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ESTUDO SOBRE A IMPORTANCIA DA
UTILIZAÇÃO DE DISPOSITIVOS DE
INFORMAÇÃO E CONTROLE EM UMA
MARMORARIA
Lanne Karelle Vieira Aragao (UFCG )
LUZIA DE LIRA FERREIRA (UFCG )
Douglas Rennan Fereira Maia (UFCG )
Jose Vicente Guimaraes Neto (UFCG )
Joao Pereira Leite (UFCG )
Os dispositivos de informação e controle são fundamentais para que as
informações possam ser recebidas e percebidas de todas as direções,
podendo ser visuais ou auditivas. Estas informações possibilitarão o
manuseio de controles de comando com o objetivo de minimizar o
número de erros humanos e acidentes, além de otimizar o posto de
trabalho, tornando a execução das tarefas mais produtivas. São
fundamentais na interface homem-máquina transmitindo orientação
geométrica ou espacial, sinais complexos ou abstratos. Podemos
encontrá-los em forma de cores, luzes, sons, etc. Esses controles devem
ser discriminados e organizados cautelosamente de acordo com o grau
de utilização, visando minimizar os erros, melhorar a qualidade e a
velocidade dos controles de comando.
Palavras-chaves: Dispositivos, Informação, Controle, Manejo,
Sinalização.
XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos
Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.
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1. Introdução
De acordo com a necessidade de cada empresa, é importante que as mesmas implantem na sua
cultura organizacional um modelo que amenize os impactos indesejados causados pela
jornada de trabalho, por isso busca-se a interação de empregador-empregado. É de extrema
valia que as organizações se mantenham informadas do que há de novo em tecnologia, o que
ajudará a assegurar o seu lugar no mercado. É fundamental que os gestores invistam em
tecnologias e nos recursos humanos, dessa forma tornando possível manter-se atuante por um
período maior de tempo no mercado, e atender as exigências dos clientes e funcionários frente
aos bens e serviços oferecidos pelas empresas.
Do ponto de vista da ergonomia, essa tecnologia pode estar relacionada com a interface
homem-máquina. Há duas interfaces no sistema homem-máquina: a percepção de todas as
informações que são apresentadas nos mostradores e o manuseio dos controles que comandam
a máquina (GRANDJEAN, 1998).
Os dispositivos de informação e controle possibilitam o acesso às informações sobre o
processo de medida, com a finalidade de minimizar erros humanos, acidentes e incidentes,
fadiga e estresse, otimizando o posto de trabalho.
O homem é dotado de vários canais sensoriais, no entanto, dois deles são mais importantes no
ambiente de trabalho: A visão e a audição. A informação auditiva pode ser percebida de todas
as direções e a visual pode analisar detalhes de sinais complexos ou abstratos.
2. Referencial teórico
2.1. Dispositivos de informação
As fontes de informação sobre trabalho podem ser classificadas em: conscientes e
inconscientes. As informações conscientes são antes de tudo visuais, quer se trate de sinais
naturais (informais) ou preparados (normais). As informações inconscientes, muitas vezes são
mais negligenciadas, por uma razão bastante forte, a grande dificuldade em trazer à
consciência e, portanto, expressar as sensações proprioceptivas (relativas ao próprio corpo)
(WISNER, 1987).
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Uma buzina, uma luz que acende e apaga, um ponteiro que se move ou um bipe, está
transmitindo informação para um receptor. As informações (estímulos de entrada) são
percebidas pelos órgãos sensoriais e transmitidas ao sistema nervoso central e transformadas
em movimentos musculares (ex: a tela de um computador).
Na interface homem-máquina, um instrumento de controle informa ao homem o resultado de
sua intervenção, com isto, a máquina então realiza o processo de produção conforme
programado. O ciclo se fecha quando acontecimentos característicos da produção aparecem
nos mostradores (GRANDJEAN, 1998).
Geralmente os instrumentos de controle, através de seus mostradores, reproduzem as
necessidades de saída através de sinais visuais ou auditivos. Na figura 1, pode-se analisar
características relativas às apresentações visual e auditiva das informações.
Figura 01- Modelo de Cushman e Rosenberg (1991)
Fonte: Adaptada de Itiro Iida(2005)
2.2. Dispositivos de informação visuais
Este tipo de percepção deve ser utilizado para a recepção de mensagens longas,
principalmente se nesta houver orientação geométrica ou espacial, sinais complexos ou
abstratos. O sistema visual detecta detalhes de sinais nas informações. Por exemplo, em um
ambiente ruidoso, este tipo de transmissão é mais eficaz do que dispositivos sonoros, pois tem
como vantagem a riqueza nos atributos como a forma, cor e movimentos.
