ESTUDO RETROSPECTIVO DE TÉTANO EM RUMINANTES E … · Os animais se contaminam através de feridas...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE
CENTRO DE SAÚDE E TECNOLOGIA RURAL- CAMPUS PATOS-PB
UNIDADE ACADÊMICA DE MEDICINA VETERINÁRIA
MONOGRAFIA
ALBERTO XAVIER LEITE FILHO
ESTUDO RETROSPECTIVO DE TÉTANO EM RUMINANTES E EQUÍDEOS
DIAGNOSTICADOS NO LPA/HV/UFCG
PATOS - PB
FEV/2018
UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE
CENTRO DE SAÚDE E TECNOLOGIA RURAL -CAMPUS PATOS-PB
UNIDADE ACADÊMICA DE MEDICINA VETERINÁRIA
MONOGRAFIA
Estudo retrospectivo de tétano em ruminantes e equídeos diagnosticados no
LPA/HV/UFCG
Alberto Xavier Leite Filho
Graduando
Prof. Dr. Antônio Flávio Medeiros Dantas
Orientador
Área de conhecimento: Patologia Animal
PATOS - PB
FEV/2018
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA DO CSRT DA UFCG
L533e
Leite Filho, Alberto Xavier
Estudo retrospectivo de tétano em ruminantes e equídeos diagnosticados
no LPA/HV/UFCG / Alberto Xavier Leite Filho. – Patos, 2018. 25f.
Trabalho de Conclusão de Curso (Medicina Veterinária) – Universidade
Federal de Campina Grande, Centro de Saúde e Tecnologia Rural, 2018.
“Orientação: Prof. Dr. Antônio Flávio Medeiros Dantas.”
Referências.
1. Doença de equídeos. 2. Doença de ruminantes. 3. Toxinfecção.
4.Tetanospasmina. 5. Tetania. I. Título.
CDU 616:636.2./.3
UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE
CENTRO DE SAÚDE E TECNOLOGIA RURAL- CAMPUS PATOS-PB
UNIDADE ACADÊMICA DE MEDICINA VETERINÁRIA
Monografia apresentada como requisito necessário para obtenção do título de Bacharel em
Medicina Veterinária.
_______________________________
ALBERTO XAVIER LEITE FILHO
Graduando
APROVADA EM: ......../......../........ MÉDIA: ______
BANCA EXAMINADORA
_______________________________ Nota ______
Prof. Dr. Antônio Flávio Medeiros Dantas
Orientador
______________________________Nota ______
Méd. Vet. Msc. Rodrigo Cruz Alves
Examinador I
_______________________________ Nota ______
Méd. Vet. Msc. Josemar Marinho de Medeiros
Examinador II
DEDICATÓRIA
Aos meus pais, Alberto e Antonieta, aos meus irmãos, Alannyo e Andressa, a minha
esposa Luana, pelo exemplo de caráter, perseverança, companheirismo, amor e fé. Agradeço
por todo apoio, carinho e dedicação que sempre tiveram comigo, estando ao meu lado em
todos os momentos, me dando forças para ir em busca de um futuro melhor. A Deus, dedico
meu maior agradecimento, por me proporcionar o dom da vida e ser tudo para mim.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, por me proporcionar das melhores coisas da vida, ao lado de pessoas
especiais, pelas graças alcançadas, e por me dá forças para concluir a realização de um sonho.
Aos meus pais, Alberto Xavier e Antonieta Carvalho, por todo amor, carinho e dedicação
que tem comigo e por acreditarem sempre em mim.
Ao meu irmão, Alannyo Valuce, por todos os conselhos e ensinamentos, sendo sempre o meu
melhor amigo e agora colega de profissão.
A minha irmã, Andressa Maria, por sempre está ao meu lado, me dando forças e dividindo
comigo todos os momentos durante essa caminhada.
A minha esposa, Luana Amorim, por todo amor que tem por mim, estando ao meu lado me
dando forças e incentivos nos momentos em que mais precisei, contribuindo bastante na
realização desse sonho.
Aos meus avós Manoel Mandu (in memoriam), Júlio Maroto (in memoriam), Maria de
Jesus (in memoriam), Luiza Mandu, por todo amor, carinho e pelos ensinamentos que me
passaram durante toda minha vida, vocês são meu exemplo de vida.
Aos meus padrinhos Laudemiro Carvalho (in memoriam), Maria do Socorro Carvalho,
Nenca Frade e Elaine Frade, por todo amor e por sempre acreditarem em mim, me apoiando
sempre.
Aos todos os meus tios e tias paternos e maternos por todo amor e carinho, por sempre me
darem forças e incentivos.
A todos os meus primos e primas paternos e maternos, pelo companheirismo, amor e
dedicação que sempre tiveram comigo.
A todos os meus amigos, de infância e os que conheci na faculdade durante a realização do
curso, agradeço por sempre estarem ao meu lado me dando forças para seguir em frente.
Ao meu grupo de estudos Sheyla Xavier, Márcio Andrade, Sávio Santos, Luiz Gonzaga,
Nayadjala Távita, pelos bons momentos de estudos e descontração que passamos juntos.
