Estudo IEDI - A Ind stria de Transforma o por Intensidade ... · Victório Carlos De Marchi Cia. de...
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A INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO POR
INTENSIDADE TECNOLÓGICA:
RETARDANDO A RETOMADA
NOVEMBRO/2016
CONSELHO DO IEDI
Conselheiro Empresa
Amarílio Proença de Macêdo J.Macêdo Alimentos S/A
Bernardo Gradin GranBio S/A
Carlos Eduardo Sanchez EMS - Indústria Farmacêutica Ltda
Carlos Mariani Bittencourt PIN Petroquímica S/A
Christophe Malik Akli Paranapanema S.A.
Cláudio Bardella Bardella S/A Indústrias Mecânicas
Claudio Gerdau Johannpeter Gerdau Aços Longos S/A
Dan Ioschpe
Vice-Presidente Iochpe-Maxion S/A
Daniel Feffer Grupo Suzano S/A
Décio da Silva WEG S/A
Eugênio Emílio Staub Conselheiro Emérito
Fabio Hering Companhia Hering S/A
Flávio Gurgel Rocha Confecções Guararapes S/A
Frederico Fleury Curado Membro Colaborador
Geraldo Luciano Mattos Júnior M. Dias Branco S.A
Hélio Bruck Rotenberg Positivo Informática S/A.
Henri Armand Slezynger Unigel S.A
Ivo Rosset Rosset & Cia. Ltda.
Ivoncy Brochmann Ioschpe Conselheiro Emérito
João Guilherme Sabino Ometto Grupo São Martinho S/A
José Antonio Fernandes Martins Marcopolo S/A
José Carlos Grubisich Eldorado Brasil Celulose S/A
José Roberto Ermírio de Moraes Votorantim Participações S/A
Josué Christiano Gomes da Silva Cia. de Tecidos Norte de Minas-Coteminas
CONSELHO DO IEDI
Conselheiro Empresa
Laércio José de Lucena Cosentino TOTVS S/A
Lírio Albino Parisotto Videolar S/A
Lucas Santos Rodas Companhia Nitro Química Brasileira S.A.
Luiz Alberto Garcia Algar S/A Empreendimentos e Participações
Luiz de Mendonça Odebrecht Agroindustrial S/A
Murilo Pinto de Oliveira Ferreira Vale S.A.
Ogari de Castro Pacheco Cristália Produtos Químicos Farmacêuticos
Ltda.
Olavo Monteiro de Carvalho Monteiro Aranha S/A
Otto Rudolf Becker Von Sothen Tigre S/A
Paulo Cesar de Souza e Silva Embraer S/A
Paulo Diederichsen Villares Membro Colaborador
Paulo Francini Membro Colaborador
Paulo Guilherme Aguiar Cunha Conselheiro Emérito
Pedro Franco Piva Klabin S/A
Pedro Luiz Barreiros Passos Natura Cosméticos S/A
Pedro Wongtschowski
Presidente Ultrapar Participações S/A
Ricardo Steinbruch
Vice-Presidente Vicunha Têxtil S.A.
Roberto Caiuby Vidigal Membro Colaborador
Rodolfo Villela Marino
Vice-Presidente Elekeiroz S.A.
