CENTRO DE RECICLAGEM DE RESIDUOS SÓLIDOS URBANOS - ATÉ 20.000 Hab
ESTUDO SOBRE A APLICAÇÃO DA RECICLAGEM DE RESÍDUOS SÓLIDOS NA CIDADE DE CALDAS NOVAS – GOIÁS...
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6
LISTA DE FIGURA
FIGURA 1 - Foto aérea da cidade de Caldas Novas. ........................................... 36
FIGURA 2 - Descobrimento da águas termais na lagoa Pirapetinga ................... 39
FIGURA 3 - Fundação do Arraia de Caldas Novas. ............................................. 43
FIGURA 4 - Casa de Martinho Coelho, Caldas Novas (GO)Erro! Indicador não
definido.
FIGURA 5 - Modelo esquemático do fluxo de água subterrânea de Caldas Novas
............................................................................................................................. 48
FIGURA 6 – Foto do aterro sanitário de Caldas Novas ........................................ 63
FIGURA 7 – Localização do Aterro sanitário da cidade de Caldas Novas ........... 64
FIGURA 8 – Centro de Tratamento do chorume .................................................. 65
FIGURA 9 – Foto do deposito de lixo no lixão de Caldas Novas ......................... 72
7
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - Evolução da população de Caldas Novas ........................................ 52
TABELA 2 – Quadro Representativo dos Produtos Recicláveis........................... 76
8
LISTA DE GRAFICOS
GRÁFICO 1 - Crescimento da População Urbana no Brasil ................................ 17
9
RESUMO
A preocupação do novo século tem sido o desenvolvimento sustentável em relação à poluição que vem ganhando mais espaço em fóruns de discussões mundiais. Os níveis de poluição vêm tomando proporções alarmantes. O mais preocupante, focado pelos ambientalistas, é a quantidade de lixo produzido pelos grandes centros urbanos e o destino final dado a essa quantidade de resíduos sólidos. Uma solução obvia seria os lixões, aterros e incineradores para acabar com a quantidade de lixo existente, mas a educação ambiental nas escolas e estudos sobre o a reciclagem dos resíduos sólidos são soluções imediatas que podem melhorar nossa qualidade de vida e diminuir o impacto causado no meio ambiente. Enquanto a população com maior poder de compra consome de maneira extraordinária, a outra parte que está na linha da miséria, tendo como único meio de subsistência a seleção do lixo em busca de materiais recicláveis para obtenção de renda. Procurando realizar a solução de dois problemas, a destinação do lixo urbano e a inclusão social das pessoas que se encontram excluídas da sociedade, o cooperativismo de reciclagem de resíduos sólidos torna-se uma poderosa arma para diminuir os impactos causados pela urbanização em nosso país, focando a cidade de Caldas Novas e a Cooperativa de Reciclagem e Catadores de Lixo de Caldas Novas – COOPERCAL, demonstraremos a sua importância para a cidade e região. Palavras chaves: Reciclagem, Cooperativismo, Desenvolvimento Sustentável.
10
INTRODUÇÃO
O mundo pós Segunda Guerra Mundial possui um histórico
desenvolvimento da economia, criando novos blocos econômicos, países
emergentes e uma gigantesca necessidade de crescimento da economia por
parte da produção de bens de consumo. Dois conceitos tornaram-se a base da
economia global, adotados por muitos países e utilizados como base de sua
produção: A obsolescência programada e os produtos descartáveis.
Os E.U.A. adotaram de maneira surpreendente esses dois conceitos
visando criar novos empregos e acelerar o crescimento de sua economia, pois
quanto mais rápido os produtos se deteriorassem e fossem descartados, mais as
pessoas consumiriam, mais o país produziria, acelerando sua economia.
Dessa forma foram redesenhados todos os bens de consumo para que
gerassem mais ainda as mudanças no porte de vendas. Um dos maiores
exemplos que podemos utilizar e notável até os dias atuais seria o mercado
automobilístico, onde todos os novos modelos lançados causam uma
desvalorização no modelo do ano anterior. No mercado do vestuário,
especialmente o feminino, que a cada ano com os shows de desfiles anuais
determinam à nova moda, desvalorizando modelos anteriores da ultima estação.
Na economia industrial, a cada ano novas embalagens vêm ganhando
ainda mais espaço no mercado, evoluindo tanto neste ultimo século que os
produtos descartáveis produzidos são responsáveis pelos principais problemas
vivenciadas nas maiores cidades urbanas, que não conseguem encontrar uma
destinação correta para a quantidade de lixo descartado pela sociedade.
As organizações, motivadas pelo baixo custo da energia ao produzir
estes materiais (valor artificialmente baixo), trocaram os principais produtos de
necessidade básica por produtos descartáveis. Não é difícil notar a quantidade de
produtos descartáveis que encontramos no nosso dia a dia, ao listá-los podemos
notar o quanto de lixo produzimos. Quando vamos almoçar em um restaurante
notamos que, os guardanapos de pano foram trocados por de papel, garrafas de
11
refrigerante que eram de vidro e retornáveis, hoje são de plástico ou latas de
alumínio, e toalhas de mão por de papel.
Mas a principal preocupação parte do pressuposto da preservação
ambiental sobre a destinação dessa infinita quantidade de lixo produzido
diariamente. O reino vegetal é um modelo de produção sustentável, atingindo um
equilíbrio no ciclo de vida de todo um ecossistema. Os resíduos de um organismo
é o sustento de outro, os nutrientes que estão presentes nos dejetos causados
por um organismo sustenta a vida de outros, mantendo um equilíbrio na natureza.
Tudo que é descartado volta para a natureza com nova forma, para um novo
destino, gerando ou mantendo uma nova vida orgânica.
Nosso modelo econômico é predatório. Nosso sistema de produção é
falho. Nossa economia predatória causa uma necessidade de consumo de novos
bens descartáveis, que não são reaproveitáveis, tendo na economia apenas a
passagem de ida desses produtos descartáveis, sem a preocupação de como
poderá afetar o meio ambiente.
Com esta preocupação, realizamos este estudo para demonstrar como
se faz necessária a reciclagem de resíduos sólidos nas cidades, focando nosso
objeto de estudo em Caldas Novas, para melhor aproveitamento do lixo urbano da
cidade que é rico em material reciclável.
Nossa economia cresce a cada ano, causando em alguns países uma
necessidade de acompanhar este crescimento. Com esse crescimento, as
pessoas adquirem a necessidade de consumir ainda mais. Este consumo causa
uma procura por bens de consumo descartáveis, causando ainda mais a
quantidade de lixo nas cidades, que já não conseguem conter tanta demanda.
Este ciclo é causado por uma das maiores e mais desafiadoras questões que
vivenciamos atualmente nos países emergentes, a urbanização, que traz consigo
tantos outros problemas.
A Cidade de Caldas Novas apresenta uma trajetória histórica até a sua
emancipação política em 21 de Outubro de 1911, donde começou a vivenciar sua
emergente economia turística, conhecida no Brasil, por ser a maior estância
hidrotermal do mundo. Suas belezas e fontes naturais de água termal, da qual
sua economia está totalmente alicerçada, apresenta uma interessante geologia de
aquecimento das águas da chuva em seu lençol freático.
12
Por ultimo e mais importante, os estudos sobre a cooperativa existente
na cidade de Caldas Novas, que poderia ser um modelo de gestão numa cidade
exponencialmente turística, que ajudaria não somente na gestão de resíduos
como também na inclusão social de muitas pessoas envolvidas nesse processo,
onde foram apresentados modelos de cooperativas em cidades turísticas que
realizaram seu papel social, econômica e ambiental.
Nosso objetivo principal com este estudo é despertar uma iniciativa
quanto ao valor do processo de implantação deste projeto, iniciado pela instituição
financeira Banco do Brasil S. A., juntamente ao poder público municipal, para
realizar dentro da cidade de Caldas Novas uma coleta solidária de resíduos
recicláveis de forma experimental, com projetos pilotos nos principais bairros;
valorizar o trabalho realizado pela COOPERCAL - Cooperativa de Reciclagem e
Catadores de Lixo de Caldas Novas - na área ambiental e social que ela
desenvolve e principalmente despertar o lado ambiental e social desse projeto em
que se faz necessário na cidade, pois somos atores e parte integrante da
sociedade, e temos o dever de cuidar da cidade turística mais visitada do centro-
oeste.
E como principais atores e parte integrante da sociedade em que
estamos inseridos, como universitários devemos ser agentes motivadores da
mudança na tentativa de realizar através de trabalho científicos como esse a
possibilidade de discutir este assunto, de forma a agregar e possibilitar futuros
estudos do impacto positivo desse projeto a ser aplicado na comunidade de
Caldas Novas.
13
2 PROBLEMAS URBANOS
2.1 A urbanização no Âmbito Mundial
O processo de urbanização mundial teve inicio com a Revolução
Industrial, perdurando até os dias atuais. Um fenômeno que após a Segunda
Grande Guerra Mundial, classificou os países por seu nível de urbanização. Em
alguns países Subdesenvolvidos como os latino-americanos e alguns asiáticos, o
processo de urbanização pós Segunda Guerra foram notoriamente acelerados,
possuindo as cidades lideres em concentração urbana no mundo, como Tóquio,
Hong Kong, Pequim, Nova York e São Paulo.
A taxa de Urbanização Mundial no inicio da Revolução Industrial não
passava de 2%. Segundo Relatório do desenvolvimento humano de 1995,
publicado pela ONU, o número de pessoas que vivem em cidades, acompanhado
ao longo da história na urbanização, são de 34% do total em 1960, 44% em 1992
e a previsão de 48% para o ano 2000.
A população mundial cresceu cada vez mais atingindo a cifra de 6,7
bilhões de pessoas no mundo em 2008, segundo dados do Escritório de
Referências de População, o PRB (sigla em inglês). Os dados do PRB em 2008
revelam que dos 6,7 Bilhões de habitantes, 1,2 bilhões vive nas regiões
desenvolvidas e os 5,5 bilhões restantes nas zonas mais pobres. Segundo o
relatório da ONU sobre A Situação da População Mundial em 2007, revela a
grande preocupação com o crescimento urbano seria em termos de velocidade e
escala como o maior da história.
O processo de urbanização é um fenômeno recente no âmbito mundial,
sendo preocupante por tomar tamanha magnitude e trazendo ainda mais
preocupação sobre as conseqüências as grandes cidades, como fome, miséria,
desemprego e falta de infra-estrutura para alguns cidadãos. Preocupante ainda
mais seria o processo de urbanização brasileira que alcançou o maior entre os
países latino-americanos, que segundo possuindo as duas maiores cidades
14
urbanas do mundo, São Paulo e Rio de Janeiro, consideradas cidades globais
com maior índice de população urbana.
Segundo dados do site Geomundo1(2008), O processo de urbanização
pode ser mais bem entendido como uma evolução para homem do campo, que
permitiu seu desenvolvimento cultural e intelectual, além de permitir o acesso a
saúde e lazer. Ela não possui apenas pontos positivos, possuindo pontos
negativos que preocupam pela proporção que tomaram e que ainda tomam.
È inevitável negar a urbanização, pois estaremos negando o progresso.
Progresso este que somente se realizará com a industrialização, que poderá
afetar positivamente ou não a economia de uma cidade, região, estado ou país.
Sem a urbanização é impossível que o desenvolvimento se concretize, mas da
mesma forma que pode alavancar a economia de uma região ou país, pode
também destruí-la com os problemas ocasionados por este crescimento.
As grandes cidades urbanizadas vem há décadas investindo valores
para diminuir o impacto causado pela urbanização. Grandes somas têm sido
investidas em campanhas e estratégias para recuperação do meio em que estão
inseridas como o reflorestamento, diminuição da poluição e reciclagem de
resíduos urbanos.
2.2 A Urbanização Brasileira
Os primeiros passos da urbanização brasileira tiveram seu inicio no
século XIX, conhecida como a república velha – de 1889 á 1930 - quando às
colônias de café situadas na região sudeste do país, ajudaram na formação dos
dois grandes principais centros metropolitanos mais conhecidos e urbanizados no
país, São Paulo e Rio de Janeiro. Principal responsável pela economia nacional,
os cafezais, a principal atividade agrícola, mantinham as capitais das províncias,
hoje capitais brasileiras, que tiveram seu desenvolvimento ligado aos principais
1WWW.geomundo.com.br, acessado em 25 de setembro de 2008.
15
serviços públicos, intermediação comercial e financeira, ligados à exportação e
importação.
Com o fim da escravidão com a lei áurea em 13 de maio de 1888, a
economia cafeeira passou pelo pior momento, perdendo totalmente sua mão-de-
obra escrava e sendo obrigada a contratar homens livres para trabalhar na
colheita. Começava então neste momento a imigração de italianos para o Brasil e
o êxodo rural dos negros para as capitais, gerando os primeiros problemas
urbanos do nosso país.
Durante o governo de Getúlio Vargas, de 1930 á 1945, que o processo
de industrialização nacional teve os primeiros incentivos, começando então a
transformar o país em um berço da industrialização e mudando o eixo da
populacional do país do campo para a cidade, trocando a mão-de-obra imigrante
pela nacional, investindo em infra-estrutura industrial para indústrias de base e a
energética, dentre elas a Siderurgia Nacional, Vale do Rio Doce e a Hidrelétrica
de São Francisco.
No governo de Juscelino Kubitscheck na década de 50, com sua
intensa política de industrialização do país, dedicou ao seu Plano de Metas 2/3 de
seus recursos para estimular o setor de energia e transporte, permitiu que
empresas automobilísticas se instalassem nos grandes centros do país,
principalmente São Paulo. Elevando ainda mais o número expressivo de pessoas
do campo para a cidade, tornou as linhas de produção o principal fator do êxodo
rural.
Na década de 70, a cidade de São Paulo assumiu a posição de pólo de
atratividade para as grandes populações do campo, que descontroladamente
acabaram criando a conurbação, que seria a aglomeração de cidades formando
as regiões metropolitanas de São Paulo.
A maior parte da população vive em cidades. Ser cidadão, morador da
cidade, significa ter consciência de diretos, reivindicá-los, e cumprir, com
responsabilidade, seus deveres.
A vida nas grandes cidades continua a ser um luta incessante, um
longo e estressante desafio do novo século. A cidade, independente de sua
magnitude é uma organização viva, dinâmica, com suas diversificadas partes em
permanente interação e desenvolvimento. A distribuição do processo de
16
urbanização é historicamente injusto devido às décadas de descaso e
incompreensão, preconceito e atuação privilegiada voltada para apenas alguns
setores da cidade. Dessa forma a população urbana sofre com as conseqüências
da definição de diretrizes municipais que deveriam ser voltadas para a
preocupação do bem estar e dos direitos de cada cidadão.
2.2.1 População Urbana no Brasil
Ao longo do século XX no Brasil, umas grandes parcelas das cidades
nasceram, cresceram e se desenvolveram, expandindo ainda mais seu processo
de urbanização. Podemos analisar este processo pelas taxas de crescimento
populacional urbano do ultimo século que pode ser notada nos grandes centros a
partir da década de 70, conforme o índice de crescimento populacional
apresentado abaixo, onde chegamos no século XXI com mais de 80% de
ocupação urbana nas cidades, pelo motivo de que elas oferecerem mais
oportunidades de trabalho e melhoria da qualidade de vida para as pessoas
vindas ou não do campo. Isso atraiu ainda mais a população rural que era expulsa
do campo pela evolução da mecanização agricultura que tornavam cada vez
menor a necessidade de mão de obra no campo.
Podemos notar essa evolução do crescimento urbano brasileiro no
gráfico 1, onde nota-se que ouve um salto sobre o crescimento urbano na década
de 20 para a década de 40, em valores de 21,17 Pontos percentuais, revendo que
no decorrer das cada décadas de 50 á 90, um aumento ainda maior da
concentração da população nos centros urbanos, representado no ano de 2000, o
valor de 81, 23 % da população brasileira vivendo nas cidades.
17
GRÁFICO 1 - Crescimento da População Urbana no Brasil
9,410,7
31,24
36,16
44,93
55,92
67,59
75,5
81,23
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
1900 1920 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000
% da População Urbana
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE
Segundo dados de Isabel C. E. de Oliveira(2001), sobre o Estatuto das
Cidades para compreender, o território nacional abrigava em 2001, 170 milhões
de habitantes. O ano 2000, segundo os mesmos dados, 81 % da população,
cerca de 137.755.550 brasileiros, viviam em áreas urbanas. Muitas foram às
conseqüências deste veloz processo, dentre elas o inchaço urbano. O fenômeno
de urbanização provocou o agravamento do histórico quadro de exclusão social
tornando mais evidente a marginalização e a violência urbana que, atualmente
são motivo de grande apreensão, tanto para moradores e usuários, quanto para
os governos das cidades.