Ao Prof. Dr. Antônio Flávio Medeiros Dantas, pela orientação e pelos conhecimentos
passados durante a elaboração deste trabalho.
A Universidade Federal de Campina Grande, pela oportunidade de fazer o curso de
Medicina Veterinária, fazendo com que eu realizasse meu sonho.
A cidade de Patos-PB, que me acolheu durante esses anos de estudos.
Aos Médicos Veterinários Dr. Lázaro Ramalho, Dr. Edvaldo Gomes, Dr. Francisco Vieira,
Dr. Marlon Azevedo, Dra. Natalia Matos e Dra. Talita Soares, pelos ensinamentos e
conselhos passados durante estágios realizados e conversas durante o período da graduação.
A todos os professores e funcionários do Centro de Saúde e Tecnologia Rural que estiveram
presentes e contribuíram com minha formação durante esta caminhada.
Agradeço aos animais que de alguma forma contribuíram para minha formação e que sempre
despertaram meu interesse em conhece-los melhor, fazendo com que eu me interessasse por
esta área, me levando a realização deste curso.
Por fim agradeço a todos aqueles que de alguma forma, tanto diretamente ou indiretamente,
contribuíram com minha formação neste curso.
SUMÁRIO
Pág.
LISTA DE GRÁFICOS.............................................................................................. 9
RESUMO..................................................................................................................... 10
ABSTRACT................................................................................................................. 11
1 INTRODUÇÃO........................................................................................................ 12
2 REVISÃO DE LITERATURA............................................................................... 14
2.1 Tétano em ruminantes e equídeos....................................................................... 14
2.2 Agente etiológico................................................................................................... 14
2.3 Epidemiologia....................................................................................................... 15
2.4 Patogenia............................................................................................................... 16
2.5 Sinais clínicos........................................................................................................ 17
2.6 Patologia................................................................................................................ 17
2.7 Diagnóstico............................................................................................................ 17
2.8 Tratamento............................................................................................................ 18
2.9 Controle e prevenção............................................................................................ 19
3 MATERIAL E MÉTODOS.................................................................................... 21
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................................ 22
CONCLUSÃO............................................................................................................ 25
REFERÊNCIAS......................................................................................................... 26
LISTA DE GRÁFICOS
P
Pág.
Gráfico 1 - Número de ruminantes e equideos necropsiados com tétano no LPA/HV/UFCG, no
período entre 2003 e
2016........................................................................................................................................
2
21
Gráfico 2 - Distribuição dos casos de tétano diagnosticados em equídeos e ruminantes no
LPA/HV/UFCG, de acordo com a ocorrência nos meses do ano, durante o período de janeiro
de 2003 a dezembro de
2016..............................................................................................................................................
22
RESUMO
LEITE FILHO, Alberto Xavier. Estudo retrospectivo de tétano em ruminantes e
equídeos diagnosticados no LPA/HV/UFCG. Patos, UFCG. 2018. 25 pg. (Trabalho de
Conclusão de Curso de Medicina Veterinária).
Descrevem-se os aspectos, epidemiológicos, clínicos e patológicos de casos de
tétano em equídeos e ruminantes diagnosticados no Laboratório de Patologia Animal do
Hospital Veterinário da UFCG no período de 2003 a 2016. Durante o período foram
registrados 37 (1,3%) de casos de tétano de um total de 2.771 diagnósticos de
necropsias. Entre as diferentes espécies estudadas a mais afetada dentro dos 37 casos de
tétano foram os equinos 13 casos (35,2%), seguido pelos ovinos 8 casos (21,6%),
caprinos 7 casos (18.9%), asininos 4 casos (10,8%), muares 4 casos (10,8%) e bovinos 1
caso (2,7%). Clinicamente os sinais clínicos caracterizam-se por aumento do tônus
muscular, tremores, rigidez muscular localizada ou generalizada, prolapso da terceira
pálpebra; porém com o decorrer da evolução da doença diversos outros sinais podem
aparecer. Em relação a porta de entrada da bactéria, ou seja, ao fator que levou a
contaminação dos animais, em algumas fichas estavam descritos que haviam lesões que
vieram a desencadear a contaminação, mas já em outras não havia descrições sobre
presença dessas lesões. Não foram observadas lesões macroscópicas, além dos que já
estavam descritos na clínica. Lesões histológicas também não foram observadas. O
diagnóstico de tétano em equídeos e ruminantes foram realizados através dos dados
epidemiológicos e clínicos, juntamente com ausência de lesões macroscópicas e
microscópicas. Conclui-se que o tétano é uma doença esporádica em equídeos e
ruminantes e fatal, diagnosticada no LPA/HV/UFCG, caracterizada por envolvimento
do SNC, com sinais clínicos de rigidez da musculatura esquelética, sendo na maioria
dos casos secundária a contaminação de ferimentos. A espécie equina foi a mais
afetada, seguida pelos ovinos, caprinos, asininos, muares e bovinos respectivamente. O
diagnóstico de tétano pode ser realizado com base nos dados epidemiológicos e clínicos
característicos juntamente com a ausência de lesões macro e microscópicas. Devemos
incluí-la no diagnóstico diferencial de outras enfermidades do sistema nervoso que
cursam com sinais neurológicos semelhantes.
