Estudo Sobre o Consumo De Media

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Estudo sobre o consumo dos Media em Portugal.

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Mass – Media; Formar ou Informar?Filosofia (10ºano)

Mass Media

Formar ou Informar?

Pedro Miguel CarvalhoEscola Secundária da MaiaPedro Miguel Carvalho

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Escola Secundária/3 da Maia10ºQNº26

Pedro Miguel Sousa Carvalho Ciências Sociais e Humanas

Filosofia

ÍndicePágina 4 – Introdução

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Página 5 – Estudo sobre o consumo de media

Página 8 – Constituição da República (disposições relevantes)

Página 12 – Manipulação da Sociedade pelos grandes grupos de Media.

Página 20 – A Importância da TV na comunicação política

Página 25 – Conclusão

Página 26 – Bibliografia

Introdução

Segundo o artigo 37º da Constituição da República Portuguesa “Todos têm o

direito de exprimir e divulgar livremente o seu pensamento pela palavra, pela

imagem ou por qualquer outro meio, bem como o direito de informar, de se

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informar e de ser informados, sem impedimentos nem discriminações.” ; “ O

exercício destes direitos não pode ser impedido ou limitado por qualquer tipo

ou forma de censura.”

Hoje em dia estes dois direitos consagrados pela lei fundamental portuguesa

bem como outros que regulamentam a liberdade de imprensa são por vezes

postos em causa devido a vários factores, que mais a frente serão tratados

com maior profundidade.

O meu trabalho irá focar-se mais em profundidade no meio de comunicação em

massa mais “consumido” pela população, ou seja, a televisão, procurarei

demonstrar a importância que a televisão tem na forma de pensar e agir das

pessoas bem como na liberdade de comunicação e na manipulação da

televisão enquanto forma de formar em vez de informar.

Estudo sobre o consumo de media

Actualmente a presença diária dos meios tradicionais mantém-

se e o consumo de todos os tipos de media desenvolve-se de uma

forma transversal, cada um com um papel e uma importância

específica na cadeia de comunicação das marcas com o consumidor,

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não obstante o facto de se assistir a um forte dinamismo da internet

como meio de consumo. Esta é uma das principais conclusões do

"Observatório News" da Novadir.

A Televisão é o meio que continua a ter o maior número de

utilizadores diários, com destaque para o fim-de-semana,

independentemente do número de horas dedicado, e assume-se

como um meio transversal, ou seja, com elevada penetração em

todas as variáveis sócio-demográficas. Este meio apresenta-se

também como o de maior impacto para o conhecimento seja de

marcas seja de personalidades políticas.

Ilustração 1 Nº Notícias emitidas (Abril 09)

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Ilustração 2 Duração notícias emitidas (Abril 09)

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Ilustração 3Audiência média

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A Rádio, que aparece logo a seguir à Televisão (77% de

penetração), assume forte expressão durante a semana, perdendo

posicionamento durante o fim-de-semana, sendo também um meio

de consumo muito homogéneo.

Os jornais apresentam-se como o 3º meio privilegiado de

consumo (66% lêem jornais, independentemente da sua

periodicidade) e com tendência crescente de consumo: "37% dos

consumidores afirmam que lêem mais jornais do que há dois anos",

sendo os homens os que apresentam maior afinidade com este meio.

Não obstante este posicionamento como 3º meio de maior

penetração de consumo, apresenta um menor número de utilizadores

diários (heavy users) do que a internet.

Apesar de continuarmos a assistir ao crescimento dos canais de

comunicação "tradicionais", verificamos que os chamados new media

começam a ganhar uma importância acrescida: a Internet, que surge

no nosso País apenas em meados da década de 80, assume uma

penetração de consumo regular de 61%, sendo durante a semana

que este meio apresenta a sua maior expressão e, inclusive, cerca de

75% referem que consomem actualmente mais internet do que há

dois anos, o que reflecte a importância crescente deste meio, não

obstante o facto de se apresentar ainda como mais descriminaste

junto das classes sociais mais altas e junto de consumidores mais

jovens.