O país, entretanto, sempre foi a terra de grandes contrastes, podendo-
se observar que a urbanização do país não se distribui igualmente a todas as
regiões e aos estados. Muito pelo contrário, cada região possui uma
18
particularidade e um desenvolvimento singular, adquirindo seus próprios
problemas urbanos que assumem a sua própria realidade.
De acordo com o Relatório da Situação Mundial das Cidades 2006/072,
do Programa da Organização das Nações Unidas, pela primeira vez na história a
população urbana superará a rural, e se o país mantiver esse crescimento em
2020 possuíra 55 milhões de pessoas vivendo em favelas.
A Região Centro-Oeste é a segunda região de maior população urbana
no país, onde 89% dos habitantes vivem em cidades. A urbanização em nossa
região é ainda mais recente devido à construção e criação de Brasília na década
de 50, bem como de uma explosão do agronegócio, principal gerador da
economia da região, principalmente no estado de Goiás.
Em nosso estudo sobre a importância do beneficiamento dos resíduos
sólidos, demonstra que a quantificação dessa população urbana reflete
principalmente no aumento do consumo. O ciclo de necessidades fisiológicas e
psicológicas de cada indivíduo gera um consumo, e as conseqüências desse
consumo que acabam impactando o meio em que vivem. Uma dessas
conseqüências será utilizada em nosso estudo, a destinação do lixo causado pelo
consumo de bens e serviços, um dos maiores problemas urbanos que será mais
bem explorado em seguida.
2.3 A Urbanização Brasileira e seus Problemas
No ultimo meio século, indicadores econômicos revelam um progresso
extraordinário a respeito do desenvolvimento econômico. Segundo esses dados a
economia cresceu sete vezes entre o período de 1950 a 2000. O país
acompanhou este desenvolvimento tornando-se um dos países com processo de
2 Programa das Nações Unidas, para Assentamentos Humanos (UN-Habitat), relatório
apresentado na abertura do Fórum Mundial Urbano – Vancouver/Canadá. Fonte: Agência Estado – 17/06/06.
19
urbanização mais acelerado dos últimos 50 anos. Segundo dados do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, este processo teve inicio na região
sudeste na década de 50, liderando o ranque até o final do século. Fenômeno
este que se espalhou para as outras regiões brasileiras, formando as chamadas
regiões metropolitanas. Diferentemente dos outros países que tiveram sua
urbanização incentivada pela revolução francesa no século XVII, o Brasil em 50
anos teve um desenvolvimento urbanístico muito mais acelerado que os países
desenvolvidos, devido ao processo de internacionalização incentivada por
Juscelino Kubitscheck.
A população urbana ultrapassou 2/3 da população do país no ano de
2000, totalizando 138 milhões de pessoas, resultado do êxodo rural, possuindo
mais pessoas nas cidades do que no campo. Com esse crescimento acelerado, a
urbanização acabou acontecendo sem nenhum planejamento. Com o êxodo rural
surgiu a então periferia e as conseqüências dessa crescente ocupação foram as
favelas, desprovidas de amparo do poder público e sem nenhuma infra-estrutura.
Mas os problemas decorrentes desse processo de urbanização vão muito além
das apenas cidades aglomeradas aos centros urbanos e favelas, mas também o
desemprego e subemprego, fome, falta de saneamento, saúde e poluição, onde
trataremos destes assuntos mais adiante com importante relevância para o
estudo realizado neste trabalho científico.
As já existentes cidades com um número expressivo de densidade
populacional e grandes cidades se expandiram formando região metropolitana,
com extensas periferias ocupadas por uma população pobre, expulsa das áreas
centrais das grandes cidades ou atraídas por oportunidade de trabalho, renda e
acesso a bens, serviços e equipamentos urbanos.
Mas infelizmente os problemas urbanos acabaram por emergir, criando
ainda mais a necessidade de uma infra-estrutura básica, da qual não são
assistidas. A cada dia, mais distantes dos centros urbanos tendo de enfrentar
diariamente deslocamentos para as áreas centrais, a carência por transporte
torna-se um dos maiores problemas urbanos.
Os problemas urbanos não são novos. Fazem parte do quotidiano da
população urbana de cada cidade que cresce cada vez mais, com o surgimento
de novas periferias mais distantes e desprovidas de serviços municipais
20
necessários e de equipamentos urbanos essenciais; favelas, invasões, vilas e
alagados nascem e se expandem em proporções assustadoras; a retenção
especulativa de terrenos é constante; o adensamento de casas nas favelas e a
verticalização das mesmas acontecem pela necessidade das pessoas por
moradias, a poluição de águas, do solo, do ar e a produção de lixo urbano
assumem proporções preocupantes e alarmantes.
Este processo é resultante da urbanização acelerada, do descaso do
poder público e preconceito de muitas cidades que privilegiaram outros setores
das cidades. Este quadro atual constitui o maior desafio desse século.
Essa preocupação vem sendo abordada pelos diversos autores que se
preocupam com a verticalização, trafego intenso de veículo, sobrecarga do
transporte urbano e principalmente sobre a poluição que o desenvolvimento da
urbanização vem causando. Edis Milaré3 (2005, p. 717) appud Isaac Ribeiro de
Moraes4 possui essa preocupação relatada em seu livro, onde diz que
Os elevados índices de urbanização e, inversamente, os baixos níveis de urbanismo vêm criando situações insustentáveis para o Poder Público e a coletividade. O inchaço doentio dos centros urbanos (aumento desregrado da população) não tem encontrado o contrapeso das estruturas urbanas necessárias (moradia, trabalho, transporte e lazer), gerando-se daí formas endêmicas de males urbanos. E – o que é pior – o fascínio das cidades e a concentração populacional crescem sem o necessário controle quantitativo e qualitativo desse crescimento.
2.3.1 Problemas Urbanos
Thomas Robert Malthus (1766-1834) em seu livro Princípios de
Economia Política argumenta que, “a humanidade amargará um triste fim se não
contiver seu crescimento populacional”.
3 MILARÉ, Edis. Direito do Ambiente: doutrina, jurisprudência, glossário. São Paulo: Editora
Revista dos Tribunais, 2005. 4 Mestrando da Universidade Católica de Santos – UNISANTOS, com concentração na Área de
Direito Ambiental. Engenheiro formado pela UNESP – Guaratinguetá e Bacharel em Direito pela UNIBAN.
21
Os problemas urbanos causados pela urbanização podem ser mais
bem entendidos como uma resposta do meio, da natureza em que estamos
inseridas que grita por uma solução rápida.
Iremos abordar de maneira simples cada problema urbano, focando os
problemas com a poluição do solo e da água e o impacto causado nas cidades,
focando principalmente á cidade de Caldas Novas.
2.3.1.1 Saneamento
Com a evolução da urbanização, o saneamento tornou-se um dos
principais impactadores do meio ambiente e a saúde da população,
principalmente nos serviços de tratamento do esgoto e destinação do lixo urbano.
Com a invasão irregular de terrenos, localidades de difícil acesso e a
verticalização das favelas tornaram-se difícil o tratamento do esgoto, destinação
do lixo e abastecimento de água potável, não permitindo a fiscalização e
identificação dos pontos mais precários.
É um processo lento de implementação para que possa trazer os
benefícios que a população necessita se fazendo necessária uma
regulamentação que possa oferecer a todos esse direito básico. Fundamentada
na Lei n° 10.257/2001, que se refere à diretrizes que permite a cada município a
criação e fundamentação do Estatuto da Cidade, termos em que protegem o
cidadão e o torna consciente aos seus direitos, abrem a ele o direito ao
saneamento básico, e dever de cobrar do poder municipal que consolide leis que
possam favorecer o tratamento do lixo e esgoto que muitas vezes são jogados
nos córregos e nascentes das cidades, como o caso na cidade de Caldas Novas,
em que já possui estudos sobre o problema da destinação dos esgotos
clandestinos a céu aberto, nas nascentes e a destinação do lixo urbano, tema
principal de nosso trabalho.
Houve investimentos maciços na área pelo governo federal, mas
poucos foram os projetos encontrados e desses muitos estavam defasados.
22
Agora, o setor começou a despertar com o Estatuto da Cidade este problema está
sendo destinada a atenção que merece, já que estamos em plena década da
consciência ambiental, é intolerável que este problema continue a ser tão
agressivo e nocivo.
2.3.1.2 Transito
Os problemas com o crescente número de frota de veículos no
perímetro urbano têm gerado dificuldades de locomoção, o engarrafamento,
acidentes de transito, violência e mortes. Acarretando prejuízos enormes de
tempo, qualidade de vida e ao meio ambiente, afetando a qualidade de vida no
perímetro urbano. Com o consumo de combustível ainda poluente, causam tanto
os transtornos físicos, como a emissão dos gases nocivos, quanto mental,
gerando o stress no transito. A maior preocupação conseqüentemente será
sempre a poluição e os acidentes no transito.
2.3.1.3 Habitação
Problemas com habitação têm gerado as divisas urbanas, essa
classificação é feito por estado econômico das pessoas, que são notoriamente
duas: as periferias, onde se localiza as pessoas de classe baixa, que não
possuem condições de manterem um padrão de vida na cidades; e centros
urbanos, onde se localiza a classe média e media alta, com poder aquisitivo
elevado.
23
As periferias causam a favelização e a especulação imobiliária. Mas
também o problema habitacional no país não é somente pela falta de crédito para
financiamento da casa própria, mas sim políticas que permitam a posse da casa
própria. No lançamento em setembro de 2005 no Rio de Janeiro do Relatório
Global Sobre Assentamentos Humanos: Financiamento Para Moradia do
HABITAT (agência das Nações Unidas), o representante desta instituição, Erik
Vittrup, afirmou que "um dos problemas do acesso a moradia no Brasil é a falta de
posses, o que inviabiliza o acesso aos financiamentos".
Apenas afirma que não há interrese do poder público em resolver esse
problema, pois enquanto o país se centra nas políticas no “crédito” (para a
aquisição da casa própria), grande maioria dos sem teto e excluídos sequer uma
vez na vida entrou em uma agência bancária, e nem mesmo têm como comprovar
renda, já que não possui uma e nem como dar garantias, não tem acesso à
saúde, não tem acesso à educação e sequer se alimenta de acordo com os
padrões mínimos de subsistência. E esse problema jamais ira se resolver
sozinho, sem que o governo pare de andar com uma venda sobre os olhos
quando o assunto vier realmente a ser discutido.
2.3.1.4 Desemprego e Subemprego
O alto índice de desemprego nos grandes centros urbanos foi causado,
principalmente devido o êxodo rural, acontecimento causado pela mecanização
do campo e o crescimento do mercado informal. Esse fenômeno social é
observado em nosso país pelo fator de urbanização acelerado, causador principal
do crescimento populacional nos centros urbanos e devido a crescente
mecanização e informatização dos processos de trabalho, excluindo cargos que
antes eram realizados por pessoas e acabaram sendo substituídos por máquinas.
No Brasil, o desemprego possui outro agravante, que é a migração de pessoas de
uma região a outra em busca de oportunidades de trabalho. Isso se observa nas
24
regiões Nordeste para o Sudeste e do interior para as capitais nas regiões Centro-
Oeste e Norte.
O Subemprego é uma situação econômica localizada entre o emprego
e o desemprego de uma maneira bem resumida. Ocorre normalmente quando a
pessoa não tem recursos ou condições para se manter enquanto procura
emprego, sendo obrigado a realizar uma atividade informal devido a necessidade
de sobrevivência. Uma situação que deveria ser temporária mas acaba se
transformando em definitiva quando o trabalhador não consegue mais voltar à
economia formal, ficando excluída do mercado de trabalho, transformando o
subemprego em um meio de vida.
2.3.1.5 Marginalização
O termo, Marginalização significa o processo em que pessoas são
postas “a margem da sociedade”, sem condições ou apoio do poder público ao
acesso dos direitos previstos na Constituição Federal de 1988. Podem ser grupos
de jovens em busca de trabalho, indivíduos situados abaixo da linha da pobreza,
dentre outros grupos de pessoas que foram excluídas de alguma forma dos
processos sociais, econômicos e culturais de desenvolvimento pessoal previstos
por lei na Constituição Federal de 1988. Essa seria a fase transitória entre a
inclusão e exclusão social, em que não estão por opção, mas sim por não
conseguirem participar da economia capitalista de consumo. Neste grupo, está
inserido, menor abandonado, a prostituição, assaltantes, mendigos, traficantes
dentre outros.
2.3.1.6 Poluição
25
Em definição, a poluição é a alteração do meio provocada pelo
lançamento de substâncias, matérias ou energia que provocam males ao meio
ambiente e à saúde. Pesquisa realizadas em grandes centros, revelam um alto
grau de contaminação e problemas de saúde. Mas estes problemas avançam
para as pequenas cidades interioranas, concentrando preocupantes níveis de
poluição do solo. Dentro do termo poluição, existem diversas outras que
impactam o meio em que estamos inseridos, dentre elas:
a) Poluição do Ar
É a contaminação da atmosfera pelos poluentes químicos, como o gás
carbônico , que provoca o efeito estufa, e o CCF ( Cloro, Carbono e Flúor), que
destrói a camada de ozônio, e metais pesados. Essa poluição acontece pela
queima de combustível e emissão do CO2 dos automóveis, por empresas que
utiliza de combustível fóssil para seu funcionamento e pela queima do lixo em
aterros sanitários.
b) Poluição Visual
Contaminação visual com a massificação através da propaganda. São
as poluições através de alt-doors, cartazes, faixas, dentre outros.
c) Poluição Termal
26
E o super aquecimento da atmosfera mediante a fumaça quente que
sai das fábricas e dos carros. Causam o aquecimento dos asfaltos e dos grandes
prédios de concreto pelo sol, formando o efeito de ilha de calor, mantendo o ar
quente concentrado abaixo da linha de gases poluentes na atmosfera e além do
efeito estufa.
d) Poluição Sonora
São os intensos e freqüentes ruídos provocados dentro do perímetro
urbano, provocam problemas de saúde alongo prazo como a surdez, a neurose,
dentre outros.
e. Poluição do Solo e da Água
Este tema requer ainda mais a atenção, devido à poluição do solo e da
água estarem diretamente ligada aos problemas com o saneamento. São
problemas causados pela evolução da economia e a produção diária de lixo nas
cidades. O acúmulo de lixo no solo causa sérios problemas não somente para os
ecossistemas, mas também para a sociedade, como a proliferação de insetos e
ratos que são altos transmissores de várias doenças. A poluição da água traz
maiores prejuízos para o ecossistema e para a saúde devido altos níveis de
lançamentos de esgoto e rejeitos industriais diretamente nos mananciais
aquáticos sem tratamento algum.
27
Outro problema é a decomposição bacteriana da matéria orgânica,
presente na maioria do lixo doméstico, que além de gerar mal cheiro, produz um
caldo escuro e ácido denominado chorume, que por sua vez infiltra-se no subsolo
contaminando o lençol freático.
Há a contaminação também das pessoas que manipulam o lixo a
procura de produtos recicláveis, não biodegradáveis, e essas acabam
manipulando produtos tóxicos, se contaminam e contaminam sua família.
Este assunto abre ainda mais a discussão sobre a evolução da
economia e seu impacto no meio em que está inserida. As cidades urbanizadas
são vítimas do processo capitalista que impôs o ritmo de produção em massa e
culpadas por não realizar estudos de impactos ao meio ambiente, devido o grau
de poluição existente e pela diminuição da qualidade de vida nos centros urbanos.
Estamos vivendo em uma economia autodestrutiva.
No Brasil, segundo dados publicados no portal Ecol News (2008)5, 90%
dos esgotos domésticos e industriais são despejados sem qualquer tratamento
nos mananciais de água e nascentes. Os lixões, muitos deles situados às
margens de rios e lagoas, são outro foco de problemas. O debate sobre o
tratamento e a disposição de resíduos sólidos urbanos ainda é negligenciado pelo
Poder Público.