Palavras chave: Doença de equídeos, doença de ruminantes, toxinfecção,
tetanospasmina, tetania, Clostridium tetani.
ABSTRACT
LEITE FILHO, Alberto Xavier. Retrospective study of tetanus in ruminants and
equidae diagnosed in LPA / HV / UFCG. Patos, UFCG. 2018. 25 pg. (Work of
Completion of Veterinary Medicine Course).
The epidemiological, clinical and pathological aspects of tetanus cases in
equines and ruminants diagnosed at the Laboratory of Animal Pathology of the
Veterinary Hospital of the UFCG from 2003 to 2016 are described. During the period,
37 (1.3%) of cases of tetanus from a total of 2,771 necropsy diagnoses. Among the
different species studied, the most affected in the 37 tetanus cases were equines (13
cases) (35.2%), sheep (8 cases) (21.6%), goats 7 cases (18.9%), asinine cases 10.8%),
mules 4 cases (10.8%) and cattle 1 case (2.7%). Clinically the clinical signs are
characterized by increased muscle tone, tremors, localized or generalized muscular
rigidity, prolapse of the third eyelid; but with the evolution of the disease several other
signs may appear. In relation to the port of entry of the bacteria, that is, to the factor that
led to the contamination of the animals, in some records were described that there were
lesions that had triggered the contamination, but in others there were no descriptions
about the presence of these lesions. There were no macroscopic lesions other than those
already described in the clinic. Histological lesions were also not observed. The
diagnosis of tetanus in equines and ruminants was made through epidemiological and
clinical data, together with the absence of macroscopic and microscopic lesions. It is
concluded that tetanus is a sporadic equine and ruminant disease and fatal, diagnosed in
LPA / HV / UFCG, characterized by CNS involvement, with clinical signs of skeletal
muscle stiffness, and in most cases secondary to wound contamination . The equine
species was the most affected, followed by ovine, caprine, asinine, mules and cattle
respectively. The diagnosis of tetanus can be made based on the characteristic
epidemiological and clinical data together with the absence of macro and microscopic
lesions. We must include it in the differential diagnosis of other diseases of the nervous
system that have similar neurological signs.
Keywords: Equine disease, ruminant disease, toxinfection, tetanospasmin, tetany,
Clostridium tetani.
12
1. INTRODUÇÃO
O tétano é uma doença bacteriana, de caráter mundial e altamente fatal, mas não
contagiosa e que acomete todos os mamíferos, conhecida desde o século XIX. É
causada pela bactéria Clostridium tetani, que é anaeróbia, Gram positiva, encontrada
principalmente no solo e trato intestinal dos animais, sendo observada grande
quantidade de bactérias em fezes excretadas no solo, podendo ser então uma grande
fonte de infecção. Os animais se contaminam através de feridas abertas, infectadas pela
bactéria, onde se proliferam e produzem neurotoxinas, quando estão na ausência de
oxigênio. A bactéria produz pelo menos três proteínas tóxicas, a tetanospasmina, a
tetanolisina e a toxina não espasmogênica (RAPOSO, 2001).
É uma doença que acomete diversas espécies, sendo os equinos mais sensíveis e
os bovinos menos sensíveis. São diversos os sinais clínicos do tétano, porém o principal
sinal se caracteriza por rigidez muscular, seguidos por, postura de cavalete, prolapso da
terceira pálpebra, orelhas eretas, hiperexcitabilidade, tremores, retenção urinária, entre
outros.
O diagnóstico do tétano é realizado, essencialmente, pelo exame clínico e pelos
dados epidemiológicos. Os sinais clínicos característicos incluem espasmos musculares,
prolapso da terceira pálpebra e história recente de lesão acidental ou cirúrgica.
Entretanto, nos estágios iniciais, o tétano pode ser confundido com outras doenças
(RAPOSO, 2001); como por exemplo a raiva. O tratamento principal é a tentativa de
eliminar a bactéria Clostridium tetani, através do uso de antibióticos; o principal
utilizado é a penicilina G, pois tem uma maior eficácia no tratamento. Outros métodos
importantes no tratamento são promover o relaxamento muscular e neutralizar a
produção das toxinas. O controle da doença é feito por meio da vacinação dos animais,
limpeza do local onde os animais são mantidos, técnicas de manejo adequadas afim de
se evitar lesões traumáticas e caso ocorra lesão, realizar o tratamento o mais rápido
possível para que não ocorra risco de contaminação.
Desta forma, avaliamos a importância de estudar os casos de tétano em equídeos
e ruminantes com foco nos achados epidemiológicos, clínicos, e anatomopatológicos.