Rubens Ometto Silveira Mello Cosan S/A Ind e Com
Salo Davi Seibel Duratex S/A
Sergio Leite de Andrade Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais -
USIMINAS
Victório Carlos De Marchi Cia. de Bebidas das Américas - AmBev
A INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO POR INTENSIDADE TECNOLÓGICA:
RETARDANDO A RETOMADA
1. Sumário .............................................................................................................................. 1
2. Uma visão geral da indústria de transformação ................................................................ 3
3. A indústria de transformação por intensidade tecnológica ............................................... 5
4. Alta intensidade tecnológica .............................................................................................. 8
5. Média-alta intensidade tecnológica ................................................................................. 11
6. Média-baixa intensidade tecnológica .............................................................................. 14
7. Baixa intensidade tecnológica .......................................................................................... 17
A Indústria de Transformação por Intensidade Tecnológica: Retardando a Retomada 1
A INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO POR INTENSIDADE TECNOLÓGICA:
RETARDANDO A RETOMADA
1. Sumário
Na passagem de agosto para setembro último a indústria de transformação brasileira
deu um exíguo suspiro de 0,2% na série livre de sazonalidade. Tal variação foi insuficiente
diante das quedas dos dois meses anteriores. Ademais, frente a setembro de 2015, a
indústria de transformação encolheu 4,1%. Com isto, o resultado do acumulado em 12
meses terminados em setembro teve retração de 8,5%, levando ao menor patamar desde
junho de 2004. Já no acumulado do ano, a produção retrocedeu 7,0%. Tal variação negativa
se fez acompanhar de redução no déficit dos bens típicos da indústria de transformação, que
ficou em US$ 3,6 bilhões, contra um saldo negativo de US$ 30,0 bilhões no mesmo
acumulado até setembro de 2015. Esse menor déficit decorreu sobremaneira da queda nas
importações, ainda que tenha contado com um pequeno acréscimo de 0,7% nas exportações
em dólares.
A retração ainda significativa da indústria de transformação pode ser detalhada pela
classificação adotada pela OCDE conforme a qual o setor se divide em quatro faixas de
intensidade tecnológica: alta intensidade, média-alta, média-baixa e baixa intensidade
tecnológica.
• A faixa de alta intensidade registrou declínio de 9,8% no acumulado até setembro.
Desde janeiro de 2015, a taxa tem sido negativa na comparação entre acumulado do
ano e igual período do ano anterior. No contraponto entre meses de setembro, o
retrocesso foi de 9,4%. Em doze meses, a queda chegou a 8,5%. As atividades do
complexo eletrônico têm concorrido bastante para tais contrações: como um todo teve
declínio de 21,4% nos três primeiros trimestres. A indústria farmacêutica também
sofreu queda, de 1,3%, puxada pela retração de 6,6% em julho-setembro.
• O segmento de média-alta intensidade sofreu a retração mais aguda dentre as quatro
faixas no acumulado do ano até junho, taxa de -10,6%. Retração, aliás, disseminada tem
todos os ramos encampados por essa faixa: da produção de bens de capital, máquinas e
equipamentos à indústria de material de transporte terrestre passando pela indústria
química. A queda mais aguda no acumulado do ano foi na indústria automobilística e
afins, com retrocesso de 17,0%. Para a faixa de média-alta intensidade como um todo,
no contraste entre meses de setembro, a produção física caiu 3,7%, enquanto, em doze
meses, 13,7%.
A Indústria de Transformação por Intensidade Tecnológica: Retardando a Retomada 2
• A indústria de média-baixa recuou 7,9% no acumulado do ano, com todos os ramos se
retraindo. Na comparação entre meses de setembro e entre terceiros trimestres, as
retrações foram de 9,0% e de 8,5%, respectivamente. Em doze meses, a variação foi de -
9,9%. A produção de bens metálicos e a de produtos de petróleo refinado, álcool e afins,
que ditam o comportamento desse segmento, experimentaram declínio de 10,4% e de
8,1%, respectivamente. Ressalte-se que, mesmo com a produção física e as exportações
em dólares correntes menores do que em janeiro-setembro de 2015, essa faixa voltou a
registrar superávit após seis anos de déficit.
• A faixa de baixa intensidade experimentou recuos menos agudos, com declínio de 2,0%
na comparação entre acumulado até setembro e igual período do ano anterior. No
confronto entre meses de setembro, houve ligeiro incremento, de 0,4%. Em doze
meses, essa faixa produziu 3,1% menos. Notar que a produção das indústrias
alimentícias, de bebidas e fumo, a de maior peso na estrutura industrial devido ao ramo
de alimentos industrializados, cresceu 0,6% no acumulado do ano. Porém a queda nos
demais, em especial nos ramos mais intensivos em mão-de-obra (ramo têxtil, de
vestuário, couro e calçados; e o de manufaturados não especificados noutras
atividades), mais do que contrabalançou o resultado positivo da indústria de alimentos e
bebidas. Mesmo a indústria madeireira, de papel e celulose, impressão e gráfica sofreu
contração no acumulado.