As revistas, meio "tradicional" até há algum tempo próximo dos

jornais, surge como o 5º meio de consumo, com menos de metade

dos entrevistados a referir que lêem revistas de forma regular e

inclusive 20% refere que lê menos revistas do que há dois anos. São

as mulheres o target de maior afinidade com este meio.

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CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA Disposições relevantes em matéria de Comunicação Social

Artigo 26º

(Outros direitos pessoais)

2. A lei estabelecerá garantias efectivas contra a utilização abusiva, ou

contrária à dignidade humana, de informações relativas às pessoas e famílias.

3. A lei garantirá a dignidade pessoal e a identidade genética do ser humano,

nomeadamente na criação, desenvolvimento e utilização das tecnologias e na

experimentação científica.

4. A privação da cidadania e as restrições à capacidade civil só podem

efectuar-se nos casos e termos previstos na lei, não podendo ter como

fundamento motivos políticos. 

Artigo 37º

(Liberdade de expressão e informação)

1. Todos têm o direito de exprimir e divulgar livremente o seu pensamento pela

palavra, pela imagem ou por qualquer outro meio, bem como o direito de

informar, de se informar e de ser informados, sem impedimentos nem

discriminações.

2. O exercício destes direitos não pode ser impedido ou limitado por qualquer

tipo ou forma de censura.

3. As infracções cometidas no exercício destes direitos ficam submetidas aos

princípios gerais de direito criminal ou do ilícito de mera ordenação social,

sendo a sua apreciação respectivamente da competência dos tribunais judiciais

ou de entidade administrativa independente, nos termos da lei.

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4. A todas as pessoas, singulares ou colectivas, é assegurado, em condições

de igualdade e eficácia, o direito de resposta e de rectificação, bem como o

direito a indemnização pelos danos sofridos.

Artigo 38º

(Liberdade de imprensa e meios de comunicação social)

1. É garantida a liberdade de imprensa.

2. A liberdade de imprensa implica:

a) A liberdade de expressão e criação dos jornalistas e colaboradores, bem

como a intervenção dos primeiros na orientação editorial dos respectivos

órgãos de comunicação social, salvo quando tiverem natureza doutrinária ou

confessional;

b) O direito dos jornalistas, nos termos da lei, ao acesso às fontes de

informação e à protecção da independência e do sigilo profissionais, bem como

o direito de elegerem conselhos de redacção;

c) O direito de fundação de jornais e de quaisquer outras publicações,

independentemente de autorização administrativa, caução ou habilitação

prévias.

3. A lei assegura, com carácter genérico, a divulgação da titularidade e dos

meios de financiamento dos órgãos de comunicação social.

4. O Estado assegura a liberdade e a independência dos órgãos de

comunicação social perante o poder político e o poder económico, impondo o

princípio da especialidade das empresas titulares de órgãos de informação

geral, tratando-as e apoiando-as de forma não discriminatória e impedindo a

sua concentração, designadamente através de participações múltiplas ou

cruzadas.

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5. O Estado assegura a existência e o funcionamento de um serviço público de

rádio e de televisão.

6. A estrutura e o funcionamento dos meios de comunicação social do sector

público devem salvaguardar a sua independência perante o Governo, a

Administração e os demais poderes públicos, bem como assegurar a

possibilidade de expressão e confronto das diversas correntes de opinião.

7. As estações emissoras de radiodifusão e de radiotelevisão só podem

funcionar mediante licença, a conferir por concurso público, nos termos da lei.

Artigo 39º

(Alta Autoridade para a Comunicação Social)

1. O direito à informação, a liberdade de imprensa e a independência dos

meios de comunicação social perante o poder político e o poder económico,

bem como a possibilidade de expressão e confronto das diversas correntes de

opinião e o exercício dos direitos de antena, de resposta e de réplica política,

são assegurados por uma Alta Autoridade para a Comunicação Social.

2. A lei define as demais funções e competências da Alta Autoridade para a

Comunicação Social e regula o seu funcionamento.

3. A Alta Autoridade para a Comunicação Social é um órgão independente,

constituído por onze membros, nos termos da lei, com inclusão obrigatória:

a) De um magistrado, designado pelo Conselho Superior da Magistratura, que

preside;

b) De cinco membros eleitos pela Assembleia da República segundo o sistema

proporcional e o método da média mais alta de Hondt;

c) De um membro designado pelo Governo;

d) De quatro elementos representativos da opinião pública, da comunicação

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social e da cultura.