Este artigo do portal Ecol News, levanta a discussão desta pesquisa
científica sobre o mal posicionamento do lixão situado nas proximidades da
cidade de Caldas Novas, a destinação do lixo urbano e como poderia ser melhor
utilizado o lixo urbano da cidade. Um estudo sobre o Plano Diretor e o Estatuto da
Cidade, relata que o município possui total poder para melhor gerir esse problema
além de beneficiar famílias que possuem como único meio de vida a reciclagem.
Segundo Brow(2003)6,
5 WWW.ecolnews.com.br, acessado em 15 de Outubro de 2008.
6 Presidente do Earth Policy Institute, uma organização interdisciplinar de pesquisa, sem fins
lucrativos, sediada em Washington, D.C., fundada por ele em maio de 2001. já recebeu 22 diplomas honorários e escreveu ou co-escreveu 47 livros, 19 monografias e inúmeros artigos. É também Fellow da MacArthur, tendo sido agraciado com vários prêmios, inclusive o Prêmio do Meio Ambiente das Nações Unidas em 1987, a Medalha de Ouro do Fundo Mundial para a Natureza em 1989, e o Prêmio .Blue Planet. de 1994, por suas .contribuições excepcionais para solução dos problemas ambientais globais.. Em 1995, Marquis Who.s Who, por ocasião da sua qüinquagésima edição, elegeu Lester Brown como um dos 50 Americanos de Destaque. No Brasil, associou-se à UMAUniversidade Livre da Mata Atlântica para publicação dos trabalhos e difusão das suas informações.
28
Em março de 2001, o aterro sanitário de Fresh Kills, destinação final da produção diária de 12.000 toneladas de lixo da Cidade de Nova York, foi definitivamente desativado. Hoje, o lixo é levado para locais distantes em Nova Jersey, Pensilvânia e Virgínia . alguns deles a mais de 480 quilômetros de distância. Considerando uma carga de 20 toneladas de lixo para cada um dos caminhões reboques utilizados para transporte a longa distância, cerca de 600 unidades são necessárias para a remoção diária do lixo de Nova York. Esses reboques formam um comboio de quase 15 quilômetros de extensão, congestionando o trânsito, poluindo o ar e elevando as emissões de carbono. Esse comboio diário de caminhões saindo da cidade levou o Vice-Prefeito Joseph J. Lhota, que supervisionou a desativação de Fresh Kills, a declarar que a eliminação do lixo da cidade .se assemelha a uma operação militar contínua.
O que está acontecendo em Nova York pode acontecer também com
as grandes cidades do Brasil, onde a destinação do lixo urbano causa tantos
transtornos que os custos para controlar o impacto causado pelo mesmo pode
gerar várias unidades de cooperativas de reciclagem de lixo urbano e coleta
seletiva, trazendo benefícios enormes para a cidade além de melhorar a
consciência ambiental da população e das organizações.
Há décadas um número grande de países tem buscado investir mais
em campanhas de educação e estratégias focadas na redução da geração de
resíduos, como a maior responsabilidade do gerador de lixo e priorizando a
diminuição dos materiais na disposição final.
Na França, desde 1975, implantam e utilizam a política do poluidor-
pagador, onde cada gerador é responsável pelo manejo e tratamento do lixo
relativo ao seu produto. Na Alemanha a população colabora com a redução e
manejo do lixo domiciliar produzido.
29
2.4 Plano Diretor e o Estatuto da Cidade: Sua Importância para a
Formação de uma Sociedade
Segundo Aristides Moyses7 (2007), As condições de vida nas cidades
brasileiras contrariam a máxima weberiana de que o ar da cidade liberta. Essas
condições, com certeza, se agravaram nas décadas de 1980 e 1990.
Segundo o mesmo autor, isso se aconteceu devido à falta de políticas
públicas que fossem eficazes para normalizarem o processo de urbanização,
permitindo as cidades uma proteção e direitos. Mas isso mudou com a inclusão
dos direitos das cidades que foi tratada na Constituição Federal de 1988, com a
inclusão dos artigos 182 e 183, compondo o capítulo da Política Urbana, que
segundo a cartilha sobre o Estatuto das Cidades,
A inclusão dos artigos 182 e 183, compondo o capítulo da Política Urbana foi uma vitória da ativa participação de entidades civis e de movimentos sociais em defesa do direito à cidade, à habitação, ao acesso a melhores serviços públicos e, por decorrência, a oportunidades de vida urbana digna para todos.( Estatuto da Cidade para compreender, Pág. 3)
Com a aprovação do Estatuto da Cidade seus principais objetivos
foram geradores de uma atuação total da comunidade junto ao poder público para
atender seus direitos. Seus instrumentos urbanísticos, tributários e jurídicos
permitiram a efetiva aplicação de um Plano Diretor formulado por cada município,
para desenvolver as funções sociais da cidade e da propriedade urbana como
preconiza o artigo 182.
Com aprovação do Estatuto da Cidade, o poder público assume o
papel de protagonista e responsável pela formulação, implementação e avaliação
7 Professor do Departamento de Economia da UCG. Doutor em Ciências Sociais pela PUC/SP.
Diretor do Departamento de Ordenação Sócio-Econômica da Secretaria Municipal de Planejamento. Coordenador do Grupo de Estudos e Pesquisas Urbanas do Centro-Oeste – GEPUR-CO. Pesquisador do Observatório das Metrópoles.
30
de políticas urbanas permanentes, determinadas pelo Plano Diretor, para que
todos os cidadãos desfrutem dos direitos e benefícios decorrentes do processo de
urbanização e de seu desenvolvimento urbano, onde os agentes responsáveis –
população, governo e empresariado- examinem suas praticas, comportamentos e
ações.
O Estatuto da Cidade é neste momento a esperança de mudança do
cenário urbano, permitindo a solução ou minimização dos problemas ocasionados
pelo crescimento urbano. Com a formulação da Lei n° 10.257/2001, cada
município possui um poder de agente modificador da realidade de seus
problemas municipais, que possui metas a serem atendidas, envolvendo o poder
municipal, estadual e federal para que o Estatuto seja cumprido.
A seguir o plano diretor será apresentado, para demonstrar seu papel
como instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana.
Para nosso estudo apresentado por este trabalho científico, o Estatuto da Cidade
permite a evolução e o aprimoramento das políticas que beneficiam o município,
aplicado ao estudado na cidade de Caldas Novas, que pode se beneficiar com
uma cooperativa de reciclagem de lixo inorgânico, que será apresentado a seguir
com todas as vantagens que a Lei permite ser aplicada de forma direta a nossa
realidade.
2.4.1 DIRETRIZES DA LEI N° 10.257 DE 10 DE JULHO DE 2001
A Lei n° 10.257 de 10 de julho de 2001 – Estatuto da Cidade – vem
regulamentar os artigos 182 e 183 da Constituição Federal de 1988, que
conformam o capítulo relativo à Política Urbana.
Segundo a cartilha do Estatuto da Cidade para compreender8 mesma
lei baseada nos artigos 182 e 183, revelam que
8 Desenvolvido pelo Instituto Brasileiro de Administração Municipal em 2001.
31
O artigo 182 estabeleceu que a política de desenvolvimento urbano, executada pelo poder público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade garantindo o bem-estar de seus habitantes, definindo que o instrumento básico desta política é o Plano Diretor.
E ainda que,
O artigo 183, por sua vez, fixou que todo aquele que possuir como sua, área urbana de até duzentos e cinqüenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirirá o seu domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.
Estes artigos deram o poder para que cada município regulamentasse
extensas áreas das cidades ocupadas por favelas, vilas, alagados ou invasões,
loteamentos clandestinos espalhados pelas periferias urbanas, transpondo a
moradia formal e formulação de políticas que realmente fossem cabíveis de
aplicação a seus municípios.
O Estatuto da Cidade ressalta a verdadeira necessidade de
investimento nos municípios para que a legislação seja devidamente aplicada
para que o planejamento urbano aconteça como um gerador de mudança na
cultura política dos gabinetes municipais, para as prefeituras adotarem métodos
criativos de eliminação dos problemas, não adotar apenas uma postura corretiva
com relação aos problemas urbanos. A nova legislação busca promover, além
das corretivas, ações preventivas que controlem e restrinjam o uso da
propriedade em prol do bem coletivo e do meio ambiente urbano equilibrado
essencial para nossa sadia qualidade de vida (art.225, CF/88), principal objetivo
de nosso estudo.
Os vários instrumentos sistematizados pelo Estatuto da Cidade dão ao
Administrador Municipal as condições necessárias para planejar a cidade que
desejamos, corrigindo os problemas existentes e prevenindo um desenvolvimento
32
urbano sem controle que comprometa a garantia do direito a cidades
sustentáveis.
Na cidade de Caldas Novas deve-se ter o total controle da destinação
do lixo e esgoto para que não comprometa seu principal produto, as águas
termais. Com o plano diretor que realmente seja cumprido e com investimentos
neste setor, a cidade não somente ganha a garantia da qualidade de seus
mananciais como também o reconhecimento de uma cidade modelo de gestão de
resíduos recicláveis.
Quanto à aplicação do Estatuto da Cidade, cabe ressaltar a
complexidade que envolve as ações de preservação, recuperação e revitalização
das áreas urbanas, cuja sua aplicação deve ser totalmente diferenciada se
tratando de um meio totalmente modificado pelo homem diferindo em muito do
meio ambiente natural, requerendo do poder público ações integradas
multidisciplinares que ao mesmo tempo crie restrições à ocupação do solo,
organize a circulação dos transportes dentro do perímetro urbano e estabeleça
medidas legislativas de respeito à convivência nas cidades, tendo por objetivo
básico desenvolver da melhor maneira possível o que estabelece a Carta de
Atenas, ou seja, dar aos cidadãos condições favoráveis de habitação, trabalho e
lazer, sem agredir o meio em que vivemos.
Edis Milaré (2005, p. 707) confirma isso ao relatar que,
A Política Nacional Urbana , além de ser instrumento eficiente, é ainda um processo contínuo voltado para a melhoria constante da qualidade de vida das nossas cidades. Todavia, a sua eficácia será alcançada apenas se os Municípios estiverem parelhados para o desempenho das responsabilidades e dos encargos que a Constituição Federal e o Estatuto da Cidade lhes cometem.
Após a Constituição Federal de 1988 e a criação do Estatuto da
Cidade, não há mais como o poder municipal ignorar o direito do cidadão a uma
vida digna e ao meio ambiente equilibrado, bem como este mesmo meio ambiente
passou a ser o patrimônio necessário a garantia da vida no planeta, como nos
ensina José Afonso da Silva (1999, p. 818),
33
A qualidade do meio ambiente se transformara num bem, num patrimônio, num valor mesmo, cuja preservação, recuperação e revitalização se tornaram num imperativo do Poder Público, para assegurar a saúde, o bem-estar do homem e as condições de seu desenvolvimento. Em verdade, para assegurar o direito fundamental à vida.
Para realizar nosso estudo sobre o principal problema da urbanização
do século XXI sobre a destinação do lixo produzido pelas cidades, fundamentados
no Estatuto da Cidade, no artigo 182 e 183, analisaremos a real necessidade de
se aplicar um projeto de reciclagem de lixo no município e os benefícios gerados
por todo este processo, que através do Plano Diretor do município, pode-se
oferecer á população menos favorecida o acesso e garantia à moradia, aos
serviços e equipamentos urbanos, ao transporte público, ao saneamento básico, à
saúde, à educação, à cultura e ao lazer, todos eles direitos intrínsecos aos que
vivem na cidade.
O Estatuto da Cidade estabelece, ainda, outras diretrizes gerais para
que a política urbana alcance o pleno desenvolvimento das funções sociais da
cidade. Com a aplicação de um plano de desenvolvimento municipal, os valores
atribuídos e relacionados neste projeto são ilimitados, permitindo o acesso a
qualidade de vida a todos.
A primeira delas é a garantia do direito a cidades sustentáveis, ou seja,
o direito de todos os habitantes de nossas cidades à terra urbana, à moradia, ao
saneamento ambiental, à infra-estrutura urbana, ao transporte e serviços públicos,
ao trabalho e ao lazer, não só para as gerações atuais, como também para as
futuras, segundo Brown(2003), já estabelecido pelo termo desenvolvimento
sustentável surgido em 19809 e foi consagrado em 1987 pela Comissão Mundial
9 Ver a publicação World conservation strategy: living resource conservation for sustainable
development (1980), elaborada pela International Union for Conservation of Nature and Natural Resources - IUCN, com a cooperação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente - PNUMA, World Wildlife Fund - WWF, Food and Agriculture Organization - FAO e United Nations Educacional, Scientifi c and Cultural Organization - Unesco.
34
sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, conhecida como Comissão
Brundtland10, onde,
Aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem a suas próprias necessidades. Ele contém dois conceitos-chave: o conceito de necessidades, sobretudo as necessidades essenciais dos pobres do mundo, que devem receber a máxima prioridade e; a noção das limitações que o estágio da tecnologia e da organização social impõe ao meio ambiente, impedindo-o de atender às necessidades presentes e futuras (Nosso futuro comum, 1991, p. 46 appud Brown (2003)).
.
Sobre essa ótica, o Estatuto da Cidade apresenta caminhos bem claros
para serem seguidos para a expansão urbana seja compatível com os limites
ambientais, procedendo com a sustentabilidade social e ambiental, com uma
gestão muito mais eficiente do poder municipal e da participação da sociedade
alcançarmos o desenvolvimento. Para isso possuímos outro principal regulador,
que permite junto ao Plano Diretor uma fiscalização ainda maior a respeito do
meio ambiente e a produção de poluição por parte das empresas privadas como o
Estudo de Impacto de Vizinhança – EIV.
2.4.2 Estatuto da cidade e o Estudo de Impacto de Vizinhança – EIV
O EIV é um instituto estabelecido no Capítulo II – Dos Instrumentos da
Política Urbana, Seção XII, artigos 36, 37 e 38 do Estatuto da Cidade e depende
de lei municipal que defina os empreendimentos e atividades privadas ou públicas
que merecerão sua aplicação. Estabelecida a lei, os empreendimentos e
atividades nela relacionados estarão condicionados ao estudo dos efeitos
10
Relatório apresentado à Assembléia Geral da ONU em 1987, sobre o meio ambiente, também conhecido por relatório Brundtland, por ter sido presidido pela Primeira Ministra da Noruega Gro Harlem Brundtland. Publicado em Português com o título Nosso futuro comum.
35
positivos e negativos que os mesmos possam causar a qualidade de vida da
população residente na área e suas proximidades e somente após a análise e
aprovação do EIV serão autorizadas as licenças de Construção, ampliação ou
funcionamento a cargo do Poder Público Municipal.
De acordo com o artigo 37 do Estatuto da Cidade, o EIV deverá
analisar, no mínimo, as seguintes questões:
a) O Adensamento populacional;
b) Os equipamentos urbanos e comunitários;
c) O uso e ocupação do solo;
d) A valorização imobiliária;
e) A geração de tráfego e demanda por transporte público;
f) A ventilação e iluminação;
g) A paisagem urbana e patrimônio natural e cultural.
Em suma, a lei estabelece particularidades que teve ser atentadas
pelos municípios em que para todos os empreendimentos existentes, deve-se
aplicar um estudo de impactos gerados como poluição do ar, poluição sonora,
geração de lixo e etc. Em resumo, os conteúdos definidos por essa lei são para
implementar um estudo prévio de impacto de vizinhança para não perder de vista
os objetivos fundamentais da organização que ali se instale, e que previnem os
efeitos negativos do empreendimento junto ao meio me que se está inserido.
Em Caldas Novas, esta lei iria beneficiar o município em relação a
regulamentação do empreendimentos a serem construídos, onde o poder
municipal destinaria uma área para a construção destes empreendimentos, o que
acabaria por valorizar esta área, protegendo áreas ambientais e nascentes.
Apenas alguns empreendimentos possuem uma consciência ambiental, que
realmente se preocupa pelos dejetos que jogam em meio a natureza. Com a EIV
os empreendimentos da cidade terão de se adaptar ao plano de tratamento de
resíduos para diminuir o impacto causado, principalmente nas nascentes da
região.
36
3 CALDAS NOVAS: O OBJETO DE ESTUDO – CARATERÍSTICAS
E PARTICULARIDADES
3.1 Breve histórico
Caldas Novas é um dos 21 municípios da Microrregião Geográfica de
Meia Ponte, no Sul de Goiás. Localizada a 170 km de Goiânia, capital do estado,
tornou-se conhecida por suas águas termais, que atraem, a essa cidade de
62.389 habitantes, segundo dados do IBGE(2007), quase um milhão de pessoas
todos os anos.
