavam vivendocomo o povo redimido por Deus, mas como um povo natural.

    A carne aqui não significa apenas a parte de concupiscência do nosso ser, mas a totali-dade do nosso ser caído, do nosso velho homem. Embora o povo de Deus fosse redimido,eles ainda viviam como egípcios, como quem não fora por Ele redimido. Por isso Deusenviou codornizes, a fim de satisfazer-lhes as concupiscências carnais. A primeira vez queas mandou se registra em Êxodo 16. Embora disciplinasse o povo, Sua disciplina nessaocasião não era severa. Na segunda vez, "se acendeu a ira de Jeová contra o povo, e o feriucom praga mui grande" (Nm 11:33, hebraico). Números 11:34 prossegue dizendo: "Peloque o nome daquele lugar se chamou Quibrote-Taavá, porquanto ali enterraram o povoque teve o desejo das comidas dos egípcios". Quibrote-Taavá significa "tumbas da concu-piscência".

    Antes de ferir o povo com grande praga, Deus enviou codornizes em abundância. Demaneira miraculosa, alimentou-os com codornizes por trinta dias (Nm 11:19-20). EmNúmeros 11:31, encontramos uma descrição do vasto número de codornizes: "Entãosoprou um vento de Jeová, e trouxe codornizes do mar, e as espalhou pelo arraial quasecaminho de um dia, ao seu redor, cerca de dois côvados sobre a terra" (hebraico). Queabundância de codornizes! A princípio, as pessoas ficaram alegres. Mas, por fim, as codor-nizes se lhes tornaram um fastio, porque tinham de comê-las até a carne sair por suasnarinas (Nm 11:20). Em Números 11:33, lemos: "Estava ainda a carne entre seus dentes,antes que fosse mastigada, quando acendeu a ira de Jeová contra o povo" (hebraico).

    Precisamos aplicar o registro de Números 11 à nossa experiência. Se continuarmos a terdesejos de coisas mundanas após sermos salvos, Deus no-las poderá dar. Suponha, porexemplo, que você deseje um carro novo. Deus poderá dá-lo a você, a fim de satisfazer-lhea concupiscência, mas Ele não ficará feliz em fazê-lo. Pelo contrário, dará o que vocêdeseja, para mostrar-lhe a Sua glória, a Sua ira e a Sua suficiência. Da mesma maneiracomo enviou codornizes em abundância aos filhos de Israel, poderá conceder-lhe tantoscarros, a ponto de se tornarem uma abominação para você. Deus lhe dará o que vocêdeseja, mas você poderá experimentar o Seu descontentamento. Mais cedo ou mais tarde,os próprios carros que você desejou se lhe tornarão em aborrecimento.

    Conheci alguns cristãos que tinham um grande amor por dinheiro quando ainda jovenscristãos. Mas, depois que se tornaram ricos, o dinheiro que amavam tornou-se-lhes abomi-nável. Além disso, sofreram morte espiritual. Todos os cristãos hoje precisam ouvir o ensi-namento das Escrituras a esse respeito.

    Quero encorajar todos os irmãos a não amarem o mundo e a não terem desejos segundoa carne por coisas mundanas; isso, porém, é exatamente o que muitos cristãos fazem hoje.Para satisfazer suas concupiscências, eles perseguem as coisas do Egito. Deus podepermitir que obtenham o que desejam, mas isso não é um sinal positivo. Não pense que, seEle lhe der o que deseja, significa que concorda com você, que está contente com você, ouque pretende edificá-lo. Pelo contrário, esse é um sinal de Sua ira e desprazer. A maioria

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    dos cristãos, hoje, foram atingidos por Deus em Sua ira. Por isso com eles não há vida,somente morte espiritual.

    Espero que todos os irmãos na restauração do Senhor, principalmente os jovens, apren-dam a esquecer o mundo e a não ter desejos por coisas egípcias. O Deus que nos salvou éreal, vivo, fiel e resoluto, e Ele cuidará de nossas necessidades. Não é preciso desejarmoscoisas mundanas. Já não somos mais pessoas mundanas. Somos o povo escolhido porDeus, e Ele quer que vivamos uma vida celestial. Posso testificar que o Senhor é fiel edigno de nossa confiança. Através de minha experiência, aprendi a não agir de acordocomigo mesmo. Qualquer coisa que eu faça em mim mesmo Lhe desagradará. Digo nova-mente que o Senhor quer ser tudo para nós e fazer tudo por nós. É o Seu desejo dar-nosalimento celestial, fazer chover maná sobre nós. Pela participação dessa comida celestial,seremos um povo celestial, vivendo uma vida celestial. Isso nos fará totalmente diferentesdo povo do mundo.