Vários casos de tétano tem sido diagnosticados em ruminantes e equídeos na
nossa região, sertão nordestino, o objetivo desse trabalho é descrever a ocorrência do
tétano em equídeos e ruminantes diagnosticados no Laboratório de Patologia Animal do
Hospital Veterinário da UFCG, Campus de Patos, caracterizando sua epidemiologia,
13
sinais clínicos e os achados patológicos observados durante as necropsias, a fim de
caracterizar a sua ocorrência na região. Entretanto, não há trabalhos específicos que
determinem a frequência do tétano envolvendo essas espécies.
14
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Tétano em ruminantes e equídeos
O tétano é uma doença bacteriana altamente infecciosa que acomete o sistema
nervoso central (SNC) dos animais. É causada pela bactéria Clostridium tetani, da
classe Clostridia; ordem Clostridiales; da família Clostridiaceae; gênero Clostridium. É
uma bactéria anaeróbia, Grã positiva, formadora de esporos, que possui uma evolução
muito rápida por isso é altamente fatal, mas não contagiosa. Esta enfermidade acomete
diversas espécies de animais mamíferos, até mesmo a espécie humana, sendo os equinos
os mais sensíveis a esta e os bovinos os mais resistentes, tendo sido registrada por todo
o mundo ao longo dos tempos. Não tem predileção por raça, sexo nem idade, sendo os
animais não vacinados os mais susceptíveis. No entanto o tétano é mais frequente em
regiões que possuem o clima quente e úmido, apesar de possuir ocorrência mundial. É
uma bactéria produtora e proliferadora de toxinas na ausência de oxigênio dentro da
lesão; as mais importantes são a tetanolisina e a tetanospasmina, essas neurotoxinas
afetam principalmente o sistema muscular e nervoso dos animais (QUINN et al., 2005;
RAPOSO, 2001).
O tétano foi descoberto no século V a.C. por Hipócrates, mas só em 1884 Carle
e Rattone, foram os que primeiros que reproduziram o tétano em animais injetando um
conteúdo purulento de um caso acometido em um humano e a vacina foi somente
elaborada no ano de 1924 por Descombey (CDC, 2012).
2.2 Agente etiológico
O agente etiológico do tétano é pertencente à família Clostridiaceae do gênero
Clostridium. Os clostrídios são bactérias Gram-positivas, grandes, fermentativas,
catalase-negativas, oxidase-negativas e que requerem meios enriquecidos para crescer.
A maioria deles possui motilidade por conta da presença de flagelos peritríquios. Essas
espécies de bactérias são saprófitos encontrados no solo, na água fresca e também na
microbiota intestinal dos animais (QUINN et al., 2005).
O gênero Clostridium spp. pode ser classificado com base no mecanismo
produtor da doença em dois grupos, o primeiro representa os clostrídios que tem pouca
ou nenhuma capacidade de multiplicar-se nos tecidos; o segundo grupo está
15
representado por espécies que invadem e se reproduzem nos intestinos e tecidos do
hospedeiro (GOMES, 2013).
Os C. tetani são clostrídios neurotóxicos que afetam a função neuromuscular
sem indução observável de lesão tecidual. O período de incubação do C. tetani pode ser
de 1-10 semanas ou podem durar meses. Os clostrídios neurotóxicos, produzem seus
efeitos pela elaboração de neurotoxinas potentes; na bactéria do tétano a neurotoxina é
produzida por microrganismos que replicam localmente em tecidos lesados e as toxinas
absorvidas atuam nas junções sinápticas exercendo seus efeitos longe do local de
produção. A toxina do tétano possui em sua estrutura duas cadeias unidas por pontes
dissulfeto, à cadeia leve é a molécula tóxica, e a cadeia pesada é responsável pela
ligação com o receptor e pela internalização da toxina (QUINN et al., 2005).
2.3 Epidemiologia
O tétano acomete diversas espécies de interesse zootécnico, mas existem os
animais que por conta de manejo, exposição a fatores que possam levar a doença são
mais propícios a desenvolverem a doença. Os equinos são os animais mais sensíveis à
doença, seguidos pelos ovinos e caprinos; os asininos e muares também são acometidos,
mas são mais resistentes do que esses já citados, já os bovinos é a espécie mais
resistente para esta doença. O tétano está presente por todo o mundo só que é mais
comum em regiões de clima quente e em áreas de cultivo intenso, por conta disso o solo
dessas regiões se tornam propícios ao cultivo da bactéria, pois o solo fica com muito
conteúdo fecal onde contém altas concentrações da bactéria C. tetani. A contaminação
pode ocorrer por vários fatores, os principais são ferimentos traumáticos, práticas
cirúrgicas inadequadas, condições de manejo inadequado, não tratamento ou tratamento
ineficaz de ferimentos e a falta de vacinação que é um problema sério. Nos pequenos
ruminantes a infecção ocorre principalmente por tosquia, marcações, cura inadequada
do umbigo nos neonatos, caudectomia e castração. A infecção também pode ocorrer por
conta da alimentação de alguns animais, principalmente nos ruminantes que se
alimentam de alimentos grosseiros e não selecionados, com isso pode provocar lesões
na cavidade bucal e durante a ingestão de alimentos contaminados com o C. tetani eles
se contaminem (SILVA et al., 2010; RAPOSO, 2001).