FIGURA 1 - Foto aérea da cidade de Caldas Novas
Fonte: RAMOS(2005).
Desde o descobrimento das águas quentes, em 1777, pessoas de
todas as localidades procuram à cidade e suas águas quentes, acreditando na
37
capacidade curativa das mesmas, chegando até mesmo a fixar residência na
cidade, o que contribuiu para a divulgação do valor terapêutico dessas águas.
Entretanto, constituiu-se o município apenas em 21 de outubro de 1911 e o
primeiro balneário público foi construído somente em 1920.
Em meio ao cerrado e cercada pelo relevo de formas arredondadas e
pelas belezas naturais do parque estadual da serra de Caldas, como trilhas
ecológicas e cachoeiras estonteantes, a cidade de Caldas Novas apresenta
grandes belezas naturais. Encravado em uma região rica em jazidas minerais, o
município, através de políticas espaciais, conseguiu transformar seus mananciais
hidrotermais em base para a estruturação de uma cidade para o turismo de lazer.
O município possui atrativos naturais que se localizam tanto no
perímetro urbano como no rural. No Parque Estadual da Serra de Caldas, é
possível caminhar por trilhas, e tomar banho em cachoeiras. A cidade conta com
um complexo hoteleiro muito significativo, constituído por hotéis, pousadas, apart,
flats e outros.
3.2 Dados Históricos
A cidade de Caldas Novas, inicialmente pertencia a região de Santa
Cruz, no sertão goiano, e que logo chamou a atenção de lavradores que
identificaram nelas propriedades terapêuticas de alto valor. Martinho Coelho de
Siqueira dirigiu um movimento de criação de um povoado para exploração das
fontes. Em 1777, Martinho Coelho, enquanto caçava nas matas vizinhas,
descobriu novas fontes às margens do Rio Pirapetinga, às quais deu o nome de
Caldas de Pirapetinga, e outras às margens do Córrego Lavras, dando-lhes o
nome de Caldas Novas11.
Após a morte de Martinho Coelho, seu filho, Antônio Coelho de
Siqueira assumiu a administração da Fazenda das Caldas. Em 1818, recebeu a
11
Fonte: WWW.imperiusadministradoradeflats.com.br, acessado em 10 de Junho de 2008.
38
visita de Augusto de Saint Hilaire, e do então Governador de Goiás, Capitão
General Fernando Delgado Leite de Castilho, que se curou de paralisia e
reumatismo em suas águas, tornando-as ainda mais conhecidas. Em 1838, a
pedido do diretor da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, veio até Goiás, o
Dr. Vicente Moretti Foggia, examinar as propriedades terapêuticas das águas da
Fazenda das Caldas.
Com a morte de Antônio Coelho, em 184812, Fazenda das Caldas, com
todas as fontes, foi vendida a Domingos José Ribeiro, que em 27 de Janeiro de
1850, doou uma parte da fazenda, às margens do Córrego Lavras, para a
construção da Igreja de Nossa Senhora do Desterro, a padroeira da cidade. A
Igreja foi elevada à categoria de Freguesia em 1853, tendo como primeiro vigário,
o Cônego José Olinta da Silva, que em 1857 substitui a padroeira por Nossa
Senhora das Dores de Caldas Novas, que pertencia ao julgado de Santa Cruz,
passando ao de Pouso Alto em 1869 e voltando ao primeiro em 1870, ano da
criação da primeira escola, tendo como professor, Limírio Ribeiro Quinta.
Em 1880, o Capitão Cândido Gonzaga de Menezes, filho de Luiz
Gonzaga, desagregou Caldas Novas de Santa Cruz e anexou ao município de
Vila Bela de Morrinhos. Em 1893, foi elevada a Distrito e criada uma agência dos
Correios, tendo como primeira encarregada Maria Carlota S. Miguel. Em 5 de
Julho de 1911 foi criado o município de Caldas Novas, levando sua sede à
categoria de Vila em 21 de Outubro de 1911, à categoria de cidade em 21 de
Junho de 1923 e Comarca de 1ª Entrância em 15 de Junho de 1937.
3.2.1 Do descobrimento das águas ao começo das Caldas
A história de Caldas Novas começa bem antes da saga do coronel
Bento de Godoy. Segundo relata a tradição, os grupos exploratórios da bandeira
de Bartolomeu Bueno, na rota que seguiu entre o sítio do Catalão e as margens
12
Fonte: WWW.imperiusadministradoradeflats.com.br, acessado em 10 de Junho de 2008.
39
da Lagoa Feia, localizou as águas quentes pela primeira vez. Segundo Juca de
Godoy, o grupo designado para explorar o maciço tocou pela esquerda do rio
Corumbá na direção Norte, tendo cruzado o rio abaixo da barra do Pirapetinga. O
lugar ainda hoje tem o nome de Porto do Fundão, dado por eles por causa da
furna em que o rio corre.
FIGURA 2 - Descobrimento da águas termais na lagoa Pirapetinga
Fonte: WWW.imperiusadministradoradeflats.com.br
Enquanto tentavam achar ouro na costa ocidental da serra, os
bandeirantes encontraram as fontes, que formavam um ribeirão repleto de
cachoeiras e em cujas margens assentaram seu primeiro arranchamento. O local
é muito próximo de onde está estabelecida hoje a Pousada do Rio Quente. A
descoberta estimulou novas explorações no leito dos córregos. Não demorou
muito e a planície revelou outras fontes termais, menos abundantes, mas de
temperatura mais alta. E para diferenciar os dois sítios, o da encosta da Serra e o
da planície, deram-lhes os nomes de Caldas Velhas e Caldas Novas. Por volta do
ano de 1770, o minerador Martinho Coelho de Siqueira tomou conhecimento do
ouro encontrado nas encostas da Serra, no local que ficara conhecido como as
Águas Santas de Santa Cruz. Ele deixou Santa Luzia (hoje Luziânia) e se
transferiu para o local com parentes, agregados, escravos e tudo o que tinha.
40
3.2.2 Da Mineração do Ouro às Descobertas Medicinais das Águas
Quentes
As Caldas Velhas já eram conhecidas pelo menos desde 1783,
havendo até mesmo, instalações de trabalho já abandonadas nesta época. O
mais interessante é que já se tinha uma avaliação rudimentar do poder curativo
das águas, uma preocupação constante de governantes de Goiás, de naturalistas
e pessoas interessadas nas propriedades medicinais das Caldas. Pouco tempo
depois, o governador Fernando Delgado Freire de Castilho aliviava suas dores de
origem reumática com banhos nas águas quentes de Caldas. Ao receber a visita
do naturalista francês Saint Hilaire em 1819, insistiu para que ele não deixasse de
passar pelas águas quentes. O naturalista atendeu ao convite e registrou em seu
diário os dias em que permaneceu hospedado na Fazenda Caldas13.
Em 1838, o governo da Província solicitou ao doutor Vicente Moretti
Foggia, médico italiano radicado em Goiás, uma análise acurada das
propriedades da água. No mesmo ano, essas mesmas observações foram
repetidas pelo doutor Manoel de Mello Franco, que veio de Minas Gerais em
missão oficial. Na década seguinte, em 1842, coube ao doutor João Maurício
Faivre fazer novas observações. E na última década do século 19, em 1893, a
Comissão Cruls, que estava demarcando o território para o futuro distrito federal,
manda até Caldas o seu mais competente técnico, o doutor Antônio de Azevedo
Pimentel. Já no século 20, por interesse e trabalho de representantes de Goiás no
Congresso Nacional, especialmente do senador Olegário Pinto, foram feitas
novas análises e relatórios por Alceu Vitor Rodrigues (1905), Teófilo Lee (1913) e
finalmente Orozimbo Correia Neto (1918), que produziu um relatório amplamente
divulgado. Desde o final do século 18, à medida que as tentativas de
13
Fonte: WWW.imperiusadministradoradeflats.com.br, acessado em 10 de Junho de 2008.
41
enriquecimento pela mineração de ouro foram fracassando, foi-se fixando cada
vez mais o conhecimento sobre a virtude das águas.
Registra a história que Bartolomeu Bueno da Silva, o filho de
Anhangüera, em 1722, enquanto tentava achar ouro, descobriu às águas quentes
que jorram na base da Serra de Caldas, na vertente ocidental, formando um rio de
águas transparentes, encachoeirado e de frondosas árvores que se alinhavam no
sopé da serra. Ali, em suas margens fizeram o assentamento e deram o nome de
Caldas Velhas (TEIXEIRA NETO et. al.,1986) ao local que, atualmente, abriga a
Pousada do Rio Quente.
Segundo Elias (1994):
Bartolomeu Bueno da Silva, em 1722, descobriu as fontes principais de Rio Quente, mas não encontrando grandes riquezas em ouro seguiu para outros locais para fundar as primeiras povoações do Estado de Goiás, como o arraial de Santana, hoje cidade de Goiás. (ELIAS, 1994, p. 40).
Segundo dados históricos de Mendez (2005), o governo português,
ávido por riquezas minerais, procurou resguardar as águas termais de Caldas
Novas para futuras explorações. Entretanto, em 1777, Martinho Coelho de
Siqueira, um bandeirante paulista, procedente de Santa Luzia, atual Luziânia,
chega à região conhecida como Caldas de Santa Cruz, essa cidade, uma das
mais antigas, está localizada a 69 km da atual Caldas Novas.
Os cães de Martinho Coelho de Siqueira se escaldaram nas águas da
Lagoa de Pirapitinga, “um lago de cento e oitenta palmos de comprimento por
vinte de largo, cuja temperatura chega à da água fervendo” (CORREA NETTO,
1918, apud TEIXEIRA NETO et. al., 1986, p. 17).
Após o ocorrido, segundo Mendez(2005), Martinho Coelho de Siqueira
construiu sua casa, em terras onde atualmente situa-se o Serviço Social do
Comércio de Caldas Novas (SESC – Caldas Novas) encontra-se aberta para
visitações. A casa permanece no mesmo local e guarda ainda feições de uma
época, embora tenha passado por algumas reformas. Essa casa onde Martinho
42
Coelho residiu, segundo dados históricos municipais, foi a primeira casa a ser
construída na incipiente da cidade de Caldas Novas.
Um outro grande fator que contribuiu para que Martinho Coelho de
Siqueira fixasse residência naquele local seria o ouro farto às margens do
Córrego das Caldas, na época denominado Córrego das Lavras. As minas de
ouro multiplicavam-se. Apossando-se de uma gleba de terra de cerca de 40km2,
tomou posse das terras na margem esquerda do córrego Caldas e toda a terra da
margem direita acima das nascentes.
Logo a notícia da existência de ouro e do valor medicinal das águas se
espalhou, atraindo centenas de mineiros e de doentes, que construíram barracos
às margens do Córrego das Lavras crendo em suas características medicinais.
Martinho Coelho e seu filho construíram banheiras de lajes de pedras em bicas de
madeira para facilitar o uso das águas termais, devido a procura incessante.
Cada vez mais pessoas doentes portadoras de doenças infecciosas
procuravam a estância acreditando em seu potencial de cura, onde muitos
residiam em ranchos ao longo do Ribeirão das Lavras. O primeiro caso de cura
nas águas medicinais acontece quando o governador da província Fernando
Delgado de Castilho, deslocou-se de Vila Boa, percorrendo cerca de 400 Km para
se tratar do reumatismo. Tendo sua doença curada, permitiu a propaganda oficial
das águas termais.
Muitas famílias vieram para o povoado de Caldas Novas, adquiriram
propriedades e se estabeleceram na região, cultivando a terra e desenvolvendo a
criação de gado. Fazendeiros de Minas Gerais e de São Paulo tiveram um
importante papel na construção e ocupação urbana, se estabelecendo no
povoado.
43
3.2.3 A Fundação do Arraial das Caldas Novas
Segundo dados revelados pelo site Imperius administradora de Hotéis
e Flat’s(2008), durante toda a primeira metade do século 19, ao mesmo tempo em
que pessoas enfermas procuravam as Caldas, a população também foi
crescendo. Famílias de diversos lugares, especialmente de Minas Gerais e São
Paulo, estabeleceram-se na região. Em 1840, foi a vez de Luís Gonzaga de
Menezes chegar ao local. Após se casar com Rita Parreira, Menezes se instalou
na região. A reunião dos dois patrimônios o tornou um homem muito poderoso,
mas, sobretudo, preocupado e responsável. Ao visitar o Arraial que existia então,
conhecido como Quilombo, Luís Gonzaga de Menezes ficou abalado com a
miséria predominante. Tomou a decisão de promover a mudança da situação.
Em 1848, quando os herdeiros do tenente Coelho, Antônio Coelho de
Siqueira, venderam seus direitos para Domingos José Ribeiro, Luís Gonzaga de
Menezes associou-se a este para impulsionar a criação de um núcleo
populacional. Os trabalhos de demarcação dos terrenos e da praça começaram
no ano seguinte, em 1849.
FIGURA 3 - Fundação do Arraia de Caldas Novas.
Fonte: WWW.impriusadministradora.com.br
44
Segundo dados históricos, a pedido de Luís Gonzaga, Domingos doou
a gleba de terras para o assentamento do Arraial das Caldas Novas. A doação foi
formalizada em janeiro de 1850 e os moradores do Quilombo foram chamados
para se transferirem para o novo arraial, o que só foi aceito por alguns. O coronel
Luís tornou-se, a partir daí, a alma do Arraial. Acompanhou as obras
cotidianamente, chegando a construir junto à praça (onde ficava o cinema) um
ranchão para estar sempre junto aos trabalhos.
Até 1911, o lugarejo foi subordinado a Morrinhos. Mas, já em 1908, sob
a liderança do coronel Bento de Godoy, de Orcalino Santos, Juca de Godoy,
Victor Ala, Josino Brettas, Orlando Rodrigues da Cunha e outros, inicia-se um
movimento político que culmina com a emancipação de Caldas Novas.
Essas lideranças chegaram à pequena vila a partir de 1900. À medida
que os habitantes influentes de Caldas Novas foram construindo a história do
lugar, define-se a organização espacial de uma promissora cidade turística com
fortes influencias para sua emancipação.
Em 1911, por ordem de presidente do Estado, Urbano Gouveia, Bento
de Godoy foi nomeado presidente da primeira intendência, designação esta que,
no princípio do século XX, se dava aos chefes do poder executivo municipal, hoje
conhecido como prefeito, instalada em 21 de outubro de 1911, data em que se
comemora o aniversário de Caldas Novas.
3.2.4 O crescimento urbano de Caldas Novas
O desenvolvimento urbano de Caldas Novas chama a atenção pelos
números expressivos. Em 1996, a cidade cresceu a uma taxa de 20,8% ao ano.
Foi o segundo maior crescimento do Brasil. Nos últimos 20 anos, sua população
cresceu mais de 500%. O lado positivo desse processo de desenvolvimento é que
Caldas Novas se tornou uma cidade receptora de investimentos e capitais.
Entretanto, o custo social é elevado, já que todo esforço do setor público tem de
45
girar em torno do atendimento às necessidades de saneamento, saúde,
educação, segurança etc. Apesar das dificuldades, a cidade tenta manter o
cuidado com o planejamento urbano, uma de suas marcas desde a emancipação.
A ocupação espacial está em constante mutação, pois a sociedade
modifica seus hábitos, costumes, desejos, consumo, imprimindo novas funções às
formas geográficas, que se acham impregnadas de conteúdo social, crescendo
juntamente com os desejos da sociedade.
Para Carlos (2004),
[...] o homem se apropria do mundo, enquanto apropriação do espaço – tempo determinado, aquele da sua reprodução da sociedade. Assim se desloca o enfoque da localização das atividades, no espaço, para a análise do conteúdo da prática sócio-espacial, enquanto movimento de produção/apropriação/reprodução da cidade.
Segundo Carlos (2004), os centros urbanos se localizam nos fluxos de
capital, que no caso da cidade de caldas novas seria as fontes de água quente
localizadas em alguns hotéis, os principais motivadores dessas mudanças
territoriais.
Borges (2005), em seu estudo sobre caldas novas, revela que à
construção das sociedades humanas revelam seu produto histórico-social através
das obras materializadas, construídas ao longo de gerações e tecida nas relações
do cotidiano, como também sua história, símbolos, nas obras humanas, na fala
dos seus habitantes e no seu modo de vida.