    B. Mostrando ao Povo a Sua Glória

    Por meio da disciplina de Deus, os filhos de Israel viram a Sua glória, mas não a viramde maneira agradável. Na mensagem anterior, enfatizamos que, frequentemente, ao mur-murarmos contra o Senhor, Sua glória nos aparece. Mas quando somos corretos com Ele,Sua presença pode não parecer particularmente perceptível. Nas reuniões da igreja, porexemplo, você pode não sentir a presença do Senhor de maneira especial; mas, se tentarentregar-se a alguma forma de entretenimento mundano, terá a forte percepeção da Suapresença. O Senhor, em seu interior, pode ficar muito ativo, até mesmo irritado. Essa é aglória do Senhor lhe aparecendo. Quando faz Sua vontade, pode não senti-Lo com você;mas ao desobedecer-Lhe, terá a clara impressão de que está com você. Essa é a aparição daSua glória, mas não da maneira positiva.

    C. Mostrando ao Povo a Sua Suficência.

    Além disso, normalmente, através de algum tipo de experiência negativa, muitos de nóschegamos a conhecer a suficiência do Senhor. Aprendemos, talvez de maneira vergonhosa,que Ele é, em realidade, suficiente. Um irmão do Extremo Oriente, por exemplo, podechegar muito pobre a este país; mas, alguns anos mais tarde, tem um diploma de doutor eum bom emprego. Ele agora pode testificar a suficiência de Deus. Outros podem testificarque, embora quisessem uma casa de três quartos, Deus lhes deu uma de cinco. Nesseponto, Deus mostrou-lhes Sua suficiência. Ele, todavia, não o fez de maneira positiva, masnegativa.

    Com o Senhor não há escassez; em Números 11, porém, Moisés não o percebeu. Eledisse ao Senhor que o povo se constituía de seiscentos mil homens de pé (v. 21). Conti-nuou, perguntando ao Senhor; "Matar-se-ão para eles rebanhos de ovelha e de gado, quelhes bastem? ou se ajuntarão para eles todos os peixes do mar, que lhes bastem?" (v. 22).Percebemos aqui que Moisés imaginava como Deus haveria de suprir carne para seis-centos mil homens mais mulheres e crianças por um período de trinta dias. De acordo como versículo 23, o Senhor respondeu a Moisés: "Ter-se-ia encurtado a mão de Jeová? Agoramesmo verás se te cumprirá ou não a minha palavra" (hebraico). O Senhor não precisavade rebanhos, manadas ou peixes. Sua intenção era enviar uma grande quantidade de co-dornizes.

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    Muitos de nós podemos testificar que, após sermos salvos, recebemos o que desejá-vamos. Na verdade, recebemo-lo em tal abundância, que saiu pelas nossas narinas elevou-nos a sofrer morte espiritual. Quanto mais carros e casas um irmão tiver, porexemplo, com mais problemas ele deparará. Por fim, essas coisas se lhe tornarão aborrece-doras. Embora de maneira negativa, chegamos a ver que o Senhor é suficiente. Adoramo-Lo então por Sua suficiência.

    Como os filhos de Israel em Números 11, precisamos perceber a ira e a suficiência deDeus. Então realmente saberemos que Ele é fiel para ir ao encontro das nossas necessida-des. Em verdade, podemos, às vezes, ter muito mais do que precisamos. Mas, cedo outarde, aprenderemos a não desejar coisa alguma. Poderemos até mesmo chegar a dizer aoSenhor que não queremos mais carros nem casas. Em outras palavras, não queremos maiscodornizes. Pelo contrário, estaremos contentes com o maná celestial. O maná vem de ma-neira simples e jamais causa problemas.