C. tetani por ser um microrganismo formador de esporos, é muito resistente aos
métodos rotineiros de desinfecção podendo assim sobrevier no ambiente por muitos
16
anos. Por si só não tem a capacidade de invadir tecidos e quem provoca a doença são as
toxinas produzidas pela bactéria, por isso a doença é considerado uma toxi-infecção
(THOMASSIAN, 2005).
No trabalho realizado por Pimentel et al., (2009), onde revisaram as fichas de
necropsia do LPA/HV/UFCG e da clínica de grandes animais do HV/UFCG, referentes
aos equídeos que estavam acometidos de doenças que atuam no sistema nervoso, no
período de janeiro de 2002 a dezembro de 2008. Dentre as doenças do sistema nervoso
que foi estudada no trabalho, concluiu que a enfermidade tétano estava presente nos
diagnósticos, confirmando assim a epidemiologia da doença na região.
2.4 Patogenia
Geralmente a bactéria do tétano se introduz nos tecidos de animais através de
ferimentos, podendo permanecer no local do trauma, aguardando algumas condições
ambientais, principalmente a redução de oxigênio local, para poder começar a produzir
e proliferar suas neurotoxinas; isso pode ocorrer imediatamente após a introdução da
bactéria ou pode demorar alguns meses, isso vai depender se a lesão é grave ou não,
pode acontecer do animal começar a sentir os sinais clínicos quando a ferida já está
completamente cicatrizada. A bactéria produz diversas neurotoxinas, mas as mais
importantes são, a tetanospasmina, a tetanolisina e a toxina não-espasmogênica, cada
uma possuindo funções diferentes. A tetanolisina é responsável por promover a
disseminação da infecção por conta que ela amplia a quantidade de necrose tecidual
local. Já a tetanospasmina é responsável por provocar hiperexcitabilidade nos animais
pelo fato dela interferir na liberação de neurotransmissores, glicina e ácido gama
aminobutírico (GABA), ela é uma exotoxina lipoprotéica que se difunde do local de
produção até o sistema vascular se distribuindo até a área pré-sináptica das placas
motoras, provocando essa interferência. Já sobre a toxina não-espasmogênica, supõe-se
que ela seja responsável pelos fenômenos autônomos, resultantes da hiperestimulação
do sistema nervoso simpático. Em geral, se as neurotoxinas forem absorvidas pelos
nervos motores e forem carregadas pelo trato nervoso em direção à medula espinhal
causa o tétano ascendente; se mais toxinas forem produzidas no local da infecção e os
nervos dessa região não tenham a capacidade de transportá-los, o excesso é levado pela
linfa para a circulação sanguínea chegando ao sistema nervoso central, causando o
tétano descendente (RAPOSO, 2001).
17
2.5 Sinais clínicos
Os sinais clínicos observados são praticamente iguais em todas as espécies
acometidas, após o período de incubação da bactéria e da produção das neurotoxinas, os
animais começam a apresentar diversos sinais característicos do tétano, os principais são
aumento do tônus muscular, tremores, rigidez muscular localizada ou generalizada,
prolapso da terceira pálpebra; com apenas esses principais sinais característicos já se é
possível estabelecer o diagnóstico da doença. Mas diversos outros sinais também são
observados com o decorrer da evolução da doença, como trismo mandibular; marcha
trôpega devido à dificuldade de flexão das articulações; orelhas eretas (orelhas em
tesoura); hipersensibilidade; hiperreflexia; febre alta; postura de cavalete, posição em
que o animal fica por conta da rigidez muscular; narinas dilatadas, para que o animal
consiga respirar melhor, pois sua respiração fica comprometida; retenção urinária, que
se associa ao animal não conseguir fazer sua posição normal para urinar, por conta da
rigidez muscular; grande sudorese; e é alguns casos podem ocorrer convulsões e até
morte decorrente de parada respiratória; esses são muitos dos principais sinais clínicos
que o animal acometido pela enfermidade apresenta (QUEVEDO, 2015; SILVA et al.,
2010; THOMASSIAN, 2005).
2.6 Patologia
Na infecção provocada pelo C. tetani não são observadas lesões macroscópicas e
nem lesões microscópicas que possam concluir um diagnóstico post mortem do animal.
Não há descrições que mostrem e comprovem lesões desse tipo nos animais acometidos
por tétano. Às vezes só são vistas durante as necropsias traumatismos onde possa ter
sido o possível local de infecção e anaerobiose das bactérias, local esse que favorece
todas as condições que o agente necessita para produzir suas toxinas (QUEVEDO,
2015; SILVA et al., 2010; RAPOSO, 2001).