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Nossos olhos têm uma grande mobilidade, podendo fazer muitas fixações, praticamente sem
movimentar a cabeça. Entretanto, quando se exige atenção em um campo visual mais amplo,
pode-se estabelecer uma hierarquia em quatro níveis (IIDA, 2005)
Nível 1: Visão ótima - Os objetos situados nesta área podem ser visualizados mais
rapidamente, continuamente e com pouco esforço. Podem ser feitas duas inspeções
com apenas uma fixação visual.
Nível 2: Visão máxima – Atua além da visão ótima. As visualizações são feitas sem
movimentar a cabeça, situam-se no campo de visão periférico, onde apenas
movimentos grosseiros ou anormalidades são detectados. Exige uma fixação visual
posterior para detectar detalhes.
Nível 3: Visão ampliada – Os objetos estão situados além da visão máxima e para
serem visualizados é necessário movimentar a cabeça e a coluna cervical.
Nível 4: Visão estendida – Como o próprio nome diz, para haver a visualização do
objeto é necessário movimentos maiores como “estender” o pescoço, rotacionar o
tronco ou levantar-se da cadeira.
Os níveis 3 e 4 exigem maior esforço que o 1 e 2.
A percepção da informação depende de alguns fatores como:
Botton-up (detecção, legibilidade e clareza de sinal);
Top-down (interpretação, semântica e contexto).
Do ponto de vista cognitivo, a forma de compreender e agir de uma pessoa é dependente da
forma como ela processa uma informação, se perceptivamente ou simbólica, sendo mediado
por um sistema de conceitos próprios (ALONÇO, 2004).
Os dispositivos de informações visuais são encontrados na forma de placas de sinalização,
segurança, displays, monitores. Para uma melhor compreensão desta interface é necessário
obedecer a um planejamento relevante aos objetivos ergonômicos, como:
Características físicas dos trabalhadores;
Experiência e conhecimento prévio;
Características da tarefa;
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Visão macro da realidade do sistema;
Assistir a tomada de decisão;
Usabilidade da interface;
No entanto, também se deve considerar a localização e posição de monitores, tentar agrupar
na tela itens e dados que possuam inter-relação, a sequência utilizada pelo operador no
desenvolvimento da atividade e a configuração da tela, como, por exemplo, as cores, o brilho,
o contraste e a escrita, para diminuir a fadiga visual.
2.2.1. Segundo a teoria de Gestalt
Foi formulado por um grupo de psicólogos alemães por volta de 1910. De acordo com esta
teoria, a percepção humana não é apenas um conjunto de elementos, pois acabamos
construindo uma relação entre elas e não é possível decompô-las sem modificar o seu sentido.
Segundo Iida (2005), para a Gestalt o “conjunto não é uma simples soma das partes, porque
adquire um significado próprio”.
Ao olhar uma imagem qualquer, o cérebro humano tende a organizá-la, acrescentando-se um
significado. As características visuais da imagem como proporção, localização e as interações
entre os elementos são fundamentais na atribuição do significado.
Princípios de Gestalt:
Figura/fundo: A percepção humana destaca uma parte da imagem considerada
importante, seja ela o fundo ou a imagem. Em imagens ambíguas não conseguimos
perceber os dois simultaneamente;
Simetria: A percepção humana consegue destacar figuras simétricas e complexas;
Proximidade: Objetos situados próximos são “fundidos” entre si e percebidos em
uma forma única.
Similaridade: As figuras ou objetos de forma similares são percebidos como um
grupo, muitas vezes são visualizados em uma forma única.
Continuidade: A percepção tende a prolongar figuras incompletas, mostrando uma
tendência conservadora.
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Fechamento: Figuras fragmentadas tendem a ser percebidas como completas
Palavra escrita:
A nossa visão não é um processo continuo. Na percepção em uma linha escrita os olhos
movem-se aos pulos, cada pulo equivale a uma fixação (olhos captam 2 ou 3 palavras) este
movimento é denominado sacádico e demora cerca de 0,25 segundos. No entanto, estudos
indicam que a facilidade na leitura em um texto impresso depende do espaçamento entre as
linhas, portanto não é recomentado a elaboração de textos com ambos os lados justificados.
Textos impressos com linhas homogêneas formam um padrão de listras, que provocam
desconforto visual e ilusões óticas.