4. A Alta Autoridade para a Comunicação Social intervém nos processos de

licenciamento de estações emissoras de rádio e de televisão, nos termos da lei.

5. A Alta Autoridade para a Comunicação Social intervém na nomeação e

exoneração dos directores dos órgãos de comunicação social públicos, nos

termos da lei.

Artigo 40º

(Direitos de antena, de resposta e de réplica política)

1. Os partidos políticos e as organizações sindicais, profissionais e

representativas das actividades económicas, bem como outras organizações

sociais de âmbito nacional, têm direito, de acordo com a sua relevância e

representatividade e segundo critérios objectivos a definir por lei, a tempos de

antena no serviço público de rádio e de televisão.

2. Os partidos políticos representados na Assembleia da República, e que não

façam parte do Governo, têm direito, nos termos da lei, a tempos de antena no

serviço público de rádio e televisão, a ratear de acordo com a sua

representatividade, bem como o direito de resposta ou de réplica política às

declarações políticas do Governo, de duração e relevo iguais aos dos tempos

de antena e das declarações do Governo, de iguais direitos gozando, no

âmbito da respectiva região, os partidos representados nas assembleias

legislativas regionais.

3. Nos períodos eleitorais os concorrentes têm direito a tempos de antena,

regulares e equitativos, nas estações emissoras de rádio e de televisão de

âmbito nacional e regional, nos termos da lei.

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Manipulação da sociedade pelos grandes grupos de Media

Os grandes grupos empresariais de comunicação estão a utilizar a

propaganda para obter um controle social e uma manipulação da sociedade.

Outra questão levantada é que à medida que os mass media se tornam

mais influentes na sociedade, o gosto estético e o interesse pela real e

verdadeira cultura popular decaem. Existe um grande risco quanto ao poder

critico e o conformismo da sociedade enquanto manipulada por estes grandes

veículos.

A principal consequência dos mass media na sociedade actual é o risco

da deterioração do gosto estético e da qualidade dos padrões culturais

populares.

Existe uma grande dificuldade em mensurar com precisão qual é o

impacto social e psicológico causado pelos mass media, devido a falta de

pesquisas no campo comportamental. “O fato de se conhecer o número de

horas que as pessoas utilizam a televisão nada nos indica sobre os efeitos

daquilo que vêem”.

A manipulação dos Mass Media era utilizada pelos ditadores, para

fazerem passar as suas mensagens.

Todas as reivindicações e revoluções sociais conquistadas no século

XIX serviram posteriormente para que as pessoas tivessem mais tempo para

lazer e cultura. Os Mass Media tomaram esse espaço desempenhando um

papel controlador e omnipresente na vida das pessoas. Algumas funções

sociais do Mass Media são estabelecidas como: Aqueles que controlam os

meios “conferem prestigio e acrescem a autoridade de indivíduos e grupos,

legitimando seus status”.

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Uma das funções sociais dos Mass Media é a de tornar-se referência no

que diz respeito à verdade. Se um facto é exposto de determinada forma num

canal de de grande audiência, as pessoas tomarão como verdade absoluta o

que lhes é apresentado, sem a oportunidade do questionamento.

A publicidade utiliza-se dessa influência para tornar seus credíveis e

aumentar o número de vendas.

Actualmente a media portuguesa é controlada por um grupo restrito de

pessoas, ou seja muitos dos jornais e revistas que lemos, bem como os canais

televisivos que diariamente vemos são controlados por grupos empresariais

detentores de vários desses órgãos.

Os principais grupos de media privados nacionais são sem dúvida o

Grupo Impresa de Francisco Pinto Balsemão, o Grupo “Média Capital”, cujo

principal detentor do grupo é a empresa “Vertix SGPS SA”, uma empresa do

grupo investidor espanhol “Prisa”, e o grupo “Cofina” e a “PT Multimédia”

Para além dos grupos privados temos a “Portugal Global”, empresa

pública.

(Nas páginas seguintes serão apresentados organogramas que mostram

todas as empresas que os grupos que falei detêm na área da media, seja ela

digital, televisiva ou imprensa.)