O terceiro trimestre foi decepcionante. Julho e agosto interromperam a discreta, mas
paulatina melhora que se observava mês a mês em 2016 pela série dessazonalizada. Como
visto, o pífio incremento de setembro pouco fez frente aos dois meses anteriores. Ainda
assim, a intensidade da recessão diminuiu, porém não a ponto de se lograr expansão.
A Indústria de Transformação por Intensidade Tecnológica: Retardando a Retomada 3
2. Uma visão geral da indústria de transformação
Na passagem de agosto para setembro último, a indústria de transformação
brasileira deu um exíguo suspiro de 0,2% na série livre de sazonalidade. Tal variação foi
insuficiente ante às quedas dos dois meses anteriores, fazendo com que o trimestre
encerrado em setembro registrasse retração tanto frente ao trimestre terminado em agosto,
de 1,1%, como diante do segundo trimestre do ano, de 1,2%. As comparações frente ao ano
anterior são ainda mais desfavoráveis: no contraponto entre meses de setembro, queda de
4,1%, enquanto, no de terceiros trimestres, recuo ainda maior, de 4,7%. No acumulado do
ano, a produção física retrocedeu 7,0%. Já em 12 meses terminados em setembro, a
variação foi de -8,5%.
O retrocesso em janeiro-setembro teve em paralelo uma redução no déficit dos bens
típicos da indústria de transformação, que ficou em US$ 3,6 bilhões, contra um saldo
negativo de US$ 30,0 bilhões no mesmo acumulado de 2015. Essa diminuição na grandeza
do déficit ocorreu com leve incremento, de 0,7%, nas exportações em dólares correntes
também na comparação entre acumulados nos anos de 2016 e de 2015.
A Indústria de Transformação por Intensidade Tecnológica: Retardando a Retomada 4
O quadro recessivo em que se encontra o País tem propiciado uma melhora no saldo
comercial acompanhado de retrocesso produtivo na indústria de transformação,
distinguindo-se do que se observava em meados dos anos 2000. Como alento, enfim, o
acumulado do ano registrou aumento das exportações em dólares correntes.
A Indústria de Transformação por Intensidade Tecnológica: Retardando a Retomada 5
3. A indústria de transformação por intensidade tecnológica
A performance da produção física da indústria de transformação pode ser analisada
mediante a decomposição desse setor em quatro faixas de atividades por intensidade
tecnológica, seguindo parâmetros da OCDE: alta intensidade, média-alta, média-baixa e
baixa intensidade.
Salienta-se que, com as melhorias metodológicas da PIM-PF, foi utilizada a indústria
de transformação sem contar com a atividade de manutenção, reparação e instalação de
máquinas e equipamentos. Tal ramo começou a ser discriminado na versão mais recente da
Classificação Industrial Internacional Uniforme (CIIU) e, por conseguinte, na versão 2 da
Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE). A seguir estão expostos resultados
selecionados para as faixas de intensidade tecnológica, com a ressalva de que podem ser
revisados.
A Indústria de Transformação por Intensidade Tecnológica: Retardando a Retomada 6
O terceiro trimestre foi decepcionante. Julho e agosto interromperam a discreta, mas
paulatina melhora que se observava mês a mês imediatamente anterior em 2016 pela série
dessazonalizada. Como visto, o pífio incremento de setembro pouco fez frente aos dois
meses anteriores. Ainda assim, a intensidade da recessão diminuiu, porém não a ponto de se
lograr expansão. Tanto que, no acumulado do ano, todas as faixas de intensidade
tecnológica se retraíram. O segmento de média-alta intensidade sofreu a maior queda no
primeiro semestre. O de alta e o de média-baixa tiveram queda quase equivalente. O
segmento de baixa intensidade declinou de modo menos agudo.
A faixa de alta intensidade registrou declínio de 9,8% no acumulado até setembro.
Desde janeiro de 2015, a taxa tem sido negativa na comparação entre acumulado do ano e
igual período do ano anterior. No contraponto entre meses de setembro, o retrocesso foi de
9,4%. Em doze meses, a queda chegou a 8,5%. As atividades do complexo eletrônico têm
concorrido bastante para tais contrações.