    No início de seus anos de deserto, os filhos de Israel aprenderam a não desejar a comidaegípcia. Por um ano, não tiveram problemas com a sua dieta de maná. Mas, ao se quei-xarem novamente, Deus os disciplinou e treinou de maneira severa. Depois dessa disci-plina, eles aprenderam uma lição eterna. Daquele dia em diante, satisfizeram-se com adieta celestial. Continuaram a alimentar-se de maná por mais de trinta e oito anos. Você jáaprendeu a ficar satisfeito com a comida celestial e a não desejar as coisas do Egito? Comopovo redimido por Deus, não deveríamos desejar as coisas do mundo. Precisamos perce-ber que o nosso Deus é real, vivo, fiel e resoluto. Porque nos salvou com um propósito,certamente nos guiará e cuidará de nós à Sua maneira. Não é preciso nos preocuparmoscom as coisas, nem as desejarmos. Ele conhece todas as nossas necessidades e as satisfazna hora certa segundo a dieta celestial.

    Quanto mais desfrutamos da comida que o Senhor nos envia, mais celestiais nostornamos. Esqueçamo-nos das panelas de carne do Egito e fiquemos felizes e satisfeitoscom a dieta celestial. Desfrutemos do suprimento celestial de Deus, de modo que possa-mos ser um povo celestial em todos os sentidos, Então, embora andemos num desertoterreno, seremos um povo celestial com uma dieta celestial. A fonte do nosso suprimentonão está na terra — está nos céus. A cada dia, Deus faz chover a comida celestial sobre nós,de modo que possamos dela comer e tornarmo-nos um povo celestial.

    A maneira de Deus tratar com a carne de Seu povo é mudar-lhe a dieta. Esse é o verda-deiro tratamento da carne do povo de Deus. Deparando de maneira superficial com esseponto do tratar com a carne de maneira superficial, alguns mestres cristãos dizem ser elatratada pela cruz. Mas, continuando, como um todo ou sendo cortada em pedaços, elaainda permanece carne. O tratamento correto da carne vem através da mudança de dieta.

    Quando estavam no deserto, os filhos de Israel queriam viver à velha maneira; dese- javam as comidas do Egito. De acordo com Números 11:5, eles disseram: "Lembramo-nosdos peixes que no Egito comíamos de graça; dos pepinos, dos melões, dos alhos silvestres,das cebolas e dos alhos". Essa dieta egípcia constituiu o povo com o elemento do Egito, umelemento que correspondia à sua carne. A intenção de Deus não é apenas tratar com acarne de Seu povo, mas também fazer com que ela seja deixada de lado. O seu desejo é darao Seu povo uma outra dieta e através dela reconstituí-los. Em Êxodo 16, notamos que suadieta já não mais consistia em comidas do Egito, mas tão somente em comida celestial.Essa é a maneira de Deus tratar com a carne.

    Como seres caídos, nós, na totalidade de nossa natureza caída, nada somos senão carne.Mesmo se essa carne for cortada em pedaços, permanecerá carne. A maneira de Deus tra-tar com ela é colocá-la de lado e não alimentá-la. Por isso Ele muda a dieta de Seu povo e

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    lhes envia comida de que sua carne não gosta. Mudando-lhes a dieta e alimentando-oscom o maná do céu, Ele os faz ter uma constituição diferente. Esse é o ponto crucial deÊxodo 16. Nesse capítulo, percebemos a mudança de dieta, que resulta na reconstituição etransformação do povo escolhido por Deus.

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    EESSTTUUDDOO--VVIIDDAA DDEE ÊÊXXOODDOO MENSAGEM TRINTA E QUATRO

    A MUDANÇA DE DIETA

    Leitura da Bíblia: Êx 16:1-5, 13:31, 35; Nm 11:1-9, 16-20, 31-34; Jo 6:27, 31-35, 48-51, 57-58

    Nesta mensagem, consideraremos a mudança de dieta mencionada no capítulo 16. Nãohá nada tão crucial em todo o livro de Êxodo quanto essa passagem. Vimos, anteriormen-te, a importância da páscoa no capítulo 12. Esta implica em redenção e regeneração,porque nela temos o sangue do cordeiro para redenção e a sua carne para vida. Assim,com a páscoa temos a redenção e a vida, dois pontos básicos. Em Êxodo 12, porém, nãoanalisamos o ponto decisivo da mudança de dieta. A intenção de Deus é mudar nossa

    constituição, isto é, Ele pretende reconstituir-nos. Poucos leitores deste livro perceberamque a reconstituição do povo de Deus está implícita no capítulo 16. O ponto crucial nestecapítulo é que Deus pretende reconstituir Seu povo redimido, mudando-lhe a dieta.