Os símbolos facilitam a comunicação entre povos de diferentes culturas. Os símbolos
universais atuam como peças intercambiáveis para superar as barreiras entre dialetos em
algumas áreas das atividades humanas. No entanto, nem todos os símbolos apresentam
significados claros aos usuários.
A ISO (International Standards Organization) quer padronizar os símbolos com o objetivo de
criar uma “linguagem”, para tanto é exigido 66% de compreensão quando testado em 6 países
diferentes.
Figura 03: Códigos internacionalmente aceitos
Fonte: Adaptado de Itiro Iida(2005)
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O projeto de um display é importante para o bom desempenho da função do operador e por
fornecer uma gama de informações (coordenadas, símbolos, luzes.) exige que o operário
esteja em frente ao painel para visualiza-las. Os displays podem ser classificados em quatro
tipos: mostrador ou dial, indicador, dispositivo de alerta e contador.
No projeto de um mostrador deve-se considerar:
Ser de escala fixa e ponteiro móvel;
Utilizar apenas um ponteiro;
O ponteiro deve estar ligado ao movimento do controle e não da escala, o
deslocamento deve ser no sentido horário;
É preferível usar escalas retas e horizontais;
Cor, contraste, brilho.
Os mostradores qualitativos podem ser digitais ou analógicos, as informações contidas nos
digitais são superiores aos analógicos para leituras quantitativas, são percebidas mais
rapidamente e os erros minimizados, no entanto, os mostradores analógicos permitem
acompanhar a tendência da evolução da variável e é preferível utiliza-los quando a quantidade
de valores ou informações é alterada com frequência.
Existem também mostradores pictóricos, classificados em: dinâmico e estático. O dinâmico é
representado principalmente pelos tubos de raios catódicos (TRC) e o estático por cartazes e
gráficos.
A localização dos mostradores é fundamental para facilitar a visualização das informações,
aplicando a teoria de Gestalt e seguindo os seguintes critérios:
Importância: Os mostradores de maior importância devem ficar ao alcance da
visão ótima do operador;
Associação: Os mostradores associados a controles devem seguir postos na mesma
ordem ou mesmo tipo de arranjo espacial;
Sequência: Mostradores ligados a operações sequenciais devem seguir a mesma
sequência dessas operações;
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Agrupamento: Em painéis mais complexos podem ser agrupados pelos tipos ou
função que exercem.
Recomendações para legibilidade em escalas qualitativas:
As escalas qualitativas são usadas principalmente em leituras de verificação, onde não é
necessário conhecer o valor exato de uma variável, mas apenas checar se ela permanece
dentro de uma faixa de operação ou de segurança. (IIDA, 2005)
Deve-se prestar atenção nos estereótipos populares ao utilizar códigos de cores nos
mostradores (sinal de alerta visual):
Verde: indica andamento normal do processo;
Amarelo: indica atenção – o processo saiu da normalidade e pode exigir uma ação
corretiva;
Vermelho: indica perigo – o processo necessita de atenção e reparo imediato.
As cores devem ser usadas de modo correto para evitar erros na compreensão dos textos,
devem ser usadas 3 ou 4 cores no máximo, pois podem causar confusão dos sentidos e efeitos
psíquicos. As cores escuras são abafantes, sufocantes e desestimulantes. Enquanto as cores
claras são leves, amistosas, estimulantes e difundem mais a luz e clareiam o ambiente,
obrigando a uma limpeza maior do sistema. Seus efeitos e características podem ser
observados na tabela 1.
Tabela 01- Apresentação da cor e efeito
Cor Efeito distância Efeito Temperatura Disposição psíquica
Azul Distante Frio Tranquilizante
Verde Distante Frio e Neutro Muito Tranquilizante
Vermelho Próximo Quente Muito irritante
Laranja Muito Próximo Muito Quente Estimulante
Amarelo Próximo Muito Quente Estimulante
Marrom Muito Próximo Neutro Estimulante
Violeta Muito Próximo Quente Agressivo, Desestimulante
Fonte: Itiro Iida(2005)
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2.3. Dispositivos de informação auditivos
A audição é um sentido pouco utilizado nos sistemas de informação, exceto na comunicação
falada. Apesar disso, quando a visão esta sobrecarregada, pode-se desviar algumas
informações para o canal auditivo (DUL e WEERDMEESTER).
Os dispositivos sonoros devem ser localizados em locais estratégicos, pois sua função está em
chamar atenção imediata para uma determinada situação crítica ou perigosa que requer
atenção ou reparo durante o processo ou funcionamento da máquina. Podem ser direcionados
a um único individuo ou à população em geral.