O segmento de média-alta intensidade também sofreu diminuição expressiva no
acumulado do ano até setembro, taxa de -10,6%, com a indústria automobilística puxando a
queda. Retração, aliás, disseminada em todos os ramos encampados por essa faixa: da
produção de bens de capital, máquinas e equipamentos à indústria de material de
transporte terrestre, passando pela indústria química. No contraste entre meses de
setembro, a produção da faixa de média-alta caiu 3,7%. Em doze meses, 13,7%.
A indústria de média-baixa recuou 9,5% na comparação entre janeiro-setembro de
2016 e igual período de 2015. Entre meses de setembro, a queda foi de 9,0%. Em doze
meses, a variação foi de -9,9%. Ademais, o retrocesso foi generalizado, atingindo todos os
ramos. A produção de bens metálicos, que inclui a siderurgia, e a de produtos de petróleo
refinado, álcool e afins respondem sobremaneira pelo comportamento dessa faixa.
A faixa de baixa intensidade experimentou recuos menos agudos, com declínio de
2,0% na comparação entre os primeiros nove meses e o mesmo acumulado do ano anterior.
No confronto entre meses de setembro, houve aumento de 0,4%. Em doze meses, essa faixa
produziu 3,1% menos. Notar que a produção das indústrias alimentícias, de bebidas e fumo,
a de maior peso na estrutura industrial devido ao ramo de alimentos industrializados,
cresceu 0,6% no acumulado do ano, mesmo tendo sofrido queda no contraponto entre
terceiros trimestres.
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A Indústria de Transformação por Intensidade Tecnológica: Retardando a Retomada 8
4. Alta intensidade tecnológica
O segmento tecnologicamente mais intensivo nos termos da OCDE sofreu retração
de 9,8% em janeiro-setembro de 2016. Em setembro a taxa foi de -9,4%, queda maior do
que a registrada para todo o terceiro trimestre na comparação com igual período de 2015:
redução de 7,3%. Em doze meses, o declínio foi de 12,4%. Por sinal, pelo acumulado em
doze meses, desde julho de 2005, a produção física não ficava tão baixa. Já o déficit
comercial dos bens tipicamente oriundos dessa faixa, ficou em US$ 13,5 bilhões no
acumulado até setembro, o menor déficit para esse período do ano desde 2009. A queda nas
importações concorreu bastante para tanto, enquanto as vendas externas em dólares
correntes cresceram 9,2%, puxadas pelas exportações da indústria aeronáutica. A maior
parte das atividades da faixa de alta intensidade produz bens complexos com várias etapas,
compondo extensas cadeias globais de valor, como as da própria aeronáutica e as do
complexo eletrônico.
A indústria farmacêutica se distingue das demais dessa faixa por não produzir bens
montados. Mas, em comum com o segmento como um todo, sofreu retração em janeiro-
setembro: diminuição de 1,3%. Tal declínio foi puxado pelo próprio terceiro trimestre no
A Indústria de Transformação por Intensidade Tecnológica: Retardando a Retomada 9
qual a produção caiu 6,6%, puxada pelo resultado de setembro: variação de -9,1%. Em doze
meses, foi observada retração de 2,5%. No acumulado do ano, o déficit comercial de bens
tipicamente produzidos por esse ramo chegou a US$ 4,7 bilhões. As importações caíram
0,6%, enquanto as exportações recuaram 12,4%.
Quanto ao complexo eletrônico, sua expressiva retração de 21,4% nos três primeiros
trimestres decorreu da performance de seus três ramos, que declinaram sobremaneira. O
maior dos três no País é a fabricação de equipamentos de rádio, TV e comunicação, que
abarca também partes e componentes eletrônicos usados não só nela, mas em uma miríade
cada vez mais ampla de ramos produtivos. Sua retração foi de 20,2%, com julho-setembro
tendo recuado de 8,7% vis-à-vis igual período do ano passado. Confrontando meses de
setembro, a produção caiu 6,6%. Em doze meses, o recuo foi de 24,2%. O menor consumo
do País concorreu também para um déficit menor nos bens dessa divisão de atividade ante
acumulado até o nono mês de 2015, mas ainda assim expressivo, de US$ 5,3 bilhões. O
menor déficit ocorreu mesmo com as exportações retrocedendo 27,1%.