Não se pode pensar no espaço como mero espelho externo da
sociedade, mas como um molde para que mudemos nossas atitudes como
integrantes da sociedade em que nos inserimos.
Do espaço não se pode dizer que seja um produto como qualquer outro, um objeto ou uma soma de objetos, uma coisa ou uma coleção de coisas, uma mercadoria ou um conjunto de mercadorias. Não se pode dizer que seja simplesmente um instrumento, o mais importante de todos os instrumentos, o pressuposto de toda produção e de todo intercâmbio. Estaria essencialmente vinculado com a reprodução das relações (sociais) de produção (LEFÈBVRE, 1976 apud CORRÊA, 1995, p. 25-26).
46
Ao longo do século XX, a importância das cidades no desenvolvimento
das regiões pela sociedade vem sendo cada vez mais notório devido os
benefícios que tal desenvolvimento traz.
É o que se nota como ocorreu em Caldas Novas a partir de 1980, e
como o turismo incrementou outros setores econômicos da cidade. O setor
secundário desenvolveu-se com a indústria alimentícia (padarias, fábricas de
doces, salgados, conservas, massas, biscoitos, laticínios, torrefadoras de café,
bebidas – cachaça, sucos e licores) e com as manufaturas da confecção, de
móveis e produtos de limpeza.
Um setor que merece destaque seria a construção civil, com as
“pequenas empresas que fabricam tijolos, cerâmicas, concreto, artefatos de
cimento” (ALBUQUERQUE, 1998, p. 31).
Em relação ao setor terciário, segundo Olinda Mendes (2005), os
principais equipamentos e serviços são voltados para o turismo: hospedagens
(hotéis, pousadas, acampamentos); serviços de alimentação (restaurantes, bares,
lanchonetes) e de entretenimento (praças, clubes, parques); operadoras e
agências de viagens, transportadoras turísticas, locadora de imóveis, além do
comércio para turistas (feiras, artesanato), dos bancos, entre outros.
Com crescimento econômico, há notável aumento da população. Em
1991, a população do município de Caldas Novas era de 24.159 habitantes e, no
ano de 2000, evolui para 49.660 habitantes (IBGE, 2000), um aumento
aproximado de 105,55 % em menos de dez anos.
47
3.2.5 A Exploração Medicinal da Águas Quentes
A descoberta das águas quentes aconteceu no final do século XVIII,
mas a primeira “casa de banho” de Caldas Novas surgiu apenas em 1910. As
instalações eram de madeira e tinha apenas duas banheiras. O sucesso foi tanto
que o número de convidados só aumentava. Dez anos mais tarde, em 1920, os
herdeiros do major Victor e o médico Ciro Palmerston construíram em sociedade
o primeiro balneário público, com duas banheiras esmaltadas e três cimentadas.
Mas o primeiro grande empreendimento surgiu somente em 1964: a Estância
Thermas do Rio Quente, que antes pertencia ao município de Caldas Novas.
Segundo Borges (2005), Teixeira Neto(1986) descreve que registra a
história que Bartolomeu Bueno da Silva, o filho de Anhangüera, em 1722,
enquanto tentava achar ouro, descobriu às águas quentes que jorram na base da
Serra de Caldas, na vertente ocidental, formando um rio de águas transparentes,
encachoeirado e de frondosas árvores que se alinhavam no sopé da serra. Ali, em
suas margens fizeram o assentamento e deram o nome de Caldas ao local que,
atualmente, abriga a Pousada do Rio Quente.
Após descobrimento da lagoa do Pirapitinga, Martinho Coelho de
Siqueira construiu sua Casa, em terras onde atualmente se localiza o Serviço
Social do Comercio – SESC- GO, sendo a primeira a ser construída na cidade de
Caldas Novas.
3.2.6 O aquecimento das águas quentes
As nascentes de Águas Termais de Caldas Novas e Rio Quente
situam-se na região sudeste do Estado de Goiás, próximo a divisa com Minas
Gerais.
48
O fenômeno das águas quentes que ocorrem na região possui sua
particularidade, pois não possui vinculação com vulcanismo ou outro tipo de
magmatismo no mundo. São originadas a partir das águas das chuvas que
penetram no solo e nas rochas fraturadas, alcançando profundidades superiores a
1000 metros, e quando são aquecidas pelo aumento do grau geotérmico em
profundidade, retornando a superfície através de sistemas de fraturas. As águas
possuem maior surgimento em formas de nascentes no município de Rio Quente
e na Lagoa de Pirapitinga, em que devido dados históricos da cidade, chegou a
cozinhar vivo um cachorro. Na cidade de Caldas Novas são bombeadas de poços
tubulares profundos. As águas usadas nos complexos balneários possuem
temperaturas entre 34 a 58° C.
FIGURA 4 - Modelo esquemático do fluxo de água subterrânea de Caldas Novas
Fonte: Associação das Empresas Mineradoras das Águas Termais de Goiás - AMAT
Como pode se observar na Figura 1, as águas são aquecidas com o
calor proveniente do interior da terra, em camadas profundas e permeáveis. O
49
subsolo da região de Caldas Novas é constituído por xistos impermeáveis,
apoiados em quartzitos permeáveis, que deixam passar a água, através de
fraturas. Tais quartzitos afloram na superfície das Serra de Caldas Novas e da
Matinha.
A água da chuva infiltra no topo dessas Serras, que estão a cerca
de mil metros de altura em relação ao nível do mar. Essa água fria que infiltra,
penetra profundamente sob a camada impermeável de xisto e se aquece a
grandes profundidades.
Antigamente, segundo dados da AMAT(2008), era usada
principalmente para a cura de doenças de pele, como o mal de Hanseníase
(lepra) e também do reumatismo, pois aliviava as dores. As águas que jorram dos
poços profundos, em Caldas Novas, têm temperaturas que variam de 30º a 57ºC.
São consideradas oligominerais (com poucos minerais) e hipertermais radiativas.
Segundo dados da AMAT, na região ocorrem rochas metamórficas com
mais de 600 milhões de anos, pertencentes ao Grupo Paranoá e
Araxá.
Foram distinguidos três sistemas de aqüíferos na região: Aqüífero
Freático ou Intergranular (com temperaturas entre 24 a 27° C), Aqüífero Araxá
(com temperaturas entre 27 a 45° C) e Aqüífero Paranoá (com temperaturas
entre 46 a 58° C).
3.3 Fomento da Economia local das Águas Quentes
O relatório do ministério do turismo sobre os 65 destinos turísticos,
relata os métodos de abordagem dos impactos gerados pelo desenvolvimento do
turismo. São classificados em níveis de impactos: diretos, indiretos e induzidos.
Os estabelecimentos comerciais que recebem os gastos diretos dos
turistas necessitam de fornecedores, ou seja, precisam comprar bens e serviços
de outros setores da economia local. Como exemplo, citam-se os hotéis que
contratam serviços, como os de construção civil, bancos, contadores e
50
fornecedores de alimentos e bebidas. Partes desses gastos saem de circulação,
pois os fornecedores precisarão comprar produtos importados para cobrir suas
necessidades. A atividade econômica, gerada em conseqüência das rodadas de
compras e gastos, é conhecida como efeito indireto.
Já o efeito induzido é aquele gerado por meio dos salários, aluguéis e
juros recebidos das atividades turísticas que, por sua vez, geram outras
atividades econômicas. Os juros pagos aos bancos, por empréstimos, ocasionam
mais recursos para futuros financiamentos, ocorrendo, conseqüentemente, um
aumento da atividade econômica.
A importância econômica do turismo para um destino é fundamento
para seu desenvolvimento, mas deve-se também procurar outras atividades
econômicas para que juntamente com o setor privado, possam unir forças para
serem desenvolvidos projetos que fomentem a economia local, aumentando
assim o índice de desenvolvimento humano da cidade e região.
O ponto principal a ser estudado nessa pesquisa será o impacto direto.
Aplicando toda a teoria já apresentada anteriormente faz-se uma análise sobre o
estudo dos impactos ambientais e o turismo da região das águas quentes. A
cidade de caldas novas, conhecida como a cidade das águas quentes e seu
poder medicinal de suas principais propriedades químicas, em seu plano diretor,
possui algumas metas para desenvolvimento do turismo, mas que não é aplicado
de maneira correta a valorizar o principal bem em suas particularidades: A
natureza e suas nascentes.
3.4 Urbanização do Espaço na Cidade de Caldas Novas
Segundo trabalho científico publicado por Mendes (2005), a
organização espacial dos centros urbanos estão em constante mudança,
modificando parcialmente ou completamente seus hábitos, costumes, desejos,
consumo, impondo aos limites e formas geográficas seus interesses e anseios
51
para o crescimento comercial. Com este crescimento geográfica urbano segundo
teorias, no terceiro milênio vários pontos geográfico iram se conectar pelos fluxos
de capitais.
Santos (2002) afirma que, “os fixos são cada vez mais artificiais e mais
fixados ao solo; os fluxos são cada vez mais diversos, mais amplos, mais
numerosos, mais rápidos”.
Estes fluxos que relata Santos (2002) são as obras que os moradores
da cidade realizam com o objetivo de gerar a economia local uma diversidade e
crescimento. Com este intuito será estudado o desenvolvimento da cidade de
Caldas Novas, sua economia e o como se desenvolveu dentro desse espaço
geográfico das águas quentes.
3.5 Avaliação da Qualidade Ambiental na Cidade de Caldas
Novas
Segundo dados de pesquisa realizados por Costa e Junior (2007)14,
intitulada como O uso de geoindicadores na avaliação da qualidade ambiental da
cidade de Caldas Novas (GO), revelam mostram como os impactos causados na
cidade tem raízes mais profundas, vinculadas diretamente a tendência histórica
da cidade, devido a sua expansão ocupacional, impactando de maneira negativa
o ambiente em que estamos inseridos. O principal objetivo fundamentado pelo
professores, foi utilizar seus geoindicadores ambientais com intuito de quantificar
a qualidade ambiental urbana para os órgãos responsáveis tomem consciência
dos impactos causados pelo crescimento espacial desenfreado e seus impactos
sobre o principal bem natural da cidade de Caldas Novas.
Segundo Costa e Junior (2007), Caldas Novas está localizada no
estado de Goiás, detentora de um dos maiores mananciais hidrotermais
aproveitáveis do mundo, apresentando a seguinte evolução da população.
14
Doutorando na Universidade Federal de Uberlândia e Mestrando na Universidade Federal de Uberlândia.
52
TABELA 1 - Evolução da população de Caldas Novas
ANO NÚMERO DE HABITANTES
CRESCIMENTO PERCENTUAL
1960 5.200 -
1970 7.200 38,5
1980 9.800 36,1
1991 24.900 154,1
2001 49.652 100,3
2006 65.000 31
Dados do IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
O rápido crescimento populacional, demonstrado anteriormente na
tabela 1, mostra a ocupação do meio físico de maneira desordenada e como
resultado uma intensa degradação do meio em que se estão inseridos, afetando
futuramente o desenvolvimento econômico e ambiental da cidade.
O crescimento exponencial se deve principalmente pela exploração das
águas termais, que acabou promovendo o desenvolvimento do turismo sem
nenhum planejamento e estudo específico, causando também o crescimento de
outras atividades que acompanharam este desenvolvimento, o setor de serviços e
do comércio. A cidade de Caldas Novas apresenta problemas como todas as
cidades do centro-oeste, e sua principal atividade econômica advém do uso do
principal recurso natural da região, as águas termais, causando uma problemática
ainda maior devido o crescimento de empreendimentos que utilizam deste recurso
natural sem estudos necessários sobre as fontes minerais dessas águas.
Segundo Costa e Junior (2007), o clima predominante é o clima tropical
semi-úmido, com precipitação medial anual de 1.400 e 1.700 mm, onde possui
duas estações bem definidas, uma chuvosa compreendida no período de
setembro a abril, com médias temperaturas mais elevadas do ano atingindo
máximas entre 29 e 31 C e outra, que se estende de maio a agosto, com
temperaturas mais amenas, com médias mínima s oscilando entre 18 e 23 C.
Costa e Junior (2007) relatam que os limites municipais são definidos
pelos principais rios da região, o de Piracanjuba na porção noroeste; o Ribeirão
do Bagre a sudoeste; o rio do Peixe a nordeste e o rio Corumbá, que limita a
cidade de leste a sul e se constitui no principal curso d’água da região. Outros
53
principais e importantes cursos d’água que drenam o município são o Ribeirão
Pirapitinga, afluente da margem direita do rio Corumbá.
As águas subterrâneas da região se distribuem por aqüíferos rasos
(lençol freático) e profundos do tipo fissural, a mais importante pois sua
valorização econômica se faz a suas propriedades termais e exploração de poços
e por atingir temperaturas de 60 o C.
3.6 Caracterização dos Resíduos Sólidos do Lixo Doméstico na
Cidade de Caldas Novas
Segundo dados de pesquisa realizada por Heber da Fonseca Andrade
e Marcelo Lemos do Prado15 (2004), sobre a produção e a caracterização dos
resíduos sólidos domésticos do município de Caldas Novas, a média de lixo
gerado no município é de aproximadamente 60 t/dia em períodos normais e 80
t/dia em períodos de temporada, segundo dados de BARBOSA(2002). Devido
Caldas Novas ser uma cidade potencialmente turística que possui papel de
fundamental importância econômica para a região, atrativa para o estado de
Goiás e para o país, deve-se levar em consideração todos os impactos que se
podem causar devido a uma má gestão das políticas públicas do município e que
podem reduzir drasticamente o turismo.
“as cidades de Caldas Novas e Rio Quente, a Pousada do Rio Quente e a Lagoa do Pirapitinga são os principais pontos turísticos da região formando o mais importante pólo turístico do Estado de Goiás, conhecido nacionalmente e internacionalmente como um dos maiores volume de águas termais do mundo.” (GOIÁS, 2001)
15
Acadêmicos de Engenharia Ambiental no período da divulgação da pesquisa, pela Universidade Católica
de Goiás - UCG
54
Com infra-estrutura capaz de receber cerca de um milhão de turistas
ao ano segundo AMARAL (2003), e nos períodos de feriados e na alta temporada
a cidade experimenta sensível aumento de população (população flutuante;
sazonal), alcançando até 200.000 habitantes ou mais (CALDAS NOVAS, 2004), o
poder municipal deve utilizar de todos os seus recursos para que permita uma
propaganda positiva sobre o saneamento do município,seja feito tanto pelos
turistas quanto pelos próprios moradores.
Sendo a cidade de Caldas Novas um pólo turístico mundial no que se
refere as águas termais, deve ser levado em consideração às características
diferenciadas dos resíduos gerados pelo município nestas condições, e lançados
estudos sobre os principais impactos causados por eles. Neste intuito, a formação
de uma cooperativa de reciclagem de lixo para a cidade, permitiria um controle e
estudos que possam melhorar ainda mais este controle, evitando estes impactos
e sendo gerador de benefícios, tanto para a cidade que fica limpa, quanto para os
cooperados que possuirão uma qualidade de vida maior.
“As características do lixo podem variar em função de aspectos sociais, econômicos, culturais, geográficos e climáticos, ou seja, os mesmos fatores que também diferenciam a comunidades entre si e as próprias cidades”(MONTEIRO et al., 2001).
Segundo Barros (1999)
“a gestão integrada dos resíduos sólidos municipais é imprescindível para a obtenção e manutenção de boa qualidade de vida das comunidades, técnicas de tratamento, eliminação e de valorização das frações recicláveis contidas no lixo urbano, além da educação ambiental como balizamento e suporte a todas as ações a serem implementadas, são instrumentos eficientes nesta gestão.”
55
“A caracterização dos resíduos constitui assim importante instrumento
de gestão, devendo ser, em cada caso, adaptada e ajustada aos objetivos gerais
e/ou específicos a que pretende dar reposta”(LIPOR, 2000).
Neste sentido o estudo foi focado na caracterização e quantificação
dos resíduos sólidos domésticos da Cidade de Caldas Novas-GO avaliando seu
potencial de aproveitamento, propondo a reativação da Usina de Triagem do
município com vistas na melhoria do sistema de disposição final do lixo e nas
condições de trabalho e na qualidade de vida dos catadores, oferecendo ao
município de Caldas Novas subsídios para melhoria do sistema de serviços de
limpeza urbana e na implantação do plano de gerenciamento de resíduos sólidos
urbanos (PIGRSU) no município, que pode possui uma melhor gestão dos
resíduos gerados pela população com pontos de coleta seletiva do lixo urbano, e
alertando as autoridades públicas para os problemas e conseqüências atuais e
futuras acarretados pela má administração do lixo urbano no município.