O som se propaga em todas as direções, por isso, seu uso é mais adequado para sinais de
alerta, principalmente em ambientes onde a carga visual é mais pesada, podendo alcançar o
operário quando estiver longe do seu posto ou do alcance visual dos mostradores. Em caso de
sobrecarga da função do operário é indicado:
Utilizar sinais sonoros conjugados com sinais visuais (melhor percepção);
A frequência do sinal (grave ou aguda), ritmo e sua intensidade devem ser de acordo
com a distância do receptor.
Em ambientes ruidosos os sinais sonoros podem perder a eficiência, logo o nível da
propagação do som deve atingir a todas os receptores a uma frequência entre 2 e 4 kHz.
O Modelo de recepção e processamento humano de informações segundo Wogalter (2002)
pode ser observado na figura 04.
Figura 04: Modelo de Wolgalter, (2002)
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Fonte: Adaptado de Itiro Iida(2005)
2.4. Dispositivos de controles
De acordo com Iida (2005), “as máquinas são consideradas como “prolongamentos” do
homem.” Uma boa adaptação do posto de trabalho é necessária para melhorar o desempenho
do homem e consequentemente da máquina, pois os órgãos sensoriais responsáveis por
realimentar o sistema são o tato e o senso sinestésico através dos movimentos de controle,
dentro ou fora do campo visual do operário.
Os objetivos da Ergonomia recobrem parcialmente os da confiabilidade dos sistemas. Trata-se
de implantar sistemas automatizados seguros e de estudar os componentes em função desse
objetivo, mas trata-se, também, de implantar sistemas compatíveis com a lógica de operação
humana (SANTOS e ZAMBERLAN,1992).
Os movimentos de controle devem se adequar aos movimentos naturais do corpo humano,
como:
As mãos devem fazer movimentos rítmicos, seguir trajetórias curvas e contínuas;
Evitar paradas bruscas ou mudar repentinamente a direção;
Os movimentos curvos são mais facilmente executados pelo corpo humano;
Os movimentos com os dois braços devem ser simultâneos e opostos.
O estereótipo popular são os movimentos esperados pela maioria da população, como por
exemplo, para ligar ou aumentar o volume, comumente o botão é girado no sentido horário.
Podem ser inatos ou aprendidos, compatíveis e incompatíveis.
Segundo Iida (2005), a compatibilidade espacial entre botões e mostradores deve obedecer a
uma correspondência entre si, para evitar erros e para que o processo ocorra com eficiência.
Os controles possibilitam a interação homem-máquina e atuam como a interface de comando
para que o operário possa introduzir informações no sistema. Podem ser discretos e contínuos.
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O controle deve adequar-se as características que serão transmitidas ao sistema e em seguida
as características operacionais (velocidade, precisão, força, etc.) e devem ser fáceis de
discriminar (cores, formas, tamanho, modo operacional, etc.). No controle com os pés as
funções se restringem ao movimento de empurrar (liga/desliga ou operações de prender e
soltar materiais). A vantagem de utilizar controle com os pés é que as mãos ficam livres para
tarefas que exijam maior precisão. Na figura 05 se pode ver os principais tipos de controle.
Figura 05: Principais tipos de controles
Fonte: Adaptado de Itiro Iida(2005)
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Na ergonomia de concepção os controles devem ser discriminados de forma cautelosa, pois os
erros ou acidentes com acionamento desses controles podem trazer consequências
indesejáveis para a produção. Os fatores que influenciam medidas seguras são: localização,
orientação, rebaixo, cobertura, canalização, batente, resistência, bloqueio, luzes e códigos.
Os controles devem estar localizados mediante a:
Importância do controle;
Frequência de uso;
Sequencia operacional;
Segundo Dul e Weerdmeester (2004), os controles de com maior grau de importância devem
estar localizados na área de alcance ótimo e os demais podem estar situados na área de
alcance máximo. Deve-se ainda, buscar projetos que inibam a possibilidade de acionamento
indesejado, o que pode gerar acidentes de grande proporção, a depender do tipo de trabalho
executado. Na figura 06 se pode ver alguns projetos inteligentes de controle, que visam
minimizar esse risco.
Figura 06: Projetos para prevenir acidentes no uso de controles
Fonte: Adaptado de Itiro Iida(2005)
Manejos
O manejo é uma forma de controle gerada pelos movimentos de dedos e mãos, pode ser fino
ou grosseiro. O que os divergem é a pega.