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Organigrama 1 Grupo Impresa

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Organigrama 2 Grupo Média Capital

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Organigrama 3 Grupo Cofina

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Organigrama 4 Grupo Portugal Global

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Como podemos observar anteriormente (Organigramas 1;2;3;4) temos

uma grande variedade de revistas e jornais, bem como de canais de televisão

(e não falei aqui do canal privado “Sport TV” que praticamente detém o

monopólio das transmissões desportivas nacionais) mas que no fundo são

todos dos mesmos proprietários, portanto, por exemplo no caso dos jornais e

revistas podemos variar de publicação e estarmos sujeitos a que o grupo

detentor dessa publicação seja o mesmo de uma outra que lemos

anteriormente. No caso das televisões acontece o mesmo, vejamos o caso de

querermos ver notícias (nos canais nacionais). Se optarmos pelos generalistas

(RTP, SIC, TVI) temos desde logo um problema em mãos, é que todos os

noticiários dessas estações começam (e muitas vezes terminam) á mesma

hora, seja á hora de almoço, onde todos começam ás 13h00, seja á hora do

jantar, que todos começam ás 20h00, mas apesar, todos nós, por uma

qualquer razão que nem nós muitas vezes sabemos qual, optamos por um

deles e vemos as notícias que, para os redactores e editores daquele canal,

são os factos nacionais relevantes naquele dia, eles (os jornalistas e

responsáveis de redacção dos canais) utilizam hoje em dia várias formas de

captar o público, visto que todos os canais (privados ou não) vivem em função

das audiências que têm.

No caso da TVI, que para mim é o caso mais notório, utiliza sempre

polémicas bem como notícias bastante violentas para que os telespectadores

fiquem colados ao ecrã.

Se por acaso escolhermos ver os canais de especialidade noticiosa,

vamos dar ao mesmo, porque os donos, os responsáveis e os próprios

jornalistas são os mesmos dos canais generalistas como podemos ver nos

organigramas .

Para a maioria dos portugueses, aquilo que de importante se passou no

país e no mundo, foi aquilo que os responsáveis pelos telejornais escolheram.

Hoje em dia, com a internet (e segundo o estudo mostrado

anteriormente sobre o consumo de media), os portugueses começam a

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informar-se cada vez mais na internet, apesar de como também tivemos

oportunidade de ver anteriormente nos organigramas, as empresas de media

possuem sites de informação on-line, uma outra forma de viciarem o público

aos seus ideais.

No meu ponto de vista, enquanto consumidor assíduo de sites

informativos, um dos principais pontos negativos da consulta noticiosa via

internet é a quantidade de publicidade, que muitas vezes em pop-up (janela

extra que abre no navegador ao visitar uma página web) que nos distraem do

conteúdo do que estávamos a ler.

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A Importância da TV na comunicação política

A TV é muito importante. Todos reconhecem que se trata de um meio

vital para a difusão da mensagem política. Há mesmo quem afirme que só a

experiência pessoal é mais importante do que a TV na formação da opinião.

«A sociedade do espectáculo, de que falava Guy Debord, implantou-se

definitivamente a partir dos anos 60 e a televisão, esse lugar mágico à frente

do qual se reuniam as famílias, tornou-se o referencial pelo que se começou a

guiar a política». Fernando Sobral, in Diário Económico; 11/08/2004

A importância da televisão é de tal forma determinante que alterou a

forma de fazer política. (1)

Já faz parte do passado recorrer a grandes comícios, à mobilização frequente

de pessoas para manifestações e a uma agenda sobrecarregada ao longo do

dia para contactar o eleitorado.

Por outro lado, com a massificação dos aparelhos de TV em quase

todas as casas, e com as pessoas a darem mais importância ao que é

transmitido numa televisão do que, por exemplo, ao que se passa no

Parlamento, é natural que a actividade política seja muito pensada em função

das televisões.

O dia a dia das maiores organizações políticas é a preparação de

eventos para obter uma reportagem de um a dois minutos nos telejornais.

Em campanha eleitoral as iniciativas mais importantes são concebidas

para a televisão. O que se passa no palco é organizado em função da

cobertura das televisões, e se o slogan fizer parte dos títulos dos telejornais é a

«cereja no bolo».