Em uma pesquisa sobre a triagem do lixo urbano na cidade de Caldas
Novas, ainda não se possui uma maior incentivo pelo poder público municipal,
Secretaria de Meio Ambiente junto a Secretaria de Obras, para se realizar um
controle sobre a porcentagem de lixo produzido pela rede hoteleira e a
comunidade, havendo apenas um controle na separação do lixo hospitalar do lixo
comum, segundo dados da Secretaria de Obras da cidade de Caldas Novas.
Por esse motivo, lançamos este estudo para uma avaliação e melhora
nesse que pode ser um diferencial para a cidade que abriga por ano mais de um
milhão de pessoas, se destacando dentre vários pontos turísticos do estado como
a principal estância hidrotermal do mundo que se preocupa com o meio em que
se está inserida, planejando e preservando, um desenvolvimento sustentável.
56
4 ESTUDO SOBRE A RECICLAGEM DOS RESÍDUOS SÓLIDOS
NA CIDADE DE CALDAS NOVAS
Segundo Prandini (2005), A produção de lixo nas cidades brasileiras é
um fenômeno inevitável que ocorre diariamente em quantidades e composições
que variam em função de sua população e seus diferentes extratos sociais,
economia e grau de urbanização.
Segundo reportagem no sitio colegioexpovest.com.br, a capital goiana
recicla apenas 3% do total do lixo sólido urbano, apesar do bom serviço de
varrição pública e de coleta de lixo domiciliar, que atinge 100% das residências de
Goiânia, a cidade ainda possui baixo percentual de reaproveitamento de materiais
recicláveis.
Cabe ao poder público a responsabilidade da coleta e destinação do
lixo domiciliar, comercial, público e hospitalar (de responsabilidade do próprio
gerador, mas o município acaba se responsabilizando). Eles recebem o Nome de
Resíduos Sólidos de Origem Urbana (RSU), que segundo Monteiro (2001).
“... a gestão dos resíduos sólidos não tem merecido a atenção necessária por parte do poder público. Com isso compromete-se cada vez mais a já combalida saúde da população, bem como degradam-se os recursos naturais, especialmente o solo e os mananciais hídricos. A interdependência dos conceitos de meio ambiente, saúde e saneamento é bastante evidente, o que reforça a necessidade de interação das ações desses setores em prol da melhoria da qualidade de vida da população Brasileira.”
A destinação final dos resíduos sólidos urbanos é um problema
alarmante, pois o interesse do poder municipal é apenas afastar da zona urbana
os locais de destinação do lixo, acabando por depositar em locais totalmente
inadequados.
57
De acordo com Monteiro (2001), “mais de 80% dos municípios vazam
seus resíduos em locais a céu aberto, em cursos d’água ou em áreas
ambientalmente protegidas, a maioria com a presença de catadores, denunciando
os problemas sociais que a má gestão do lixo acarreta”
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística –
IBGE, a disposição final e o tratamento dos resíduos sólidos urbanos no Brasil em
1991, eram de 76% em céu aberto (lixão); 13% aterro controlado (lixão
controlado); 10% aterro sanitário; 0,9% usina de compostagem; 0,1% usina de
incineração.
O município em períodos de ferias escolares e temporadas turísticas
produz uma quantidade de lixo ainda maior, segundo Barbosa(2002), de 60 t/dia
para 80t/dia, produzindo uma mudança nas características do lixo urbano. A
população flutuante no município de Caldas Novas chega a expressar números
de 200.000 pessoas ou até mais nesses períodos, que segundo o mesmo autor,
cada um gera 1,0 Kg/dia de lixo que expressa um valor maior que a média
nacional de 0,6 Kg/Hab/dia, onde nos deparamos com algo alarmante, pois o
município não possui nenhum tipo de política para tratamento deste lixo
produzido.
Para realizar este estudo, será utilizado como principal fonte referencial
o trabalho científico realizado por Andrade e Prado16 (2006), CARACTERIZAÇÃO
FÍSICA DOS RESÍDUOS SÓLIDOS DOMÉSTICOS DO MUNICÍPIO DE CALDAS
NOVAS – GO, relata sobre a quantidade de lixo produzido na cidade de Caldas
Novas e a importância da reativação da usina de triagem de lixo urbano que se
localiza no próprio lixão da cidade. Um trabalho que trará não somente benefícios
ambientais como sócias para a cidade.
4.1 Caracterização dos Resíduos Sólidos
Para que se realize um trabalho nesse setor de recicláveis, devem-se
estar atento as normas que o rege. A norma técnica NBR 10.004/1987 da
Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT classifica os resíduos sólidos
16
Acadêmicos de Engenharia Ambiental da UCG.
58
quanto aos seus riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde pública, para que
estes resíduos possam ter manuseio e destinação adequados.
Segundo a mesma norma técnica, os Resíduos nos estados sólidos e
semi-sólidos, que resultam de atividade da comunidade, tem origens diversas
como a industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de
varrição urbana. No município são originados apenas os resíduos domésticos,
comercial, de serviços e varrição de rua que são recolhidos e transportados em
um mesmo veículo, enquanto o hospitalar possui um método próprio de
recolhimento e destinação pelo serviço público municipal.
Também ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de
sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações
de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades
tornem inviável o seu lançamento na rede de esgotos ou corpos de água, ou
exijam para isto soluções técnicas e economicamente inviáveis, devido a uma
melhor tecnologia disponível no País. Essas definições trazem benefícios, pois
regulamentam as atividades existentes na comunidade como responsáveis pelos
resíduos que produzem.
A periculosidade de um resíduo possui característica que, em função
de suas propriedades físicas, químicas ou infectocontagiosas, podem apresentar
algum risco à saúde pública, provocando ou acentuando, de forma significativa,
um aumento de mortalidade ou incidência de doenças, ou apresentar riscos ao
meio ambiente, quando o resíduo é manuseado ou destinado de forma
inadequada. Não estão enquadrados nesta norma os resíduos radioativos pois
possuem órgão responsável pela sua fiscalização.
Quanto à periculosidade de resíduos na disposição do município não
há registros.
4.1.1 Classes dos Resíduos
Os resíduos são classificados, segundo normas da ABNT, em:
59
a) Resíduos Classe I : PERIGOSOS
Os resíduos dessa classe são aqueles que apresentam periculosidade,
ou características como inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxidade,
patogenicidade. Estes resíduos possuem destinação apropriada devido seu
impacto na natureza ser irreversível.
b) Resíduos Classe II : NÃO-INERTES
Estes resíduos podem ter propriedades, tais como combustibilidade,
biodegrabilidade ou solubilidade em água.
c) Resíduos Classe III : INERTES
São quaisquer resíduos que, quando amostrados de forma representativa,
e submetidos a um contato estático ou dinâmico com água destilada ou
deionizada, à temperatura ambiente, não tiverem nenhum de seus constituintes
solubilizados a concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água,
excetuando-se os padrões de aspecto, cor, turbidez e sabor.
Dentro dessa classe se encontram alguns dos resíduos sólidos urbanos
que podem ser recicláveis como latas, caixas de leite e etc.
60
4.2 Destinação dos Resíduos Sólidos
A destinação do lixo é um constante problema das grandes cidades,
pelo crescente número da população, e conseqüentemente, do consumo. Nos
municípios Brasileiros o problema é ainda maior. Os municípios enfrentam a
escassez de recursos para investimento na coleta e no processamento e
disposição final do lixo. Os "lixões" ainda continuam sendo o destino da maior
parte dos resíduos urbanos produzidos no Brasil, com graves prejuízos ao meio
ambiente, à saúde e à qualidade de vida da população. Mesmo em cidades que
implantaram aterros sanitários, se depara com o rápido esgotamento de sua vida
útil, e mantém evidente o problema do destino do lixo urbano. A situação exige
soluções para a destinação final do lixo no sentido de reduzir o seu volume. A
solução seria que menos quantidade de lixo fosse parar nos lixões.
É difícil encontrar alguém hoje alguém que ignore os benefícios da
reciclagem, o seu papel essencial para a preservação do planeta. O que poucos
parecem saber, no entanto, é que se o lixo não for separado no momento da
coleta, ou na fonte como alguns autores utilizam, (ou seja, em casa) e levado
separado até a hora de reciclar, os benefícios na prática podem se perder.
O trabalho disposto na separação no momento da entrega dos
caminhões ao destino final, como o caso dos lixões, se perdem a maioria das
propriedades de reciclagem e tempo. As famílias que realizam este trabalho, além
de serem obrigadas a conviver com o perigo da contaminação, vivem a receber
muito pouco pelos produtos resgatados devido já estarem com suas propriedades
corrompidas para a reciclagem, seu valor industrial.
A grande vantagem de reciclar é poupar a produção de gastar mais
matéria prima para um novo material. Cada vez que se reutiliza um papel, se evita
a derrubada de árvores. Cada vez que se reutiliza um plástico, se evita o uso de
petróleo. Isso não quer dizer, no entanto, que a poluição do processo de
reciclagem seja zero. Ela simplesmente, na ponta do lápis, polui menos.
Segundo os especialistas, até 90% de todos os materiais usados pela
indústria podem ser reciclados. As exceções existem porque alguns produtos não
61
compensam ou financeiramente ou ambientalmente. Fraldas descartáveis, por
exemplo, causam mais poluição quando são recicladas do que quando são
produzidas.
Se o lixo não é separado adequadamente, a contaminação dificulta a
reciclagem e pode deixar ela cara demais ou poluída demais. Em momentos em
que se retira o produto a ser reciclado do lixão, muitos deles estão com tanta
sujeira que em alguns casos, 2/3 do produto é somente sujeira.
Mas para o poder público municipal não é interessante concentrar tanto
esforço e investimento na coleta seletiva e na reciclagem do lixo pois para ele é
dinheiro jogado fora e sem retorno, pois a população não vê, não valoriza.
Preferem se concentrar em outros problemas como a saúde e educação.
Mas é necessário tomar esta consciência sobre a destinação final do
lixo produzido no município, e principalmente o impacto que o mesmo causa no
meio ambiente, pois fazer a triagem para a reciclagem não somente nos leva a ter
uma política consciente sobre o meio ambiente e valorização sobre o principal
produto turístico, as águas termais, como gera uma maior qualidade para a saúde
da população.
4.2.1 Metodos Convencionais para Destinação do Lixo
4.2.1.1 Incineradores
O método de incineração é indicado, sobretudo para materiais de alto
risco de contaminação que não podem ser destinados juntos com outros tipos de
lixo. Normalmente são remédios vencidos, materiais tóxicos e descartáveis como
agulhas, seringas e outros. Também é utilizado para reduzir o seu volume, pois as
cinzas ocupam menos espaço e reduz o risco de poluição do solo.
62
Entretanto, ao escolher este método ele pode gerar problemas como
emissão de gases nocivos à saúde, e seu alto custo o torna inacessíveis para a
maioria dos municípios.
4.2.1.2 Usinas de Compostagem
Basicamente se resume em transformam os resíduos orgânicos
presentes no lixo em adubo, maneira da qual se reduz o volume destinado aos
aterros em grande quantidade, devido a maior parte da composição do lixo
domiciliar é composto de sobras de comidas e cascas de frutas e verduras.
Utilizar esse método é de modo muito difícil devido a receita não cobrir
o alto custo do processo pela venda do produto final, resolvendo apenas em parte
o problema de destinação dos resíduos inorgânicos, cuja possibilidade de
depuração natural é menor.
63
4.2.1.3 Aterros Sanitários
São grandes terrenos onde o lixo é depositado, comprimido e depois
espalhado por tratores em camadas separadas por terra. Estas extensas áreas
que ocupam, bem como os problemas ambientais que podem ser causados pelo
seu manejo inadequado, tornam problemática a localização dos aterros sanitários
nos centros urbanos maiores, apesar de serem a alternativa mais econômica em
curto prazo.
O atual aterro sanitário, conhecido pela população como lixão
municipal de Caldas Novas, segundo dados de pesquisa realizada por Rildo A.
Costa, Clóvis C. da Silva Junior e Flávia O. Santos (2006), localiza-se em cima de
uma falha geológica, ficando próxima da cidade, como ilustra a Figura 7.
Estes dados não são confirmados pelo poder público municipal ou pela
Associação dos Mineradores das Águas Termais de Caldas Novas – AMAT. Mas
no município se levanta uma questão associada a destinação do lixo domiciliar
como a quantidade de domicílios que ainda não são assistidos pela coleta de lixo
diária.
FIGURA 5 – Foto do aterro sanitário de Caldas Novas
Fonte: Edilberto Marassi Basílio da Silveira
64
Porém toda instalação está abandonada sem cumprir de fato o seu
papel.
FIGURA 6 – Localização do Aterro sanitário da cidade de Caldas Novas
Fonte: Andrade e Fonseca (2001), Pag. 13.
65
Caldas Novas possui uma instalação de triagem e reciclagem
localizadas na própria área do aterro, podendo dessa forma propiciar maior
facilidade de operação na separação dos resíduos recicláveis, podendo até
mesmo instalar uma cooperativa de tratamento de resíduos sólidos no local, onde
a mesma dispõe de um centro de tratamento do chorume, como demonstrada na
figura 8.
Segundo Braga (2002),
As estações de triagem, comumente situadas no próprio transbordo ou junto à área de disposição e tratamento, são necessárias para tornar o lixo mais homogeneamente biodegradável, além de possibilitarem alguma recuperação e reciclagem de materiais aproveitáveis coletados junto com o lixo.
FIGURA 7 – Centro de Tratamento do chorume
Fonte: Edilberto Marassi Basílio da Silveira, aluno da Universidade Estadual de Goiás (UEG),
Caldas Novas.
66
4.3 Benefícios pela Implantação da Coleta Seletiva de Resíduos
A coleta seletiva e a reciclagem de resíduos são uma solução
indispensável, por permitir a redução do volume de lixo para disposição final em
aterros e incineradores.
O fundamento deste processo é a separação pela população dos
materiais recicláveis (papéis, vidros, plásticos e metais) do restante do lixo, que é
destinado a aterros ou usinas de compostagem.
A implantação da coleta seletiva começa com uma experiência-piloto,
que vai sendo ampliada aos poucos. O primeiro passo é a realização de uma
campanha informativa junto à população, convencendo-a da importância da
reciclagem e a orientando para que separe o lixo em recipientes para cada tipo de
material, algo que não é tão complicado já que a população já possui uma
consciência ambiental.
O importante inicialmente a distribuição à população, recipientes
adequados à separação e ao armazenamento dos resíduos recicláveis nas
residências que poderiam ser sacos plásticos ou de papel, identificados para cada
tipo de resíduo reciclável.
Mas um dos principais obstáculos encontrados pelas cidades seria a
instalação de postos de entrega voluntária em locais estratégicos que possibilita a
realização da coleta seletiva em locais públicos. A mobilização da sociedade, a
partir das campanhas, pode estimular iniciativas em conjuntos habitacionais,
shopping centers e edifícios comerciais e públicos.
Deve-se elaborar um plano de coleta, definindo equipamentos e
periodicidade de coleta dos mesmos. A regularidade e eficácia no recolhimento
dos materiais são importantes para que a população tenha confiança e se
disponha a participar. Não vale a pena iniciar um processo de coleta seletiva se
há o risco de interrompê-lo, pois a perda de credibilidade dificulta a retomada, por
parte de iniciativas privadas ou por parte do poder público.
Finalmente, é necessária a instalação de um centro de triagem para a
limpeza e separação dos resíduos e o acondicionamento para a venda do
67
material a ser reciclado. Também é possível implantar programas especiais para
reciclagem de entulho, que para a cidade de Caldas Novas deveria ser melhor
estudado, devido o número de construções civis.
Mas esses programas não poderão acontecer sem a ajuda de atores
responsáveis por movimentos comunitários que beneficiam uma região ou
comunidade, a Gestão Participativa dos Resíduos, unindo forças para o bem da
comunidade que a implanta.