2.7 Diagnóstico
Geralmente, o diagnóstico do tétano é presuntivo e se enquadra basicamente nos
sinais clínicos e no histórico de traumatismos recentes ocorridos em animais não
18
vacinados. Alguns métodos são feitos para tentar chegar a um diagnóstico, como por
exemplo, esfregaços feitos a partir de materiais coletados das lesões que sejam possíveis
portas de entrada para a bactéria e corados pelo método de Gram através disso podem
revelar formas em raquete, que são características do C. tetani; também pode ser feitas
culturas do agente em anaerobiose do tecido necrótico das feridas, mas esse método
geralmente não é bem sucedido; outro método que pode ser abordado para se chegar a
um possível diagnóstico é fazendo a inoculação do soro coletados de animais afetados
apresentando os sinais clínicos do tétano em camundongos, dessa forma a neurotoxina
do soro coletado irá atuar no camundongo e provocar a doença neste (QUINN et al.,
2005).
Os exames laboratoriais raramente são utilizados, pois os sinais clínicos do
tétano são tão evidentes que o diagnóstico já é estabelecido por estes e pela
epidemiologia descrita pelos proprietários dos animais; só que sinais cerebrais não
específicos observados no início da doença podem sugerir um diagnóstico inicial de
raiva, já que é uma enfermidade bastante comum na nossa região, principalmente nos
animais ruminantes e equídeos não vacinados contra ela. Por isso deve-se esperar a
evolução da doença para observar os sinais clínicos característicos de cada enfermidade
para fechar um possível diagnóstico (QUEVEDO, 2015; GOMES, 2013; QUINN et al.,
2005).
2.8 Tratamento
Esta enfermidade é uma das doenças mais frustrantes de diagnosticar em
qualquer espécie, por não ter nenhum método para que o clínico veterinário proporcione
um prognóstico preciso para os animais acometidos. Para se iniciar o tratamento,
primeiramente, o local da possível infecção deve ser localizado, daí tem que ser feito à
limpeza, drenagem e debridamento deste ferimento, arear o ferimento o máximo
possível para minimizar o crescimento vegetativo e inibir a produção de toxinas no
ambiente anaeróbico. Esse procedimento tem que ser feito essencialmente com o animal
anestesiado para que se evite o menor desconforto possível para o paciente. A antitoxina
tetânica deve ser administrada de preferência intravenosa, rapidamente, podendo ser
repetida a cada 12 horas por 3 dias consecutivos, para que esta neutralize as toxinas não-
ligadas. As dosagens da antitoxina variam de 1.500 a 300.000 unidades; e a penicilina é
19
o antibiótico mais utilizado nesse tratamento, pelo fato deste possuir melhor efeito
contra a bactéria C. tetani (QUINN et al., 2005; REBHUN, 2000).
No local do ferimento utiliza-se a penicilina para tentar matar a bactéria que
esteja atuando produzindo as toxinas nesse local; para esse propósito geralmente utiliza-
se a penicilina G procaína (22.000 a 33.000 U/kg do peso corporal). Também faz o uso
de penicilina G potássica (22.000 UI/kg) de 3-4 vezes por dia, via parenteral ou pode-se
fazer penicilina G procaína (22.000 UI/kg) 2 vezes por dia, via intramuscular. A
tranquilização dos animais acometidos pelo tétano é um dos fatores que predominam
bastante durante o tratamento, utilizando-se acepromazina, que promove relaxamento
muscular reduzindo a tetania nos músculos (RAPOSO, 2001; REBHUN, 2000).
A terapia contra o tétano não consiste somente na utilização de fármacos, mas
também em muitos cuidados de manejo, visando promover o menor estresse ao animal
durante a recuperação, pois sabe-se que um dos principais sinais clínicos é a
hipersensibilidade. Várias técnicas são utilizadas durante o manejo dos animais
acometidos como, dispor de uma baia espaçosa, arejada, com pouca circulação de ar,
sem iluminação, cama macia e espessa para o animal, ambiente que tenha o máximo de
silêncio possível, entre outros. Os ruminantes acometidos pode apresentar um quadro de
timpanismo, devendo realizar o uso de uma fístula ruminal, favorecendo assim que o
gás livre que esteja preso no rúmen desse animal sem que este consiga expeli-lo, saia
livremente através dessa fístula, até que o animal reobtenha a capacidade normal de
expelir esse gás produzido no rúmen. Também durante o tratamento é feito o uso de
analgésicos e anti-inflamatórios para acabar com as dores que o paciente estiver
sentindo, nesse caso o clínico veterinário utiliza o fármaco que ele bem preferir,
também faz o uso de fluido terapia reparadora e corretiva (RAPOSO, 2001; REBHUN,
2000).