    Êxodo apresenta uma figura clara da salvação de Deus, uma figura que não se encontraem nenhum outro livro da Bíblia, nem mesmo nas epístolas de Paulo. Esse quadro nosmostra que, em Sua salvação, Deus deseja trabalhar-Se dentro de nós, para ser tudo paranós. Ele quer ser o nosso tudo, de modo que possamos ser edificados como Sua habitaçãona terra. Para retratar isso, Êxodo se conclui com o estabelecimento do tabernáculo como ahabitação para a glória de Deus.

    Para o cumprimento de Seu propósito, Deus não quer que Seu povo redimido seja algo

    nem faça coisa alguma. Para que sejamos Sua habitação, Ele quer ser tudo para nós e fazertudo por nós. Isso indica que não devemos ser alguém nem fazer coisa alguma. Você estádisposto a ser ninguém? Você está também disposto a cessar de agir? Duvido que muitoscristãos possam responder a essas perguntas de maneira positiva. Quando vivíamos nomundo, não tínhamos um coração para o Senhor e não nos preocupávamos em fazer nadapara Ele. Mas, após entrarmos para a Sua restauração, imediatamente tivemos o desejo denos tornar algo ou de fazer alguma coisa por Ele. Isso ocorre tanto com os jovens quantocom os velhos. Os velhos têm muitos planos e os jovens têm muito desejo e energia.Embora queiramos ser algo e fazer tanto quanto possível, Deus dirá: "Não quero que vocêfaça nada nem quero que você seja coisa alguma. Deixe-me fazer e ser tudo para você."

    Ao considerarmos essa figura da salvação de Deus, apresentada em Êxodo, notamosque os filhos de Israel não deviam fazer nem ser coisa alguma. Sempre que faziam algo, oSenhor se ofendia, até mesmo quando faziam algo de bom. Ele simplesmente queria que opovo estivesse à Sua mão, de modo que pudesse trabalhar-Se dentro deles. Se tivermosuma compreensão clara disso, teremos uma base sólida para entender o livro de Êxodo.  Quando chegamos ao capítulo 16, verificamos a importância da reconstituição. Nocapítulo 12, o povo de Deus foi redimido, e no 14, foi libertado. Mas, embora redimidos,salvos, resgatados e libertos, e embora suas necessidades tivessem sido supridas, ainda erapreciso serem reconstituídos. O povo de Deus necessita de uma nova constituição. Oponto principal do capítulo 16 não é a redenção, a libertação e nem mesmo o suprimento,

    o ponto primordial desse capítulo é a reconstituição através de uma mudança de dieta.Embora os filhos de Israel tivessem sido redimidos e libertos, ainda eram egípcios em

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    sua constituição. As células e as fibras de seu ser eram egípcios em natureza. No que dizrespeito à constituição, não havia diferença entre eles e os egípcios. Eles haviam sidosalvos, redimidos, resgatados e supridos, mas sua constituição era exatamente a mesmadaquele povo. Deus jamais poderia usar esse material para Sua habitação celestial.

    O desejo de Deus é utilizar o Seu povo como o material para a edificação de Suahabitação na terra. Contudo, apesar de o povo já não estar mais no Egito, ele ainda eraegípcio em sua constituição. O seu tecido era egípcio. Era uma composição desse ele-mento, porque crescera no Egito e fora criado com a dieta egípcia de pepinos, melões,cebolas e alho.

    Tudo o que eles comiam era egípcio. A intenção de Deus não é introduzir uma porçãode egípcios redimidos nos céus, Ele pode libertar do Egito os que têm uma constituiçãoegípcia, mas não haverá de introduzi-los na Sua habitação. A fim de ser o material paraSua habitação, o Seu povo deve ser reconstituído. Como os filhos de Israel, fomos hojelibertados do Egito, do mundo, mas em nossa natureza e constituição ainda somos mun-danos. Por isso nos é necessário compreender o ponto crucial do capítulo 16 sobre amudança de constituição.