Três atores caminham juntos nessa gestão. O primeiro é a prefeitura,
que possui uma condição de agente motivador na gestão de resíduos, podendo
viabilizar incentivos para programas de coleta seletiva com a inclusão social,
criando junto ao Plano Diretor da cidade, apoiada na Lei n° 10.257/01 e pela Lei
n° 5.940/06, a coleta solidária de resíduos urbanos na cidade, apoiado também
pelo ministério das cidades.
Muitos municípios tomaram essa iniciativa em sua administração para
melhorar a qualidade da cidade e sua condição social existente. O administrador
municipal junto com outros atores responsáveis pela elaboração de políticas
públicas do município (os vereadores) precisa enxergar no catador e na catadora
os parceiros nessa busca por diretrizes que solucionem o problema ambiental e
social da cidade.
Para isso, projetos de leis realizados por esses atores devem possuir
principalmente o apoio popular, que a comunidade a considere benéfica, justa e
necessária incorporando-as em seu cotidiano.
O segundo ator, o catador, o protagonista deste movimento estão
inseridos neste segmento exercendo apenas uma única função, que é encontrar
nos materiais descartados pela sociedade que os excluíram, um meio de
sobrevivência. Segundo Romani (2004), esses profissionais são responsáveis por
90% dos materiais que chega às indústrias recicladoras, evitando que todo esse
material fosse disposto nos lixões. São agentes na cadeia produtiva de matéria
prima secundária.
Existem exemplos de catadores e catadoras que hoje são
administradores de cooperativas de triagem de resíduos recicláveis. Muitos deles
têm a certeza que a função que exercem é apenas transitória, enquanto alguns
68
outros lutam por mudanças que reconheçam a categoria, não somente pela
profissão, mas sim pela melhoria de circunstâncias de trabalho.
Hoje compõe uma nova categoria de trabalho que foi reconhecida pelo
Ministério do Trabalho e Emprego em 2002, participam e organizam fóruns de
discussões sobre o tema de recicláveis. Mesmo assim, a sociedade os vê como
aquele desempregado que precisa de uma cesta básica. Sua profissão é como
uma profissão de pedreiro ou carpinteiro, que utiliza uma matéria-prima
descartada pela comunidade, transformando-a num bem valioso para as
indústrias.
O terceiro e mais importante ator que atua juntamente com o poder
público municipal, realiza de maneira efetiva projetos dentro de seu município,
para mudar de maneira radical a realidade dos catadores e população, sendo o
atual motivador de projetos pilotos que mudaram para melhor o convívio e a
relação para com os mesmos, a sociedade. Sem sua ajuda, não haveria como
implantar projetos de coleta solidária de lixo em seus bairros, ajudando a mudar a
visão sobre o real valor do lixo residencial.
Em meados do ano de 1998, relata Romani (2004), que um grupo
constituído por diversas instituições, incentivados pela UNICEF, criaram em
Brasília, na sede da ONU, o Fórum Nacional Lixo e Cidadania. Um ano mais
tarde, o fórum lançou o Programa de Lixo e Cidadania e a campanha “Criança no
Lixo Nunca Mais”, que constatou que cerca de 45 mil crianças trabalhavam com o
lixo no país.
Em 2001 realizou-se em Brasília, o primeiro Encontro Nacional de
Catadores que contou com a presença de 1.300 delegados de 17 estados, que
exigiam o reconhecimento da profissão, a disponibilização de financiamentos para
a categoria e a aplicação em nível nacional de uma política de coleta seletiva que
privilegie as associações e cooperativas de catadores.
O encontro ajudou a fortalecer a categoria que de uma identidade local
deu origem a um movimento nacional de catadores e catadoras de materiais
recicláveis. Sempre apoiado por instituições fraternas, governamentais e outras, o
movimento percebeu a necessidade e ampliar a discussão e organizou em 2003 o
1° congresso Latino-Americano de Catadores e Catadoras de Materiais
Recicláveis, realizado em Caxias do Sul, Rio Grande do Sul. Cerca de 1.000
69
pessoas, entre catadores e técnicos de países como o Brasil, Argentina, Uruguai,
Canadá e México se reuniram para discutir sobre a gestão de resíduos sólidos em
seus países e buscar um a solução comum.
A experiência vivida foi aproveitada por diversas outras organizações
de catadores municipais de Minas Gerais, conquistaram a Rede de Economia
Popular Solidária, estabelecida entre entidades e representantes do poder público
das cidades onde elas estão inseridas. Junto com o Banco do Brasil, BrasilPrev e
o Ministério do Trabalho que repassaram recursos para que sejam iniciadas as
obras de construção de fábricas de beneficiamento de plástico que será
gerenciada pelos catadores locais.
Essa é uma conquista e exemplo de que o envolvimento de diversos
atores no fortalecimento da classe de catadores bem organizados e apoiados tem
condições de transformar sonhos em realidades.
4.4 Implantação do Centro de Tratamento e Reciclagem de
Resíduos Sólidos Urbanos na Cidade de Caldas Novas
Por alguns anos, as cidades não possuíam problema com a coleta e
destinação do lixo urbano, pois o lixo era depositado em regiões afastadas e
distantes dos centros urbanos. Mas com a urbanização acelerada de muitas
cidades ficou cada vez mais difícil encontrar áreas adequadas que absorvessem
uma quantidade que aumentava exponencialmente a cada ano, então o problema
ganhou visibilidade.
Dessa forma fez-se necessária a busca de alternativas que facilitem a
destinação e operacionalização desse sistema e que atendam as exigências da
população em relação à limpeza urbana e à qualidade de vida.
Nas ultimas décadas, os altos índices de desemprego causaram o
subemprego (suas causas foram estudadas anteriormente), formando a camada
dos excluídos da sociedade que segmentaram a economia formal em uma
70
macroeconomia que beneficiam a sociedade como um todo, encontrando nos
resíduos recicláveis uma forma de sobrevivência.
Mas apesar disso, estes trabalhadores continuam marginalizados e
sem leis que os beneficiem, onde não somente as questões ambientais estão
envolvidas, mas também a população que sobrevive destes resíduos.
O Governo Federal está fazendo sua parte, por intermédio do Comitê
Interministerial de Inclusão Social dos Catadores de Materiais, identificando as
demandas dos catadores para desenvolver e articular ações que promovam a
inclusão social e econômica desses trabalhadores.
A constituição do Comitê Interministerial de Inclusão Social dos
Catadores de Materiais Recicláveis, o Decreto nº 5.940/06, a Lei nº 11.445/07,
são exemplos de formalização de políticas públicas que têm o desafio de
contribuir para a inclusão social e econômica dos catadores de materiais
recicláveis que seriam de suma importância para a implementação da cooperativa
de tratamento de resíduos sólidos para a cidade de Caldas Novas. O comitê é
formado por órgãos do governo federal, parceiros Fome Zero e ainda conta com a
participação de organizações não governamentais e entidades do setor da
reciclagem.
Desde 25 de outubro de 2006, o Decreto Federal nº 5.940/06 institui a
separação dos resíduos recicláveis descartados pelos órgãos e entidades da
administração pública federal direta e indireta determinando que a sua destinação
seja para as associações e cooperativas de catadores de materiais recicláveis, e
ajudando a sua complementação as Comissões da Coleta Seletiva Solidária,
criadas para conduzir a implementação das medidas estabelecidas pelo Decreto
nº 5.940/06, nasceram para avaliar os processos de separação dos resíduos
recicláveis descartados em suas unidades juntamente com o Comitê
Interministerial.
4.4.1 Decreto nº 5.940 de 25 de outubro de 2006.
71
Configura-se na interface do referido comitê com toda a administração
pública federal direta e indireta, particularmente com as Comissões de Coleta
Seletiva dos órgãos públicos federais mencionados no Decreto nº 5.940/06.
A primeira avaliação indica a necessidade de se trabalhar junto a cerca
de 600 mil servidores com o intuito de:
Sensibilizar para a mudança dos hábitos de descarte em suas atividades
funcionais;
Apoiar a implantação do sistema de segregação dos recicláveis em cerca
de 10 mil locais diferentes espalhados pelo Brasil;
Auxiliar no processo de estruturação da logística, de armazenamento e
transporte desses materiais em cada local;
Apoiar as organizações de catadores em muitos casos, inclusive
reorientando o destino dos materiais, o que muitas vezes significará a mediação
de conflitos de interesses.
Essa lei possibilita que seja obrigatório o trabalho de recolhimento do
material reciclável e o reconhecimento dos profissionais responsáveis por esses
materiais, e sua transformação em matéria-prima. O administrador municipal pode
auxiliar no fortalecimento dessa categoria, colocando em votação e apoiando
projetos de leis que viabilizem a implantação de um centro de tratamento de
reciclagem de resíduos sólidos, como já foi discutido anteriormente. Esta lei veio
para ajudar ainda mais esses administradores, o principal ator desse projeto, a
fundamentar esse setor que trará inúmeros benefícios a comunidade.
4.5 Cooperativa de Reciclagem e Catadores de Papel de Caldas
Novas-GO
A Cooperativa de Reciclagem e Catadores de Papel de Caldas Novas
– COOPERCAL surgiu em Maio de 2002 com a finalidade de organizar o trabalho
72
desempenhado por pessoas no lixão do município de Caldas Novas,
proporcionando a elas um local digno de trabalho, oferecendo respeito, inclusão
social e oportunidade de geração de renda para cada trabalhador que possuía ali
o único meio de subsistência.
Segundo Dirceu Lopes Barbosa (2007), em seu Plano de Negócio
realizado para a Cooperativa de Reciclagem, teve como foco a economia solidária
e seus benefícios, destacando o potencial da cooperativa e como estabelecer-se
dentro do município através do beneficiamento dos resíduos sólidos.
Atualmente existem 33 colaboradores ligados diretamente a
cooperativa COOPERCAL que beneficiam o tratamento dos resíduos sólidos da
cidade de Caldas Novas, além de contribuir com o meio ambiente possuem ali
uma atividade que podem obter uma renda.
FIGURA 8 – Foto do deposito de lixo no lixão de Caldas Novas
Fonte: Edilberto Marassi Basílio da Silveira, aluno da Universidade Estadual de Goiás
(UEG)Caldas Novas.
Relata Barbosa (2007), que a convite da prefeitura, o então presidente
da associação dos trabalhadores da cooperativa, José Manoel Alves Fagundes,
realizou um estudo de viabilidade para o local que pudesse atender as
73
expectativas dos trabalhadores do lixão. Constatou-se que havia o mau
aproveitamento dos resíduos que ali chegavam, onde 100% das garrafas PET,
80% do Plástico e 80% do papelão aproveitável eram queimados a céu aberto
durante 24h por dia durante o ano inteiro.
Havia um preocupação devido a cooperativa aproveitar pouco mais de
5.000 kg por mês dos resíduos sólidos que ali eram despejados, pois poderiam
beneficiar-se ainda mais devido o lixo da cidade ser muito rico.
Após realizarem visitas as cidades de Santa Juliana em MG, Uberaba-
MG, Pires do Rio - GO, Buriti Alegre-GO, Morrinhos - GO, Catalão - GO,
Piracanjuba-GO e por fim em Goiânia –GO, chegaram no Aterro Central de
Goiânia –GO para visitar a COPREC(Cooperativa de Reciclagem) instalada no
instituto Don Fernando. Conheceram um modelo simples e funcional que poderia
ser aplicado no município de Caldas Novas para aproveitar melhor os resíduos
produzidos.
A cooperativa não possuía recursos próprios, apenas um local que
necessitava de equipamentos básicos para seu funcionamento. Possuíam apenas
uma prensa, da qual era propriedade e um comprador, um possível atravessador,
que somente permitia seu uso para prensar papelão. Com a inovação de um novo
plano de trabalho, a cooperativa se desligou desse homem, buscando novas
parcerias, foram colocadas novas prensas que puderam ser aproveitado o lixo
que é rico em nosso município.
Barbosa(2007), ainda afirma que,” com a diretoria constituída, todos os
cooperados foram orientados sobre uma nova idéia de cooperativismo e assim
levantando a auto estima das pessoas que ali não pensavam nem em si
mesmas.” Foram demonstrado a eles tudo sobre o aproveitamento do PET,
Plástico, Latinhas e Papelão que eram queimados e hoje poderiam rendar para
cada pessoa uma nova possibilidade de rendimento.
Barbosa(2007), ainda relata que,
A vida útil do lixão foi transformada, o meio ambiente mais saudável, sem fumaça e poluição no local, antes com a fumaça gerada da queima do lixo atingia todos os moradores do local vindo para a cidade, encostando-se a orla da serra e chegando a Pousada do Rio Quente que provocava um mau cheiro gerado pela queima dos detritos queimados.
74
Muitos eram os poluentes queimados no próprio lixão, dentre eles
existiam uma grande quantidade de pneus que alem de causar a proliferação dos
mosquitos transmissores da dengue eram queimados a céu aberto causando um
grande emissão de poluentes no ar que se deslocavam para a cidade, além de
causar uma poluição visual no próprio lixão.
Segundo Barbosa (2007), 90% dos pneus eram queimados. A
Cooperativa, juntamente com o Núcleo de Controle de Endemias, fez uma
parceria com a ANIP – Associação dos Pneumáticos do Brasil, que passaram a
recolher cerca de 90 toneladas por ano de pneus no lixão.
Atualmente a COOPERCAL é um exemplo a ser seguido,
demonstrando que possui um futuro promissor neste setor que requer grandes
investimentos para implantação desse negócio. No inicio aproveitava-se pouco
mais de 5.000 kg por mês dos resíduos sólidos existentes no lixão, onde a
cooperativa conseguiu chegar a aproximadamente 25 e 30 toneladas por mês,
acreditando que poderá chegar a 100% do total dos resíduos sólidos.
Com um projeto que está sendo elaborado, a cooperativa pretende
firmar alianças para conseguir atuar de maneira significativa na cidade de Caldas
Novas, que juntamente com apoio da prefeitura municipal irá fomentar um
consórcio no recolhimento seletivo do lixo.
4.6 Resíduos Sólidos Recicláveis: A Matéria Prima para o novo
Mercado
Todos os produtos possuem um ciclo de vida. Normalmente os
destinos para o fim desse ciclo de vida dos produtos tem sido o lixo. As empresas
ainda não possuem uma política de reutilização dos seus produtos após essa
maturação. Com este intuito, surgiu o setor da reciclagem que faz o processo
desses produtos e revende as empresas.
75
Segundo dados de Julia Maria Gomes e Carvalho17(2007),
O Brasil é hoje, recordista mundial em reciclagem de latas de alumínio, de 50% reciclados em 1993, este número subiu para 83% em 2003, além de a reciclagem ter aumentado de maneira geral de 38,8 % em 1993, para 43,9% em 2003.
Nosso país, segundo a mesma autora, é recordista mundial em
reciclagem de latas de alumínio, mas não possui políticas incentivadoras para a
coleta seletiva de lixo. Então como podemos possuir tao título?
Com a finalidade de melhorar o problema dos produtos recicláveis, a
COOPERCAL possui uma classificação de produtos, apresentado a seguir, que,
segundo Barbosa (2007), são produtos que estão entrando no mercado de
recicláveis, com uma pequena procura, mas com grandes chances de se tornar
promissor, como por exemplo, aço, PVC, embalagens de água sanitária, lona e
etc. Alguns com grande procura, como o caso do papelão, sucata, caixas de leite,
garrafas de Wisky e baterias. Produtos com certa estabilidade são aqueles que já
possuem um mercado conhecido como o caso do plástico, garrafas PET, papel
branco e colorido, jornal e alumínio e por fim produtos em declínio de vendas,
cujos métodos de reciclagem são simples e a quantidade existente no mercado
são grandes.
17
GOMES E CARVALHO, Julia Maria. Graduanda do Curso de Ciências Sociais e bolsista do
Programa de Educação Tutorial (PET MEC/SESu) da Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho” – Faculdade de Filosofia e Ciências – Campus de Marilia. [email protected]
76
TABELA 2 – Quadro Representativo dos Produtos Recicláveis
Produtos com Pouca Procura
Produtos em Crescimento
Produtos Estáveis
Produtos em Declínio
Lona Papelão Plástico Latinha
Tampinhas Sucata PET Potinho
Caco de Vidro preto Garrafão Papel Branco Latas de Óleo
Aço Caixa de Leite
Papel
Colorido Alumínio Bloco
PVC Garrafas de Wisky Jornal Cobre
Garrafas de Agua
Sanitária Bateria Plástico Fino Frascos de Perfumes
Metal Papel Misto Alumínio Duro
Cobre
Alumínio
Mole
Animônio
Fonte: Barbosa (2007).