A produção de equipamentos de informática e de escritório recuou 29,0% em
janeiro-setembro de 2016, com quedas de 19,7% na comparação entre terceiros trimestres e
de 18,0% entre meses de setembro de 2016 e de 2015. Em doze meses, a variação foi ainda
pior: -34,5%. Similarmente à fabricação de aparelhos de áudio, vídeo e de comunicações, a
retração do mercado doméstico culminou em menor déficit em janeiro-setembro, ficando
em US$ 2,4 bilhões. A diferença é que suas exportações em dólares correntes cresceram
10,6%, mas continuam em nível muito baixo.
Quanto à produção de equipamentos médico-hospitalares, instrumentos de precisão
e material ótico e fotográfico, essa se retraiu 14,2% no acumulado até setembro. Julho-
setembro registrou recuo de 15,9%, puxado pelo declínio de 18,1% no contraponto entre
meses de setembro de 2016 e de 2015. Em doze meses, o declínio foi de 14,9%. Em janeiro-
setembro, o déficit em produtos típicos da atividade chegou a US$ 3,2 bilhões, menor do
que no mesmo período do ano passado, mas com exportações caindo 2,5%.
A Indústria de Transformação por Intensidade Tecnológica: Retardando a Retomada 10
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5. Média-alta intensidade tecnológica
O segmento de média-alta registrou declínio de 10,6% no acumulado até setembro
frente a igual período de 2015. Julho-setembro sofreu queda de 4,9% ante o mesmo
trimestre do ano anterior. Setembro observou decréscimo de 3,7%. Em doze meses, a
produção diminuiu 13,7%. Nesse começo de ano, o déficit dos produtos típicos desse
segmento ficou em US$ 22,7 bilhões, praticamente US$ 12 bilhões menor do que o déficit
observado em janeiro-setembro do ano passado. As exportações em dólares correntes
cresceram 1,3%. Porém a expressiva redução do déficit não impediu que esse conjunto de
bens mantivesse a posição de pior saldo dentre as quatro faixas de intensidade tecnológica.
A produção da indústria química diminuiu 1,5% nos três primeiros trimestres. Apesar
da retração, foi o ramo da faixa de média-alta cuja produção menos caiu, ficando estável em
julho-setembro, a despeito da queda de 6,3% na comparação entre meses de setembro. Em
doze meses, a taxa foi de -3,2%. Em janeiro-setembro, o saldo comercial dos produtos
químicos (exclusive farmacêuticos) registrou o maior déficit dentre todos os grupos de bens
das quatro faixas de intensidade tecnológica, de US$ 13,8 bilhões. Porém a magnitude do
déficit declinou. As exportações em dólares correntes recuaram 6,3%.
A Indústria de Transformação por Intensidade Tecnológica: Retardando a Retomada 12
Passando para a fabricação de veículos automotores, que experimentou a maior
retração em janeiro-setembro dentro dessa faixa de intensidade tecnológica, a variação foi
de -17,0%. A queda para doze meses foi ainda maior, recuo de 21,8%. No terceiro trimestre,
a produção automotiva retrocedeu 7,3% em comparação com igual período de 2015. Em
setembro, houve incremento de 0,5%. A contração do mercado doméstico responde pelas
retrações salientadas. Esse fator também explica a mudança de sinal do saldo comercial de
veículos no acumulado do ano, com superávit de US$ 560 milhões e incremento de 7,2% nas
exportações.