    Na época em que introduziu o Seu povo no deserto, Deus estava pronto a mudar-lhes aconstituição. Essa era a razão de não os suprir imediatamente com comida. Ao marcharempara fora do Egito, carregaram consigo determinada quantidade de comestíveis egípcios.Esse suprimento de comida sustentou-os durante mais ou menos um mês. Quando suacomida egípcia acabou, o povo careceu de alimento. Embora conhecesse sua necessidade,Deus não agiu imediatamente para ir ao encontro dela. Este é frequentemente, o princípiode Deus ao trabalhar conosco. Ele sabe que precisa fazer algo para nós, mas não o faz, porperceber que, se agir prematuramente, não seremos expostos. Por isso, em Êxodo 16, es-perou silenciosamente nos bastidores, até que os filhos de Israel fossem expostos. Apóscomer os últimos alimentos egípcios e não ter nada mais para a refeição seguinte, o povoficou atribulado. Ficaram tão aborrecidos, que se esqueceram dos milagres que Deusfizera, e murmuraram e se queixaram a Moisés e Arão. Como já enfatizamos, ao murmu-rarem, foram bem eloquentes. Mas, ao murmurarem e se queixarem, foram expostos. Duascoisas a seu respeito foram expostas: que estavam constituídos pelo elemento egípcio eque seu apetite, fome, sede e desejo ainda eram egípcios. Ao murmurarem, expressaramseu desejo pela comida egípcia: "Quem nos dera tivéssemos morrido pela mão de Jeová naterra do Egito, quando estávamos sentados junto às panelas de carne, e comíamos pão afartar!" (16:3, hebraico). Isso prova que o apetite deles era egípcio.

    Suponha que Deus fizesse chover o maná antes de os filhos de Israel chegarem aodeserto de Sim, e lá estivesse esperando por eles. Nesse caso, o povo não teria sido expos-to, mas simplesmente comeria do maná; e o problema de sua constituição e apetiteegípcios não teria vindo à luz. Portanto, em Sua sabedoria, Deus não enviou o suprimentocelestial de maná até que o povo fosse exposto por meio da falta de alimentação.

    Toda vez que estamos desnutridos somos expostos. Se estivermos sempre adequada-mente supridos, muitas coisas permanecerão cobertas. Mas, quando nos falta a alimen-tação adequada, somos invariavelmente expostos. Quando estão satisfeitos com boacomida, a maioria das pessoas não pensa em roubar. Mas, se houver uma severa falta decomida, muitas delas, educadas e cultas, tornar-se-ão ladras. Serão expostas devido à faltade comida. De acordo com o registro de Êxodo 16, Deus não deu a Seu povo nada paracomer enquanto este não foi exposto. Era necessário que sua fome, apetite, desejo econstituição egípcios fossem trazidos à luz.

    Depois de o povo ser exposto, Deus apareceu para satisfazer sua concupiscência,

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    enviando codornizes à tarde. De acordo com 16:12, o Senhor disse a Moisés: "Tenhoouvido as murmurações dos filhos de Israel; dize-lhes: Ao crepúsculo da tarde comereiscarne, e pela manhã vos fartareis de pão e sabereis que eu sou Jeová vosso Deus"(hebraico).

    Precisamos ver o significado de Deus enviar as codornizes e o maná. Mandou ascodornizes para satisfazer o apetite egípcio do povo, mas enviou o maná para reconstituí-lo. Além disso, com o envio das codornizes não havia regulamentos nem restrições. Deusnão disse ao povo a quantidade que deveriam juntar nem como fazê-lo. Elas foram man-dadas de maneira livre e irrestrita, pois a carne não quer ter qualquer restrição. Em outraspalavras, porque a dieta egípcia não tem restrições, as codornizes foram enviadas deacordo com ela, sem restrição nem regulamento. Os que comeram as codornizes não eramrestringidos nem regulados de modo algum. O envio do maná, pelo contrário, foi acompa-nhado por vários regulamentos.

    Alguns, podem ficar surpresos ao ouvir falar de regulamentos vindos juntamente com oenvio do maná. De acordo com sua compreensão, não há regulamentos com a graça. Naverdade, há mais regulamentos