2.9 Controle e prevenção
Para se evitar a infecção dos animais pelo C. tetani é necessário ter boas
condições de manejo nas fazendas e haras, ter cuidados com materiais que são utilizados
em baias e currais que possam provocar lesões e estas acarretarem numa possível
infecção pelo agente. Todas as cirurgias que tiverem que ser feitas nesses animais,
principalmente se forem a campo tem que tomar os devidos cuidados de assepsia
durante estas, também tem que tomar cuidado nos locais que os animais que passarem
por alguma técnica cirúrgica vai ser colocado, têm que ser um ambiente limpo, seco,
sem presença de fezes e urinas e que seja feito limpezas diárias nesse ambiente. Como
20
sabemos todos os animais de interesse zootécnico são susceptíveis a esta enfermidade,
então esses animais tem que ser vacinados contra a bactéria C. tetani, pois este é o
principal método para que se evite a contaminação por esta bactéria, a vacinação tem
que ser feita anualmente em todas as espécies. Faz a primeira vacinação no animal e
depois repete essa vacina após 1-2 meses, daí faz a vacinação anualmente; também é
importante fazer a vacinação de fêmeas que estejam prenhes para que os anticorpos do
tétano já sejam passados pelo colostro, essa vacinação é feita 1 mês antes da parição
(GOMES, 2013; QUINN et al., 2005; RAPOSO, 2001).
21
3. MATERIAL E MÉTODOS
Foram revisados os protocolos de necropsias de equídeos e ruminantes
realizadas no Laboratório de Patologia Animal (LPA) do Hospital Veterinário (HV) da
UFCG, no período de janeiro de 2003 a dezembro de 2016 em busca de casos
confirmados ou suspeitos de tétano. Em seguida foram agrupados de acordo com a
espécie afetada para levantamento dos dados.
Para descrição dos casos foram coletados os dados epidemiológicos, clínicos e
patológicos a partir dos registros de necropsias e estudados detalhadamente. Foram
analisados a raça, sexo, idade, manejo alimentar e sanitário, vermifugação,
procedimentos cirúrgicos ou lesões traumáticas e vacinação. Para uma melhor descrição
epidemiológica e clínica foram revisadas as fichas clínicas resgatadas na Clínica Médica
de Grandes Animais (CMGA). Para descrição macroscópica forma transcritas as
informações contidas nas fichas de necropsias.
Para o estudo detalhado da porta de entrada ou lesão prévia que tenha favorecido
a penetração e proliferação da bactéria foram estudados detalhadamente as lesões e/ou
procedimentos cirúrgicos inadequados ou contaminados que favoreceram o
desencadeamento clínico da doença.
Para determinar a frequência da doença nas diferentes espécies estudadas foi
identificado o total de necropsias e posteriormente o número de casos de tétano ocorrido
em cada espécie animal.
Para esse estudo foram considerados os casos clínicos suspeitos de tétano que
apresentavam sinais clínicos característicos, associados aos dados epidemiológicos e
ausência de lesões macro e microscópicas nos animais que morreram e foram
encaminhados para necropsia.
22
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Durante o período estudado foram necropsiados 2.771 animais, sendo 2.225
ruminantes (80,3%) e 546 equídeos (19,7%). Desses, 37 animais foram diagnosticados
com tétano, o que corresponde a um percentual de 1,3% nos anos estudados. Dos 37
casos, 21 eram equídeos (56,75%) e 16 ruminantes (43,25%). Dos equídeos com tétano,
13 eram equinos, 4 asininos e 4 muares. Dos ruminantes, 8 eram ovinos, 7 caprinos e 1
bovino. Desta forma, nota-se que a epidemiologia da doença se confirmou, pois a
maioria dos casos foram diagnosticados em equinos, seguido por ovinos, depois os
caprinos, muar, asininos e por último bovino. Baseado em informações da literatura,
está descrito que das espécies estudadas na pesquisa os equinos e ovinos são tidos como
os animais mais sensíveis a doença, respectivamente, e os bovinos os mais resistentes
(QUEVEDO, 2015). Nesses 14 anos em que se fez o estudo a ocorrência da doença foi
registrada no LPA, praticamente todos os anos, apenas no ano de 2014 não houve
registros de casos de tétano no laboratório, mas isso não implica dizer que a doença não
esteve presente nesse ano na região semiárida, ela apenas pode não ter sido registrada
no Hospital Veterinário. Na tabela 1 o gráfico demonstra a quantidade de casos
registrados em cada ano de estudo realizado. Já no gráfico 2 verifica-se a quantidade de
casos registrados em cada mês, já que foi observado que a doença esteve presente em
todos os meses, porém houve mês em que teve-se um maior registro e teve mês que
houve menor registro da doença.
Gráfico 1: Número de ruminantes e equideos necropsiados com tétano no LPA/HV/UFCG, no
período entre 2003 e 2016.
Gráfico 2: Distribuição dos casos de tétano diagnosticados em equídeos e ruminantes no
LPA/HV/UFCG, de acordo com a ocorrência nos meses do ano, durante o período de
janeiro de 2003 a dezembro de 2016.
1 1
4 4 3
6
2 2 1
4 4
0
3 2
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016
Nº DE CASOS POR ANO
Nº DE CASOS POR ANO
23
Verificou-se que a doença não teve predileção por sexo, pois dos 37 animais
acometidos 20 eram machos, 16 fêmeas e 1 animal não teve o sexo informado na ficha.