O mercado atual para a COOPERCAL está localizado na cidade de
Caldas Novas, mas existe estudos, segundo Barbosa(2007), para um mercado
promissor na região, oportunidade de negócios para comercialização de produtos
recicláveis para outras cooperativas, podendo assim adquirir um preço de vendo
bom em relação aos produtos recicláveis, estreitando relacionamento com outras
cidades e estados. Outra oportunidade para a cooperativa seria buscar parcerias
para processar embalagens PET, papel e papelão.
De certo modo, o público alvo da cooperativa são indústrias de
material reciclável. Mas infelizmente, a cooperativa vende diretamente aos
chamados atravessadores, que compram os produtos da cooperativa e revende a
essas indústrias, reduzindo sua margem de ganho. Utilizando uma política de
modo a eliminar esses atravessadores, acredita-se que poderá aumentar seus
ganhos vendendo diretamente as industrias por preços condizentes a qualidade
fornecida. Mas ainda há muito que fazer para que a COOPERCAL adquira o
reconhecimento pela população, eliminando seus pontos fracos e maximizando
seus pontos fortes.
Destacando os pontos fracos, a COOPERCAL possui :
77
I. Dependência do principal órgão municipal para realização do trabalho de
coleta seletiva de lixo, além de ajuda da comunidade e universidades para
realizar um melhor trabalho de conscientização e estudos sobre a
concentração dos resíduos sólidos existentes na cidade;
II. Não possui métodos de coleta seletiva do lixo;
III. Não possui controle sobre o estoque existente;
IV. Falta de motivação e envolvimento por parte dos cooperados;
V. Não possuem EPI’s – Equipamentos de Proteção Individual;
VI. Falta de melhorias nas atividades para agregar valor aos materiais
recicláveis.
Dentre os pontos fortes podemos, são destacados:
I. Contribuem para a conservação ambiental da região;
II. Inclusão social para os cooperados e sua família;
III. As decisões são coletivas;
IV. Não há níveis hierárquicos;
V. Possui apoio ao processo de Desenvolvimento Regional Sustentável;
VI. Incentivos tributários.
Segundo Barbosa(2007), para que a cooperativa possa alcançar seu
propósitos ela necessita de melhorar alguns aspectos, como a motivação dos
cooperados, padronizar os materiais recolhidos, investir em treinamento para os
cooperados bem como conhecimento do mercado e setor em que estão inseridos,
reformular o layout dos processos dentro do centro de reciclagem, divisão exata
das sobras para os cooperados, melhorar na comunicação interna e externa,
investimentos na infra-estrutura da cooperativa e busca por reservas e legislação
de incentivos fiscais.
Com este intuito, a COOPERCAL deseja mudar a cultura dominante
sobre o real valor do lixo urbano. Segundo dados de Gomes e Carvalho18(2007),
18
GOMES E CARVALHO, Julia Maria. Graduanda do Curso de Ciências Sociais e bolsista do
Programa de Educação Tutorial (PET MEC/SESu) da Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho” – Faculdade de Filosofia e Ciências – Campus de Marilia. [email protected]
78
“apenas 2 % do lixo produzido no país é coletado seletivamente sendo que deste,
6% das residências são atendidas por serviços de coleta seletiva existentes em
cerca de 8,2% dos municípios brasileiros - dados do IBGE.”
Segundo dados de Leo Carlos Fachin (2004)19, em seu estudo sobre o
custo econômico de reciclagem para o município de Florianópolis chegaria a ser
zero caso utilizasse o gerenciamento de resíduos através da reciclagem de
resíduos como plano estratégico para o lixão de seu município.
Fachin (2004) completa que, “Ao invés de reciclar seu lixo e obter
assim um recurso, o município tem uma despesa de milhões a cada ano, pois
cada tonelada de resíduos, contabilizados recolhimento, transporte e
administração do aterro custa aos cofres municipais R$ 140,00.” Com este intuito,
a COOPERCAL necessita de parcerias para a concretização desse projeto afim
de melhorar a qualidade do município e principalmente o meio ambiente do qual é
tão vislumbrado por turistas de todas as localidade.
4.7 A Importância dos Parceiros para a Concretização do Projeto
de Desenvolvimento Sustentável da COOPERCAL em Caldas
Novas
Para demonstrar a valor da participação de diversos atores para a
realização do gerenciamento dos resíduos sólidos na cidade de Caldas Novas,
iremos analisar três estudos de caso realizados em três cidades distintas, Embu
(SP), Goiânia (GO) e Santos (SP), por Alexandre Aguiar (2008)20, para um melhor
compreensão do verdadeiro valor da coleta seletiva para uma sociedade.
19
Formado em Ciências Econômica pela UFSC. 20
Engenheiro Químico pela Escola Politécnica da USP. Especialista em Gestão Ambiental pela Universidade de São Paulo. Aluno de Pósgraduação (mestrado) em Saúde Pública, concentração em Saúde Ambiental, da Faculdade de Saúde Pública da USP. Bolsista da FAPESP. Trabalhou de 1991 a 1997 na WAPSA (grupo BOSCH).
79
Segundo Aguiar(2008),
Os dados dos programas foram obtidos através de entrevistas com profissionais atuantes nos programas, através de documentos e relatórios das entidades, de visitas técnicas e de pesquisa bibliográfica. A análise dos dados coletados é feita nas dimensões sócioambiental, econômica, operacional e organizacional. Estas dimensões não são estanques e se interrelacionam e se influenciam mutuamente, por isso é importante a apreciação simultânea destes vários aspectos.
Iremos abordar suas experiências e como seria importante suas
aplicações em Caldas Novas.
4.7.1 Estudos de Caso – Exemplos de cooperativas de Sucesso
a. Cooperativa da cidade de Embu
A cidade de Embu, localizada na parte sudoeste da Região
Metropolitana de São Paulo, é uma cidade turística, que tem mudado suas
característica de cidade turística para uma cidade dormitório. Com isso, tem
aumentado o crescimento de novos assentamentos de população de baixa renda
na cidade.
Os catadores que residiam dentro do lixão municipal foram retirados e
convidados a participar da formação de uma cooperativa - COOPERMAPE, com o
apoio da Prefeitura Municipal. Atualmente existem vinte cooperados que
trabalham na coleta seletiva utilizando-se de dois caminhões cedido pela
Prefeitura, e um terceiro caminhão que havia sido alugado foi recentemente
dispensado por dificuldades financeiras, custeados pela Prefeitura Municipal. A
cooperativa, além de realizar a coleta domiciliar realiza a coleta seletiva em
pontos comerciais e indústrias que fazem doação de materiais recicláveis. A
80
Cooperativa também recolhe eletrodoméstico e móveis usados que podem ser ou
conter materiais recicláveis. O material é separado pelos cooperados e
comercializado na região.
A Prefeitura exerce um papel fundamental para a concretização dos
processos, controle e assistência intensa, auxiliando nos aspectos
administrativos, procurando contatos com outras entidades, obtendo
financiamento e documentação, etc.
b. Cooperativa da cidade de Goiânia
Segundo Aguiar (2008), em Goiânia é coletado diariamente cerca de
980 toneladas/dia de resíduos domésticos, realizado por uma empresa
terceirizada. A coleta seletiva teve por iniciativa do poder municipal ainda que
existindo apenas pequenos programas-piloto em escolas e repartições públicas,
ainda sem resultados expressivos. Existe um projeto movimentado pela
Sociedade Goiana de Cultura, e o Instituto Dom Fernando, chamado Projeto Meia
Ponte, uma iniciativa para desenvolver ações de desenvolvimento comunitário
sustentável, através da coleta comunitária. Este projeto tem como parte central
uma usina de triagem e reciclagem de lixo instalada num bairro da zona leste. Por
incentivo do Instituto e com sua assistência constante, foi formada a Cooperativa
de Reciclagem de Lixo - COOPREC, que opera a coleta de lixo (regular e
seletiva) em cinco bairros da zona leste e capta materiais recicláveis oriundos de
comércio e de algumas indústrias. O papel e papelão são utilizados para produzir
telhas betumadas; os plásticos são separados por tipo: o polietileno é utilizado na
própria usina para produção de grânulos, vendidos para outras indústrias; outros
tipos de plásticos são vendidos triados e prensados. A matéria orgânica é
utilizada para produção de húmus de minhoca. Os demais materiais são
comercializados triados e eventualmente prensados.
81
c. Cooperativa de lixo em Santos
Aguiar (2008) relata que a cidade de Santos, situada no litoral paulista,
tem o porto de exportação mais importante do país. Tem também intensa
atividade turística; no verão sua população chega a dobrar.
A cidade de santos possui uma das coletas seletivas mais famosas do
país. Atualmente a coleta funciona em dois sistemas diferenciados. No Bairro do
Macuco a coleta seletiva funciona através cooperativa de catadores que utilizam
carrinhos. Os dados referentes a este programa ainda não estão prontos para
publicação. No restante da cidade funciona uma coleta através de caminhões,
operada por uma empreiteira contratada pela prefeitura.
82
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Realizamos este estudo para demonstrar que a preocupação com o
meio ambiente existe, e que realmente as pessoas possuem consciência
ambiental. Mas com o aumento exponencial do consumo diário incentivado pela
economia do descarte, vem favorecendo ainda mais o aumento de materiais
descartável no meio em que se está inserido, sendo uma variável preocupante,
por causar grande poluição no município.
O cooperativismo vem tendo grande repercussão, devido ser uma
alternativa econômica e social viável para as grandes cidades que enfrentam o
problema da quantidade e destinação dos resíduos urbanos produzidos
diariamente, onde a tecnologia neste setor permite juntamente com a coleta
seletiva desses materiais o aproveitamento de 90% dos resíduos urbanos.
Na cidade de Caldas Novas, por possuir uma economia voltada para o
turismo, possue em seus resíduos urbanos uma riqueza reciclável enorme, da
qual é destinada ao lixão da cidade sem nenhum aproveitamento desses
materiais, por não se possuir um trabalho com sentido de informar a população e
empresários do real valor do seu lixo.
Com este intuito, é de suma importância que a Administração municipal
seja o principal ator no sentido de realizar mudanças de comportamento da
população, no sentido de informar e realizar dentro da comunidade parcerias para
evitar sérios problemas futuros, tanto para o meio ambiente, como para a saúde,
juntamente com a COOPERCAL para realizar a inclusão social dos catadores que
vivem pelas ruas procurando recicláveis, e das famílias que vivem no lixão a
recolher entre os detritos latas, plástico, papelão entre outros.
Dentre esses três estudos de casos apresentados por Aguiar (2008),
pode-se notar que a presença do principal ator em cada uma das cidades se faz
necessário para a realização efetiva destes projetos, o poder público municipal.
Dessa forma não podemos analisar de outra maneira, focando na cidade de
Caldas Novas, que para que seja feita a aplicação da coleta comunitária na
cidade, o poder público municipal precisa agir de maneira efetiva, realizando
83
projetos de lei, fundamentados pela lei 10.257/01, a lei 5.940/06 e pelo ministério
das cidades com a coleta solidária de resíduos urbanos na cidade, em parceria
com a COOPERCAL, para juntos formem uma gestão na inclusão social,
desenvolvimento comunitário dos bairros, administração participativa nos bairros,
aproximando a população do poder púbico municipal, para que possamos ser um
exemplo de desenvolvimento sustentável no setor de reciclagem de resíduos.
Com este trabalho de pesquisa, conseguimos conquistar nosso objetivo
principal em relação ao estudo de implantar de maneira efetiva um projeto de
coleta solidária de reciclagem de resíduos sólidos na cidade de Caldas Novas, de
modo a começar a semear a possibilidade de tornar a cidade um exemplo e
modelo em relação a resíduos urbanos gerados e com grande potencial
reciclável. Através de parcerias que serão formadas no decorrer de projetos
pilotos, notamos que devem ser incentivados pela universidade Estadual de Goiás
(UEG), juntamente com o poder municipal, muitos projetos que sejam efetivados,
onde a própria universidade poderá dignificar ainda mais o trabalho desses
profissionais da reciclagem, valorizando o trabalho que realizam, e tornando a
cidade em um lugar melhor para a população Caldas Novense.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 10
2 PROBLEMAS URBANOS ............................................................................ 13
2.1 A urbanização no Âmbito Mundial ......................................................... 13
2.2 A Urbanização Brasileira ........................................................................ 14
2.3 A Urbanização Brasileira e seus Problemas .......................................... 18
2.4 Plano Diretor e o Estatuto da Cidade: Sua Importância para a Formação
de uma Sociedade ............................................................................................ 29
3 CALDAS NOVAS: O OBJETO DE ESTUDO – CARATERÍSTICAS E
PARTICULARIDADES ........................................................................................ 36
3.1 Breve histórico ....................................................................................... 36
3.2 Dados Históricos .................................................................................... 37
3.3 Fomento da Economia local das Águas Quentes .................................. 49
3.4 Urbanização do Espaço na Cidade de Caldas Novas ............................ 50
3.5 Avaliação da Qualidade Ambiental na Cidade de Caldas Novas ........... 51
3.6 Caracterização dos Resíduos Sólidos do Lixo Doméstico na Cidade de
Caldas Nova......................................................................................................53
4 ESTUDO SOBRE A RECICLAGEM DOS RESÍDUOS SÓLIDOS NA CIDADE
DE CALDAS NOVAS ........................................................................................... 56
4.1 Caracterização dos Resíduos Sólidos ................................................... 57
4.2 Destinação dos Resíduos Sólidos.......................................................... 60
4.3 Benefícios pela Implantação da Coleta Seletiva de Resíduos ............... 66
89
4.4 Implantação do Centro de Tratamento e Reciclagem de Resíduos
Sólidos Urbanos na Cidade de Caldas Novas .................................................. 69
4.5 Cooperativa de Reciclagem e Catadores de Papel de Caldas Novas-GO
................................................................................................................71
4.6 Resíduos Sólidos Recicláveis: A Matéria Prima para o novo Mercado .. 74
4.7 A Importância dos Parceiros para a Concretização do Projeto de
Desenvolvimento Sustentável da COOPERCAL em Caldas Novas ................. 78
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 82
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 84
90
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS
UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE CALDAS NOVAS
ADMINISTRAÇÃO COM HABILITAÇÃO EM HOTELARIA
ESTUDO SOBRE A APLICAÇÃO DA RECICLAGEM DE RESÍDUOS SÓLIDOS NA CIDADE DE CALDAS NOVAS –
GOIÁS (GO)
CRISTIANY CRISTINA DA SILVA FERREIRA
MÁRCIO FERREIRA DOS SANTOS
DIRCEU LOPES BARBOSA
CALDAS NOVAS, GO, 10 DE ABRIL DE 2010.
91
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS
UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE CALDAS NOVAS
ADMINISTRAÇÃO COM HABILITAÇÃO EM HOTELARIA
ESTUDO SOBRE A APLICAÇÃO DA RECICLAGEM DE RESÍDUOS SÓLIDOS NA CIDADE DE CALDAS NOVAS -
GOIÁS (GO)
Monografia apresentada ao Curso de Administração com Habilitação em Hotelaria da Universidade Estadual de Goiás Unidade Universitária de Caldas Novas, como requisito parcial para obtenção do título de bacharel em Administração com Habilitação em Hotelaria, sob a Orientação do Prof. Ms. Dirceu Lopes Barbosa.
CRISTIANY CRISTINA DA SILVA FERREIRA
MÁRCIO FERREIRA DOS SANTOS
CALDAS NOVAS, 2009.
92
BANCA EXAMINADORA
___________________________________________ Dirceu Lopes Barbosa – Professor Ms. Orientador
___________________________________________ Carlos Alberto Biela - Professor Ms. Relator
___________________________________________ Sueli – Professora Convidada
CALDAS NOVAS, 10 de abril de 2010.
93
AGRADECIMENTOS
A
Deus primeiramente, pela força dada para superar momentos
difíceis em minha vida durante estes quatro anos,
A
Minha família, pelo incentivo e apoio dado, mesmo quando não
estavam em bons momentos.
Ao
Professor Dirceu Lopes Barbosa, por autorizar a utilização dos
dados existentes em seu plano de negócios sobre a Cooperativa de
Reciclagem e Catadores de Lixo de Caldas Novas – COOPERCAL.
A professora Sueli, pelo auxilio para a formatação desse trabalho
científico.
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“Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”.
Lavoisier