Já os ramos mais associados à indústria de bens de capital – fabricação de máquinas
e equipamentos elétricos; e fabricação de máquinas e equipamentos mecânicos e não
especificados em outras atividades, estes produziram bem menos em janeiro-setembro, com
retrações de 7,6% e 13,7%, respectivamente. No contraponto entre meses de setembro, as
quedas foram de 6,3% e de 9,4%, puxando para baixo o desempenho no trimestre: -0,0% e -
9,2%, respectivamente. Em doze meses, as taxas foram de -10,6% e de -15,4%,
respectivamente. Voltando ao acumulado do ano, o comércio exterior de máquinas e
equipamentos elétricos registrou déficit de US$ 3,4 bilhões, menor grandeza para esse
período desde 2010. Todavia suas vendas para o exterior em dólares correntes caíram 11,1%
A Indústria de Transformação por Intensidade Tecnológica: Retardando a Retomada 13
no período. Quanto às máquinas mecânicas ou não especificadas, sua balança ficou com
déficit de US$ 5,6 bilhões, o menor patamar para acumulado até setembro desde 2007, com
as exportações crescendo 4,7%.
A Indústria de Transformação por Intensidade Tecnológica: Retardando a Retomada 14
6. Média-baixa intensidade tecnológica
A produção física do segmento de média-baixa intensidade experimentou declínio
próximo da casa dos dois dígitos em janeiro-setembro último: caiu 9,5% vis-à-vis igual
acumulado de 2015. Na comparação entre meses de setembro, a queda atingiu 9,0%. No
contraponto entre julho-setembro e igual trimestre do ano anterior, queda de 8,5%. Em
doze meses, o Brasil produziu 9,9% menos dos produtos dessa indústria. Já a balança
comercial dos bens típicos da faixa voltou a apresentar superávit para janeiro-setembro após
seis anos de déficit no acumulado dos nove primeiros meses: US$ 3,2 bilhões. Mas essa
virada ocorreu com exportações em dólares correntes encolhendo 7,3%. A produção de
bens metálicos, que abrange a siderurgia, e a de derivados do refino de petróleo, álcool e
afins têm sido as indústrias que ditam em larga medida o comportamento tanto dos fluxos
comerciais dos bens típicos desse segmento, quanto da produção física.
A indústria de bens de petróleo refinado, álcool e outros combustíveis produziu 8,1%
menos em janeiro-setembro do que em igual acumulado de 2015, a mesma queda percebida
em 12 meses. Setembro teve variação de -12,5%, contribuindo não só para a queda no
acumulado do ano, mas também para o recuo de 12,0% no terceiro trimestre. O intercâmbio
A Indústria de Transformação por Intensidade Tecnológica: Retardando a Retomada 15
externo dos produtos em tela experimentou déficit de US$ 5,3 bilhões em janeiro-setembro,
elevado, mas de grandeza inferior à registrada nos seis anos anteriores para esse período do
ano. Todavia o menor déficit se deu pelas importações, uma vez que suas exportações em
dólares correntes diminuíram 36,9%, mais em linha com a retração da produção física do
que com a melhora no saldo comercial.
Quanto à fabricação de produtos metálicos, a queda na produção física no
acumulado até o nono mês do ano passado foi mais contundente, 10,5%. O Brasil produziu
2,1% menos no contraponto entre meses de setembro e 2,9% menos no confronto entre
terceiros trimestres. Em doze meses, o declínio alcançou 10,4%. Em janeiro-setembro
último, o superávit atingiu US$ 8,1 bilhões, o maior saldo para esse período desde 2008. No
entanto as vendas externas de produtos metálicos retrocederam 9,4%.
Quanto às demais atividades da faixa de média-baixa intensidade, a produção de
outros produtos minerais não-metálicos retrocedeu 11,9% nos nove meses iniciais de 2016.
No terceiro trimestre e em setembro, as reduções foram até mais fortes, taxas de -11,9% e
de -15,4%, respectivamente. Em doze meses, o recuo foi de 12,2%. As exportações desses
bens em dólares correntes, por sua vez, recuaram 4,0% no acumulado do ano frente a igual
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período de 2015. Mas, ainda assim, o saldo comercial registrou superávit. Já a fabricação de
borracha e produtos plásticos registrou recuo de 7,9% em sua produção física em janeiro-
setembro. As retrações no terceiro trimestre e em setembro foram menos acentuadas: de
2,9% e de 2,1%. Em doze meses, porém, a queda se encontra na casa dos dois dígitos: taxa
de -10,4%. Suas vendas externas em dólares correntes de borracha e produtos plásticos
diminuíram 4,7% em janeiro-setembro, com agravante de ter sido o quinto ano consecutivo
de diminuição nesse período do ano. O saldo comercial desses itens observou déficit de US$
1,1 bilhão.