O mesmo ocorreu em relação a idade, pois a enfermidade acometeu tanto animais recém
nascidos como animais de idade avançada. A maioria era adulto (14 animais), 4 tinham
idade entre 2 e 3 anos, 8 animais tinham idade abaixo de 1 ano e 11 animais não tiveram
suas idades informadas. Em relação aos motivos que levaram os animais a contrair a
bactéria para o desenvolvimento da doença, ou seja, a porta de entrada, que foram
relatados na sua maioria no histórico de algumas fichas, mostram que muitos dos
animais acometidos sofreram lesões traumáticas que por falta de cuidados e vacinação
dos animais, vieram a se contaminar e após alguns dias, a doença veio a se manifestar.
As principais lesões citadas nas fichas foram, cortes traumáticos, realização de
orquiectomia, descorna e caudectomia sem assepsia adequada, prolapso de útero e
vagina após o parto, ferimentos devido ao manejo com os animais e a não realização de
limpeza dos umbigos de recém nascidos.
Os principais sinais clínicos caracterizavam-se por andar com os membros
rígidos, tremores musculares, trismo mandibular, prolapso da terceira pálpebra, rigidez
da cauda, orelhas eretas, hiperexcitabilidade, tetania dos músculos masseteres,
constipação e a retenção urinária (RAPOSO, 2001). Pelo que se sabe em relação aos
achados post mortem, animais que morreram de tétano, não são observadas alterações
macroscópicas e nem microscópicas que possam concluir o diagnóstico. Não há lesões
características nesse âmbito que seja possível diagnosticar a doença após ser feita a
necropsia, sendo, portanto, diagnosticada pelos sinais clínicos característicos. O que
ainda é possível observar são traumatismos que pode ser sugestivo do local de infecção
da bactéria e bexiga repleta por conta da dificuldade do animal em conseguir urinar. Na
1
3 2
3 3
1
3
7
1
6
4 3
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SEP OUT NOV DEZ
Nº DE CASOS POR MÊS
CASOS
24
maioria dos casos pode-se observar feridas que podem ser a fonte de infecção
(RAPOSO, 2001).
No trabalho realizado por Pimentel et al., (2009), foram diagnosticados 13 casos
de tétano no LPA no período no qual foi realizada a pesquisa, onde 8 desses animais
eram equinos, 3 asininos e 2 muares. Onde em 10 desses casos tinham registros de
lesões traumáticas que caracterizavam a porta de entrada para bactéria causadora da
doença, e em apenas 3 casos não tinha essa informação. O tempo de evolução, os dados
epidemiológicos, os sinais clínicos e a patologia detalhadas nesse trabalho confirmam
que realmente a enfermidade tétano estava presente entre as doença do sistema nervoso
dos equídeos necropsiados no LPA. Nas fichas da CGA, no mesmo período estudado,
foram levantados dados de todos os casos de tétano, e destes, 8 casos tiveram
tratamento eficaz e receberam alta. Obteve-se êxito semelhante no tratamento das
espécies asininas e equinas, sendo 4 casos cada uma (PIMENTEL et al., 2009). O
tratamento para os animais que morreram foram os mesmos dos animais que vieram a
se recuperar, onde mostra que dependendo da gravidade da enfermidade que o animal se
encontre, a recuperação deste não é descartada e o quanto mais rápido comece o
tratamento mais chances de recuperação terá o animal.
Já no trabalho realizado por Pessoa et al., (2014), estudaram as principais
doenças que acometem muares e asininos no semiárido brasileiro, fazendo um estudo
retrospectivo de 258 fichas de atendimentos no hospital veterinário da UFCG, no
período de janeiro de 2002 a dezembro de 2012; com isso ele afirma que a principal
doença do sistema nervoso diagnosticada nessas espécies foi o tétano, concluído seu
trabalho dizendo que maus tratos, falta de atenção com os animais e falta de manejo
sanitário são as principais causas para o aparecimento das doenças estudadas no
trabalho nos muares e asininos, incluindo o tétano.
Com isso podemos dizer que a falta de vacinação e o manejo inadequado dos
animais, incluindo os ruminantes, são os principais fatores para o surgimento do tétano
e causa de morte para as espécies estudadas acometidas por esta enfermidade.
25
5. CONCLUSÃO
Conclui-se que o tétano é uma doença esporádica em equídeos e ruminantes e
fatal, diagnosticada no LPA/HV/UFCG, caracterizada por envolvimento do SNC, com
sinais clínicos de rigidez da musculatura esquelética, sendo na maioria dos casos
secundária a contaminação de ferimentos.
A espécie equina foi a mais afetada, seguida pelos ovinos, caprinos, asininos,
muares e bovinos respectivamente. O diagnóstico de tétano pode ser realizado com base
nos dados epidemiológicos e clínicos característicos juntamente com a ausência de
lesões macro e microscópicas.
Devemos incluí-la no diagnóstico diferencial de outras enfermidades do sistema
nervoso que cursam com sinais neurológicos semelhantes.
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REFERÊNCIAS
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Diseases12 ed. Public Health Foundation. Tradução nossa. [S.l.] pp. 291–300. 2012.
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