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O manejo fino é executado com as pontas dos dedos e os movimentos têm grande
precisão e velocidade, apenas com uma pequena força, enquanto a palma da mão e
punho permanecem “estáticos”.
O manejo grosseiro é executado com a palma da mão (centro), exige maior força,
com menor velocidade e precisão, enquanto os dedos permanecem “estáticos” o
movimento é executado pela palma da mão e o punho.
Figura 07- Ilustração do manejo grosseiro e manejo fino
Fonte: Adaptada do Itiro Iida (2005)
Pega geométrica
Segundo Iida (2005) a pega geométrica é aquela que se assemelha a uma figura geométrica
regular, como cilindros, esferas, cones, paralelepípedos e outras. Essas figuras, sendo um
tanto quanto diferentes da anatomia humana, apresentam relativamente pouca superfície de
contato com as mãos.
Tem a vantagem da flexibilidade de uso, permitindo variações de pega e adaptando-se melhor
às variações das medidas antropométricas. Por outro lado, tem a desvantagem de concentrar
as tensões em alguns pontos da mão e transmitir menos força.
Pega antropomorfa
Para Iida (2005), o desenho antropomorfo apresenta maior superfície de contato, permite
maior firmeza de pega, transmissão de maiores forças, com concentração menor de tensões
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em relação à pega geométrica. Entretanto, pode ser mais fatigante em um trabalho
prolongado, pois limita o manejo a uma ou duas posições.
Portanto, o desenho antropomorfo pode ser usado vantajosamente quando: o trabalho é de
curta duração; quando a pega exige poucos movimentos relativos; há necessidade de maiores
forças; e quando a população de usuários apresenta poucas variações nas medidas
antropométricas.
3. Metodologia
O presente artigo é considerado, descritivo e aplicado. Considera-se, descritivo, na medida em
que o pesquisador descreveu as variáveis que influenciam, interna e externamente, a empresa
objeto de estudo.
Classifica-se, também, como aplicada, por seu caráter prático e pela necessidade de resolver
problemas reais, podendo auxiliar a empresa em relação a quais metodologias usar nas
mudanças que possam ser implantadas para a melhoria das condições de trabalho.
Bibliográfica porque se baseou em material já elaborado. Documental, pois analisou
informações que não receberam tratamento analítico. É classificada de campo, uma vez que se
realizou uma investigação junto aos funcionários da empresa estudada, para isso foi utilizado
à técnica de entrevista direta.
A metodologia utilizada para a consecução desta análise seguiu os conceitos sobre de
dispositivos de informação e controle explanados no referencial teórico, além de registros
fotográficos e visitas ao local estudado, onde foram feitas observações e análise dos postos de
trabalho e entrevistas com os funcionários.
4. Análise dos Resultados e Discursões
4.1. A empresa objeto de análise
Este estudo de caso foi realizado em uma marmoraria localizada na região do Cariri
Ocidental, estado da Paraíba. Teve-se o objetivo de analisar e avaliar os dispositivos de
informação dentro da empresa e os dispositivos de controle dentro do processo de corte e
polimento do mármore.
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4.2. Análise dos postos de trabalho
Os itens de produto de maior demanda da marmoraria são as pias de mármore e balcões, seu
mix de produção engloba também, lapides e pisos de granito. Os postos de trabalho analisados
foram as áreas de polimento e corte do mármore.
Na figura 08 mostra-se uma vista geral do setor de polimento do mármore. Com o uso de
luximetro pode-se detectar uma iluminação inadequada. Através da análise in-loco também
foi possível observar à ausência de dispositivos de informações visuais como placas, andons,
indicando o tipo de atividade relacionada ao setor de polimento ou a sequência operacional.
Figura 08: Imagem ampla do local de produção
Fonte: Adaptada do autor
Na figura 09 mostra-se o posto de trabalho de corte do mármore. Este setor é área mais
ruidosa do galpão e apresenta também um alto nível de vibração. Não há dispositivos de
informação visuais indicando o início da atividade, não há indicadores de alerta. Não há
drenagem eficiente da água utilizada no dispositivo de corte, fazendo com que o piso se torne
escorregadio e o ambiente muito úmido. As paredes contêm fiação exposta sem a devida
sinalização.
Figura 09: Setor de corte do mármore
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Fonte: Adaptada do autor
Na figura 10, observa-se o setor de polimento inicial de peças, onde o operário para controlar
a ferramenta (lixadeira pneumática) utiliza uma pega antropomorfa e executa um manejo
grosseiro, no entanto a pegadura do operário é incorreta, pois está forçando não apenas a
palma das mãos e o punho, mas também o antebraço, o braço e o ombro.