Veja-se o relato no Público de um comício do PP: «Pouca gente, em

Aveiro, no comício do CDS-PP .Uma estreia com cheirinho a fiasco (…) O

comício estava marcado para as 18 horas, mas o seu início foi sendo adiado

sucessivamente, sempre à espera da enchente de apoiantes que nunca

chegou. (…) Estava já Nobre Guedes a “agradecer a Aveiro por ter respondido

à chamada”, quando Portas surgiu em palco, de mangas de camisa e mãos na

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cintura, mesmo a tempo de entrar em directo no Jornal da Noite da SIC. (…)

“Que outro partido senão o nosso, fora da campanha eleitoral e fora de Lisboa

e Porto, trocava o conforto dos coliseus e teatros e vinha fazer um comício para

a rua”?, perguntou, atento aos sinais que lhe eram feitos pelos membros da

Jota - empoleirados no palanque dos jornalistas - sempre que a SIC entrava

em directo.» Público – 10/05/98

Em Portugal esta importância é ainda maior, tendo em conta o elevado

número de horas que os portugueses passam em frente do televisor, e também

porque é reduzido o número de leitores de livros e jornais. Um estudo

divulgado em Julho de 2004 revelava que apenas 13% dos portugueses tinha

lido um livro no ano anterior. Nos países nórdicos esse valor variava entre os

60 e os 70%.

De todos os meios de comunicação, a televisão é o que exige uma

mensagem menos racionalizada. A televisão não é para debater ideias. A

televisão é espectáculo. Não é preciso imaginar, é desnecessário ler nas

entrelinhas. O que está lá é tudo e o tudo é uma impressão.

«A televisão fixa impressões, ideias vagas, cria imagens, faz

estereótipos, e só. Ao terminar a mensagem, o comunicador terá passado um

conceito. “Ele é inteligente; é culto; é incapaz; é ridículo; etc.”. Raros

telespectadores serão capazes de repetir o raciocínio que os impressionou» -

Eduardo Portella Netto

É raro o espectador que questiona as imagens mostradas pela televisão.

«Quase sempre partimos do pressuposto que as imagens representam a

realidade. Uma vez aceites, as ideias que depois formamos na nossa cabeça

servem de ficções que guiam os nossos pensamentos e acções.» (1)

E, de facto, o que mostra a televisão pode ser profundamente manipulado.

É significativa a capacidade de manipulação dos vários elementos

constitutivos de um frame.

«O grande potencial da televisão é, em parte, devido aos seu carácter

multimodal – isto é, o facto de ela operar ao mesmo tempo nos registos visual e

sonoro, podendo usar simultaneamente a fala, a música, imagens e legendas

para transmitir a sua mensagem – e em parte devido aos recursos técnicos –

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cortes, edição, mudanças de luz, etc. – que lhe permitem orientar a atenção do

espectador para aspectos que se queira destacar. Bem exploradas, essas

qualidades de televisão permitem a realização de propagandas políticas que

saturam a capacidade de processamento de informações do espectador e

abalam a sua capacidade de opor um sentido crítico às interferências que lhe

são apresentadas. O modo como os recursos técnicos têm sido combinados na

televisão acabou por criar uma “gramática do sentimento”, que conduz, por

exemplo, o espectador a reagir negativamente diante da combinação de

recursos tais como cortes abruptos de câmara, imagens a preto-e-branco e

iluminação sombria, para não falar do efeito emocional causado pelo fundo

musical ameaçador» - Kathleen Hall Jamieson em “Dirty Politics: Deception,

Distraction and Democracy”

Os profissionais contratados pelos políticos aprenderam a dominar estes

recursos e técnicas, e parte do trabalho que produzem para televisão visa

alcançar alguns dos efeitos referidos.

Segundo o estudo realizado pela Marktest em Abril de 2009, José

Sócrates foi a personalidade que por mais vezes interveio na primeira pessoa

nos serviços regulares de informação da RTP1, RTP2, SIC e TVI, fazendo-o

também em notícias de maior duração. O Primeiro-ministro interveio na

primeira pessoa em 127 notícias que tiveram 4 horas e 52 minutos de duração.