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7. Baixa intensidade tecnológica
A produção da indústria de baixa intensidade tecnológica diminuiu 2,0% em janeiro-
setembro vis-à-vis igual acumulado de 2015. Com tal queda, o patamar em que ficou foi o
pior registrado para os três primeiros trimestres desde 2003. No nono mês, até houve
crescimento, de 0,4%, o que dirimiu um pouco a variação negativa não só no acumulado do
ano, mas também em julho-setembro (taxa de -1,2%). Em doze meses, a variação atingiu -
3,1%. O saldo das mercadorias tipicamente produzidas por atividades dessa faixa, de US$
29,3 bilhões, em janeiro-setembro permanece como o único superavitário dentre os quatro
segmentos por intensidade tecnológica. Suas exportações cresceram 3,3%.
O agrupamento mais expressivo dentre os ramos dessa faixa consiste nas indústrias
de alimentos, bebidas e de fumo, que cresceu 0,6% no acumulado do ano frente ao mesmo
período do ano anterior. Isso a despeito do recuo de 1,2% no terceiro trimestre, cujo
resultado só não foi pior devido ao incremento de 1,7% de setembro. Em doze meses, já
logrou taxa positiva, de 0,4%. Suas mercadorias têm sido as principais responsáveis pelo
resultado comercial positivo dos bens típicos da faixa de baixa intensidade tecnológica, com
superávit de US$ 23,4 bilhões em janeiro-setembro de 2016. Entretanto tal resultado
A Indústria de Transformação por Intensidade Tecnológica: Retardando a Retomada 18
positivo ficou aquém do logrado em igual acumulado dos anos de 2008, 2010, 2011, 2012,
2013 e de 2014. Menos mal que as exportações desses bens em dólares correntes cresceram
5,9% nos três primeiros trimestres ante o mesmo período de 2015.
Outro conjunto de indústrias cujos produtos típicos têm obtido superávits é o
formado por bens oriundos dos ramos madeireiro, de papel e celulose, gráficas e afins. Este
logrou superávit de US$ 6,3 bilhões em janeiro-setembro, recorde para tal acumulado.
Todavia este recorde foi galgado a despeito das exportações terem declinado 0,4%, variação
mais alinhada com a queda de 2,8% na produção física no acumulado até setembro. A queda
na comparação entre meses de setembro foi de 1,1%, com declínio de 1,1% em julho-
setembro. Em doze meses, o declínio foi de 5,1%.
Os outros dois ramos se caracterizam pelo uso mais intensivo da força de trabalho
que os demais de baixa intensidade. As atividades de fabricação de manufaturados não
especificados noutras indústrias e de produtos reciclados registraram saldo comercial
negativo de US$ 275 milhões em janeiro-setembro. Mais do que o déficit, também chama a
atenção o recuo de 1,0% das exportações, o quinto ano de recuo seguido para esse
acumulado. Sua produção física declinou 10,5% nos três primeiros trimestres de 2016 frente
A Indústria de Transformação por Intensidade Tecnológica: Retardando a Retomada 19
o mesmo acumulado de 2015. No terceiro trimestre – comparação com igual trimestre de
2015 – a queda foi de 4,8%, sendo que, no confronto entre meses de setembro, a queda foi
menor, de 2,0%.
O conjunto das indústrias têxtil, de vestuário, calçados e artigos de couro sofreu
queda na produção física de 6,3% na comparação entre acumulados do ano até setembro.
No contraponto entre julho-setembro e igual trimestre do ano passado, a produção declinou
2,7%, com setembro apresentando retração de 1,8%. Em doze meses, o retrocesso foi de
8,8%. Já o saldo comercial observou forte redução no déficit em janeiro-setembro, que ficou
em US$ 68 milhões, sem ainda chegar ao superávit. Infelizmente tal melhora não decorreu
das exportações em dólares correntes, estas declinaram 8,0% no acumulado do ano, o que
contribuiu para a retração da produção.