A peça a ser polida encontra-se dentro da área de alcance e do campo de visão ótimo, porém a
altura da bancada é inadequada para a altura do operário, o que pode ser visto facilmente pela
inclinação necessária e indesejável do tronco.
Figura 10: Posto de trabalho de polimento inicial das peças
Fonte: Adaptada do autor
Na figura 11, Observamos o setor de polimento final do mármore e ao lado direito as
ferramentas de corte como serras circulares de tamanhos diferenciados, fixadas na parede sem
que haja uma sequencia ordenada de utilização, lixas diamantadas para polimento igualmente
desordenadas, óleo e equipamentos de proteção individual (botas e máscaras). Além disso, o
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polimento da peça é uma atividade ruidosa o que torna o ambiente propício a riscos de
acidentes, pois não há dispositivos visuais como luzes ou andons que possam indicar ao
operário a urgência de uma atividade, ou placas explicitas, com o nível de periculosidade e
atenção que se deve ter ao aproximar deste setor. Também não há delimitação do leiaute, que
acaba se confundindo com área de trânsito de pessoas.
Figura 11: Posto de trabalho de polimento final
Fonte: Adaptada do autor
4.3. Interpretação dos resultados
O galpão onde o mármore e o granito são processados é um ambiente com um alto nível de
ruído e vibração intermitentes. Apresenta nível de ruído de 115 dB(A) quando realizado o
corte da peça e quando o compressor está ligado. Logo, é estritamente necessária a utilização
de dispositivos de informação visuais, indicando o tipo de atividade que está sendo realizada,
o nível de ruído e a necessidade de uso de EPI. Quanto a organização do posto de trabalho em
si, também se torna necessária a sinalização da localização das ferramentas, além de placas
indicando fiação e alarmes visuais, com cores diferenciadas, indicando o grau de atenção ou
de urgência, estrategicamente localizados para que o operador possa entender o significado do
sinal de qualquer local do setor. Visto que o órgão sensorial mais usado no processamento do
mármore e principalmente no processo de corte é a audição, a melhor opção de sinalização
são os dispositivos de informação visuais.
4.4. Melhorias propostas
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Adquirir maquinário novo, mais ergonômico, tanto em se tratando da pegadura, como
do nível de ruído, pois algumas das máquinas são obsoletas;
Adequar a bancada para que se possa melhorar a postura dos trabalhadores;
Ordenar as ferramentas a partir de um padrão de uso ou grau de importância;
Identificar objetos e as áreas necessárias para evitar acidentes, principalmente
corredores, áreas de estocagem e postos de trabalho.
5. Considerações finais
Este trabalho ilustrou a importância dos dispositivos de informação e controle dentro do
ambiente de trabalho, especificamente em uma marmoraria e seus setores. Percebeu-se como
a presença dos mesmos em todas as etapas do processamento pode afetar a qualidade das
informações que devem ser transmitidas com eficácia, de forma clara e explicita, para não
haver erros na comunicação e consequentemente evitar acidentes de trabalho e maximizar a
produtividade. As coordenadas, símbolos e luzes atuam com a finalidade de fornecer as
informações necessárias aos operários, gerentes e demais trabalhadores, de maneira a ser
percebida, processada e recebida sem interferências para o bom desempenho de cada função.
Por fim, levando em consideração o crescimento atual dos setores ligados a construção civil, a
competitividade e a necessidade de incrementos consideráveis de produtividade pode-se
detectar que ainda há muito que evoluir nesta área, especificamente em se tratando das
empresas fornecedoras de peças em mármore, sendo de suma importância a implantação de
dispositivos de informação e controle no ambiente de trabalho.
6. Referências bibliográficas
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Novel Single-Stage High-Power-Factor Electronic Ballast Based on Integrated Buck Half-Bridge Resonant
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Cushman, W.; Rosenberg, J. (1991) Human factors in product design. Elsevier. Green, W.; Jordan, P. (1999)
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DUL, J. Weerdmeester, B. Ergonomia Prática. São Paulo: Edgar Blücher, 2 ed. 2004
Ergonomia: Trabalho adequado e eficiente/ Francisco Soares Másculo, Mario Cesar Vidal (orgs.). – RJ:
GRANDJEAN, E. Manual de Ergonomia. Porto Alegre: Bookman, 1998.
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Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.
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