Esta análise exclui eventuais programas, debates ou entrevistas realizadas no

período, considerando apenas os serviços regulares de informação. Na

contabilização do tempo, considera-se o tempo total de duração da notícia.

A ministra da Saúde, Ana Jorge, ocupou a segunda posição, tendo

intervindo directamente em 69 notícias que tiveram um total de 3 horas e 3

minutos de duração.

Manuela Ferreira Leite, líder do PSD, foi a terceira protagonista do mês,

com intenções directas em 72 notícias de 2 horas e 33 minutos de duração.

Paulo Portas, líder do CDS-PP foi o quarto com intervenções em notícias

de maior duração nestes programas de informação, tendo protagonizado 70

notícias com 2 horas e 9 minutos de duração e Francisco Louçã, líder do Bloco

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de Esquerda, ficou em quinto, com intervenção directa em 62 notícias de 2

horas e 4 minutos de duração.

Jerónimo de Sousa (líder do PCP), Teixeira dos Santos (ministro de

Estado e das Finanças), Cavaco Silva (Presidente da República), Vieira da

Silva (ministro do Trabalho e da Solidariedade Social) e Paulo Rangel (líder

parlamentar do PSD) encerram a lista dos 10 nomes que protagonizaram

notícias de maior duração total durante Abril de 2009.

Ilustração 4 Protagonistas notícias TV

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O facto de aparecerem, de como aparecem e o tempo que dura a notícia

pode influenciar a população num determinado sentido, seja ele de voto ou de

confiança na personalidade política em questão.

Segundo um estudo de Ana Guedes Bezerra e Fábio Silva o sucesso de

um político em campanha na sociedade contemporânea depende directamente

da visibilidade pública e da repercussão positiva da sua imagem no cenário

público.

Na prática do marketing político, todas as mensagens são

meticulosamente trabalhadas por profissionais desde as palavras a utilizar no

discurso público (televisivo), como a tonalidade com que estas são ditas, como

a gesticulação e expressão facial do candidato.

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Conclusão

Como demonstrei anteriormente os grupos de media possuem fortes

armas para influenciarem o público.

Hoje em dia, devido aos factos demonstrados anteriormente a

democracia em Portugal é posta em causa com o controlo da comunicação –

social por parte de alguns “barões” do mundo da comunicação.

As estações de televisão, e de forma mais vincada canal público de

televisão, que deveria supostamente prestar serviço público, são muitas vezes

usados como meio de propaganda e de auto-promoção do governo e dos

governantes do país, não praticando assim uma informação totalmente livre e

justa.

Como solução a este problema, e segundo o que já está consagrado na

lei fundamental portuguesa mas que nem sempre é correctamente aplicado,

devemos ter uma Autoridade para a Comunicação Social, bem como uma

Autoridade para a Concorrência, livre de interesses, séria e que regule e

fiscalize de forma correcta, justa e isenta os media nacionais, essencialmente

os canais de televisão de forma a termos uma informação mais séria .

Bibliografia

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Livros

AUMONT, Jacques. "A parte do dispositivo''. In: A imagem. 2. ed.

Campinas: Papirus, 1995, p. 135-195.

BAKHTINE, Mikhail. La Poétique de Dostoievski. Paris: Éditions du Seuil.

1970

BECKER, Beatriz. 500 anos do descobrimento nos noticiários da TV. In:

VIZEU, Alfredo,

PORCELLO, Flávio e MOTA, Célia (orgs.). Telejornalismo - a nova praça

pública. Florianópolis: Editora Insular. 2006. p. 65-97.

BOURDIEU, Pierre. Sobre a televisão. Rio de Janeiro: Jorge Zahar

Editor. 1997

FILHO, Jorge Luís Cunha. Cultivo mediático e as suas consequências: um problema e duas propostas para análise dos efeitos dos media. Estudo Universitário

Internet

http://www.wikipédia.pt

http://www.impresa.pt

http://www.mediacapital.pt

http://www.cofina.pt

http://www.saladeprensa.org/art84 - 2 Junho de 09 ás 13h34

http://www.marktest.com/wap/a/n/id - 2 Junho de 09 ás 14h00

http://www.bocc.ubi.pt - 2 de Junho de 09 ás 18h19

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